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Impresso Especial 9912341424/2014-DR/GO ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE MEDICINA DO TRABALHO CORREIOS Ano XXVII • Junho • 2014 Jornal da ANAMT Associação Nacional de Medicina do Trabalho www.anamt.org.br XVII Seminário Sul Brasileiro da ANAMT aborda ampliação da gestão de saúde ocupacional Atuação integrada Págs. 10 a 13 IV CNST Diretoria da ANAMT se mobiliza para discur propostas que serão analisadas na Conferência Pág. 7 Atualização da NR-4 Portaria reconhece a necessidade do especialista em Medicina do Trabalho na composição do SESMT Págs. 16 e 17

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Impresso Especial

9912341424/2014-DR/GO

AssOcIAçãO NAcIONAl DE mEDIcINA DO tRAbAlhO

CORREIOS

Ano XXVII • Junho • 2014

J o r n a l d a

ANAMTAssociação Nacional de Medicina do Trabalho www.anamt.org.br

XVII Seminário Sul Brasileiro da ANAMT aborda ampliação da gestão de saúde ocupacional

Atuação integrada

Págs. 10 a 13

IV CNSTDiretoria da ANAMT se mobiliza para discutir

propostas que serão analisadas na ConferênciaPág. 7

Atualização da NR-4Portaria reconhece a necessidade do especialista em

Medicina do Trabalho na composição do SESMTPágs. 16 e 17

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Jornal da ANAMT2 Junho 2014

também a nossa homenagem ao Prof. Luiz Carlos Morrone e ao Dr. Sergio Xavier da Costa, membros da ANAMT fa-lecidos recentemente, cujo legado permanece na história da Associação.

ATeNção MuNdIAlAnualmente, em 28 de abril, é lembrado o Dia Mun-

dial da Segurança e Saúde do Trabalhador. Em 2014, o tema proposto pela OIT foi Segurança e Saúde na Utili-zação de Produtos Químicos no Trabalho. A engenheira e mestre em Higiene Ocupacional Berenice Goelzer tra-balhou por 25 anos no escritório de Saúde Ocupacional da OMS e assina um artigo sobre os riscos ocupacionais oriundos desses agentes.

No texto, ela analisa a situação atual da utilização dos produtos químicos, as medidas preventivas e as legisla-ções brasileiras que deveriam proteger os trabalhadores das inúmeras doenças causadas pela exposição.

Boa leitura!

dr. Zuher Handar

O Jornal da ANAMT é uma publicação trimestral, de circulação nacional, distribuída a seus associados. Os textos assinados não representam necessariamente a opinião da ANAMT, sendo seu conteúdo de inteira responsabilidade dos

autores. Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas neste jornal sem a autorização da ANAMT.

expediente

Presidente: Dr. Zuher Handar • Diretora de Divulgação: Dr.a Marcia BandiniProdução Editorial e Design: Cajá Comunicação (www.caja.com.br • [email protected])

Jornalista Responsável: Annaclara Velasco (MTb/RJ 35.307/RJ) • Reportagens: Annaclara Velasco, Luiza Ribeiro, Evelyn Soares e Maurício Frighetto • Fotos: Capa Imagem e Arte; p7. Roberto Furlan - Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Maringá; p10-13.

Imagem e Arte; p16. Korhan/Stock.Xchng; p20.Wikimedia Commons • Impressão: Folha Gráfica Editora Ltda

Uma publicação da Associação Nacional de Medicina do Trabalho Jornal da ANAMT

Reconhecimento da especialidade médica

O início de maio marcou mais um capítulo exitoso na história da ANAMT: a realização do XVII Seminário Sul Brasileiro, em Florianópolis. Durante três dias, ofe-recemos aos mais de 400 participantes a oportunidade de realizar cursos de atualização e debater assuntos de extrema relevância para os Médicos do Trabalho.

Cumprimos com sucesso nossa proposta de, no tema O Desafio do Médico do Trabalho na Gestão In-tegrada da Saúde, Trabalho e Meio Ambiente, abordar matérias atuais que afetam diretamente o dia a dia da nossa especialidade.

No final de abril, a Portaria MTE 590/14 represen-tou uma conquista no sentido da melhor qualificação do serviço do Médico do Trabalho. Ao reconhecer a necessidade do especialista em Medicina do Trabalho na composição do SESMT, o MTE constata a importân-cia do profissional de saúde ocupacional para atingir o objetivo principal deste serviço: atuar na promoção da saúde do trabalhador.

Como preparação para a IV Conferência de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, em novembro, a di-retoria da ANAMT participou das etapas macrorregio-nais e estaduais do evento, destacando a importância da implementação da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNST). Registramos

m e n s a g e m d o p r e s i d e n t e

Jornal da ANAMT

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Junho 2014 3Jornal da ANAMT

PCMSo eM PAuTA

os 20 anos do Programa de Controle Médico de Saúde ocupacional (PCMSo) foram o tema do 7º Fórum de Educação Continuada, realizado pela Associação Bra-sileira de Medicina do Trabalho (ABMT) e pelo Conse-lho Regional de Medicina do estado do Rio de Janeiro (Cremerj). No evento, o presidente da ANAMT, Dr. Zuher Handar, abordou os avanços proporcionados pelo Pro-grama e as ampliações necessárias. o vice-presidente da Associação, Dr. Paulo Rebelo, falou sobre a gestão do PCMSO, além da responsabilidade do médico coordena-dor na implementação do mesmo.

e-SoCIAl e eRgoNoMIA

A Sociedade gaúcha de Medicina do Trabalho (SogAMT) realizou, em 24 de abril, sua 2ª Reunião Científica. No encontro, o tema abordado foi o e-Social, ferramenta eletrônica criada para envio de informações trabalhis-tas a orgãos governamentais. Em 6 e 7 junho, a entidade também promove o Curso OCRA de Ergonomia, voltado a médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, engenheiros e outros profissionais que atuam na área de SST.

eduCAção

Em dois eventos, a Associação Paulista de Medicina do Trabalho (APMT) discutiu temas relevantes para a espe-cialidade. No dia 26 de abril, foi realizado o V Seminário de Medicina Ocupacional do Vale do Paraíba e, em 17 de maio, o VI Encontro de Ensino de Medicina do Trabalho, para graduação e residência médica.

O desafio do financiamento na saúde pública

f e d e r a d a s

Em investimentos em saúde pública, o Brasil encontra-se entre os países de rendas baixa e média baixa. Esta não deveria ser a colocação do país, que é a sétima maior eco-nomia do mundo. Comparado a países que também possuem um sistema universal, como Cuba, França, Espanha e Reino Unido, o investimento em saúde no Brasil está mui-to abaixo da média.

Não podemos esquecer o descompro-misso do Governo Federal com a Emenda Constitucional 29, a PEC da Saúde, aprovada em 2011. A União vem, proporcionalmente, reduzindo cada vez mais sua participação no financiamento da saúde, enquanto estados e municípios estão com uma parcela cada vez maior.

Alguns municípios chegam a destinar 30% de seu orçamento no setor. A regu-lamentação da Emenda Constitucional 29 obriga os municípios a aplicar ao menos 15% de suas receitas. A maioria dos estados apli-ca pelo menos 12%.

O Projeto de Lei de Iniciativa Popular, Saúde + 10, que pretende colocar 10% da receita corrente bruta da União para a saú-de, com quase 4 milhões de assinaturas, tem sido esquecido pelo governo. É um descaso para com a população e a saúde brasileiras.

É preciso valorizar mais a parceria públi-co-privada. As instituições de saúde priva-das têm muitas experiências a compartilhar e aplicar no sistema público. Mas, clara-mente, é preciso maior aporte do Governo Federal, além de combate à sonegação fis-cal, corrupção, fiscalização de recursos mal utilizados e um gerenciamento eficaz, para ter os profissionais necessários atuando em uma estrutura adequada.

Florentino Cardoso Presidente da Associação Médica Brasileira

Jornal da ANAMT Junho 2014 3

PeRÍCIA TRABAlHISTA

A Associação Catarinense de Medicina do Trabalho (ACAMT) está com as inscrições abertas até 15 de julho para o VI Curso de Perito Trabalhista da entidade. As au-las serão ministradas em Florianópolis (SC) entre agosto e dezembro e abordarão temas como ergonomia, agen-tes químicos, aspectos técnicos da periculosidade, entre outros. A ficha de inscrição e outras informações sobre a atividade estão disponíveis no site da ACAMT pelo link: http://migre.me/jaoWJ

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Principais mudanças

23/4/2014Regulamenta os procedimen-

tos da Fiscalização Indireta por parte das Superintendências Re-gionais do Trabalho e Emprego.

28/04/2014Altera a NR-4 (Serviços Especiali-zados em Engenharia de Seguran-ça e em Medicina do Trabalho).

Portaria MTe nº 590

18/03/2014Regulamenta e aprova o Manu-al Técnico de Procedimentos de Avaliação Médica Pericial das funções da visão.

Resolução INSS nº 396

Portaria MTe nº. 426

23/4/2014Prorroga em 45 dias o prazo da consulta pública do texto técni-co básico de revisão do Anexo 3 da NR-15.

• Instrução

Normativa SIT/MTE nº 105

Conquista para a especialidadeA interação entre a Medicina do Trabalho e a legislação é uma im-

portante ferramenta para o exercício pleno da especialidade. Portan-to, os profissionais que dela se utilizam devem estar alinhados às cons-tantes alterações e à introdução de novos instrumentos legais. No dia 30 de abril, a Portaria MTE nº 590 alterou os itens 4.4 e 4.4.1 e inseriu o subitem 4.9.1 no Art. 2º (veja os detalhes abaixo) na Norma Regula-mentadora nº 4 (NR-4). É, portanto, um importante marco na valori-zação do especialista em Medicina do Trabalho e, por consequência, um avanço para a promoção da saúde do trabalhador no Brasil.

Merecem destaque as seguintes alterações: • Portaria MTE nº 590, de 28 de abril de 2014 (DOU de 30/04/2014)

– altera a NR-4 (Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho) nos itens: 4.4 – referente às categorias profissionais que devem compor o SESMT; 4.4.1 – relativo à formação e registro profissional dos profissionais integrantes do SESMT. No Art. 2º, insere o subitem 4.9.1 – referente ao cumprimento, em tempo integral, das atividades do Médico do Trabalho no SESMT.

• Portaria MTE nº 591, de 28 de abril de 2014 (DOU de 30/4/2014) – altera o Anexo II da NR-28 (Fiscalização e Penalida-des) e os códigos e ementas das NRs 12, 18, 22, 29, 30, 31, 34 e 36.

• Portaria MTE nº 592, de 28 de abril de 2014 (DOU de 30/4/2014) – altera a NR-34 (Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e Reparação Naval) no item 34.6 – Trabalho em altura.

• Portaria MTE nº 593, de 28 de abril de 2014 (DOU de 30/4/2014) – aprova o Anexo I – Acesso por Cordas – da NR-35 (Trabalho em Altura).

• Portaria MTE nº 589, de 28 de abril de 2014 (DOU de 30/4/2014) – resolve: Art. 1º Disciplinar as medidas a ser adotadas pelas empresas em relação à notificação de doenças e acidentes do trabalho, entre outros.

• Portaria MTE nº 426, de 23 de abril de 2014 (DOU de 24/04/2014) – prorroga em 45 dias o prazo da consulta pública do texto técnico básico de revisão do Anexo 3 (Limites de tolerância para exposição ao calor) da NR-15.

• Instrução Normativa SIT/MTE nº 105, de 23 de abril de 2014 – regulamenta os procedimentos da fiscalização indireta por par-te das Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego. Duas modalidades de fiscalização indireta foram regulamentadas: a presencial, que consiste na apresentação de documentos ou com-provação de cumprimento de obrigações, e a eletrônica, que dis-pensa o comparecimento do empregador ou seu preposto, exigin-do apenas a apresentação de documentos em meio digital.

Consulte o texto dessas e de outras portarias no site www.anamt.org.br

Congresso Nacional: http://www.planalto.gov.br/legislacao

Diário Oficial da União: http://portal.in.gov.br/

Conselho Federal de Medicina: http://www.portal.cfm.org.br

Jornal da ANAMT4 Junho 2014

l e g i s l a ç ã o

dra. Maria edilma Fernandes de Mendonçadiretora de legislação da ANAMT

Jornal da ANAMT

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Jornal da ANAMT

S S T n a m í d i a

ANAMT publica carta sobre assédio Os assédios moral e sexual no local de trabalho foram tema de reportagem do Guia Veja, em março. A matéria

explicou como se classificam os atos, que foram caracterizados a partir dos anos 1980, quando começaram a ser estudados pela Medicina e pela Psicologia.

Para reforçar a importância do Médico do Trabalho nas denúncias das vítimas de assédio moral, o presidente da ANAMT, Dr. Zuher Handar, enviou uma carta à revista. Publicado na íntegra na edição seguinte, o documento destaca também as iniciativas da Associação voltadas ao tema: um levantamento entre os médicos afiliados objetiva com-preender a correlação entre o assédio e os efeitos sobre a saúde dos trabalhadores. Com previsão de conclusão para o fim de 2014, a análise será enviada aos órgãos competentes.

Dr. Zuher afirmou: “Nos últimos anos, a ANAMT tem debatido o assunto à exaustão, uma vez que os Médicos do Trabalho são os primeiros a ser procurados por vítimas de assédio moral dentro das corporações e, justamente por isso, conseguem identificar verdadeiras situações endêmicas antes mesmo das áreas administrativas”.

Saúde em riscoAs condições de saúde de trabalhadores nas mais diversas áreas foram abordadas em matéria do jornal O Dia. Pesquisa

realizada pela Sulamérica Seguros, com cerca de 40 mil brasileiros de dez setores, mostra que os profissionais de transporte têm os piores índices. Dos 15 itens levantados, oito deles apresentam problemas.

Um dia a dia com privação de sono, distância da família e ali-mentação inadequada colabora para o quadro. A Dra. Marcia Bandini, diretora de Divulgação da ANAMT, explicou o que favorece o surgimento de doenças: “Nas estradas, a única oferta de alimen-to são comidas pesadas e gordurosas. Juntando com o estresse do trânsito, dá uma rotina pouco saudável”. Para ela, controlar o con-sumo de álcool, ter pequenas refeições saudáveis e tentar se exer-citar são saídas para uma saúde melhor.

Ainda segundo o levantamento, advogados, auditores e profissio-nais da área administrativa estão no topo da lista no tópico estresse.

diretrizes da especialidade em revisão

Uma proposta de trabalho conjunto da ANAMT e do CFM foi registrada na Revista Proteção de abril. A revisão das diretrizes de competências do exercício do Médico do Trabalho foi tema de encontro entre as duas instituições em fevereiro, em Brasília.

A quantidade de médicos especialistas, sua distribuição no território brasileiro e o perfil dos profissionais registrados serão os dados levantados. A comissão que fará a pes-quisa ainda está em formação. Segundo o pre-sidente da ANAMT, Dr. Zuher Handar, o grupo será coordenado pela Dra. Elizabeth Dias, as-sessora da presidência da entidade para for-mação dos Médicos do Trabalho.

O trabalho será divido em três etapas. Na primeira, serão desenvolvidos estudos sobre os cenários de práticas e outros aspectos do exercício profissional. A segunda contempla-rá o processo de revisão das competências básicas requeridas para a prática da especia-lidade. A terceira e última fase será de divul-gação dos resultados.

Junho 2014 5Jornal da ANAMT

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Brasília recebe congresso de SST Nos dias 26 a 28 de abril, a ANAMT realizou, em parceria com

a ABRAMT, o II Congresso Brasiliense de Medicina do Trabalho. O evento objetivou ampliar a discussão sobre as ações de prevenção e promoção à saúde do trabalhador e incentivar medidas socioam-bientais, com apresentações de experiências exitosas.

A Conferência Magna foi realizada pelo Dr. Zuher Handar, pre-sidente da ANAMT, que apontou a importância do trabalho como promotor de prazer e qualidade de vida. Ele destacou a importância da organização de trabalho aberta e democrática, que atenda aos interesses não somente das empresas, mas principalmente da saúde do trabalhador.

“Há 20 anos, a ABRAMT trabalha pela construção de uma especia-lidade ética e socialmente responsável por meio da promoção e pre-servação da saúde e da vida dos trabalhadores”, declarou.

Dra. Rosylane Rocha, diretora de Ética e Defesa Profissional da ANAMT e presidente da ABRAMT, ressaltou o sucesso do evento, que reuniu mais de 400 profissionais:

“A participação superou grandemente nossas ex- pectativas. A rica programa-ção trouxe uma avalanche de novos conhecimentos”.

Dr. Zuher Handar durante Conferência Magna

Jornal da ANAMT6 Junho 2014 Jornal da ANAMT

O Conselho Técnico da ANAMT para a gestão 2013/2016 tomou posse no dia 8 de abril, no Espaço Ramazzini, em São Paulo. O novo grupo de trabalho, formado pelos presidentes das sete Comissões Técnicas e pelo Dr. Mario Bonciani, diretor Científico da Associação, será responsável pelo planejamento e execução das atividades científicas da entidade.

“A atribuição mais importante é ampliar a participação de outros especialistas nos pro-cessos de planejamento, produção e implementação das ações científicas da ANAMT”, ex-plicou Dr. Mario.

Para esta gestão, serão sete comissões técnicas: Ergonomia e organização do trabalho; Saúde ambiental e toxicologia ocupacional; Gestão em saúde do trabalhador; Saúde física e mental relacionada ao trabalho; Saúde do trabalhador em atividades econômicas; Serviços especializados em saúde do trabalhador; e Higiene ocupacional.

O presidente da ANAMT, Dr. Zuher Handar, ressaltou a importância e as atribuições do Conselho Técnico.

Com este novo grupo, temos a responsabilidade de produzir materiais científicos e orientações práticas para o dia a dia das pessoas. Será também um instrumento de intera-ção entre todos que participam de ações para saúde do trabalhador”, salientou.

ANAMT empossa novo Conselho Técnico

XXXV Prova de Título de especialista

Nos dias 26 de abril e 1º de maio, a ANAMT aplicou a XXXV Prova de Título de Especialista em quatro capitais brasileiras: Brasília (DF), São Paulo (SP), Curitiba (PR) e Florianópolis (SC). Neste ano, a entidade ampliou os locais da prova para atender ao amplo número de inscritos: 272 médicos.

Até hoje, a ANAMT já emitiu mais de dois mil Títulos de Especialista, em parceria com a Associação Médica Brasileira (AMB). Atualmente, a Medicina do Trabalho é a sexta maior especialidade médica do Brasil.

“A Prova de Título de Especialista é um importante fator de inclusão dos médicos que atuam na proteção da saúde dos trabalhado-res e de fortalecimento da Medicina do Tra-balho como especialidade”, reforçou o diretor de Título de Especialista da ANAMT, Dr. João Anastácio Dias.

O resultado da XXXV Prova de Título de Especialista em Medicina do Trabalho será pu-blicado no site da ANAMT no dia 09 de junho.

e m d e s t a q u e

(Da esq. para dir.) Os Drs. Itiberê Machado, Zuher Handar, Flávia Almeida, Mário Bonciani,

Guilherme Salgado, Eduardo Costa e João da Silva Jr.

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Jornal da ANAMT Junho 2014 7

Preparação para a IV CNST

A Medicina do Trabalho brasileira sofreu a perda de dois de seus membros mais ativos e dedicados. Em 12 de abril, o Prof. Luiz Carlos Morrone, e em 7 de maio, o Dr. Sergio Xavier da Costa.

O Prof. Morrone, morto um mês antes de completar 70 anos, teve uma carreira muito diversificada e inten-sa. Na ANAMT, ocupou vários cargos de direção, tendo sido Secretário Geral na gestão 1983/85. Coordenou comissões técnicas e grupos de trabalho, tendo como tema prioritário o ensino da Medicina do Trabalho na graduação médica, na pós-graduação e na Residência Médica. As dimensões de professor e orientador dedi-

cado marcaram profundamente os milhares de médi-cos que conviveram com o Prof. Morrone. Deixou um exemplo ímpar de dedicação e trabalho.

O Dr. Sérgio, morto aos 76 anos, foi fundador da So-ciedade Gaúcha de Medicina do Trabalho – SOGAMT, havendo sido seu Presidente no biênio 1984/85. Na ANAMT, ocupou vários cargos e funções: Presidente da Comissão Científica do 3º. Congresso da ANAMT (Por-to Alegre, 1983); presidente da Comissão de Estudos Especiais, 1983/85; 2º. Secretário, 1985/87; presiden-te da Comissão de Patologia e Toxicologia, 1987/89, e titular do Conselho Fiscal, 1998/2001 e 2001/4.

Homenagens póstumas

Entre os dias 10 a 13 de novembro, será realizada, em Brasília, a IV Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (CNST). A ANAMT está se mobilizando para discutir as propostas que serão analisadas no evento, cujo objetivo é propor diretrizes para a implementação da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhado-ra (PNST). Para isso, membros da Diretoria da entidade têm ministrado palestras em diversas conferências pelo Brasil, como parte das etapas Macrorregional e Estadual.

No dia 6 de maio, o presidente da ANAMT, Dr. Zuher Handar, participou da etapa macrorregional do Paraná. Na abertura, ele abordou o desenvolvimento socioeconômico e seus reflexos na saúde dos trabalhadores, assim como a aplicação da Política Estadual de Saúde, considerando a inte-gração das três esferas de governo.

O evento, realizado em Maringá, foi uma das etapas pre-paratórias para a Conferência Estadual, onde serão defini-dos os delegados e as propostas que serão apresentadas na Etapa Nacional, em novembro.

Em outros estados, a ANAMT foi representada pela assessora da Presidência para Formação dos Médicos do

Confira a programação das etapas da IV CNST e o regimento interno da Conferência. Para aces-sar, escaneie o QR Code com um smartphone ou tablet ou acesse o link: http://migre.me/jcTpe

Trabalho, Dra. Elizabeth Dias. Ela palestrou nas etapas mineiras da IV CNST, em 8 e 29 de maio. No dia 5 de ju-nho, participará da etapa estadual do Rio Grande do Sul. Entre 26 e 28 de junho, está prevista a participação do diretor de Relações Internacionais da ANAMT, Prof. René Mendes, na Conferência Estadual do Maranhão.

A ANAMT entende ser de grande importância que os Médicos do Trabalho possam participar deste grande Fórum Nacional sobre a Política Nacional de Saúde do Trabalhador. Neste sentido, recomendamos a todas as Federadas que acompanhem as discussões em seus res-pectivos estados.

Dr. Zuher Handar participa da etapa Macroregional da 5ª Conferência Estadual de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora do Paraná, em Maringá

Diretoria da ANAMT convida os Médicos do Trabalho a participar de debates sobre Política Nacional de Saúde do Trabalhador

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Jornal da ANAMT

Dr. Sérgio Carneiro está há um ano à frente da diretoria de Saúde do Trabalhador do INSS

8 Junho 2014

Inovações à vista

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) conta com uma diretoria de Saúde do Trabalhador, cujo objetivo é geren-ciar e normatizar as atividades de perícia médica, da reabili-tação profissional e do serviço social. Entre suas atribuições está a orientação à sociedade para ampliar o conhecimento dos direitos dos segurados. Dr. Sérgio Carneiro, perito médico, epidemiologista e Médico do Trabalho atua como diretor de Saúde do Trabalhador há um ano e fala sobre os projetos que permitirão avaliar o trabalhador em sua integralidade e facili-tarão a reinserção no mercado de trabalho.

Como o senhor avalia a situação da SST no Brasil?Os últimos dados consolidados pela Previdência Social,

em 2012, revelaram a diminuição do número de mortes e do registro de acidentes de trabalho e de doenças profissionais. É fato que a saúde do trabalhador tem ocupado maior espa-ço dentro da pauta governamental e o movimento sindical, para além das questões salariais, tem abordado a melhoria das condições de trabalho. Destaca-se a Política Nacional

Jornal da ANAMT

de Segurança e Saúde no Trabalho. Outros avanços, como a instituição do Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário; o Fator Acidentário de Prevenção; a inclusão de pessoas com deficiência e o aumento da qualificação profissional podem estar refletindo nos resultados positivos.

Ainda estamos longe de ser um país com boas condições de SST, mas houve avanços, frutos de políticas desenvolvidas por diversas áreas. Um grande desafio é o de articular políticas intersetoriais que envolvam as áreas da saúde, previdência, tra-balho e emprego, educação e assistência social, para que atuem na proteção ao trabalhador de forma integral, desde a sua for-mação, passando pela assistência à saúde e prevenção aos ris-cos, até a reabilitação profissional e o amparo nos momentos de desemprego, incapacidade e aposentadoria.

Quais são os principais motivos de afastamento do trabalho?

A maior incidência é por conta do grupo de doenças causa-das, agravadas ou desencadeadas pela organização do trabalho, como as LER/DORT e os transtornos mentais e comportamentais. Por mais complexo que seja, é preciso interferir na organização do trabalho, na qual o controle dos ritmos e movimentos, a perda da autonomia, as exigências da competitividade e da produtividade e o trabalho sem sentido estão adoecendo os trabalhadores.

Quais são as principais dificuldades enfrentadas pelo médico perito?

A perícia médica do INSS foi historicamente construída como um ato solitário, em que o perito, por vezes, forma juízo sem um conjunto maior de informações ou pareceres de outros profissionais. Estamos aprimorando o sistema de avaliação da capacidade laborativa, incluindo questões como o reconheci-mento dos laudos de serviços de saúde do trabalhador, avalia-ção com equipes multiprofissionais das pessoas que estão há muito tempo em benefício da Previdência Social. É um esforço que nos possibilitará entender exatamente quais questões es-tão relacionadas à doença e à incapacidade do segurado, lem-brando que nem toda doença gera uma incapacidade.

Queremos substanciar melhor a decisão do perito com in-formações para além do ponto de vista biológico da doença,

Diretor de Saúde do Trabalhador do INSS fala sobre mudanças que permitirão avaliar o indivíduo em sua integralidade

e n t r e v i s t a

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Jornal da ANAMT Junho 2014 9Jornal da ANAMT

pois o fenômeno da capacidade está relacionado a ou-tros aspectos psicológicos e sociais.

essas mudanças serão implementadas no novo modelo de Avaliação da Incapacidade Laborativa?

O modelo prevê algumas questões, como a recepção administrativa em determinadas condi-ções (possibilidade de reconhecimento do atesta-do médico trazido pelo trabalhador), a avaliação por uma equipe multiprofissional nos benefícios por incapacidade de longa duração (acima de dois anos de afastamento), o que possibilitará um au-mento da resolutividade dos casos avaliados. Essa equipe chegará mais próximo do segurado e ava-liará potencialidades, capacidades ou a incapaci-dade definitiva.

Também prevê estudos epidemiológicos, para contextualizarmos as informações e guiarmos nossas ações individuais e coletivas. Os estudos orientarão as intervenções para as empresas com maior número de acidentes, e as ações regressivas para aquelas que mais causam custos para a Previdência. Um dos objetivos desse modelo é intersetorialidade, para que se possa garantir políticas de Estado que analisem o cidadão de forma integrada.

Quais serão as principais mudanças desse novo modelo para o cotidiano do Médico do Trabalho?

É necessário destacar que muitos dos peritos pos-suem formação em Medicina do Trabalho. Esperamos que estas ações estimulem o diálogo entre o INSS e os médicos especialistas das empresas e sindicatos. Muitas vezes há uma discrepância de diagnósticos e de condu-tas, e é preciso conversar para encontrar possibilidades para o trabalhador que não se restrinjam à aposentado-

ria por invalidez. Vale lembrar que o atestado do Médico do Trabalho será valorizado pela recepção administrativa, sem necessidade de pe-rícia nos casos iniciais.

Também julgo necessário provocar uma discussão, e acredito que a ANAMT deve encabeçar esse debate, sobre a desvinculação do Mé-dico do Trabalho da empresa. Assim, o profissional poderá ter mais autonomia para propor ações e se manifestar. Existem modelos em países como a Espanha, onde as empresas são obrigadas a ter assis-tência de serviços de Medicina do Trabalho, mas não existe a relação empregatícia entre ambas as partes. Clínicas, cooperativas ou institu-tos são credenciados pelo Estado, garantindo autonomia de procedi-mentos do médico.

Qual o principal objetivo do projeto Reabilitação Profissional: Articulando Ações em Saúde do Trabalhador e Construindo a Reabilitação Integral, aberto para consulta pública?

O INSS tem dois grandes processos na área de saúde do traba-lho. O primeiro é a avaliação da capacidade laboral e o segundo, a reabilitação profissional. Precisamos agir na reinserção dos traba-lhadores que recebem benefício. A reabilitação é o caminho mais digno para que os segurados que apresentam limitações voltem ao mercado de trabalho. Esse desafio precisa ser bem conversado en-tre as partes envolvidas, para entender melhor o indivíduo, buscar oportunidades e dar garantias de retorno ao nosso sistema caso não obtenha sucesso.

O projeto contribui para a articulação da seguridade social no Bra-sil, pois saúde do trabalhador é uma ação comum aos governos mu-nicipais, estaduais e federal. É uma atividade que requer uma equipe multiprofissional, visão integral e práticas intersetoriais. Necessitamos praticar a intersetorialidade, pois a questão dos ambientes e proces-sos de trabalho e da proteção do trabalhador não se resolve apenas no INSS ou os ministérios da Saúde e do Trabalho e Emprego. Tem que envolver também a Assistência Social e a Educação.

É um projeto de fôlego, com muitos atores envolvidos. Esperamos que as contribuições enriqueçam o processo da reabilitação profissio-nal e possibilitem a integração de ações governamentais.

Como está o andamento da ampliação do sistema de atestado eletrônico?

O sistema foi implementado primeiramente em Canoas (RS), por força de uma Ação Civil Pública. É um aprimoramento da re-cepção administrativa. Ao invés de entregar um atestado em pa-pel para o segurado levá-lo à agência do INSS, o médico poderá enviar o atestado eletronicamente para o INSS, por meio do site da Previdência. Basta fazer uso de token. Com esta medida tere-mos mais garantia da veracidade do documento, agilizaremos o reconhecimento do direito e melhoraremos o atendimento nas agências do INSS à medida que restringirmos o atendimento aos casos que necessitem de avaliação pericial.

"A reabilitação é o caminho mais digno para que os segurados que apresentam limitações voltem ao mercado de trabalho”

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As múltiplas transformações do início do século XXI acarretaram consequências para a saúde individual e coletiva dos trabalhadores. Com o objetivo de discutir uma gestão integrada entre saúde, trabalho e meio ambiente, foi realizado o XVII Seminário Sul Brasileiro da ANAMT, em Florianópolis (SC), entre os dias 1º e 3 de maio, com a participação de mais de 400 profissionais.

"O Médico do Trabalho não cuida apenas da prevenção de acidentes relacionados ao ambiente laboral, mas, principalmente, atua na promoção da saúde e da qualidade de vida destes indivíduos", afirmou o presidente da ANAMT, Dr. Zuher Handar, durante a abertura oficial do evento.

No discurso, ele afirmou que os profissionais da saúde, principalmente os Médicos do Trabalho, precisam compreender a realidade das mudanças. Só assim poderão ampliar os benefícios e diminuir, ou acabar, com os efeitos negativos dessa transformação. Dr. Zuher afirmou ainda que a ANAMT é e deve continuar sendo uma referência técnica e científica na área de saúde ocupacional e no cuidado com o meio ambiente.

O presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Roberto d'Ávila, também participou da abertura do Seminário. Ele informou que, até em setembro deste ano, deve ser votada uma resolução para valorizar o trabalho do médico especialista. "Estamos com o texto pronto, que garante a execução de trabalhos especializados somente aos detentores de títulos de especialistas", disse.

Após a abertura, Dr. Zuher proferiu a Conferência Magna, na qual abordou a importância da gestão integrada entre saúde, trabalho e meio ambiente. Ele lembrou de um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), de 2013, que apontou dois principais desafios para o século XXI: assegurar a sustentabilidade ambiental e tornar realidade o sonho do trabalho digno para todos.

Ele sugeriu que os especialistas olhem para além do local de trabalho e pensem a saúde dos trabalhadores de forma integrada a outros aspectos, como os problemas ambientais: "A associação desses temas permite pensar de forma integrada o desenvolvimento de ações de prevenção e promoção da saúde".

O E-SOCIALA relação do Médico do Trabalho com as instituições públicas

foi outro assunto de destaque, abordado em uma mesa redonda.

Com a proposta de mudança na NR-1 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e a implementação do e-Social, 2014 é um ano de mudanças para o setor, com boas perspectivas, porém muitas dúvidas. Além disso, a ANAMT está produzindo sua primeira Diretriz Técnica, que versará sobre o PCMSO e a gestão integrada.

Dr. Dante Lago, diretor Financeiro da Associação, abordou o impacto do e-Social na segurança e na saúde dos trabalhadores. Ele explicou que, com a plataforma do Governo Federal, os empregadores passarão a prestar, pela Internet, informações tributárias, trabalhistas, previdenciárias e de folha de pagamento de seus funcionários. As empresas também deverão informar sobre eventos da relação com os trabalhadores, como admissão, alteração de salários, afastamentos, etc.

“De que forma isso nos afeta? Siglas como PPP, PPRA, PCMSO vão desaparecer e passarão a ser informadas em um único banco de dados. Isso nos leva a uma reflexão: será que hoje esses sistemas e informações conversam entre si nas empresas onde trabalhamos? E no governo? Elas precisarão dialogar, ter consistência e coerência de dados", alertou.

Segundo Dr. Dante, o e-Social vai marcar uma nova fase para o Médico do Trabalho. Mas também ocorrerão dificuldades. O especialista citou, por exemplo, a falta de um controle informatizado dos dados solicitados na maioria das empresas. A quantidade e a qualidade das informações pedidas também estão além da realidade, segundo o palestrante.

A própria implementação do sistema gera dúvidas. Para as empresas cuja tributação é baseada no lucro real, o prazo para início do cadastramento é 31 de outubro. A data para as demais companhias ainda está indefinida. Outro aspecto são os layouts da plataforma, que também não estão prontos e deveriam estar disponíveis em março deste ano. Devido ao cenário atual, Dr. Dante acredita que os prazos serão novamente adiados.

dIReTRIZeS TéCNICASUm novo instrumento para auxiliar o Médico do Trabalho está sendo elaborado de forma democrática: as Diretrizes Técnicas da ANAMT. Durante o evento, o Dr. Mario Bonciani, diretor Científico da entidade, apresentou a Diretriz Técnica sobre o PCMSO, que em breve entrará em consulta pública para os associados.

XVII SeMINáRIo Sul BRASIleIRo dA ANAMTEm Florianópolis (SC), Médicos do Trabalho discutiram a importância de uma gestão integrada entre saúde, trabalho e meio ambiente

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10 Junho 2014 Jornal da ANAMT

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Junho 2014 11Jornal da ANAMT

XVII SeMINáRIo Sul BRASIleIRo dA ANAMTA NOVA NR-1

A relação com as instituições também vai mudar com a nova NR-1, cuja reformulação está sendo realizada por um Grupo de Estudo Tripartite (GET) envolvendo governo, empresas e trabalhadores. O tema é de importância fundamental, pois a nova norma prevalecerá sobre as demais NRs. "Temos que ter cuidado, porque, se errarmos agora, vamos propagar os erros”, afirmou Dr. Gilmar Trivelato, pesquisador titular da Fundacentro e um dos responsáveis pela elaboração do texto.

O pesquisador frisou que o texto básico da NR-1 deve estar pronto até junho, quando irá para consulta pública. Ele fez questão de alertar os Médicos do Trabalho para não confiar nas informações divulgadas na Internet, já que o documento ainda está em fase de ajustes.

Uma das novidades será em relação às classes de risco, que serão divididas em baixo, moderado, alto e muito alto. Para o risco baixo, por exemplo, o objetivo dos profissionais de SST será manter as condições de trabalho e as medidas de prevenção. Já nas atividades classificadas com risco muito alto, o trabalho não poderá ser iniciado até que sejam tomadas medidas que eliminem ou diminuam os perigos inerentes.

As empresas sem risco ou de baixo risco terão que adotar medidas gerais de prevenção. As demais precisarão de planos com medidas específicas para evitar, eliminar e reduzir os riscos. "As medidas preventivas devem ser prioritariamente de caráter coletivo e implementadas em períodos de tempo definidos, não sendo permitidas formas de proteção baseadas exclusivamente em uso continuado de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), por exemplo", afirmou o pesquisador.

Dr. Gilmar Trivelato dá detalhes sobre

a nova NR-1

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Jornal da ANAMT

"A Diretriz Técnica é um instrumento deliberativo da ANAMT, de caráter eminentemente técnico, que tem como objetivo orientar os médicos do trabalho e outros profissionais da área sobre as boas práticas para o exercício ético da especialidade", explicou. Também será elaborada uma diretriz sobre Saúde para Trabalhos em Altura. Estão em discussão outros dois tópicos: Medicina do Trabalho no Setor Marítimo e Revisão do Manual de Imunização de Trabalhadores.

Em sua palestra, Dr. Bonciani mostrou as etapas de construção dos documentos: definição do assunto e equipe de consultores; elaboração do documento preliminar; e abertura para consulta pública. A partir das sugestões dos profissionais associados à ANAMT, é realizada a redação final. "Não é o pensamento do presidente ou do diretor científico, é uma diretriz de caráter democrático. Por isso o processo é mais longo", salientou.

De acordo com o diretor Científico, o objetivo inicial da Diretriz Técnica sobre o PCMSO era fazer uma norma sobre os pontos críticos do Programa, como a relação entre o coordenador e o médico examinador. O debate entre a equipe técnica fez a ideia evoluir e mudar o objetivo do texto, que será focado na gestão de saúde do trabalhador, influenciado pelas mudanças geradas a partir da nova NR-1 e pelo e-Social.

“É possível que façamos pequenas discussões de temas pontuais, mas a linha de trabalho é uma nova visão da área de saúde do trabalhador que não seja o tradicional PCMSO”, afirmou o Dr. Bonciani.

SAúde eM FRIgoRÍFICoSDesde abril de 2013, quando entrou em vigor a NR-36

(Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados), o trabalho em frigoríficos possui novas exigências. O assunto foi debatido no Seminário sob diversos ângulos, desde um olhar integral da gestão até a preocupação com a saúde mental dos trabalhadores do setor.

Em conferência temática, a Dra. Denise Brzozowski, presidente da Associação Catarinense de Medicina do Trabalho (ACAMT), fez um panorama das mudanças ocorridas após a publicação da NR-36. Ela explicou que o objetivo da norma é estabelecer requisitos mínimos de avaliação, controle e monitoramento dos riscos existentes para garantir permanentemente a segurança, a saúde e a qualidade de vida dos trabalhadores.

Uma das mudanças é relacionada aos equipamentos. Ela contou que, em Santa Catarina, muitas empresas fizeram um trabalho para que a empunhadura das facas fosse a mais

ergonômica possível, com cabos de tamanho diferente para homens e mulheres. "Raramente pede-se a opinião de quem exerce a atividade. O setor de corte, por exemplo, é composto por mais de 200 pessoas. Entretanto, agora devemos considerar as sugestões dos trabalhadores na escolha de ferramentas e dos equipamentos", explicou.

O gerenciamento de riscos é outra preocupação da norma. São 16 tópicos que discorrem sobre a estratégia de prevenção em SST. Segundo a Dra. Denise, as ações preventivas devem estar integradas às atividades de gestão e à dinâmica da produção. Além disso, o gerenciamento deve contar com um novo ator, um representante dos funcionários indicado pelo sindicato da categoria preponderante, a fim de aperfeiçoar os níveis de proteção e desempenho na área de SST.

A Dra. Vera Lucia Zaher falou sobre a saúde mental do trabalhador em frigorífico. Ela criticou a escassez de literatura sobre o tema. De acordo com a diretoria administrativa da Associação Paulista de Medicina do Trabalho (APMT), quase todos os trabalhos focados no setor são voltados para a ergonomia. Segundo ela, os profissionais devem pensar não só na sobrecarga física dos trabalhadores, como também na psíquica.

eRgoNoMIA As ferramentas de análise ergonômicas são de fundamental importância para o Médico do Trabalho, mas devem ser usadas após uma análise mais ampla do contexto do trabalho. "Não há análise ergonômica sem se examinar a empresa e os trabalhadores. E depois, se necessário, usa-se esse recurso", afirmou o Dr. Paulo Antonio Barros Oliveira, em conferência temática sobre o tema.

Segundo Dr. Paulo, professor de Medicina do Trabalho na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a serventia das ferramentas ergonômicas precisa ser discutida. Segundo ele, nos países de capitalismo mais avançado, o objetivo delas é medir a implementação de uma ação. "As ferramentas são muito bem aceitas quando faz-se uma medição, uma intervenção e, novamente, outra medição. Medir apenas para fins burocráticos não adianta", levantou o especialista.

Participantes da mesa redonda sobre a saúde do trabalhador em frigoríficos

(Da esq. para dir.) Os Drs. Mário Bonciani, Roberto d’Ávila, Lúcia Rohde, Denise Brzozowski, Antônio Guimarães, Zuher Handar, Casimiro Pereira Jr. e Sandro Sardá, na abertura do Seminário

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12 Junho 2014

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TRABAlHo eM AlTuRAA exemplo dos diversos acidentes fatais que vitimaram

trabalhadores durante as obras para a Copa do Mundo, o trabalho em altura é um dos grandes desafios para o Médico do Trabalho. O tema foi amplamente debatido em um talk show durante o XVII Seminário Sul Brasileiro da ANAMT.

A consultora de Segurança do Trabalho, Grácia Fragalá, formada em Serviço Social, abriu a sessão e compartilhou com os participantes algumas de suas angústias sobre o assunto. Segundo ela, a NR-35 (Trabalho em Altura) tentou englobar os diversos perfis da atividade, com foco na gestão de saúde do trabalhador.

“Onde está nossa dificuldade? Ou temos uma visão sistêmica ou continuaremos falando de casos isolados, com ações igualmente isoladas, chegando a resultados parciais", defendeu.

O ponto de vista psicossocial do trabalho em altura também foi abordado. A Dra. Vera Lúcia Zaher apontou como positiva a regulamentação legislativa do tema. Como contraponto, ela afirmou que os testes neuropsicológicos não garantem a ausência de uma futura doença ocupacional do trabalhador. Portanto, sua situação deve ser constantemente avaliada por uma equipe multiprofissional.

Outro debate foi sobre a situação das pessoas com deficiência no trabalho em altura. Segundo o Dr. José Carlos do Carmo, auditor fiscal do trabalho e médico sanitarista e do trabalho, a ANAMT tem pautado o tema. Ele também desenhou um histórico sobre o assunto e afirmou que, atualmente, a sociedade vive o paradigma da inclusão da diversidade. Mas apontou muitos desafios pela frente.

"Não devemos excluir uma pessoa com deficiência a priori. Precisamos definir as habilidades necessárias para o posto e, se uma pessoa achar que tem habilidade, devemos testá-la. O principal problema é o preconceito", afirmou.

Jornal da ANAMT

Feita a avaliação geral, o tema passou a ser discutido em uma mesa redonda. Um dos palestrantes foi o editor da Revista Brasileira de Medicina do Trabalho e ex-diretor Científico da ANAMT, Dr. Hudson Couto. Ele falou sobre as ferramentas para avaliação ergonômica da repetitividade e compartilhou um modelo de check list para avaliar as exigências em membros superiores. Dr. Hudson também mostrou ferramentas para análise de riscos, como o TOR-TOM.

CONHECIMENTO COMPARTILHADOO material de todas as apresentações realizadas

durante o XVII Seminário Sul Brasileiro da ANAMT está

disponível no site da ANAMT. Para ter acesso, escaneie

o QR Code com um tablet ou smartphone ou acesse o

Conteúdo Exclusivo pelo link http://migre.me/jaraO

Dr. Casimiro Pereira Júnior, a presidente da ACAMT, Dra. Denise

Brzozowski, e o presidente do CFM, Dr.

Roberto d’Ávila

Dr. Paulo Barros faz conferência

sobre as ferramentas

para avaliação ergonômica

O diretor Científico da ANAMT, Dr. Mario Bonciani, expõe sobre as

Diretrizes Técnicas da entidade

Público participa de um dos seminários

do evento

Participantes assistem à

Conferência Magna

proferida pelo Dr. Zuher Handar

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Jornal da ANAMT14 Junho 2014

No dia 28 de abril, comemora-mos o Dia Internacional da Seguran-ça e Saúde no Trabalho, data institu-ída pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) para lembrar os 78 operários mortos na explosão da mina Farmington, em Virgínia (EUA), em 1969. Neste ano, o tema da campanha foi Segurança e Saúde na Utilização de Produtos Químicos no Trabalho.

Atualmente, raras são as ativida-des completamente livres de expo-sição a algum agente químico; estes estão presentes desde a agricultura e a produção de alimentos, indús-tria, construção civil, mineração, até serviços de saúde, transporte, cabe-leireiros, lavagem a seco. Quando o risco provém de substâncias ou pro-dutos utilizados, é simples associar o agente prejudicial ao trabalho, o que não ocorre quando se trata de subprodutos, impurezas em outros produtos, ou resultado de formação “acidental”, devido, por exemplo, a reações químicas, decomposição térmica ou de matérias orgânicas. O conhecimento da possibilidade de “riscos escondidos” é de extre-ma importância.

Todo produto químico pode cau-sar problemas à saúde, de acordo com a dose. As consequências são muitas e podem ser até fatais. Gran-de parte das doenças ocupacionais por exposição a agentes químicos não é devidamente diagnosticada e notificada. Um dos motivos que

Produtos químicos e a segurança do trabalhador*

dificultam o estabelecimento do nexo causal entre exposição e do-ença ocupacional é a manifestação tardia. Inclusive, alguns produtos químicos chegam a causar danos genéticos que vão aparecer em ge-rações futuras.

A exposição dos trabalhadores a agentes químicos sempre pode e deve ser evitada, o que requer conhecimento dos processos, dos poluentes potencialmente associa-dos e de sua toxicidade, bem como das medidas preventivas que se im-põem. Muitos produtos químicos tó-xicos podem ser substituídos por ou-tros menos ou não tóxicos, o que é o ideal. Infelizmente, isto nem sempre é possível, pois certos produtos são indispensáveis para alguns proces-sos; neste caso outras medidas pre-ventivas devem ser utilizadas.

Não existe uma única solução para todos os casos – cada situação deve ser cuidadosamente avaliada e estudada para que sejam adotadas medidas preventivas adequadas e eficientes. O ideal é que haja uma antecipação aos riscos, incorporando a prevenção já na fase de planejamento e projeto. É importante atuar de acordo com a seguinte hierarquia das medidas pre-ventivas: medidas de prevenção na fonte de risco; relativas à propagação do agente pelo ambiente de trabalho; e relativas ao trabalhador.

O governo brasileiro, signatário da Convenção nº 170 da OIT, visa à prevenção das doenças ocupacionais

por meio das Normas Regulamenta-doras (NR) do Ministério do Trabalho e Emprego como, por exemplo, a NR-9, que exige os PPRAs das empresas, indicando as etapas de antecipação, reconhecimento, avaliação, preven-ção e controle dos fatores de risco. Se fosse bem aplicada, esta norma contribuiria muito para proteger a saúde dos trabalhadores. Porém, em muitos casos, sua aplicação ainda é inadequada. Quanto à inciativa priva-da, há empresas muito preocupadas com o tema, assim como outras cujo descaso com a saúde e a vida dos tra-balhadores chega a ser desumano.

Algumas normas são boas, ou-tras estão muito defasadas e devem ser renovadas, como a NR-15 que, felizmente, está em processo de re-visão. Porém, mesmo se as normas fossem perfeitas, restaria o grande problema de sua aplicação corre-ta por profissionais competentes e responsáveis. Deve ser dito que te-mos no Brasil excelentes profissio-nais de saúde ocupacional, porém ainda não em número suficiente.

* Berenice Goelzer, engenheira formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com mestrado e pós-graduação em Higiene Ocupacional nos Estados Unidos. Trabalhou por 25 anos no escritó-rio de Saúde Ocupacional da Organização Mundial da Saúde, em Genebra.

a r t i g o

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Junho 2014 15Jornal da ANAMT

h i s t ó r i a

Sinônimo de pioneirismo nos estudos da saúde do trabalhador, Bernardino Ramazzini está sendo relem-brado em 2014 pelos 300 anos de sua morte. O médico italiano, considerado o pai da Medicina do Trabalho, é autor da obra De Morbis Artificum Diatriba (As Doenças dos Trabalhadores, na tradu-ção para o português) e inspirou muitos profissionais a seguirem seus passos.

O Prof. René Mendes, diretor de Re-lações Internacionais da Associação, é estudioso do assunto e tem publicado ar-tigos e estudos sobre a biografia do mes-tre. Desde que decidiu abraçar a área, em 1972, ele enxerga em Ramazzini um modelo de visão e conduta profissional.

“Ele foi o que todo bom médico deve ser: comprometido com a saúde de homens e mulheres, e principal-mente dos vulneráveis e despossuí-dos. O viés da Medicina do Trabalho que se aprende com ele é o das saú-des Pública e Coletiva, da Epidemio-logia e da Medicina Social”, observou.

Assessora da Presidência para For-mação dos Médicos do Trabalho, Drª Elizabeth Dias vê no pioneiro um bastião de influência permanente no ramo. Em sua vida acadêmica, ela já desenvolveu um trabalho a respeito da atualidade da contribuição ramazziniana.

“Sua lições continuam atuais e desafiam as instituições de formação médica a desenvolver estratégias pe-dagógicas para incorporá-las”, disse, e acrescentou: “Em tempos de transfor-mações aceleradas no mundo do tra-balho, é essencial retomar as lições do

Tempo de celebrar

Mestre se quisermos encontrar boas saídas para a atual crise civilizatória”.

Presidente da Associação Médi-ca Brasileira (AMB), Dr. Florentino de Araújo Cardoso Filho atestou a impor-tância deste ícone para toda a Medici-na: “Ele despertou o nascimento da es-pecialidade, dando seu agregado senso observacional e epidemiológico, além de evidenciar em seu trabalho as rela-ções diretas do ambiente profissional e o processo saúde-doença”.

NoVo ANoNo clima de lembranças e homena-

gens ao pai da especialidade, a ANAMT também celebrou seu 46º ano de exis-tência. Durante o período, construiu sua reputação a partir de um trabalho sério com governos e profissionais da área, além da constante defesa do direito por condições de trabalho decentes.

Associação comemora 46 anos de fundação e relembra a importância de Ramazzini

A Prof.ª Frida Fischer, membro da Comissão Internacional em Saúde Ocu-pacional (ICOH), se associou à ANAMT no final da década de 1970. Para ela, as ações da entidade representam um pa-pel relevante para o avanço da Medicina do Trabalho.

“A ANAMT é um ponto de referên-cia para os profissionais da área, no Brasil e na América Latina. Suas ações têm grande repercussão, tanto na prática profissional quanto nas ques-tões ligadas à pesquisa”, analisou.

Ex-presidente da Associação, Dr. Jorge da Rocha Gomes vê a modernização da entidade com o passar do tempo: “A Associação começou pe-quena, e, à medida que cresceu, tornou--se uma referência no Brasil. Ela teve um grande peso no desenvolvimento da es-pecialidade, resultando em uma qualida-de de saúde e vida para os trabalhadores”.

Capa da primeira edição do Jornal da ANAMT, de julho de 1987

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16 Junho 2014 Jornal da ANAMT

Reconhecimento da especialidade

MTE publica portaria que altera a NR-4 e define a necessidade de título de especialista e registro no CRM para profissionais integrantes do SESMT

O último dia do mês de abril marcou uma conquista para os Médicos do Tra-balho: a Portaria MTE 590/14 alterou os itens 4.4 e 4.4.1 da Norma Regula-mentadora nº 4 (veja mais na página 4), que estabelece os parâmetros para organização dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT). Os textos passaram a ter a seguinte redação:

• 4.4 Os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Me-dicina do Trabalho devem ser compostos por Médico do Trabalho, Engenhei-ro de Segurança do Trabalho, Técnico de Segurança do Trabalho, Enfermeiro

do Trabalho e Auxiliar ou Técnico em Enfermagem do Trabalho, obedecido o Quadro II desta NR.

• 4.4.1 Os profissionais integrantes do SESMT devem possuir formação e registro profissional em conformidade com o disposto na

regulamentação da profissão e nos instrumentos normativos emitidos pelo respectivo Conselho Profissional, quando existente. (NR)

Há mais de uma década, os médicos de saúde ocupacional buscam o re-conhecimento do especialista em Medicina do Trabalho na composição do SESMT. O processo de reivindicação junto ao Ministério do Trabalho foi inicia-do nas gestões anteriores da ANAMT, e intensificado com o trabalho do Prof. René Mendes (2001 a 2007) e do Dr. Carlos Campos (2007 a 2013).

“Essa é uma luta antiga, um passo na direção da melhor qualifica-ção da prestação de serviço do Médico do Trabalho. Considero que essa Portaria atende à valorização da especialidade e é um reconhecimen-to necessário da nossa atuação na sociedade. Quando o MTE atualiza a NR-4, que regulamenta o SESMT nas empresas, é um momento de cons-tatação da necessidade de que, nesse serviço, tenhamos pessoas cada vez mais capazes e qualificadas para atingir o objetivo principal: atuar na promoção da saúde do trabalhador”, declara o presidente da ANAMT, Dr. Zuher Handar.

a t u a l i z a ç ã o

16 Junho 2013

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Para o Prof. René Mendes, diretor de Re-lações Internacionais e ex-presidente da Associação, a Portaria corrige uma omissão que perdurava desde 2002, quando a Medicina do Trabalho foi reconhecida como especialidade médica. Ele defende que os profissionais da área se preparem para desafios que extrapolem as exigências do SESMT:

“Os médicos procuram se qualificar com competências que vão muito além das exigidas nas NRs, posto que cresce cada vez mais a de-manda da sociedade por Médicos do Trabalho capazes de exercer papéis e responsabilidades extremamente diferenciadas”.

Ele também foi diretor do Departamento de Segurança e Saúde do Trabalho do MTE e atuou com protagonismo em diversos momentos im-portantes para a área, como a atualização da própria NR-4, com a redação das especificações dos Médicos do Trabalho. Prof. René continuou a lutar pelos direitos da especialidade como presidente da ANAMT, em prol da correta for-mação do especialista.

“Desenvolvemos, junto com a Dra. Elizabeth Dias, o primeiro rol de competências requeridas para o exercício da Medicina do Trabalho. Lu-tamos junto ao MTE para que se abstivesse de manter sua própria conceituação de quem era este profissional, respeitando as mudanças nor-mativas ocorridas em 2002 pela Resolução CFM 1.634/02 e o novo contexto da especialidade, já não mais atrelados àquele órgão”, lembra.

Para o Dr. Mario Bonciani, diretor Científico da ANAMT, na medida em que a Medicina do Tra-balho foi reconhecida como especialidade, é im-possível advogar a tese de se admitir um médico especialista com curso de especialização fora dos parâmetros ditados pelo conselho profissional.

“O artigo 4º da Resolução CFM 1.634/02 é absolutamente claro ao determinar que a vin-culação do médico com a especialidade apenas poderá ser admitida quando o título ou certifi-cado for reconhecido e registrado no CRM”, dis-se. Dr. Mario lembrou que a antiga redação da NR-4 estava embasada em uma construção da estrutura do MTE da época da ditadura militar, quando os CRMs eram subordinados ao Execu-tivo. “A Portaria não é uma alteração técnica, é

"As constantes transformações da sociedade impõem ao Médico do Trabalho empregar amplo e dinâmico conhecimento para proteção integral à saúde do trabalhador"Dra. Rosylane Rocha, Diretora de Ética e Defesa Profissional da ANAMT

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apenas uma adequação de competência institucional ao regi-me democrático”, finaliza.

INFluêNCIANa semana anterior à publicação da Portaria MTE 590/14,

Dr. Zuher e a Dra. Rosylane Rocha, diretora de Ética e Defesa Profissional da ANAMT, estiveram reunidos em Brasília com o ministro do Trabalho, Manoel Dias. Na ocasião, eles defende-ram o texto e exaltaram a sua importância da atualização.

“Especialidades médicas há muitos anos figuram como tema central de discussão pelas entidades nacionais. Isto se justifica pela necessidade de melhor formação profissional, com vista à prática da boa medicina com repercussão direta na sociedade. As constantes transformações da sociedade impõem ao Médico do Trabalho empregar amplo e dinâmico conhecimento para prote-ção integral à saúde do trabalhador”, assinalou a diretora.

A diretora de Divulgação da entidade, Dra. Marcia Bandini, aproveitou para lembrar outra recente conquista para a classe, proporcionada pela assinatura da Resolução CFM 2007/13, em fe-vereiro do ano passado. O texto impõe a obrigatoriedade da titula-ção em especialidade médica registrada nos CRMs para o exercício do cargo de diretor técnico ou de supervisão, chefia ou responsa-bilidade médica pelos serviços assistenciais especializados.

“Esta resolução também representou um avanço para os profissionais da área de saúde ocupacional. A portaria vem para somar a esse movimento e cria uma demanda enorme no mercado, para que os médicos sejam de fato especialistas em Medicina do Trabalho”.

Leia no site da ANAMT a carta pública divulgada pela entidade sobre a NR-4. Para acessar, escaneie o QR Code ou visite o link http://migre.me/jaFWl

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Jornal da ANAMT18 Junho 2014

A N A M T r e c o m e n d a

Minimizando os riscosEm abril, foi lançado o Manual de Orientação

sobre Controle Médico Ocupacional da Exposição a Substâncias Químicas, que auxilia os profissionais de saúde ocupacional na elaboração do PCMSO. O mate-rial foi escrito pelo médico toxicologista e pesquisador da Fundacentro, José Tarcísio Penteado Buschinelli.

A obra evidencia os riscos da má interpretação na dosagem das substâncias químicas e de indicadores biológicos para a saúde do trabalhador. Para o autor, o manual deve conscientizar e auxiliar os médicos das iniciativas pública e privada a não cometer erros na elaboração desses indicadores.

Além do teor téc-nico, o livro também contém orientações didáticas. Em cada ca-pítulo abordado, notas comentam a melhor maneira de assimilar o assunto em questão.

A publicação pode ser baixada pelos si-tes da Fundacentro e da ANAMT, na seção Sugestões de Leitura: http://migre.me/iDS0Q

Psicologia organizacional

O Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP-SP) produziu um documentário sobre a história da psicologia organizacional e do trabalho em São Paulo, desde a primeira metade do século XX até os dias atuais. O material audiovisual reúne relatos de diversos profissionais da área.

Durante cerca de 50 minutos, é mostrada a transformação de um país rural até chegar ao pa-tamar urbano e industrializado atual, passando por grandes crises econômicas que transformaram as relações de trabalho. O vídeo está disponibilizado no YouTube pelo link http://migre.me/iDg4w.

SST no BrasilFoi lançada a segunda edição do livro Saúde e Se-

gurança no Trabalho no Brasil: Aspectos Institucionais, Sistemas de Informação e Indicadores. A obra é resul-tado de uma parceria entre a Fundacentro e o Institu-to de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), cujo objeti-vo é realizar estudos e pesquisas de interesse mútuo, principalmente na área de SST.

A publicação é dividida em 11 capítulos, organizados em duas partes: a primeira apresenta a evolução e a si-tuação vigente das institucionalidades de SST no plano federal. A segunda delineia os problemas remetidos à in-tegração de dados e discute suas perspectivas, incluindo relatos de experiências exito-sas com a vinculação de ban-co de dados.

O livro é vendido na bi-blioteca da Fundacentro e também está disponível para download no site da instituição pelo link http://migre.me/iDYtQ.

Jornal da ANAMT

PrevençãoO Dia Mundial da Segurança e

Saúde no Trabalho é comemorado anualmente no dia 28 de abril. A data motiva a reflexão sobre os fatores que resultam em acidentes de trabalho.

Este ano, o tema foi Segurança e Saúde na Utilização de Produtos Quí-micos no Trabalho, e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) lançou um documento homô-nimo que chama atenção para o desenvolvimento de políticas de segurança de prevenção de riscos.

O relatório analisa a atual situação referente ao uso de pro-dutos químicos e o impacto nos ambientes laborais e no meio ambiente. A OIT frisa que, para obter um equilíbrio entre os be-nefícios dessas substâncias e a segurança de sua manipulação, é necessário um completo gerenciamento de riscos. De acordo com a organização, a prevenção total pode ser alcançada por meio da combinação de esforços entre governantes, emprega-dores, trabalhadores e organizações.

O relatório, em inglês, pode ser baixado no site da ANAMT pelo link: http://migre.me/j1Vf8

Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes de Trabalho 1

SAFETY AND HEALTH IN THE USE OF

CHEMICALS AT WORK

World Day for safetyand health at work28 April 2014

SafeDay

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Jornal da ANAMT

espaço do associado

Os associados da ANAMT têm um canal aberto com a entidade para enviar suas dúvidas sobre os mais diversos assuntos referentes à especialidade. Seu questionamento pode ser enviado para [email protected] e será respondido por e-mail. A cada trimestre, uma questão é selecionada para constar na seção Espaço do Associado.

VII Congresso Brasileiro de Higiene ocupacional

A Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais (ABHO) realizará, entre os dias 25 e 27 de agosto, o VIII Congresso Brasileiro de Higiene Ocupacional e o XXI Encontro Brasileiro de Higienistas Ocupacionais. Sediados em São Paulo (SP), os eventos fazem parte das comemorações dos 20 anos da Associação. Entre os temas a ser abordados nos trabalhos livres estão Aposentadoria Especial e Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) e Gestão e Controle de Riscos Ambientais.

Mais informações: http://abho.org.br/

Saúde ocupacional na Alemanha

Entre os dias 24 e 27 de agosto, a cidade de Frankfurt, na Alemanha, sediará o XX Congresso Mundial em Segurança e Saúde no Trabalho 2014: Fórum Global para Prevenção. O tema dessa edição será Compartilhar Visões para uma Prevenção Sustentável.

O evento, considerado o maior da área de SST, reunirá sindicatos, universidades, trabalhadores e entidades governamentais de todo o mundo e vai possibilitar a troca de experiências entre os participantes, promovendo a saúde e segurança do trabalho internacionalmente.

Mais informações: https://www.safety2014germany.com/

SogAMT discute as novas NRsPorto Alegre receberá a segunda edição do Seminário Internacional

de Segurança e Saúde no Trabalho, cujo tema central será Processo de Implementação de Novas Normas Regulamentadoras: Avanços, Gestão e Impactos. No evento, que tem a SOGAMT como uma das entidades idealizadoras, ocorrerá de 3 a 5 de setembro, com painéis, apresentações de trabalhos e debates.

Mais informações: http://www.sogamt.org.br/index.php/eventos/53-ii-seminario--interncional-de-seguranca-e-saude-no-trabalho

SST no marEntre os dias 13 e 16 de outubro, a Fundacentro realizará,

em Itajaí (SC), o III Congresso Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho Portuário e Aquaviário. Entre os objetivos, a divulgação de conhecimentos e experiências sobre a segurança e saúde no setor desenvolvidos a partir da NR 29, da NR 30 e de seus anexos. O evento também vai debater os desdobramentos a serem adotados e as ações que contribuem para a melhoria do trabalho na área.

Mais informações:http://migre.me/jc7jJ

Fiz pós-graduação em Medicina do Trabalho e gostaria de saber estou apto a realizar a Prova de Títulos da ANAMT.

O candidato deve enquadrar-se em uma das três situações, as quais estão indicadas no Artigo 5º do Edital da Prova (parágrafos 1 a 3):1. Ser médico formado há dois anos completos ou mais, portador de diploma reconhecido e legalmente registrado no respectivo Conselho Regional de Medicina. Ter concluído a residência médica em Medicina do Trabalho, devidamente reconhecida pela Comissão Nacional de Residência Médica;2. Ser médico formado há três anos completos ou mais, portador de diploma reconhecido e legalmente registrado no respectivo Conselho Regional de Medicina; possuir Conclusão de Curso de Especialização ou Treinamento em Medicina do Trabalho acreditado pela Associação Nacional de Medicina do Trabalho, com duração mínima de 1.920 horas; comprovar exercício de atividade específica de Medicina do Trabalho, por 1.920 horas, totalizando o mínimo de 3.840 horas na data da inscrição;3. Ser médico formado há cinco anos completos ou mais, portador de diploma reconhecido e legalmente registrado no respectivo Conselho Regional de Medicina; estar exercendo ou ter exercido atividade especifica de Medicina do Trabalho, em tempo integral, durante no mínimo quatro anos na data da inscrição.Portanto, se o curso de pós-graduação tem a acreditação da ANAMT, deve-se considerar os pré-requisitos indicados no Parágrafo 2º do Artigo 5º do Edital.Se o curso de pós-graduação não tem a acreditação da ANAMT, deve-se considerar os pré-requisitos indicados Parágrafo 3º do Artigo 5º do Edital.

Dra. Flávia Almeida Diretora de Patrimônio da ANAMT

Dr. João Anastácio DiasDiretor de Título de Especialista da ANAMT

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Jornal da ANAMT20 Junho 2014

Influenza: proteção direta e indiretaDrª Lucia Ferro Bricks, MD, PhDCRM 36.370

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a vacina-ção contra influenza é a medida mais eficaz para proteger contra a do-ença e suas complicações1. As recomendações para vacinar grupos de risco variam de país para país2-4 e, recentemente, a OMS indicou como grupo prioritário as gestantes, devido à proteção da mãe e do bebê menor de seis meses. A Organização não colocou ordem de priorida-de para outros grupos, como idosos, trabalhadores da área da saúde, portadores de comorbidades e crianças menores de cinco anos5. Nos EUA, a vacinação é indicada para todos os maiores de seis meses de idade, pois se estima que aproximadamente dois terços da população estejam incluídos em grupos de risco ou tenham contato com essas pessoas, incluindo crianças e idosos3,4,6.

Em comparação com adultos, as crianças se infectam e transmitem os vírus com maior frequência3,6-12. Modelos matemáticos apontam que a va-cinação de 50% das crianças com idade entre dois e 18 anos poderia reduzir substancialmente a morbidade e mortalidade em toda a população13-17. A proteção direta e a proteção indireta oferecida pela vacinação contra in-fluenza já foi demonstrada em diversos estudos, tendo reduzido a carga da doença, o consumo de antibióticos, o absenteísmo de estudantes, pais e até professores, vacinados e não vacinados.18-21 Embora as crianças sejam as principais transmissoras dos vírus em casa, na escola e na comunidade,

adultos também podem transmitir os vírus para seus contatos, e a vacina-ção de adultos resulta em economia para a família e a sociedade. 22-24.

O maior impacto econômico da influenza resulta dos custos indi-retos, associados ao absenteísmo ao trabalho de indivíduos da faixa etária de 20 a 60 anos, normalmente não incluídos nos grupos alvo da vacinação. Por esse motivo, cada vez mais, a vacinação é considerada como um investimento que gera retorno econômico, sendo indicada não apenas para os grupos de risco, mas para todas as pessoas maio-res de seis meses de idade que não apresentem contraindicação para receber a vacina. 22-25

Quanto maiores as coberturas vacinais, maior o impacto da vacina-ção e menor a chance de os vírus se disseminarem na comunidade 14,16.

No Brasil, em 2013, a maior parte dos óbitos confirmados por influenza foi registrada em adultos jovens não vacinados e portadores de comorbidades, apesar da vacina ser oferecida gra-tuitamente nas unidades básicas de saúde para grupos de risco. Em 2014, a vacinação será ampliada na faixa etária pediátrica, incluindo crianças com idade entre 6 meses e cinco anos, sen-do fundamental que os médicos participem da divulgação destes dados e orientem seus pacientes sobre os riscos da influenza e benefícios da vacinação .26

Referências bibliográficas1. WHO. Media Centre. Influenza (seasonal). Fact sheet nº 211, april 2009 [Internet]. 2009 [citado em 2012 ago 9]. Disponível em: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs211/en/index.html 2. PAHO. Technical Advisory Group on Vaccine-preventable Diseases XXI meeting: Vaccination: a shared responsibility 3-5 July 2013. Quito, Ecuador: [S.n.];2013. Available from: http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=web&cd=5&ved=0CFEQFjAE&url=http%3A%2F%2Fwww.paho.org%2Fhq%2Findex.php%3Foption%3Dcom_docman%26task%3Ddoc_download%26gid%3D22423%26Itemid%3D270&ei=H9oEU9SRHMjksASzkoLYBg&usg=AFQjCNG1m0cHyx0kduu9wSq8VqMehPsjMg&sig2=uSaCSILs63-NiR5gC2STbw&bvm=bv.61535280,d.dmQ&cad=rja 3.Fiore AE et al. Inactivated influenza vaccines. In: Plotkin S, Orenstein W, Offit P (Editors). Vaccines. Philadelphia, PA: Saunders Elsevier, 2013. p. 257-93. 4. CDC. Prevention and control of seasonal influenza with vaccines. MMWR Recomm Rep. 2013 Sep 20;62(RR-07):1-43. 5. WHO. Vaccines against influenza WHO position paper – November 2012. Wkly Epidemiol Rec. 2012 Nov 23;87(47):461-76. 6. Committee on infectious diseases. Recommendations for prevention and control of influenza in children, 2013-2014. Pediatrics. 2013;132:1-15. 7. Griffin MR. Influenza vaccination: a 21st century dilemma. S D Med. 2013;Spec no:110-8. 8. Bricks LF. Crianças saudáveis devem receber a vacina contra influenza? Pediatria (São Paulo) 2004;26:49-58. 9. Antonova EN et al. Burden of paediatric influenza in Western Europe: a systematic review. BMC Public Health. 2012 Nov 12;12:968. 10. Glatman-Freedman A et al.al. Attack rates assessment of the 2009 pandemic H1N1 influenza A in children and their contacts: a systematic review and meta-analysis. PLoS One. 2012;7(11): e50228. 11. Nukiwa-Souma N et al. Influenza transmission in a community during a seasonal influenza A(H3N2) outbreak (2010-2011) in Mongolia: a community-based prospective cohort study. PLoS One. 2012;7(3):e33046. 12. Petrie JG et al et al. Influenza transmission in a cohort of households with children: 2010-2011. PLoS One. 2013 ;8(9):e75339 13. Kim TH, Johnstone J, Loeb M. Vaccine herd effect. Scand J Infect Dis. 2011 Sep;43(9):683-9. 14. Shim E. Optimal strategies of social distancing and vaccination against seasonal influenza. Math Biosci Eng. 2013;10(5-6):1615-34. 15. Plans-Rubió P. The vaccination coverage required to establish herd immunity against influenza viruses. Prev Med. 2012;55(1):72-7. 16. Hoen AG et al Effect of expanded US recommendations for seasonal influenza vaccination: comparison of two pediatric emergency departments in the United States and Canada. CMAJ. 2011;183(13):E1025-32. 17. Pitman RJ et al Estimating the clinical impact of introducing paediatric influenza vaccination in England and Wales. Vaccine. 2012(6):1208-24. 18. Kwong JC et al. The effect of universal influenza immunization on antibiotic prescriptions: an ecological study. Clin Infect Dis. 2009 Sep;49(5):750-6. 19. Maine et al. Effects of immunizing school children with 2009 influenza A (H1N1) monovalent vaccine on absenteeism among students and teachers in Maine. Vaccine. 2012;30(32):4835-41. 20. Ortega-Sanchez IR et al. Indirect, out-of-pocket and medical costs from influenza-related illness in young children. Vaccine. 2012;30(28):4175-81. 21. Nichol KL et al. Influenza vaccination among college and university students: impact on influenzalike illness, health care use, and impaired school performance. Arch Pediatr Adolesc Med. 2008;;162(12):1113-81. 22. Karve S et al. Employer-incurred health care costs and productivity losses associated with influenza. Hum Vaccin Immunother. 2013;9(4). 23. Keech M et al. The impact of influenza on working days lost: a review of the literature. Pharmacoeconomics. 2008;26(11):911-24. 24. Kostova D et al . Influenza illness and hospitalizations averted by influenza vaccination in the United States, 2005-2011. PLoS One. 201;8(6):e66312. 25. Molinari NA, Ortega-Sanchez IR, Messonnier ML, Thompson WW, Wortley PM, Weintraub E, et al. The annual impact of seasonal influenza in the US: measuring disease burden and costs. Vaccine. 2007 Jun 28;25(27):5086-96. 26. Brasil. Ministério da Saúde. Campanha Nacional de Vacinação contra influenza. Brasilia. 2014. Disponível no site da SBIm HYPERLINK "http://www.sbim.org" www.sbim.org.

i n fo rme técn icoSanofi Pasteur

20 Junho 2014