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5º Congresso Norte-Nordeste de Química 08 a 12 de Abril de 2013

3º Encontro Norte-Nordeste de Ensino de Química Natal/RN

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IMPORTÂNCIA DOS LIQUENS NA

DEGRADAÇÃO DE PINTURAS RUPESTRES.

SOUZA, L.M1; SABÓIA, K.D.A.1,3*; SANTOS, L.P.M.2; AGUIAR, F.A.A.1; SOARES, H.J.M1; GIRÃO,

H.T.3.

1. Universidade Estadual do Ceará – UECE – Faculdade de Educação de Crateús – FAEC. Fortaleza –

CE, Brasil. 2. Universidade Federal do Ceará – UFC. Fortaleza – CE, Brasil

3. Laboratório Laboratório de Telecomunicações e Ciência e Engenharia de Materiais LOCEM,

Departamento de Física, Universidade Federal do Ceará, Brasil.

* e-mail para contato: [email protected]

RESUMO: As pinturas e gravuras rupestres são registros deixados pelo homem em superfícies

rochosas de abrigos, penhascos e afloramentos em locais abertos. Que retratam situações cotidianas e grafismos que podem ser ou não reconhecíveis. Os liquens, por sua vez, se distribuem amplamente pelo

ambiente terrestre, preferindo ambientes pouco ou não degradados. Sendo resultado da simbiose entre um

micobionte (um fungo) e de um fotobionte (algas clorófitas ou cianobactérias). Nessa associação o

fotobionte produz carboidratos pela fotossíntese e o fungo se alimenta dessa substancias criando um

ambiente propício para a alga. Podem ocupar grande parte da superfície de rochas desprendendo-se desta

a medida que secam e morrem. Levando-se em conta que as rochas são o suporte usado na realização de

pinturas rupestres, muitas vezes estas são cobertas por liquens, ocasionando a degradação destes

importantes bens culturais da humanidade. Os liquens produzem substâncias como o ácido oxálico

(H2C2O4) que causa erosão à rocha calcária convertendo-se em oxalato de cálcio (CaC2O4). O presente

trabalho tem como objetivo discorrer sobre quais são os efeitos químicos e físicos dos liquens sobre as

rochas que aceleram a degradação da rocha e das pinturas rupestres.

Palavras Chaves: Liquens, Pinturas Rupestres, Degradação.

1. INTRODUÇÃO

Pinturas rupestres são expressões gráficas realizadas em uma superfície

rochosa, independente de sua qualidade e de suas dimensões, podendo ser estas as

paredes de abrigos, de grutas ou de penhascos, mas também de rochas isoladas ou

agrupadas em campo aberto [1]. Sendo que, o Brasil, as mais antigas são datadas de até

12 mil anos [2].

Elas representam figuras que são reconhecíveis ou não, sendo que, entre as

figuras reconhecíveis observam-se figuras humanas, animais, plantas e objetos. E os não

reconhecíveis são compostos por elementos como segmentos de retas, linhas, círculos,

pontos, grades etc. [3].

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3º Encontro Norte-Nordeste de Ensino de Química Natal/RN

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Porém esses registros históricos estão ameaçados por diversos fatores de

degradação como depósito de material particulado, ninhos de insetos e de aranhas,

patina, eflorescências salinas, excrementos diversos, escamações da rocha-suporte,

vandalismo e ainda por liquens que passaram a ser um problema sério em época

relativamente recente [4]

Os liquens são resultantes da simbiose de um micobionte, onde o fungo

constitui 95% da biomassa e de um fotobionte, que são algas clorófitas ou

cianobactérias. Nessa simbiose a alga ou cianobactéria produz carboidratos através da

fotossíntese e o fungo se alimenta dessas substâncias, criando um ambiente propício

para a alga [5]. O processo metabólico do fungo também gera substancias químicas,

como o oxalato de cálcio, considerado danoso para a conservação das pinturas rupestres

[6].

Diante disso, o presente trabalho tem como objetivo discorrer sobre quais

são os efeitos químicos e físicos dos liquens sobre as rochas e a degradação de pinturas

rupestres.

2. AÇÃO DOS LIQUENS NA DEGRAÇÃO DE PINTURAS RUPESTES

Mesmo tendo fungos como seu principal componente, ecologicamente os

liquens ocupam o nicho dos produtores nas cadeias alimentares, necessitam das mesmas

condições físicas e químicas que as plantas para sobreviver. São considerados

bioindicadores da qualidade ambiental e têm sido usados para avaliar diferentes tipos de

alterações ambientais na atmosfera em diferentes habitats, incluindo a poluição,

alterações climáticas, desmatamento e fogo, sendo que uma alta diversidade nos tipos de

liquens em um ambiente indica uma idade avançada nesse ecossistema [5].

Os liquens são considerados como de fundamental importância na

decomposição física e química das rochas para a formação inicial do solo [7]. Em

rochas com pinturas rupestres, de acordo com Pinheiro; Souza e Yoshida [4], Os liquens

parecem iniciar o ataque pela pátina de carbonato de cálcio que recobre a rocha e as

pinturas, sendo o ácido oxálico (H2C2O4) um dos produtos deste metabolismo.

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O ácido oxálico (H2C2O4) secretado pelo microbionte causa erosão na rocha

calcária e converte-se em oxalato de cálcio (CaC2O4), que é acumulada na interface

como uma incrustação entre o líquen e um substrato e altas concentrações ocorrem

também no talo do líquen [6].

Mas, os danos causados pelo líquen procedem de uma combinação entre

efeitos químicos e físicos. Onde, pela ação física, um substrato pode ser fragmentado

pela penetração da hifa do líquen e processos de expansão e contração ocasionadas pela

hidratação e desidratação do líquen. Enquanto que os efeitos químicos ocorre pela ação

dos ácidos [6]. Além disso, o líquen cresce radialmente e desprende-se da rocha à

medida que seca e morre [4]. Deixando marcas brancas nas pinturas, no local onde o

líquen se encontrava. O que já é um grande agravante levando-se em conta que eles

podem apresentar uma vasta cobertura sobre as rochas.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Embora os liquens sejam de fundamental importância como bioindicadores

da preservação do meio e contribuintes na ciclagem do solo, são também responsáveis

pela degradação de pinturas rupestres, que muitas vezes deixam de existir antes de

serem catalogadas e estudadas. O que é um grande prejuízo, levando-se em conta que se

perde assim importantes bens culturais da humanidade.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] SCHMITZ, Pedro Ignácio.et al. Arte Rupestre no Centro do Brasil. Pinturas e

Gravuras da Pré- História de Goiás e oeste da Bahia. UNISINOS. São Leopoldo,

RS. 1984.

[2] MARTIN, Gabriela. Pré-História no Nordeste do Brasil. 5ª Ed. Recife, Editora

Universitária de UFPE, 2008.

[3] CARVALHO JÚNIOR, Domingo Alves de. Os Registros Gráficos e a

Conservação do Sítio Arqueológico Toca do Ladino Beneditinos- PI. Teresina,

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3º Encontro Norte-Nordeste de Ensino de Química Natal/RN

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2010, 101p. Dissertação (mestrado) Programa de pós-graduação em Antropologia e

Arqueologia. Centro de Ciências Humanas e Letras, Universidade Federal do Piauí,

Teresina, 2010.

[4] PINHEIRO, Luíza Maria de Melo; SOUZA, Luiz Antônio Cruz e YOSHIDA, Maria

Irene. Oxalato de cálcio em sítios arqueológicos: estudo de casos em abrigos no

Parque Nacional Cavernas do Peruaçu (municípios de Januária e de Itacarambi –

MG). Revista Brasileira de Arqueometria, Restauração e Conservação. Vol.1, No.5, pp.

242 - 245 C, Belo Horizonte, 2007.

[5] SANTOS, Janaína Maria Gonçalves dos. Diversidade de liquens em leguminosas

da Reserva Biológica de Mogi-guaçu, SP. Botucatu, 2012.134p. Tese (Doutorado em

Ciências Biológicas). Instituto de Biociências, Câmpus de Botucatu da Universidade

Estadual Paulista UNESP. Botucatu, 2012.

[6] LOPES, Francisco Nascimento. Espectroscopia Ramam Aplicada ao Estudo de

Pigmentos em Bens Culturais: I – Pinturas Rupestres. São Paulo, 2005. 87p.

Dissertação (Mestrado em Química). Instituto da Universidade de São Paulo.

Departamento de Química Fundamental, São Paulo, 2005.

[7] SILVA, Ricardo Ferreira, et al. Interação do líquen Cladonia verticillaris com solo

de sua área de ocorrência. Revista caminhos da geografia. V.13. n.42. p. 50 – 58.

Uberlândia , jun/2012.