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ACÁCIO LUIZ SIARKOWSKI IMPLEMENTAÇÃO DE SENSORES ÓPTICOS INTEGRADOS PARA APLICAÇÕES EM ANÁLISES QUÍMICAS E AMBIENTAIS São Paulo 2007

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ACÁCIO LUIZ SIARKOWSKI

IMPLEMENTAÇÃO DE SENSORES ÓPTICOS INTEGRADOS PARA APLICAÇÕES EM ANÁLISES

QUÍMICAS E AMBIENTAIS

São Paulo 2007

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ACÁCIO LUIZ SIARKOWSKI

IMPLEMENTAÇÃO DE SENSORES ÓPTICOS INTEGRADOS PARA APLICAÇÕES EM ANÁLISES

QUÍMICAS E AMBIENTAIS

Tese apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para a obtenção do Título de Doutor em Engenharia. Área de concentração: Engenharia Elétrica Orientadores: Prof. Dr. Nilton Itiro Morimoto Prof. Dr. Ben-Hur Viana Borges

São Paulo 2007

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Nilton Itiro Morimoto e ao Prof. Dr. Ben-Hur Viana Borges pela orientação, apoio e confiança demonstrada ao longo do trabalho.

A Profa. Dra. Maria Lúcia da Silva pelo auxílio com as medidas com VOC’s em filmes de HMDS e ao Sr. Leonardo F. Hernandez pelas deposições no PECVD.

Ao Prof. Dr. Luís da Silva Zambom pelas deposições de nitreto de silício e pelas proveitosas discussões a respeito do trabalho.

Ao Adir José Moreira, Alexandre Camponucci, José Antônio R. Porto, Nelson Ordonez e ao Prof. Dr. Ronaldo D. Mansano pela ajuda nos processos de fabricação realizados em laboratório e pelo pronto atendimento das dificuldades encontradas.

Aos professores da UNICAMP, Antônio Celso S. Ramos, Jacobus W. Swart e José Alexandre Diniz do CCS e IFGW pelas deposições de óxido de silício no ECR-CVD, bem como as medidas de espessura e taxa de corrosão.

Aos colegas da UNICAMP, Cleber, Ricardo Teixeira Cotrin e Fernando Benjovengo pelo auxílio no uso dos equipamentos do CCS e IFGW.

Ao Prof. Dr. Maurício S. Baptista pelo auxílio na preparação das soluções de glicose para as medidas químicas e pelas sugestões que foram de grande importância na definição das metas deste trabalho.

Aos colegas de grupo, Ana Neilde, Carlos E. Viana, Eduardo dos Santos Ferreira, Eliphas W. Simões, João Vicente Zampieron, Laura Swart, Luiz C. D. Gonçalves, Marcelo Bariatto, Maurício Oka e Roberto Jacobe e outros, pelas proveitosas discussões a respeito do trabalho.

Aos amigos Antônio Pereira do Nascimento Filho, Alecsander Tressinos de Carvalho, Amir Afif, Ani Sobral Torres, Bruno da Silva Rodrigues, Fábio Peppe Beraldo, Leandro Zeidan Toquetti, Peter Lubomir Polak, Rodrigo Amorim Motta Carvalho, Ronaldo W. Reis e Samir Rajab pelo companheirismo e apoio ao longo destes anos de trabalho.

Aos meus pais Olívia Martins da Silva e Pedro Siarkowski pelo apoio e pela total dedicação em família para minha formação acadêmica e profissional.

À minha querida esposa Isabel Bethlem pelo amor, incentivo e consideração.

Ao CAPES, CNPq, FINEP, CAPES, SCMN (Rede de Pesquisa em Sistema em Chip, Microssistemas e Nanoeletrônica) e ao NAMITEC (Tecnologias de Micro e Nanoeletrônica para Sistemas Integrados Inteligentes) (Projetos do programa Institutos do Milênio) pelo auxílio financeiro.

À Deus pela saúde e inteligência para a realização deste trabalho.

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"A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás; mas só pode ser vivida olhando-se para a frente."

(Soren Kierkegaard)

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RESUMO

Este trabalho tem como objetivo o desenvolvimento de sensores químicos ópticos

baseados no Interferômetro Mach-Zehnder (MZI) para aplicações em análises

químicas e ambientais. Tais dispositivos foram implementados a partir da fabricação

de guias de ondas sobre um substrato de silício monocristalino.

Os guias de onda foram obtidos através da deposição de filmes finos de nitreto de

silício (Si3N4) e óxido de silício (SiO2) obtidos por técnicas de deposição química a

vapor (CVD) e pela oxidação térmica do substrato de silício. A definição destes guias

de ondas para a implementação de sensores é feita por processos convencionais de

litografia e corrosão.

Os sensores químicos deste trabalho baseiam-se na interação do campo

evanescente do modo que propaga-se no guia de onda exposto a algum composto

químico na fase líquida ou gasosa. Tais sensores foram projetados, simulados e

implementados para as seguintes aplicações:

• Medida da concentração de glicose em soluções;

• Medida de umidade por efeito de espalhamento;

• Detecção de vapores de compostos orgânicos voláteis (VOC’s).

As etapas de processo para a fabricação dos sensores químicos ópticos foram

definidas a partir das simulações em óptica integrada e, após os processos de

fabricação, os filmes obtidos foram caracterizados. Os filmes de Si3N4 SiO2 utilizados

na fabricação do sensor óptico possuem uniformidade em espessura e

homogeneidade quanto aos valores de índice de refração, baixa rugosidade

superficial e baixos níveis de incorporação de água e ligações OH. No entanto, os

valores de rugosidade e desuniformidade aumentaram significativamente após as

etapas de corrosão úmida para a definição das estruturas dos sensores ópticos.

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Os guias de ondas implementados apresentaram um guiamento monomodo (TE0) e

os valores de atenuação experimentais ficaram entre 2 e 20 dB/cm e dependem dos

valores de rugosidade superficial e lateral dos guias de ondas e da desuniformidade

dos filmes empregados.

Com as medidas de concentração de glicose, verificou-se o funcionamento e a

sensibilidade dos sensores químicos ópticos implementados, levantando-se curvas

de variação da intensidade de saída do MZI em função do índice de refração de

soluções de glicose padronizadas (dn/dc).

Realizou-se medidas de umidade através da implementação de um sensor óptico

simplificado que tem como princípio o efeito de espalhamento óptico. Como o

espalhamento óptico depende da rugosidade e do contraste de índices de refração

na interface exposta ao ambiente, foi possível detectar a quantidade de água

presente no dispositivo.

Posteriormente, analisou-se a aplicação de HMDS (Hexametildissilazana) como

filme de adsorção de compostos orgânicos voláteis (VOC´s). Os VOC’s foram

aplicados sobre os sensores químicos ópticos em forma de vapor e os resultados

obtidos para n-Hexano e 2-Propanol mostraram uma boa reprodutibilidade e alta

sensibilidade.

Palavras-chave: Sensor óptico. Filmes finos. Análise química. Interferômetro Mach-

Zehnder.

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ABSTRACT

The aim of this work is the development of optical chemical sensors based on Mach-

Zehnder Interferometer (MZI) for chemical and environmental analysis applications.

Such devices were implemented with waveguides fabricated on a silicon substrate.

The waveguides were obtained using silicon nitride (Si3N4) and silicon oxide (SiO2)

films obtained by CVD (Chemical Vapor Deposition) and thermal oxidation of the

silicon substrate. The waveguides and the optical sensors were fabricated using

conventional lithographic and etching processes.

The developed chemical sensors are based on the evanescent field interaction in a

waveguide exposed to a liquid or gaseous phase of a chemical compound. Such

optical sensors were designed, simulated and implemented for the following

applications:

• Glucose concentration;

• Humidity measurement by scattering effect;

• Volatile organic compounds (VOC's) vapors detection.

The process steps for the optical chemical sensor fabrication were defined during the

integrated optical simulations and the films were characterized after the fabrication

process steps. The Si3N4 and SiO2 films used in the optical sensor fabrication are

uniform and homogenous (thickness and refractive index), with low surface

roughness and low levels of water incorporation and OH bonds. However, the

roughness values increased significantly after the etching process for the optical

sensor structures definition.

The implemented waveguides were singlemoded (TE0), with experimental

attenuation values between 2 and 20 dB/cm, depending on the surface and sidewall

roughness of the waveguide and on the films uniformity.

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The operation principle and the sensitivity of the optical chemical sensors were

verified by measurements of glucose concentration, where the MZI output variation

intensity as a function of the refractive index of the glucose standard solutions (dn/dc)

are measured.

As the light scattering depends of the roughness and the of refractive index

difference between the exposed interface and the atmosphere, it’s possible to

measure the humidity or the amount of water in the interaction window.

Afterwards, the detection of volatile organic compounds (VOC´s) was carried out

using a HMDS (Hexamethyldissilazane) layer to adsorb the VOC’s. The VOC's vapor

was applied onto the optical chemical sensors and the results obtained for n-Hexane

and 2-Propanol showed a good reproducibility and high sensitivity.

Keywords: Optical Sensor. Thin films. Chemical Analyse. Mach-Zehnder

Interferometer.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 2.1: Desenho esquemático do guia de onda tipo “rib” implementado. ..................................... 21

Figura 2.2 – Atenuação da potência óptica se propagando de Z1 para Z2 em um guia de onda.......... 23

Figura 2.3 – Campo evanescente vertical de um guia de onda. A) Campo evanescente isolado B)

Camada de “buffer” insuficiente, ocorrendo absorção. ................................................................ 26

Figura 2.4: Desenho esquemático do sensor óptico químico utilizando o MZI. A) Vista superior onde

ψ é o ângulo de abertura B) Vista em corte AA, mostrando o perfil dos guias “rib”. ................... 28

Figura 2.5: Vista em corte, mostrando a janela de interação no braço sensor do MZI. ....................... 30

Figura 3.1: Estrutura utilizada na simulação dos guias de onda tipo “rib”. ........................................... 31

Figura 3.2 – Análise monomodo/multimodo para guias tipo “rib” em função de

W_core e h_core, sendo H_core = 220 nm.................................................................................. 33

Figura 3.3 – Valores de índice de refração efetivo (Neff) (parte real) para guias “rib”, sendo

W_core = 4 µm, h_core = 1nm, H_sub = 380 µm e H_clad = 200 nm......................................... 34

Figura 3.4 – Valores de atenuação por absorção e “leakage” (dB/cm) para guias “rib”, sendo

W_core = 4 µm, h_core = 1 nm, H_sub = 380 µm e H_clad = 200 nm (λ=632,8nm). ................. 35

Figura 3.5 - Esquema do MZI utilizado para simulação. Largura do guia W_core = 4µm.................... 38

Figura 3.6: Diferença de fase (∆Φ/2π) em função da concentração de glicose em solução. ............... 39

Figura 3.7: Guias “rib” empregados na implementação do sensor químico óptico usando HMDS. A)

Guia “rib” HMDS/Si3N4/SiO2 e B) Guia “rib” Ar/Si3N4/SiO2. .......................................................... 41

Figura 3.8 - Esquema do MZI utilizado para simulação. Largura do guia W_core = 4µm.................... 42

Figura 3.9: Guiamento na estrutura do MZI, mostrando uma intensidade máxima de saída. (∆Φ = 0) 43

Figura 3.10: Guiamento na estrutura do MZI, mostrando uma intensidade mínima de saída. (∆Φ = π)

...................................................................................................................................................... 43

Figura 4.1: Resultado da oxidação térmica, obtendo-se a camada de isolação óptica........................ 47

Figura 4.2: Deposição de nitreto de silício (Si3N4) por LPCVD............................................................. 48

Figura 4.3: Desenho esquemático do padrão de repetição na máscara litográfica. MZI, guias de ondas

de 1 a 5 µm para testes e marcas de alinhamento. ..................................................................... 49

Figura 4.4: Desenho esquemático da máscara litográfica, mostrando as marcas de

alinhamento e a área dos MZIs. ................................................................................................... 50

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Figura 4.5: Padrões de guias de ondas transferidos A) Revelação com resolução de 1 µm e B)

Revelação excessiva, apenas o guia de 2 µm. ............................................................................ 51

Figura 4.6: Fotogravação dos MZIs sobre o filme de guiamento (definição dos guias de ondas). ...... 51

Figura 4.7: Definição dos guias “rib” no filme de guiamento por uma corrosão úmida. ....................... 52

Figura 4.8: Sistema de alinhamento que permite visualizar as duas faces da lâmina de Si. ............... 53

Figura 4.9: Fotolito com o padrão de marcas de alinhamento entre faces........................................... 54

Figura 4.10: Corrosão por plasma de SF6 do filme de nitreto das costas da lâmina............................ 55

Figura 4.11: Corrosão úmida em BOE do SiO2 das costas da lâmina. ................................................ 55

Figura 4.12: Resultado da limpeza e remoção do fotorresiste. ............................................................ 57

Figura 4.13: Deposição da camada de cobertura por ECR-CVD ......................................................... 58

Figura 4.14: Aparato de proteção utilizado na corrosão por KOH. ....................................................... 59

Figura 4.15: A) Lâmina de Si após a abertura das marcas de alinhamento nas costas. B)Face superior

da lâmina recoberta por fotoressiste. ........................................................................................... 59

Figura 4.16: Corrosão anisotrópica do substrato de silício (marcas de alinhamento visíveis nas costas)

...................................................................................................................................................... 60

Figura 4.17 - Máscara para fotogravação das janelas de interação dos MZIs. Comprimento de

interação (Ls) de 5mm .................................................................................................................. 60

Figura 4.17: Definição das janelas de interação em ambos braços do MZI......................................... 61

Figura 4.18: Abertura das janelas de interação, remoção da camada de cobertura............................ 62

Figura 4.19: Definição dos guias “rib” no filme de guiamento por uma corrosão úmida. ..................... 63

Figura 4.20: Resultado da limpeza e remoção do fotorresiste. ............................................................ 64

Figura 4.21: Máscara mecânica utilizada na deposição de HMDS,

comprimento de interação de 7,5 mm.......................................................................................... 65

Figura 5.1: Diagrama do acoplamento planar pela borda da lâmina de Si........................................... 70

Figura 5.2: Acoplamento pela borda do chanfro da lâmina de Si

para a observação do guiamento planar. ..................................................................................... 70

Figura 5.3: Imagem do guiamento planar no filme de Si3N4. ................................................................ 71

Figura 5.4: Diagrama esquemático dos guias de ondas obtidos na implementação

dos sensores químicos ópticos. ................................................................................................... 73

Figura 5.5: Valores de rugosidade nos guias “rib” ................................................................................ 73

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Figura 5.6: Atenuação por espalhamento (dB/cm) para o guia SiO2/Si3N4/SiO2 em função dos valores

de rugosidade lateral e largura do guia (valores calculados)....................................................... 74

Figura 5.7: Atenuação por espalhamento (dB/cm) para o guia Ar/Si3N4/SiO2 (após a corrosão em

BOE) em função dos valores de rugosidade lateral e largura do guia (valores calculados). ...... 75

Figura 5.8: Atenuação por espalhamento (dB/cm) para o guia Ar/Si3N4/SiO2 em função dos valores de

rugosidade lateral e largura do guia (valores calculados)............................................................ 76

Figura 5.9: Atenuação por espalhamento (dB/cm) para o guia HMDS/Si3N4/SiO2 em função dos

valores de rugosidade lateral e largura do guia (valores calculados). ......................................... 76

Figura 5.10: A) Lâmina de Si processada. B) Lâmina clivada na orientação cristalográfica................ 77

Figura 5.11: Montagem experimental para o acoplamento do laser pela borda clivada. ..................... 78

Figura 5.12: Montagem experimental empregado nas medidas de atenuação óptica. ........................ 79

Figura 5.13: Gráfico da intensidade luminosa capturada pela câmera CCD

em função do número de pixels ................................................................................................... 80

Figura 6.1: Arranjo experimental do sensor químico óptico para medida de concentração de glicose

em soluções aquosas. .................................................................................................................. 82

Figura 6.2: Soluções de referência e de medida inseridas sobre as janelas de interação do MZI. ..... 83

Figura 6.3: Potência de saída do MZI em função da concentração de glicose (%) em solução (Valores

de índice de refração indicados no gráfico). ................................................................................ 84

Figura 6.4: Diagrama esquemático do sensor de umidade por efeito de rugosidade .......................... 86

Figura 6.5: Gráfico da potência de saída do guia de onda em função do tempo de

evaporação da água sobre a janela de interação (min). .............................................................. 86

Figura 6.6: Arranjo experimental do sensor químico óptico para a detecção de VOC’s usando HMDS

como camada sensora. ................................................................................................................ 87

Figura 6.7: Diagrama da linha de gás nitrogênio para a injeção dos vapores sobre os sensores ópticos

...................................................................................................................................................... 88

Figura 6.8: Sensor químico óptico para a detecção de VOC’s ............................................................. 88

Figura 6.9: Variação da intensidade de saída do MZI em função da variação da vazão do gás de

arraste, usando o MZI10 com Ls = 7,5mm (erro = 5%). ............................................................... 89

Figura 6.10: Fluxo de n-Hexano em função da variação da vazão de N2. .......................................... 91

Figura 6.11: Fluxo de 2-Propanol em função da variação da vazão de N2. ......................................... 91

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Figura 6.12: Variação da intensidade de saída do MZI em função do fluxo de n-Hexano................... 92

Figura 6.13: Variação da intensidade de saída do MZI em função do fluxo de 2-Propanol. ................ 92

Figura 7.1: Vista da estrutura para acoplamento entre fibra e o guia óptico [4] ................................... 97

Figura A.1 – Análise monomodo/multimodo para guias tipo “rib” em função de W_core e h_core,

sendo H_core = 150 nm. ............................................................................................................ 103

Figura A.2 – Análise monomodo/multimodo para guias tipo “rib” em função de W_core e h_core,

sendo H_core = 160 nm. ............................................................................................................ 104

Figura A.3 – Análise monomodo/multimodo para guias tipo “rib” em função de W_core e h_core,

sendo H_core = 170 nm. ............................................................................................................ 104

Figura A.4 – Análise monomodo/multimodo para guias tipo “rib” em função de W_core e h_core,

sendo H_core = 180 nm. ............................................................................................................ 105

Figura A.5 – Análise monomodo/multimodo para guias tipo “rib” em função de W_core e h_core,

sendo H_core = 190 nm. ............................................................................................................ 105

Figura A.6 – Análise monomodo/multimodo para guias tipo “rib” em função de W_core e h_core,

sendo H_core = 200 nm. ............................................................................................................ 106

Figura A.7 – Análise monomodo/multimodo para guias tipo “rib” em função de W_core e h_core,

sendo H_core = 210 nm. ............................................................................................................ 106

Figura A.8 – Análise monomodo/multimodo para guias tipo “rib” em função de W_core e h_core,

sendo H_core = 230 nm. ............................................................................................................ 107

Figura A.9 – Análise monomodo/multimodo para guias tipo “rib” em função de W_core e h_core,

sendo H_core = 240 nm. ............................................................................................................ 107

Figura A.10 – Análise monomodo/multimodo para guias tipo “rib” em função de W_core e h_core,

sendo H_core = 250 nm. ............................................................................................................ 108

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LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1: Descrição dos materiais usados na implementação de guias de onda............................. 22

Tabela 3.1: Descrição dos materiais usados na implementação de guias de onda............................. 31

Tabela 3.2: Descrição das dimensões dos guias de onda tipo “rib” implementados............................ 36

Tabela 3.3. Parâmetros utilizados na simulação dos MZIs como sensor de glicose. .......................... 37

Tabela 3.4: Valores de índice de refração tabelados para soluções de glicose dissolvidas em água e

os valores de índice de refração efetivos (Neff) quando colocadas sobre o braço sensor. .......... 38

Tabela 3.5. Parâmetros utilizados na simulação utilizando HMDS como camada sensora................. 42

Tabela 4.1: Parâmetros de processo para a obtenção do filme SiO2 térmico. ..................................... 47

Tabela 4.2: Parâmetros de deposição do Si3N4 por LPCVD [50]. ........................................................ 47

Tabela 4.3: Listagem dos MZIs contidos na máscara litográfica. ......................................................... 49

Tabela 4.4: Parâmetros de corrosão do Si3N4 por plasma de SF6. ...................................................... 55

Tabela 4.5: Parâmetros de deposição do SiO2 por ECR-CVD [59]. ..................................................... 57

Tabela 4.6: Parâmetros de deposição de HMDS por PECVD.............................................................. 66

Tabela 5.1: Valores de espessura e índice de refração para os filmes obtidos (λ = 632,8 nm)........... 67

Tabela 5.2: Valores de rugosidade (RMS) (σ) para os filmes obtidos. ................................................. 68

Tabela 5.3: Valores médios de atenuação dos guias de ondas obtidos............................................... 80

Tabela 6.1: Valores de índice de refração das soluções de glicose [55].............................................. 83

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AFM Microscopia de Força Atômica ARROW “Anti-resonant Reflecting Optical Waveguide” – Guia de Onda Refletivo Anti-

Ressonante SiC:H Carbeto de silício BOE “Buffered Oxide Etching” – Solução de Corrosão de Óxido Tamponada BPM Método de Propagação de Feixe CVD Deposição Química a Vapor DI Deionizada ECR-CVD Ressonância Ciclotônica de Elétrons – Deposição Química a Vapor EPUSP Escola Politécnica da Universidade de São Paulo FTIRS Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier H2 (g) Gás Hidrogênio H2O2 Peróxido de Hidrogênio H2SO4 Ácido Sulfúrico HCl Ácido Clorídrico HF Ácido Fluorídrico HMDS Hexametildissilazana MZI Interferômetro Mach-Zehnder KOH Hidróxido de potássio LiNbO3 Niobato de Lítio LME Laboratório de Microeletrônica LPCVD Deposição Química a Vapor a Baixa Pressão LSI Laboratório de Sistemas Integráveis MEMS Sistemas Microeletromecânicos SEM Microscópia Eletrônica de Varredura MSM Metal-Semicondutor-Metal NH3(g) Gás Amônio NH4(OH) Hidróxido de Amônio O2 (g) Gás Oxigênio PECVD Deposição Química a Vapor Enriquecida por Plasma QCM Microbalança de Cristal de Quartzo RF Rádio Freqüência RIT Reflexão Interna Total SF6 (g) Gás Hexafluoreto de Enxofre Si Silício monocristalino Si3N4 Nitreto de silício SiH2Cl2(g) Gás Diclorosilano SiO2 Óxido de silício SiOxNy Oxinitreto de silício SPR Ressonância Plasmônica de Superfície VOC’s Compostos Orgânicos Voláteis

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SUMÁRIO

Capítulo 1 : Introdução.......................................................................................17

1.1 Materiais e métodos ............................................................................................ 19

1.2 Estrutura da tese.................................................................................................. 20

Capítulo 2 : Guias de Onda e Sensores Ópticos Integrados ..........................21

2.1 Introdução ............................................................................................................ 21

2.2 Guias de onda ...................................................................................................... 21 2.2.1 Atenuação em guias de onda.......................................................................................... 22 2.2.2 Fabricação dos guias “rib” ............................................................................................... 25 2.2.3 Procedimentos de caracterização dos guias de onda..................................................... 27

2.3 Sensores ópticos integrados.............................................................................. 28

Capítulo 3 : Simulações .....................................................................................31

3.1 Guias de onda ...................................................................................................... 31

3.2 Simulação dos sensores químicos por fase evanescente............................... 36 3.2.1 Simulação de sensores químicos ópticos para medidas de concentração de glicose em

soluções aquosas. ........................................................................................................................ 37 3.2.2 Simulação dos sensores químicos ópticos para a detecção de VOC’s. ......................... 40

Capítulo 4 : Processos de fabricação dos sensores químicos ópticos.........45

4.1 Etapas de fabricação do sensor químico óptico para medidas de concentração de glicose em soluções aquosas. ......................................................... 45

4.1.1 Etapa 1: Limpeza de lâminas .......................................................................................... 45 4.1.2 Etapa 2: Oxidação térmica .............................................................................................. 46 4.1.3 Etapa 3: Deposição do filme de Si3N4 por LPCVD.......................................................... 47 4.1.4 Etapa 4: Fotogravação dos MZIs por litografia óptica..................................................... 48 4.1.5 Etapa 5: Definição dos guias “rib” por corrosão úmida do filme de nitreto de silício. ..... 51 4.1.6 Etapa 6: Fotogravação das marcas de alinhamento nas costas da lâmina.................... 52 4.1.7 Etapa 7: Definição das marcas de alinhamento das costas da lâmina por corrosão. .... 54 4.1.8 Etapa 8: Limpeza e remoção das camadas de fotorresiste. ........................................... 56 4.1.9 Etapa 9: Deposição do filme de SiO2 por ECR-CVD ...................................................... 57 4.1.10 Etapa 10: Corrosão anisotrópica úmida do Si por KOH para a obtenção das marcas

de alinhamento no substrato. ....................................................................................................... 58 4.1.11 Etapa 11: Fotogravação das janelas de interação...................................................... 60 4.1.12 Etapa 12: Corrosão em BOE do filme de cobertura ................................................... 61

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4.2 Etapas de fabricação do sensor químico óptico para detecção de VOC’s .... 63 4.2.1 Etapa 6B: Limpeza e remoção de fotorresiste. ............................................................... 63 4.2.2 Etapa 7B: Deposição de HMDS por PECVD .................................................................. 64

Capítulo 5 : Caracterização dos filmes finos e guias de ondas......................67

5.1 Medidas de espessura e índice de refração por elipsometria ......................... 67

5.2 Medidas de rugosidade dos filmes e guias de ondas ...................................... 68

5.3 Medidas FTIRS ..................................................................................................... 69

5.4 Caracterização e análises ópticas...................................................................... 70 5.4.1 Guiamento planar no filme de Si3N4 ................................................................................ 70 5.4.2 Fontes de atenuação dos guias de ondas ...................................................................... 71 5.4.3 Medidas de atenuação e análise do modo de propagação nos guias de ondas. ........... 77

Capítulo 6 : Resultados dos sensores químicos ópticos implementados. ...82

6.1 Medidas de concentração de glicose em soluções aquosas .......................... 82

6.2 Medida de umidade por efeito de rugosidade de superfície............................ 85

6.3 Detecção de vapores de compostos orgânicos voláteis (VOC’s) usando um filme de HMDS como camada sensora.......................................................................... 87

Capítulo 7 : Conclusões e considerações finais..............................................94

Trabalhos futuros....................................................................................................96

Referências bibliográficas......................................................................................98

Apêndice A: Análise monomodo/multimodo para guia “rib”. ...........................103

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17

Capítulo 1 : Introdução

As pesquisas com sensores químicos em guias de onda integrados iniciaram-se com

as pesquisas de TIEFENTHALER, K.; LUKOSZ, W. et al [1, 2], LAMBECK, P.V. et al

[3] e HEIDEMAN, R.G. et al [4], onde definiu-se os princípios, materiais e

sensibilidades destes tipos de sensores ópticos em função da necessidade de obter-

se sensores químicos ópticos em diversas áreas como controle de processo

industriais, medicina, controle ambiental, biotecnologia, etc. [3-5]

Para aplicações comerciais, estes sensores devem ser altamente sensíveis,

pequenos, rápidos, baratos e ter a possibilidade de monitoramento remoto. Todos

estes requisitos podem ser obtidos pelos sensores ópticos integrados, onde os

sinais ópticos podem ser transmitidos e recebidos através de fibras ópticas

acopladas aos dispositivos integrados [2].

Dentre as várias técnicas de medidas que podem ser empregadas em sensores

ópticos, tais como as técnicas de SPR (Ressonância Plasmônica de Superfície) [6] e

“Grating Couplers” [1], a interferometria proporciona uma alta sensibilidade e

precisão [4]. Um exemplo clássico de estrutura baseada neste efeito é o

Interferômetro Mach-Zehnder (MZI). O MZI é largamente utilizado na concepção de

diversos sensores em óptica integrada, como: sensores de pressão, sensores

químicos, biosensores e sensores imunológicos [3, 4, 7-15].

As pesquisas na área de óptica integrada no LSI-EPUSP (Laboratório de Sistemas

Integráveis da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo) se iniciaram com o

desenvolvimento e caracterização de filmes finos de óxidos de silício e nitreto de

silício para a fabricação de guias de ondas e dispositivos ópticos [16-18] e

continuaram com a análise e implementação de sensores ópticos de pressão

baseados no MZI [19-22]. Em paralelo, no LME (Laboratório de Microeletrônica)

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18

estudou-se a aplicação de filmes de oxinitreto de silício para a fabricação de guias

de ondas e a implementação estruturas optomecânicas [23-28]. Tais pesquisas

forneceram resultados teóricos e experimentais fundamentais para desenvolvimento

dos sensores químicos ópticos propostos neste trabalho.

Neste contexto, desenvolveu-se sensores ópticos integrados para aplicações em

análises químicas e ambientais, implementados a partir de guias de ondas

electromagnéticas no espectro visível (guias ópticos). Tais sensores foram

projetados, simulados e implementados para as seguintes aplicações:

• Medida da concentração de glicose em soluções aquosas:

A medida de concentração de glicose em soluções padronizadas tem como

finalidade a calibração dos sensores ópticos implementados, permitindo a

compararação com os trabalhos encontrados na literatura [9, 10, 15].

• Medida de umidade por efeito de espalhamento óptico:

A medida de umidade pode ser feita através da implementação de um sensor

simplificado que tem como princípio o efeito de espalhamento óptico por

rugosidade superficial, sendo que o espalhamento óptico depende da rugosidade

e da diferença de índices de refração na interface exposta ao ambiente [29].

• Detecção de vapores de compostos orgânicos voláteis (VOC’s):

Neste trabalho, pela primeira vez, emprega-se filmes finos de HMDS

(Hexametildissilazana) na fabricação de sensores ópticos baseados no MZI para

medidas de adsorção de VOC’s [30-32]. O filme de HMDS polimerizado por

plasma tem se mostrado como um bom material para a aplicação em sensores

por ser altamente adsorvente a VOC’s em uma larga escala de polaridade

química [33-36].

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19

As estruturas dos sensores ópticos integrados, bem como, os princípios de

funcionamento e medidas serão detalhados no Capítulo 2.

1.1 Materiais e métodos

Guias de onda implementados em substratos de silício são a escolha ideal para a

integração com circuitos microeletrônicos ou elementos microeletromecânicos

(MEMS), que são uma conseqüência da maturidade desta tecnologia. As vantagens

desta tecnologia incluem a imunidade à interferência eletromagnética e

compactação, além do aumento da velocidade de resposta e redução de perdas de

sinais em função da integração de sensores ópticos e dispositivos eletrônicos num

mesmo encapsulamento [37, 38].

Para a fabricação destes sensores em óptica integrada destacam-se os materiais

compatíveis com os processos de microeletrônica: óxido de silício (SiO2), oxinitreto

de silício (SiOxNy) e o nitreto de silício (Si3N4). A matéria-prima nestes materiais é o

silício, que tem a vantagem da alta qualidade estrutural a um baixo custo, provido

pela produção em massa, ao invés de usar, por exemplo, a tecnologia baseada em

LiNbO3 (niobato de lítio) que apresenta um custo mais elevado [7]. Estes materiais

são obtidos pela oxidação do substrato de silício ou por processos de deposição de

filmes finos e são usados na implementação de guias de onda integrados devido aos

baixos valores de absorção e rugosidade [16-18].

Os filmes de óxido de silício, nitreto de silício e HMDS foram obtidos por técnicas de

deposição química a vapor (CVD) ou, no caso do óxido de silício, pelo processo de

oxidação térmica do substrato de silício. Para a definição das estruturas de

interferometria (MZI) e sensoriamento foram usados os processos de litografia

óptica, corrosões úmidas e corrosões por plasma.

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20

Durante o processamento dos sensores ópticos foi também necessária a definição

de marcas de alinhamento no substrato de silício, necessitando-se de uma corrosão

úmida anisotrópica por KOH (hidróxido de potássio).

1.2 Estrutura da tese

No capítulo a seguir, temos a descrição da estrutura, a definição dos materiais

empregados e dos processos de fabricação envolvidos na implementação dos guias

de onda e dos sensores ópticos integrados, além dos princípios de funcionamento

destes dispositivos.

O Capítulo 3 apresenta as simulações efetuadas para a definição das dimensões

dos dispositivos sensores e dos demais parâmetros de fabricação.

Um detalhamento completo das etapas de processo de fabricação é apresentado no

Capítulo 4. No Capítulo 5 temos os resultados experimentais obtidos na

caracterização dos filmes finos e dos guias de ondas, medidas de concentração de

glicose em soluções, as medidas de umidade por efeito de espalhamento óptico e a

detecção de vapores de VOC’s usando HMDS.

Nos capítulos 6 e 7, são apresentadas as conclusões, as considerações finais deste

trabalho e as propostas trabalhos futuros, delineando a continuidade desta linha de

pesquisa.

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21

Capítulo 2 : Guias de Onda e Sensores Ópticos Integrados

2.1 Introdução

As bases teóricas fundamentais para a compreensão deste trabalho podem ser

encontradas na literatura [37-44] ou em trabalhos realizados anteriormente [16, 22].

As estruturas dos guias de onda e dos sensores ópticos implementados estão

descritas nos itens 2.2 e 2.3 a seguir.

2.2 Guias de onda

Os guias de onda implementados neste trabalho são do tipo “rib” [37-42] como

mostra a Figura 2.1.

Figura 2.1: Desenho esquemático do guia de onda tipo “rib” implementado.

Os guias de onda que são objetos desta pesquisa são obtidos através da deposição

de filmes finos de nitreto de silício (Si3N4) e óxido de silício (SiO2) obtidos por

técnicas CVD e pela oxidação térmica do substrato de silício. A definição destes

guias para a implementação de sensores é feita por processos convencionais de

litografia e corrosão, como será detalhado no item 2.2.2. Os valores de índice de

refração dos materiais utilizados estão colocados na Tabela 2.1.

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22

Tabela 2.1: Descrição dos materiais usados na implementação de guias de onda.

Material Índice de refração* Cobertura (“Clad”) SiO2 (CVD) 1,46 Guiamento (“Core”) Si3N4 (CVD) 2,04 Isolação (“Buffer”) SiO2 (Oxidação Térmica) 1,46 Substrato Si (Substrato) 3,858+i0,018

* Valores de índice de refração para λ = 632,8nm [16, 22]

O “rib” (costela) é uma perturbação que pode ser criada, por exemplo, na camada

guia de onda, ou em camadas acima ou abaixo desta, cuja finalidade é causar um

aumento do índice de refração efetivo (Neff=β/k0, onde β é a constante de propagação

modal e k0=2π/λ0) do modo guiado nesta região. Isto previne o campo óptico de se

espalhar lateralmente, melhorando o confinamento modal. O confinamento vertical

da luz é obtido pelo princípio da reflexão interna total (RIT), sendo assim, os índices

refração das camadas de cobertura (nClad), guiamento (nCore) e isolação (nBuffer) devem

seguir a seguinte relação: nCore > nClad e nCore > nBuffer [37-42].

As condições de confinamento determinam os modos de propagação no guia de

onda. Os modos de propagação são os perfis característicos de distribuição espacial

da onda eletromagnética guiada na estrutura e são determinados matematicamente

por métodos numéricos desenvolvidos para a óptica integrada [45-48]. Os modos de

propagação e os parâmetros de fabricação dos guias “rib” foram determinados

através de simulações numéricas que serão abordadas na Capítulo 3.

2.2.1 Atenuação em guias de onda

Um dos principais parâmetros que caracterizam um guia de onda e que pode ser

medido experimentalmente é a atenuação ou perda sofrida durante o guiamento do

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23

modo. A atenuação da potência óptica α [dB/cm] durante a propagação em guias de

ondas, como ilustrado na Figura 2.2, pode ser expressa como [37]:

21

2

1log10

ZZP

P

−−=α (Eq. 2.1),

onde P1 é a potência numa dada posição inicial Z1 e P2 é a potência em uma posição

Z2 > Z1.

Figura 2.2 – Atenuação da potência óptica se propagando de Z1 para Z2 em

um guia de onda.

A atenuação no guiamento é a soma dos seguintes efeitos [29, 37-42, 44]:

a) Espalhamento De um modo geral, a fonte predominante de espalhamento no guia óptico está

localizada nas interfaces e está associada às irregularidades dos filmes

depositados. A atenuação por espalhamento (αE) é diretamente proporcional ao

quadrado de σ, como colocado na equação a seguir [29]:

pWE 2)sin(/)(cos)(4

32

+=

θθβσα (Eq. 2.2),

onde β é a constante de propagação do modo guiado, σ é a rugosidade da

interface, W é a largura do “rib”, θ é ângulo de propagação no guia e p é a

constante de decaimento transversal (vetor de onda transversal) dado por:

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24

20

2 )( nkp −= β (Eq. 2.3),

onde k0 é a constante de propagação no vácuo e n é o índice de refração do filme

em que ocorre o decaimento.

De acordo com DERI [29], a atenuação por espalhamento também é diretamente

proporcional à diferença entre os índices de refração entre a região de

confinamento (“core”) e as regiões de decaimento do modo de propagação

(“clad”, “buffer” e laterais do “rib”), ou seja, a redução no contraste do índice de

refração reduz o efeito de espalhamento, melhorando o casamento de

impedâncias entre os meios que compõem a interface.

b) Absorção Em materiais dielétricos a absorção pode ser considerada nula, isto se a

presença de contaminantes no interior do guia for bem controlada, mas o uso de

um substrato de silício, na construção de guias de ondas, torna este mecanismo

de atenuação relevante na análise, pois o substrato de silício absorve no

comprimento de onda da luz visível. O substrato deve ser isolado do filme guia

de onda por uma camada dielétrica com espessura suficiente para minimizar a

transferência de potência do modo guiado para o substrato [37].

c) Radiação A atenuação por radiação se deve à falta de homogeneidade no filme guia que

pode induzir a conversão ou a transferência de energia do modo guiado para um

modo radiado. Além disso, a curvatura dos guias de onda, necessária para a

implementação de interferômetros do tipo Mach-Zehnder, também contribui para

o aumento da atenuação por radiação [37].

d) Descasamento de Impedância ou Reflexão de Fresnel A perda por descasamento de impedância ocorre quando um modo atravessa

diferentes interfaces dielétricas ao longo da direção de propagação. Essas

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25

mudanças de índices de refração causam reflexões que são tão mais intensas

quanto maior for o contraste (ou diferença) de índices refração. Este cálculo é

feito através do coeficiente de reflexão de Fresnel (supondo aqui incidência

normal) descrito pela seguinte equação [44]:

2

21

21

+−

=nnnn

R (Eq. 2.4),

Onde n1 e n2 são os índices de refração do 1o meio e do 2o meio,

respectivamente.

A atenuação por reflexão em dB é dada pela Equação 2.5 [44]:

( )RR −= 1log.10α (Eq. 2.5)

Os efeitos de atenuação estão descritos com mais detalhes na literatura e em

trabalhos anteriormente realizados [16-22, 37-42].

2.2.2 Fabricação dos guias “rib”

O guia tipo “rib” é fabricado a partir de um substrato de silício (Si) monocristalino

com orientação cristalográfica (100). Como este possui um alto índice de refração e

também uma alta absorção (parte imaginária) para a luz visível (3,858 + i0,018 para

λ = 632,8nm), é necessária a utilização de um filme espesso de SiO2, antes da

deposição do filme de guiamento (“Core”), para a isolação do campo evanescente

do modo guiado, como mostra a Figura 2.3.

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26

Figura 2.3 – Campo evanescente vertical de um guia de onda. A) Campo evanescente

isolado B) Camada de “buffer” insuficiente, ocorrendo absorção.

Os modos que se propagam em guias de ondas, onde o substrato apresenta índice

de refração maior que as demais camadas que compõem a estrutura, são

normalmente classificados como modos vazantes ou, mais comumente, “modos

leaky” (“leaky modes”). Quanto maior a interação do campo óptico com o substrato,

maior a perda por vazamento de potência (ou por “leakage”). Portanto, a espessura

da camada de isolação (“buffer”) de SiO2 deve ser muito bem definida de modo a

minimizar este efeito [16, 22, 37].

Para a obtenção da camada de isolação (SiO2) realizou-se uma oxidação térmica em

um forno convencional. O SiO2 crescido termicamente apresenta as melhores

características estruturais para esta aplicação, como: baixa contaminação, baixa

rugosidade, alta homogeneidade e alta uniformidade [49].

Filmes de SiO2 depositados por PECVD (Deposição Química a Vapor Enriquecida

por Plasma) ou ECR-CVD (Ressonância Ciclotônica de Elétrons – Deposição

Química a Vapor) podem ser usados como filme de isolação entre o filme guia e o

substrato. No entanto, experimentos realizados pelo nosso grupo de pesquisa

mostraram que a atenuação torna-se mais significativa devido à alta rugosidade da

superfície dos filmes depositados [16-18].

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27

O filme de guiamento consiste em um filme de nitreto de silício (Si3N4) depositado

por LPCVD (Deposição Química a Vapor a Baixa Pressão) em condições

controladas para redução de estresse e contaminantes, além de manter a

estequiometria e uniformidade dos filmes [49, 50]. Através de uma corrosão úmida

em BOE (“Buffered Oxide Etching” – Solução de Corrosão de Óxido Tamponada)

obtém-se o rebaixamento do filme de guiamento (corrosão parcial) e, por último, o

filme de cobertura (SiO2) é depositado por ECR-CVD.

Para a implementação de sensores químicos ópticos, a porção evanescente do perfil

de campo óptico deve ser isolada do ambiente e, neste caso, o SiO2 depositado por

ECR-CVD é uma opção adequada para obtermos um filme espesso, sendo que este

processo possui uma alta taxa de deposição e não apresenta estresse térmico

(deposição temperatura ambiente) [16-18].

2.2.3 Procedimentos de caracterização dos guias de onda

Como visto no item anterior, a fonte predominante de espalhamento no guia óptico

está localizada nas interfaces e está associada às irregularidades dos filmes

depositados. Deste modo, os guias “rib” devem ser caracterizados quanto à

rugosidade superficial dos filmes e quanto a rugosidade lateral dos “ribs” para o

controle da atenuação por espalhamento. Tais medidas podem ser realizadas por

AFM (Microscopia de Força Atômica) e por SEM (Microscópia Eletrônica de

Varredura) [16-18, 20-22, 29].

A caracterização por elipsometria é usada para medir a homogeneidade (variação

de índice de refração) e uniformidade (variação de espessura) dos filmes

empregados e a FTIRS (Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de

Fourier) para analisar o grau de incorporação de água e ligações OH nos filmes de

óxido de silício [51-54].

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2.3 Sensores ópticos integrados

Os sensores químicos ópticos, baseados no Interferômetro Mach-Zehnder (MZI)

baseiam-se na interação do campo evanescente do modo que se propaga no guia

de onda com compostos químicos [8-16]. Na Figura 2.4 temos o diagrama

esquemático do sensor óptico químico implementado.

Figura 2.4: Desenho esquemático do sensor óptico químico utilizando o MZI. A) Vista superior onde ψ é o ângulo de abertura B) Vista em corte AA, mostrando o perfil dos

guias “rib”. O princípio de funcionamento do MZI consiste na separação de um feixe laser em

dois guias de onda idênticos, sendo que um dos guias (braço sensor) está sujeito a

uma ação externa, no nosso caso, a uma variação de índice de refração efetivo (Neff)

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causada pela presença de uma solução química ou de um vapor na janela de

interação. A interação do campo evanescente com a solução analisada resulta em

um deslocamento da fase ∆Φ da onda guiada no braço sensor em relação ao braço

de referência do MZI. Desta forma, quando os feixes se unirem na saída do

interferômetro, esta diferença de fase resultará numa interferência, alterando a

intensidade do feixe na saída, de acordo com a relação [21]:

( )∆Φ+= cos12OI

I (Eq. 2.6),

onde: I e I0 são as intensidades luminosas na saída e na entrada do MZI,

respectivamente.

Assim, a diferença de fase ∆Φ está relacionada à variação de índice de refração

efetivo entre a janela de interação e o braço de referência. Considerando-se este

efeito, podemos escrever a expressão da diferença de fase ∆Φ como [21]:

LsNeff ..2∆

=∆Φλπ (Eq. 2.7),

onde λ é o comprimento de onda usado, Ls é o comprimento de interação do campo

evanescente e ∆Neff é a variação de índice de refração efetivo devido à presença da

solução analisada.

Desta forma, o campo evanescente é usado para detectar pequenas variações de

índice de refração efetivo próximas à superfície do guia do braço sensor em relação

ao braço de referência. Deste modo, esta pequena variação de índice de refração

pode ser correlacionada com a concentração de algum elemento em solução

(∂neff/∂c). Na Figura 2.5, temos uma vista em corte da janela de interação, mostrando

como o campo evanescente interage com a solução a ser analisada.

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Figura 2.5: Vista em corte, mostrando a janela de interação no braço sensor do MZI.

Nesta região é possível empregar um filme transdutor óptico-químico que tem a

função de reagir ou acumular (absorver ou adsorver) seletivamente algum composto

a ser analisado. Existem várias possibilidades e propostas para a aplicação deste

filme, como por exemplo: medidas de glicose, pesticidas, análises imunológicas

(anticorpos) ou a ação de enzimas (biomoléculas) [8-15]. Desta forma, a aplicação

do sensor químico depende da escolha do material empregado como camada

sensora, sendo que esta camada é responsável pela interação do composto

analisado (fase de vapor ou líquida) com o sensor.

O capítulo a seguir descreve as simulações realizadas para a definição dos

parâmetros dos guias de onda, MZIs e da implementação dos sensores químicos

ópticos para a medidas de concentração de glicose e detecção de VOC’s.

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Capítulo 3 : Simulações

3.1 Guias de onda

As simulações foram realizadas em programas dedicados a óptica integrada com o

objetivo de determinar as dimensões de fabricação dos guias de onda. Os

programas utilizados foram o BBV Software [48] e os programas desenvolvidos pelo

grupo de pesquisa para esta aplicação [16-22].

Na Tabela 3.1 temos os valores de índice de refração dos materiais usados na

implementação dos guias de onda tipo “rib”, como ilustrado Figura 3.1.

Tabela 3.1: Descrição dos materiais usados na implementação de guias de onda.

Camada Material Índice de refração* Cobertura (“Clad”) SiO2 1,46 Guiamento (“Core”) Si3N4 2,04 Isolação (“Buffer”) SiO2 1,46 Substrato Si (Substrato) 3,858+i0,018

* Valores de índice de refração para λ = 632,8nm [16, 22]

As partes imaginárias dos índices de refração dos materiais de guiamento (SiO2 e

Si3N4) podem ser consideradas desprezíveis por se tratarem de materiais de baixa

absorção no comprimento de onda utilizado (632,8 nm) [16, 22].

Figura 3.1: Estrutura utilizada na simulação dos guias de onda tipo “rib”.

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Nas simulações para a obtenção dos modos guiados para os guias tipo “rib” foi

suposto um feixe de entrada com polarização TE0 tipo gaussiano com largura (1/e2)

de 4,75 µm (λ = 632,8 nm), que é equivalente ao perfil modal de uma fibra óptica

monomodo de 4 µm de diâmetro interno, posicionada no centro do guia óptico [4].

A espessura do filme de guiamento (H_core) foi determinada para obter-se o

guiamento do modo fundamental (TE0) no plano perpendicular do guia de onda (eixo

X na Figura 3.1) e o melhor acoplamento possível na entrada do guia

(H_core > 150 nm). No entanto, esta espessura limita-se a 250 nm devido ao

estresse térmico resultante do processo LPCVD [49, 50]. Deste modo, a espessura

do filme de guiamento deve ser em torno de 220 nm (150 nm < H_core < 250 nm).

Para a aplicação em sensores químicos, a camada de cobertura deve ser espessa o

suficiente de modo a isolar o campo evanescente da atmosfera. Portanto, de acordo

com as simulações, esta deve ser maior do que 200 nm [16, 22].

O gráfico da Figura 3.2 mostra os resultados de guiamento monomodo/multimodo

para guias “rib” em função da largura do guia W_core e da corrosão parcial h_core e

com uma espessura da camada de guiamento H_core de 220 nm. Os resultados de

guiamento monomodo/multimodo para valores de espessura H_core entre 150 nm e

250 nm estão colocados no Apêndice A.

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33

Figura 3.2 – Análise monomodo/multimodo para guias tipo “rib” em função de

W_core e h_core, sendo H_core = 220 nm.

No gráfico da Figura 3.2, o guiamento monomodo (TE0) é obtido em pontos abaixo

da curva e indica que os guias com larguras acima de 5 µm necessitam de uma

corrosão muito pequena (altura do “rib”, h_core < 1 nm) para o guiamento do modo

TE0, dificultando o controle do processo de corrosão parcial nestes guias.

Para os guias com W_core < 3µm a altura do “rib” é maior, facilitando o controle do

processo de corrosão. No entanto, o efeito da rugosidade lateral se torna mais

significativo, havendo também, um aumento na diferença entre os índices de

refração efetivos (Neff) da região de guiamento e da lateral do guia, com um

conseqüente aumento da atenuação por espalhamento [29, 39].

Um outro fator limitante é a resolução dos processos de fabricação, sendo que as

linhas com larguras menores do que 3 µm não apresentam uma boa definição para

os processos convencionais de litografia óptica e corrosão [49].

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Portanto, deve-se usar guias “rib” de 3 a 5 µm de largura (W_core) para implementar

os sensores ópticos e, de acordo com análise modal, a altura dos guias “rib” deve

ser em torno de 1 a 2 nm, para que se obtenha um guiamento monomodo para estes

guias.

Outros parâmetros importantes empregados na simulação dos dispositivos ópticos

mais complexos, como por exemplo o MZI, são o índice de refração efetivo (Neff) e a

atenuação (α) da propagação do modo no guia “rib”. No gráfico da Figura 3.3, temos

os valores de índice de refração efetivo (Neff) para o modo TE0 nos guias “rib”

(632,8 nm), em função das espessuras da camada de guiamento (H_core) e da

camada de isolação (H_buffer).

Figura 3.3 – Valores de índice de refração efetivo (Neff) (parte real) para guias “rib”,

sendo W_core = 4 µm, h_core = 1nm, H_sub = 380 µm e H_clad = 200 nm.

No gráfico da Figura 3.4, temos os valores de atenuação por absorção para o modo

TE0 nos guias “rib” (632,8 nm), em função das espessuras da camada de guiamento

(H_core) e da camada de isolação (H_buffer).

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Figura 3.4 – Valores de atenuação por absorção e “leakage” (dB/cm) para guias “rib”, sendo W_core = 4 µm, h_core = 1 nm, H_sub = 380 µm e H_clad = 200 nm (λ=632,8nm).

Os valores de atenuação por absorção mostrados no gráfico da Figura 3.4, indicam

a perda por absorção e “leakage” e observa-se que esta atenuação é significativa

para valores de espessura do filme de isolação (H_buffer) abaixo de 800 nm,

quando comparada aos valores experimentais.

Os valores de atenuação medidos experimentalmente estão acima de 2 dB/cm para

uma espessura do filme de guiamento (H_core) em torno de 220 nm e, como será

mostrado na parte experimental, se deve, principalmente, ao espalhamento

ocasionado pela rugosidade de superfície e pela desuniformidade do filme de

guiamento.

Deste modo, utilizou-se um filme espesso de óxido de silício (1 µm) para garantir a

isolação óptica do substrato e, desta forma, reduzir a perda por absorção e

“leakage”. Na Tabela 3.2 temos o resumo das dimensões dos guias de onda

definidas nas simulações.

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Tabela 3.2: Descrição das dimensões dos guias de onda tipo “rib” implementados

Parâmetro Valor Espessura da camada de isolação (H_buffer) 1 µm Espessura da camada de guiamento (H_core) 220 nm Espessura da camada de cobertura (H_clad) >200 nm Largura (W_core) 3 a 5 µm Corrosão parcial (h_core) 1 a 2 nm Espessura do Substrato (H_sub) 380 µm

3.2 Simulação dos sensores químicos por fase evanescente

Para a implementação do sensor óptico é necessário projetar os divisores e

acopladores de feixe, de modo a se obter as dimensões para o projeto das

máscaras litográficas. Deste modo, as estruturas ópticas que compõem o MZI foram

simuladas e analisadas usando o método de propagação de feixe (BPM)

implementado por diferenças finitas. Este método tem se mostrado como o mais

apropriado para este tipo de simulação [45-48].

Em trabalhos anteriores, definiu-se as dimensões de MZIs para aplicação em

sensores de pressão [20-22] e as aberturas senoidais para as junções Y foram as

que apresentaram uma maior intensidade guiada para os braços de referência e

sensor. Este tipo de abertura diminui a perda por radiação, suavizando a abertura do

feixe de entrada e posicionando os feixes na saída do divisor paralelos aos braços.

Observou-se também que o ângulo de abertura (ψ) não pode exceder 1,4o, sendo

que acima deste valor a intensidade guiada para os braços do MZI se torna menor

que 85%. Nesta simulação considerou-se o caso ideal de um guiamento sem perdas

por rugosidade, “leakage” ou absorção dos filmes, que servirá de base para a

determinação dos parâmetros geométricos dos MZIs [16-22].

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Nos itens a seguir, temos a simulação dos sensores químicos ópticos para medidas

de concentração de glicose e adsorção de compostos orgânicos voláteis (VOC’s).

3.2.1 Simulação de sensores químicos ópticos para medidas de concentração

de glicose em soluções aquosas.

Na simulação dos sensores químicos ópticos utilizamos MZIs com os parâmetros

listados na Tabela 3.3. A estrutura simulada é ilustrada na Figura 3.5.

A sensibilização do braço sensor, como visto anteriormente, é feita pela remoção da

camada de filme de cobertura. Por razões de simetria, implementamos sobre os dois

braços do MZI uma área desprotegida [9, 10, 15], de forma que, a medida da

variação de índice de refração é realizada em relação a uma amostra de referência.

Tabela 3.3. Parâmetros utilizados na simulação dos MZIs como sensor de glicose.

Guias de onda Guias “rib” descritos na Tabela 3.2 Largura do guia óptico (W_core) 4 µm Tipo de abertura Senoidal Ângulo de abertura (θ) 1o Comprimento da área dos sensores (Ls) 5 mm Largura da área sensora 0,5 mm Índice de refração efetivo do “rib” 1,85173256* (H_core = 220 nm) Índice efetivo fora do “rib” 1,85072284* (h_core = 1 nm) Comprimento de onda 632,8 nm Polarização TE0 Largura do feixe (1/e2) 4,75 µm

*valores obtidos na simulação de guias “rib” (parte imaginária considerada nula)

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Figura 3.5 - Esquema do MZI utilizado para simulação. Largura do guia W_core = 4µm.

Para a aplicação em soluções químicas aquosas, estipulamos que o braço

referência seja recoberto com uma solução de índice de refração 1,3325 (valor do

índice da água deionizada para λ = 632,8 nm, medida por refratômetro Abbe a 25oC

[55]). O braço sensor, por sua vez, é recoberto com soluções de glicose com índices

de refração mais altos, proporcionando uma diferença no índice de refração efetivo

no guia. Na Tabela 3.4 temos a relação de algumas soluções de glicose usadas na

simulação e, depois, usadas experimentalmente. Os resultados da diferença de fase

∆Φ em função da concentração de glicose estão colocados no gráfico da Figura 3.6.

Tabela 3.4: Valores de índice de refração tabelados para soluções de glicose dissolvidas em água e os valores de índice de refração efetivos (Neff) quando

colocadas sobre o braço sensor.

% Glicose g/L M n* 0,0 0,0 0,000 1,3325 0,5 5,0 0,015 1,3337

10,0 103,8 0,303 1,3478 42,0 498,4 1,456 1,4038 60,0 771,9 2,255 1,4919

*valores de índice de refração medidos por refratômetro Abbe a 25oC [55]

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Figura 3.6: Diferença de fase (∆Φ/2π) em função da

concentração de glicose em solução.

O resultado destas simulações indica que a sensibilidade deste sensor está abaixo

de 10-3 (∆Φ = π). A escolha do comprimento Ls do braço sensor dependerá da

diferença de índice de refração a ser medida. Os resultados obtidos das simulações

estão coerentes aos determinados por SCHIPPER [9, 10] e, posteriormente, por

Pietro [15] que obteve resultados semelhantes para guias ARROW (“Anti-resonant

Reflecting Optical Waveguide” - Guia de Onda Refletivo Anti-Ressonante).

Um cálculo relevante é a atenuação por reflexão (αR) (descasamento de

impedâncias) no momento em que a onda guiada chega à janela de interação,

partindo de um guia com a configuração de camadas SiO2/Si3N4/SiO2 para um guia

Ar/Si3N4/SiO2 e volta, saindo da janela de interação, para um guia SiO2/Si3N4/SiO2

novamente. Este cálculo é feito através do coeficiente de reflexão de Fresnel

(incidência normal) descrito na Eq. 2.4 (item 2.2.1). Sendo n1 e n2 os índices efetivos

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da região com “Clad” (antes da janela) e sem “Clad” (na janela), respectivamente,

temos:

n1 = Neff (SiO2/Si3N4/SiO2) = 1,85126684

n2 = Neff (Ar/Si3N4/ SiO2) = 1,83530823

Calculando-se o coeficiente de reflexão de Fresnel pela Eq. 2.4, temos

R = 1,87389x10-5

A atenuação por reflexão em dB, dada pela Eq. 2.5, é:

αR = -8,14x10-5 dB

Como esta interface acontece duas vezes (quando entra na janela e quando sai

dela), este valor de atenuação (α) tem que ser contabilizado duas vezes para cada

janela. O MZI apresenta uma janela de interação em cada braço, desta forma, o

valor total da atenuação por reflexão é:

4αR = -32,56x10-5 dB

Este resultado mostra que a abertura de janelas na camada de cobertura (remoção

do Clad) não prejudica o funcionamento do sensor óptico, quando comparado com

os valores experimentais de atenuação no guiamento, que estão acima de 2 dB/cm.

Deste modo, a perda por reflexão pode ser desconsiderada.

3.2.2 Simulação dos sensores químicos ópticos para a detecção de VOC’s.

Na implementação destes sensores químicos ópticos usando HMDS optou-se por

não depositar a camada de cobertura (“Clad”) para eliminar o problema de aumento

de rugosidade devido ao processo de corrosão para a abertura das janelas de

interação. Desta forma, utilizou-se um guia “rib” HMDS/Si3N4/SiO2, Figura 3.7 A, nas

janelas de interação e um guia “rib” Ar/Si3N4/SiO2, Figura 3.7 B, nas demais regiões.

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Figura 3.7: Guias “rib” empregados na implementação do sensor químico óptico

usando HMDS. A) Guia “rib” HMDS/Si3N4/SiO2 e B) Guia “rib” Ar/Si3N4/SiO2.

A estrutura implementada no simulador [16-22] é mostrada na Figura 3.8 e os

parâmetros de simulação são mostrados na Tabela 3.5. Para manter a simetria do

MZI, o braço de referência também é recoberto com HMDS, porém não é exposto

aos VOC’s, ficando sob uma região protegida por uma película de poliéster (o

mesmo usado em fotolitos).

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Figura 3.8 - Esquema do MZI utilizado para simulação. Largura do guia W_core = 4µm.

Tabela 3.5. Parâmetros utilizados na simulação utilizando HMDS como camada sensora.

Largura (W) do guia óptico 4 µm Tipo de abertura Senoidal Ângulo de abertura (θ) 1o Comprimento da área dos sensores (Ls) 7,5 mm Índice do Ar 1,00 Índice do HMDS 1,50 Espessura do filme de HMDS (H_HMDS) 130 nm Índice de refração efetivo do “rib” sem “clad” 1,83580850* (H_core = 220 nm) Índice de refração efetivo fora do “rib” sem “clad” 1,83465707* (h_core = 1 nm) Índice de refração efetivo do “rib” com HMDS 1,85561949* (H_core = 220 nm) Índice de refração efetivo fora do “rib” com HMDS 1,85464232* (h_core = 1 nm) Comprimento de onda 632,8 nm Polarização TE0 Largura do feixe (1/e2) 4,75 µm

*valores obtidos na simulação de guias “rib” (parte imaginária considerada nula)

A Figura 3.9 mostra o guiamento na estrutura do MZI. Neste caso, o MZI não está

submetido a nenhuma perturbação, ou seja, não há nenhuma diferença de índice de

refração efetivo (∆Neff) entre os braços sensor e referência, resultando em uma

intensidade máxima de saída.

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Figura 3.9: Guiamento na estrutura do MZI, mostrando uma intensidade máxima de

saída. (∆Φ = 0)

Na Figura 3.10, o MZI está submetido a uma diferença de índice de refração efetivo

entre os braços sensor e referência: ∆Neff = 6,24x10-4, ocasionado uma defasagem

∆Φ = π (interferência destrutiva).

Figura 3.10: Guiamento na estrutura do MZI, mostrando uma

intensidade mínima de saída. (∆Φ = π)

Da mesma forma que na estrutura anterior, calculou-se a atenuação por reflexão

(αR) no momento em que a onda guiada chega à janela de interação, partindo de um

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guia SiO2/Si3N4/Ar para um guia SiO2/Si3N4/HMDS e segue, saindo da janela de

interação, para um guia SiO2/Si3N4/Ar. Neste caso, os valores na equação 3.1, para

o cálculo do coeficiente de reflexão de Fresnel (R), são [25]:

n1 : índice de refração efetivo da região sem HMDS (antes da janela);

n2 : índice de refração efetivo da região com HMDS (na janela).

Os valores obtidos em simulação são:

n1 = Neff (SiO2/Si3N4/Ar) = 1,8353082275

n2 = Neff (SiO2/Si3N4/HMDS) = 1,855162542

Calculando-se o coeficiente de reflexão de Fresnel pela Eq. 2.4 (item 2.2.1), temos

R = 2,89432x10-5

Substituindo este resultado na Eq. 2.5, temos o valor de αR:

αR = -12,57x10-5 dB

Como esta interface acontece duas vezes para cada janela (quando entra na janela

e quando sai dela), este coeficiente tem que ser contabilizado quatro vezes.

4αR = -50,28x10-5 dB

Este resultado mostra que a inserção do filme de HMDS como camada sensora não

prejudica o funcionamento do sensor óptico, quando comparado com os valores

experimentais de atenuação no guiamento, que estão acima de 2 dB/cm. Deste

modo, a perda por reflexão pode ser desconsiderada.

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Capítulo 4 : Processos de fabricação dos sensores químicos

ópticos

Neste capítulo descrevemos as etapas de fabricação do sensor químico óptico para

medidas de concentração de glicose em soluções aquosas (item 4.1) e do sensor

para medidas de VOC’s utilizando HMDS (item 4.2).

4.1 Etapas de fabricação do sensor químico óptico para medidas

de concentração de glicose em soluções aquosas.

4.1.1 Etapa 1: Limpeza de lâminas

Foram utilizados como substratos lâminas de Si tipo P, orientação cristalográfica

(100), resistividade de 10 a 20 Ω.cm e 75 mm de diâmetro.

A fabricação dos sensores ópticos se inicia com uma limpeza química das lâminas

de Si numa capela (classe 10), que consiste na remoção de quaisquer traços de

impurezas (orgânicas ou inorgânicas) das superfícies das lâminas.

A limpeza química consiste na imersão das lâminas em soluções químicas

padronizadas na seguinte seqüência [56, 57]:

1) Lavagem em água deionizada (DI) por 5 minutos para a remoção de

particulados;

2) Imersão em solução de ácido sulfúrico (H2SO4) + peróxido de

hidrogênio (H2O2) por 10 minutos, cuja temperatura de reação é de

100oC (reação exotérmica). Nesta solução são removidos os

compostos orgânicos e promove-se uma oxidação da superfície;

3) Lavagem em água DI por 5 minutos para neutralização da solução

anterior;

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4) Imersão rápida (alguns segundos) em uma solução de ácido fluorídrico

(HF) para a remoção do óxido formado na superfície, juntamente com

impurezas incorporadas neste óxido;

5) Lavagem em água DI por 5 minutos para neutralização da solução

anterior.

6) Imersão por 10 minutos solução de hidróxido de amônio (NH4(OH)) +

peróxido de hidrogênio (H2O2) aquecida a 80oC;

7) Lavagem em água DI por 5 minutos para neutralização da solução

anterior.

8) Imersão por 10 minutos em solução de ácido clorídrico (HCl) +

peróxido de hidrogênio (H2O2) aquecida a 80oC;

9) Lavagem em água DI por 5 minutos para neutralização da solução

anterior;

10) Imersão por alguns segundos em solução de ácido fluorídrico (HF)

para a remoção do óxido formado nas etapas 6 – 8.

Com a remoção do óxido, as lâminas saem completamente secas devido ao efeito

hidrofóbico do Si e, ao término desta etapa, as lâminas são levadas imediatamente

ao forno de oxidação, evitando-se que ocorra a contaminação pela exposição

prolongada ao ambiente.

As etapas 6 – 9 são conhecidas como “Limpeza RCA” [57] que promovem a

remoção de íons metálicos através de reações de complexação e a oxidação da

superfície.

4.1.2 Etapa 2: Oxidação térmica

O processo de crescimento térmico do SiO2 foi realizado em um forno convencional

da Thermco Systems nas condições mostradas na Tabela 4.1.

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Tabela 4.1: Parâmetros de processo para a obtenção do filme SiO2 térmico.

Fluxo de O2 2 l/min Temperatura 1150ºC Tempo 30 horas Espessura esperada 1,1 ± 0,1 µm

Nesta etapa, as lâminas de silício são expostas a um ambiente oxidante (O2 (g))

numa alta temperatura, promovendo-se a oxidação do substrato de Si [58], obtendo-

se a camada de isolação dos guias ópticos, como mostra a Figura 4.1.

Figura 4.1: Resultado da oxidação térmica, obtendo-se a camada de isolação óptica.

4.1.3 Etapa 3: Deposição do filme de Si3N4 por LPCVD

Os filmes de Si3N4 foram depositados por um reator LPCVD (Deposição Química a

Vapor a Baixa Pressão) a partir da reação do gás diclorosilano (SiH2Cl2) e amônio

(NH3) [49, 50]:

3SiH2Cl2(g) + 4NH3(g) → Si3N4(s) + 6HCl(g) + 6H2(g) (650 a 750ºC)

Os parâmetros de deposição são mostrados na Tabela 4.2.

Tabela 4.2: Parâmetros de deposição do Si3N4 por LPCVD [50].

Fluxo de SiH2Cl2 (sccm) 20 Fluxo de NH3 (sccm) 322 Temperatura (ºC) 720 Pressão (Torr) 0,5 Taxa de deposição (nm/min) 1,3

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A Figura 4.2 mostra a camada de guiamento (Si3N4) depositada sobre a camada de

isolação (SiO2) em ambas as faces da lâmina. No processo LPCVD temos uma alta

mobilidade gasosa, resultando numa alta uniformidade em espessura e uma baixa

rugosidade superficial no filme obtido, possibilitando a implementação de guias

ópticos de alta qualidade [16-22].

Figura 4.2: Deposição de nitreto de silício (Si3N4) por LPCVD

4.1.4 Etapa 4: Fotogravação dos MZIs por litografia óptica

A definição dos guias de ondas e dos MZIs nos filmes de Si3N4, foram realizadas por

um processo litográfico óptico convencional [49]. A máscara litográfica utilizada

permite a definição de até 20 MZIs em cada lâmina de Si e ainda contém padrões de

guias de ondas para testes. O padrão de repetição é mostrado na Figura 4.3.

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Figura 4.3: Desenho esquemático do padrão de repetição na máscara litográfica. MZI,

guias de ondas de 1 a 5 µm para testes e marcas de alinhamento.

Cada MZI tem 6 cm de comprimento com aberturas senoidais e estão

parametrizados em função do ângulo de abertura (ψ) e da largura de linha (W_core),

como indicado na Tabela 4.3, e estão distribuídos na máscara litográfica como

mostra a Figura 4.4.

Tabela 4.3: Listagem dos MZIs contidos na máscara litográfica.

W_core ψ 3µm 4µm 5µm

1,0º MZI 01 MZI 06 / MZI 11 MZI 16 1,1º MZI 02 MZI 07 / MZI 12 MZI 17 1,2º MZI 03 MZI 08 / MZI 13 MZI 18 1,3º MZI 04 MZI 09 / MZI 14 MZI 19 1,4º MZI 05 MZI 10 / MZI 15 MZI 20

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Figura 4.4: Desenho esquemático da máscara litográfica, mostrando as marcas de

alinhamento e a área dos MZIs.

O alinhamento com o chanfro primário da lâmina é uma referência para as etapas

seguintes, sendo essencial para o processo de corte dos dispositivos finais

(processo de clivagem), que depende da orientação cristalográfica do substrato

(planos ortogonais e paralelos ao chanfro).

Os padrões de linhas com larguras de 1 e 2 µm servem para verificar a qualidade do

processo de revelação do fotorresiste após a exposição. Os guias de ondas,

definidos pelos padrões de linhas de 3, 4 e 5 µm, são utilizados na caracterização

dos modos guiados e nas medidas de atenuação.

Os parâmetros do processo de litografia (deposição do fotorresiste, exposição e

revelação) foram ajustados de modo a obter-se uma resolução de 1µm nas

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estruturas contidas no padrão de guias de ondas. A Figura 4.5 mostra algumas

imagens observadas após a revelação dos padrões de guias de ondas. A Figura 4.6

mostra os padrões de fotorresiste definidos nas regiões dos guias “rib”.

A) B)

Figura 4.5: Padrões de guias de ondas transferidos A) Revelação com resolução de 1 µm e B) Revelação excessiva, apenas o guia de 2 µm.

Figura 4.6: Fotogravação dos MZIs sobre o filme de guiamento

(definição dos guias de ondas).

4.1.5 Etapa 5: Definição dos guias “rib” por corrosão úmida do filme de nitreto

de silício.

Os guias “rib” foram obtidos por uma corrosão parcial do filme de Si3N4 (h_core) nas

regiões fora do guia, como indicado na Figura 4.7.

1 µm 2 µm 2 µm

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Figura 4.7: Definição dos guias “rib” no filme de guiamento por uma corrosão úmida.

Utilizou-se uma solução BOE (Solução de Corrosão de Óxido Tamponada / 6 NH4F

+ 1 HF + aditivos industriais) para esta corrosão. A taxa de corrosão do filme de

Si3N4, para esta solução, foi determinada experimentalmente, medindo-se a

espessura do filme de Si3N4 após vários testes de corrosão.

Taxa de corrosão do Si3N4 em BOE = 1,43 ± 0,03 nm / min (25oC)

Como a taxa de corrosão do Si3N4 em BOE é relativamente baixa, pôde-se obter,

com boa precisão, degraus de 1 a 2 nm para a definição dos guias “rib” [9, 10]. Tal

corrosão define o guiamento monomodo nos guias “rib” de 3 a 5 µm de largura,

como mostraram as simulações apresentadas no Capítulo 3.

4.1.6 Etapa 6: Fotogravação das marcas de alinhamento nas costas da lâmina.

O alinhamento das estruturas deve ser feito pelas costas da lâmina (face não polida)

para que o filme de guiamento, que está na face polida, não seja atacado pelos

processos de corrosão seguintes: corrosão do Si3N4 por plasma, corrosão úmida do

SiO2 e corrosão úmida do Si. Além disso, as estruturas definidas no filme de Si3N4

(face polida) possuem apenas degraus de 1 a 2 nm que, após a remoção do

fotorresiste, não podem ser visualizados nas etapas litográficas posteriores,

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impossibilitando o alinhamento das janelas de interação que devem ser definidas no

filme de cobretura (“Clad”) sobre cada um dos braços do MZI.

A fotogravação das marcas de alinhamento foi realizada por processo litográfico

onde podemos visualizar as estruturas da face polida e definir outras estruturas em

fotorresiste nas costas da lâmina (não polida). Na figura 4.8, temos uma imagem do

sistema de alinhamento utilizado nesta etapa litográfica.

Figura 4.8: Sistema de alinhamento que permite visualizar as

duas faces da lâmina de Si.

A máscara litográfica para esta etapa foi feita em fotolito (filme de poliéster com os

padrões impressos) fixado sobre uma placa de vidro, sendo que as dimensões das

marcas de alinhamento são maiores que 20 µm, permitindo o uso de fotolitos

convencionais. Um desenho esquemático da máscara utilizada para a obtenção das

marcas de alinhamento é mostrado na Figura 4.9.

Objetivas superiores

Objetivas inferiores

Suporte de lâmina

Suporte de máscara

Microposicionadores

Painel de controle

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Figura 4.9: Fotolito com o padrão de marcas de alinhamento entre faces.

4.1.7 Etapa 7: Definição das marcas de alinhamento das costas da lâmina por

corrosão.

Após a definição das marcas de alinhamento por litografia nas costas da lâmina, é

necessária a corrosão dos filmes até o substrato (transferência dos padrões) para

que as marcas permaneçam visíveis para as etapas posteriores.

Primeiramente, realizou-se a corrosão por plasma de SF6 (g) (gás hexafluoreto de

enxofre) do filme de Si3N4 nas costas da lâmina como mostra a Figura 4.10. A face

polida foi protegida com uma outra camada de fotorresiste para que o filme de

guiamento não sofra degradação durante a corrosão.

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Figura 4.10: Corrosão por plasma de SF6 do filme de nitreto das costas da lâmina

Os parâmetros para esta etapa de corrosão são apresentados na Tabela 4.4.

Tabela 4.4: Parâmetros de corrosão do Si3N4 por plasma de SF6.

Fluxo de SF6 (sccm) 20 Pressão (Torr) 0,15 Temperatura (ºC) 20 Potência de RF (W) 50 Tempo (min) 4

Em seguida, removeu-se o SiO2 térmico nas áreas expostas nas costas da lâmina

de Si usando uma solução de BOE por alguns segundos, resultando na estrutura

mostrada na Figura 4.11.

Figura 4.11: Corrosão úmida em BOE do SiO2 das costas da lâmina.

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A solução de BOE possui uma alta seletividade entre o SiO2 e o fotorresiste

depositado, mantendo o padrão de marcas de alinhamento e a superfície com os

guias de ondas protegidos. A remoção completa do filme de SiO2 pode ser

observada pelo efeito hidrofóbico da superfície do Si em contato com a água.

Por último, as marcas de alinhamento foram transferidas para o substrato através de

uma corrosão anisotrópica do Si em solução de KOH (hidróxido de potássio).

Entretanto, este procedimento é deixado para uma etapa posterior, devido ao

problema de contaminação das lâminas por potássio. Esta corrosão por KOH deve

ser feita após a deposição do filme de cobertura (ECR-CVD).

4.1.8 Etapa 8: Limpeza e remoção das camadas de fotorresiste.

Nesta etapa foi utilizado a seguinte seqüência de processos:

1) Imersão por 10 minutos em acetona aquecida (80oC);

2) Lavagem em água DI por 5 minutos;

3) Imersão por 10 minutos em álcool isopropílico aquecido (80ºC);

4) Lavagem em água DI por 5 minutos;

5) Imersão em solução de ácido sulfúrico (H2SO4) + peróxido de

hidrogênio (H2O2) por 10 minutos, cuja temperatura de reação é de

100oC;

6) Lavagem em água DI por 5 minutos;

7) Secagem com jato de nitrogênio.

Estes reagentes atacam somente compostos orgânicos, mantendo o filme de Si3N4

intacto. A Figura 4.12 mostra o resultado desta etapa de limpeza e remoção do

fotorresiste.

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57

Figura 4.12: Resultado da limpeza e remoção do fotorresiste.

4.1.9 Etapa 9: Deposição do filme de SiO2 por ECR-CVD

O processo de deposição do SiO2 (filme de cobertura) foi realizado em um reator

ECR-CVD (Ressonância Ciclotônica de Elétrons), com base na reação da silana

(SiH4) e oxigênio (O2) [59]:

SiH4(g) + O2(g) → SiO2(s) + 2H2(g) (ambiente de plasma / temp. ambiente)

Os parâmetros de deposição são mostrados na Tabela 4.5.

Tabela 4.5: Parâmetros de deposição do SiO2 por ECR-CVD [59].

Fluxo de silana (2% diluída em argônio) (sccm) 200 Fluxo de oxigênio (sccm) 40 Fluxo de argônio (sccm) 20 Temperatura (ºC) 20 Potência de RF (W) 3 Potência de Microonda (W) 950 Pressão (mTorr) 10 Taxa de deposição (nm/min) 18,5

A Figura 4.13 mostra a estrutura resultante com a camada de cobertura depositada

somente na face superior.

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58

Figura 4.13: Deposição da camada de cobertura por ECR-CVD

4.1.10 Etapa 10: Corrosão anisotrópica úmida do Si por KOH para a obtenção

das marcas de alinhamento no substrato.

Foi utilizado o processo de corrosão úmida por KOH (hidróxido de potássio) por 2

minutos, solução de 27% em massa de KOH diluído em água a 85ºC, para a

remoção do silício na face inferior da lâmina e obter-se as marcas de alinhamento. A

seletividade de corrosão entre o substrato de Si e o Si3N4 é suficientemente alta [60]

para usarmos o filme de nitreto como máscara para a corrosão do Si.

A taxa de corrosão do Si foi determinada após alguns testes de corrosão:

Taxa de corrosão do Si em KOH = 1,4 ± 0,2 µm / min (85oC)

Para que não ocorra a degradação das estruturas ópticas na face superior da

lâmina, usamos o aparato mostrado na Figura 4.14, confeccionado em Teflon, que

expõe somente a face inferior da lâmina quando imersa em solução de KOH [61,

62].

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59

Figura 4.14: Aparato de proteção utilizado na corrosão por KOH.

Mesmo usando este aparato de proteção, as lâminas são recobertas por uma

camada de fotorresiste para certificar-se que as estruturas ópticas não foram

atacadas pelo KOH. A Figura 4.15 mostra a lâmina de Si com as marcas de

alinhamento nas costas e a face superior recoberta com fotorresiste.

A)

B)

Figura 4.15: A) Lâmina de Si após a abertura das marcas de alinhamento nas costas.

B)Face superior da lâmina recoberta por fotoressiste.

A Figura 4.16 mostra a estrutura resultante após o processo de corrosão do Si por

KOH e remoção do fotorresiste.

Anel de vedação

Lâmina de Si

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60

Figura 4.16: Corrosão anisotrópica do substrato de silício (marcas de alinhamento

visíveis nas costas)

4.1.11 Etapa 11: Fotogravação das janelas de interação

A fotogravação das janelas de interação foi realizada na face superior da lâmina,

porém utilizou-se as marcas de alinhamento na face inferior como referência, de

maneira similar ao realizado na Etapa 6. Na Figura 4.17, temos um desenho

esquemático da máscara utilizada nesta etapa.

Figura 4.17 - Máscara para fotogravação das janelas de interação dos MZIs.

Comprimento de interação (Ls) de 5mm

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61

A Figura 4.17 mostra a estrutura resultante após a definição das janelasde interação.

Para manter a simetria do MZI, as janelas devem ser definidas em ambos os braços

do interferômetro, enquanto as demais áreas permanecem recobertas.

Figura 4.17: Definição das janelas de interação em ambos braços do MZI.

4.1.12 Etapa 12: Corrosão em BOE do filme de cobertura

A abertura das janelas de interação foi realizada por uma corrosão úmida em BOE, e

para isto, determinamos experimentalmente a taxa de corrosão do filme de SiO2

(ECR-CVD) neste reagente:

Taxa de corrosão SiO2 ECR-CVD em BOE = 56,3 ± 10,2 nm / min

Comparando-se esta taxa de corrosão com a do Si3N4, observa-se que a taxa de

corrosão do SiO2 é, aproximadamente, 40 vezes maior. Com isso, obtivemos as

janelas de interação com base no tempo de corrosão do filme de cobertura [9, 10].

Porém, nesta etapa, observou-se um aumento significativo da rugosidade e da

desuniformidade do filme de Si3N4, ocasionando-se uma maior atenuação do modo

guiado nas janelas de interação. Os valores obtidos na caracterização dos filmes

serão apresentados no Capítulo 5.

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62

A Figura 4.18 mostra a estrutura resultante, após a abertura das janelas de

interação.

Figura 4.18: Abertura das janelas de interação, remoção da camada de cobertura.

Ao final desta etapa, obtivemos a estrutura do sensor óptico para as medidas de

concentração de glicose em soluções padronizadas. Os resultados, por sua vez,

serão apresentados no Capítulo 6. A camada de fotoresiste é mantida para facilitar a

inserção das soluções aquosas nas janelas.

Para outras aplicações, pode-se depositar um filme transdutor óptico-químico nas

janelas de interação do MZI. Esta deposição pode ser feita por técnicas CVD ou

simplesmente pela aplicação do composto seletivo na fase líquida e, em seguida,

uma etapa de secagem da mesma, fazendo com que o composto permaneça

imobilizado na superfície [9, 10].

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4.2 Etapas de fabricação do sensor químico óptico para detecção

de VOC’s

A fabricação do sensor químico óptico para medidas de VOC’s segue as mesmas

etapas que o sensor para líquidos até a definição dos guias de ondas “rib” (Etapa 5):

• Etapa 1: Limpeza de lâminas • Etapa 2: Oxidação térmica • Etapa 3: Deposição do filme de Si3N4 por LPCVD • Etapa 4: Fotogravação dos MZIs por litografia óptica • Etapa 5: Definição dos guias “rib” por corrosão úmida do filme de Si3N4.

A Figura 4.19 mostra a estrutura resultante, após a definição dos guias “rib” por

corrosão úmida do filme de nitreto de silício e as etapas de processo posteriores são

apresentadas nos itens a seguir.

Figura 4.19: Definição dos guias “rib” no filme de guiamento por uma corrosão úmida.

4.2.1 Etapa 6B: Limpeza e remoção de fotorresiste.

Para a limpeza e remoção do fotorresiste foi utilizado a mesma sequência de

processos utilizada na Etapa 8. A Figura 4.20 mostra o resultado desta etapa.

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Figura 4.20: Resultado da limpeza e remoção do fotorresiste.

4.2.2 Etapa 7B: Deposição de HMDS por PECVD

O reagente HMDS é um organo-silano não tóxico, de baixo custo e largamente

utilizado industrialmente [33-36]. Na fase de vapor, os compostos organo-silanos são

usados em deposições químicas a vapor (CVD) aplicadas em microeletrônica, óptica

e proteção de superfícies [63, 64]. A utilização do HMDS depositado por plasma

(PECVD) oferece vantagens como a baixa temperatura de deposição, que permite a

deposição em substratos poliméricos ou vítreos, e a alta cobertura de degrau, que

assegura o uso em materiais flexíveis [64, 65].

O HMDS tem sido empregado em sistemas PECVD para obter-se outros compostos,

como o carbeto de silício (SiC:H), carbonitreto de silício [66], filmes Si/C/N/H [67] e

filmes de óxido de silício (SiO2), nitreto de silício (Si3N4) ou oxinitreto de silício

(SiOxNy) [68-70]. Recentemente, os filmes finos de HMDS polimerizados por PECVD

foram estudados quanto a compatibilidade sobre a superfície de alumina [71],

produção de membranas seletivas e proteção de grãos [36, 72, 73], devido a

característica hidrofóbica destes fimes (repele a umidade).

O HMDS depositado por PEVCD foi empregado na adsorção seletiva de vapores de

VOC’s utilizando a técnica de microbalança de cristal de quartzo (QCM) [33-36] e

mostrou-se como um bom material para a aplicação em sensores químicos por ser

altamente adsorvente para VOC’s em uma larga escala de polaridade química,

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65

assim como a maioria dos dispositivos disponíveis para a detecção de VOC’s que

são baseados em filmes altamente adsorventes [30-32].

Com base nestes resultados, o filme de HMDS foi empregado como camada seletiva

dos dispositivos ópticos implementados com o objetivo de detectar a adsorção dos

VOC’s quando o braço sensor do MZI for exposto a estes vapores.

Na implementação destes sensores de VOC’s optou-se pela utilização de guias de

ondas sem a camada de cobertura, visando eliminar a etapa de corrosão que

aumenta a rugosidade no filme de guiamento. Deste modo, a deposição de HMDS é

feita diretamente sobre o filme de Si3N4.

Para eliminar a etapa litográfica para a definição das janelas de interação, fizemos

com que a deposição ocorresse apenas nos braços dos MZIs, utilizando-se uma

máscara mecânica alinhada sobre a lâmina de Si durante a deposição de HMDS,

como mostra a Figura 4.21.

Figura 4.21: Máscara mecânica utilizada na deposição de HMDS,

comprimento de interação de 7,5 mm

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66

A deposição de HMDS foi feita em um reator convencional PECVD de placas

paralelas operando com um gerador de RF (Rádio Freqüência) a 40 kHz. A inserção

deste reagente no reator PECVD é feita em forma de vapor quando o mesmo está

em baixa pressão (pressão de vapor) e a vazão é calculada pela medida da

diferença de massa do recipiente antes e após a deposição. [74]. Os parâmetros de

deposição são mostrados na Tabela 4.6.

Tabela 4.6: Parâmetros de deposição de HMDS por PECVD.

Fluxo de HMDS (g/min) 0,5 Temperatura (ºC) 20 Potência de RF (W) 50 Pressão (mTorr) 500 Taxa de deposição (nm/min) 50

A deposição de HMDS deve ocorrer em ambos os braços do MZI para que a simetria

seja mantida. No entanto, durante as medidas, somente o braço sensor do MZI é

exposto aos VOC’s, sendo que o restante do dispositivo é protegido por um película

de poliéster fixada sobre o dispositivo de modo a não interferir nas medidas e a

adsorção dos compostos ocorre apenas no filme de HMDS sobre o braço sensor.

No Capítulo a seguir são apresentadas as caracterizações dos processos de

fabricação e dos dispositivos ópticos implementados.

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67

Capítulo 5 : Caracterização dos filmes finos e guias de ondas

Os filmes finos obtidos foram caracterizados por elipsometria (medidas de espessura

e índice de refração), FTIRS para a análise de contaminantes e AFM para a medida

da rugosidade superficial de cada filme depositado sobre o substrato de Si. Também

foram realizadas medidas por AFM na superfície dos guias de ondas, após a

definição das estruturas ópticas (corrosão úmida em BOE), para obter-se os valores

totais de rugosidade.

Os guias de ondas implementados foram caracterizados quanto ao modo de

propagação e quanto à atenuação no guiamento, obtendo-se valores teóricos e

experimentais.

5.1 Medidas de espessura e índice de refração por elipsometria

As medidas do índice de refração e espessura dos filmes obtidos foram realizadas

por elipsometria óptica no comprimento de onda de 632,8nm, utilizando um

elipsômetro Rudolph Research – AutoEL. As medidas foram realizadas em 50

pontos igualmente distribuídos pela superfície das lâminas e os valores médios

obtidos são mostrados na Tabela 5.1.

Tabela 5.1: Valores de espessura e índice de refração para os filmes obtidos (λ = 632,8 nm).

Filme Espessura Índice SiO2 crescido termicamente. 1123 ± 3 nm 1,462 ± 0,002 Si3N4 depositado por LPCVD 224,8 ± 0,2 nm 2,071 ± 0,006 SiO2 depositado por ECR-CVD 383 ± 7 nm 1,476 ± 0,002 HMDS depositado por PECVD 130 ± 10 nm 1,512 ± 0,003

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Os resultados mostram que os filmes utilizados na fabricação do sensor óptico

possuem uniformidade em espessura e homogeneidade quanto aos valores de

índice de refração para o comprimento de onda de 632,8 nm.

5.2 Medidas de rugosidade dos filmes e guias de ondas

A rugosidade superficial foi analisada em um equipamento de AFM da Digital

Instruments em amostras dos filmes finos depositados sobre o substrato de Si. O

valor RMS (Raiz Média Quadrática) da rugosidade foi medido em áreas de

15x15 µm em cada uma das amostras dos filmes e os valores obtidos estão

apresentados na Tabela 5.2.

Tabela 5.2: Valores de rugosidade (RMS) (σ) para os filmes obtidos.

Filme Rugosidade RMS (σ) SiO2 crescido termicamente 0,7 ± 0,2 nm Si3N4 depositado por LPCVD (como depositado) 0,30 ± 0,07 nm Si3N4 após a 1a corrosão úmida em BOE (definição dos guias) 1,90 ± 0,15 nm Si3N4 após a 2a corrosão úmida em BOE (abertura das janelas) 8,2 ± 0,7 nm SiO2 depositado por ECR-CVD (como depositado) 1,5 ± 0,3 nm HMDS depositado por PECVD (como depositado) 1,2 ± 0,5 nm

Observamos que os filmes de SiO2 crescidos termicamente e o Si3N4 depositados

por LPCVD apresentaram uma baixa rugosidade superficial que é um fator essencial

para obtermos guias de ondas com baixa atenuação por espalhamento nas

interfaces. No entanto, os valores de rugosidade aumentaram significativamente

após as etapas de corrosão úmida em BOE para a definição dos guias de ondas e

para a abertura das janelas de interação nos sensores ópticos.

Como visto nas simulações dos guias de ondas, o filme de SiO2 depositado por

ECR-CVD age como camada de cobertura para isolar o modo guiado da atmosfera

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69

ou da solução de medida, fazendo com que não ocorra a interação do modo guiado

com a superfície deste filme.

A remoção da camada de cobertura nas janelas de interação provocou o aumento

da rugosidade superficial na janela de interação devido ao processo de corrosão

úmida atacar também o filme de Si3N4. Devido a este aumento de rugosidade, optou-

se pela utilização de guias de onda sem a camada de cobertura na implementação

dos sensores de VOC’s, visando eliminar a etapa de corrosão em BOE para

abertura de janelas de interação.

De acordo com resultados obtidos por DERI [29] e, posteriormente, por BULLA [16-

18] a rugosidade lateral (paredes do “rib”) dos guias de ondas definidos pela

corrosão úmida do filme de Si3N4 em BOE estão em torno de 35 a 50 nm (valores

obtidos por SEM).

Os valores de rugosidade experimentais obtidos por AFM e SEM serão usados no

cálculo da atenuação por espalhamento no item 5.4.

5.3 Medidas FTIRS

As amostras de cada um dos filmes finos foram analisadas por FTIRS com o objetivo

de verificar a presença de moléculas de água e ligações OH nos filmes. A presença

destas contaminações nos filmes finos aumenta as perdas ópticas por absorção no

comprimento de onda utilizado (632,8 nm). No entanto, as amostras apresentaram

baixos níveis de incorporação de água e ligações OH, como observado em trabalhos

publicados sobre guias de onda com filmes CVD [51-54].

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70

5.4 Caracterização e análises ópticas

5.4.1 Guiamento planar no filme de Si3N4

Observamos o guiamento planar no filme de Si3N4 logo após a deposição por

LPCVD. Como fonte de excitação foi utilizado um laser laser He-Ne de comprimento

de onda de 632,8 nm polarizado (TE). O acoplamento do laser é feito pela borda do

chanfro da lâmina com uma lente objetiva (40x), como mostram as Figuras 5.1 e 5.2.

A Figura 5.3 mostra o guiamento planar chegando até a borda da lâmina, indicando

a ocorrência do guiamento planar no filme de Si3N4.

Figura 5.1: Diagrama do acoplamento planar pela borda da lâmina de Si.

Figura 5.2: Acoplamento pela borda do chanfro da lâmina de Si

para a observação do guiamento planar.

Objetiva de

entrada Anteparo

Microposicionadores

Lâmina de Si

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Figura 5.3: Imagem do guiamento planar no filme de Si3N4.

Com esta verificação, pode-se observar com uma lente de ampliação (10x) se o

filme de guiamento possui pontos de espalhamento no guiamento planar, de forma a

verificar a qualidade do filme depositado quanto a presença de defeitos. Na Figura

5.3, o ponto de espalhamento indicado se refere a local de fixação da pinça durante

o carregamento da amostra.

5.4.2 Fontes de atenuação dos guias de ondas

Como visto no Capítulo 2, as fontes de atenuação em guias de ondas são: absorção,

“leakage”, descasamento de impedâncias (reflexão de Fresnel), espalhamento e

radiação [29, 37-42, 44].

a) Absorção e “leakage” Em materiais dielétricos a absorção no comprimento de onda da luz visível pode ser

considerada desprezível, em função do controle da presença de contaminantes no

interior do guia de ondas [37].

Como o substrato de Si possui um alto índice de refração e também uma alta

absorção (parte imaginária) para a luz visível (3,858 + i0,018 para λ = 632,8nm), foi

Objetiva de entrada

Ponto de espalhamento

Lâmina de Si

Guiamento planar

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necessária a utilização de um filme espesso de SiO2 (“Buffer”), antes da deposição

do filme de guiamento (“Core”), para a isolação do campo evanescente do modo

guiado. Conforme as simulações realizadas no Capítulo 3, a perda por absorção e

“leakage” para os guias de ondas implementados sobre filmes espessos de isolação

(H_buffer = 1 µm) está abaixo de 10-3 dB/cm.

b) Descasamento de impedâncias (reflexão de Fresnel) As perdas por reflexão nas janelas de interação dos sensores ópticos foram

calculadas no Capítulo 3, considerando-se a presença das janelas de interação nos

MZIs. Tais perdas ficaram abaixo de 6x10-4 dB.

c) Espalhamento Os valores de atenuação por espalhamento dependem das dimensões e dos valores

experimentais de rugosidade dos guias “rib” e podem ser calculados pela Eq. 2.2

(item 2.2.1) [29]. Na Figura 5.4 temos os guias de ondas obtidos na implementação

dos sensores químicos ópticos e a listagem dos parâmetros dos mesmos.

Para o guia SiO2/Si3N4/SiO2, os valores de rugosidade (RMS) para as interfaces

usados no cálculo da atenuação por espalhamento, foram σsuperior = 1,90 nm,

σinferior = 0,7 nm e σlateral = 35 a 50 nm [16-18, 29], como indicado na Figura 5.5.

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Guia SiO2/Si3N4/SiO2 Guia Ar/Si3N4/SiO2 (janela interação)

Aplicação: Guias de ondas do sensor de glicose H_clad = 383 ± 7 nm

Aplicação: Janelas de interação do sensor de glicose

Guia Ar/Si3N4/SiO2 Guia HMDS/Si3N4/SiO2

Aplicação: Guias de ondas do sensor de VOC’s

Aplicação: Janelas de interação com os VOC’s

H_HMDS = 130 ± 10 nm

W_core = 3, 4 e 5 µm, H_core = 224,8 ± 0,2 nm, H_buffer = 1123 ± 3 nm, h_core = 1 a 2 (±0,2) nm e H_Sub = 380 ± 10 µm Figura 5.4: Diagrama esquemático dos guias de ondas obtidos na implementação

dos sensores químicos ópticos.

Figura 5.5: Valores de rugosidade nos guias “rib”

σinferior

σlateral σsuperior

Clad Core Buffer

Si

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O gráfico da Figura 5.6, mostra os valores de atenuação por espalhamento

calculados para o guia SiO2/Si3N4/SiO2 em função dos valores de rugosidade lateral

e da largura do guia “rib”.

Figura 5.6: Atenuação por espalhamento (dB/cm) para o guia SiO2/Si3N4/SiO2 em função dos valores de rugosidade lateral e largura do guia (valores calculados).

Como visto no item 2.2.1, a atenuação por espalhamento é diretamente proporcional

aos valores de rugosidade (σ) (superfície dos filmes e laterais do “rib”) e à diferença

entre os índices de refração entre a região de confinamento (“core”) e as regiões de

decaimento do modo de propagação. No entanto, a atenuação por espalhamento é

inversamente proporcional à largura do guia “rib” devido às condições de

confinamento do modo. Quanto maior é a largura do “rib”, menor é a intensidade de

campo nas interfaces, tornando a rugosidade lateral menos significativa [29].

O valor de rugosidade (RMS) para o guia Ar/Si3N4/SiO2 após a definição dos guias

em BOE (Etapa 8) foi de σsuperior = 1,9 ± 0,15 nm e, após a definição das janelas de

interação (Etapa 12), o valor de rugosidade aumentou para σsuperior = 8,2 ± 0,7 nm. O

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gráfico da Figura 5.7, mostra os valores de atenuação por espalhamento calculados

para o guia Ar/Si3N4/SiO2 (janela de interação) em função dos valores de rugosidade

lateral e largura do guia. Comparando-se os gráficos das Figuras 5.6 e 5.7, a

atenuação por espalhamento do modo guiado aumentou, em média, 12% em função

deste aumento da rugosidade na superfície dos guias.

Figura 5.7: Atenuação por espalhamento (dB/cm) para o guia Ar/Si3N4/SiO2 (após a corrosão em BOE) em função dos valores de rugosidade lateral e largura do guia

(valores calculados).

Os sensores ópticos para VOC’s foram implementados com guias de ondas

Ar/Si3N4/SiO2 e, nas janelas de interação, temos o guia HMDS/Si3N4/SiO2. Os

gráficos das Figuras 5.8 e 5.9 mostram os resultados da atenuação por

espalhamento nestes guias de ondas.

Os resultados para os guias Ar/Si3N4/SiO2 e HMDS/Si3N4/SiO2 mostram que o guia

sem a camada de cobertura tem, em média, uma atenuação por espalhamento 10%

maior que o guia com HMDS. Este resultado confirma que a atenuação por

espalhamento é diretamente proporcional ao contraste de índices de refração entre

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a região de confinamento (“core”) e as regiões de decaimento do modo de

propagação [29] que, neste caso, é a camada de HMDS.

Figura 5.8: Atenuação por espalhamento (dB/cm) para o guia Ar/Si3N4/SiO2 em função

dos valores de rugosidade lateral e largura do guia (valores calculados).

Figura 5.9: Atenuação por espalhamento (dB/cm) para o guia HMDS/Si3N4/SiO2 em função dos valores de rugosidade lateral e largura do guia (valores calculados).

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77

d) Radiação As demais perdas em guias de ondas se devem à radiação do modo guiado. A

atenuação por radiação se deve à falta de homogeneidade no filme guia, induzindo a

conversão do modo guiado para um modo radiado. Além disso, a curvatura dos

guias de onda, necessária para a implementação de interferômetros do tipo Mach-

Zehnder, também contribui para o aumento da atenuação por radiação.

No item a seguir, os valores de atenuação nos guias de ondas obtidos

experimentalmente serão mostrados e, com base nestes valores, determinaremos as

principais fontes de perdas nos guias implementados.

5.4.3 Medidas de atenuação e análise do modo de propagação nos guias de

ondas.

Os guias de ondas tipo “rib” foram analisados opticamente quanto à atenuação no

guiamento e quanto ao modo de propagação. Para esta análise, as lâminas de Si

com os dispositivos implementados foram clivadas na orientação cristalográfica e

fixadas sobre um suporte com resina, como indicado na Figura 5.10. O acoplamento

do laser nos guias de ondas é feito através de uma objetiva (60x) posicionada na

borda clivada da lâmina, como mostra a Figura 5.11.

Figura 5.10: A) Lâmina de Si processada. B) Lâmina clivada na orientação

cristalográfica.

A) B)

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78

Figura 5.11: Montagem experimental para o acoplamento do laser pela borda clivada.

Quanto ao modo de propagação, os guias de ondas implementados apresentaram

um guiamento monomodo (TE0) como previsto nas simulações apresentadas no

Capítulo 3.

As medidas de atenuação do modo guiado dependem fortemente da

homogeneidade, uniformidade e da rugosidade nas interfaces dos filmes

depositados. Sendo assim, a realização deste tipo de medida tem como objetivo a

verificação da qualidade dos filmes obtidos.

Supondo que a intensidade do espalhamento da luz na superfície do filme seja

proporcional à potência luminosa guiada, podemos medir a atenuação no guiamento

a partir de imagens do espalhamento dos guias de ondas [16, 22, 40]. Estas

imagens foram capturadas por uma câmera CCD (Dispositivo de Carga Acoplada)

interligada a um microcomputador e posicionada acima dos guias de ondas. A

Figura 5.12 mostra a montagem experimental para a medida de atenuação nos

guias do tipo “rib”.

Objetiva de entrada (60x)

Laser He-Ne

Microposicionadores

Lâmina de Si

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79

Figura 5.12: Montagem experimental empregado nas medidas de atenuação óptica.

As imagens gravadas foram analisadas em um programa de tratamento de imagens

que possibilita medir a variação luminosa no guia de ondas [75]. A Figura 5.13

mostra o gráfico da intensidade luminosa capturada pela câmera CCD em função do

número de pixels para um guia SiO2/Si3N4/SiO2 de 4 µm de largura.

A partir do gráfico da Figura 5.13, obtém-se os valores de intensidade luminosa em

pontos distintos do guia de ondas e, com estes valores, calcula-se a atenuação no

guiamento [16, 22] em dB/cm, como descrito no Capítulo 2. Os valores médios de

atenuação para o guiamento monomodo (TE) para os guias de ondas com larguras

W_core de 3, 4 e 5 µm (Figura 5.4) estão listados na Tabela 5.3.

Câmera CCD

Laser He-Ne

Microposicionadores

Lâmina de Si Objetiva de

entrada (60x)

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80

0

20

40

60

80

100

120

0 12 24 36 48 60 72 84 96 108

120

132

144

156

168

180

192

204

216

228

240

252

264

276

288

300

312

324

336

348

360

372

384

396

408

420

432

Número de pixels

Inte

nsid

ade

lum

inos

a (u

.a.)

Figura 5.13: Gráfico da intensidade luminosa capturada pela câmera CCD

em função do número de pixels

Tabela 5.3: Valores médios de atenuação dos guias de ondas obtidos

Guia Valor médio de atenuação (dB/cm)* SiO2/Si3N4/SiO2 2,2 ± 0,5 Ar/Si3N4/SiO2 (janela interação) 20 ± 4 Ar/Si3N4/SiO2 2,1 ± 0,5 HMDS/Si3N4/SiO2 2,3 ± 0,5

* valores calculados a partir de 10 medidas para cada guia de ondas com 3, 4 e 5 µm.

Durante as medidas, observou-se que houve uma grande variação nos valores de

atenuação obtidos para os guias de ondas e, por este motivo, não foi possível obter

valores médios em função da largura do guia (3, 4 e 5 µm).

Comparando-se estes valores experimentais de atenuação com os valores

calculados anteriormente, observa-se que os valores de atenuação experimentais

estão, em média, 25% acima dos valores calculados. Esta diferença deve ser

atribuída a atenuação por radiação que se deve a falta de homogeneidade nos

filmes empregados no guia “rib”, induzindo a conversão do modo guiado para um

modo radiado.

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81

Os guias Ar/Si3N4/SiO2 implementados nas janelas de interação dos sensores

apresentaram uma maior atenuação devido ao ataque químico do filme de Si3N4

durante a etapa de corrosão para a definição das janelas de interação nos braços

dos MZIs. O valor de rugosidade RMS para o guia Ar/Si3N4/SiO2 após a definição

dos guias em BOE (Etapa 8) foi de σ = 1,90 ± 0,15 nm e, após a definição das

janelas de interação (Etapa 12), o valor de rugosidade aumentou para

σ = 8,2 ± 0,7 nm.

Como visto anteriormente, estes valores de rugosidade justificam o aumento da

atenuação em apenas 12% devido ao maior espalhamento do modo. Sendo assim, a

atenuação em 20 dB/cm nas janelas de interação se deve, provavelmente, a um

aumento da desuniformidade no filme de nitreto após a corrosão em BOE, que

ocasiona a radiação do modo guiado. No entanto, quando as janelas de interação

foram preenchidas com as soluções aquosas, a atenuação reduziu de 20 dB/cm

para 13 dB/cm, implicando num aumento significativo na potência óptica de saída do

MZI durante as medidas com soluções aquosas.

Considerando-se apenas a atenuação por espalhamento calculada no item 5.4.2, os

guias de ondas com camadas de cobertura (SiO2/Si3N4/SiO2 e HMDS/Si3N4/SiO2)

apresentaram uma menor atenuação do que o guia Ar/Si3N4/SiO2. No entanto, estes

resultados experimentais mostram que os guias SiO2/Si3N4/SiO2 e HMDS/Si3N4/SiO2

apresentam uma maior atenuação. Isto se deve à qualidade dos filmes de SiO2 e

HMDS depositados por ECR-CVD e PECVD (contaminação e falta de

homogeneidade), ocasionando uma maior perda por absorção e radiação.

Os resultados experimentais de atenuação obtidos neste trabalho estão de acordo

com os resultados aos obtidos por BULLA [16-18] que desenvolveu e caracterizou

de filmes de Si3N4 e SiO2 para a fabricação de guias de ondas.

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Capítulo 6 : Resultados dos sensores químicos ópticos

implementados.

6.1 Medidas de concentração de glicose em soluções aquosas

Para as medidas de concentração de glicose utilizou-se a montagem experimental

mostrada nas Figuras 6.1 e 6.2. Como visto anteriormente, o acoplamento do laser

no guia de entrada do MZI é feito através de uma objetiva (60x) posicionada na

borda clivada da lâmina e uma outra objetiva (40x) é posicionada no guia de saída

do MZI, projetando a saída do modo no fotodetector.

Figura 6.1: Arranjo experimental do sensor químico óptico para medida de

concentração de glicose em soluções aquosas.

Objetiva de saída (40x)

Laser He-Ne

Microposicionadores

Lâmina de Si (MZIs)

Objetiva de entrada (60x)

Fotodetector

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83

A medida consiste no monitoramento da intensidade de saída do MZI que varia em

função do índice de refração (n) de uma solução de medida em relação a uma

solução de referência. A Figura 6.2 mostra a adição das soluções (em gotas) sobre

as janelas de interação do MZI.

Figura 6.2: Soluções de referência e de medida inseridas sobre as janelas de

interação do MZI.

As soluções de glicose foram preparadas com base na diluição de uma solução de

10% de glicose, cujo valor tabelado é n=1,3478 [55], preparada a partir de água

deionizada (DI) (n=1,3325 [55]). Os valores de índice de refração foram obtidos em

função desta diluição, resultando nos valores listados na Tabela 6.1.

Tabela 6.1: Valores de índice de refração das soluções de glicose [55].

Índice de Refração % Glicose 1,3325 0,00 1,3330 0,26 1,3340 0,90 1,3350 1,53 1,3360 2,16 1,3370 2,79 1,3380 3,42

Divisor de feixe

Solução de referência

Solução de medida

Acoplador de feixe

5 mm

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84

As soluções de glicose foram adicionadas uma a uma na janela de medida do MZI

por meio de uma microseringa. Entre cada medida, realizou-se uma etapa de

lavagem usando-se micropipetas com água DI. O Gráfico da Figura 6.3 mostra a

variação da potência de saída do MZI (W_core = 4 µm e θ = 1,4o) em função dos

valores de concentração (%) de glicose na solução de medida.

Figura 6.3: Potência de saída do MZI em função da concentração de glicose

(%) em solução (Valores de índice de refração indicados no gráfico).

Os resultados experimentais para este sensor químico estão de acordo com os

resultados de simulação do Capítulo 3 e com os resultados da literatura [9, 10, 15],

indicando uma variação de fase ∆Φ = π para soluções com menos que 1% de

glicose (10,38 g/l).

A sensibilidade deste sensor químico é determinada diretamente pela a diferença de

fase (∆Φ) do modo que se propaga na janela de interação. A diferença de fase,

como mostra a Eq. 2.7 (item 2.3), é calculada em função dos valores de ∆neff entre

os braços do MZI e do comprimento da janela de interação Ls. Os valores de ∆neff

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85

dependem do campo evanescente do modo de propagação na janela de interação,

de modo que, quanto menor é o confinamento do modo, maior é a interação do

modo com a solução analisada. Desta forma, a sensibilidade deste sensor químico

pode ser ajustada em função das condições de confinamento do modo de

propagação ou em função do comprimento da janela de interação Ls.

A atenuação dos guias Ar/Si3N4/SiO2 nas janelas de interação foram de 20 dB/cm.

No entanto, quando as janelas de interação foram preenchidas com as soluções

aquosas, a atenuação reduziu para 13 dB/cm, implicando num aumento significativo

na potência óptica de saída do MZI durante as medidas de concentração de glicose.

6.2 Medida de umidade por efeito de rugosidade de superfície

Durante as medidas de concentração de glicose, observou-se que seria possível

realizar-se medidas de umidade através da implementação de um sensor

simplificado, como mostra a Figura 6.4. O princípio de operação deste sensor se

baseia no efeito de espalhamento óptico por rugosidade superficial.

Como o espalhamento óptico depende da rugosidade e da diferença de índices de

refração na interface [29], realizou-se medidas usando-se apenas uma gota de água

sobre a janela de interação (Ls = 7,5 mm). Em seguida, ocorre a evaporação da gota

lentamente com um fluxo de nitrogênio sobre a lâmina. O gráfico da Figura 6.5

mostra a dependência da intensidade de saída do guia de onda em função do tempo

de evaporação da água.

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86

Figura 6.4: Diagrama esquemático do sensor de umidade por efeito de rugosidade

Figura 6.5: Gráfico da potência de saída do guia de onda em função do tempo de

evaporação da água sobre a janela de interação (min).

Este resultado refere-se à detecção de água presente no dispositivo em função da

variação da atenuação por espalhamento do modo guiado. A atenuação por

espalhamento depende da rugosidade e da diferença de índices de refração entre o

“core” e as camadas em que ocorre o decaimento transversal do modo, como visto

na Eq. 2.2 (item 2.2.1). Portanto, esta variação se deve à mudança do índice de

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87

refração sobre a janela de interação, sendo que, quando a água (nágua = 1,33)

evapora, temos uma nova interface de interação com a atmosfera (natmosfera = 1,00),

aumentando-se o espalhamento nesta região.

6.3 Detecção de vapores de compostos orgânicos voláteis (VOC’s)

usando um filme de HMDS como camada sensora

O teste com VOC’s foi realizado utilizando-se o arranjo experimental da Figura 6.6

que permite a injeção de um fluxo controlado de vapores sobre os sensores óticos

que possuem uma fina camada de HMDS (130 nm) nas janelas de interação.

Figura 6.6: Arranjo experimental do sensor químico óptico para a detecção de VOC’s

usando HMDS como camada sensora.

Os vapores foram obtidos pela injeção de um fluxo controlado de nitrogênio num

borbulhador que foi preenchido com o composto no estado líquido (20oC). A vazão

na linha de nitrogênio é controlada por um rotâmetro (ml/min) como mostra o

diagrama da Figura 6.7.

Objetiva de saída (40x)

para o fotodetector Microposicionadores

Lâmina de Si (MZIs)

Objetiva de entrada (60x)

Linha de injeção de vapores

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88

Figura 6.7: Diagrama da linha de gás nitrogênio para a injeção dos

vapores sobre os sensores ópticos

Durante as medidas, somente o braço sensor do MZI é exposto aos VOC’s e as

demais áreas do dispositivo são protegidas por uma película de poliéster (o mesmo

usado em fotolitos), como mostra a Figura 6.8.

Figura 6.8: Sensor químico óptico para a detecção de VOC’s

A Figura 6.9 mostra a variação da intensidade de saída do MZI em função da

variação da vazão do gás de arraste (N2) sobre o braço sensor para os seguintes

compostos: n-Hexano e 2-Propanol em comparação com vapor de água.

Guia de saída

Injeção de vapores

Guia de entrada

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89

0

0,2

0,4

0,6

0,8

10 50 100

150

200

250

300 0 50 100

150

200

250

300 0 50 100

150

200

250

300 0 50 100

150

200

250

300 0 50 100

150

200

250

300

Vazão de nitrogênio (ml/min)

Inte

nsid

ade

de S

aída

(u. a

.)

.

2-Propanoln-HexanoÁgua

Figura 6.9: Variação da intensidade de saída do MZI em função da variação da vazão

do gás de arraste, usando o MZI10 com Ls = 7,5mm (erro = 5%).

Cada ponto é obtido em intervalos de 30 segundos após a mudança do fluxo de

nitrogênio. Obtivemos uma boa reprodutibilidade para todos os compostos. No

entanto, o 2-Propanol apresentou alguma dificuldade para ser removido da

superfície. Isto pode ser visto pelo fato da linha de base não retornar ao seu valor

inicial. Provavelmente, várias camadas de 2-Propanol são formadas na superfície do

dispositivo e, desta forma, a linha de base muda em função da formação de pontes

de hidrogênio entre as moléculas de 2-Propanol. O n-Hexano e a água são

removidos facilmente após a redução do fluxo, fazendo com que a linha de base

retorne ao seu valor inicial. No entanto, o 2-Propanol é removido apenas após o

aquecimento da estrutura a 80oC [33-36].

O gráfico mostra ainda que há uma saturação do dispositivo para uma pequena

quantidade de vapor de água devido à característica hidrofóbica (repele umidade) do

filme de HMDS. Além disso, temos que considerar que o campo evanescente

atravessa o filme de HMDS interagindo, também, com a atmosfera em que o vapor

de água está presente.

10 min

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90

Para o n-Hexano observamos que ocorre a saturação do dispositivo, provavelmente,

devido à alta pressão de vapor do composto. Uma vez que o n-Hexano pode ser

facilmente evaporado, temos o equilíbrio com a atmosfera alguns segundos depois

da injeção do fluxo de vapor, sendo que a maior parte do composto é liberado.

Então, nestas condições, somente uma pequena quantidade de n-Hexano

permanece, provavelmente, uma monocamada ou poucas mais.

Um modelo para explicar estes resultados seria o seguinte: como estabelece o

modelo de Langmuir, a primeira camada adsorvida apresenta uma energia de

formação diferente. Porém, após esta primeira camada ser formada, a energia

envolvida nas próximas camadas dependem somente da energia de vaporização,

devido às características de adsorção dos filmes de HMDS, como determinado em

medidas de microbalança de quartzo (QCM) [33-36]. No entanto, neste dispositivo, a

intensidade de saída depende principalmente da primeira camada que interage com

o campo evanescente sobre o filme de HMDS.

Para determinar o limite de detecção do sensor de VOC’s, inicialmente mediu-se o

fluxo dos compostos (mg/min) em função da variação do fluxo do gás de arraste

(N2). As Figuras 6.10 e 6.11 mostram os valores típicos obtidos para o n-Hexano e 2-

Propanol, respectivamente.

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91

Figura 6.10: Fluxo de n-Hexano em função da variação da vazão de N2.

Figura 6.11: Fluxo de 2-Propanol em função da variação da vazão de N2.

A variação da intensidade de saída do MZI pode ser colocada em função dos

valores de fluxo de VOC’s, como mostram os gráficos das Figuras 6.12 e 6.13.

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92

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

1,1

0,0 12,0

23,7

38,0

49,7

65,0

79,0 0,0 12

,023

,738

,049

,765

,079

,0 0,0 12,0

23,7

38,0

49,7

65,0

79,0 0,0 12

,023

,738

,049

,765

,079

,0 0,0 12,0

23,7

38,0

49,7

65,0

79,0

Fluxo de n-Hexano (mg/min)

Inte

nsid

ade

de S

aída

(u.a

.)

.

Figura 6.12: Variação da intensidade de saída do MZI em função do fluxo de n-Hexano.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0,0 4,5 8,6 12,0

15,5

19,8

24,2 0,0 4,5 8,6 12

,015

,519

,824

,2 0,0 4,5 8,6 12,0

15,5

19,8

24,2 0,0 4,5 8,6 12

,015

,519

,824

,2 0,0 4,5 8,6 12,0

15,5

19,8

24,2

Fluxo de 2-Propanol (mg/min)

Inte

nsid

dade

de

Saíd

a (u

.a.)

Figura 6.13: Variação da intensidade de saída do MZI em função do fluxo de 2-

Propanol.

Os limites de detecção para estas medidas foram de 8,6 mg/min para n-Hexano e

1,6 mg/min de 2-Propanol em função da precisão do fotodetector utilizado, que

corresponde a 10 µW.

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93

Comparando-se com os resultados de adsorsão de VOC’s na literatura [33], pôde-se

verificar que os resultados são equivalentes e a técnica de detecção com sensores

ópticos pode substituir o método de detecção por QCM.

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94

Capítulo 7 : Conclusões e considerações finais

Neste trabalho, foram implementados sensores químicos ópticos baseados no

interferômetro Mach-Zehnder (MZI) para duas aplicações:

- Medidas de concentração de glicose em soluções aquosas

- Detecção de VOC’s utilizando-se HMDS como camada sensora.

A partir das simulações das estruturas ópticas, obtivemos as dimensões dos guias

de ondas e dos sensores ópticos e, com base nestes resultados, as etapas de

processos de fabricação foram definidas e os guias de ondas e sensores químicos

foram implementados.

As análises por AFM, elipsometria e FTIRS mostraram que os filmes de SiO2

(térmico), Si3N4 (LPCVD), SiO2 (ECR-CVD) e HMDS (PECVD) possuem as

características necessárias para a utilização destes filmes na implementação dos

guias de ondas.

A caracterização experimental dos guias "rib" comprovou um comportamento

monomodo (TE0) dos mesmos, como previsto pelas simulações realizadas.

As medidas de atenuação ficaram entre 2 e 20 dB/cm e dependem, principalmente:

- da rugosidade nas interfaces dos filmes depositados;

- da rugosidade lateral dos “ribs”;

- do aumento da desuniformidade no filme de nitreto durante a corrosão em

BOE.

Durante as medidas com o sensor de concentração de glicose, observou-se uma

alta atenuação por espalhamento nas janelas de interação, dificultando o

monitoramento da potência de saída do MZI. No entanto, os resultados do sensor

óptico para medidas de concentração de glicose permitiram a verificação do

princípio de medida e da alta sensibilidade que pode ser obtida, sendo que, para

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95

soluções com menos que 1% de glicose (10,38 g/l), obteve-se uma variação de fase

∆Φ = π. Os valores obtidos estão de acordo com os resultados de simulação do

Capítulo 3 e com os resultados da literatura [16, 21, 22].

Os resultados obtidos garantem a aplicação deste sensor em quaisquer análises

químicas em função da variação do índice de refração em soluções aquosas.

Obteve-se alguns resultados quanto à detecção de água presente no sensor óptico

em função da rugosidade nas janelas de interação, sendo que a atenuação por

espalhamento do modo guiado depende da rugosidade de superfície e do contraste

de índices de refração entre os meios que compõem a interface.

A aplicação do sensor químico depende da escolha do material empregado como

camada sensora, sendo que esta camada é responsável pela interação do composto

analisado (fase de vapor ou líquida) com o sensor. O filme HMDS polimerizado por

plasma mostrou-se um bom material para a aplicação em sensores por ser

altamente adsorvente para VOC’s em uma larga escala de polaridade química e,

pela primeira vez, empregou-se estes filmes finos de HMDS na fabricação de

sensores ópticos baseados no MZI para medidas de adsorção de VOC’s.

Para a implementação dos sensores para a detecção de VOC’s, foi proposta uma

estrutura em que não houvesse a necessidade da abertura de janelas de interação.

Deste modo, definimos outros métodos para a fabricação deste sensor, para que

não ocorresse o mesmo problema da alta atenuação por espalhamento nas janelas

de interação do sensor óptico.

O sensor óptico usando HMDS como camada sensora foi testado e os resultados

obtidos para n-Hexano e 2-Propanol, em comparação com vapor de água,

mostraram uma boa reprodutibilidade, baixo limite de detecção e alta sensibilidade

quando comparados com os resultados de literatura [37, 48, 49]. Nestas medidas, os

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96

valores de atenuação foram baixos (2,3 dB/cm), obtendo-se uma maior potência

óptica na saída do MZI.

Com os resultados experimentais obtidos para estes sensores químicos ópticos,

verificam-se as possibilidades de aplicações destes sensores em diversas áreas, tais

como o controle de processo industriais, medicina, controle ambiental e

biotecnologia.

Trabalhos futuros

Os resultados obtidos neste trabalho são promissores e as possibilidades de

implementação de sensores químicos ópticos para outras aplicações devem ser

estudadas. Uma opção de aplicação seria, por exemplo, investigar a adição de

camadas que adsorvem proteínas, ou até mesmo, verificar ação de anticorpos

imobilizados na superfície de medida em estudos biológicos.

Na implementação de novos sensores ópticos para soluções líquidas, deve-se

encontrar métodos para reduzir a atenuação dos guias de ondas. Estas atenuações

se devem, principalmente, ao efeito de espalhamento por rugosidade e

desuniformidade excessivas nos filmes das janelas de interação. A definição das

áreas sensoras deve ser feita de forma que o filme de guiamento tenha uma menor

degradação ao ataque químico, ou seja, deve-se ter uma maior seletividade na

etapa de corrosão da camada de cobertura.

Os sensores ópticos serão acoplados diretamente por meio de fibras ópticas fixadas

diretamente no substrato de Si [4]. Estas estruturas de acoplamento são obtidas pela

corrosão anisotrópica de Si por KOH, como mostra a Figura 7.1.

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97

Figura 7.1: Vista da estrutura para acoplamento entre fibra e o guia óptico [4]

Como o ângulo α para este tipo de corrosão é conhecido (α=53,74º), podemos

projetar tal estrutura para o diâmetro da fibra que se pretende utilizar. Na prática, o

máximo desalinhamento aceitável nas orientações vertical, horizontal e angular são

em torno de 2 µm, 1 µm e 0,5º, respectivamente [4].

O desenvolvimento destes sensores em óptica integrada visa, a longo prazo, a

integração de dispositivos eletrônicos e ópticos no mesmo substrato de Si. Para isto

vem se desenvolvendo estruturas MSM (Metal Semicondutor Metal) com

sensibilidade suficiente para a medição de potência de saída dos sensores ópticos

integrados [76, 77].

Guia de ondas

Rebaixo

Fibra Fibra

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Apêndice A: Análise monomodo/multimodo para guia “rib”.

Os gráficos a seguir são resultados das simulações dos guias “rib” para valores de

espessura da camada de guiamento H_core entre 150 nm e 250 nm. Foi analisado o

comportamento modal em função da largura do guia W_core e da corrosão parcial

h_core, como indicado na Figura 3.1 (item 3.1). Os pontos abaixo da curva indicam

um comportamento monomodo (TE0) e os pontos acima da curva indicam um

comportamento multimodo (TE0, TE1, ..., TEn).

Figura A.1 – Análise monomodo/multimodo para guias tipo “rib” em função de W_core

e h_core, sendo H_core = 150 nm.

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Figura A.2 – Análise monomodo/multimodo para guias tipo “rib” em função de W_core

e h_core, sendo H_core = 160 nm.

Figura A.3 – Análise monomodo/multimodo para guias tipo “rib” em função de W_core

e h_core, sendo H_core = 170 nm.

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Figura A.4 – Análise monomodo/multimodo para guias tipo “rib” em função de W_core

e h_core, sendo H_core = 180 nm.

Figura A.5 – Análise monomodo/multimodo para guias tipo “rib” em função de W_core

e h_core, sendo H_core = 190 nm.

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Figura A.6 – Análise monomodo/multimodo para guias tipo “rib” em função de W_core

e h_core, sendo H_core = 200 nm.

Figura A.7 – Análise monomodo/multimodo para guias tipo “rib” em função de W_core

e h_core, sendo H_core = 210 nm.

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Figura A.8 – Análise monomodo/multimodo para guias tipo “rib” em função de W_core

e h_core, sendo H_core = 230 nm.

Figura A.9 – Análise monomodo/multimodo para guias tipo “rib” em função de W_core

e h_core, sendo H_core = 240 nm.

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Figura A.10 – Análise monomodo/multimodo para guias tipo “rib” em função de

W_core e h_core, sendo H_core = 250 nm.