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territorium 13 59 INCÊNDIOS FLORESTAIS ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE PREVENÇÃO E MITOS DO COMBATE Luciano Lourenço [email protected] NúcleodeInvestigaçãoCientíficadeIncêndiosFlorestais Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra RESUMO Os incêndios florestais em Portugal são um tema sobre o qual todos temos opinião formada, quase sempre baseada em relatos veiculados pela comunicação social e que, nem sempre, ajudam a uma correcta percepção de realidade e da dimensão do problema. Semsepretenderesboçaraquiessaanáliseexaustiva,apresentam-sealgumasreflexõesquepoderãocontribuir para uma opinião mais sustentada do tema dos incêndios florestais, designadamente sobre algumas das razões que contribuíram para a evolução verificada ao longo dos últimos. De entre elas mencionam-se aquelas que mais condicionaram a existência de uma prevenção séria e eficaz, do mesmo modo que se consideram alguns dos constrangimentos a uma actuação mais eficiente dos bombeiros. Palavraschave:Incêndiosflorestais;prevenção; ABSTRACT InPortugaleveryonehasanopinionaboutforestfiresbased,mostofthetime,onthedescriptionsmadebythemedia,which often,althoughtnotalways,arenotveryhelpfulintermsofgivingacorrect perceptionoftherealityandtherealdimension oftheproblem. Itisnotourintentiontopresenthereanexhaustinganalysisofthisproblem,buttocontributetogiveinformationaboutforest fires,pointingoutsomeofthecausesthathadcontributedtotheevolutionofthelastones. Amongthem,itisdescrivedwhathaveconditionedaseriousandefficientfire’sprevention,anditisalsoanalysedwhat have limitedthefiremen’saction,which without thekindof impedimentdescribed,couldhavebeenfarmoreefficient. Key words:Forestfires;prevention;combat. RÉSUMÉ AuPortugaltoutlemondeauneopinionausujetdesfeuxdeforêtfondée,engénérale,surlesdescriptionsqui enfontlesmédias,responsablessouvent,quoiquepastoujours,d’uneperceptionpeucorrectedelaréalitéetla vraiedimensionduproblème. Cen’estpasnotreintentiondefairel’analysecomplètedeceproblème,maisseulementdecontribueràdonner desinformationsquipuissantcontribueràformerdesopinionsplussoutenusausujetdesfeuxdeforêt,en précisantcertainesdescausesquiontcontribuéàl’évolutiondesplusrécents. Parmicescauses,cellesquiontaconditionnéunesérieuseetefficacepréventiondesincendies,onfaitl’analyse aussitoutcequialimitél’actiondespompiers,qui,sanscescontraites,auraitpuêtrebienplusefficace. Motsclés: Feuxdeforêt;prévention,combat. pp. 59-70

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59INCÊNDIOS FLORESTAIS

ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE PREVENÇÃO E MITOS DO COMBATE

Luciano Lourenço

[email protected]úcleo de Investigação Científica de Incêndios Florestais

Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra

RESUMO

Os incêndios florestais em Portugal são um tema sobre o qual todos temos opinião formada, quase semprebaseada em relatos veiculados pela comunicação social e que, nem sempre, ajudam a uma correcta percepçãode realidade e da dimensão do problema.Sem se pretender esboçar aqui essa análise exaustiva, apresentam-se algumas reflexões que poderão contribuirpara uma opinião mais sustentada do tema dos incêndios florestais, designadamente sobre algumas dasrazões que contribuíram para a evolução verificada ao longo dos últimos.De entre elas mencionam-se aquelas que mais condicionaram a existência de uma prevenção séria e eficaz, domesmo modo que se consideram alguns dos constrangimentos a uma actuação mais eficiente dos bombeiros.

Palavras chave: Incêndios florestais; prevenção;

ABSTRACT

In Portugal everyone has an opinion about forest fires based, most of the time, on the descriptions made by the media, whichoften, althought not always, are not very helpful in terms of giving a correct perception of the reality and the real dimensionof the problem.It is not our intention to present here an exhausting analysis of this problem, but to contribute to give information about forestfires, pointing out some of the causes that had contributed to the evolution of the last ones.Among them, it is descrived what have conditioned a serious and efficient fire’s prevention, and it is also analysed what havelimited the firemen’s action, which without the kind of impediment described, could have been far more efficient.

Key words: Forest fires; prevention; combat.

RÉSUMÉ

Au Portugal tout le monde a une opinion au sujet des feux de forêt fondée, en générale, sur les descriptions quien font les médias, responsables souvent, quoique pas toujours, d’ une perception peu correcte de la réalité et lavraie dimension du problème.Ce n’est pas notre intention de faire l’ analyse complète de ce problème, mais seulement de contribuer à donnerdes informations qui puissant contribuer à former des opinions plus soutenus au sujet des feux de forêt, enprécisant certaines des causes qui ont contribué à l’évolution des plus récents.Parmi ces causes, celles qui ont a conditionné une sérieuse et efficace prévention des incendies, on fait l’analyseaussi tout ce qui a limité l’action des pompiers, qui, sans ces contraites, aurait pu être bien plus efficace.

Mots clés: Feux de forêt; prévention, combat.

pp. 59-70

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Introdução

Ao longo dos anos ouvimos, por diversas vezes, o Engº.Moreira da Silva afirmar: “Os incêndios florestais, sen-do uma calamidade, não são uma fatalidade”.

Se concordamos plenamente com esta afirmação, tam-bém verificamos que, sobretudo por inépcia, cada vezvai sendo mais difícil sustentá-la, dado que os incêndiosparecem estar a transformar-se efectivamente numa fata-lidade, quer devido ao elevado número de eclosões,quer às vastas áreas incineradas todos os anos.

De igual modo, também todos concordamos com anecessidade de continuar a combater os incêndiosflorestais, para evitar danos ainda maiores. Mas, domesmo modo, também todos estamos de acordo quea resolução do problema não passa só pela supres-são, uma vez que o combate não passa de “um reme-deio, o último remedeio, um mau recurso” (A. Ribeirode Almeida, 1993, p. 53).

Com efeito, os bombeiros referem frequentemente que“os fogos não se apagam, evitam-se, previnem-se!”,porque estão plenamente conscientes de que é na pre-venção que podemos encontrar a chave para o pro-blema. No entanto, se essa solução foi há muito en-contrada, não percebemos porque é que ainda nãofoi aplicada ou, talvez melhor, porque é que tardatanto em ser aplicada de modo eficaz e consistente?

A resposta completa a esta questão comporta váriasordens de razões, mas, tendo em conta apenas as maisimportantes, podemos resumi-las nas três seguintes:

1. Porque a prevenção consiste, essencialmente, naexecução de coisas simples, ou seja, poucoespectaculares e, concomitantemente, pouco valo-rizadas em termos mediáticos, ao mesmo tempoque não possibilitam a obtenção fácil de grandeslucros imediatos ou mesmo a curto prazo.

2. Porque a prevenção implica mudar hábitos quotidianos, quase sempre muito arreigados, e que, por isso,não são nada fáceis de alterar, tanto mais que, intrin-secamente, somos, por regra, resistentes à mudança.

3. Porque é mais fácil ficar à espera que os outros –sejam eles o Governo, a Câmara Municipal, a Associ-ação Florestal, o vizinho, … – façam aquilo que com-pete a cada um de nós realizar, quer enquanto pesso-as individuais, quer como dirigentes de cada umadas instituições com responsabilidades na matéria.

Ora, se cada um de nós fizesse aquelas coisas simplesque estão ao seu alcance para alterar o estado em quese encontra a floresta portuguesa, e apenas essas, comoseria bem diferente o panorama da nossa floresta e, porconseguinte e como consequência, o dos incêndios flo-restais!

No entanto e infelizmente, isso não irá acontecer nospróximos anos, pelo que se torna necessário desen-volver acções concertadas que contribuam para alte-rar o panorama nacional dos inccêndios florestais.

Com efeito, o ano de 2003 foi demasiado mau parajá se ter esquecido. Mas, como não fomos capazesde reagir rapidamente, mesmo depois dessa catástro-fe, tomando as medidas que há muito se impunham, oano de 2005 voltou a ser catastrófico, com resultadosque, mais uma vez, clamam pela urgência daimplementação dessas acções. E se nada deestruturante for feito nos próximos tempos, tambémnada obstará a que 2007 ou 2008 ou qualquer um dosanos seguintes, não venham a ser de novo anos proble-máticos, pois continuaremos essencialmente dependen-tes das condições meteorológicas, propícias ou desfa-voráveis à ocorrência e propagação do fogo.

No entanto, para que não restem dúvidas e para quefique bem claro logo desde o início, convém frisar,desde já, que ao partilharmos com um público especí-fico, leitor de uma revista científica especializada emriscos, algumas das nossas reflexões sobre um temaque, desde 1985, temos vindo a investigar e a que,além disso, fomos chamados a participar maisdirectamente na sua resolução, através do desempe-nho de funções dirigentes relacionadas com essasmatérias, devemos confessar que não nos movem quais-quer outros interesses que não sejam os de dar conta,numa perspectiva científica e técnica, de algumas dasobservações efectuadas através da vivência e do acom-panhamento muito próximo do problema e que nospermitem aflorar uma visão porventura um pouco dife-rente daquela que é habitualmente veiculada pelosórgãos de comunicação social.

Enquadramento do problema

Muitos portugueses, uns por natureza e outros porcomodidade, deixam-se levar pela tendência do “dei-xa andar”, ficando na expectativa de que as coisas seresolvam por si só, propensão que desde há muitoque procuramos contrariar. Deste modo e mais umavez, por coincidência no ano anterior ao de 2003,apelámos publicamente1 para a necessidade de rapi-damente se procurar encontrar solução para o duplo

_________________________________________________1 Ao abordar o tema “A questão dos fogos florestais em Portugal. Procura desoluções”, tratado durante a comunicação “Experiências e tendências daeducação ambiental para a questão dos fogos florestais em Portugal”, apre-sentada ao workshop Strategies for fire education. Lousã, 14 a 16 de Fevereirode 2002.

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problema associado aos incêndios florestais: o insus-tentável número anual de ocorrências e, por outrolado, a vastidão das áreas ardidas.

A solução passa, quanto a nós, pela aplicação dediversas medidas, algumas delas muito simples e ne-cessariamente complementares de outras que se re-vestem de maior complexidade.

Com efeito, no que respeita ao número de ocorrênci-as, todos sabemos desde há muito que as causas e assoluções estão identificadas, isto é:

a) As causas das ignições são essencialmente de na-tureza humana, variáveis de local para local e, porvezes, de uns anos para os outros;

b) As soluções passam, em primeiro ligar, pela identi-ficação de cada uma dessas causas e, depois, pelasensibilização, educação e responsabilização dosdiferentes intervenientes.

Do mesmo modo, no que concerne à extensão dasáreas ardidas, também todos conhecemos as causasque as originam e as soluções que devem serimplementadas e que podemos resumir do seguintemodo:

a) As causas da fácil progressão estão intimamente as-sociadas às condições que interferem na propaga-ção do fogo e que, normalmente, se resumem apenasàs de natureza física (relevo, condiçõesmeteorológicas e combustível), o que sendo correctonão traduz a realidade, uma vez que, além destas, omodo como se processam as operação de combateé determinante para o sucesso ou insucesso das ope-rações.

Por sua vez, como também sabemos, o (in)sucessoestá condicionado e dependente de múltiplos e varia-dos factores, que vão desde os recursos físicos e hu-manos disponibilizados, designadamente o seu nú-mero e estado – que nem sempre são os mais adequa-dos para garantir o rápido sucesso da operação –até à prontidão com que são mobilizados – que nemsempre é a desejável –, e ainda de outros que lhes sãoextrínsecos, mas que por vezes interferem directamenteno desenrolar das operações.

De entre estes, salientamos a existência de vidas hu-manas e/ou de animais domésticos em risco, a neces-sidade de salvaguarda de outros bens, porventura commaior valor (económico, social ou afectivo) do que afloresta ou, ainda, a imprevista existência de materi-ais estranhos à floresta, como sejam resíduos de vári-os tipos, que podem alterar as características iniciaisda missão e, em consequência, comprometer o seu

desejado sucesso num curto espaço de tempo.

b) A solução para estes diferentes tipos de problemaspassa, essencialmente, pela realização dos três ti-pos de acções seguintes:

1. Prevenção, com intervenção a nível doordenamento e da gestão florestal,designadamente dando prioridade à implanta-ção e, depois, promovendo a manutenção dasredes primária e secundária de defesa da flores-ta contra incêndios;

2. Pré-supressão, com intervenções ao nível da vigi-lância e detecção, do sistema de aviso e alerta,da estrutura e organização de apoio à pré-su-pressão e, por último, da avaliação da eficácia eeficiência de todo o sistema;

3. Supressão, com intervenção ao nível dos diferen-tes actores envolvidos na organização de com-bate, desde a identificação das responsabilida-des de cada um deles, passando pelas técnicas etácticas que lhes compete utilizar, sustentadas emformação devidamente certificada, até à adequa-ção dos meios e equipamentos disponibilizadospara o desempenho da respectiva missão, con-cluindo com a natural avalição da eficácia e efi-ciência.

Incongruências da prevenção

Posto isto, quando em 2002 analisámos o que erafeito para reduzir o número de ocorrências ou paraevitar a propagação dos incêndios florestais, rapida-mente percebemos que a grande aposta e o grandeinvestimento financeiro, estavam a ser feitos no com-bate, se bem que também fossem gastas avultadasverbas ditas em prevenção, mas que só o eramcontabilisticamente, pois na generalidade não surti-ram qualquer efeito em termos de prevenção, porquequase sempre corresponderam a medidas avulsas, semgrande envolvimento dos proprietários florestais e comalguns gestores a parecerem estar mais preocupadosem gastar as verbas disponibilizadas pelos fundoscomunitários do que em solucionar os problemas dafloresta através prevenção de incêndios, chegando aser imputados à prevenção custos de equipamentos usa-dos no funcionamento normal dos serviços.

Assim, para melhor percepção do modo como temevoluído a prevenção de incêndios florestais, faça-mos um breve percurso à sua história recente, com

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base no preâmbulo do Relatório de Actividades daAgência para a Prevenção de Incêndios Florestais,relativo ao período 2004-06, que designámos “Umlegado para o futuro” (L. Lourenço et al., 2006, p. 4-6)e a que poucos tiveram acesso2.

Num contexto de progressiva preocupação relativa-mente ao abandono da floresta, e, concomitantemente,ao aparecimento dos primeiros grandes incêndios flo-restais ocorridos tanto na região do Pinhal Interiorcomo em alguns perímetros florestais geridos peloEstado. Comecemos pelo Decreto-Lei n.º 488/70, pu-blicado curiosamente no Ano Europeu da Conserva-ção da Natureza e que, pela primeira vez, definiu umSistema de Defesa da Floresta contra Incêndios.

Já nessa altura, o próprio legislador, observando nãosó a especificidade da propriedade privada, mas tam-bém a própria escassez de mão-de-obra disponívelpara a execução de tarefas de prevenção e supres-são de incêndios florestais, preconizou uma acçãoconcertada de diversas entidades (forças militares,militarizadas e policiais, bombeiros, etc ), para a pre-venção e extinção de incêndios a nível distrital, cujacoordenação técnica dos trabalhos de extinção erada competência dos Serviços Florestais do Estado. Oreconhecimento natural desta capacidade de coorde-nação resultava do facto dos Serviços Florestais pos-suírem uma capacidade técnica e operacionalinvulgar, decorrente do profundo conhecimento quedetinham do território nacional.

Depois, devido à instabilidade que se seguiu ao perí-odo revolucionário de 1974, com reflexos ao nível daautoridade do Estado, propiciou todo um conjunto deactividades ilegais, também na floresta, num quadrode perfeita impunidade, a actuação dos Serviços Flo-restais do Estado remeteu-se aos perímetros florestaispropriedade do Estado e aos baldios.

Por sua vez, a criação da Comissão Instaladora doServiço Nacional de Protecção Civil, em 1975, que con-solidou as comissões distritais criadas em 1970, a pardo aumento significativo da área queimada no territóriocontinental (cerca de 44 000 ha/ano), levou a que, noinício da década de 80, fosse publicado o Decreto-Lein.º 327/80, que revogou o Decreto-Lei n.º 488/70 edeslocou a coordenação das acções de protecção,detecção e combate aos fogos florestais para a esferade actuação dos órgãos regionais de protecção civil.

A partir daqui, os princípios dessa actuação aponta-ram sempre mais para o reforço dos meios de comba-te, apoiados nos corpos de bombeiros e numa pers-pectiva de resultados rápidos e a curto prazo, do que,em contrapartida, no reforço das medidas de preven-ção que, numa lógica de longo prazo, poderiam vir apermitir a resolução dos problemas estruturais da flo-resta nacional.

Nesse mesmo ano de 1980, foram criados no âmbitodo Ministério da Administração Interna, o ServiçoNacional de Bombeiros e o Serviço Nacional deProtecção Civil, e em Dezembro do ano seguinte (Decreto Regulamentar n.º 55/81 ) clarificaram-se ascompetências das diferentes entidades:

• Os Serviços Florestais do Estado passaram a ficarresponsáveis apenas pela prevenção e detecção;

• Os Corpos de Bombeiros passaram a responderpelo combate e rescaldo;

• Os Municípios assumiram a responsabilidade daprotecção civil municipal e da dinamização das Comis-sões Municipais Especializadas em Fogos Florestais.

Com este novo enquadramento, os Serviços Florestaisdo Estado concentraram-se numa actuação derearborização das áreas ardidas, exclusivamentedirigida para os espaços públicos e comunitários.Entretanto, nas propriedades privadas, foram sendofeitas rearborizações que, em muitos casos, não ob-servaram as preocupações inerentes à defesa da flo-resta contra incêndios.

Por outro lado, a existência de um corpo técnico flo-restal do Estado, algo envelhecido e com instalaçõese outras infra-estruturas desajustadas da realidade, apar da própria especificidade dos corpos de bombei-ros, então essencialmente vocacionados para o com-bate a incêndios urbanos e a quem não foi transmitidanem a experiência nem o conhecimento e saber acu-mulados pelos Serviços Florestais, não conseguiramcriar as condições necessárias para inverter o pano-rama dos incêndios florestais.

Além disso, na sua esmagadora maioria, os bombei-ros não estavam (e muitos ainda continuam a nãoestar) certificados para combater incêndios florestais,pelo que o seu conhecimento é insuficiente, quer emtermos do território onde se desenvolvem os incêndi-os, quer do comportamento do fogo florestal. Por suavez, muito do equipamento que possuem nem sempreé o mais adequado para o combate a fogo florestal,devido ao excessivo e sistemático, para não se dizerexclusivo, recurso à água. Raramente usam materialsapador (ferramentas manuais) ou a técnica do fogo

_________________________________________________2 Estamos gratos ao Dr. José Magalhães Castela, ao tempo Chefe de Divisãoda APIF, pela colaboração emprestada à redacção do preâmbulo, e aostécnicos superiores da Agência por todo o empenho e dedicação colocadosna elaboração deste Relatório de Actividades, a qual decorreu em condições

muito adversas.

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controlado, o que não lhes permite assumir uma verda-deira atitude de defesa da floresta contra incêndios.

Acresce ainda que, a conjuntura social que se verifica-va na década de 80 do século passado, baseada nodespovoamento e envelhecimento da população ru-ral, se traduziu no acréscimo do preço da mão-de-obra rural face à sua escassez, na progressiva extinçãoda prática de recolha de matos para “ camas “ dosanimais, na fácil acessibilidade a fertilizantes artifici-ais em substituição dos estrumes tradicionais, na redu-ção do consumo de lenhas, fruto da electrificaçãocrescente e da divulgação do gás em garrafas,factores que contribuiram para o progessivo e contí-nuo aumento da biomassa disponível na floresta.

Por outro lado, a manutenção de uma conjunturaeconómico-social desfavorável manteve o incipientenível de mecanização, que não conseguiu substituir amão de obra perdida, e também levou à redução dospreços da resina. De igual modo, a pequena dimen-são da propriedade, bem como a incorrecta gestãodos espaços florestais, foram factores que não só difi-cultaram a defesa da floresta contra incêndios, mastambém contribuíram para acentuar a desvalorizaçãoda utilidade social, económica e ambiental da flores-ta e dos espaços com aptidão florestal.

Por último, o aumento do risco de incêndio, aagudização da perda de competitividade e deatractividade para o investimento no sector florestal,salvo algumas excepções, conduziram a situaçõesefectivas de abandono da floresta, uma vez que estadetinha um baixo valor económico, apresentava cres-centes problemas fitossanitários e estava exposta aum elevado risco de incêndio.

Entretanto, com a adesão à então ComunidadeEconómica Europeia e, concomitantemente, com aentrada de receitas provenientes do respectivo Qua-dro Comunitário de Apoio, embora se tenha verifica-do uma certa expansão florestal, suportada pelo Pro-grama de Acção Florestal, ao não ser acompanhadapor orientações claras no tocante a uma política flo-restal adequada e, face à crescente competitividademundial, não se procedeu à valorização da floresta,tendo-se antes assistido a um período de estabiliza-ção dos preços e, por isso, lentamente, a floresta con-tinuou a perder valor.

Por sua vez, a Comissão Nacional Especializada deFogos Florestais, órgão colegial criado em 1987 nadependência da Presidência de Conselho de Minis-tros, entretanto reestruturada e transferida, em 1991,para a tutela do Ministério da Administração Interna,passou a assumir a liderança da floresta privada, em

parcería com os municípios, essencialmente ao nívelda infra-estruturação do território e da sensibilização.Em simultâneo, os Serviços Florestais do Estado, defi-niram um Plano de Desenvolvimento Florestal que visa-va a gestão dos espaços florestais públicos e comuni-tários sujeitos a regime florestal, mas tanto aimplementação como a monitorização desse planonunca foram alvo de um processo próprio, pelo quese foi assistindo a uma erosão gradual da capacida-de técnica dos Serviços Florestais.

Por outro lado, o aumento quer do número dasocorrêndias quer da dimensão das áreas ardidas,aspectos sempre recorrentes na discussão do proble-ma, esteve na base da aprovação tanto da Lei deBases de Protecção Civil (em 1991), sem qualquerreferência à defesa da floresta, como da Lei de Basesde Política Florestal (em 1996), sem qualquer referên-cia à protecção civil. Aliás, esta última previa mesmoa criação de uma estrutura (nacional, regional e sub-regional) com funções de planeamento e coordena-ção das acções de prevenção e detecção de incêndi-os florestais, que nunca chegou a ser concretizada.Além disso, a manutenção de uma política de claraseparação entre prevenção e combate, não poderiadeixar de resultar numa nítida ausência de resultadossatisfatórios, em termos de defesa da floresta contraincêndios.

Depois, com a integração das Circunscrições Flores-tais, do então Instituto Florestal, nas Direcções Regio-nais de Agricultura, a prevenção agravou-se aindamais, uma vez que não se produziram resultados sig-nificativos em termos de defesa da floresta contra in-cêndios. Basta referir que os próprios programas co-munitários, que continham uma linha de investimentopara a redução do risco de incêndio, foramdimensionados para promover a arborização, qua-se sempre sem prevenir as causas dos incêndios e sempartilhar o risco com o proprietário, não o vinculandoefectivamente à gestão da área arborizada, permitindoassim um contínuo aumento da carga de combustível.

Deste modo, houve necessidade de introduzir algu-mas alterações tanto ao modelo de combate, nomea-damente através da instituição de Grupos de PrimeirraIntervenção, como ao da gestão dos espaços flores-tais, tendo sido criado, em 1999, o Programa deSapadores Florestais, não só com esse fim, mas tam-bém com o objectivo de dar apoio à vigilância, àprimeira intervenção e ao rescaldo, tendo-se entãoaberto uma nona janela de oportunidade e deesparança para a prevenção. Contudo, para que esteprograma possa cumprir os seus objectivos precisade uma redefinição do seu enquadramento.

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Depois, em 2003, assistiu-se à criação do ServiçoNacional de Bombeiros e Protecção Civil, resultanteda fusão dos anteriores Serviço Nacional de Bombei-ros, Serviço Nacional de Protecção Civil e ComissãoNacional Especializada em Fogos Florestais, com umaclara subalternização desta, ao ver-se transformadaem Núcleo Florestal que, rapidamente, acabou porser extinto. Este modelo não apresentou novidades emtermos de defesa da floresta contra incêndios, bemantes pelo contrário, pois valorizou o combate aofogo florestal, efectuado por pessoal não certificadoe a continuar a depender excessivamente do recursoà água e aos meios aéreos, com notórias deficiênci-as, quer em termos de comando, quer de coordena-ção logística, ao ponto de 2003 ter sido o ano queregistou a maior área ardida desde sempre.

Era imperioso agir.

A criação da Secretaria de Estado das Florestas, noâmbito do Ministério da Agricultura, do Desenvolvi-mento Rural e das Pescas, a par da Resolução doConselho de Ministros n.º 178/2003, de 17 de No-vembro, que aprovou as linhas orientadoras da Refor-ma Estrutural do Sector Florestal, marcaram o iníciode uma verdadeira tentativa de alterar a política flo-restal portuguesa.

Com efeito, esta reforma pretendia vir a desenvolver-se em torno de cinco vectores, que passaram a consti-tuir os cinco pilares em que se pretendeu assentar asolução para os problemas conjunturais que continu-am a afectar o sistema de defesa da floresta contraincêndios, a saber:

1. Novo modelo orgânico para o sector das florestas;

2. Reordenamento e gestão florestal;

3. Financiamento e fiscalidade;

4. Reestruturação do sistema de defesa da florestacontra incêndios;

5. Reflorestação das áreas ardidas.

Para sustentar e desenvolver estes pilaresforam publi-cados, em 2004, diversos diplomas de que destaca-mos os seguintes:

• Decreto Regulamentar nº 5/2004 – criou a Agên-cia para a Prevenção de Incêndios Florestais;

• Decreto-Lei nº 63/2004 – criou o Fundo FlorestalPermanente;

• Decreto-Lei nº 80/2004 – definiu a Lei Orgânica daDirecção-Geral dos Recursos Florestais;

• Lei nº 14/2004 – criou as Comissões Municipais deDefesa da Floresta contra Incêndios;

• Decreto-Lei n.º 156/2004 – estabeleceu as medi-das e acções no âmbito do Sistema de Protecçãoda Floresta contra Incêndios;

De entre todos estes diplomas, só uma breve referên-cia ao primeiro e ao último, que entretanto, deixaramde estar em vigor. A Agência para a Prevenção deIncêndios Florestais, criada com a missão de concer-tar estratégias e compatibilizar e orientar acções con-cretas de prevenção e protecção da floresta contraincêndios, viria a ser extinta em 23 de Março (Decre-to-Lei n.º 69/2006). Por sua vez, o sistema nacionalde prevenção e protecção da floresta contra incêndi-os, diploma legal que veio estabelecer um novo qua-dro orientador das medidas e acções a desenvolverno âmbito da defesa da floresta contra incêndios, foirevogado pelo Decreto-Lei n.º 124/2006, de 28 deJunho, que passou a estabecer o novo sistema de defe-sa da floresta contra incêndios.

Se, por um lado, normalmente somos avessos à mu-dança das pequenas coisas, daquelas que podíamose deveríamos alterar, por outro lado, sobretudo nosúltimos tempos, temos mudado com demasiadafrequência algumas das situações que necessitariamde mais tempo para se poderem consolidar e apre-sentar resultados satisfatórios.

Como se viu, é fácil legislar. Difícil parece serimplementar e fazer cumprir essa legislação.

Mitos do combate

O insucesso das operações de socorro, um aspectoimportante que raramente é aflorado e que, quandoacontece, raramente é conclusivo, depende da conju-gação de vários factores e tem a ver com o modocomo se desenrola o combate. Posto que não se fazuma avaliação sistemática dos grandes incêndios,desconhecem-se as causas de insucesso de cada ope-ração concreta e, assim, não se podem corrigir asfalhas detectadas, isto é, não se pode aprender comos erros cometidos, ou seja, evitar que nas próximasoperações esses erros se repitam. Não se trata tanto deapurar quem e porque é que falhou, se bem que essas res-ponsabilidades devam ser avaliadas, quanto mais não sejapara evitar que se possam repetir situações análogas, massobretudo para perceber o quê e porque é que correu mal.Todavia, como todos sabemos, essa avaliação, quando éaplicada aos bombeiros, não é socialmente bem aceite.

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Com efeito criou-se o mito de que, pelo facto do com-bate aos incêndios ser feito por bombeiros voluntári-os, estes nunca podem ser responsabilizados pelosinsucessos das operações, só pelo facto de seremvoluntários, o que é um pressuposto completamenteerrado, quase impensável em pleno século XXI. Mas,atenção! Esta afirmação não significa nem pode ali-mentar qualquer má vontade contra os bombeirosvoluntários, por norma até dedicados e esforçados.Antes pelo contrário, apenas pretende e deve contribuirpara criar condições para que eles possam desempe-nhar as missões com mais eficácia e segurança.

Todos sabemos que tanto as manifestações dos ris-cos a que os bombeiros são chamados a dar respos-ta, como os perigos a que frequentemente se expõem,foram sendo alterados, paulatina e profundamente,ao longo do último quartel do século passado. Contu-do, apesar destes factos, a mentalidade da generali-dade dos bombeiros voluntários pouco se alterou aolongo do último meio século. Hoje em dia, só dedica-ção e boa vontade já não são suficientes para se serum bom bombeiro, embora continuem a ser atributosessenciais para um voluntariado consciente.

Nos dias de hoje são necessárias, no mínimo, trêscondições para se ser um bom bombeiro voluntário.São elas: querer, poder e saber. A primeira é o quererporque, sendo o bombeiro um ente solidário e altruís-ta, gosta de ajudar aqueles que, por qualquer razãomomentânea, carecem de auxílio; O segundo pressu-posto é poder, o que significa ter disponibilidade, nãosó para colaborar regularmente nas missões de so-corro, mas também para receber a formação adequa-da para o desempenho da sua nobre missão de bom-beiro. O terceiro predicado, e não menos importante,é saber, o que implica não só ter a formação adequa-da, mas também possuir formação actualizada. Nosdias de hoje, a formação adequada comprova-se atra-vés da certificação, a qual garante a aquisição decompetências para o desempenho de determinadasfunções, ao passo que a formação actualizada seobtém através de recertificações regulares, cada umadas quais comprova a manutenção de determinadacompetência antes adquirida.

Posto isto, podemos interrogar-nos. Será que todos osbombeiros, voluntários ou não, que participam nocombate a incêndios florestais cumprem estas trêscondições?

E será que, nos dias de hoje, face às situações demanifestação de riscos a que qualquer bombeiro podeser chamado a dar resposta, o conceito de bombeirovoluntário mantém o mesmo significado de há mais de

cinquenta anos, quando foi publicado o Regulamentodos Corpos de Bombeiros (Decreto-Lei n.º 38 439/51, de 17 de Setembro)?

E as responsabilidades que cada um deles assume aoenvergar uma farda será que são compatíveis com oconceito tradicional de bombeiro voluntário que, poroposição ao de bombeiro profissional, parece fazerdele um amador?

Com efeito, na sociedade civil, cujo expoente máximosão, neste aspecto, as modalidades desportivas, aosprofissionais opõem-se os amadores, o que natural-mente não se pode aplicar directamente aos bombei-ros. Sem dúvida que a referência a bombeiros profissi-onais, constante em diversos diplomas legais, apenasprocura identificar um certo tipo de funcionários dasautarquias, v. g. “bombeiros municipais que desempe-nham funções com carácter profissionalizado e a tem-po inteiro e os bombeiros sapadores”, conforme o n.º2 do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 293/92, de 30 deDezembro, ou os “funcionários das autarquias, quedesenvolvem o seu trabalho em condições especiaisque exigem uma permanente operacionalidade”, deacordo com o preâmbulo do Decreto-Lei n.º 158/95,de 6 de Julho.

No entanto, esta designação transforma, na lingua-gem comum e erroneamente, todos os outros bombei-ros em amadores. É óbvio que não foi essa a intençãodo legislador, pois apenas terá pretendido encontrarum termo abrangente que englobasse todos os bom-beiros não voluntários, ou seja, aquela designaçãopretendeu identificar os bombeiros que são remunera-dos para o desempenho de determinada função, osprofissionais, daqueles que não devem receber qual-quer remuneração pelo desempenho da função, osvoluntários – e que, como também é sabido, nem sem-pre corresponde à realidade – o que, permitindo a exis-tência de bombeiros profissionais (embora oficialmentepossam ter outras designações) nos corpos de bombei-ros ditos voluntários, levanta outras questões.

Entendemos que não existe qualquer desvantagem nofacto dos profissionais dos corpos de bombeiros “vo-luntários” serem remunerados, só que não compreen-demos porque é que gostam de ser considerados e selhes continua a chamar bombeiros voluntários. Nãoseria mais consentâneo com a realidade designar es-tes corpos mistos por corpos de bombeirosassociativos e deixar a figura de corpos de bomberiosvoluntários para aqueles que são exclusiva e unica-mente constituídos por bombeiros voluntários, se é queainda existem alguns nessas condições?

E nada obsta a que nesses corpos de bombeiros

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associativos existam bombeiros voluntários, o que atéé desejável, aliás como sucede em muitos dos actuaiscorpos de bombeiros municipais. Se houvesse cora-gem para introduzir esta simples alteração, corposde bombeiros associativos em vez de corpos de bom-beiros voluntários, nas espécies de corpos de bombei-ros, clarificar-se-iam muitas situações que hoje sãodúbias.

Com efeito, no desempenho de funções, não podeexistir outra diferença que não seja a de que o bom-beiro voluntário presta socorro gratuitamente, isto é,sem auferir qualquer remuneração, ao passo que osoutros bombeiros (sapadores, privativos e algunsmunicipais e associativos) são remunerados para esseefeito. Todavia, todos eles têm de estar devidamentehabilitados e certificados, o que significa serem igual-mente competentes para o cumprimento das diversasmissões de socorro.

Neste contexto, o acto voluntário fica condicionado aduas decisões importantes: a primeira delas, para in-gresso no do corpo de bombeiros, porque o interessa-do em ser bombeiro gosta e tem disponibilidade paracolaborar na prestação do socorro depois de saber,isto é, de ter adquirido a respectiva competência, e, asegunda, para a saída do corpo activo dos bombei-ros, que serviu com brio profissional, quando algumadestas condições for alterada.

A partir do momento em que ingressa e até à suasaída será um bombeiro como todos os outros, remu-nerados ou não, e enquanto permanecer no corpoactivo deve sentir orgulho do uniforme que enverga e,por isso, como qualquer outro bombeiro e somentepelo facto de ter decidido ser bombeiro, será um es-forçado e dedicado voluntário na doação e na entre-ga, a par de um competente e verdadeiro profissionalna acção.

Não temos qualquer dúvida de que muitos bombeirosse enquadram perfeitamente dentro deste perfil. Mas,assim sendo, porque é que algumas operações decombate a incêndios florestais, felizmente poucas, nãosão resolvidas durante a primeira intervenção e, de-pois, muito pior do que isso, se desenvolvem por ho-ras intermináveis, com todos os prejuízos que acarre-tam? Provavelmente porque alguns bombeiros não seenquadram dentro desta lógica de raciocínio.

Com efeito, existem várias razões que justificam essesgrandes incêndios. Uma análise sistemática dos mes-mos, feita caso a caso, mostraria sem dúvida as ver-dadeiras causas, bem diferentes daquelas que, nor-malmente são apresentadas pelos meios de comuni-cação social. No entanto, na falta desses estudos,

detenhamo-nos, então, nas mais frequentemente aponta-das pelos órgãos de comunicação social.

Se tivéssemos disponibilidade para pesquisar, nosdiferentes jornais publicados nos últimos quarenta oucinquente anos, as causas apontadas para as situa-ções de insucesso no combate a incêndios florestais,encontraríamos uma série de justificações que, demodo geral, foram evoluindo ao longo do tempo. Comonão efectuámos uma consulta sistemática, não pode-mos apresentar resultados devidamente detalhados equantificados. Contudo, a amostragem realizada,permite-nos esboçar algumas fases dentro dessa evo-lução, sempre usadas para desculpabilizar aactuação dos bombeiros.

A primeira delas, correspondente a um período emque quase não havia notícias sobre o assunto, o quenão significa que, de quando em vez, não ocorressemgrandes incêndios florestais como por exemplo oregistado em 28 de Agosto de 1961, que além devasta área florestal queimou as casas da pequenaaldeia de Vale do Rio, no concelho de Figueiró dosVinhos, ou o de 7 de Setembro de 1966, na serra deSintra, onde morreram, calcinados pelo fogo, 25 jo-vens militares do Regimento de Artilharia AntiaéreaFixa, de Queluz, para mencionar apenas dois quetiverem graves consequências, além dos habituaisdanos na floresta (L. Lourenço, 1991).

Depois, no pós 25 de Abril, surgiu uma fase conturba-da, também em termos de incêndios florestais, comestes a ganharem expressão significativa, problemáti-ca ao tempo mas sem a gravidade da existente naactualidade, o que teve como consequência, entreoutras, a já mencionada transferência da responsabi-lidade do combate dos florestais para os bombeiros(n.º 1 do artigo 16.º do Decreto-Lei n.º 55/81, de 18de Dezembro)

A partir desta altura, entramos numa nova fase quepodemos caracterizar por comportar uma tentativade resolução de problemas internos dos corpos debombeiros a que se segue, uma última, mais recente,que face à inoperância ou à incapacidade de resolu-ção desses problemas, promove a culpabilização deterceiros, que, mesmo sendo verdadeira, não podeservir para justificar a ineficácia detectada em muitasdas situações por nós investigadas ao longo dos anos.

Face à argumentação mais frequente, estas duas fa-ses podem ser subdivididas em vários períodos. Porcomodidade e uma vez que não existe preocupaçãode uma análise exaustiva, não considerámos algunsdos argumentos utilizados, por exemplo, a mudançabrusca do rumo do vento que, por ser de difícil confir-

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mação, a transforma num bom argumento defensivo.

Deste modo, ao longo da primeira fase, correspon-dente à mencionada resolução de problemas internosdos corpos de bombeiros podemos considerar, sementrar em grande detalhe, quatro períodos. Em cadaum deles, a justificação corresponde à identificaçãode um problema concreto, que se enumera. Depois,dá-se conta da solução que foi encontrada para cadaum deles, bem como do resultado da aplicabilidadedessa solução e das questões por ela levantadas,conforme se indica a seguir:

1. Justificação: Falta de equipamento.

a) Solução encontrada: Aquisição de veículosde combate a incêndios florestais muito bem equi-pados para o combate com água mas, em regra,sem ferramentas manuais.

b) Aplicabilidade: Como é reconhecido, até pe-los peritos que têm sido chamados a pronunciar-se sobre os incêndios (L. Lourenço e G. Julio, 2003;M Beigley e M. Quinsenberry, 2004; S. V.Valenzuela, E. M. Igor e J. B. Alvarado, 2005), oscorpos de bombeiros portugueses estão, de umamaneira geral, muito bem equipados.

c) Questões levantadas: Os mesmos peritos jánão são unânimes quanto às condições de utili-zação e à rentabilização desses equipamentos equestionaram os critérios que presidiram à suaaquisição e distribuição, uma vez que parece nãoexistir nenhuma ligação directa nem entre o tipode risco e a adequação dos equipamentos, nementre os locais de maior risco e a localização dageneralidade desses equipamentos.

2. Justificação: Falta de caminhos (Passou a ser osegundo álibi detectado na argumentação da inefi-cácia de então, o que, aliás, fazia todo o sentido. Éóbvio que, existindo veículos, seriam necessárioscaminhos por onde aqueles pudessem ser conduzi-dos até ao fogo).

a) Solução encontrada: Abertura de uma vastarede de caminhos florestais, a que correspondeuum segundo esforço de investimento.

b) Aplicabilidade: Na generalidade, dipõe-se decaminhos florestais em número suficiente.

c) Questões levantadas: A abertura desses cami-nhos não obedeceu a nenhum planeamento sus-tentado, pelo que se desconhecem quais os crité-rios usados, por exemplo, quais as densidades(Km/Km2) mais adequadas de quilómetros decaminhos por quilómetro quadrado de superfí-

cie, estabelecida em função dos declives, dasespécies florestais utilizadas, etc. Por outro lado,abriram-se muitos quilómetros de caminhos, qua-se sempre sem valetas, levando a que, muitos de-les, no ano seguinte, já estivessem inoperacionais,por falta de um programa de manutenção paraesses caminhos. Mais uma vez, o problema se-guinte, desencadeado pela abertura dos cami-nhos florestais, foi a da sua manutenção, a qualimplica o tal esforço continuado, persistente, quenão é muito vulgar encontrar na estrutura e orga-nização do apoio à pré-supressão e supressão.

3. Justificação: Falta de disponibilidade dos volun-tários, o terceiro dos argumentos usados.

Com efeito, o serviço de voluntariado só pode serentendido como sendo de complementaridade dasestruturas que têm por missão assegurar a presta-ção do socorro nas situações normais, ditas de ro-tina, recorrendo-se ao serviço voluntário apenas emsituações extremas, de acidente grave ou catástro-fe.

Como invertemos as situações, temos dificuldadeem depois encontrar as respostas lógicas.

a) Solução encontrada: “Contratação” dos vo-luntários disponíveis, muitas vezes estudantes emtempo de férias, juntando-os em “Grupos de pri-meira intervenção”, mais conhecidos GPI’s, osquais auferem um subsídio que, na prática,corresponde a uma baixa remuneração.

b) Aplicabilidade: A solução encontrada nãoresolve o problema da disponibilidade, uma vezque se verifica uma grande rotatividade na cons-tituição de grande parte destes grupos e que, mui-tas vezes, se traduz na prestação de um serviço demá qualidade.

c) Questões levantadas: O combate eficaz a in-cêndios florestais deve ser efectuado por equipasdevidamente formadas e treinadas, habituadas atrabalhar em conjunto, de modo a rotinar a exe-cução das tarefas cometidas a cada um dos ele-mentos, por forma a a evitar os improvisos quetantas vezes compromete o sucesso das opera-ções e, ainda, tão instalado em muito corpos debombeiros, traduzido na velha lei do“desenrrasca”, tão pouco consentânea com asexigências da prestação do socorro no séculoXXI.

4. Justificação: Falta de formação.

Um problema antigo, de difícil resolução no contex-

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to descrito, que sucessivos governos tentaram resol-ver mas que, até o presente, tem sido sistematica-mente adiado.

a) Solução encontrada: O primeiro passo foidado com a criação em, Dezembro de 1987, daEscola Nacional de Bombeiros e que, em 1994,se transformou em associação privada sem finslucrativos (Decreto-Lei n.º 277/94, de 3 de No-vembro), com vista a agilizar o seu funcionamen-to, designadamente com vista a dotá-la rapida-mente com três ciclos de ensino (L. Lourenço, A.Mateus e V. Matias, 2001).

O primeiro deles, destina-se à formação inicial,ou seja, à de todos quantos ingressam nos cor-pos de bombeiros;O segundo ciclo, permite a obtenção de quatrotipos de formação, a saber:

i) formação especializada nas áreas de actuaçãoque cada bombeiro pretenda vir a desenvolver asua actividade prefencial,

ii) formação específica, destinada a formar chefesde equipa,

iii) formação de formadores, para formar os forma-dores dos corpos de bombeiros,

iv) formação de aperfeiçoamento, com o objectivode aprimorar técnicas e conhecimentos obtidos nopassado, e formação de actualização, destinada apôr em dia as inovações entretanto surgidas nosdiversos domínios de actuação dos bombeiros.

Os créditos entretanto obtidos, através da frequênciadestes quatro tipos de formação, seriam contabilizadospara efeitos de progressão na carreira.

Durante o período de transição, este segundo cicloinclui ainda a formação de progressão, destinadaexlusivamente a efeitos de promoção, ou seja, paraingresso na categoria seguinte.

Por último, o terceiro ciclo, destinar-se-ia à forma-ção superior dos quadros de comando.

b) Aplicabilidade: Embora os dois primeiros ciclosjá tenham dado alguns passos, ainda se encontrammuito distantes dos objectivos então definidos. Oterceiro deles nunca se chegou a iniciar, pese em-bora algum esforço no sentido de se procuraremalgumas soluções pontuais, mas que não têm pas-sado de panaceias.

c) Questões levantadas: Apenas no que respeita àformação sobre incêndios florestais houveinclusivamente, pelo menos durante algum tempo,

uma alteração profunda à lógica entãoestabelecida.

Com efeito, não só nunca se procedeu à formaçãoinicial nos moldes estabelecidos, como se suspendeua formação de combate a incêndios florestais paraequipas de primeira intervenção, formação que, curi-osamente, passou a ser ministrada aos chefes dessasequipas, apesar de esta se revestir naturalmente decaracterísticas bem diferentes. Fruto desta(des)organização, alguns dos que receberam forma-ção especializada de combate a incêndios florestaisnunca participaram no combate a incêndios e os ou-tros raramente actuaram como equipa constituídapelos elementos que receberam formação conjunta, oque resulta da grande rotatividade dos elementos dis-poníveis e retira eficácia ao combate.

Passando agora à segunda fase das justificações usa-das para desculpabilizar a actuação dos bombeirose que, essencialmente, corresponde à daresponsabilização de terceiros, embora continuem aser invocados alguns dos argumentos anteriores, po-demos considerar essencialmente dois períodos, cadaum deles a apontar para aspectos importantes que,apesar de carecerem de resolução urgente, não po-dem ilibar completamente todas as responsabilida-des decorrentes da existência de tantos grandes in-cêndios florestais. São eles:

1. Justificação: Falta de limpeza das matas.É sem dúvida um problema premente, mas não po-demos ter a veleidade de pretender limpar a totali-dade das nossas matas e florestas.

a) Solução encontrada: É fundamental a instala-ção e manutenção de faixas de gestão de com-bustível, tarefa que prioritariamente pode ser de-sempenhada pelas equipas de sapadores flores-tais.

b) Aplicabilidade: A constituição destas equipasveio dar uma contribuição decisiva para a resolu-ção do problema, sendo desejável a sua expan-são.

c) Questões levantadas: É necessário acautelaros vários problemas que as têm afectado, nomea-damente em termos de enquadramento e financi-amento, e acompanhar a execução dos contra-tos-programa que devem suportar as transferênci-as financeiras, pois caso contrário o investimentofeito não é devidamente rentabilizado, não se tra-duzindo por isso em verdadeiros ganhos de efi-cácia na gestão dos combustíveis florestais.

2. Justificação: Fogo posto (mão criminosa). Será o

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último dos argumentos a mencionar, porque nosúltimos tempos tem sido bastante empolado, sobre-tudo aproveitando os efeitos mediáticos dos directostelevisivos.

a) Solução encontrada: O importante trabalhoinicial desenvolvido pelas Brigadas de Investiga-ção de Incêndios Florestais do Corpo Nacionalda Guarda Florestal e pela Guarda NacionalRepublicana permitiram, depois à Polícia Judici-ária, dar continuidade a esse trabalho, apresen-tando ao Ministério Público os suspeitos de fogoposto.

b) Aplicabilidade: A aturada investigaçãosubsequente, efectuada pela polícia de investiga-ção criminal de acordo com a metodologia defi-nida, tem permitido obter resultados concretos,que normalmente se traduzem na identificaçãode diversos supeitos e na sua apresentação aoMinistério Público.

c) Questões levantadas: Se fosse possível anali-sar o número de todas as suspeições que, só nosúltimos anos, passaram nos diversos órgãos decomunicação social e compará-lo com o númerode condenados nos tribunais pelo crime de fogoflorestal, veríamos que existe um enormedesfasamento entre uma e outra situação, o quenos leva a pensar que este problema não tem agravidade que alguns lhe pretendem atribuir, oque não significa que não exista e não mereçaser combatido.

Por outro lado, o facto de um presumível incendiárioser presente a tribunal ou, mesmo, ficar detido, nãosignifica obrigatoriamente que seja culpado. Ora, seconsultarmos as estatísticas, rapidamente concluímosque o número de condenados por crime de fogo pos-to é insuficiente para justificar tantas ocorrências deincêndios, mesmo admitindo que alguns verdadeirosincendiários não tenham sido identificados e, por isso,não tivessem sido presentes a julgamento.

Continuamos convictos de que muitos fogos continu-am a eclodir por negligências de diversos tipos. As-sim, se cada um de nós individualmente ou, se for casodisso, também na qualidade de pequeno proprietárioflorestal, tiver coragem para executar as tais tarefassimples antes mencionadas, que podem contribuir paraa mudança, ou se estiver disponível para eliminar ostais pequenos hábitos e comportamentos do dia a diaque podem ser causa de fogos, talvez contribuamospara reduzir decisivamente o seu número e,indirectamente, para que se fale menos de incêndioscriminosos.

Conclusão

Ao concluir queremos ressaltar dois aspectos, cadaum deles associado a um dos subtemas abordados.O primeiro deles passa pela insistência na importân-cia crucial do papel da prevenção, pois esta é a cha-ve que pode abrir a porta para o sucesso da florestaportuguesa. Outros países, onde os crescimentos dafloresta são bem menores do que os da nossa e, porconseguinte, necessitam de bem mais tempo para queela seja rentável, mesmo assim encaram a prevençãode outro modo, pelo que às vezes nos interrogamossobre se será que queremos mesmo que a nossa flo-resta volte a ser um bom investimento?

E, quanto ao combate, será que ele falha? Se atender-mos apenas ao número de ocorrências, temos queconcluir que tal só se verifica muito raramente, parafelicidade nossa e da floresta! No entanto, quandoisso ocorre, as consequências são muitas vezes de-sastrosas. É por essa razão que, quando falha, sedevem apurar as respectivas causas, com isenção mascom rigor científico, e assumir as naturaisconsequências daí resultantes.

Como é sabido, o sucesso das operações de comba-te reside na primeira intervenção. Daí a sua importân-cia, pois dela dependerá a história de cada ocorrên-cia, que será apenas mais um fogacho, a acrescentarà lista da estatística, ou que se transformará num gran-de incêndio que, além da estatística, também ficaráindelevelmente gravado na memória das pessoas porele afectadas.

Está, pois, na hora de aprender com o passado, dedeitarmos mãos à obra, de não ficarmos à espera deque seja o Estado a fazer aquilo que nos compete acada um de nós executar. Só com uma postura activa,realizando as coisas simples que cada um de nóspode realmente fazer, se poderão dar os pequenos edecisivos passos, mas porque são pequenos são tam-bém seguros, que poderão ajudar a construir o cami-nho que ainda poderá evitar que os incêndios flores-tais de calamidade se venham a transformar em fatali-dade.

Por isso, quando é que a primeira intervenção passa-rá a ser encarada com mais profissionalismo, inde-pendentemente de continuar a ser efectuada por bom-beiros voluntários?

É que todos os bombeiros, insistimos, são voluntáriosna doação e profissionais na acção.

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