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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS CURSO DE DIREITO
INCIDÊNCIAS TRIBUTÁRIAS NA IMPORTAÇÃO DE BENS
MARCELO NORIVAL DELFINO
ITAJAÍ-SC, 09 de Junho de 2008.
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS CURSO DE DIREITO
INCIDÊNCIAS TRIBUTÁRIAS NA IMPORTAÇÃO DE BENS
MARCELO NORIVAL DELFINO
Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, como
requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito.
Orientador: Professor Msc. Alexandre Macedo Tavares
ITAJAÍ-SC, 09 de Junho de 2008.
AGRADECIMENTO
Agradeço ao Professor Alexandre Macedo Tavares, pela profissional e competente
orientação que me dispensou na elaboração deste trabalho.
DEDICATÓRIA
Este trabalho é dedicado a minha esposa Isabela Germani e ao meu filho João Marcelo, razão
maior de todo o meu trabalho.
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo
aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do
Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o
Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.
Itajaí-SC, 09 de Junho de 2008.
Marcelo Norival Delfino
Graduando
PÁGINA DE APROVAÇÃO
A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale
do Itajaí – UNIVALI, elaborada pelo graduando Marcelo Norival Delfino, sob o
título Incidências Tributárias na Importação de bens, foi submetida em 09/06/2008
à banca examinadora composta pelos seguintes professores:
Professor Msc Alexandre Macedo Tavares
Professora Gabriela Heckler
, e aprovada com a nota 9,8 (nove vírgula oito).
Itajaí, 09 / 06 /2008.
Professor: Msc. Alexandre Mace do Tavares
Orientador e Presidente da Banca
Professor: Msc Alexandre Maced o Tavares
Coordenação da Monografia
ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AFRMM Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante
BACEN Banco Central do Brasil
CFRB/88 Constituição Federal da República do Brasil de 1988.
CIDE Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico
DECEX Departamento de Comercio Exterior
GATT Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio. (General Agreement on Tariffs and Trade)
ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
IE Imposto de Exportação
II Imposto de Importação
IOF Imposto sobre Operações Financeiras
IPI Imposto sobre Produtos Industrializados
SECEX Secretaria de Comércio Exterior
SFRB Secretaria da Receita Federal do Brasil
SISCOMEX Sistema Integrado de Comércio Exterior
SFRB Secretaria da Receita Federal do Brasil
TEC Tarifa Externa Comum
ROL DE CATEGORIAS
Rol de categorias que o Autor considera estratégicas à
compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais.
Aduana
Órgão da administração pública federal, vinculado a Secretaria da Receita
Federal do Brasil, que regulamenta e fiscaliza a entrada e saída de bens do
território nacional, e lança e arrecada os tributos porventura existentes sobre
estes fatos. 1
Exportação de Bens
Remeter ou vender para fora do país, produtos nacionais. 2
Hipótese de Incidência Tributária
Situação de fato, que uma vez ocorrendo, forma a relação jurídica tributária. 3
Importação de Bens
Trazer para dentro do país bens provenientes de países estrangeiros. 4
Imposto Extrafiscal
Imposto que não é utilizado exclusivamente à arrecadação tributária, mas também
como instrumento estatal de intervenção na economia e na sociedade. 5
1 FOLLONI, André Parmo.Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005. p 81.
2 ASHIKAGA, Carlos Eduardo Garcia. Análise da tributação na importação e na exportação. 3 ed. São Paulo: Lex Editora, 2006, p. 157.
3 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 17 ed. São Paulo:Saraiva, 2005, p 55.
4 ASHIKAGA, Carlos Eduardo Garcia. Análise da tributação na importação e na exportação. 3 ed. São Paulo: Lex Editora, 2006, p. 23.
5 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 27 ed. São Paulo: Malheiros, 2006, 104.
Tributo
Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se
possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante atividade administrativa plenamente vinculada. 6
6 Art. 3º Codigo Tributáiro Nacional.
1
SUMÁRIO
Resumo .............................................................................................. 5
Introdução........................................................................................... 6
CAPÍTULO 1..................................................................................... 10
ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS ............................................................... 10
1.1 Direito tributário........................................................................ 10
1.2 Noção de tributo....................................................................... 14
1.3 Identificação da natureza jurídica específica do tributo ............ 17
1.4 Classificação das espécies tributárias...................................... 20
1.4.1 Imposto ........................................................................... 20
1.4.2 Taxas .............................................................................. 21
1.4.3 Contribuição de melhoria................................................. 23
1.4.4 Empréstimos compulsórios.............................................. 25
1.4.5 Contribuições sociais ou especiais .................................. 26
CAPÍTULO 2..................................................................................... 28
ELEMENTOS DE DIREITO ADUANEIRO ........................................ 28
2.1 Direito aduaneiro enquanto conjunto de normas ...................... 28
2.2 Relações entre direito tributário, direito administrativo e direito aduaneiro ................................................................................. 30
2.3 Princípios disciplinadores da atividade aduaneira .................... 31
2.3.1 Princípio da legalidade e da finalidade ............................ 32
2.3.2 Princípio da impessoalidade e da moralidade ................. 33
2.3.3 Princípio da publicidade................................................... 34
2.3.4 Princípio da razoabilidade e da proporcionalidade .......... 35
2.3.5 Princípio da eficiência...................................................... 35
2.3.6 Princípio da responsabilidade Objetiva Estatal ................ 35
2.4 Instrumentos normativos de direito aduaneiro.......................... 36
2.4.1 O Decreto-lei nº. 37/66 .................................................... 38
2.4.2 O regulamento aduaneiro ................................................ 39
2
2.4.3 As instruções normativas da Receita Federal do Brasil ... 40
2.4.4 As portarias da Secretaria de Comércio Exterior ............. 41
2.5 Valoração aduaneira ................................................................ 42
2.5.1 Método primeiro .............................................................. 46
2.5.2 Método segundo.............................................................. 47
2.5.3 Método terceiro ............................................................... 48
2.5.4 Método quarto ................................................................. 48
2.5.5 Método quinto.................................................................. 48
2.5.6 Método sexto................................................................... 49
2.6 Classificação Fiscal de Mercadorias ........................................ 49
2.7 Despacho Aduaneiro de importação ........................................ 51
2.7.1 Tratamento Administrativo............................................... 53
2.8.1 Regimes Aduaneiros ....................................................... 54
CAPÍTULO 3..................................................................................... 56
TRIBUTOS INCIDENTES na importação de bens ............................ 56
3.1 Imposto de Importação (II) ....................................................... 56
3.1.1 Critério material ............................................................... 56
3.1.2 Critério temporal .............................................................. 58
3.1.3 Critério espacial............................................................... 58
3.1.4 Critério pessoal ............................................................... 59
3.1.5 Critério Quantitativo......................................................... 60
3.2 Imposto sobre Produtos Industrializados.................................. 61
3.2.1 Critério material ............................................................... 61
3.2.2 Critério temporal .............................................................. 62
3.2.3 Critério espacial............................................................... 63
3.2.4 Critério pessoal ............................................................... 63
3.2.5 Critério quantitativo.......................................................... 63
3.3 Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS)...................................................................................... 65
3.3.1 Critério material ............................................................... 66
3
3.3.2 Critério temporal .............................................................. 66
3.3.3 Critério espacial............................................................... 67
3.3.4 Critério pessoal ............................................................... 68
3.3.5 Critério quantitativo.......................................................... 68
3.4 PIS/PASEP - Importação e COFINS-Importação ..................... 70
3.4.1 Critério material ............................................................... 71
3.4.2 Critério temporal .............................................................. 71
3.4.3 Critério espacial............................................................... 72
3.4.4 Critério pessoal ............................................................... 72
3.4.5 Critério quantitativo.......................................................... 73
3.5 Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM).................................................................................. 74
3.5.1 Critério material ............................................................... 75
3.5.2 Critério temporal .............................................................. 76
3.5.3 Critério espacial............................................................... 76
3.5.4 Critério pessoal ............................................................... 76
3.5.5 Critério quantitativo.......................................................... 76
3.6 Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico incidente sobre a Importação .................................................................. 77
3.6.1 Critério material ............................................................... 78
3.6.2 Critério temporal .............................................................. 78
3.6.3 Critério espacial............................................................... 78
3.6.4 Critério pessoal ............................................................... 78
3.6.5 Critério quantitativo.......................................................... 79
3.7 Imposto sobre Operações de Câmbio - IOF............................. 79
3.8 Taxa de Utilização do Sistema Integrado de Comércio Exterior - SISCOMEX .............................................................................. 80
3.8.1 Critério material ............................................................... 81
3.8.2 Critério temporal .............................................................. 81
3.8.3 Critério espacial............................................................... 81
3.8.4 Critério pessoal ............................................................... 81
3.8.5 Critério quantitativo.......................................................... 81
4
Considerações Finais ....................................................................... 83
Referência das Fontes Citadas......................................................... 86
5
RESUMO
A importação de bens passou a ser uma alternativa cada vez
mais constante nas rotinas das atividades empresariais no Brasil, uma vez que as
empresas procuram cada vez mais esta alternativa com vistas a otimização de
seus custos e maximização de seus resultados. A fim de alcançar estes
objetivos, um dos aspectos mais relevantes e primordiais no processo de
importação de um bem é a análise da tributação que sofrerá no momento de sua
nacionalização. Mediante a utilização do método indutivo objetivou-se analisar a
tributação nesta atividade. Através da pesquisa, obtiveram-se os seguintes
entendimentos: a) A legislação tributária na importação de bens contém muitas
peculiaridades inerentes à atividade, estando intrinsecamente ligada à legislação
aduaneira, mas não se confunde com esta; b) para se entender a tributação na
importação de bens é fundamental um bom conhecimento da legislação
aduaneira, que por sua vez é de extrema complexidade e formada em sua imensa
maioria por uma grande quantidade de normas infralegais; c) Constata-se
também existência de um forte caráter de extrafiscalidade nos tributos incidentes
na importação de bens, uma vez que não se prestam somente à obtenção de
receitas, mas também se constitui em uma forma de intervenção estatal na
economia.
6
INTRODUÇÃO
O núcleo da presente monografia é a investigação dos
aspectos fundamentais da incidência tributária na importação de bens, assim
como seu alcance e efeitos jurídicos, à luz do ordenamento jurídico, da doutrina
nacional e da jurisprudência.
O estudo desse tema é de extrema significância na ordem
tributária atual, justificando uma pesquisa aprofundada, não somente pele sua
importância prática, mas pela relevância que esta atividade vem alcançando na
economia brasileira.
Esta pesquisa tem como objetivos: institucional, produzir
monografia para obtenção do grau de bacharel em Direito, pela Universidade do
Vale do Itajaí – Univali; geral, investigar as notas peculiares as incidências
tributárias na importação de bens, específicos, 1) analisar e identificar as
diferentes espécies tributárias existentes no sistema tributário nacional; 2) analisar
os aspectos do direito aduaneiro aplicáveis e relacionados a tributação na
importação de bens; e, 3) Investigar os aspectos da hipótese de incidência dos
tributos incidentes na importação de bens.
Para a investigação do objeto e alcance dos objetivos
propostos, adotou-se o método indutivo7, operacionalizado com as técnicas8 do
referente9, da categoria10, dos conceitos operacionais11 e da pesquisa
7 O método indutivo consiste em ‘pesquisar e identificar as partes de um fenômeno e colecioná-las de modo a ter uma percepção ou conclusão geral’. [Pasold, 2001, p. 87].
8 “Técnica é um conjunto diferenciado de informações reunidas e acionadas em forma instrumental para realizar operações intelectuais ou físicas, sob o comando de uma ou mais bases lógicas investigatórias”. [Pasold, 2001, p. 88].
9 Referente “é a explicitação prévia do motivo, objetivo e produto desejado, delimitando o seu alcance temático e de abordagem para uma atividade intelectual, especial-mente para uma pesquisa”. [Pasold, 2001, p. 63].
10 Categoria “é a palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou expressão de uma idéia”. [Pasold, 2001, p. 37].
7
bibliográfica, em conjunto com as técnicas propostas por Colzani 12, dividindo-se o
relatório final em três capítulos.
A pesquisa foi desenvolvida tendo como base os seguintes
problemas:
1ª Como se localiza os tributos incidentes na importação de
bens, dentro do Sistema Tributário Nacional e do
ordenamento jurídico?
2ª Qual o grau de relação e interdependência entre os
tributos incidentes na importação de bens e o direito
aduaneiro?
3ª Quais as principais características das incidências
tributárias na importação de bens?
Diretamente relacionadas a cada problema formulado,
foram levantadas as seguintes hipóteses:
a) Os tributos incidentes na importação de bens, tem sua
competência determinada na Constituição de 1988, com
11 Conceito Operacional é a “definição para uma palavra e/ou expressão, com o desejo de que tal definição seja aceita para os efeitos das idéias que expomos”. [Pasold, 2001, p. 51].
12 COLZANI, Valdir Francisco. Guia para elaboração do trabalho científico.
8
normas gerais estabelecidas em leis complementares,
sendo criados através de leis ordinárias, e regulamentados
através de Decretos e Normas Complementares;
b) Na tributação na importação de bens, o direito tributário e
o direito aduaneiro se encontram extremamente
relacionados, uma vez que a atividade de regulação,
fiscalização, lançamento e arrecadação tributária exercida
pela Aduana, é basicamente uma junção desses dois ramos
do direito;
c) A incidência tributária na importação de bens tem como
forte característica a extrafiscalidade, além de uma
constante preocupação do legislador em dar isonomia de
tratamento tributário entre o produto estrangeiro e o
nacional.
Para uma melhor abordagem das questões que norteiam o
a incidência tributária na importação de bens, o trabalho foi dividido em três
capítulos.
No primeiro capítulo, tratar-se-á a respeito das espécies
tributárias existentes no Sistema Tributário Nacional, com ênfase aos elementos
do tributo e suas espécies.
No segundo capítulo, discorrer-se-á acerca do Direito
Aduaneiro, uma vez que intrinsecamente relacionado com o direito tributário na
incidência na importação de bens, abordando-se as questões quanto a sua
autonomia e correlação com outros ramos do direito, valoração aduaneira,
procedimentos de classificação fiscal e despacho aduaneiro.
No terceiro e último capítulo, investigar-se-á
especificamente uma a uma as espécies tributárias incidentes na importação de
bens, tecendo-se um breve comentário sobre o tributo, para em seguida analisá-lo
do ponto de vista da norma de incidência, mediante o uso da teoria da regra-
matriz.
9
O presente relatório da pesquisa se encerra com as
considerações finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos destacados,
estabelecendo-se breve síntese de cada capítulo e demonstração sobre as
hipóteses básicas da pesquisa, verificando se as mesmas restaram ou não
confirmadas.
10
CAPÍTULO 1
ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS
1.1 DIREITO TRIBUTÁRIO
Dos anseios e necessidades da vida em sociedade, que é
representada pelo Estado na execução de sua atividade financeira, é que surge a
razão de existência do tributo. Conforme ensina MELO: 13
O país necessita de recursos para poder atingir seus objetivos fundamentais, consistentes na construção de uma sociedade livre, justa e solidária, no desenvolvimento nacional, na erradicação da pobreza e marginalização, na redução das desigualdades sociais
e regionais, bem como na promoção do bem estar da coletividade.
O Estado, no exercício de sua soberania e gestão financeira,
exige tributos de seus contribuintes, com o objetivo de obter receitas para
executar todas estas atividades, que demandam a utilização de pessoal,
aquisição de bens, e realização de investimentos. 14
Para regulamentar a transferência de recursos dos
contribuintes para o Estado, é que existe o Direito Tributário, e para melhor
compreensão do que significa este ramo do Direito, parte-se de sua conceituação,
porém, conforme menciona CARVALHO 15 ”é missão penosa aquela de tracejar
os limites da área que interessa ao estudo do Direito Tributário, ainda que a
proposta seja fazê-lo para efeitos meramente didáticos”.
13 MELO, José Eduardo Soares de. Curso de direito tributário. 6 ed. São Paulo:Dialética, 2005, p. 11.
14 MELO, José Eduardo Soares de. Curso de direito tributário. 6 ed. São Paulo:Dialética, 2005, p. 11.
15 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 17 ed. São Paulo:Saraiva, 2005, p. 13.
11
CARVALHO 16 , assim conceitua direito tributário:
Direito tributário positivo é o ramo didaticamente autônomo do direito, integrado pelo conjunto das proposições jurídicos normativas, que correspondam, direta ou indiretamente, à instituição, arrecadação e fiscalização de tributos.
MACHADO 17, por sua vez, o conceitua como:
Ramo do Direito que se ocupa das relações entre o fisco e as pessoa sujeitas a imposições tributárias de qualquer espécie, limitando o poder de tributar e protegendo o cidadão contra os abusos desse poder.
A expressão Direito Tributário, ”designa a disciplina jurídica
dos tributos, conforme entendimento doutrinário e jurisprudencial consagrado no
Brasil atualmente; consistindo no conjunto de princípios e normas que
regulamentam a instituição, arrecadação, e fiscalização dos tributos”, Conforme
AMARO 18.
De acordo com os conceitos configurados verifica-se que a
finalidade precípua do Direito tributário é promover o equilíbrio na relação Fisco x
contribuinte, pois a relação tributária não constitui relação de poder. É relação
jurídica, porque está sujeita as normas às quais se submetem os contribuintes e
também o Estado.
O tema sobre autonomia dos ramos do Direito, tem se
prestado a vários debates doutrinários, porém, didaticamente, é muito importante
esta divisão, conforme ensina MACHADO: 19
16 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário17 ed. São Paulo:Saraiva, 2005, p. 15.
17 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. . 27 ed. São Paulo:Malheiros, 2006, p 71.
18 AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 3 ed. São Paulo:Saraiva, 1999, p 4.
19 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 27 ed. São Paulo:Malheiros, 2006.
12
Do ponto de vista científico não se deve falar de autonomia de nenhum ramo do Direito, que é uno. Didaticamente, porém, é não apenas conveniente, mas necessário mesmo, dividir-se o Direito em departamentos, para facilidade de estudo. Isto não significa dizer que todos os conceitos de um dos departamentos tenham de prevalecer inteiramente em qualquer dos outros.
Quanto à autonomia do Direito Tributário, tem se que ele
nasceu a partir do Direito Financeiro, que é o conjunto de princípios e normas que
regulam a atividade financeira do Estado (receita, gestão e despesa) de acordo
com as Leis Orçamentárias, pois o tributo se constitui a principal fonte de receita
do Estado; no Brasil foi com a Emenda 18, de 1965, que estruturou o Sistema
Tributário Nacional, e na seqüência em 1966, com a publicação da Lei 5.172, que
o Direito Tributário firmou a sua autonomia, e a partir de então passou a
realmente ser reconhecido pela doutrina e jurisprudência. 20
O Direito Tributário é um ramo relativamente novo no Brasil,
pois tem de efetiva autonomia didática aproximadamente 40 anos, muito pouco se
comparado ao tempo de autonomia de outros ramos do direito, como o Direito
Civil, Direito Penal, Direito Processual, etc. Porém, ao longo destes 40 anos de
autonomia didática do Direito Tributário, a arrecadação de tributos tornou-se tão
complexa, e a ânsia do Estado de tributar tornou-se tão grande, que a disciplina
Direito Tributário alcançou um extraordinário desenvolvimento.21
O Direito Tributário se expressa através de suas fontes, que
são os atos que lhe servem de origem, como a Lei em sentido lato (abrangendo
a Constituição, as leis complementares, as leis ordinárias, as normas
complementares, decretos, etc.) , a doutrina, a jurisprudência, e os costumes.
Sendo que a Lei (lato sensu), é a principal fonte do Direito Tributário Brasileiro. A
ela cabe criar o tributo com o seu respectivo fato gerador, sua base de cálculo e
20 AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 3 ed. São Paulo:Saraiva, 1999, p 3.
21 AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 3 ed. São Paulo:Saraiva, 1999, p 3.
13
sua alíquota, cabendo à doutrina, à jurisprudência e aos costumes o papel de
fontes subsidiárias. 22
O Direito Tributário é considerado um ramo do Direito
Público, onde é evidente a preponderância do interesse coletivo no direito dos
tributos, e por essa razão impera o caráter cogente(obrigatório) de suas normas,
que não podem ser alteradas ou desprezadas pela simples vontade dos sujeitos
da relação jurídico tributária. 23
No Brasil o Direito Tributário alcançou uma real e grandiosa
importância no ordenamento jurídico, já que lhe foi conferido pelo constituinte um
tratamento especial na Constituição de 1988, encontrando-se expressamente
disciplinado em capítulo próprio (artigos 145 a 156), e em demais dispositivos
esparsos, de forma que para o exame e compreensão da matéria tributária se faz
necessário a análise das regras previstas na Constitucionalmente, que prevê
ainda a criação de Leis Complementares que têm a natureza de normas
nacionais, devendo ser observadas por todos os legisladores(federais, estaduais,
distritais, e municipais). 24
Atualmente, a lei complementar que estabelece normas
gerais de Direito Tributário (art. 146, III, da CFRB/88), é o Código Tributário
Nacional (Lei 5.172/66) que, apesar de não ter passado pelo processo formal
que a constituição exige para uma lei complementar, por ser anterior a esta, é
considerada formalmente uma lei ordinária porém materialmente uma lei
complementar. 25
22 AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 3 ed. São Paulo:Saraiva, 1999, p 157.
23 AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 3 ed. São Paulo:Saraiva, 1999, p. 157.
24 MELO, José Eduardo Soares de. Curso de direito tributário. 6 ed. São Paulo:Dialética, 2005, p. 12 e 17.
25 AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 3 ed. São Paulo:Saraiva, 1999, p 162 e 163.
14
1.2 NOÇÃO DE TRIBUTO
O conceito de tributo, atualmente é determinado pelo
legislador, no artigo 3o do Código Tributário Nacional:
Art. 3 o. Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
Nesta previsão legal, estão contidas as regras básicas do
sistema de arrecadação de tributos, com as seguintes significações: 26
Prestação pecuniária compulsória : o tributo deve ser pago em
moeda corrente nacional(atualmente, em reais), independente da vontade do contribuinte, devendo ser satisfeita a obrigação mesmo contra a vontade do sujeito passivo. Somente em situações especiais, autorizados por lei, o pagamento dos tributos poderá ser feito em outras espécies, que não em moeda corrente nacional. Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir : a expressão
“ou cujo valor nela se possa exprimir” significa, para alguns autores, a autorização para utilização de indexadores para expressar valores de tributos (exemplos: ORTN, OTN, BTN, UFIR). Que não constitua sanção de ato ilícito: as penalidades pecuniárias ou multas não se incluem no conceito de tributo. Significa dizer que o pagamento do tributo não decorre da infração de determinada lei. Tributo sempre nasce da prática de ato lícito. No caso de prática de infração fiscal, a pena aplicada será a multa, que é sanção por ato ilícito e não é tributo”.
Instituída em lei: ou seja, os tributos só podem ser instituídos ou
aumentados por meio da lei válida e eficaz. Nos termos do
26 FABRETTI, Láudio Camargo. Direito tributário para os cursos de administração e ciências contábeis. 5 ed. São Paulo:Atlas, 2006, p. 50.
15
disposto no artigo 5o, inciso II, da Constituição Federal, ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Especializando a disposição genérica temos o princípio da legalidade dos tributos, que está contido no artigo 150, inciso I, da mesma Constituição Federal, prevendo que sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça”. Cobrada mediante atividade administrativa plenament e vinculada: a administração pública, para efetuar a cobrança dos
valores dos tributos, tem que agir na forma fixada pela lei, pois nesse tipo de atividade, a autoridade não goza de liberdade para apreciar a conveniência ou oportunidade de agir, pois se agir assim haverá abuso ou desvio de poder.”
JUNQUEIRA 27 ensina que:
A noção de tributo está ligada ao radical latino “tribuire” que significa distribuir, no sentido de repartir entre os entes da comunidade os ônus da satisfação das necessidades coletivas. Trata-se de prestação pecuniária, justamente para atender a consecução dos objetivos do Estado, e compulsória, no sentido de que não tem natureza de disposição de vontade do contribuinte, como as doações e receitas contratuais. Distingue-se de penalidade, tendo em vista a hipótese de incidência, eis que ao contrário daquela, decorre de um ato lícito.
Em uma linguagem mais comum, pode-se definir o tributo
como: “todo valor em dinheiro, pago pelo cidadão ao fisco, exigido através de lei
que o criou para atender às atividades fins do Estado, isto é, as demandas da
sociedade visando o bem comum.” 28
O fundamento jurídico do tributo é o poder fiscal do Estado, e
seu elemento essencial é a coercibilidade, que é a prerrogativa legal de o Estado
27 JUNQUEIRA, Alexandre. O que é tributo?. Disponível em <http://pt.shvoong.com>. Acesso em: 10 de Janeiro de 2008.
28 Educação Fiscal. Disponível em <www.sef.pe.gov.br>. Acesso em: 10 de Janeiro de 2008.
16
compelir o contribuinte ao pagamento da prestação. Esta coercibilidade é que faz
do tributo uma receita classificada como derivada, já que este tipo de receita é
oriunda do poder imposicional e unilateral do Estado, ao contrário das receitas
denominadas de originárias, que tem origem em contratos bilaterais ou são de
natureza negocial. 29
Mas este poder de tributar do Estado não é absoluto, pois o
ente tributante deve respeito a uma série de princípios e limitações ao poder de
tributar, como se passa a expor em caráter exemplificativo. 30
- Capacidade Contributiva – é necessário que o particular
tenha capacidade econômica para contribuir com as necessidades do Estado. Em
resumo pode-se dizer que este princípio quer dizer que deve-se recolher mais,
aquele que “pode” mais (CFRB/88, art. 145 §1o). 31
- Legalidade (Estrita Legalidade ou Reserva Legal) – O art.
150, I, da CFRB/88, dispõe que nenhum tributo pode ser exigido ou aumentado
sem que a lei o estabeleça. Lei deve ser entendida no seu sentido estrito, ou seja,
o instrumento formalmente produzido pelo poder competente. 32
- Isonomia Tributária – fundamenta-se no princípio
constitucional geral da igualdade de todos perante a lei, presente nos art. 5. º
(caput e I) e 150, II, ambos da CFRB/88. 33
29 SOUZA, Bruno Soares. A coerção administrativa para pagamento de tributos, como forma de restringir o execício das atividades profissionais. Disponível em <www.advogado.adv.br>. Acesso em: 10 de Janeiro de 2008.
30 HARADA, Kioshi. Direito financeiro e tributário. São Paulo: Atlas, 2006, p. 378.
31 HARADA, Kioshi. Direito financeiro e tributário. São Paulo: Atlas, 2006, p. 384.
32 HARADA, Kioshi. Direito financeiro e tributário. São Paulo: Atlas, 2006, p. 379.
33 HARADA, Kioshi. Direito financeiro e tributário. São Paulo: Atlas, 2006, p. 379.
17
No campo tributário, os entes tributantes devem tratar de
forma igual os contribuintes que estejam em situação equivalente e tratar de
forma desigual os desiguais, na medida das suas desigualdades. Não cabe,
portanto, em matéria tributária, qualquer diferenciação no tratamento entre
aqueles que se encontra em situações idênticas (art. 150, II, CFRB/88). 34
- Irretroatividade da Lei – visando assegurar o princípio
constitucional da segurança jurídica, o art. 150, III, alínea “a”, da CFRB/88, veda a
cobrança de tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da
vigência da lei que os cria ou que os majora. 35
- Princípio da anterioridade (art. 150, III, “b” e “c”) Este
princípio significa que é vedado aos entes tributantes cobrar tributo no mesmo
exercício financeiro, ou antes de decorridos 90 dias da data em que haja sido
publicada a lei que os instituiu ou aumentou. Assim o Estado vê-se obrigado a
aguardar um lapso temporal para iniciar a cobrança do tributo criado ou
aumentado, e preservação da segurança jurídica na relação tributária. 36
1.3 IDENTIFICAÇÃO DA NATUREZA JURÍDICA ESPECÍFICA D O TRIBUTO
O artigo 4o do Código Tributário Nacional, abaixo transcrito,
determina que para identificação da espécie tributária é preciso o exame da
situação definida em lei como suficiente e necessária para o seu surgimento,
denominado fato gerador: 37
Art. 3 c. A natureza específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:
34 HARADA, Kioshi. Direito financeiro e tributário. São Paulo: Atlas, 2006, p. 382.
35 CASSONE, Vittorio. Direito tributário. 11 ed. São Paulo: Atlas, 1999, p. 382.
36 CASSONE, Vittorio. Direito tributário. 11 ed. São Paulo: Atlas, 1999, p 109.
37 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 27 ed. São Paulo: Malheiros, 2006, p. 144.
18
I- a denominação e demais características formais adotadas pela lei; II- a destinação legal do produto de sua arrecadação.
No sentido da irrelevância da nomenclatura contempla
Geraldo Ataliba, citado por PEDROZA: 38
a designação contribuição parafiscal não retira a um tributo seu caráter tributário. Qualquer que seja o nome com que se batize, toda obrigação pecuniária ex lege em benefício de pessoa pública ou com finalidades de utilização é tributo e se submete ao chamado regime tributário: conjunto de princípios e normas constitucionais, que regulam a exigência coativa de prestações pecuniárias pelo Estado (...) importa ficar claro, inequívoco e inquestionável que a circunstância de um tributo ser batizado de "contribuição parafiscal" não implica necessariamente natureza específica de contribuição (art. 4o do CTN), nem permite que se posterguem as exigências constitucionais que disciplinam e limitam a tributação.
Conforme menciona CARVALHO 39 , para que se conheça a
intimidade estrutural do tributo, ou seja, aquilo que ele denomina de tipologia
tributária, é preciso que se examine, antes de tudo, sua hipótese de incidência e
a sua base de cálculo, pois a verificação apenas do fato gerador como sugere
singelamente o legislador, não se mostra suficiente para diferençar impostos de
impostos e desses as taxas, por exemplo.
Este entendimento emerge do comando encerrado pelo art.
154, II da CRFRB/88, quando prescreve que “a união poderá instituir, mediante lei
complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não
38 PEDROZA, Iure. Aplicabilidade da decadência quinquenal para constituição de créditos previdenciários. Disponível em www.direitoemdebate.net. Acesso em: 29/09/2007.
39 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 17 ed. São Paulo: Saraiva 2005. p.55.
19
cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos
discriminados nesta Constituição”. 40
Neste sentido, prescreve NOGUEIRA: 41
O fato gerador é o aspecto material da hipótese de incidência tributária. Junto com a base de cálculo, forma aquilo que Paulo de Barros Carvalho chama de tipologia tributária. Segundo o CTN em seu art. 4º, a natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador. Porém, acrescentamos a base de cálculo a este raciocínio com supedâneo nos arts. 145, § 2º e 154, I, ambos da CF, que demonstram a importância da base de cálculo, e logo, da tipologia tributária como critério constitucional para determinação da natureza do tributo. Ouçamos Paulo de Barros Carvalho, No direito positivo brasileiro, o tipo tributário é definido pela integração lógico semântica de dois fatores: hipótese de incidência e base de cálculo. Ao binômio, o legislador constitucional outorgou a propriedade de diferençar as espécies tributárias entre si, sendo também operativo dentro das próprias subespécies.
Nesta mesma corrente afirma MELLO 42 “O fato gerador da
obrigação tributária só ocorrerá quando os seus indispensáveis pressupostos,
previstos em lei, tenham se verificado de modo real e completo, pelo denominado
fenômeno da subsunção”.
Os artigos 114 e 115 do Código Tributário Nacional dispõem
sobre fato gerador da obrigação tributária principal, e acessória, nos seguintes
termos:
40 TAVARES, Alexandre Macedo. Fundamentos de direito tributário. 3 ed, Florianóplis: Momento atual, 2006. p. 67.
41 NOGUEIRA, Roberto Wagner Lima. Fato Gerador da obrigação Tributária. Disponível em httip: //jus2. uol.com. br/doutrina/texto.asp?id=612. Acesso em: 29/09/2007.
42 MELO, José Eduardo Soares de. Curso de direito tributário. 6 ed. São Paulo:Dialética, 2005, p. 216.
20
Art. 114 . Fato gerador da obrigação principal é a situação definida
em lei como necessária e suficiente a sua ocorrência.
Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação
que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure a obrigação principal.
Enfim, no Brasil, a natureza jurídica específica do tributo é
resultado da análise do seu fato gerador e de sua base de cálculo.
1.4 CLASSIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS
As espécies de tributo previstas na Constituição de 1988,
são o imposto, a taxa, a contribuição de melhoria, os empréstimos compulsórios e
as contribuições sociais. Esta classificação tem origem na já pacificada
Jurisprudência do STF, que entende que o Sistema Tributário Nacional comporta
estas cinco espécies tributárias autônomas inclusas na Constituição de 1988,
formando a chamada classificação pentapartida.
Esta jurisprudência vai em contraponto a classificação
adotada pelo art. 5o do CTN, que adota a classificação Tripartida, considerando
tributos somente os Impostos, as Taxas, e as Contribuições de Melhoria. 43
Será adotado neste trabalho a classificação pentapartida,
levando-se em consideração a interpretação conforme a Constituição. 44
1.4.1 Imposto
O Código Tributário Nacional assim define imposto:
43 ALEXANDRINO, Marcelo e PAULO, Vicente. Direito tributário na constituição e no STF: teoria e jurisprudência. 7 ed. Rio de Janeiro: Impetus 2004, p. 6.
44 TAVARES, Alexandre Macedo. Fundamentos de direito tributário. 3 ed, Florianóplis: Momento atual, 2006, p. 67.
21
Art. 16 . Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador
uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.
Pode-se compreender do enunciado legal, que o imposto é
um tributo cujo fato gerador não se conecta a uma obrigação do Poder Público em
contraprestação a algum tipo de serviço público ao contribuinte que o recolheu.
Assim sendo, imposto é um tributo pago compulsoriamente pelos contribuintes
para custear os serviços proporcionados pelo Estado, prestados coletiva (uti
universi) e indivisivelmente, isto é, sem que possam ser individualizados, em
relação a este ou aquele grupo social, esta ou aquela comunidade, de modo a
assegurar o funcionamento da maquina estatal, do atendimento social à
população e os investimentos em obras essenciais. 45
O princípio informador do imposto é o da capacidade
contributiva (CFRB, art. 145, § 1o), que dispõe essencialmente que sempre que
possível os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a
capacidade econômica do contribuinte. 46
1.4.2 Taxas
O art. 145, II, da CFRB/88, dispõe que a União, os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios, poderão instituir os seguintes tributos:
(...) II - taxas, em razão do exercício regular do poder de policia, ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição.
45 AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 3 ed. São Paulo:Saraiva, 1999, p 80.
46 TAVARES, Alexandre Macedo. Fundamentos de direito tributário. 3 ed, Florianóplis: Momento atual, 2006, p. 70.
22
O artigo 77 do CTN dispõe que:
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.
Segundo AMARO, “a taxa é o tributo cobrado pelo Poder
Público a título de remuneração pela produção e oferecimento de serviço público
específico e divisível prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição”. 47
Desta forma pode-se dizer que a taxa, ao contrário do
imposto, tem o seu fato gerador necessariamente conectado a uma obrigação do
Poder Público em contra prestar ou colocar à disposição algum tipo de serviço
público ao contribuinte que a recolheu. 48
É por esta razão que a taxa é considerada um tributo
vinculado, pois seu fato gerador está vinculado a uma atividade estatal específica,
relativa ao contribuinte. 49
No aspecto material do fato gerador da taxa encontra-se
além da efetiva ou potencial prestação de serviço público pelo Estado, também o
poder de polícia da entidade tributante. 50
O CTN define "poder de policia" no seu art. 78:
47 AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 3 ed. São Paulo:Saraiva, 1999, p. 30/31.
48 MELO, José Eduardo Soares de. Curso de direito tributário. 6 ed. São Paulo:Dialética, 2005, p. 66.
49 MARTINS, Sergio Pinto. Manual de direito tributário. 4 ed. São Paulo:Atlas, 2005, p. 109.
50 MARTINS, Sergio Pinto. Manual de direito tributário. 4 ed. São Paulo:Atlas, 2005, p. 109.
23
Art. 78 . CTN. Considera-se poder de polícia atividade da
administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, a higiene, á ordem, aos costumes, à disciplinada da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.
O artigo art. 145, § 2o, da CFRB/88, dispõe que as taxas não
podem ter como base de cálculo a mesma usada para cobrança dos impostos.
1.4.3 Contribuição de melhoria
O art. 145, III, da CFRB/88, dispõe que a União, os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios, poderão instituir os seguintes tributos:
(...) III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
A contribuição de melhoria é um tributo que objetiva
proporcionar ao Estado a condição de recuperar o custo das despesas públicas
com obras que aumentem o valor dos imóveis por elas beneficiados. 51
Se torna necessário e essencial que a obra já tenha sido
realizada, e que de fato beneficie imóveis, urbanos ou rurais, pois a valorização
51 MARTINS, Sergio Pinto. Manual de direito tributário. 4 ed. São Paulo:Atlas, 2005, p. 117.
24
imobiliária constitui fator imprescindível para que a Administração possa instituir a
contribuição de melhoria. 52
O Código Tributário Nacional dispõe sobre o limite global da
cobrança do tributo ao custo da obra, e determina que o valor individual que pode
ser cobrado de cada contribuinte fica condicionado ao nível de valorização de seu
imóvel. 53
Com relação a lei que institui a contribuição de melhoria, o
CTN dispõe em seu artigo 82:
Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os
seguintes requisitos mínimos: I – publicação prévia dos seguintes elementos: a) memorial descritivo do projeto; b) orçamento do custo da obra; c)determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição; d) delimitação da zona beneficiada; e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas; II – fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação, pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso anterior; III – regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da impugnação a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação judicial. §1 A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do custo da obra a que se refere a alínea c, do
52 AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 3 ed. São Paulo:Saraiva, 1999, p. 46.
53 HARADA, Kioshi. Direito financeiro e tributário.São Paulo: Atlas, 2006, p. 331.
25
inciso I, pelos imóveis situados na zona beneficiada em função dos respectivos fatores individuais de valorização. §2 Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser notificado do montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento e dos elementos que integram o respectivo cálculo.
1.4.4 Empréstimos compulsórios
O empréstimo compulsório encontra sua regra matriz no art.
148 da CFRB/88, que assim dispõe:
Art. 148 . A união, mediante lei complementar, poderá instituir
empréstimos compulsórios: I- para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública,de guerra externa ou sua iminência; II- no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150 III, b. Parágrafo único – A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.
Trata-se de tributo vinculado e de competência privativa da
União, que deve instituí-lo através de lei complementar, sendo que toda a receita
obtida deve ser aplicada à despesa que serviu de fundamento de validade de sua
instituição. 54
O empréstimo compulsório tem uma característica diferente
dos demais tributos, pois na condição de empréstimo presume-se a devolução da
54 HARADA, Kioshi. Direito financeiro e tributário.São Paulo: Atlas, 2006, p. 332.
26
quantia arrecadada, e esta devolução somente poderá acontecer em moeda
corrente, não cabendo a dação de pagamento. 55
A Constituição federal de 1988 não fixa prazo para que
ocorra essa restituição, mas a doutrina entende que o prazo deve ser
determinado na lei complementar que o instituiu. 56
1.4.5 Contribuições sociais ou especiais
Na atual Constituição encontram-se 5 subespécies de
Contribuições Sociais: 57
a) Contribuições sociais gerais: são aquelas voltadas ao
custeio dos direitos sociais ou da ordem social. (ex: o FGTS e o Salário de
Educação (CF, art. 212, § 5).
b) Contribuição de intervenção no domínio econômico
(CIDE): são tributos que só atingem determinados setores da atividade
econômica, e visam intervir na economia para assegurar a livre concorrência,
preservação do meio ambiente, e a defesa do consumidor. (ex: a CIDE cobrada
sobre Combustíveis inclusive na sua importação).
c) Contribuição de interesse de categorias profissionais ou
econômicas: são as contribuições voltadas a subsidiar a organização de classes
profissionais ou econômicas, fornecendo recursos financeiros indispensáveis à
manutenção da entidade associativa. (ex: a contribuições para a Ordem dos
Advogados do Brasil OAB. CRM, CRC, etc.)
55 AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 3 ed. São Paulo:Saraiva, 1999, p. 85/86.
56 AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 3 ed. São Paulo:Saraiva, 1999, p. 85/86.
57 TAVARES, Alexandre Macedo. Fundamentos de direito tributário. 3 ed, Florianópolis: Momento atual, 2006, p 81 a 84.
27
d) Contribuições a Seguridade Social: são aquelas voltadas
a custear a seguridade social em sua tripla função de atender a saúde,
previdência e assistência social (art. 194 da CF).
e) Contribuição ao custeio da iluminação pública (art. 149-A
da CF).
Muito se discutiu na doutrina e jurisprudência acerca da
natureza das contribuições sociais, onde uma corrente defendia a tese de que
estas não tinham propriamente natureza tributária, no entanto, tal entendimento
não prevalece mais na doutrina nacional e tampouco nos Tribunais, os quais
entendem que as contribuições sociais têm natureza tributária, devendo atender
às diretrizes do sistema nacional tributário. Isto significa que as contribuições
estão sujeitas aos princípios tributários, como qualquer outro tributo –
considerando que as contribuições para a seguridade social estão sujeitas ao
princípio da anterioridade nonagesimal (CFRB, art. 195, § 6o) 58
A atividade de Comércio Exterior é regulada por um direito
específico, onde atuam profissionais especializados. Por isso, o estudo da
tributação que incide sobre tais negócios jurídicos demanda análise não só do
Direito Tributário, mas também do Direito Aduaneiro objeto de estudo do próximo
capítulo.
58 PEDROZA, Iure. Aplicabilidade da decadência qüinqüenal para constituição de créditos previdenciários. Disponível em www.direitoemdebate.net. Acesso em: 29/09/2007.
28
CAPÍTULO 2
ELEMENTOS DE DIREITO ADUANEIRO
2.1 DIREITO ADUANEIRO ENQUANTO CONJUNTO DE NORMAS
Em nossa doutrina pátria alguns autores, como Carluci,
defendem a existência de um novo ramo autônomo do Direito, especificamente o
Direito Aduaneiro, enquanto outros, como Folloni são contrários a esta tese.
CARLUCI 59 defende a idéia de autonomia do Direito
Aduaneiro com os seguintes argumentos:
Sob muitos aspectos podemos chegar à conclusão da existência de um direito aduaneiro. Assim, há um fator que sugere a existência de uma ciência aduaneira e de uma disciplina jurídica aduaneira, qual seja a existência de uma normatização abundante decorrente de cada situação fática nas operações envolvidas no intercâmbio comercial com o exterior.
FOLLONI 60 defende que o direito aduaneiro não tem
autonomia, por ser a atividade aduaneira, “claramente um exercício de função
administrativa, trata-se de um ramo especializado do direito administrativo. O
estudo do direito aduaneiro afigura-se como um exercício de Dogmática Jurídico
Administrativa aplicada.”
A Constituição de 1988, assim dispõe:
59 CARLUCI, José Lence. Uma introdução ao direito aduaneiro. 2 ed. São Paulo:Aduaneiras, 2000, p 22.
60 FOLLONI, André Parmo.Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 59.
29
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
VII – Comércio exterior e interestadual.
Referida Constituição não prevê expressamente a
competência da União para legislar sobre Direito Aduaneiro ou ao menos prevê a
existência do mesmo como um ramo específico da Ciência do Direito no Brasil;
contudo, pelo dispositivo constitucional acima, pode-se entender que a União é
competente para legislar sobre direito aduaneiro, pois as normas que regulam o
comércio exterior constituem a mais pura expressão do Direito Aduaneiro. 61
O Direito Aduaneiro também não pode ser considerado um
sub-ramo do Direito Tributário. O fato aduaneiro é um complexo de fatos jurídicos
de variada natureza que envolve vários ramos do direito, como o Direito
Tributário, comercial, administrativo. O fato tributário se dá dentro do aduaneiro e
não o contrário. Um exemplo disto é que nos casos de compra e venda
internacionais, em que não há tributação sobre estas operações, ainda assim,
haveria um Direito Aduaneiro, regulando estas entradas e saídas do território. 62
FREITAS 63 pondera que o Direito Aduaneiro ainda não é
efetivamente reconhecido como um ramo autônomo do direito, fato este que se
constitui em um dos entraves ao desenvolvimento do setor, mas não o maior na
opinião dos profissionais que trabalham na área aduaneira, pois o principal
entrave para que este desenvolvimento ocorra mesmo, é a existência de poucos
profissionais qualificados para assuntos aduaneiros em nosso país.
Entretanto, independente da discussão doutrinária de o
Direito Aduaneiro ser um ramo autônomo do Direito ou não, o que é incontestável
61 FREITAS, Maxsoel Bastos. O Direito Aduaneiro como ramo autônomo do direito. Disponível em http://www.jus2.uol.com.br. Acesso em: 27 de Janeiro de 2008.
62 CARLUCI, José Lence. Uma introdução ao direito aduaneiro. 2 ed. São Paulo:Aduaneiras, 2000, p. 22.
63 FREITAS, Maxsoel Bastos. O Direito Aduaneiro como ramo autônomo do direito. Disponível em http://www.jus2.uol.com.br. Acesso em: 27 de Janeiro de 2008.
30
é a afirmação de que há um Direito Aduaneiro enquanto conjunto de normas
positivadas que regem a atividade de regulação, fiscalização, lançamento e
arrecadação tributária pela Aduana, que se constitui em um ordenamento jurídico
direcionado ao disciplinamento das entradas e saídas de bens, mercadorias,
veículos ou pessoas do país. 64
2.2 RELAÇÕES ENTRE DIREITO TRIBUTÁRIO, DIREITO ADMI NISTRATIVO E
DIREITO ADUANEIRO
Direito Aduaneiro tem sua denominação derivada de aduana,
porque é o conjunto de normas e princípios jurídicos que define a atividade da
aduana, que é o órgão com competência para exercer a atividade aduaneira no
Brasil. 65
Atualmente, no Brasil, a aduana é exercida pela Receita
Federal do Brasil, que é um órgão da Administração Pública Federal vinculado ao
Ministério da Fazenda, a qual cabe regulamentar e fiscalizar a entrada e saída de
bens do território nacional, além de lançar e arrecadar os tributos eventualmente
incidentes sobre esses fatos. 66
Da análise do conceito de Direito Aduaneiro, tido por
FOLLONI67 como o: “conjunto de normas que disciplina a atividade de
regulamentação e fiscalização da entrada e saída de produtos do território
nacional, e o lançamento e arrecadação dos tributos eventualmente incidentes
nesta atividade”, constata-se que parte do conceito tem relação com o direito
administrativo e parte tem relação com o direito tributário.
64 FOLLONI, André Parmo.Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 58.
65 FOLLONI, André Parmo.Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 81.
66 COELHO, Guiomar. Tributos sobre o comércio exterior. São Paulo: Aduaneiras, 2003, p. 12.
67 FOLLONI, André Parmo.Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 60.
31
A primeira parte do conceito centrado na “atividade de
regulamentação e fiscalização da entrada e saída de produtos do território
nacional”, é a atividade principal da Aduana e do Direito Aduaneiro, ou seja, é o
cerne do conceito estudado que nada mais é do que um exercício de função
administrativa, e por esta razão é que FOLLONI 68 conclui que direito aduaneiro é
um ramo especializado do direito administrativo.
Já a segunda parte do conceito centrado no “lançamento e
arrecadação dos tributos eventualmente incidentes nesta atividade”, é o
complemento do direito aduaneiro, podendo dizer-se que é a parte do conceito
que descreve as atividades acessórias da Aduana, e, contrariamente a primeira
parte da formulação exposta, poderá eventualmente não ocorrer em algumas
operações de competência da aduana, vez que tem inteira relação com o Direito
Tributário.
Porém, vale ressaltar que a atividade aduaneira tributária
não é atividade de instituição de tributos, mas apenas de regulamentação,
lançamento, arrecadação e fiscalização. 69
2.3 PRINCÍPIOS DISCIPLINADORES DA ATIVIDADE ADUANEI RA
Se a atividade aduaneira no Brasil é exercida pela Receita
Federal do Brasil, sendo esta um órgão público integrante da administração
pública federal, logo, nesta atividade deverá preponderar a supremacia do
interesse público sobre o particular, regendo-se pelos princípios administrativos
aplicáveis a toda a Administração Pública, conforme determina o art. 37 da
Constituição da República Federativa de 1988. Entretanto, na prática, muitas
vezes a Administração Pública aduaneira parece desconhecer a existência destes
princípios, fundamentais para o exercício da atividade aduaneira no Brasil. 70
68 FOLLONI, André Parmo. Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 61.
69 FOLLONI, André Parmo. Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 61.
70 FOLLONI, André Parmo. Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 64.
32
2.3.1 Princípio da legalidade e da finalidade
As atividades da administração pública e, dentre elas, as
atividades aduaneiras, estão sujeitas aos mandamentos da lei e ao interesse
público.
Assim pode-se afirmar que a Aduana não pode agir, nem
deixar de agir, senão de acordo com a lei, pois a Administração Pública só poderá
fazer aquilo que a lei permite. (aos particulares aplica-se exatamente o oposto,
pois estes podem fazer tudo aquilo que a lei não proíbe). 71
O controle do princípio da legalidade é realizado pelo Poder
Judiciário, que poderá rever o ato ou conceder direito sempre que desrespeitado
este princípio, tanto pela Administração Pública como pelo particular. 72
Desta forma, vê-se que é obrigatório à Aduana, no exercício
de sua função, obedecer ao princípio da legalidade, concedendo direitos, criando
obrigações ou vedações, se assim estiver estipulado em lei, e é obrigatório ao
particular agir de acordo com o estabelecido pelo órgão, quando este agir dentro
da legalidade. 73
BANDERIA DE MELLO74 entende que a finalidade é algo
inerente ao princípio da legalidade, pois a lei deve sempre visar atender ao
interesse público, e assim deve agir a autoridade aduaneira. Caso contrário, dar-
se á o desvio de finalidade, que é uma forma de abuso do poder, acarretando a
nulidade do ato.
71 BALDACCI, Roberto. Concurso para promotor de justiça. Volume III Teoria e questões de concurso. 2 ed.São Paulo: Edipro, 2002, p. 219.
72 BALDACCI, Roberto. Concurso para promotor de justiça. Volume III Teoria e questões de concurso. 2 ed.São Paulo: Edipro, 2002, p. 219.
73 BALDACCI, Roberto. Concurso para promotor de justiça. Volume III Teoria e questões de concurso. 2 ed.São Paulo: Edipro, 2002, p. 219.
74 MELO, Celso Antonio Bandeira. Curso de direito administrativo. 17 ed. São Paulo. Malheiros, 2004, p 97.
33
No entender de FOLLONI 75, a finalidade não faz parte da lei,
mas é produção do intérprete, pois ainda que a lei contiver uma determinada
finalidade quem realmente determinará esta finalidade será aquele que realizar
uma atividade de convencimento da comunidade jurídica do verdadeiro conteúdo
semântico desta.
2.3.2 Princípio da impessoalidade e da moralidade
O princípio da impessoalidade está descrito no art. 37 caput,
e § 1o, da Constituição de 1988, que dispõe:
Art. 37 [...]
§ 1o A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e
campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.
A Aduana, no exercício de atividade fundamental, deve servir
a todos de forma equânime, sem preferências ou aversões pessoais ou
partidárias, não podendo agir para beneficiar ou prejudicar esta ou aquela pessoa
ou contribuinte. Os seus atos devem buscar o bem comum de forma impessoal. 76
Assim, tem-se que os atos da Administração aduaneira, não
são feitos pelos seus funcionários, mas sim pelo órgão ou entidade pública que
este representa.
Desta forma, este não poderá se promover pessoalmente
(propaganda ou apologia) por seus atos, e também não será ele responsabilizado
pelas ações que praticar em desacordo com a lei ou excesso de poder, já que a
75 FOLLONI, André Parmo. Tributação sobre o comércio exterior. São Paulo: Dialética, 2005, p. 65.
76 FUHRER, Maximilianus Cláudio Américo e FUHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Resumo de Direito
Administrativo. 7 ed. São Paulo. Malheiros Editores, 2000, p. 16.
34
responsabilidade recai sobre o órgão ao qual está vinculado, que no caso de
atividade aduaneira, é a União Federal, como bem define CFRB/88 77.
Já quanto ao princípio da moralidade, este consiste no
“conjunto de princípios morais que se deve observar no exercício de uma
profissão” (cf. Dicionário Melhoramentos), ou seja, no campo da administração
aduaneira significa a moral administrativa, ou ética profissional. 78
SOUZA JUNIOR 79 menciona que “A doutrina tem entendido
que o conceito de moralidade abrange o de probidade...”, o qual impõe ao
funcionário público pautar sua conduta dentro dos valores éticos, além da fiel
observância da lei.
2.3.3 Princípio da publicidade
Os atos da atividade aduaneira, para terem eficácia, deverão
ter ampla divulgação oficial, salvo as exceções previstas em lei.80
As exceções são os atos previstos em lei que exijam sigilo,
como por exemplo, certas investigações policiais (art. 20 do Código de Processo
Penal), processos cíveis em segredo de justiça (art. 155 do Código de Processo
Civil) e outros decorrentes de preceitos constitucionais que impeçam a sua
divulgação, como a defesa da intimidade, imagem, segurança nacional, entre
outros. 81
77 Art. 237, e art. 37, § 6º 37.
78 FUHRER, Maximilianus Cláudio Américo e FUHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Resumo de Direito
Administrativo. 7 ed. São Paulo. Malheiros Editores, 2000, p. 16.
79 SOUZA JUNIOR, Paulo Roberto de. Curso de direito administrativo. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2003. p. 35.
80 FUHRER, Maximilianus Cláudio Américo e FUHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Resumo de Direito Administrativo. 7 ed. São Paulo. Malheiros Editores, 2000, p. 16.
81 FUHRER, Maximilianus Cláudio Américo e FUHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Resumo de Direito Administrativo. 7 ed. São Paulo. Malheiros Editores, 2000, p. 16.
35
2.3.4 Princípio da razoabilidade e da proporcionali dade
A administração aduaneira, ao agir, deve fazê-lo com bom
senso, de modo razoável e proporcional, praticando atos dentro do que for
razoável ao senso comum. 82
Os atos praticados pela administração aduaneira desse
modo devem guardar proporcionalidade entre os meios dos quais se utiliza a
administração e os fins que almeja. 83
Embora alguns autores, como SOUZA JUNIOR 84 separe os
dois princípios, dando conceitos a cada um, na opinião de FUHRER 85, o princípio
da proporcionalidade está contido no princípio da razoabilidade.
2.3.5 Princípio da eficiência
Este princípio constitucional objetiva impor ao servidor
público o dever de realizar suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimento,
tendo mais eficiência no serviço, para que a administração pública possa alcançar
seus objetivos mais rapidamente. 86
2.3.6 Princípio da responsabilidade Objetiva Estata l
O art. 37, § 6o, da Constituição Federal da República de
1988, dispõe:
Art. 37 [...]
82 GUSTI, Miriam Petri Lima de Jesus. Sumário de direito administrativo. São Paulo: Rieedel, 2003, p. 10.
83 GUSTI, Miriam Petri Lima de Jesus. Sumário de direito administrativo. São Paulo: Rieedel, 2003, p. 10.
84 SOUZA JUNIOR, Paulo Roberto de. Curso de direito administrativo. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2003. p. 37.
85 FUHRER, Maximilianus Cláudio Américo e FUHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Resumo de Direito Administrativo. 7 ed. São Paulo. Malheiros Editores, 2000, p. 18.
86 SOUZA JUNIOR, Paulo Roberto de. Curso de direito administrativo. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2003. p. 36.
36
§ 6o As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Dessa forma, os atos da administração aduaneira, praticados
pelos seus servidores, que causem danos a terceiros, são de responsabilidade
exclusiva do Estado, e eventuais indenizações por prejuízos causados por
aqueles serão suportados por este.
Esta responsabilidade descrita na norma acima é objetiva,
ou seja, independe da necessidade de comprovação de dolo ou culpa, bastando
apontar o dano causador e seu nexo de causalidade com a atividade estatal, pois
o mandamento constitucional impõe a reparação pelo Estado.87
Cabe acrescentar, ainda, que o Estado responderá
subsidiariamente por eventuais danos causados por pessoas jurídicas de direito
privado, prestadoras de serviços públicos. 88
2.4 INSTRUMENTOS NORMATIVOS DE DIREITO ADUANEIRO
Conforme menciona CARLUCI 89,
O fato aduaneiro é um complexo de fatos jurídicos de variada natureza – tributária, comercial, administrativa – e também fatos econômicos, ocorríveis no território aduaneiro. É portanto, o fato aduaneiro, mais que tributário, sendo este não mais que complemento de fatos de outra natureza, comerciais por exemplo. Assim o fato tributário se dá dentro do fato aduaneiro e não o
87 BARCHET, Gustavo. Direito Administrativo Questões da Esaf com gabarito comentado.Rio de Janeiro: Elsevier, 2006, p. 142.
88 BARCHET, Gustavo. Direito Administrativo Questões da Esaf com gabarito comentado.Rio de Janeiro: Elsevier, 2006, p. 142.
89 CARLUCI, José Lence. Uma introdução ao direito aduaneiro. 2 ed. São Paulo:Aduaneiras, 2000, p. 22.
37
contrário. É como um acessório que acompanha o principal. Ele comporta disciplinamento e estrutura jurídica distinta da tributária, que nele está contida.
Portanto as normas que dispõem sobre matéria aduaneira,
quando dizem respeito à obrigação tributária, constituem normas de Direito
Tributário. 90
Certo é que para a compreensão da tributação sobre o
comércio exterior, é fundamental que se tenha um bom conhecimento da
legislação aduaneira.
A legislação aduaneira é de uma grande complexidade,
formada na maioria por instrumentos normativos secundários, de hierarquia
infralegal, como regulamentos, portarias, instruções normativas, etc, sendo que as
instruções normativas emitidas pela autoridade aduaneira - a Receita Federal do
Brasil - são criadas, alteradas, e revogadas a todo momento, razão pela qual é
indispensável o trabalho de atualização pelo profissional do ramo. 91
A competência para legislar sobre Comércio Exterior,
conforme disposto no art. 22, VIII, da Constituição de 1988, é privativa da União, e
a competência fiscalizadora é igualmente federal e está a cargo do Ministério da
Fazenda, de acordo com o artigo 237 do mesmo diploma legal.
O Ministério da Fazenda, todavia, delega tal tarefa a
Secretaria da Receita Federal, que é um órgão vinculado e subordinado a sua
estrutura.
Desta forma, a administração das atividades aduaneiras,
definição dos locais alfândegados, controle e tributação das operações relativas à
90 CARLUCI, José Lence. Uma introdução ao direito aduaneiro. 2 ed. São Paulo:Aduaneiras, 2000, p. 35.
91 FOLLONI, André Parmo. Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 14.
38
entrada e saída de mercadorias, veículos, pessoas, movimentação e guarda de
mercadorias é de competência federal, embora o tratamento dos impostos
estaduais, incidentes na atividade, sejam reservados a competência de instituição
e fiscalização aos respectivos entes federados. 92
A legislação aduaneira básica do Brasil está fundamentada
no Decreto-lei nº. 37/66 e suas alterações, e no Decreto nº. 4.543 (de
26.12.2002), que regulamenta a administração das atividades aduaneiras, a
fiscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior,
constituindo-se no Regulamento Aduaneiro do Brasil (RA), que foi criado
inicialmente em 1985 pelo Decreto nº. 91.030/85, e alterado pelo Decreto nº.
4.765, de 24.06.2003, além das diversas instruções normativas da Secretaria da
Receita Federal e portarias da Secretaria de Comercio Exterior. 93
2.4.1 O Decreto-lei nº. 37/66
O instrumento normativo mais importante na legislação
aduaneira, é o Decreto-Lei 37/66, posto que este é a legislação básica do imposto
de importação, além de dispor sobre regimes aduaneiros especiais e demais
providências relacionadas ao despacho aduaneiro de mercadorias.
O próprio regulamento aduaneiro atual, definido pelo Decreto
4.543 de 26 de dezembro de 2002, que é o instrumento mais completo em termos
de legislação e tributação aduaneira no país, tem como fundamento de validade
esse decreto-lei e leis posteriores. 94
Vale ressaltar que os decretos-leis foram abolidos pela
Constituição de 1988, e eram normas muito utilizadas na época da ditadura
92 COELHO, Guiomar. Tributos sobre o comércio exterior. São Paulo: Aduaneiras, 2003, p. 12.
93 FOLLONI, André Parmo. Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 75
94 FOLLONI, André Parmo. Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 75.
39
militar, equiparadas às leis ordinárias e editadas pelo Presidente da República em
casos de relevância ou urgência, sujeitos a aprovação pelo Congresso Nacional
no prazo de 60 dias. Na Constituição de 1988 acabaram substituídos pela medida
provisória.
Apesar de não mais possível de ser utilizado, muitos
decretos-leis continuam em vigor no Brasil porque foram recepcionados pela
Constituição Federal de 1988. 95
2.4.2 O regulamento aduaneiro
Como asseverado, o Regulamento Aduaneiro é o
instrumento mais completo e de maior consideração doutrinária dentro da
legislação aduaneira.
Não se pode esquecer, contudo, que se trata de um
regulamento, criado por Decreto pelo Presidente da República, e, conforme
descrito no art. 84, inciso IV, da Constituição de 1988, serve apenas para
possibilitar e regulamentar a fiel execução das leis, nunca podendo ultrapassar a
lei, no sentido de dispor diferente, a maior, ou com mais amplitude do assunto
prescrito nesta. 96
O regulamento aduaneiro foi criado com o objetivo de
sistematizar a esparsa legislação aduaneira, baseada principalmente no Decreto
Lei 37/66, e foi editado pela primeira vez em 1985 (aprovado pelo Decreto 91.030,
em 05 de março de 1985), sendo substituído posteriormente pelo Decreto 4.543
de 26 de dezembro de 2002, que não se autodenominou assim, mas como
95 FUHRER, Maximilianus Cláudio Américo e FUHRER, Maximiliano Roberto Ernesto. Resumo de Direito Administrativo. 7 ed. São Paulo. Malheiros Editores, 2000, p. 18.
96 FOLLONI, André Parmo. Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 76.
40
revogou expressamente o decreto anterior, vem sendo denominado como novo
regulamento aduaneiro. 97
A principal função deste regulamento é dispor sobre
procedimentos administrativos a serem adotados na atividade aduaneira, e de
condensação da legislação em matéria tributária sobre esta atividade. 98
Esta função procedimental se realiza no sentido de dispor e
regulamentar os procedimentos administrativos a serem adotados pela
Administração e pelos particulares, para o cumprimento das leis aduaneiras,
surgidas no decorrer desta atividade.
Já a função de consolidação se realiza no sentido de
condensar a legislação tributária vigente, relativa a tributos federais sobre o
comércio exterior.99
Sendo um instrumento de consolidação da legislação
aduaneira, o regulamento aduaneiro funciona como um “código aduaneiro”, e seu
conhecimento é indispensável aos profissionais da área. 100
2.4.3 As instruções normativas da Receita Federal d o Brasil
Conforme já visto neste trabalho, a Aduana no Brasil, é
exercida pela Receita Federal do Brasil, que para exercer esta sua atribuição,
edita a todo momento uma grande quantidade de Instruções Normativas em
matéria aduaneira, tratando dos mais variados assuntos incluídos nesta temática,
97 FOLLONI, André Parmo. Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 76.
98 FOLLONI, André Parmo. Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 79.
99 FOLLONI, André Parmo. Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 79.
100 FOLLONI, André Parmo. Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005. p. 79.
41
como pagamento de tributos, regimes aduaneiros especiais, recintos
alfândegados, modalidades de importação, etc. 101
As instruções normativas são normas complementares, que
ao lado das portarias, resoluções e regimentos, alojam-se na pirâmide jurídica de
nosso ordenamento em nível inferior ao próprio regulamento.102
Desta forma, o regulamento é hierarquicamente superior as
instruções normativas, que não podem jamais contrapor-se aquele (e
logicamente, também à lei e à Constituição), sendo que o campo de
possibilidades para as instruções normativas são até mais estreitos que o próprio
regulamento, que conforme já visto não pode ultrapassar os ditames da lei.103
Atualmente, diversos preceitos do regulamento aduaneiro e
de outros instrumentos normativos da legislação aduaneira são regulamentados
por instruções normativas, editadas pela Receita Federal do Brasil.
As instruções normativas são numerosas, e a todo o
momento estão sendo criadas, alteradas ou revogadas, sendo que sua análise
demanda tempo e paciência, porém seu domínio é de suma importância aos
profissionais atuantes na área do Direito Aduaneiro. 104
2.4.4 As portarias da Secretaria de Comércio Exteri or
Outro instrumento infralegal bastante utilizado na regulação
da tributação sobre o comercio exterior são as portarias da Secretaria de
Comércio Exterior, conhecida pela sigla SECEX.
101 FOLLONI, André Parmo. Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 79.
102 FOLLONI, André Parmo. Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 79 a 81.
103 FOLLONI, André Parmo. Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 79 a 81.
104 FOLLONI, André Parmo. Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 79 a 81.
42
A SECEX é um órgão administrativo, vinculado ao Ministério
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, fazendo parte da estrutura do
Poder Executivo Federal.
Sua atuação se dá mais no âmbito político e econômico, no
sentido de proteger, ou até mesmo abrir a economia ao mercado externo,
regulamentando os interesses da economia brasileira, porém, em alguns poucos
casos, atua também na atividade fiscalizadora.105
Por serem instrumentos normativos classificados como
normas complementares, assim como as instruções normativas estão sujeitos as
mesmas limitações impostas a estas. 106
2.5 VALORAÇÃO ADUANEIRA
Valoração aduaneira é o procedimento que consiste em
aferir o valor aduaneiro, que nada mais é que o valor atribuído ao produto para
efeitos de tributação sobre a importação.107
O Código Tributário Nacional (Lei 5172/66), em seu artigo
20, assim dispõe sobre a base de cálculo do imposto sobre importação:
Art.20. A base de cálculo do imposto é:
I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária; II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seja seu similar, alcançaria, ao tempo da importação,
105
FOLLONI, André Parmo. Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 81.
106 FOLLONI, André Parmo. Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 81.
107 COELHO, Guiomar. Tributos sobre o comércio exterior. São Paulo: Aduaneiras, 2003, p. 27.
43
em uma venda em condições de livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no país; III - quando se trate de produto apreendido ou abandonado, levado
a leilão, o preço da arrematação.
Na prática, o procedimento de valoração aduaneira somente
tem relevância naqueles casos em que o produto importado se sujeitar a alíquota
ad valorem, pois nos casos de alíquotas específicas o valor da mercadoria não
interfere no quantum a ser recolhido ao fisco. 108
Mesmo assim, na temática de tributação sobre o comércio
exterior, a valoração aduaneira é um dos temas mais relevantes, posto que, na
prática, a base de cálculo do Imposto de importação quando a alíquota for ad
valorem (na imensa maioria dos casos) é o valor aduaneiro determinado de
acordo com um dos 06 métodos de valoração aduaneira. 109
O procedimento de valoração aduaneira, com vistas a aferir
o valor aduaneiro, que faz parte da base de cálculo dos tributos incidentes na
importação, deve ser realizado de acordo com um dos 6 (seis) métodos de
valoração aduaneira previstos no art. VII do Acordo Geral sobre Tarifas e
Comércio – GATT e no acordo para implementação do art. VII do GATT,
denominado acordo de valoração aduaneira(AVA, anexo à ata final que incorpora
os resultados da rodada Uruguai de negociações multilaterais do GATT), que
passamos, a analisá-los abaixo. 110
Conforme menciona COELHO 111
108 COELHO, Guiomar. Tributos sobre o comércio exterior. São Paulo: Aduaneiras, 2003, p. 27.
109 ASHIKAGA, Carlos Eduardo Garcia. Análise da tributação na importação e na exportação. 3 ed. São Paulo: Lex Editora, 2006, p. 34.
110 WERNECK, Paulo de Lacerda. Comercio Exterior & Despacho Aduaneiro. 4 ed. Curitiba: Juruá, 2007, p. 59 .
111 COELHO, Guiomar. Tributos sobre o comércio exterior. São Paulo: Aduaneiras, 2003, p. 27/28.
44
O acordo sobre valoração aduaneira tem por finalidade valorar a mercadoria para fins aduaneiros de forma a chegar a um valor condizente com ás praticas comerciais, excluindo a utilização de valores aduaneiros arbitrários ou fictícios. A recomendação é que se utilize, sempre que possível, para valorar a mercadoria, o primeiro método que é o valor da transação pago ou a pagar pela mercadoria. Na declaração de importação o importador deve informar qual o método de valoração aduaneira que está utilizando. O acordo dita seis métodos que devem ser seguidos na seqüência, ou seja, se não for possível utilizar o primeiro método, utiliza-se o segundo e assim sucessivamente.
Reproduzem-se abaixo os artigos 75 e 77 do Regulamento
Aduaneiro (Decreto 4.543/02), que dispõe sobre a base de cálculo do imposto de
importação, que em sua essência constituem as regras para realizar o
procedimento de valoração aduaneira, com vistas a apurar o valor aduaneiro:
Art. 75. A base de cálculo do imposto é (Decreto Lei n 37, de 1966, artigo 2, com a redação dada pelo Decrto Lei n 2.472, de 1988, artigo 1, e Acordo sobre a implementação do Artigo VII do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio – Gatt 1994 – Acordo de Valoração Aduaneira, promulgado pelo Decreto n 1.355, de 30 dezembro de 1994): I - quando a alíquota for ad valorem, o valor aduaneiro segundo as normas do Artigo VII do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio – Gatt 1994; II - quando a alíquota for específica, a quantidade de mercadoria expressa na unidade de medida estabelecida. Art. 77. Integram o valor aduaneiro, independentemente do
método de valoração utilizado. I – o custo de transporte da mercadoria importada até o porto ou o aeroporto alfandegado de descarga ou o ponto de fronteira alfandegado onde devam ser cumpridas as formalidades de entrada no território aduaneiro;
45
II – os gastos relativos à carga, à descarga e ao manuseio, associados ao transporte da mercadoria importada, até a chegada aos locais no inciso I; e III- o custo do seguro da mercadoria durante as operações referidas no inciso I e II.
Importante frisar que o regulamento aduaneiro dispõe que o
procedimento de valoração aduaneira serve para compor a base de cálculo do
imposto de importação. Na prática este procedimento de forma direta ou indireta,
acaba por compor a base de cálculo não só deste imposto, mas também de
outros incidentes na importação, como por exemplo o Pis e Cofins-importação, o
IPI vinculado à importação e o ICMS vinculado à importação.
A instrução normativa da Receita Federal do Brasil nº 327,
de 09 de maio de 2003, que, estabelece normas e procedimentos para a
declaração e o controle do valor aduaneiro de mercadoria importada, assim
dispõe sobre as obrigações do importador no controle do valor aduaneiro:
Art. 3º Toda mercadoria submetida a despacho de importação
está sujeita ao controle do correspondente valor aduaneiro. Parágrafo único. O controle a que se refere este artigo consiste no procedimento de verificação da conformidade do valor aduaneiro declarado pelo importador às regras estabelecidas no Acordo de Valoração Aduaneira e às disposições contidas no Decreto nº 4.543, de 26 de dezembro de 2002, e nesta Instrução Normativa. Art. 29. O importador deverá comprovar o valor declarado
mediante a prestação das informações necessárias e a apresentação da respectiva documentação justificativa. § 1º A prestação de informações e a apresentação de documentos, para os fins a que se refere este artigo, constitui também obrigação de qualquer outra pessoa relacionada com a operação de importação. § 2º Para os fins de que trata o caput , os dados, as informações e os documentos, bem assim os respectivos registros contábeis
46
relacionados com a comprovação do valor aduaneiro, deverão ser conservados pelo importador, à disposição da Secretaria da Receita Federal (SRF), pelo prazo de cinco anos, contado a partir do primeiro dia do ano seguinte ao do registro da respectiva DI112.
2.5.1 Método primeiro
O primeiro método de valorização aduaneira é conhecido
como “método de transação”, pois define o valor aduaneiro como o valor de
transação, ou seja, o valor do produto efetivamente pago pelo importador
constante na fatura comercial, acrescido de alguns valores, se for o caso.113
Estes valores que se somam ao valor de transação para
compor o valor aduaneiro, são os demais gastos com a compra ( frete, seguro,
gastos com manuseio, royalties, comissões, despesas com embalagens,
materiais incorporados ao bem importado, matrizes, ferramentas e moldes
fornecidos pelo importador etc.); porém, caso esses valores já integrem o preço a
pagar pelo importador, a depender da modalidade de negociação, o valor da
mercadoria (que os inclui) corresponderá ao valor aduaneiro.114
Há ainda alguns valores que, se integrantes do preço de
compra, deverão ser excluídos, como é o caso do custo de eventual transporte
interno, gastos relativos a construção, instalação, montagem, manutenção ou
assistência técnica suportados pelo exportador etc.115
112 DI= Declaração de Importação
113 SOSA, Roosevelt Baldomir. O controle valor aduaneiro. São Paulo: Aduaneiras, 1998, p 50.
114 SOSA, Roosevelt Baldomir. O controle valor aduaneiro. São Paulo: Aduaneiras, 1998, p 50.
115 SOSA, Roosevelt Baldomir. O controle valor aduaneiro. São Paulo: Aduaneiras, 1998, p 50.
47
Apesar de este ser o método mais aplicado no Brasil,
atualmente, para fins de valoração aduaneira, há exceções em sua aplicação,
como aponta SOSA: 116
Não poderá ser aplicado o método primeiro, tendo o importador se valer dos outros métodos sucessivamente, se: a) O produto tiver sido enviado ao país, em outro tipo de operação que não for uma venda ou doação. b) Se houver restrições ao uso do produto que acarrete diminuição em seu valor de mercado. c) Se houver contraprestação entre importador e exportador, cujo valor não possa ser determinado, e da qual dependa a venda ou preço. d) Se houver vinculação entre importador e exportador, o que pode indicar a possibilidade de subfaturamento para diminuir o valor dos tributos aduaneiros, salvo se demonstrado que a vinculação não causou alteração no preço da operação.
2.5.2 Método segundo
Se não for possível a aplicação do método primeiro, o
importador deve recorrer ao método segundo, que consiste em adotar como valor
aduaneiro, o valor de transação de uma mercadoria idêntica à importada. 117
Por mercadoria idêntica pode-se entender aquela de mesma
origem (enviada do mesmo país exportador), mesmas características físicas, ou
reputação comercial equivalente, admitido o que se denomina “ajustes de nível
comercial” (se a venda foi realizada por atacadista, varejista ou industrial, para
efeitos de comparação). 118
116 SOSA, Roosevelt Baldomir. O controle valor aduaneiro. São Paulo: Aduaneiras, 1998, p 50.
117 SOSA, Roosevelt Baldomir. O controle valor aduaneiro. São Paulo: Aduaneiras, 1998, p. 52.
118 SOSA, Roosevelt Baldomir. O controle valor aduaneiro. São Paulo: Aduaneiras, 1998, p. 52.
48
2.5.3 Método terceiro
Se não for possível a aplicação do método primeiro e do
método segundo, o importador deve recorrer ao método terceiro, que consiste em
adotar como valor aduaneiro o valor de transação de uma mercadoria similar à
importada, na mesma época.
A condição essencial para considerar uma mercadoria
similar é de que as mercadorias objeto de comparação sejam permutáveis, ou
seja, que uma possa vir a ser comercializada em lugar da outra para cumprir a
mesma função, tendo características e composição material semelhantes. 119
2.5.4 Método quarto
Na seqüência, se impossível a aplicação do método terceiro,
adota-se o método quarto, também conhecido como método de revenda, que
atribui como valor aduaneiro o valor de venda no mercado interno do país
importador, excluído os valores acrescentados após a entrada do produto no país,
como comissões pagas, margem de lucro, custo de transporte e afins, seguro
incorridos no país importador, e tributos incidentes no país importador. 120
2.5.5 Método quinto
O método quinto estabelece como valor aduaneiro, os
valores de custo ou do valor dos insumos e da operação de produção dos bens
importados, acrescido de lucros, despesas gerais e outros custos necessários
para a operação. 121
119 SOSA, Roosevelt Baldomir. O controle valor aduaneiro. São Paulo: Aduaneiras, 1998, p. 57.
120 ROCHA, Paulo César Alves. A valoração aduaneira e o comércio internacional. São Paulo: Aduaneiras, 2002, p. 129.
121 SOSA, Roosevelt Baldomir. O controle valor aduaneiro. São Paulo: Aduaneiras, 1998, p. 62.
49
Conforme acrescenta SOSA 122 este método, na prática, é
virtualmente inaplicável, pois o importador teria que obter tais valores no país de
exportação.
2.5.6 Método sexto
O método sexto adota o critério da razoabilidade, onde o
valor aduaneiro é arbitrado pela Receita Federal do Brasil, de acordo com critérios
razoáveis, e assentando-se tanto quanto possível nas definições inscritas no
artigo 1 a 6 do Acordo Geral sobre Tarifas e Comercio - GATT, este método
também é conhecido como método residual, e só será aplicado caso não for
possível estabelecer o valor aduaneiro com base nos outros cinco anteriores.123
2.6 CLASSIFICAÇÃO FISCAL DE MERCADORIAS
A tarefa de declarar que está importando mercadorias e qual
o tipo que está trazendo, cabe ao importador.
O Brasil aderiu à convenção internacional sobre o Sistema
Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias, ratificado no Brasil
através do Decreto nº. 97.409, de 23/12/88, onde se compromete a adotar o
Sistema Harmonizado, que é uma nomenclatura de seis dígitos de uso múltiplo e
uma estrutura baseada em uma série de posições subdividas em quatro dígitos,
que é adotado pela maioria dos países no mundo.
O Decreto 2.092, de 10 de dezembro de 1996, aprovou a
Nomenclatura do Mercosul (NCM), que passou a ser a Nomenclatura Brasileira
122 SOSA, Roosevelt Baldomir. O controle valor aduaneiro. São Paulo: Aduaneiras, 1998, p. 62.
123 ROCHA, Paulo César Alves. A valoração aduaneira e o comércio internacional. São Paulo: Aduaneiras, 2002, p. 138.
50
de Mercadorias, e a Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos
Industrializados (TIPI), baseadas no Sistema Harmonizado.
Para fins de processamento da declaração do produto
importado, o importador deve consultar a tabela da nomenclatura comum do
MERCOSUL, no qual constam o tipo de produto, o código, a alíquota do Importo
de Importação, etc.
Sobre classificação Fiscal de mercadorias, escreve
CARLUCI: 124
A classificação tarifária de Mercadorias é de fundamental importância, porque da sua perfeita execução depende não só a correta arrecadação dos tributos, como a realização efetiva de política econômica em relação aos diferentes países, permitindo determinar a alíquota a que está sujeita uma mercadoria, situando esta no seu código correspondente, inserido no instrumento legal adequado ao caso, conhecendo-se assim, o tributo a que está sujeita. Entretanto, classificar mercadorias é uma função técnica que exige grandes conhecimentos tecnológicos e de nomenclatura, além de merceologia, afetos a especialistas na área.
No site 125 da Receita Federal do Brasil, encontra-se a
seguinte orientação:
A Classificação Fiscal de mercadorias é importante não somente para determinar os tributos envolvidos nas operações de importação e exportação, e de saída de produtos industrializados, mas também, em especial no comércio exterior, para fins de controle estatístico e determinação do tratamento administrativo requerido para determinado produto.
124 CARLUCI, José Lence. Uma introdução ao direito aduaneiro. 2 ed. São Paulo:Aduaneiras, 2000, p. 445.
125 Classificação Fiscal de Mercadorias. Disponível em <http://www.receita.fazenda.gov.br/ClassFiscMerc.htmr>. Acesso em: 27 de janeiro de 2008.
51
O importador, exportador ou fabricante de certo produto, deve, em princípio, determinar ele próprio, ou através de um profissional por ele contratado, a respectiva classificação fiscal, o que requer que esteja familiarizado com o Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadoria e as Regras Gerais para a Interpretação do Sistema Harmonizado, através de pesquisa efetuada na TEC ou TIPI, nas Notas Explicativas do Sistema Harmonizado e em ementas de Pareceres e Soluções de Consulta publicadas no D.O.U. Para casos complexos, que mesmo após um estudo exaustivo, persista dúvida razoável, pode-se formular consulta sobre a classificação fiscal nos termos da legislação vigente, prestando todas as informações técnicas necessárias ao perfeito entendimento do produto. As consultas que não comportem dúvida razoável por versarem sobre fatos ou produtos:
definidos ou declarados em disposição literal da legislação;
disciplinados em atos normativos;
abrangidos e classificados em processos anteriores de
consulta cuja ementa tenha sido publicada no Diário
Oficial; são consideradas ineficazes.
Logo, pode-se afirmar que a responsabilidade pela
classificação fiscal da mercadoria importada é exclusivamente do importador, o
que desperta muito interesse nas autoridades fiscais incumbidas de fiscalizarem
os tributos que são calculados com base neste enquadramento, incorrendo o
importador em graves sanções nos casos de erro.
2.7 DESPACHO ADUANEIRO DE IMPORTAÇÃO
Após a descarga das mercadorias nos recintos alfandegados
o importador tem o prazo de 90 ou 120 dias, de acordo com o recinto aduaneiro
utilizado, para iniciar o despacho aduaneiro, sob pena de serem consideradas
abandonadas e assim sujeitas a pena de perdimento. 126
126
FARO, Ricardo; FARO, Fátima. Curso de Comercio Exterior:visão e experiência brasileira. São Paulo:Atlas,
2007, p. 87.
52
Em regra geral, o despacho aduaneiro é processado no
Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex) que de acordo com a
parametrização estabelecida pela RFB, indica automaticamente de que forma o
processo de fiscalização da importação será conduzido, de acordo com os quatro
canais de conferência existentes: verde, amarelo, vermelho ou cinza . 127
Sobre parametrização, ensina FARO 128:
No canal verde, O SISCOMEX realiza o desembaraço aduaneiro de importação de forma automática, dispensando-se o exame documental e a verificação física da mercadoria. No canal amarelo, realiza-se o exame documental. Inexistindo qualquer irregularidade, efetua-se o desembaraço aduaneiro, com dispensa da verificação física da mercadoria. No canal vermelho,o desembaraço alfandegário efetiva-se após verificação física da mercadoria e a realização do exame documental. No canal cinza, além da verificação física da mercadoria e do competente exame documental, é realizado o exame de valoração aduaneira, que didaticamente pode ser definido como a análise do preço praticado, objetivando combater eventual sub ou
superfaturamento na importação.
Em suma, despacho aduaneiro é um procedimento
administrativo, que inicia com o registro da declaração de importação e termina
com o desembaraço aduaneiro, e tem por finalidade verificar a exatidão dos
dados declarados pelo importador em relação à mercadoria importada, inclusive
classificação fiscal, aos documentos apresentados e à legislação vigente, com
vistas a nacionalização da mercadoria ou ao desembaraço. Em virtude do
127 Despacho Aduaneiro de Mercadorias. Disponível em <http://receita.fazenda.gov.br/Aduana/ProcAduExplmp>. Acesso em: 27 de Janeiro de 2008.
128 FARO, Ricardo; FARO, Fátima. Curso de Comercio Exterior:visão e experiência brasileira. São Paulo:Atlas,
2007, p. 88.
53
desembaraço é autorizada a entrega da mercadoria ao importador, no caso de
importação. 129
2.7.1 Tratamento Administrativo
É chamado de Tratamento Administrativo a análise e
anuência realizadas previamente à importação pela Secretaria de Comércio
Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
(MDIC), e por outros órgãos e agências governamentais. 130
No site 131 da Receita Federal do Brasil, encontra-se a
seguinte explicação com relação ao controle administrativo das importações:
Como regra geral, as importações brasileiras estão dispensadas de controle administrativo (licenciamento), devendo os importadores tão-somente providenciar o registro da declaração de importação (DI) no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), com o objetivo de dar início aos procedimentos de despacho aduaneiro junto à Unidade Local da SRF onde se encontrar a mercadoria. Para algumas mercadorias (tais como, produtos agrícolas e medicamentos) ou operações especiais (tais como, importações de material usado ou mercadorias originárias de países com restrições constantes de Resoluções da ONU), que estão sujeitas a controles especiais, o licenciamento da operação de importação deverá ser providenciado, também por meio do Siscomex, em regra, previamente ao embarque da mercadoria no exterior, sob pena de pagamento de multa por falta de licença de importação
(LI) ou por licenciamento deferido após o embarque da mercadoria.
129 Despacho Aduaneiro de Mercadorias. Disponível em <http://receita.fazenda.gov.br/Aduana/ProcAduExplmp>. Acesso em: 27 de Janeiro de 2008.
130 Despacho Aduaneiro de Mercadorias. Disponível em <http://receita.fazenda.gov.br/Aduana/ProcAduExplmp>. Acesso em: 27 de Janeiro de 2008.
131 Controle Administrativo das Importações e Exportações. Disponível em <http://www.receita.fazenda.gov.br/ Aduana/ProcAduExpImp>. Acesso em: 27 de janeiro de 2008.
54
Da mesma forma que na exportação, mesmo as operações não registradas no Siscomex podem estar sujeitas a licenciamento de importação, em virtude do tipo de mercadoria importada. Em qualquer caso, o importador deverá sempre consultar o Siscomex, a fim de verificar o tratamento administrativo a que se subordina a sua operação.
Conforme exposto acima nem todas as Mercadorias estão
sujeitas a tratamento administrativo, mas aquelas que sujeitam-se a estes
controles, somente será desembaraçada após sofrido tal tratamento.
2.8.1 Regimes Aduaneiros
Regimes aduaneiros são institutos destinados a orientar o
tratamento tributário a ser aplicado a uma operação de comércio exterior por
ocasião do procedimento de despacho aduaneiro, determinando o momento da
cobrança dos tributos incidentes na operação de importação ou exportação. 132
Os regimes aduaneiros são classificados em três grupos: 133
1) Comum: é o tratamento usual em uma importação, não prevendo qualquer tipo de procedimento excepcional, ou seja, o pagamento dos tributos é realizado de forma integral durante o procedimento de despacho aduaneiro. 2) Especiais: são tratamentos excepcionais que permitem o ingresso e saída de mercadorias do país com isenção ou suspensão dos tributos aplicáveis. Ex: admissão temporária, Drawback, Loja Franca, Transito aduaneiro, etc. 3) Especiais aplicados em áreas especiais: são aqueles que objetivam atender especificamente determinadas áreas geográficas no território aduaneiro, em função de suas particularidades.
132
FARO, Ricardo; FARO, Fátima. Curso de Comercio Exterior:visão e experiência brasileira. São Paulo:Atlas,
2007, p. 88.
133 FARO, Ricardo; FARO, Fátima. Curso de Comercio Exterior:visão e experiência brasileira. São Paulo:Atlas,
2007, p. 88.
55
Ex: área de livre comércio, Zona Franca de Manaus, Zonas de processamento de exportação, etc.
O tratamento comum é o mais usual utilizado na importação
de bens, os demais são utilizados apenas em casos específicos.
Embasados nos pressupostos até aqui afirmados, passa-se
no capitulo 3, a analise de cada um dos tributos incidentes na importação de bens
em regime aduaneiro comum.
Inicialmente tecendo-se um breve comentário sobre o tributo,
para em seguida analisá-lo do ponto de vista da norma de incidência, mediante o
uso da teoria da regra-matriz de incidência, com base nos vários preceitos
existentes no ordenamento jurídico brasileiro, dispersos entre Constituição, Leis
Complementares, Leis ordinárias, regulamentos, portarias, e instruções
normativas.
56
CAPÍTULO 3
TRIBUTOS INCIDENTES NA IMPORTAÇÃO DE BENS
3.1 IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO (II)
Na classificação econômica dos impostos adotada pelo
Código Tributário Nacional, integrantes do grupo dos impostos sobre o comércio
exterior, tem-se o imposto de importação e o imposto de exportação.
O imposto de importação é a chamada tarifa aduaneira
brasileira, não obedecendo o princípio da legalidade e da anterioridade, devido
ao seu forte aspecto extrafiscal, pois seu objetivo prioritário é regular a atividade
de comércio exterior, podendo sua alíquota ser alterada por simples decreto do
Poder Executivo, vigorando a partir da data de sua publicação no Diário Oficial da
União.
Em segundo plano, deve-se destacar que o Imposto de
Importação detém também função arrecadatória. Este imposto como
característica de tarifa aduaneira de proteção dos produtos nacionais é
cumulativo, ou seja, incide exclusivamente no momento do desembaraço
aduaneiro, e não é compensável em etapa posterior. 134
3.1.1 Critério material
Encontra-se o imposto de importação previsto na
Constituição de 1988, em seu artigo 153, I:
134 ASHIKAGA, Carlos Eduardo Garcia. Análise da tributação na importação e na exportação. 3 ed. São Paulo: Lex Editora, 2006, p. 22.
57
Art. 153. Compete a União instituir impostos sobre:
I-importação de produtos estrangeiros
Considerando que o critério material, segundo ARANA 135,
geralmente é formado por um verbo de ação ou estado que designa o
comportamento dos sujeitos da relação tributária, contendo a indicação da
substância essencial da hipótese de incidência tributária. Na norma acima vê-se a
menção ao fato de “importar produtos estrangeiros”, que desdobrada, revela:
“Importar: no sentido de portar para dentro...” 136
“Produto: qualquer bem móvel, abrangendo mercadoria,
ativo imobilizado, material de uso ou consumo, produto industrializado ou
primário, produzido pela natureza ou resultado de qualquer atividade humana.” 137
“Estrangeiro: a princípio, é o produto não considerado
nacional (produzido no país) ou nacionalizado (produto importado a titulo
definitivo, que se incorpora permanentemente ao mercado interno)...” 138
Portanto, o critério material do imposto de importação é a
ação ou comportamento do contribuinte de trazer para dentro do território
nacional, produtos não produzidos no país.
135 ARANA, Jayme Gustavo. Fato gerador –Regime Jurídico – Classifcação- Elementos. Disponível em < http://www.fiscosoft.com.br>. Acesso em: 18 de Fevereiro de 2008.
136 ASHIKAGA, Carlos Eduardo Garcia. Análise da tributação na importação e na exportação. 3 ed. São Paulo: Lex Editora, 2006, p 23.
137 ASHIKAGA, Carlos Eduardo Garcia. Análise da tributação na importação e na exportação. 3 ed. São Paulo: Lex Editora, 2006, p 23.
138 ASHIKAGA, Carlos Eduardo Garcia. Análise da tributação na importação e na exportação. 3 ed. São Paulo: Lex Editora, 2006, p. 23.
58
3.1.2 Critério temporal
Critério temporal refere-se às coordenadas de tempo, ou
seja em que momento se dá a ocorrência do fato gerador. 139
O critério temporal da hipótese de incidência do Imposto de
Importação está descrita no art. 73, I, do Regulamento Aduaneiro, que reproduziu
o mesmo texto do Decreto Lei n. 37/66 (art. 23) que prescreve:.
Art. 73. Considera-se ocorrido o fato gerador:
I-na data de registro da Declaração de Importação de mercadoria submetida a despacho para consumo.
O Superior Tribunal de Justiça, praticamente repetindo este
enunciado, decidiu que “no caso de mercadoria despachada para consumo, o fato
gerador, para o imposto de importação, consuma-se na data do registro da
declaração de importação”.140
3.1.3 Critério espacial
Critério espacial refere-se às coordenadas de espaço onde
se dá o comportamento. 141
O Decreto 37/66 assim prescreve:
Art. 1º. O imposto de importação incide sobre mercadoria
estrangeira e tem como fato gerador sua entrada no território
nacional.
139 ARANA, Jayme Gustavo. Fato gerador –Regime Jurídico – Classifcação- Elementos. Disponível em < http://www.fiscosoft.com.br>. Acesso em: 18 de Fevereiro de 2008.
140 REsp 313.117-PE, Relator Ministro Humberto Gomes de Barros, publicado em 17 de novembro de 2003.
141 ARANA, Jayme Gustavo. Fato gerador –Regime Jurídico – Classifcação- Elementos. Disponível em < http://www.fiscosoft.com.br>. Acesso em: 18 de Fevereiro de 2008.
59
Em relação ao critério espacial do imposto de importação
prescreve a norma acima que é o momento da entrada do produto estrangeiro no
território nacional, porém, importante ressaltar que o artigo 23 do mesmo diploma
legal oferece ao intérprete outra possibilidade: que é considerá-lo como o
momento em que a repartição aduaneira recebe o bem. 142
3.1.4 Critério pessoal
Critério Pessoal é o conjunto de elementos que apontam
quem são os sujeitos da relação jurídica tributária: sujeito ativo e sujeito passivo. 143
No imposto de importação tem-se de um lado, o sujeito ativo
da obrigação que é a União e que tem o direito de exigir o tributo conforme
competência atribuída pela Constituição de 1988, e o órgão responsável pela
arrecadação, que é a Receita Federal do Brasil, e de outro lado (do sujeito
passivo) o contribuinte, que se responsabiliza pelo ingresso do produto
estrangeiro, não importando sua qualidade de pessoa física ou jurídica. 144
O regulamento aduaneiro ainda define como contribuinte do
imposto o destinatário de remessa postal, e, como responsáveis, o transportador
de mercadoria estrangeira ou sob controle aduaneiro, e o depositário incumbido
da custódia da mercadoria sob controle aduaneiro.
142 FOLLONI, André Parmo.Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 120.
143 ARANA, Jayme Gustavo. Fato gerador –Regime Jurídico – Classifcação- Elementos. Disponível em < http://www.fiscosoft.com.br>. Acesso em: 18 de Fevereiro de 2008.
144 COELHO, Guiomar. Tributos sobre o comércio exterior. São Paulo: Aduaneiras, 2003, p. 20.
60
3.1.5 Critério Quantitativo
Critério Quantitativo diz respeito ao objeto da prestação que
define a quantia a ser paga a título de tributo, consubstanciando-se na base de
cálculo e na alíquota que, aplicados, resulta no montante do tributo a pagar. 145
Quanto à base de cálculo do imposto de importação, o art.
2 º do Decreto 37/66, assim dispõe:
Art.2º - A base de cálculo do imposto é: I-quando a alíquota for específica, a quantidade de mercadoria, expressa na unidade de medida indicada na tarifa; II - quando a alíquota for "ad valorem", o valor aduaneiro apurado segundo as normas do art.7º do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio - GATT.
Portanto, nos casos de alíquota ad valorem, a base de
cálculo é o valor aduaneiro. Conforme já visto no Capítulo 2, é apurado por um
dos seis métodos de valoração aduaneira, prevalecendo sempre que possível a
utilização do primeiro método.
Sendo ad valorem, a alíquota é um percentual aplicado
sobre a base de cálculo, definido na TEC (tarifa externa comum), que consiste em
uma tabela na qual consta o código do produto, sua descrição, a alíquota do
imposto de importação. A TEC é prevista no GATT como requisito para a
instauração de uma União aduaneira, 146
145 ARANA, Jayme Gustavo. Fato gerador –Regime Jurídico – Classifcação- Elementos. Disponível em < http://www.fiscosoft.com.br>. Acesso em: 18 de Fevereiro de 2008.
146 FOLLONI, André Parmo.Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 123.
61
No caso de imposto de importação apurado por alíquota
específica, traduz-se a alíquota em um valor monetário (por exemplo, uma garrafa
de 600 ml de cerveja).
3.2 IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS
O imposto sobre produtos industrializados (IPI), além de
incidir sobre operações jurídicas com produtos industrializados no mercado
interno, o IPI incide, também na importação. 147
O IPI não faz parte do grupo dos “impostos sobre o comércio
exterior”, como é o caso dos impostos sobre a importação e do imposto sobre a
exportação, mas uma vez que para a configuração da hipótese do fato gerador
tem de ser considerado o ato industrial, torna-se imprescindível promover sua
incidência nas importações como forma de equiparar a carga tributária incidente
sobre o ato industrial realizado no estrangeiro, ao ato industrial realizado no
Brasil. 148
Restringir-se-á o estudo ao IPI vinculado na importação de
mercadorias, uma vez que compreende uma das incidências tributárias na
importação de bens.
3.2.1 Critério material
A materialidade tributária do IPI não se verifica apenas sobre
o ato de elaboração do bem (produção industrial), mas necessário também que
ocorra a prática de uma operação jurídica.
De forma que para a configuração jurídica do IPI, há que
ocorrer cumulativamente as seguintes situações:
147 FOLLONI, André Parmo.Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 127.
148 MELO,José Eduardo Soares de. Curso de direito tributário. 6 ed. São Paulo:Dialética, 2005, p. 386.
62
a) a existência de um produto industrializado, e;
b) um negócio jurídico, como a transmissão de um direito
(posse ou propriedade), ou ainda a importação. 149
Portanto, o critério material do IPI na operação de
importação pode-se definir como: realizar o negócio jurídico de importar produtos,
industrializados no estrangeiro.
3.2.2 Critério temporal
O critério temporal do IPI incidente na importação está
prescrito no art. 2º, I, da Lei 4.502/64, que assim dispõe:
Art. 2º . Constitui fato gerador do imposto: I - quanto aos produtos de procedência estrangeira o respectivo desembaraço aduaneiro;
“O desembaraço aduaneiro é o ato pelo qual é registrada a
conclusão da conferência aduaneira. É com o desembaraço aduaneiro que é
autorizada a efetiva entrega da mercadoria ao importador e é ele o último ato do
procedimento de despacho aduaneiro.” 150
Pela sistemática atual, o importador é obrigado a pagar o IPI
no momento do registro da declaração de importação, que é um ato anterior ao
desembaraço aduaneiro.
Porém, se entre o registro da declaração de importação e
antes da liberação da mercadoria ao importador, houver extravio dos produtos, os
149 MELO,José Eduardo Soares de. Curso de direito tributário. 6 ed. São Paulo:Dialética, 2005, p 381.
150 Despacho Aduaneiro de Importação. Disponível em <http://www.receita.fazenda.gov.br/aduana/ProcAduExplmp> Acesso em: 18 de Fevereiro de 2008.
63
valores recolhidos antecipadamente devem ser devolvidos, conforme prescreve o
Art. 237 do Regulamento aduaneiro; regra esta que só vem a comprovar que pela
norma de incidência do IPI deve-se considerar o momento do desembaraço como
critério temporal deste imposto. 151
3.2.3 Critério espacial
Se o desembaraço aduaneiro é o momento da incidência, e
este conforme prescreve o regulamento aduaneiro, sempre é realizado em local
alfandegado de zona primária ou secundária, é exatamente neste local onde é
realizada a autorização da efetiva entrega da mercadoria ao importador, que se
dá o critério espacial da hipótese de incidência tributária do IPI. 152
3.2.4 Critério pessoal
No IPI vinculado à importação, tem-se de um lado o sujeito
ativo da obrigação que é a União, e do outro lado o sujeito passivo, contribuinte
importador, que se responsabiliza pelo ingresso no território nacional do produto
produzido no estrangeiro. 153
3.2.5 Critério quantitativo
No caso de mercadoria importada, a base de cálculo do IPI é
a mesma do imposto de importação, acrescida do próprio imposto de importação ,
das taxas exigidas para a entrada do produto no país e dos encargos cambiais
efetivamente pagos pelo importador ou dele exigíveis.154
151 FOLLONI, André Parmo.Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 130.
152 FOLLONI, André Parmo.Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 130.
153 COELHO, Guiomar. Tributos sobre o comércio exterior. São Paulo: Aduaneiras, 2003, p. 61.
154 Código Tributário Nacional, art. 47, inciso I.
64
As alíquotas do IPI estão definidas na Tabela do Imposto
sobre produtos industrializados (TIPI), que a exemplo da TEC, segue a
NCM(nomenclatura comum do MERCOSUL). No caso de alíquotas ad valorem as
alíquotas constantes desta tabela variam de 0% (zero por cento) a 330%
(trezentos e trinta por cento) conforme a essencialidade do produto, sendo menos
tributado aquilo que é mais essencial a população, e mais tributado os produtos
menos essenciais. No caso de alíquota específica, é a unidade de medida
constante também na TIPI. 155
Ainda sobre o ipi dispõe o artigo 150 da Constituição de
1988:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: § 1º - A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos
previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 15 4, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I Desta forma, a instituição, alteração ou majoração de
alíquotas do IPI é possível de ser realizada a qualquer tempo pelo Poder
Executivo, desde que , no caso de instituição ou majoração seja respeitada a
anterioridade nonagesimal, conforme definido no parágrafo primeiro do artigo 150,
da CFRB/88:
155 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 27 ed. São Paulo: Malheiros, 2006, p. 343.
65
3.3 IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVI ÇOS DE
TRANSPORTE INTERESTADUAL E INTERMUNICIPAL E DE COMU NICAÇÃO
(ICMS)
O artigo 155, inciso II, da Constituição de 1988, assim
dispõe:
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir
impostos sobre: II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior;
O imposto de competência estadual ou distrital além de
incidir sobre a circulação de mercadorias no mercado interno, incide também
quando esta circulação se inicie no exterior e termine no Brasil, como é o caso da
importação.
No que tange ao comércio exterior, poder-se-ia chegar
facilmente a conclusão que não haveria incidência deste imposto em uma
importação de um produto que não se conceituasse como mercadoria, ou seja,
produto não destinado ao comércio como, por exemplo, bem para ativo fixo, ou
consumo. Contudo, com a edição da Emenda Constitucional nº. 33, de 11 de
dezembro de 2001, o imposto passou a incidir sobre a importação de qualquer
bem, realizado por qualquer pessoa, conforme definido no art. 155, § 2.º, inciso
IX, da Constituição de 1988:
§ 2. º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: IX - incidirá também: a) sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do exterior por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade, assim como sobre o serviço prestado no exterior, cabendo o imposto ao
66
Estado onde estiver situado o domicílio ou o estabelecimento do destinatário da mercadoria, bem ou serviço;
Como parte integrante da “Guerra Fiscal” entre os Estados
da federação, muitos têm concedido unilateralmente incentivos fiscais para o
ICMS incidente nas operações de importação, como forma de atrair investimentos
para seus territórios, como por ex: o Estado do Espírito Santo, com o Programa
FUNDAP, e o Estado de Santa Catarina, com o programa Pró-emprego.
3.3.1 Critério material
Prescreve o art. 155, § 2. º, inciso IX, da Constituição de
1988, que o critério material é importar bem do exterior.
Já a hipótese de incidência do ICMS na circulação da
mercadoria interna é a “realização de operações jurídicas que produzam
circulação de mercadorias, com alternância da titularidade da propriedade da
mercadoria ICMS”. 156
3.3.2 Critério temporal
Com relação ao critério material da hipótese de incidência
tributária em uma operação de importação de bem, assim prescreve o art. 12,
inciso IX, da Lei Complementar 87/96, que estabelece normas gerais do ICMS:
Art. 12. Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto no momento: IX – do desembaraço aduaneiro de mercadorias ou bens importados do exterior; § 2º Na hipótese do inciso IX, após o desembaraço aduaneiro, a entrega, pelo depositário, de mercadoria ou bem importados do
156 CARRAZA, Roque Antonio. Curso de direito constitucional tributário. 17 ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 48.
67
exterior deverá ser autorizada pelo órgão responsável pelo seu desembaraço, que somente se fará mediante a exibição do comprovante de pagamento do imposto incidente no ato do despacho aduaneiro, salvo disposição em contrário.
Ora, se “é com o desembaraço aduaneiro que é autorizada a
efetiva entrega da mercadoria ao importador e é ele o último ato do procedimento
de despacho aduaneiro.” 157, e o § 2º da Lei Complementar 87/96 prescreve que
a entrega de mercadoria ou bem importados do exterior, somente se fará
mediante a exibição do comprovante de pagamento do imposto incidente no ato
do despacho aduaneiro, pode-se concluir que, assim como acontece com o IPI
vinculado à importação, o importador é obrigado a pagar o imposto no momento
do registro da declaração de importação, que é um ato anterior ao desembaraço
aduaneiro, realizando uma verdadeira antecipação deste imposto. 158
Porém, como no IPI, entende-se que se entre o registro da
declaração de importação e antes da liberação da mercadoria ao importador,
houver extravio dos produtos, cabe pedido de restituição dos valores recolhidos
antecipadamente pelo importador, situação esta que só vem a confirmar o
momento do desembaraço como critério temporal deste imposto. 159
3.3.3 Critério espacial
Se a norma prescreve que o desembaraço aduaneiro é o
momento da incidência, e este, conforme prescreve o regulamento aduaneiro,
sempre é realizado em local alfandegado de zona primária ou secundária, e, é
exatamente neste local onde é realizada a autorização da efetiva entrega da
157 Despacho Aduaneiro de Importação. Disponível em <http://www.receita.fazenda.gov.br/aduana/ProcAduExplmp> Acesso em: 18 de Fevereiro de 2008.
158 FOLLONI, André Parmo.Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 137.
159 FOLLONI, André Parmo.Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 137.
68
mercadoria ao importador, que se dá o critério espacial da hipótese de incidência
tributária do ICMS. 160
3.3.4 Critério pessoal
O ICMS é de competência dos Estados e do Distrito Federal,
que é o Sujeito Ativo da obrigação, sendo sujeito passivo qualquer pessoa física
ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, que promova a
importação de bens. 161
Importante observar que este conceito de contribuinte nas
operações de importação, conferido a partir da edição da Emenda Constitucional
n 33, de 11 de dezembro de 2001, é mais abrangente que os contribuintes
definidos na hipótese de incidência do Imposto no mercado interno, pois neste
caso contribuinte é apenas as pessoas que pratiquem operações relativas a
circulação de mercadorias, e já naquele esta condição pessoal do sujeito passivo
é irrelevante. 162
3.3.5 Critério quantitativo
O art. 13 inciso IX, da Lei Complementar 87/96, estabelece
normas gerais para este imposto aplicável a todos os Estados e o Distrito Federal,
assim dispondo sobre a base de cálculo do imposto na hipótese de incidência
sobre a importação de mercadorias:
Art. 13. A base de cálculo do imposto é: V - na hipótese do inciso IX do art. 12, a soma das seguintes parcelas: a) o valor da mercadoria ou bem constante dos documentos de importação, observado o disposto no art. 14;
160 FOLLONI, André Parmo.Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 138.
161 MELO, José Eduardo Soares de. Curso de direito tributário. 6 ed. São Paulo:Dialética, 2005, p. 411.
162 HARADA, Kioshi. Direito Financeiro e Tributário.São Paulo: Atlas, 2006, p. 431.
69
b) imposto de importação; c) imposto sobre produtos industrializados; d) imposto sobre operações de câmbio; e) quaisquer outros impostos, taxas, contribuições e despesas aduaneiras.
§ 1o Integra a base de cálculo do imposto, inclusive na hipótese do inciso V do caput deste artigo: I - o montante do próprio imposto, constituindo o respectivo destaque mera indicação para fins de controle;
Portanto, a base de cálculo do ICMS na operação de
importação é o valor constituído pela soma do valor da mercadoria constante no
documento de importação, convertido em moeda nacional, do imposto de
importação, do IPI, imposto sobre operação de câmbio, quaisquer outros
impostos, taxas e contribuições e despesas aduaneiras, mais o montante do
próprio imposto.
As alíquotas de ICMS são aquelas definidas na lei estadual
que instituir o imposto, devendo obedecer sempre as limitações de origem
constitucional, como o prescrito art. 155 § 2.º, inciso IV e V, da Constituição de
1988, que dispõe: 163
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir
impostos sobre: II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; §2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:
163 FOLLONI, André Parmo.Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 145.
70
IV - resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente da República ou de um terço dos Senadores, aprovada pela maioria absoluta de seus membros, estabelecerá as alíquotas aplicáveis às operações e prestações, interestaduais e de exportação; V - é facultado ao Senado Federal: a) estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas, mediante resolução de iniciativa de um terço e aprovada pela maioria absoluta de seus membros; b) fixar alíquotas máximas nas mesmas operações para resolver conflito específico que envolva interesse de Estados, mediante resolução de iniciativa da maioria absoluta e aprovada por dois terços de seus membros; VI - salvo deliberação em contrário dos Estados e do Distrito Federal, nos termos do disposto no inciso XII, "g", as alíquotas internas, nas operações relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de serviços, não poderão ser inferiores às previstas para as operações interestaduais;
Outra prescrição contida constitucionalmente é que as
alíquotas do ICMS poderão ser seletivas, de acordo com a essencialidade do
produto. 164
3.4 PIS/PASEP - IMPORTAÇÃO E COFINS-IMPORTAÇÃO
O Pis/Pasep e Cofins são tributos que incidiam
originalmente, sobre o faturamento das empresas. Porém com a publicação da
Lei 10.865/2004 passaram a incidir também sobre a importação de bens e
serviços, recebendo a alcunha de Pis Pasep–Importação e Cofins–Importação. 165
A implantação do Pis/Pasep e da Cofins na importação
atendeu a uma antiga reivindicação da indústria nacional, que se sentia
164 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 27 ed. São Paulo:Malheiros, 2006, p. 384.
165 FOLLONI, André Parmo.Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 146.
71
prejudicada com a as antigas regras, pois enquanto o produto nacional era
tributado por tais contribuições, o produto estrangeiro não o era. 166
O Pis/Pasep e a Cofins são tributos da espécie
contribuições sociais, de competência da União, vinculadas a uma atividade
estatal específica. No caso do Pis/Pasep esta atividade consiste em custear
Programa de Integração Social e ao Programa de Formação do Patrimônio do
Servidor Público, e no caso da COFINS, custear o Financiamento da Seguridade
Social. 167
3.4.1 Critério material
O Pis Pasep – Importação e Cofins – Importação, incidem
sobre a importação de bens e serviços do exterior, ainda que a legislação de
ambos impostos muitas vezes se refira a “importação de produtos”. O critério
material destes tributos é portar para dentro do país (importar) qualquer bem(
sentido latu sensu, que incluí mercadoria, produtos etc.) fabricado no estrangeiro,
ou ainda bens nacionais ou nacionalizados exportados, qualquer que seja a sua
finalidade. 168
3.4.2 Critério temporal
A Lei 10.865/2004, que dispõe sobre o Pis Pasep –
Importação e Cofins – Importação, em seu artigo 3 o , dispõe:
Art. 3 o O fato gerador será:
I - a entrada de bens estrangeiros no território nacional; ou
166 Informativo Mello Campos de Março de 2006. Disponível em <http://www.melocampos.com.br/informativo. Acesso em: 04 de Março de 2008.
167 ASHIKAGA, Carlos Eduardo Garcia. Análise da tributação na importação e na exportação. 3 ed. São Paulo: Lex editora, 2006, p. 24.
168 FOLLONI, André Parmo.Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 147/148.
72
II - o pagamento, o crédito, a entrega, o emprego ou a remessa de valores a residentes ou domiciliados no exterior como contraprestação por serviço prestado.
Seguida ao pé da letra, a conclusão é de que no momento
que o navio ou avião ultrapassasse a linha do mar territorial, ou espaço aéreo
brasileiro já seria devido o imposto, situação esta operacionalmente quase
impossível de ser realizada pelo importador ou de ser fiscalizada pela União.
Por esta razão é que a mesma lei normatiza que, para efeito
de cálculo, o momento da incidência destas contribuições será a data do registro
da declaração de importação de bens submetidos a despacho para consumo, que
via de regra é a maneira como é despachada a maioria das importações
realizadas no Brasil. 169
Exceções a esta regra são as situações em que não haja
despacho para consumo, em que o critério temporal é diferente do citado acima.
3.4.3 Critério espacial
Se a norma prescreve que é no momento em que se dá a
entrada de bens no território nacional, resta concluir que o critério espacial destas
contribuições é o território nacional, que via de regra irá se consubstanciar em um
local alfandegado de zona primária ou secundária, que será sempre o primeiro
ponto do território acessado por bens estrangeiros. 170
3.4.4 Critério pessoal
O sujeito ativo destas contribuições é a União, cabendo
observar que por se tratar de tributo da espécie contribuição e não imposto, acaba
169 SANTOS, Cleônimo dos. Como calcular e recolhe PIS/PASEP e COFINS. 4 Ed. São Paulo: IOB, 2007, p. 72.
170 SANTOS, Cleônimo dos. Como calcular e recolhe PIS/PASEP e COFINS. 4 Ed. São Paulo: IOB, 2007, p. 73.
73
por não repartir o produto da arrecadação com outros entes. Já o sujeito passivo
é o importador, assim considerada a pessoa física ou jurídica que promova a
entrada de bens estrangeiros no território nacional, ou ainda conforme precreve o
artigo 6 o da lei 10.865/2004: 171
a) a pessoa física ou jurídica contratante de serviços de residente ou domiciliado no exterior; e b) beneficiário do serviço, na hipótese em que o contratante também seja residente ou domiciliado no exterior.
Equiparam-se ao importador o destinatário de remessa
postal internacional indicado pelo respectivo remetente e o adquirente de
mercadoria entrepostada.
3.4.5 Critério quantitativo
Quanto à base de cálculo do Pis Pasep – Importação e
Cofins – Importação, dispõe o artigo 7o da lei 10.865/2004:
Art. 7 o. A base de cálculo será:
I - o valor aduaneiro, assim entendido, para os efeitos desta Lei, o valor que servir ou que serviria de base para o cálculo do imposto de importação, acrescido do valor do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS incidente no desembaraço aduaneiro e do valor das próprias contribuições, na hipótese do inciso I do caput
do art. 3o desta Lei; ou II - o valor pago, creditado, entregue, empregado ou remetido para o exterior, antes da retenção do imposto de renda, acrescido do Imposto sobre Serviços de qualquer Natureza - ISS e do valor das próprias contribuições, na hipótese do inciso II do caput do art. 3o desta Lei.
171 FOLLONI, André Parmo.Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 151.
74
Ainda sobre a base de cálculo destas contribuições, é
importante mencionar que a Lei nº. 10.865/04, determina que tais contribuições
incidiriam sobre o valor aduaneiro, assim entendido aquele que servir de base
para o Imposto de Importação, acrescido do ICMS no desembaraço e o valor das
próprias contribuições, o que denota inconstitucionalidade deste dispositivo, uma
vez que a lei extrapolou o conceito de valor aduaneiro, que, como visto no
capítulo 2, é calculado conforme as regras do Acordo Geral sobre Tarifas e
Comércio (GATT) de 1994, conhecido como Acordo de Valoração Aduaneira. 172
Com relação ás alíquotas são definidas no art. 8 da Lei
10.865/2004, tendo como regra geral as seguintes:
a) 1,65% (um inteiro e sessenta e cinco centésimos por cento), para o PIS/PASEP
- Importação; e
b) 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento), para a COFINS - Importação.
Como exceções à regra, a norma de incidência vincula uma
série de situações de alíquotas diferenciadas e alíquotas zero. 173
3.5 ADICIONAL AO FRETE PARA RENOVAÇÃO DA MARINHA ME RCANTE
(AFRMM)
O Poder Judiciário, superando discussões doutrinárias
acerca da natureza deste tributo, dispôs no sentido de ser o Adicional ao Frete
para Renovação da Marinha Mercante, uma contribuição destinada à intervenção
da União no domínio econômico, buscando seu perfil constitucional no art. 149,
caput, da CFRB/88, regulamentado pela Lei nº. 10.893/2004. Tal foi o teor de
172 RAQUEL, Santos. Incidência Tributos na Importação. Disponível em <http://www.portaltributario.com.br/artigos> Acesso em: 11 de Março de 2008.
173 HIGUCHI, Hiromi; HIGUCHI, Fábio Hirochi; HIGUCHI, Celso H. Imposto de renda das empresas: interpretação e prática. São Paulo: Atlas, 2006, p. 830.
75
julgado do Supremo Tribunal Federal – STF, no ano de 1995, ainda hoje tomado
como referência: 174
CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. ADICIONAL AO FRETE PARA RENOVAÇÃO DA MARINHA MERCANTE - AFRMM : CONTRIBUIÇÃO PARAFISCAL OU ESPECIAL DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO. C.F. ART. 149, ART. 155, § 2º, IX. ADCT, ART. 36.I. - Adicional ao frete para renovação da marinha mercante - AFRMM - é uma contribuição parafiscal ou especial, contribuição de intervenção no domínio econômico, terceiro gênero tributário, distinta do imposto e da taxa. (C.F., art. 149). II. - O AFRMM não é incompatível com a norma do art. 155, § 2º, IX, DA Constituição. Irrelevância, sob o aspecto tributário, da alegação no sentido de que o Fundo da Marinha Mercante teria sido extinto, na forma do disposto no art. 36, ADCT. III. - Recurso extraordinário não
conhecido.
Nos conhecimentos de carga, conhecido como bill of lading,
deve constar o recibo do pagamento do AFRMM ou declaração de isenção, para
que a Aduana (Receita Federal do Brasil) possa desembaraçar a mercadoria. 175
3.5.1 Critério material
O artigo 5o, da Lei 10893/2004, dispõe que “’O AFRMM
incide sobre o frete, que é a remuneração do transporte aquaviário da carga de
qualquer natureza descarregada em porto brasileiro”, o que denota que para
haver a incidência deste tributo se faz necessário que haja contratação de frete
aquaviário a título oneroso. Desta forma, FOLLONI 176 conclui que o critério
material desta contribuição é “contratar transporte aquaviário a título oneroso”.
174 HERON Charneski. Considerações sobre o adicional ao frete e a Lei 10893/2004. Disponível em <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6158>. Acesso em: 11 de Março de 2008.
175 WERNECK, Paulo de Lacerda. Comercio exterior e despacho aduaneiro.Curitiba: Juruá, 1997, p. 51.
176 FOLLONI, André Parmo.Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 156.
76
3.5.2 Critério temporal
O artigo 4º da Lei 10.893/2004 dispõe que “ o fato gerador do
AFRMM é o início efetivo da operação de descarregamento da embarcação em
porto brasileiro”, de forma que o critério temporal deste tributo é exatamente o
instante em que se dá o início da operação de descarregamento da embarcação
em porto brasileiro. 177
3.5.3 Critério espacial
Do próprio artigo 4º da Lei 10.893/2004, denota-se o critério
espacial desta contribuição, ou seja, o porto brasileiro onde se realiza a operação
de descarregamento. 178
3.5.4 Critério pessoal
O sujeito ativo destas contribuições é a União. Já o sujeito
passivo, a princípio, é o consignatário da carga (aquele que recebe a mercadoria
no porto), havendo responsabilidade solidária do proprietário da carga, que via de
regra é quem arca com o ônus deste tributo. 179
3.5.5 Critério quantitativo
Sobre a base de cálculo e alíquota deste tributo, dispõe o art.
6º da lei 10893/2004 que assim dispõe:
Art. 6 o O AFRMM será calculado sobre a remuneração do transporte aquaviário, aplicando-se as seguintes alíquotas:
177 FOLLONI, André Parmo.Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 156.
178 FOLLONI, André Parmo.Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 157.
179 FOLLONI, André Parmo.Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 157.
77
I - 25% (vinte e cinco por cento) na navegação de longo curso; II - 10% (dez por cento) na navegação de cabotagem; e
III - 40% (quarenta por cento) na navegação fluvial e lacustre, quando do transporte de granéis líquidos nas regiões Norte e Nordeste. § 1o O conhecimento de embarque é o documento hábil para comprovação do valor da remuneração do transporte aquaviário. § 2o Nos casos em que não houver a obrigação de emissão do conhecimento de embarque, o valor da remuneração do transporte aquaviário, para fins de cálculo do AFRMM, será apurado por declaração do contribuinte. § 3o Sobre as mercadorias destinadas a porto brasileiro que efetuarem transbordo ou baldeação em um ou mais portos nacionais não incidirá novo AFRMM referente ao transporte entre os citados portos, se este já tiver sido calculado desde a sua origem até seu destino final.
Por fim, a Lei nº. 10.893/04 dispõe sobre as isenções (art.
14) e o regime de suspensão do pagamento do Adicional (art. 15).
3.6 CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMIC O
INCIDENTE SOBRE A IMPORTAÇÃO
No que tange aos tributos que gravam o comércio exterior,
tem-se a CIDE que incide na operação de importação e comercialização de
petróleo e seus derivados, gás natural e seu derivados, e álcool etílico
combustível. 180
180 ASHIKAGA, Carlos Eduardo Garcia. Análise da tributação na importação e na exportação. 3 ed. São Paulo: Lex editora, 2006, p. 199.
78
3.6.1 Critério material
O critério material da CIDE combustíveis importação, é a
ação ou comportamento do contribuinte de, trazer para dentro do território
nacional, petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados, álcool
combustível, conforme prescreve o artigo 3o da Lei 10.336/2001. 181
3.6.2 Critério temporal
O artigo 6o, da Lei 10.336/2001, prescreve como critério
temporal da CIDE combustíveis na importação o momento do registro da
declaração de importação, via Siscomex.
3.6.3 Critério espacial
Uma vez que o artigo 6o, da Lei 10.336/2001, prescreve
como critério temporal o registro da declaração de importação efetuado
eletronicamente via Siscomex, então é possível considerar que a norma incide
neste ambiente virtual, pois lá é que é realizado o fato. Desta forma, conclui-se
que o critério espacial da CIDE combustíveis na importação é o ambiente virtual
do Siscomex. 182
3.6.4 Critério pessoal
Sujeito ativo do tributo é a União, embora o art. 1o-A, da Lei
10.336/2001, prescreva que o produto da arrecadação poderá ter outro destino.
Sujeito Passivo é o importador, conforme prescrito no art. 2o desta mesma
norma legal.
181 HIGUCHI, Hiromi; HIGUCHI, Fábio Hirochi; HIGUCHI, Celso H. Imposto de renda das empresas: interpretação e prática. São Paulo: Atlas, 2006, p.852.
182 FOLLONI, André Parmo.Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 157.
79
3.6.5 Critério quantitativo
A base de cálculo da CIDE é uma unidade de medida, sendo
o metro cúbico ou a tonelada, e assim sendo as alíquotas somente podem ser
específicas, conforme definido nos artigos 4o e 5 o da Lei 10.336/2001.
3.7 IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CÂMBIO - IOF
A Constituição de 1988, em seu artigo 153, V, prescreve
acerca da competência da União para tributar operações de crédito, câmbio e
seguro, ou relativas a títulos e valores mobiliários. Comumente chamando esse
conjunto de operações como “operações financeiras”.
Para que o exportador possa receber o valor (preço)
referente à sua mercadoria e o importador pagar os valores devido a seus
fornecedores estrangeiros, é necessário a existência de um contrato de câmbio,
uma vez que as operações de importação estão sujeitas ao pagamento de moeda
estrangeira, do mesmo modo que as exportações são recebidas em moeda
estrangeira. As operações de câmbio são realizadas por intermédio de instituições
financeiras para tal autorizadas pelo Banco Central, configurando-se como
operações financeiras, e como tal, sujeitas ao Imposto sobre Operações
Financeiras ( IOF). 183
Sobre este tributo, no que tange ao comércio exterior e
operações de câmbio decorrentes, não se deterá muita atenção, uma vez que,
atualmente, o art. 16 do Decreto 6.306/2007, que Regulamenta o Imposto sobre
Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a Títulos ou Valores
Mobiliários – IOF, prescreve que é isenta do IOF a operação de câmbio realizada
para pagamento de bens importados.
183 ASHIKAGA, Carlos Eduardo Garcia. Análise da tributação na importação e na exportação. 3 ed. São Paulo: Lex editora, 2006, p. 54.
80
Porém, o mesmo art. 15, em seu § 1o, inciso IV, dispõe que
haverá incidência deste imposto nas operações de câmbio relativas ao
pagamento de importação de serviços.
3.8 TAXA DE UTILIZAÇÃO DO SISTEMA INTEGRADO DE COMÉ RCIO
EXTERIOR - SISCOMEX
O SISCOMEX é um instrumento informatizado, em nível
nacional, que interliga eletronicamente os exportadores e importadores ao
DECEX, BACEN, e Secretaria da Receita Federal, onde é realizada todo o
registro, acompanhamento e controle das operações de comércio exterior, através
de um fluxo único de informações, cujo processamento é efetuado exclusiva e
obrigatoriamente pelo Sistema.
É administrado pela Secretaria de Comércio Exterior
(SECEX), pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB) e pelo Banco
Central do Brasil (BACEN), órgãos gestores no comércio exterior. A
informatização das operações de exportação e de importação, no Siscomex, foi
implantado, respectivamente, em 1993 e em 1997. Desde então, para todos os
fins e efeitos legais, as guias de exportação e de importação e outros documentos
pertinentes vêm sendo substituídos por registros eletrônicos. 184
A Lei 9.716/98, em seu art. 3 o , institui a “taxa de utilização
do Sistema Integrado de Comércio Exterior-Siscomex”, uma vez que, conforme
visto acima, a existência deste sistema informatizado se deve principalmente a
fiscalização do comércio exterior, denotando-se nesta atividade um exercício de
poder de polícia, logo , sujeito à incidência de uma taxa conforme prescreve o
artigo 78 do CTN. 185
184 Siscomex. Disponível em <http://www.exportnews.com.br/inftec/301099_07.htm. Acesso em 11 de Março de 2008.
185 FOLLONI, André Parmo.Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 163.
81
3.8.1 Critério material
O critério material deste tributo, conforme o próprio nome
sugere, é a utilização do sistema.
3.8.2 Critério temporal
Prescreve o art. 3 o da Lei 9.716/98 que, considera-se devido
a taxa na data do registro da declaração de importação.
3.8.3 Critério espacial
Uma vez que o art. 3 o da Lei 9.716/98 prescreve como
critério temporal o registro da declaração de importação efetuado eletronicamente
via Siscomex, então é possível considerar que a norma incide neste ambiente
virtual, pois lá é que é realizado o fato.186
3.8.4 Critério pessoal
Sujeito ativo do tributo é a União, que é o ente que exerce o
poder de polícia na atividade de comércio exterior. Sujeito Passivo é o importador
ou exportador, que é quem utiliza o sistema.
3.8.5 Critério quantitativo
A base de cálculo é a própria declaração, ou seja, é devido
uma taxa por declaração, sendo o valor definido em patamar fixo, conforme
determinado no § 1º do art. 3º da Lei 9.716/98:
186 FOLLONI, André Parmo.Tributação sobre o comércio exterior.São Paulo: Dialética, 2005, p. 164.
82
§ 1o A taxa a que se refere este artigo será devida no Registro da Declaração de Importação, à razão de: I - R$ 30,00 (trinta reais) por Declaração de Importação; II - R$ 10,00 (dez reais) para cada adição de mercadorias à Declaração de Importação, observado limite fixado pela Secretaria da Receita Federal.
Prescreve ainda o parágrafo único desta norma, que os
valores poderão ser reajustados, anualmente, mediante ato do Ministro de Estado
da Fazenda, conforme a variação dos custos de operação e dos investimentos no
SISCOMEX.
83
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho teve como objetivo investigar, à luz da
legislação, da doutrina e da jurisprudência, as incidências tributárias na
importação de bens.
O interesse pelo tema deu-se em razão de sua diversidade,
amplitude e importância, notadamente pela crescente participação do Brasil no
comércio exterior, pois a cada ano que passa nosso país intensifica e expande
seus fluxos comerciais por todo o planeta, dentro deste cenário a importação de
bens passou a ser tema rotineiro no dia a dia das empresas e até mesmo de
pessoas físicas.
Para seu desenvolvimento lógico o trabalho foi dividido em
três capítulos. No primeiro, viu-se que o tributo tem característica compulsória,
isto é, seu fundamento jurídico é calcado na prerrogativa legal de o Estado
compelir o contribuinte ao pagamento, característica esta, de coercibilidade
limitada, uma vez que é preciso que ambas as partes, inclusive o Estado, respeite
os princípios tributários previstos constitucionalmente.
No segundo capítulo, pesquisou-se acerca do Direito
Aduaneiro, discorrendo sobre a polemica questão de sua autonomia,
constatando-se que sua existência não se limita a fins de cobrança de tributos no
comercio exterior, pois se consubstancia em um conjunto de normas legais
criadas com o intuito de regular e controlar as operações de comercio exterior.
Ainda relacionado ao segundo capítulo, verificou-se que a
atividade aduaneira é extremamente regulada, norteada por princípios e normas
disciplinadoras, que devem ser respeitadas tanto por parte do contribuinte como
por parte da Aduana.
84
No terceiro e último capítulo, intensificou-se a pesquisa e foi
analisada cada uma das espécies tributárias incidentes na importação de bens,
analisando cada tributo do ponto de vista dos aspectos de seu fato gerador,
constatando-se que existem muitas peculiaridades na tributação sobre a
importação de bens, pois muitas vezes, mesmo o tributo incidindo também em
operações no mercado nacional, existe regras específicas a serem seguidas
quando da incidência na importação de bens.
No mais, retomam-se as hipóteses levantadas e que
impulsionaram a presente pesquisa:
a) Os tributos incidentes na importação de bens, tem sua
competência determinada na Constituição de 1988, com
normas gerais estabelecidas em leis complementares,
sendo criados através de leis ordinárias, e regulamentados
através de Decretos e Normas Complementares;
b) Na tributação na importação de bens, o direito tributário e
o direito aduaneiro se encontram extremamente
relacionados, uma vez que a atividade de regulação,
fiscalização, lançamento e arrecadação tributária exercida
pela Aduana, é basicamente uma junção desses dois ramos
do direito;
c) A incidência tributária na importação de bens tem como
forte característica a extrafiscalidade, além de uma
constante preocupação do legislador em dar isonomia de
tratamento tributário entre o produto estrangeiro e o
nacional.
No que toca a primeira hipótese, restou confirmada, pois
esta é a forma que funciona nosso Sistema Tributário.
85
A segunda hipótese também restou confirmada, pois o
Direito Tributário e o Direito Aduaneiro estão intrinsecamente relacionados na
incidência tributária na importação de bens, e são desses dois ramos que derivam
a maioria das normas que regem a atividade da aduana.
Quanto à última hipótese, registra-se que igualmente restou
confirmada, pois a característica de extrafiscalidade é latente nos tributos
incidentes na importação de bens, ao mesmo tempo em que a preocupação do
legislador em conferir isonomia entre o produto estrangeiro e o nacional foi
fortemente constatada no capitulo 3
Por fim, fica o registro de que o presente trabalho não tem
caráter exaustivo, isto é, com o mesmo não se teve a pretensão de tratar de todas
as questões que norteiam a incidência tributária na importação de bens, razão
pela qual deve servir apenas de ponto de partida para o necessário e contínuo
acompanhamento da evolução de entendimento doutrinário e jurisprudencial
acerca desta tão relevante matéria do Direito Tributário.
86
REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS
ALEXANDRINO, Marcelo e PAULO, Vicente. Direito tributário na constituição e
no STF: teoria e jurisprudência . 7 ed. Rio de Janeiro: Impetus 2004.
AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro . 3 ed. São Paulo:Saraiva, 1999.
ARANA, Jayme Gustavo. Fato gerador –regime jurídico – classifcação-
elementos. Disponível em < http://www.fiscosoft.com.br>. Acesso em: 18 de
Fevereiro de 2008.
ASHIKAGA, Carlos Eduardo Garcia. Análise da tributação na importação e na
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