importancia das algas protistas 2010

Upload: oseasls6052

Post on 13-Oct-2015

29 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • UNIMONTES UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

    DISCIPLINA: BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES 1 BACHAREL- MAIO/2010

    PROF GRCIA OIAMA DOLABELA BICALHO

    GODBICALHO UNIMONTES BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES - 2010

    1

    1. CARACTERSTICAS E IMPORTNCIA DAS ALGAS MARINHAS

    Algas marinhas so vegetais sem sistema vascular. Entretanto, suas clulas podem formar aglomeraes, na forma de fios ou de lminas finas (PDUA; FONTOURA; MATHIAS, 2004; MATIAS, 1999; OLIVEIRA et al., 2005). Encontram-se distribudas por diferentes habitats: oceanos, corpos de gua doce, solos, rochas, sobre a neve e superfcie de vegetais; desde que disponham de luz e umidade suficientes (VIDOTTI e ROLLEMBERG, 2004). No REINO PLANTAE so encontradas as MACROALGAS, organismos pluricelulares eucariontes e auttrofos, que podem ser classificados em trs grupos de acordo com a colorao (PDUA; FONTOURA; MATHIAS, 2004).

    2. AS PRINCIPAIS CARACTERSTICAS DESSES GRUPOS SO:

    - DIVISO: CHLOROPHYTA. So descritas aproximadamente 10.000 espcies (WAALAND; STILLER; CHENEY, 2004). composto pelas ALGAS VERDES, extremamente abundantes nos ambientes aquticos. Podem habitar guas doces ou salgadas, solos midos ou troncos. - Filo Rhodophyta. So descritas aproximadamente 6.000 espcies (WAALAND; STILLER; CHENEY, 2004). Composto pelas algas vemelhas, quase que exclusivamente pluricelulares e marinhas (99%) que vivem fixadas em substratos. A principal caracterstica a presena do pigmento ficoeritrina em suas clulas, responsvel pela colorao avermelhada desses organismos (VIDOTTI e ROLLEMBERG, 2004).

    - DIVISO: PHAEOPHYTA. Composto pelas ALGAS MARRONS, organismos pluricelulares predominantemente marinhos. As algas pardas so as maiores existentes, podendo atingir mais de 25 metros de comprimento. Nesses organismos so encontrados os pigmentos fucoxantina, carotenides e como susbtncias de reserva, leos e polissacardeo de reserva (laminarana) (VIDOTTI e ROLLEMBERG, 2004). Cerca de 4 milhes de toneladas de algas so colhidas anualmente em todo o mundo; sendo os principais produtores a China e o Japo, seguidos pelos Estados Unidos e Noruega. A partir das algas so obtidos produtos imprescindveis para a vida do homem moderno, com valores que ultrapassam alguns bilhes de dlares anuais (VIDOTTI e ROLLEMBERG, 2004). Mais de 250 espcies de algas so exploradas comercialmente, onde 145 espcies so utilizadas na alimentao e 101 espcies para a produo de ficocolides (ZEMKE-WHITE e OHNO, 1999). Os gneros de macroalgas mais cultivados para explorao comercial incluem Porphyra, Laminaria, Monostroma, Enteromorpha e Gracilaria (MOLL e DEIKMAN, 1995). Diversas Rodofceas so utilizadas comercialmente na extrao de ficocolides, como o gar, utilizado na fabricao de gomas, laxantes ou como meio de cultura para uso em laboratrios de microbiologia. Outro aspecto de interesse econmico a extrao da carragenana, um hidrocolide utilizado na fabricao de alimentos, como iogurtes, flans, sorvetes, achocolatados, embutidos (salsichas, presuntos), gelatinas e gelias. A carragenana utilizada, tambm, como emulsificante e estabilizante; sua

  • UNIMONTES UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

    DISCIPLINA: BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES 1 BACHAREL- MAIO/2010

    PROF GRCIA OIAMA DOLABELA BICALHO

    GODBICALHO UNIMONTES BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES - 2010

    2

    aplicao substitui o amido e a gordura na preparao de certos produtos alimentcios, com a vantagem de no ser energtica, no ter cheiro, cor e nem sabor. Tambm so encontradas diversas aplicaes em indstrias no alimentcias (tintas, txteis, perfumes) e famacuticas (produtos anticoagulantes e antiinflamatrios) (VIDOTTI e ROLLEMBERG, 2004). As algas marrons so utilizadas para a alimentao do homem e de animais e tambm como fertilizantes (FLEURENCE, 1999). So importante fonte de cidosalgnicos, cujas propriedades coloidais so aproveitadas, por exemplo, na preparao de pomadas e suspenses (VIDOTTI e ROLLEMBERG, 2004).

    As algas verdes so comumente utilizadas como alimentos devido ao alto contedo de vitaminas, -caroteno e minerais (FLEURENCE, 1999). Ulva sp. e Enteromorpha sp. so espcies consumidas em pases asiticos e, na Frana, receberam autorizao para consumo humano como vegetais (QUEMENER; LAHAYE; BOBIN-DUBIGEON, 1997). Algumas espcies de Ulva sp. j so comercializadas secas acondicionadas em embalagens prprias, como por exemplo, Nature- Algues, na Frana (LAHAYE; BRUNEL; BONNIN, 1997). Ulvaria oxysperma uma espcie pouco estudada, embora seja utilizada para consumo humano. coletada por habitantes do municpio de Guaraqueaba, no Paran, e vendida para complementar o oramento domstico. A alga coletada manualmente, seca em temperatura ambiente e embalada para fins comerciais (PDUA; FONTOURA; MATHIAS, 2004).

    No Brasil, a regio costeira compreendida entre o estado do Cear e o norte do estado do Rio de Janeiro abriga a flora algal mais diversificada do pas. Com relao explorao de espcies para fins comerciais, a atividade de maior porte corresponde coleta de algas vermelhas (Gracilaria sp. e Hypnea sp.) no litoral do nordeste, principalmente na costa entre os estados do Cear e Paraba. A coleta da Gracilaria sp. vem sendo realizada desde a dcada de 60, de forma manual, para fins de exportao e tambm para processamento no prprio pas, na produo do gar. J a Hypnea sp. tem sido exportada como matria prima ou j processada para a produo de carragenana (VIDOTTI e ROLLEMBERG, 2004). preciso potencializar os recursos cientficos, tecnolgicos e financeiros, coordenando os esforos nas reas ligadas utilizao das algas e pesquisa bsica, para que as propriedades destes organismos possam ser plenamente aproveitadas, priorizando a qualidade de vida humana e respeitando os ecossistemas.

    3. METABLITOS SULFATADOS E/OU HALOGENADOS DE MACROALGAS MARINHAS

    A vida teve origem nos oceanos. Nesse imenso espao, os organismos aquticos e o ambiente abitico esto interrelacionados e interagem entre si. Por isso, os organismos marinhos adaptaram-se s elevadas concentraes de sais do meio e desenvolveram mecanismos para utilizar os nutrientes disponveis (CARVALHO e ROQUE, 2000). So numerosas as substncias sulfatadas isoladas de organismos marinhos que parecem estar envolvidas na transferncia do enxofre inorgnico para o orgnico, pois somente em ambientes com altas concentraes do nion sulfato so observados organismos capazes de acumul-lo. A sulfatao tambm um modo efetivo

  • UNIMONTES UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

    DISCIPLINA: BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES 1 BACHAREL- MAIO/2010

    PROF GRCIA OIAMA DOLABELA BICALHO

    GODBICALHO UNIMONTES BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES - 2010

    3

    de tornar determinadas substncias solveis em gua, favorecendo, assim, sua excreo (CARVALHO e ROQUE, 2000).

    Propriedades biolgicas dos compostos sulfatados, como por exemplo, a atividade antibitica, encontrada nos trs grupos de algas, ressaltando a importncia desses organismos (SMIT, 2004; MAGALLANES; CRDOVA; OROZCO, 2003).

    Os polissacardeos sulfatados devem sua importncia econmica ao fato de ser atxicos e possurem propriedades gelatinizantes e espessantes, o que lhes atribui considervel valor comercial (VIDOTTI e ROLLEMBERG, 2004; CARVALHO e ROQUE, 2000). Apresentam tambm, diversas atividades farmacolgicas e so as mais estudadas substncias sulfatadas provenientes de algas (MAYER e HAMANN, 2005; PENGZHAN et al., 2003a; SMIT, 2004; ZHU et al., 2004). Dentre as macroalgas, as Rodfitas apresentam maior capacidade para sintetizar produtos halogenados. O gnero Laurencia sp. apresenta uma grande variedade de metablitos halogenados com propriedades biolgicas, principalmente com atividades antibacterianas (VAIRAPPAN, 2003; XU et al., 2003). Apesar da elevada diversidade de espcies de algas marinhas, estas ainda so subutilizadas, principalmente na rea agrcola. O fato que pouco se conhece a respeito das suas potencialidades, mas atualmente um campo que tem despertado interesse e uma srie de pesquisas nessa rea foram iniciadas (STADNIK e TALAMINI, 2004).

    4. ATIVIDADES BIOLGICAS DAS ALGAS MARINHAS Diversas substncias de origem marinha com propriedades biolgicas, sejam eles metablitos primrios ou secundrios, esto sendo estudadas visando a sua utilizao como frmacos (MAGALLANES; CRDOVA; OROZCO, 2003; ZHU et al., 2004; IMMANUEL et al., 2004; LIMA-FILHO et al., 2002; KAEFFER et al., 1999; GONZLEZ DEL VAL et al., 2001; MAYER e HAMANN, 2005). Entre os organismos marinhos, as esponjas e as algas, alm de fornecer o maior nmero de produtos naturais conhecidos, deram origem cerca de 65% das patentes de produtos antitumorais e antivirais. A sntese de anlogos de molculas naturais tem sido um dos alvos de extenso estudo em todo o mundo, na busca de novos compostos com propriedades farmacolgicas (FRUGULHETTI et al., 2005). Segundo Mayer e Hamann (2005) e Smit (2004), a maioria dos compostos de macroalgas marinhas que apresentam atividades biolgicas pertencem classe de lectinas, terpenos e polissacardeos sulfatados.

    Metablitos isolados de algas marinhas podem ser compostos bioativos de grande interesse para a indstria farmacutica para o desenvolvimento de novos medicamentos. Inmeros pesquisadores tm demonstrado a atividade antiviral, antibacteriana e/ou antifngica de compostos extrados das algas marinhas frente diferentes patgenos e tambm atividades antitumorais e antiinflamatrias (MAYER e HAMANN, 2005; LIMA-FILHO et al., 2002; SELVIN e LIPTON, 2004). Nas ltimas trs dcadas, as descobertas de metablitos com atividades biolgicas de macroalgas tm aumentado significativamente. Entretanto, poucos produtos finais tm chegado ao ponto de comercializao (SMIT, 2004). 3.4.1. Atividade antibacteriana Algas marinhas so fonte importante de antibiticos com ampla

  • UNIMONTES UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

    DISCIPLINA: BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES 1 BACHAREL- MAIO/2010

    PROF GRCIA OIAMA DOLABELA BICALHO

    GODBICALHO UNIMONTES BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES - 2010

    4

    e eficiente atividade antibacteriana (VAIRAPPAN, 2003; XU et al., 2003). O potencial antibacteriano das algas se deve capacidade de sintetizar, entre outros compostos, os terpenides, muitos desses halogenados (SMIT, 2004; MAGALLANES; CRDOVA; OROZCO, 2003).

    Esteris, compostos fenlicos e heterocclicos so tambm encontrados nas algas e podem apresentar atividade antibacteriana (SMIT, 2004). Segundo Lima-Filho et al. (2002), a atividade antimicrobiana depende de dois fatores: da espcie de alga e da eficincia na extrao dos compostos ativos. Ento, como uma eficiente estratgia de investigao, solventes orgnicos tm sido utilizados para a extrao de possveis princpios ativos de macroalgas marinhas. Os extratos da macroalga Amansia multifida (famlia Rhodophyceae) foram fracionados com solventes orgnicos: hexano, clorofrmio, etanol e apresentaram atividade antibacteriana frente a espcies Gram-negativas: Enterobacter aerogenes, Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa, Salmonella typhi, Salmonella cholerae-suis, Serratia marcescens, Vibrio cholerae e contra bactrias Gram-positiivas: Bacillus subtilis e Staphylococcus aureus. J o extrato hexnico da alga Caulerpa cupressoides, pertencente famlia Chlorophyceae, mostrou atividade antibacteriana somente contra Morganella morganii, B. subtilis e S. epidermidis (LIMA-FILHO et al., 2002).

    Doze extratos etanlicos de diferentes espcies de macroalgas da costa central do Peru foram testados quanto atividade antibacteriana, em estudo realizado por Magallanes, Crdova e Orozco (2003). As algas Gratelopuia doryphora, Prionitis decipiens e Ahnfeltiopsis durvillaei (Rhodophyta), Petalonia fascia (Phaeophyta) e Bryopsis plumosa (Chlorophyta) apresentaram atividade antibacteriana frente s espcies clnicas S. aureus e Enterococcus faecalis. O extrato metanlico da alga verde Dunaliella primolecta inibiu o crescimento de S. aureus, B. cereus e E. aerogenes. Apresentou estabilidade em relao a mudanas de pH e a diferentes solventes (CHANG et al., 1993). J, o extrato Caulerpa cupressoides, pertencente famlia Chlorophyceae, mostrou atividade antibacteriana somente contra Morganella morganii, B. subtilis e S. epidermidis (LIMA-FILHO et al., 2002).

    Doze extratos etanlicos de diferentes espcies de macroalgas da costa central do Peru foram testados quanto atividade antibacteriana, em estudo realizado por Magallanes, Crdova e Orozco (2003). As algas Gratelopuia doryphora, Prionitis decipiens e Ahnfeltiopsis durvillaei (Rhodophyta), Petalonia fascia (Phaeophyta) e Bryopsis plumosa (Chlorophyta) apresentaram atividade antibacteriana frente as espcies clnicas S. aureus e Enterococcus faecalis.

    O extrato metanlico da alga verde Dunaliella primolecta inibiu o crescimento de S. aureus, B. cereus e E. aerogenes. Apresentou estabilidade em relao a mudanas de pH e a diferentes solventes (CHANG et al., 1993). J, o extrato metanlico da alga verde Cladophora prolifera inibiu o crescimento de S. aureus e V. cholorae, enquanto que o extrato da alga marrom Stoechospermum marginarum inibiu o crescimento de Klebsiella sp. e V. cholerae (ELY; SUPRIYA; NAIK, 2004). A partir do extrato metanlico da alga marinha Rhodomela confervoides foram isolados bromofenis. Um desses compostos foi identificado, atravs de anlises espectroscpicas, como 2,3-dibromo-4,5-dihidroxibenzil e mostrou-se um eficiente agente antibacteriano, apresentando concentrao inibitria

  • UNIMONTES UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

    DISCIPLINA: BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES 1 BACHAREL- MAIO/2010

    PROF GRCIA OIAMA DOLABELA BICALHO

    GODBICALHO UNIMONTES BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES - 2010

    5

    mnima (CIM) de 35 g/ml para S. epidermidis ATCC 12228 e CIM de 70 g/ml para S. aureus ATCC 29213 e P. aeruginosa ATCC 27853 (XU et al., 2003). Os compostos oleosos halogenados etalol e iso-obtusol foram isolados de Laurencia majuscula. Elatol inibiu o crescimento de S. epidermidis, K. pneumoniae e Salmonella sp. e as CIM foram 1 mg/ml, 1 mg/ml e 2 mg/ml, respectivamente. J, o iso-obtusol apresentou CIM de 1 mg/ml e 1,5 mg/ml para Salmonella sp. e K. pneumoniae, respectivamente (VAIRAPPAN, 2003).

    Extratos das algas Osmundaria serrata, Galaxaura diessingiana e Codium duthieae no apresentaram variaes na atividade antibacteriana aps trs anos de armazenamento. Variaes sazonais da atividade antibacteriana no foram encontradas em extratos de G. diesseingiana e C. duthieae. Entretanto, o extrato de O. serrata apresentou um aumento da atividade antibacteriana no perodo do inverno (VLACHOS; CRITCHLEY; HOLY, 2000). Um promissor agente antibacteriano uma furanona halogenada, pertencente classe das lactonas, de Delisea pulchra. uma substncia com perspectivas pela produo de alginatos e pela formao de biofilmes em pulmo de pacientes portadores de fibrose cstica. Esta molcula inibe a colonizao bacteriana atravs da inibio da comunicao de clulas inter e intra-espcies (HOIBY, 2002). O efeito antibacteriano desta furanona tem sido observado para vrias bactrias Gram-negativas: inibio da formao do vu de Serratia liquefaciens, inibio do crescimento de espcies patognicas de Vibrio sp. (SMIT, 2004) s para tratamento de infeces crnicas por P. aeruginosa, bactria caracterizada

    4.1 ATIVIDADE ANTIVIRAL Extrato aquoso de Undaria sp. e diterpenos isolados da alga parda

    Dictyota menstrualis e D. pfaffi inibem, in vitro, a atividade da enzima transcriptase reversa do vrus HIV. Polissacardeos sulfatados de algas vermelhas, como por exemplo, Aghardhiella tenera e Nothogenia fastigiata e extrato aquoso de Sargassum sp. inibem, in vitro, os vrus HIV e herpes simples tipo 1 (HSV-1) (TEAS et al., 2004; FRUGULHETTI et al., 2005) e os diterpenos de D. menstrualis e D. pfaffi inibem a replicao do vrus HSV-1 em cultura de clulas (FRUGULHETTI et al., 2005). Ivanova et al. (1994) isolaram um polissacardeo com atividade antiviral de Ulva lactuca. O polissacardeo contm arabinose, xilose, ramnose, galactose, manose e glicose (1:9: 5:2: 5:16), alm de um outro acar no identificado. A atividade antiviral, in vitro, foi observada contra o vrus influenza humana e de aves. Esta propriedade mostrou-se dose-dependente, espcie-especfica e seletiva. J, a atividade antiviral do extrato alcolico de Ulva fasciata foi descrita por Garg et al.(1992). -Carragenanas e carragenanas parcialmente ciclizadas (/) isoladas da alga vermelha Gigartina skottsbergii demonstraram eficiente efeito antiviral contra HSV 1 e 2 (CARLUCCI et al., 1997). Uma carragenana, chamada de carraguard, potente inibidora, in vitro, do vrus HIV e est em estudos clnicos de fase III. Para este grupo de compostos no foram observados significantes nveis de citotoxicidade para clulas de mamferos ou atividade anticoagulante (SMIT, 2004). Zhu et al. (2004) isolaram um polissacardeo sulfatado da alga marrom Sargasssum patens que inibiu, de forma dose-dependente, a replicao do vrus HSV 2. Um polissacardeo sulfatado com atividade antiviral tambm foi isolado de uma alga marinha verde, Monostroma latissimum (LEE et al., 1998). Este

  • UNIMONTES UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

    DISCIPLINA: BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES 1 BACHAREL- MAIO/2010

    PROF GRCIA OIAMA DOLABELA BICALHO

    GODBICALHO UNIMONTES BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES - 2010

    6

    polissacardeo e uma fucana sulfatada de Sargassum horneri inibiram a replicao do vrus HSV-1 (HOSHINO et al., 1999).

    4.2. ATIVIDADE ANTIFNGICA Diversos trabalhos cientficos demonstraram a atividade antifngica de

    organismos marinhos, como esponjas, corais e bactrias; porm, poucos estudos se referem a atividade antifngica de macroalgas marinhas (BHOSALE; JAGTAP; NAIK, 1999).

    Substncias isoladas de bactrias e esponjas marinhas mostraram-se eficientes inibidoras fngicas (MAYER e HAMANN, 2005). Um composto isolado da esponja marinha Theonella swinhoei mostrou-se um potente antifngico, a respectivamente (EDRADA et al., 2002).

    Em relao atividade antifngica, Bhosale, Jagtap e Naik (1999), observaram que o extrato metanlico das algas Amphiroa sp. e Poryphyra sp. possuem propriedades inibitrias frente a A. japonicus e A. niger, respectivamente. Por outro lado, o extrato metanlico de U. fasciata no teve atividade contra A. fresenii, A. japonicus e A. niger. A partir de Nostoc commune, foi isolado um lipopeptdeo de frmula molecular C48H76O18N10, chamado de nostofungicidina. Este composto apresentou potente atividade antifngica contra Aspergillus candidus e a sua CIM foi de 1,6 g/ml(KAJIYAMA et al., 1998). Fraes em hexano, ter etlico e diclorometano do extrato da alga marrom Cystoseira tamariscifolia apresentaram atividade frente fungos e bactrias. Porm a presentando CIM de 1,2 e 1,0 g/ml para Candida albicans e Aspergillus fumigatus, frao em ter etlico mostrou uma maior atividade para as bactrias Agrobacterium tumefaciens, E. coli e S. aureus e para os fungos fitopatognicos Botrytis cinerea, Fusarium oxysporum e Verticillium albo-atrum (ABOURRICHE et al., 1999).

    4.3. OUTRAS ATIVIDADES BIOLGICAS Algas marinhas Ulva rigida apresentou elevadas concentraes de

    prolina e cido ascrbico, molculas utilizadas na sntese do colgeno. Tambm apresentou cido glicurnico, um dos principais constituintes do polissacardeo ulvana, que um componente importante da condroitina (matriz de mucopolissacardeos viscosos que atuam como flexveis conectores entre filamentos de colgeno e as cartilagens) (RAMAZANOV,2004). O polissacardeo ulvana de Ulva pertusa e duas fraes de menores pesos moleculares apresentaram aes antihiperlipidmicas: diminuram o colesterol total plasmtico, LDL, triglicerdeos e aumentaram o HDL; sugerindo que a ulvana tem um potencial de preveno de doenas isqumicas cardiovasculares e cerebrais (PENGZHAN et al., 2003a,b).

    Segundo Sampaio et al. (1993), as hemaglutininas (protenas com atividade hemaglutinante de clulas ou glicoconjugados com capacidade de reconhecimento especfico e ligao reversvel a carboidratos ou compostos contendo carboidratos) de algas marinhas possuem propriedades particulares, tais como: capacidade de aglutinar eritrcitos de coelho tratados enzimaticamente, no apresentar afinidade por monossacardeos, no requerer ons metlicos, baixas massas moleculares quando comparadas as hemaglutininas de plantas superiores e ocorrncia em formas monomricas.

    De todas as hemaglutininas provenientes de algas marinhas isoladas e purificadas, apenas as hemaglutininas da alga vermelha Ptilota plumosa e das

  • UNIMONTES UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

    DISCIPLINA: BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES 1 BACHAREL- MAIO/2010

    PROF GRCIA OIAMA DOLABELA BICALHO

    GODBICALHO UNIMONTES BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES - 2010

    7

    algas verdes Codium fragile e Ulva lactuca apresentaram especificidade para os grupos sangneos humanos B, A1 e O(H), respectivamente. A hemaglutinina de U. lactuca, alm de apresentar especificidade para o grupos sangneos humanos, tem a propriedade de distinguir por intensidade de aglutinao os grupos A2, A2B de A1 e A1B (SAMPAIO et al., 1993).

    UTILIZAO DE ALGAS MARINHAS NA AGRICULTURA As macroalgas so organismos muito diversificados e de ocorrncia

    freqente em ambientes marinhos. Apresentam vantagens como o rpido crescimento e produo de grande volume de biomassa, alm de terem ampla ocorrncia no litoral brasileiro e algumas espcies serem facilmente cultivadas. Estes so atributos importantes que podem possibilitar a explorao comercial para a produo de matria prima para os mais variados usos, alm daqueles j conhecidos, tais como produo de alimentos, fabricao de gar, fertilizantes, frmacos e cosmticos (STADNIK, 2003).

    O uso de pesticidas, em funo da sua praticidade e eficincia tornou-se h muitos anos uma prtica comum para o controle de doenas de plantas. No entanto, o uso excessivo desses produtos vem criando srios problemas para a sociedade, principalmente relacionados sade pblica e a contaminao das guas. A demanda por produtos naturais para o controle de doenas de plantas vem aumentando rapidamente, devido s tendncias atuais do mercado, que buscam disponibilizar produtos fitossanitrios cada vez menos txicos ao homem e ao meio ambiente. Trabalhos de bioprospeco buscando molculas bioativas em plantas, fungos, algas e outros organismos ganharam maior destaque neste sculo (STADNIK, 2003; BONALDO et al., 2004; KLARZYNSKI et al., 2003; STADNIK, BETTIOL; SAITO, 2003).

    Nas relaes custo/benefcio dos investimentos em pesquisa, os produtos naturais tm os maiores retornos, pois no necessitam de sntese de novas molculas. Alm disso, atualmente tem-se enfocado o desenvolvimento de novos produtos fitossanitrios que mimetizem molculas naturais, tendo como finalidade a sntese de novos compostos bioativos capazes de controlar doenas de plantas, com menor impacto na sade e ambiente (STADNIK, 2003). Aproximadamente 70% da biosfera so ocupados por biomas marinhos, os quais detm diversidade taxonmica e bioqumica maior do que os biomas terrestres. Neste contexto, as algas so uma das fontes potenciais para o desenvolvimento destes novos produtos. Embora inmeros trabalhos cientficos relatem diversos compostos bioativos em extratos de algas, entre os quais, aqueles capazes de inibir o crescimento de bactrias e de fungos, estimularem o crescimento e/ou fortalecerem as defesas das plantas contra o ataque de patgenos, somente na ltima dcada produtos extrados desses organismos despertaram maior interesse da comunidade cientfica e da iniciativa privada (STADNIK, 2003). Algumas espcies de algas, usadas na forma seca ou em extratos, j esto sendo comercializadas como bioestimulantes/fertilizantes, como por exemplo, os produtos Folical E, Phycarine, Roots, Selecal, Tonialg, comercializados em pases da Europa e nos Estados Unidos, sendo capazes de aumentar a resistncia de plantas a doenas e a geadas (GOMAR, 2005). Contudo, o real potencial de macroalgas para a produo de produtos naturais na agricultura permanece pouco explorado (STADNIK, 2003). Extratos da alga Ascophyllum nodosum

  • UNIMONTES UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

    DISCIPLINA: BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES 1 BACHAREL- MAIO/2010

    PROF GRCIA OIAMA DOLABELA BICALHO

    GODBICALHO UNIMONTES BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES - 2010

    8

    estimulam processos fisiolgicos das plantas, como a fotossntese, a absoro e a utilizao de nutrientes (GOMAR,2005). Tasco-Forage, um extrato desta alga, apresenta atividade antioxidante em plantas (ALLEN et al., 2001).

    Segundo Zeemke-White e Ohno (1999) diversos gneros de algas so utilizadas na agricultura em diversos pases, conforme mostrado na Tabela 1.

    A alga calcrea Corallina pilulifera apresenta alto contedo de elementos minerais: magnsio, clcio, ferro, zinco, quando comparada a algas verdes, marrons ou vermelhas. Esta alga pode ser cultivada e, portanto, explorada comercialmente para fins agrcolas e para a criao de animais como fornecedora de elementos minerais necessrios para o desenvolvimento de plantas e animais (YAN, 1999).

    Entre o estado do Esprito Santo e a regio de Bzios (RJ), uma caracterstica marcante a presena de vasta rea coberta por fundos de algas calcrias com teor em carbonatos superior a 90%, estendendo-se por

  • UNIMONTES UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

    DISCIPLINA: BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES 1 BACHAREL- MAIO/2010

    PROF GRCIA OIAMA DOLABELA BICALHO

    GODBICALHO UNIMONTES BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES - 2010

    9

    vrias dezenas de metros de profundidade e aflorando nas mars baixas. Este banco de algas calcrias tem despertado interesse e vem sendo explorado para produo de adubos e aditivos de raes (VIDOTTI e ROLLEMBERG, 2004).

    A empresa Gemar, localizada na Frana, comercializa um produto lquido a base de extrato de alga, chamado de Gemar BM 86, que aperfeioa o desenvolvimento das plantas (GOMAR, 2005). Tambm na Frana, o grupo Rollier oferece produtos (Lithothamne, Biomag, Magneplus e Maxlith 68) a base de carbonato de clcio obtida de uma alga marinha calcrea, Lithothamnium calcareum, tambm chamada de marl. Estes produtos possuem um contedo rico em elementos minerais, principalmente clcio e magnsio, e servem para otimizar o balano fsico-qumico de solos cidos e favorecer o ambiente para a microbiota do solo, deixando-o mais frtil (ROULLIER, 2005). Em estudos de taxonomia e ecologia, realizados em Santa Catarina, foi constatado que a espcie predominante era Sargassum vulgare, representando mais de 47% da biomassa total. Com relao estrutura do banco de algas calcreas, de 30 a 48% do recobrimento do ambiente esteve representado por Lithothamnion heteromorphum (HORTA, 2005). O favorecimento do crescimento de algas bentnicas em reservatrios de gua com excrementos provenientes da criao de animais uma vantagem, pois, estas algas convertem o nitrognio (N) que seria volatilizado para a atmosfera sob a forma de amnia e o fsforo (P) dos excrementos em um rpido crescimento de biomassa (MULBRY et al., 2005). A matria seca destas algas apresenta um grande acmulo de nutrientes como nitrognio (4,9 a 7,1%) e fsforo (1,5 a 2,1%), necessrios ao desenvolvimento de plantas. Depois de colhida e seca, a biomassa de algas concentra os nutrientes em um pequeno volume, facilitando assim, o seu armazenamento e diminuindo os custos de transporte (WILKIE e MULBRY, 2002).

    O potencial das algas melhorarem as condies do solo para o cultivo agrcola tem recebido mais ateno nas ltimas dcadas e esta propriedade tem sido atribuda ao fato de que o solo fica revestido por partculas de polissacardeos que estimulam o crescimento de bactrias e fungos saprfitas do solo, eliminando assim, os microrganismos patognicos. Alm disso, as algas melhoram a agregao do solo, minimizando a eroso e otimizando a aerao, aumentando a capacidade de reteno e de movimentao da gua, desenvolvimento de razes, alm de fertiliz-lo (WILKIE e MULBRY, 2002). Alm da atividade direta contra fitopatgenos, algumas espcies de algas produzem molculas bioativas capazes de induzir a resistncia em plantas (CLUZET et al., 2004). Embora as macroalgas sejam uma importante fonte de metablitos bioativos, ainda so pouco utilizadas para o controle de doenas de plantas (STADNIK, 2003).

    INDUO DE RESISTNCIA EM PLANTAS

    O manejo ecolgico de doenas pode ser definido como produo econmica de culturas de alta qualidade, utilizando mtodos de cultivo ecologicamente seguros, minimizando os efeitos secundrios indesejveis e utilizando mtodos de manejo que garantam a sade dos seres vivos e a preservao do ambiente. Portanto, deve-se ter em mente que a adoo do manejo ecolgico no uma alternativa, mas uma necessidade para a

  • UNIMONTES UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

    DISCIPLINA: BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES 1 BACHAREL- MAIO/2010

    PROF GRCIA OIAMA DOLABELA BICALHO

    GODBICALHO UNIMONTES BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES - 2010

    10

    preservao do meio ambiente e a prpria sobrevivncia da humanidade (WORDELL FILHO, 2004).

    A induo de resistncia um fenmeno muito comum na natureza, onde alguns tipos de estresse ou uma pr-infeco com um patgeno tornam as plantas mais resistentes a infeces subseqentes por outros patgenos. Embora conhecido desde o incio do sculo XX, este fenmeno biolgico tem sido investigado com maior persistncia somente nas ltimas dcadas. A induo de resistncia uma estratgia eficiente e alternativa para a proteo de plantas e mostra-se menos agressiva sade humana e ao equilbrio de agroecossistemas (STADNIK e MARASCHIN, 2004).

    A induo de resistncia foi constatada no trabalho de Chester, em 1933, que demonstrou que plantas inoculadas com um microrganismo atenuado ficavam protegidas contra subseqentes infeces pelo mesmo microrganismo ou contra outros patgenos. Mas, somente o trabalho de Ross, em 1961, demonstrou que uma infeco localizada pode induzir resistncia sistmica, ou seja, em tecidos distantes do local da primeira infeco, a uma ampla gama de patgenos. A induo de resistncia envolve a ativao de mecanismos de defesa latentes existente nas plantas (STADNIK e MARASCHIN 2004). No curso da evoluo, as plantas desenvolveram um complexo mecanismo de reaes de reconhecimento, ataque e defesa para se protegerem contra patgenos. Em poucos minutos, o reconhecimento de patgenos pelas plantas gera respostas de defesa como, por exemplo, modificao do influxo de ons atravs da membrana plasmtica, fosforilao e desfosforilao de protenas sinalizadoras, produo de radicais reativos do oxignio. Em poucas horas, estes eventos so seguidos pela induo de amplo espectro de reaes que conferem resistncia local contra os microrganismos, incluindo:

    a) reforos na parede celular pela sntese de lignina; b) produo de metablitos secundrios sinalizadores da via dos

    enilpropanides e octadecanides, como o cido saliclico e jasmonatos, respectivamente;

    c) acmulo de componentes com atividades antimicrobianas, como as fitoalexinas e protenas relacionadas patognese (PR-protenas), como por exemplo, a PR-1 cida.

    Em algumas interaes com patgenos, estas respostas de defesa so acompanhadas por reaes de hipersensibilidade, causando a morte celular programada nos stios de ataque do microrganismo (KLARZYNSKI et al., 2003; RAD; MUELLER; DURNER, 2005).

    O reconhecimento de microrganismos invasores tambm pode resultar no aumento da resistncia em partes no afetadas da planta, um processo conhecido por resistncia sistmica adquirida, conferindo longo perodo de resistncia a diferentes patgenos, em locais no diretamente tratados (STICHER; MAUCH-MANI; MTRAUX, 1997).

    As plantas detectam o ataque de microrganismos ou de elementos estranhos atravs de componentes de superfcie do invasor (SELITRENNIKOFF, 2001; KLARZYNSKI et al., 2003) ou atravs de molculas sinalizadoras, tambm chamadas de elicitores. Portanto, elicitores so molculas capazes de acionar as respostas de defesa de plantas contra patgenos e podem ser ferramentas alternativas no controle de doenas de plantas (CLUZET et al., 2004).

  • UNIMONTES UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

    DISCIPLINA: BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES 1 BACHAREL- MAIO/2010

    PROF GRCIA OIAMA DOLABELA BICALHO

    GODBICALHO UNIMONTES BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES - 2010

    11

    Para o uso de elicitores como protetores de plantas, importante selecionar compostos que:

    (1) causem um amplo espectro de respostas; (2) no causem alteraes no metabolismo primrio da planta e (3) garantam a proteo contra doenas (CLUZET et al., 2004). Elicitores podem ser molculas de origem bitica ou abitica. Os

    elicitores biticos podem ser microrganismos viveis ou inativados (STADNIK e MARASCHIN, 2004; STANGARLIN et al., 1999) e tambm compreendem molculas como glicoprotenas, peptdeos, carboidratos e lipdeos (CLUZET et al., 2004). Muitos elicitores tm sido caracterizados como poli ou oligossacardeos de parede celular, incluindo -glucanas de microrganismos e oligmeros derivados da quitina (KLARZYNSKI et al., 2003).

    Elicitores abiticos so representados por derivados do cido saliclico, cido aminobutrico, cido 2,6-dicloroisonicotnico (BONALDO et al., 2004), benzotiadiazlicos (STADNIK e BUCHENAUER, 2000), luz ultravioleta, fosfatos (BONALDO et al., 2004), entre outros.

    Elicitores acionam vrias vias sinalizadoras, que tambm so ativadas em casos de infeco por microrganismos. Geralmente comeam com influxo de clcio e com exploso oxidativa, seguida de sntese de molculas sinalizadoras como cido saliclico, cido jasmnico e etileno. Genes relacionados com as defesas das plantas levam a um mecanismo de resistncia de carter estrutural, como o fortalecimento das paredes celulares atravs da formao de anis de lignificao ao redor das paredes e deposio de papilas lignificadas nos stios de penetrao fngica (MOERSCHBACHER et al., 1988) ou levam a um mecanismo de resistncia de carter bioqumico, como a acumulao de compostos antimicrobianos como as fitoalexinas, induo da sntese de protenas relacionadas patognese (-1,3 glucanase e quitinase, enzimas degradadoras da parede celular de fungos) e protenas com atividades hidrolticas ou inibitrias contra microrganismos, como por exemplo peroxidases (CLUZET et al., 2004; STADNIK e MARASCHIN, 2004).

    O composto sinttico benzo (1,2,3) tiadiazol-7 carbotiico S-ster metlico (BTH) o primeiro produto pertencente a uma classe de compostos protetores de plantas (benzotiadiazlicos) efetivos na induo de resistncia. Em 1996, este composto foi introduzido na Alemanha como constituinte da formulao de um produto chamado Bion (Novartis, Basel) para o controle do odio do trigo (STADNIK e BUCHENAUER, 2000). Atualmente, comercializado em diversos pases, entre eles, o Brasil. A variada natureza qumica dos elicitores demonstra que no h uma caracterstica estrutural nica que determine a atividade elicitora e mostra-se como uma estratgia potencial para o controle fitossanitrio (STADNIK e MARASCHIN, 2004).

    O polissacardeo quitosana um polmero natural obtido por desacetilao da quitina, que o segundo composto orgnico renovvel mais abundante (antecedido somente pela celulose), e encontrado no exoesqueleto de crustceos, de insetos e no plncton. Quitosana um polmero linear, formado por unidades repetitivas de 2-amino-2-deoxi-D-glicose (D-glicosamina) ligadas por (1,4) (ASSIS e PESSOA, 2004). Por outro lado, quitosana tambm um tpico constituinte de parede celular de fungos patognicos biotrficos. Enzimas como quitinases e, possivelmente, quitosanases de plantas podem degradar essas quitosanas de fungos patognicos invasores. Isto no somente destri as paredes celulares de

  • UNIMONTES UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

    DISCIPLINA: BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES 1 BACHAREL- MAIO/2010

    PROF GRCIA OIAMA DOLABELA BICALHO

    GODBICALHO UNIMONTES BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES - 2010

    12

    fungos, mas tambm libera oligmeros solveis em gua e/ou polmeros de quitina e/ou quitosana que podem atuar como elicitores em reaes de defesa das plantas. Portanto, quitosana um polissacardeo elicitor das reaes de defesas em plantas (VANDER et al., 1998).

    INDUO DE RESISTNCIA EM PLANTAS POR COMPOSTOS DERIVADOS DE ALGAS MARINHAS

    Algas marinhas representam uma abundante e natural fonte de potenciais elicitores (KLARZYNSKI et al., 2000; KLARZYNSKI et al., 2003; CLUZET et al., 2004), alm de apresentarem atividade direta contra fungos e bactrias, conforme descrito em itens anteriores. Diversas plantas tratadas com extratos de algas tornaram-se resistentes a doenas, alm de melhorar a germinao de sementes (KLARZYNSKI et al., 2003; CLUZET et al., 2004). A -carragenana, um polissacardeo sulfatado encontrado na parede celular de algas marinhas vermelhas, um composto elicitor, dose-dependente, que apresenta atividade a partir de 100 g/ml induzindo o acmulo de cido saliclico e de outros compostos em folhas tratadas de Nicotiana tabacum, aumentando a expresso de genes relacionados s defesas contra patgenos (MERCIER et al., 2001). Extratos da alga marrom Ascophyllum nodosum so eficientes para controlar Oomycetes. Em videira, pulverizaes foliares com extratos desta alga reduziram o nmero de folhas infectadas, rea foliar lesionada e a taxa de esporulao de Plasmopora viticola, em 28, 40 e 50%, respectivamente. Estudos bioqumicos com plantas de pimento tratadas com extrato de A. nodosum revelaram aumento da atividade de peroxidase e sntese de fitoalexina capsidiol, conseqentemente, aumentando a resistncia das plantas a Phytophtora capsici (LIZZI et al., 1998). O produto Phyllum, registrado como bioestimulante natural, possui em sua formulao extrato de A. nodosum e comercializado no Chile para estimular processos fisiolgicos de plantas (STADNIK e TALAMINI, 2004). Um polmero linear de -1,3-glucana, chamado de laminarana, foi extrado e purificado da alga marrom Laminaria digitata (KLARZYNSKI et al., 2000). Em uma suspenso de cultura de clulas de tabaco, a concentrao de 200 g/ml de laminarana, em poucos minutos, alcalinizou o meio extracelular e aumentou a concentrao de perxido de hidrognio. Em poucas horas, estimulou a atividade de enzimas, como a fenilalanina amnia liase, lipoxigenase e propiciou o acmulo de cido saliclico, sem causar danos as clulas da cultura. Por outro lado, quando esta concentrao foi infiltrada em folhas de tabaco, aps 48 horas a laminarana ativou a produo de quatro famlias de PR-protenas e aps cinco dias do tratamento, reduziu a infeco por Erwinia carotovora subsp. carotovora, quando comparada com folhas tratadas apenas com gua (KLARZYNSKI et al., 2000). O extrato de L. digitata registrado e comercializado pela empresa Gemar com o nome de Iodus 40 (40 g de laminarana por litro) para induzir resistncia contra doenas em trigo, tais como fusariose, odio e septoriose. Esse produto no fitotxico e os custos energticos para a planta, devido a induo de resistncia, so baixos ou inexistentes (STADNIK e TALAMINI, 2004). Fucanas sulfatadas so componentes estruturais comuns em paredes celulares de algas marinhas marrons. Klarzynski et al. (2003), utilizando-se de uma enzima hidrolase isolada de bactria marinha para preparar

  • UNIMONTES UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

    DISCIPLINA: BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES 1 BACHAREL- MAIO/2010

    PROF GRCIA OIAMA DOLABELA BICALHO

    GODBICALHO UNIMONTES BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES - 2010

    13

    oligossacardeos de fucanas sulfatadas, demonstraram atividade elicitora destes oligmeros em plantas de fumo, contra o vrus do mosaico do tabaco. Anlises bioqumicas de folhas de fumo tratadas com estes oligossacardeos mostraram aumento de marcadores de resistncia sistmica adquirida (SAR): acmulo sistmico de cido saliclico e fitoalexina escopoletina, induo das enzimas fenilalanina amnia liase e lipoxigenase e tambm aumento da expresso de inmeras protenas relacionadas a patognese aps 200 g de oligofucanas infiltradas nas folhas.

    O GNERO ULVA Ulva spp. so algas verdes pertencentes diviso Chlorophyta. Aps

    um corte transversal, o gnero Ulva sp. se diferencia do gnero Ulvaria sp., pois apresenta duas camadas de clulas, enquanto que este apresenta somente uma camada. Devido a esta caracterstica as lminas de U. lactuca e U. fasciata so mais rgidas que as lminas de Ulvaria oxysperma, atualmente chamada de Monostroma oxysperma (PDUA; FONTOURA; MATHIAS, 2004).

    Espcies de Ulva spp so encontradas em diversos habitats. Os zosporos podem se fixar em matria orgnica ou inorgnica e originam lminas maiores que 20 centmetros de comprimento. U. fasciata utiliza rochas como substrato, enquanto que U. lactuca utiliza manguezais e areia para o seu crescimento (PDUA; FONTOURA; MATHIAS, 2004). Segundo estudo realizado por Taquil e Yoneshigue-Valentin (2002) na Praia de Boa Viagem (Niteri, RJ), as espcies U. fasciata Delile e U. rigida C. Agardh foram encontradas nas quatro estaes do ano. J a espcie U. lactuca L. foi encontrada somente na primavera e no inverno. Porm, segundo Lamare e Wing (2001), U. lactuca anual, mas cresce abundantemente no inverno. No ano de 2002, a flora da Praia de Boa Viagem era formada predominantemente por U. fasciata e Enteromorpha compressa, espcies capazes de reter metais pesados, potencialmente indicadoras de poluio orgnica (LAHAYE, 1998; TAQUIL e YONESHIGUE-VALENTIN, 2002). Ulva sp. representa uma importante biomassa ainda pouco utilizada (LAHAYE; BRUNEL; BONNIN, 1997). Algumas das espcies de Ulva sp. so utilizadas como alimento para o homem, por serem ricas em fibras (LAMARE e WING, 2001; LAHAYE; BRUNEL; BONNIN, 1997; GARG et al., 1992). U. lactuca utilizada na alimentao de animais ruminantes (VENTURA e CASTAN, 1998; LAHAYE, 1998; PDUA; FONTOURA; MATHIAS, 2004) e como fertilizantes na agricultura GARG et al., 1992). U. reticulata tambm utilizada na agricultura como condicionador de solo (VAIRAPPAN e SUZUKI, 2000). As espcies de Ulva sp.so encontradas em diversos pases, conforme descrito na Tabela 2.

    1. Ulva fasciata U. fasciata uma alga verde (Figura 2) que apresenta ampla

    distribuio no litoral catarinense (HORTA et al., 2001) e cresce abundantemente na Ilha do Mel, litoral do Paran (PDUA; FONTOURA; MATHIAS, 2004). Esta macroalga, tambm conhecida como alface do mar (sea lettuce), pertence diviso Chlorophyta, ordem Ulvales, famlia Ulvaceae e gnero Ulva sp. constituda por talos muito finos, que se apresentam sob a forma de extensas lminas. Aproximadamente 10 a 15 cm da base, essas lminas comeam a afilarem-se gradualmente at atingirem 2,5

  • UNIMONTES UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

    DISCIPLINA: BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES 1 BACHAREL- MAIO/2010

    PROF GRCIA OIAMA DOLABELA BICALHO

    GODBICALHO UNIMONTES BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES - 2010

    14

    cm de largura; podendo chegar a mais de 1 metro de comprimento. Na base, so lminas largas que se dividem em muitas tiras com margens regulares, freqentemente onduladas. Mantm-se presas s rochas atravs de pequenas razes escuras. As lminas so verdes brilhantes ou verdes escuras, douradas nas bordas em fase de reproduo (JOLY, 1965).

    Os talos com as lminas expandidas apresentam somente duas finas camadas de clulas. A diviso celular pode ocorrer em qualquer parte do talo, mas sempre em um plano perpendicular a sua superfcie. As clulas so geralmente retangulares, com 8 a 20 m de largura por 14 a 40 m de

  • UNIMONTES UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

    DISCIPLINA: BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES 1 BACHAREL- MAIO/2010

    PROF GRCIA OIAMA DOLABELA BICALHO

    GODBICALHO UNIMONTES BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES - 2010

    15

    comprimento, irregularmente arranjadas. As paredes das clulas so constitudas de celulose (UNIVERSITY OF HAWAII, 2004).

    comumente encontrada em paredes rochosos ou rochas isoladas com ondas fortes e baixas, com poucos herbvoros (JOLY, 1965). Freqentemente abundante em reas de gua fresca corrente com grande oferta de nutrientes, perto de crregos, riachos ou onde desembocam canos. Sua presena indica zonas poludas ou de mar forte, sendo encontrado nos oceanos Pacfico, Atlntico e ndico (UNIVERSITY OF HAWAII, 2004). U. fasciata e Enteromorpha flexuosa so geralmente as primeiras macroalgas a colonizar novos substratos em reas de mar com elevada oferta de nutrientes. Esta caracterstica pode ser atribuda a sua simples morfologia e reproduo. A facilidade de reproduo dessa alga se deve a capacidade fotossinttica das clulas reprodutivas, que podem sintetizar molculas que auxiliam na mobilidade e no rpido crescimento aps a fixao ao substrato. As clulas reprodutivas de U. fasciata possuem similar capacidade fotossinttica do que as clulas adultas vegetativas, porm com maior capacidade respiratria. Esta ampla distribuio tambm se dever ao poder invasivo. guas costeiras prximas a portos, complexos industriais e residenciais com elevada oferta de nutrientes favorecem o aumento rpido de espcies de Ulva sp.(blooms) (UNIVERSITY OF HAWAII, 2004).

    No Hawai, U. fasciata uma alga marinha muito utilizada na alimentao e includa nas saladas, sopas (RAMAZANOV, 2004) ou utilizada como tempero (UNIVERSITY OF HAWAII, 2004).

    2. COMPOSIO QUMICA DAS ALGAS DO GNERO Ulva sp. Contm trs principais componentes polissacardeos: (a) celulose amorfa, que pode ser convertida em uma forma mais

    cristalina por tratamento trmico em soluo aquosa de cido clordrico; (b) polissacardeos aninicos solveis em gua contendo grupos

    sulfatos; e (c) amido. Os polissacardeos a e b esto localizados na parede celular, enquanto

    que o amido a forma de armazenamento da glicose. A grande concentrao de enxofre atribuda presena dos polissacardeos aninicos sulfatados e a presena de ons de clcio e de magnsio atribuda elevada concentrao de carbonatos. No possui ons sdio. Tambm contm clorofilas a e b e

  • UNIMONTES UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

    DISCIPLINA: BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES 1 BACHAREL- MAIO/2010

    PROF GRCIA OIAMA DOLABELA BICALHO

    GODBICALHO UNIMONTES BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES - 2010

    16

    muitos compostos carotenides, incluindo -caroteno (PARADOSSI et al., 1999). Polissacardeos da parede celular de U. rigida foram extrados seqencialmente com oxalato de sdio, hidrxido de potssio (KOH) 1 e 4 M, cloreto de sdio e KOH a 4 M novamente. A composio qumica dos extratos solveis e insolveis e de fraes de polissacardeos solveis obtidas de uma coluna de DEAE-Sepharose foi determinada. Atravs desta metodologia, Ray e Lahaye (1995a) obtiveram trs principais famlias de polissacardeos. A principal famlia foi composta de polissacardeo cido, formado principalmente de ramnose (23,8-26,3 mol%), cido urnico (18,4-22,6 mol%), sulfato (38,4-41,9 mol%), xilose (10,2-12,3 mol%) e traos de glicose unidos sob a forma de glicuronoramnoxiloglicanas sulfatadas em uma mesma cadeia e o rendimento, em relao ao peso de alga seca utilizada na extrao, foi de 10,52 %. Esta famlia de polissacardeos sulfatados ramificados de Ulva sp. foi denominada ulvana por Lahaye e Axelos em 1993. As outras duas famlias isoladas so cadeias hemicelulsicas lineares solveis em meio alcalino, compostas de -1,4-glicuronanas e -1,4-glicoxilanas. Em menor quantidade, uma quarta frao consistiu em polissacardeos neutros sulfatados, extrados com KOH a 1 e 4 M e cloreto de sdio, contendo principalmente glicose, xilose e em menor concentrao ramnose, cidos urnicos e sulfatos, alm de apresentar tambm protenas. As ulvanas, so compostas, ento, principalmente por unidades dissacardicas regulares formadas por cido -D-glicuronosilurnico (14)-L- ramnose ou simplesmente cido ulvanobiurnico ou cidos aldobiournicos, conforme ilustrado na Figura 3 (PARADOSSI et al., 1999).

    A ulvana encontra-se em todas as paredes celulares (BOBIN-DUBIGEON et al., 1999), representando a maior frao de biopolmeros da parede (PARADOSSI;CAVALIERI; CHIESSI, 2002). Segundo Ray e Lahaye (1995a), glicoprotenas sulfatadas, compostas de cido glicurnico, glicose, ramnose e xilose tambm foram encontradas em extratos obtidos de U. lactuca com hidrxido de sdio (NaOH) a 1 Me xilose, glicose e galactose foram obtidas de extraes com KOH 4 M. As hidrlises enzimtica e cida permitem a obteno de oligmeros deste polissacardeo: cido urnico, que pode ser conjugado com a glicose formando cido glicurnico (RAY e LAHAYE, 1995b), ramnose sulfatada, xilose (LAHAYE e RAY, 1996; PARADOSSI et al., 1999) e em menores concentraes glicose e galactose (RAY e LAHAYE, 1995a). Devido a esta estrutura qumica particular, os cidos aldobiournicos so resistentes a hidrlise cida, a enzimas digestivas humanas e a fermentaes

  • UNIMONTES UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

    DISCIPLINA: BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES 1 BACHAREL- MAIO/2010

    PROF GRCIA OIAMA DOLABELA BICALHO

    GODBICALHO UNIMONTES BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES - 2010

    17

    in vitro pela biota fecal humana, impedindo assim a quebra das ligaes entre glicose e ramnose (RAY e LAHAYE, 1995b). Estes polissacardeos so solveis em gua (RAY e LAHAYE, 1995a) e possuem a capacidade de formar gis na presena de ons clcio e borato (PARADOSSI et al., 1999). Estudos de desulfatao, de reduo e espectroscopia de RNM de 1H e 13C evidenciaram que na ulvana o O-3 da ramnose e o O-2 da xilose so stios de sulfatao e que aproximadamente 16,8-20,7% da ramnose est ramificada em O-2 e sulfatada em O-3 (RAY e LAHAYE, 1995b; LAHAYE e RAY, 1996) Os polissacardeos insolveis em solues bsica so muito semelhantes entre as espcies. Em U. lactuca, so compostos de celulose de cadeias lineares de -1,4-xiloglicanas (LAHAYE e RAY, 1996). A ramnose freqentemente encontrada em exopolissacardeos de bactrias ou em alguns polissacardeos vegetais, mas ramificaes em O-2 de (14) cido--D-glicurnico ligado a L-ramnose somente foram descritas no exopolissacardeo produzido pela bactria Arthrobacter sp. (LAHAYE e RAY, 1996).

    A maioria das cadeias possui na extremidade uma unidade de cido glicurnico, que o principal carboidrato do polissacardeo solvel em gua (ulvana) dos membros da ordem Ulvales (RAY e LAHAYE, 1995b). Devido as suas caractersticas estruturais, a ulvana similar a classe dos polissacardeos naturais chamados de mucopolissacardeos (PARADOSSI et al., 1999). O comprimento da cadeia ainda desconhecido e no possvel afirmar que os stios de ligaes dos sulfatos e dos acares so os mesmos entre ulvanas de diferentes espcies de Ulva sp. (LAHAYE e RAY, 1996). Enteromorpha intestinalis tambm possui polissacardeos sulfatados (LEE et al., 1998) formados por glicuronoxiloramana, contendo 43% de ramnose, 19,8% de ons sulfatos e 17% de cidos urnicos. Esta composio comparvel a de outras algas da famlia Ulvaceae. Porm, os extratos obtidos com oxalato de amnio a 75C contm galactose e menores valores de viscosidade, provavelmente como resultado da quebra de ligaes lbeis entre cadeias (REVIERS e LEPROUX, 1993). Este polissacardeo apresenta uma potente atividade anticoagulante (LEE et al., 1998) Poucas famlias de enzimas degradadoras de polissacardeos de algas tm sido descritas. Foram descritas alginatos liases e galactanas hidrolases (- e - agarases, - e -carragenases) para estudos de estrutura qumica dos seus susbtratos e para a produo de protoplastos de algas. Para a degradao de ulvana, Lahaye; Brunel e Bonnin (1997), obtiveram uma enzima a partir de uma bactria Gram-negativa formadora de pequenas colnias de colorao alaranjada isolada de lama contendo Ulva sp. em decomposio, apresentando atividade mxima em pH prximo a 9,0 e temperatura entre 40-50C. Esta enzima gerou vrias unidades de cido ulvanobiurnico, confirmando que estas unidades so as principais unidades de construo do esqueleto da ulvana.

    Em um estudo realizado por Pdua, Fontoura e Mathias (2004), a alga U. lactuca, coletada em Guraraqueaba nos meses de outubro e fevereiro, apresentou 16,79% de protenas, 1,20% de lipdeos, 10,78 de fibras e 58,03% de carboidratos, em mdia. J, a alga U. fasciata coletada na Ilha do Mel durante os meses de vero (dezembro e fevereiro) apresentou menores porcentagens de protenas, lipdeos e carboidratos, porm apresentou a mesma porcentagem de fibras, conforme ilustrado na Tabela 3.

  • UNIMONTES UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS

    DISCIPLINA: BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES 1 BACHAREL- MAIO/2010

    PROF GRCIA OIAMA DOLABELA BICALHO

    GODBICALHO UNIMONTES BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES - 2010

    18

    .

    BIBLIOGRAFIA: PAULERT, Roberta (ADAPTADO DA Dissertao de Mestrado para leitura na DISCIPLINA: BIOLOGIA DE VEGETAIS INFERIORES ALGAS)

    TTULO: Atividade antimicrobiana e controle da antracnose do Feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris l.) utilizando polissacardeo e extratos da macroalga marinha Ulva fasciata

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Biotecnologia da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial para a obteno do grau de Mestre em Biotecnologia, FLORIANPOLIS / 2005.

    CUIDE DA

    UNIMONTES

    GODB/2010