incentivo À leitura atravÉs de contos · documento folclórico, ora a quase-crônica da vida...

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INCENTIVO À LEITURA ATRAVÉS DE CONTOSBRASILEIROS CONTEMPORÂNEOS

Maria Salet Warmeling Kürten¹

Luiz Carlos Santos Simon²

RESUMO

Observando o grau de dificuldade e a falta de interesse pela leitura e

escrita dos alunos em contexto escolar, bem como, a resistência dos mesmos

à leitura de obras literárias, fez-se necessária a elaboração deste projeto que

visa a repensar as práticas de leitura para que o aluno adquira competência

comunicativa que lhe permita ler de maneira independente.

Uma das finalidades deste projeto é despertar nos alunos o gosto pela

leitura, através de contos que falem de juventude, pois é também uma etapa de

grandes desafios.

Humor, suspense e surpresas alternam-se nos contos, revelando toda

uma diversidade de experiências cuja principal indagação parace ser

simplesmente: seria a juventude a melhor época da vida?

PALAVRAS-CHAVE: leitura; interpretação; contos; juventude.

¹A autora deste artigo é especialista em Língua Portuguesa e professora do quadro próprio do magistério do Estado do Paraná.²O orientador deste trabalho é professor do Departamento de Letras Vernáculas e Clássicas da Universidade Estadual de Londrina.

1 INTRODUÇÃO

Neste artigo, discutimos as experiências realizadas em sala de aula,

com alunos do Ensino Fundamental, do Colégio Estadual de Ivaiporã/PR, na

busca por desenvolver o gosto pela leitura. Para atingir este objetivo, foram

utilizadas leituras de contos que falam de juventude.

Por intermédio desse gênero textual, procuramos realizar diversas

atividades em sala de aula, tendo sempre como foco o desenvolvimento do

gosto/do prazer pela leitura entre os educandos, especialmente pela leitura de

contos.

O projeto de intervenção pedagógica intitula-se “Incentivo à leitura

através de contos brasileiros contemporâneos”, e, como o próprio nome

sugere, a formação de leitores foi cultivada através de contos. Tal escolha

deve-se ao fato de serem textos que chamam a atenção, possuem uma

narrativa relativamente curta e costumam ser envolventes, além de, muitas

vezes, colaborarem para a reflexão dos costumes, ao retratarem conflitos

pessoais ou vividos pelos mais diversos grupos sociais da atualidade entre a

juventude. Ao lermos ampliamos o vocabulário, conhecemos novas palavras e

aprendemos a usá-las em seus diferentes e ricos sentidos.

A leitura nos permite “ver” um assunto sob outras perspectivas, o que

estimula nossa capacidade de aceitar o novo e o diferente, bem como

desenvolver o senso crítico.

Nesse sentido, a função do professor foi propiciar aos alunos, condições

e novas alternativas para a prática de leitura e escrita, uma vez que a razão

fundamental do ensino de língua materna é tornar o aluno capaz de interpretar

diferentes textos que circulam socialmente.

A leitura dos contos foi uma ferramenta valiosa para a assimilação de

conhecimentos, além de ser importante instrumento colaborador do

desenvolvimento do pensamento crítico e reflexivo, pois uma das principais

características do jovem é a curiosidade e a busca por novas informações que

ampliem o seu universo.

A leitura não somente favorece a integração do indivíduo no seu

contexto socioeconômico e cultural, como também cria novas perspectivas no

sujeito, permitindo-lhe posicionar-se criticamente diante da realidade. Ler

desenvolve criticidade e criatividade, por isto “a atividade de leitura se faz

presente em todos os níveis educacionais das sociedades letradas. [...] seria

difícil conceber a escola onde o ato de ler não estivesse presente” (SILVA,

1996, p.31).

A presente proposta teve como principal objetivo despertar no educando

o prazer pela leitura, formando cidadãos e leitores críticos, capazes de lidar

com diversas situações cotidianas, um indivíduo letrado, com capacidade de

questionar um texto, acrescentar sua experiência e ler além das informações

óbvias, explícitas, que observa o implícito e constrói o significado. Acreditamos

que a busca por métodos de incentivo à leitura possa ser o grande diferencial

para a formação de leitores que sintam prazer no ato de ler.

Enfim, todas as atividades aqui propostas foram desenvolvidas com os

nossos alunos e elas possibilitaram o desenvolvimento da oralidade,

favoreceram a análise lingüística e atividades de escrita.

2 A IMPORTÂNCIA DO CONTO NAS PRÁTICAS DE LEITURA

A leitura e a escrita em sala de aula, são hoje um dos maiores desafios

para os educadores. Ler é uma das competências mais importantes a serem

trabalhadas com o aluno, principalmente após recentes pesquisas que

apontam ser esta uma das principais deficiências do estudante.

Para alcançar a tão sonhada cidadania, certamente serão necessárias

soluções construtivas de todos os setores de sociedade, principalmente o da

escola.

Ao lermos ampliamos o vocabulário, conhecemos novas palavras e

aprendemos a usá-las em seus diferentes e ricos sentidos.

A leitura nos permite “ver” um assunto sob outras perspectivas, o que

estimula nossa capacidade de aceitar o novo e o diferente, bem como

desenvolver o senso crítico.

O neurologista e professor da PUC, Ivan Izquierdo, em entrevista ao

Jornal Folha de Londrina, no mês de Outubro de 2010, afirmou que:

“o melhor instrumento que

possuímos para exercitar e manter a

memória saudável é mesmo a leitura.

Porque ao ler, a pessoa exercita

simultaneamente muitas variedades de

memória: de letras, de palavras, de

línguas, de objetos, de pessoas e a

memória visual.”

E o melhor de tudo isso é que a leitura não tem contraindicação e deve

ser iniciada o mais cedo possível, mas mantida durante toda a vida porque é

uma aliada da saúde mental.

O exercício da leitura é fator importante para que o sujeito possa atuar

de modo satisfatório em qualquer situação com que se depare no cotidiano,

contudo são muitos os obstáculos encontrados pelos professores no sentido

de despertar o interesse nos alunos por essa atividade.

A inserção de um projeto de contos contemporâneos, cujo tema é a

juventude, pode trazer para as atividades e para o espaço da sala de aula,

tantas vezes considerados tediosos e austeros, o caráter lúdico e de

interatividade tão desejado pelo jovem.

A possibilidade de estimular a leitura entre os alunos, apresentando o

conto, como um desafio que pressupõe algo produtivo e prazeroso pode levá-lo

a contribuir para a formação do leitor competente e autônomo. A leitura abre

horizontes, faz a diferença, oportuniza ao ser humano o direito a fazer opção, a

posicionar-se consciente e criticamente diante da realidade.

Para propiciar essa leitura, é preciso transformar a escola e a sala de

aula num ambiente estimulador das mais variadas situações de leituras, uma

vez que a leitura aproxima do saber, enriquece o vocabulário e é um dos

caminhos do sucesso, porque quem lê, fala bem, escreve bem e se comunica

bem. E a boa comunicação é a ponte que leva a grandes realizações.

Nesse sentido, a função do professor é propiciar ao aluno condições e

novas alternativas para a prática de leitura e escrita, uma vez que a razão

fundamental do ensino de língua materna é tornar o aluno capaz de interpretar

diferentes textos que circulam socialmente. Agindo desse modo o professor

estará desempenhando um trabalho que realmente tenha relevância.

Tendo em vista que quando a leitura é estimulada de forma criativa e

atraente, a mesma, possibilita a redescoberta do prazer de ler, a utilização da

escrita em contextos sociais e a inserção do adolescente no mundo letrado.

Muito se tem estudado sobre a história da teoria do conto. O conto

cumpre a seu modo o destino da ficção contemporânea. Posto entre as

exigências da narração realista, os apelos da fantasia e as seduções do jogo

verbal, ele tem assumido formas de surpreendente variedade. Ora é quase-

documento folclórico, ora a quase-crônica da vida urbana, ora o quase-drama

do cotidiano burguês, ora o quase-poema do imaginário às soltas, ora, enfim,

grafia brilhante e preciosa voltadas às festas da linguagem. Muitos teóricos da

literatura tentaram encaixar a forma-conto no interior de um quadro fixo de

gêneros. Na verdade, se comparada à novela e ao romance, a narrativa curta

condensa e potencia no seu espaço todas as possibilidades da ficção.

O conto não só consegue abraçar a temática toda do romance, como

põe em jogo os princípios de composição que regem a escrita moderna em

busca do texto sintético e do convívio de tons, gêneros e significados.

Quanto à invenção temática, o conto tem exercido, ainda e sempre, o

papel de lugar privilegiado em que se dizem situações exemplares vividas pelo

homem contemporâneo. O contista é um pescador de momentos singulares

cheios de significação. Inventar, de novo: descobrir o que os outros não

souberam ver com tanta clareza, não souberam sentir com tanta força.

O tema do qual sairá um bom conto é sempre excepcional, mas sem

querer dizer com isto que um tema deva ser extraordinário, fora do comum,

misterioso ou insólito. Pode tratar-se de uma história trivial e cotidiana.

O tempo e o espaço do conto têm de estar como que condensados,

submetidos a uma alta pressão espiritual e formal. Um conto é ruim quando é

escrito sem essa tensão que se deve manifestar desde as primeiras palavras

ou desde as primeiras cenas. O conto precisa causar um efeito singular no

leitor, muita excitação e emotividade.

Júlio Cortázar, em “Alguns aspectos do conto”, nos lembra:

“se não tivermos uma ideia viva do que

é o conto, teremos perdido tempo, porque um

conto, em última análise, se move nesse

plano do homem onde a vida e a expressão

escrita dessa vida travam uma batalha

fraternal, se me for permitido o termo; e o

resultado dessa batalha é o próprio conto, uma

síntese viva ao mesmo tempo que uma vida

sintetizada, algo assim como um tremor de

água dentro de um cristal, uma fugacidade

numa permanência. Só com imagens se pode

transmitir essa alquimia secreta que explica a

profunda ressonância que um grande conto

tem em nós, e que explica também por que há

tão poucos contos verdadeiramente grandes”.

Diversas são as definições para o conto, porém, todas chegam a

conclusão de que contos são narrativas do gênero literário da prosa de ficção.

Geralmente curtas, nas quais o escritor cria seus personagens e monta uma

determinada situação de maneira bem concisa. Frequentemente contam-se a

amigos histórias sobre acontecimentos da vida diária. Dessa forma, o escritor

precisa saber pintar – com poucos traços – pessoas, cenários e tramas que

sejam convincentes. Os personagens do conto são em geral retratados

rapidamente com poucos detalhes.

O conto originou-se num tempo em que nem sequer existia a escrita; as

histórias eram narradas oralmente ao redor das fogueiras das habitações dos

povos primitivos – geralmente à noite. Por isso o suspense, o fantástico, que o

caracterizou. Nos nossos tempos, em volta da mesa, à hora das refeições,

pessoas trazem notícias, trocam ideias e... contam casos.

Inicialmente, o conto fazia parte da literatura oral, com origem na

narrativa de mitos e lendas. Foi com Boccaccio, autor do Decamerão, que o

conto pela primeira vez ocupou um lugar entre as grandes obras universais.

O antigo e novo testamento também traz muitas outras histórias com a

estrutura do conto, como os episódios de José e seus irmãos, de Sansão, de

Salomé; as parábolas: o Bom Samaritano, o Filho Pródigo, a Figueira Estéril a

do Semeador, entre outras.

Maupassant dizia que escrever contos era mais difícil do que escrever

romances. Ele escreveu cerca de 300 contos e, segundo se diz, ficou rico com

eles.

Machado de Assis também não achava fácil escrever contos: “É gênero

difícil, a despeito de sua aparente facilidade”, (citado por Nádia Battella Gotlib

em Teoria do Conto).

Numa entrevista ao jornal Folha de São Paulo ( de 04 de fevereiro de 1996,

página 5 – 11 ), Moacyr Scliar ( 1937 ), conhecido como romancista e contista,

revela sua preferência pelo conto:

“Eu valorizo mais o conto como

forma literária. Em termos de criação, o

conto exige muito mais do que o

romance... Eu me lembro de vários

romances em que pulei pedaços, trechos

muito chatos. Já o conto não tem meio

termo, ou é bom ou é ruim. É um desafio

fantástico. As limitações do conto estão

associadas ao fato de ser um gênero

curto, que as pessoas ligam a uma idéia

de facilidade; é por isso que todo escritor

começa contista”.

Ítalo Calvino ( 1923 – 1985 ) em, Por que ler os clássicos, diz:

“Penso que, não por casualidade, a

nossa época (anos 80) é a época do

conto, do romance breve”.

Poe, que foi o primeiro teórico do gênero conto, dizia:

“Temos necessidade de uma

literatura curta, concentrada, penetrante,

concisa, ao invés de extensa, verbosa,

pormenorizada... É um sinal dos tempos...

A indicação de uma época na qual o

homem é forçado a escolher o curto, o

condensado, o resumido, em lugar do

volumoso” (citado por Edgard Cavalheiro

na introdução de Maravilhas do conto

universal ).

O conto sempre fascinou o ser humano. Nas palavras ditas ou escritas

de um bom narrador, os acontecimentos adquirem vida. É a arte da

imaginação, onde somos transportados para outro mundo real. Lá

acompanhamos os personagens em suas aventuras e em seus dramas e

compartilhamos suas alegrias e tristezas.

A presente pesquisa justifica-se pela necessidade de busca de

informações que permitam ao professor ampliar e melhorar sua prática, para

que esta reflita em uma aprendizagem mais significativa.

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Tendo em vista que todos os textos se manifestam sempre num ou

noutro gênero textual, um maior conhecimento do funcionamento dos gêneros

textuais é importante, tanto para a produção, como para a compreensão. Daí

dizer que os gêneros são modelos comunicativos. Servem, muitas vezes, para

criar uma expectativa no interlocutor e prepará-lo para uma determinada

reação. Bakhtin (2003) conceitua o gênero textual como:

“são tipos relativamente estáveis de

enunciado definidos, por seu conteúdo

temático, por seu estilo, por sua construção

composicional.”

Os gêneros que circulam socialmente contribuem para organizar e

estabilizar as atividades comunicativas. Cada gênero apresenta conteúdos

específicos de ensino a ele relacionados, elementos estes que fazem com que

o texto pertença àquele gênero e não a outro. Dentre todos os gêneros, escolhi

o conto para desenvolver meu trabalho.

Para Silva (2005, p. 24; SEED – Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa, p. 57):

[...] a prática de leitura é um

princípio de cidadania, ou seja, o leitor

cidadão, pelas diferentes práticas de

leitura, pode ficar sabendo quais são suas

obrigações e também pode defender os

seus direitos, além de ficar aberto às

conquistas de outros direitos necessários

para uma sociedade justa, democrática e

feliz.

Nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (2001,

p.69) definem a leitura como:

“A leitura é o processo no qual o leitor

realiza um trabalho ativo de compreensão e

interpretação do texto, a partir de seus

objetivos, de seu conhecimento sobre o

assunto, obre o autor, de tudo que se sabe

sobre a linguagem etc. Não se trata de extrair

informações, decodificando letra por letra,

palavra por palavra. Trata-se de uma

atividade que implica estratégias de seleção,

antecipação, inferências e verificação, sem os

quais não é possível proficiência.

(PCNs,2001)”.

De acordo com Hoffmann (1996, p. 20)

“A leitura faz com que o leitor entre num

processo de participação dos valores culturais

da humanidade! A pessoa que lê se torna mais

consciente da realidade que a cerca,

conseqüentemente se torna mais livre e

tornando-se mais livre torna se mais

responsável e dentro de uma linha de evolução

tornar-se-á mais feliz”.

Quanto à invenção temática, o conto tem exercido, ainda e sempre, o

papel de lugar privilegiado em que se dizem situações exemplares vividas pelo

homem contemporâneo. Se o romance é um trançado de eventos, o conto

tende a cumprir-se na visada intensa de uma situação, real ou imaginária, para

a qual convergem signos de pessoas e de ações e um discurso que os amarra

O contista é um pescador de momentos singulares cheios de

significação. Inventar, de novo: descobrir o que os outros não souberam ver

com tanta clareza, não souberam sentir com tanta força. Literariamente: o

contista explora no discurso ficcional uma hora intensa e aguda da percepção.

Numa entrevista ao jornal Folha de São Paulo ( de 04 de fevereiro de

1996, página 5 – 11 ), Moacyr Scliar ( 1937 ), conhecido como romancista e

contista, revela sua preferência pelo conto:

“Eu valorizo mais o conto como

forma literária. Em termos de criação, o

conto exige muito mais do que o

romance... Eu me lembro de vários

romances em que pulei pedaços, trechos

muito chatos. Já o conto não tem meio

termo, ou é bom ou é ruim. É um desafio

fantástico. As limitações do conto estão

associadas ao fato de ser um gênero

curto, que as pessoas ligam a uma idéia

de facilidade; é por isso que todo escritor

começa contista”.

Júlio Cortázar, em “Alguns aspectos do conto”, nos lembra:

“se não tivermos uma ideia viva do que

é o conto, teremos perdido tempo, porque um

conto, em última análise, se move nesse

plano do homem onde a vida e a expressão

escrita dessa vida travam uma batalha

fraternal, se me for permitido o termo; e o

resultado dessa batalha é o próprio conto, uma

síntese viva ao mesmo tempo que uma vida

sintetizada, algo assim como um tremor de

água dentro de um cristal, uma fugacidade

numa permanência. Só com imagens se pode

transmitir essa alquimia secreta que explica a

profunda ressonância que um grande conto

tem em nós, e que explica também por que há

tão poucos contos verdadeiramente grandes”.

O conto sempre fascinou o ser humano. Nas palavras ditas ou escritas

de um bom narrador, os acontecimentos adquirem vida. É a arte da

imaginação, onde somos transportados para outro mundo real. Lá

acompanhamos os personagens em suas aventuras e em seus dramas e

compartilhamos suas alegrias e tristezas.

4 DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES

A implementação deste projeto de intervenção pedagógica foi

desenvolvida com uma das turmas das séries finais do Ensino Fundamental, do

Colégio Estadual Barão do Cerro Azul, em Ivaiporã.

No primeiro momento da implementação pedagógica do projeto de

leitura “Incentivo à leitura através de contos brasileiros contemporâneos”,

apresentei aos alunos do Ensino Fundamental, o material que seria utilizado

para o desenvolvimento do trabalho, destacando a importância do

desenvolvimento do gosto pela leitura.

Logo de início foi possível perceber o interesse e o entusiasmo da turma

em participar do projeto, nenhum dos envolvidos apresentou resistência.

Antes de iniciar as atividades propriamente ditas, pedi aos alunos que

respondessem alguns questionamentos orais sobre leituras realizadas por eles

no cotidiano. Os alunos responderam as questões e assim procederam de

forma atenciosa.

Após responderem aos questionamentos, disponibilizei aos alunos

diversos tipos de gêneros textuais: revistas, jornais que circulam no município,

gibis, livros de literatura (conto, romance, novela, teatro) e propus que ficassem

à vontade para ler o material exposto em sala de aula.

Em seguida, passamos a comentar algumas histórias lidas, suas

personagens, temas e relações com a realidade atual. Pude constatar que foi

um trabalho muito positivo, pois houve a participação de todos os alunos, eles

expuseram suas opiniões sobre os assuntos ali tratados, especialmente

focamos nosso olhar nos textos contos. Também foi feito um levantamento oral

para saber o que os alunos já sabiam a respeito de gênero textual.

No segundo momento, verifiquei junto aos alunos se já ouviram ou leram

algum conto e o que sabiam a respeito dele. Após isto fiz algumas explicações,

falando sobre as características do conto: a estrutura, o tempo, o espaço, a

temática, os personagens e o mecanismo de construção do conto.

Em outra oportunidade fomos até o laboratório de informática para um

aprofundamento maior sobre o conto. As pesquisas foram fixadas no quadro

mural na sala de aula. Os alunos participaram ativamente de todas as

atividades propostas.

Para a etapa seguinte o trabalho foi individual entre os alunos. Levei

para a sala de aula as obras pré selecionadas. Oportunizei tempo para que os

alunos pudessem confrontar seus livros com os dos colegas e também para

que os mesmos pudessem familiarizar-se com os contos. A leitura foi feita em

sala de aula, porém os educandos puderam levar os livros para casa e assim

continuar a leitura dos mesmos. Puderam também num outro momento fazer a

troca dos livros de contos entre eles, para que pudessem ter contato com

vários contos.

Para esta atividade pedi que formassem grupos de quatro alunos. Na

sequência, eles deveriam selecionar um conto mais impactantes para lê-los ou

contar para a classe. Após os contos terem sido selecionados pelos

educandos, fizemos um grande círculo em sala para a contação dos contos.

Obtive uma excelente participação de toda a classe neste trabalho.

No desenrolar do projeto, passei a distribuir livros de contos entre os

estudantes, pois eles queriam continuar a leitura em casa.

Dando sequência às atividades trouxe para sala de aula o conto: Uma

viagem dentro da noite, de Fernando Bonassi.

A leitura do conto foi realizada com os alunos em sala de aula. Logo

após a leitura, analisamos o espaço onde ocorreu o conflito e a importância

desse espaço para o conto.

Após a realização de atividades de interpretação e de reflexão sobre o

assunto ali tratado, foi proposto aos educandos a elaboração de um novo

desfecho. Eles deveriam escrever esta mesma história, dando um novo

desfecho. Foi uma oficina de produção de texto bastante proveitosa, pois

houve a participação ativa dos alunos. Eles produziram desfechos muito

criativos. Para finalizar, os alunos realizaram a leitura dos seus textos para toda

a classe, a qual dava total atenção a cada final de história que ia sendo

apresentado.

Outra atividade foi realizada com o conto: O primeiro beijo, de Clarice

Lispector. Pudemos destacar as seguintes características no conto:

• História curta.

• Poucos personagens.

• Ação limitada a poucos lugares (espaço limitado).

• Tempo limitado a um momento significativo na vida dos personagens.

• Focaliza um momento importante, conflituoso, na vida do personagem

principal. Para finalizar os estudantes fixaram no mural da sala de aula os

contos, juntamente com as outras informações já coletadas sobre o gênero

conto.

Foram realizadas ainda outras oportunidades de leitura de contos como:

O primeiro amor, de Ana Miranda e O sorriso de Lúcifer, de Moacyr Scliar.

Os alunos foram convidados a ler livremente os textos, sem cobranças

posteriores, apenas pelo prazer de ler. E eles adoraram o texto, o ato de ler foi

prazeroso, fomentando o gosto pela leitura e impulsionando o hábito de ler.

E para finalizar a implementação do projeto de leitura os alunos fizeram

um trabalho de pesquisa com o título: Alunos em ação.

JOVENS DE ONTEMX

JOVENS DE HOJE

O que mudou? O que continua igual?

Cada geração de jovens tem os próprios interesses, gostos e também

um certo tipo de atitude que a caracteriza. Isso costuma variar muito de

geração para geração, em virtude do contexto histórico e cultural de

determinada época em que vivem ou viveram.

Pensando neste contexto fizemos uma pesquisa com os jovens de

ontem e de hoje. O que pensam os jovens de hoje, quais seus desejos e

gostos? E o que pensavam os jovens de ontem?

De fato, este projeto desencadeou uma grande procura por livros de

contos. Organizamos uma estante de leituras de contos na biblioteca para que

os alunos realizassem leituras de textos desse gênero, o que resultou numa

prática mantida até os dias atuais e que, continuamente, iremos alimentar, pois

colhemos seus resultados.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho de pesquisa buscou fazer um estudo sobre a importância

dos contos para o desenvolvimento do gosto pela leitura. Por meio dele,

nossos alunos adquiriram um hábito saudável de leitura.

O tema dos contos trabalhados juventude veio de encontro aos

interesses da época pela qual estão vivendo. Trabalharam com grande

interesse, queriam conhecer os mistérios dessa fase, muitas vezes complicada

e conturbada para alguns dos jovens. Também expuseram seus dramas e

casos vividos, cada um queria narrar suas histórias. Foi muito gratificante poder

desenvolver junto a uma turma de jovens um trabalho grandioso como esse.

Pude no decorrer das atividades conhecer um pouco mais da vida desses

jovens, suas preferências, seus gostos, seus medos, suas angústias, suas

expectativas para o futuro, enfim seu dia a dia.

Quanto à participação dos alunos nos trabalhos, estes demonstraram

grande empenho e entusiasmo durante todas as etapas de desenvolvimento do

projeto. Como resultado deste investimento pedagógico, vimos o

desenvolvimento da expressão oral, da habilidade em leitura e em análise

linguística e de maior facilidade na escrita. Além disso, o trabalho favoreceu a

conscientização sobre o tema abordado.

Esta pesquisa tem o propósito de ser mais um subsídio à disposição

dos colegas professores para a formação de novos leitores. Por intermédio

deste estudo, foi possível constatar que a maioria dos educandos precisam

receber estímulos para que possam desenvolver o prazer e o hábito da leitura.

6 REFERÊNCIAS

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2006.

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Fronteira, 2001.

BAKHTIN, Mikhail. “Os gêneros do discurso”,in: BAKHTIN, m. Estética da

Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003, pp.275-326

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<http://www.jackbran.pro.br/redacao/teoria_do_conto.htm>. Acessado em:

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Rafaela Fetzner. Gêneros de texto no dia-a-dia do Ensino Fundamental. 1.

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Ladeira,Julieta de Godoy. Antologia de Contos Brasileiros

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Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino

fundamental: Língua Portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 2001.

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