implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas...

69
UNIVERSIDADE DE ITAÚNA FACULDADE DE ENGENHARIA ENGENHARIA ELETRÔNICA TRABALHO DE CURSO Implementação de programa de computador para cálculos de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas. Fernando Antônio da Silva Filho Itaúna - MG 1º Semestre de 2014

Upload: fernando-filho

Post on 22-May-2015

525 views

Category:

Documents


32 download

TRANSCRIPT

Page 1: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

UNIVERSIDADE DE ITAÚNA

FACULDADE DE ENGENHARIA

ENGENHARIA ELETRÔNICA

TRABALHO DE CURSO

Implementação de programa de computador para cálculos de modelos de propagação de

ondas eletromagnéticas.

Fernando Antônio da Silva Filho

Itaúna - MG

1º Semestre de 2014

Page 2: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

II

Fernando Antônio da Silva Filho

TRABALHO DE CURSO

Implementação de programa de computador para cálculos de modelos de propagação de

ondas eletromagnéticas.

Trabalho de Curso apresentado como requisito

parcial para obtenção do título de Engenheiro

em Eletrônica no curso de Engenharia

Eletrônica da Faculdade de Engenharia da

Universidade de Itaúna lecionada pelo.

Orientador: Prof. MSc. Dalmy Freitas de

Carvalho Júnior

Itaúna - MG

1º Semestre de 2014

Page 3: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

III

UNIVERSIDADE DE ITAÚNA

FACULDADE DE ENGENHARIA

CURSO DE ENGENHARIA ELETRÔNICA

Fernando Antônio da Silva Filho

TRABALHO DE CURSO

Implementação de programa de computador para cálculos de modelos de propagação de

ondas eletromagnéticas.

Trabalho de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Eletrônica como requisito parcial para

obtenção do grau de Engenheiro em Eletrônica.

Este trabalho foi julgado adequado para obtenção da aprovação na disciplina Trabalho de Curso

do Curso de Engenharia Eletrônica da Faculdade de Engenharia da Universidade de Itaúna.

Banca:

___________________________________________________________________

Prof. MSc. Dalmy Freitas de Carvalho Júnior

Professor orientador e membro da banca

___________________________________________________________________

Prof. MSc. Dayse Nascimento Anselmo

Professor examinador

___________________________________________________________________

Prof. MSc. Juliano Daniel Simeão

Professor examinador

Aluno:

__________________________________________________________________

Fernando Antônio da Silva Filho

Data: 05/05/2014

Page 4: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

IV

Termo de responsabilidade de autoria

Nome: Fernando Antônio da Silva Filho CIU: 52915

Curso: Engenharia Eletrônica Turno: Noturno Período: 9º

Declaro-me que estou ciente de que, nos termos da Lei de Direitos Autorais 9.610/98,

reproduzir integralmente um texto, mesmo indicando a fonte, mas sem a autorização do autor,

pode constituir crime de violação de direitos autorais. Da mesma forma é considerado

“utilização indevida” e/ou “plágio”, os seguintes casos:

1) Inclusão de texto cuja autoria de terceiros não esteja claramente identificada.

2) Texto supostamente produzido pelo aluno, mas que se trata de texto adaptado em parte ou

totalmente.

3) Texto produzido por terceiros sob encomenda do aluno mediante pagamento (ou não) de

honorários profissionais, que não citem a autoria e não tenham sido autorizados em casos

especiais pelo orientador;

4) Texto já previamente preparado sem que tenha havido participação do professor orientador

na sua produção durante o processo ou que não tenha sido levado ao conhecimento do

mesmo.

5) Texto supostamente produzido pelo aluno sem que ele consiga responder perguntas acerca

do tema, ou sem que ele consiga elucidar seu conteúdo de forma sistemática, seja em parte ou

na sua totalidade.

Dessa forma, declaro-me ser de inteira responsabilidade a autoria do texto referente ao

Trabalho de Curso e trabalho acadêmico realizado na disciplina Trabalho de Curso de

Engenharia Eletrônica da Universidade de Itaúna.

Itaúna: .........../................./......................

Ass: ................................................................................

Nome do aluno: Fernando Antônio da Silva Filho CIU: 52915

Page 5: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

2

Dedico esse trabalho a Deus primeiramente,

aos meus pais Fernando e Raquel por sempre

terem me apoiado e nunca medirem esforços

para realização deste sonho. À minha

namorada Kellen pelo apoio e compreensão. A

minha irmã pelos conselhos e ajuda na minha

caminhada. Sou muito grato a vocês.

Page 6: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

3

Agradeço ao professor Dalmy pelo

conhecimento passado e apoio. Ao professor

Ramon pela ajuda e pelos conselhos. À

professora Angélica pela ajuda e a troca de

informação. Aos meus pais, Fernando e

Raquel pela incessante luta para que eu seja

uma pessoa melhor e que realize meus sonhos.

Aos colegas de sala pelo conhecimento

compartilhado.

Page 7: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

4

O sucesso é ir de fracasso em fracasso sem

perder entusiasmo. (Winston Churchill).

Page 8: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

5

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo desenvolver um programa capaz de fazer cálculos de

potência recebida, de eficiência de transmissão e recepção, de atenuação, de probabilidade de

potência para modelos de propagação de ondas eletromagnéticas. Atualmente existem alguns

programas que fazem alguns desses cálculos. O programa apresentado terá vários modelos de

propagação, podendo assim atender a vários tipos de situações. O fato desses modelos de

propagação serem resolvidos só utilizando caneta e papel é um outro agravante, pois pode ter

muito arredondamento e ter um certo erro, e assim podendo influenciar no resultado final ou

melhor, na recepção do sinal. A proposta foi desenvolver um programa mais completo, com

maior exatidão em seus resultados e com vários modelos de propagação, tais como, modelos

do espaço livre, modelo da terra plana, modelo de difração por gume-de-faca, modelos log-

distância, modelo log-normal, modelo de percentagem de área coberta e modelo terra esférica.

Como resultado final terá a garantia de uma exatidão melhor nos resultados e uma redução

nos erros e assim não sendo preciso resolver analiticamente todos esses modelos.

Palavras Chave: Modelo do espaço livre, Modelo de difração por gume-de-faca, Modelo

terra plana, Modelo log-distância, Modelo log-normal, Modelo de percentagem de área

coberta, Modelo terra esférica.

Page 9: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

6

LISTAS DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Enfraquecimento em pequena e larga escala. ........................................................... 16

Figura 2: Representação do modelo terra plana equivalente. ................................................... 19 Figura 3: Tela principal do programa. ...................................................................................... 20 Figura 4: Linha de transmissão de micro-ondas ....................................................................... 22 Figura 5: Linha de recepção de micro-ondas............................................................................ 23 Figura 6: Tela do modelo espaço livre ..................................................................................... 24

Figura 7: Atenuação do espaço livre obtida pelo programa. .................................................... 25 Figura 8: Eficiência na transmissão e recepção encontradas pelo programa. .......................... 26 Figura 9: Atenuação encontrada pelo programa. ...................................................................... 26

Figura 10: Potência total obtida pelo programa........................................................................ 26 Figura 11: Campo direto, Campo refletido, onda espacial e onda de superfície. ..................... 27 Figura 12: Campo imediatamente antes da reflexão ................................................................ 28 Figura 13: Campo imediatamente após do ponto de reflexão .................................................. 29 Figura 14: Campo refletido ...................................................................................................... 30

Figura 15: Polarização dos campos direto e refletido............................................................... 30

Figura 16: Geometria para o cálculo dos coeficientes de reflexão entre dois dielétricos ........ 32 Figura 17: Tela do modelo terra plana ..................................................................................... 34

Figura 18: Potências recebidas pela antena na vertical e horizontal. ....................................... 36 Figura 19: Atenuações na vertical e horizontal encontradas pelo programa. ........................... 36 Figura 20: Círculos concêntricos que definem os limites das zonas de Fresnel sucessivas. .... 38

Figura 21: Ilustração das zonas de Fresnel para diferentes cenários de difração de gume de

faca............................................................................................................................................ 39 Figura 22: Ilustração da geometria a difração de gume de faca. O receptor R está localizado na

região de sombra. ...................................................................................................................... 41

Figura 23: Ganho de difração do tipo gume de faca como uma função do parâmetro de

difração de Fresnel v. ................................................................................................................ 42

Figura 24: Tela desenvolvida para o modelo gume-de-faca. .................................................... 43 Figura 25: Parâmetro de difração encontrado pelo programa. ................................................. 44 Figura 26: Tela criada para o modelo log-distância. ................................................................ 46 Figura 27: Potência recebida pelo modelo log-distância. ......................................................... 47

Figura 28: Distribuição gaussiana com média zero. ................................................................. 48 Figura 29: Gráfico disperso dos dados medidos e do modelo de perda de dados MMSE

correspondente para muitas cidades na Alemanha. Para esses dados, n = 2,7 e = 11,8 (de

Seide et al. IEEE)...................................................................................................................... 49

Figura 30: Ábaco para função probabilidade. .......................................................................... 50 Figura 31 - Tela criada para o modelo log-normal ................................................................... 51 Figura 32: Resultado obtido para se encontrar probabilidade de potência no gráfico. ............ 52

Figura 33: Ilustração de como utilizar o valor encontrado no ábaco........................................ 53 Figura 34: Ábaco de percentagem de área coberta ................................................................... 54 Figura 35: Tela do modelo de propagação para determinação de área coberta. ....................... 55 Figura 36: Valor encontrado pelo programa para ser utilizado no gráfico. .............................. 56 Figura 37: Mostrando onde se usa o valor obtido pelo programa para encontrar a percentagem

de área coberta. ......................................................................................................................... 57 Figura 38: Campo refletido na superfície terrestre no um ponto de vista plano e esférico. ..... 57 Figura 39: Influência da curvatura da terra nas antenas. .......................................................... 58

Figura 40: Plano imaginário que tangencia a curvatura da terra. ............................................. 58

Page 10: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

7

Figura 41: Distâncias entre o ponto de reflexão e as alturas das antenas redefinidas.

................................................................................................................ 59 Figura 42: Tela criada para o modelo terra esférica. ................................................................ 61 Figura 43: Atenuação na vertical e horizontal obtidas através do programa............................ 62 Figura 44: Potência recebida na vertical e horizontal obtidas pelo programa. ......................... 63

Page 11: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

8

LISTAS DE TABELAS

Tabela 1: Parâmetros de material nas diversas frequências. .................................................... 33 Tabela 2: Expoentes de perda de caminho para diferentes ambientes. .................................... 46

Tabela 3: Tabela de potências e distâncias obtidas em campo. ................................................ 47 Tabela 4: Tabela de potências e distâncias obtidas em campo. ................................................ 52 Tabela 5: Tabela de potências e distâncias obtidas em campo. ................................................ 55

Page 12: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

9

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

POO - Programação orientada a objeto

T - Transmissor

R - Receptor

EIRP - Effective Isotropic Radiated

VSWR -Voltage Standing Wave Ratio

TOE - Taxa de Onda Estacionária

LT - Linha de Transmissão

PLF - Polarization Loss Factor

AM - Amplitude Modulation

TEM - Transversal Eletromagnética

MMSE - Mini Mental State Examination

IEEE - Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos

IDE - Integrated Development Environment

Page 13: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

10

LISTA DE SÍMBOLOS

dB - Decibel

Km - Quilômetros

Hz - Hertz

G - Giga

W - Watts

dBm - Medida de potência em decibel com referência um miliwatt.

M - Mega

F - Faraday

S - Siemens

Page 14: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

11

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 12

2 PROBLEMA, PROPOSTA, OBJETIVOS E JUSTIFICATIVA ..................................... 13

2.1 Problema ................................................................................................................... 13 2.2 Proposta .................................................................................................................... 13 2.3 Objetivo geral ........................................................................................................... 13

2.3.1 Objetivos específicos ............................................................................................ 13 2.4 Justificativa ............................................................................................................... 13

3 METODOLOGIA ............................................................................................................. 14

4 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 15

4.1 Propagação de ondas de rádio .................................................................................. 15 4.2 Teoria de propagação no espaço livre ...................................................................... 16 4.3 Método de propagação no modelo terra plana.......................................................... 16 4.4 Propagação em obstrução ......................................................................................... 17

4.4.1 Difração devido a obstáculo isolado do tipo “gume-de-faca” .............................. 17

4.5 Teoria de propagação no modelo Log – Distância ................................................... 17

4.6 Variabilidade de um sinal em larga escala ............................................................... 18 4.7 Teoria do modelo terra plana equivalente ................................................................ 18

5 DESENVOLVIMENTO ................................................................................................... 20

5.1 Tela principal do programa....................................................................................... 20 5.2 Modelo de propagação espaço livre ......................................................................... 20

5.2.1 Validações ............................................................................................................ 24

5.3 Modelo da terra plana ............................................................................................... 26 5.3.1 Reflexão de dielétricos ......................................................................................... 31 5.3.2 Validações ............................................................................................................ 34

5.4 Geometria por zona de Fresnel ................................................................................. 37 5.4.1 Modelo de propagação difração por gume de faca ............................................... 40

5.4.2 Validações ............................................................................................................ 42 5.5 Modelo de perda de caminho Log-Distância ............................................................ 44

5.5.1 Validações ............................................................................................................ 46 5.6 Sombreamento Log-Normal ..................................................................................... 47

5.6.1 Validações ............................................................................................................ 51

5.7 Determinando a porcentagem de área coberta .......................................................... 53 5.7.1 Validações ............................................................................................................ 55

5.8 Modelo Terra Esférica .............................................................................................. 57 5.8.1 Modelo terra plana equivalente ............................................................................ 59

5.8.2 Validações ............................................................................................................ 61

6 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 64

6.1 Conclusão e considerações finais ............................................................................. 64 6.2 Sugestões para trabalhos futuros .............................................................................. 64

7 REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 65

Page 15: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

12

1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo serão abordados: uma introdução sobre os modelos de propagação de ondas

eletromagnéticas, a proposta do trabalho e como será organizado.

Segundo Rappaport (2009), os modelos de propagação tradicionalmente têm focado a

previsão de uma intensidade de média de sinal recebido à determinada distância do

transmissor, além da variabilidade da intensidade do sinal em áreas próximas a um local

particular. Os modelos de propagação que preveem a intensidade média do sinal para uma

distancia de separação transmissor-receptor (T-R) qualquer, são úteis na estimativa da área de

cobertura de rádio de um transmissor e são chamados de modelos de propagação em larga

escala, pois caracterizam a intensidade do sinal em grandes distâncias de separação T-R

(varias centenas ou milhares de metros). Porém, modelos de propagação que caracterizam as

flutuações rápidas da intensidade do sinal recebido para distancias muito curtas (alguns

comprimentos de onda) ou para curtas durações (na ordem de segundos) são chamados de

modelos em pequena escala ou modelos de atenuação.

A proposta desse trabalho consiste no desenvolvimento de um software em Java, construído

através do software Eclipse com intuito de resolver cálculos que analiticamente seriam mais

complicados de resolver.

A organização desse trabalho consiste em revisão bibliográfica dos modelos de propagação

implementados; metodologia, que trata das etapas de elaboração do projeto; desenvolvimento,

onde serão apresentadas as validações e as telas do programa; e conclusão, onde serão

apresentados os resultados obtidos.

Page 16: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

13

2 PROBLEMA, PROPOSTA, OBJETIVOS E JUSTIFICATIVA

2.1 Problema

Os modelos de propagação de ondas eletromagnéticas são resolvidos utilizando apenas

caneta, calculadora e papel. Como fazer para efetuar essas contas de forma rápida e clara?

2.2 Proposta

A proposta é, implementar por meio de programação em Java os modelos de propagação de

ondas eletromagnéticas que torne possível solucionar o problema em questão.

2.3 Objetivo geral

Desenvolver um programa de computador capaz de efetuar cálculos de forma rápida e precisa,

a fim de obter parâmetros, tais como atenuações, potência recebida e eficiência utilizando

modelos empíricos e físicos de propagação de ondas eletromagnéticas.

2.3.1 Objetivos específicos

Implementar os seguintes modelo físicos de propagação:

Modelo do espaço livre;

Modelo da terra plana;

Modelo terra esférica;

Modelo de difração por gume-de-faca;

Validar os modelos implementados;

Implementar os seguintes modelos empíricos de propagação:

Modelo log-distância;

Modelo log-normal;

Modelo de percentagem de área coberta;

Validar os modelos implementados.

2.4 Justificativa

A implementação desses modelos de propagação de ondas eletromagnéticas utilizando

programação orientada a objeto trará uma eficiência maior na hora de requisitar parâmetros na

área de telefonia e enlaces de micro-ondas.

Page 17: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

14

3 METODOLOGIA

Este trabalho foi desenvolvido com base em pesquisas e testes envolvendo IDEs de

desenvolvimento de softwares e a escolha dos mais adequados modelos de propagação de

ondas eletromagnéticas para ser implementados. As informações foram obtidas em livros,

sites e também com auxílio de profissionais que já atuam com desenvolvimento de softwares

e que tenham conhecimento em propagação de ondas eletromagnéticas. Deste modo, obtém-se

um melhor esclarecimento de ideias e como será desenvolvimento o trabalho.

Tendo ideia do que poderia ser o estudo, a fim de elaborar o trabalho de curso, realizou-se um

pré-projeto, de forma a se obter um direcionamento para o desenvolvimento do projeto final.

Analisaram-se os meios mais viáveis de se alcançar os objetivos, conhecendo melhor a

programação em Java e suas IDEs desenvolvimento e aprofundando-se na área de propagação

de ondas eletromagnéticas.

Após o aprofundamento em desenvolvimento de softwares em programação Java, definiu-se a

melhor maneira de desenvolver o projeto. Levantou-se o que seria preciso para o

desenvolvimento do software. Pesquisas foram feitas e posteriormente, foram adquiridos tudo

que seria necessário para o desenvolvimento do trabalho.

O foco do trabalho é o desenvolvimento de um software capaz de agilizar e facilitar o cálculo

de parâmetros muito importantes para transmissão de ondas eletromagnéticas em enlaces de

micro-ondas e cobertura de área telefônica.

De acordo com o objetivo do trabalho, definiram-se os modelos de propagação que seriam

implementados e na construção do programa, definiu-se quais variáveis seriam as de entrada.

Com todos os modelos de propagação implementados e testados com ajuda de exercícios

retirados de fontes confiáveis, gerou-se a primeira versão do software, após a avaliação do

mesmo, obteve-se a versão final, afim de que atendesse o objetivo da melhor forma possível.

Page 18: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

15

4 REFERENCIAL TEÓRICO

Nessa seção é feita uma breve abordagem teórica dos tópicos que compõem este trabalho

principalmente sobre propagação de ondas eletromagnéticas.

4.1 Propagação de ondas de rádio

Segundo Rappaport (2009), os mecanismos por trás da propagação de onda eletromagnetica

são diversos, mas geralmente podem ser atribuidos a reflexão, difração e disperção. A maioria

dos sistemas de rádio-celular opera em áreas urbanas onde não existe caminho de linha de

visão direto entre transmissor e receptor, e onde a presença de prédios muito altos causa perda

severa pela difração. Devida a várias muitas reflexões de vários objetos, as ondas

eletromagnéticas trafegam por vários caminhos de tamanhos variáveis. A interação entre essas

ondas causa uma distorção de caminhos multiplos em um local especificos e as intensidades

das ondas diminuiem à medida que a distância entre transmissor e receptor aumenta.

Os modelos de propagação tradicionalmente têm focado a previsão de uma intesidade de sinal

recebido a uma determinada distância do transmissor, além da variabilidade do sinal em áreas

próximas a um local particular. Os modelos de propagação que preveêm intesidade do sinal

para uma distancia de separação transmissor-receptor (T-R) qualquer são uteis na estimativa

de área de cobertura de rádio de um transmissor e são chamados modelos de propagação em

larga escala, pois caracterizam a intensidade do sinal para grandes distâncias de separação T-

R (várias centenas ou milhares de metros). Porém, modelos de propagação que caracterizam

flutuações rápidas da intensidade do sinal recebido para distâncias muito curtas (alguns

comprimentos de ondas) ou para curtas durações (na ordem de segundos) são chamados

modelos em pequena escala ou modelos de atenuação (Figura 1).

Page 19: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

16

Figura 1: Enfraquecimento em pequena e larga escala.

Fonte: Rappaport (2009).

4.2 Teoria de propagação no espaço livre

Segundo Rappaport (2009), o modelo de propagação no espaço livre é usado para prever a

intensidade do sinal recebido quando o transmissor e receptor possuem um caminho de linha

de visão limpo, desobistruído, entre eles. Os sistemas de comunicaçao por satélites e os

enlaces de rádios de microondas com linha de visão normalmente experimentam uma

propagação no espaço livre. Assim, como a maioria dos modelos de propagação de ondade

rádio em grande escala, o modelo espaço livre prevê que a potência recebida diminui como

uma função da distância de separação T-R elevada a uma potencia (ou seja, uma função da lei

da potência).

4.3 Método de propagação no modelo terra plana

Segundo Rappaport (2009), o modelo terra plana leva em consideração a visada entre as

antenas T-R, como no modelo espaço livre. A grande diferença é que o modelo Terra Plana

considera para os cálculos as componentes refletidas da onda na superfície terrestre. Ou seja,

para determinar o sinal resultante em uma das pontas é necessário conhecer o coeficiente de

reflexão. O coeficiente é determinado através de fórmulas e dependerá do ponto de reflexão

na superfície da Terra, além da polarização da onda que está sendo refletida. Para

encerramento, este modelo não é adotado para grandes distâncias, uma vez que ele não

considera em seus cálculos a curvatura da Terra.

Page 20: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

17

4.4 Propagação em obstrução

Segundo Rappaport (2009), a difração permite que sinais de rádio se propaguem ao redor da

superfície curva da terra, além do horizonte, e por trás de obstruções. Embora a força do

campo recebido diminua rapidamente enquanto o receptor se move mais profundamente em

direção a região obstruída (sombra), o campo de difração ainda existe e normalmente tem

força suficiente para produzir um sinal útil. O fenômeno de difração pode ser explicado pelo

princípio de Huygens, que afirma que todos os pontos em uma frente de onda podem ser

considerados como fontes pontuais para produção de ondas secundárias, e essas ondas

secundárias se combinam para produzir uma nova frente de onda na direção de propagação. A

difração é causada pela propagação das ondas secundárias em uma região sombreada. A

intensidade do campo de uma onda difratada na região sombreada é a soma vetorial das

componentes de campo elétrico de todas as ondas secundárias no espaço em torno do

obstáculo.

4.4.1 Difração devido a obstáculo isolado do tipo “gume-de-faca”

Trata-se do método mais simples para o cálculo do efeito da perda por difração causada por

um obstáculo no percurso da onda eletromagnética. O obstáculo é modelado por um semi-

plano posicionado transversalmente ao percurso do enlace. Para aplicações em teoria

eletromagnética, a intensidade do campo de uma onda difratada a um pico estreito, dito gume

de faca, é descrito pela expressão abaixo:

Onde é campo de espaço livre sem difração de gume de faca presente, F é o coeficiente de

difração e ∆φ é a diferença de fase em relação ao percurso da onda direta. 1

4.5 Teoria de propagação no modelo Log – Distância

Segundo Martins (2006), o modelo de propagação Log-Distância é baseado em resultados

experimentais. Utiliza métodos totalmente diferentes dos modelos físicos. Ele independe da

1 http://www.maxwell.lambda.ele.puc-rio.br/7623/7623_4.PDF

Page 21: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

18

frequência do sinal transmitido e do ganho das antenas transmissora e receptora. Além disso,

este modelo diz que a potência recebida diminui, em escala logarítmica, com a distância de

separação entre Tx e Rx. O modelo ainda conta com uma variável n, denominado expoente de

perda de trajeto. Isto é, dependendo do meio em que o sinal transmitido se propaga, a

variável n poderá assumir diferentes valores.

4.6 Variabilidade de um sinal em larga escala

De acordo com Junior (2011), a variabilidade de larga escala, também conhecida como efeito

de sombreamento, está associada a flutuações do nível de potência do sinal em torno do seu

valor médio, em razão das características do relevo e da morfologia do ambiente. Esta

variabilidade é bem modelada por uma distribuição Log-normal (ou distribuição Gaussiana,

se utilizada escala logarítmica).

4.7 Teoria do modelo terra plana equivalente

Segundo Melo (2008), este modelo é uma associação do modelo terra esférica ao modelo terra

plana, através da definição de uma plano de referência tangente à uma superfície esférica e de

um coeficiente de reflexão efetivo, obtido pela multiplicação do fator de divergência e o

coeficiente de reflexão ℾ. A Figura 2 representa esse modelo, onde equivale a altura

equivalente do transmissor e do receptor, utiliza no modelo terra plana equivalente, e é a

distância equivalente percorrida pela onda refletida. Nos casos práticos , o que

permite fazer aproximações:

e

. Com auxílio da Figura 2, pode-se observar

que e

. Através de todas essas aproximações, pode-se considerar

que os resultados encontrados pelo modelo terra plana equivalente são válidos para o modelo

terra esférica.

Page 22: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

19

Figura 2: Representação do modelo terra plana equivalente.

Fonte: Predição da intensidade do campo elétrico da onda de superfície utilizando redes

neutrais artificiais (2008).

Page 23: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

20

5 DESENVOLVIMENTO

Descreve-se, neste capitulo, como foi validado as informações obtidas pelo programa, e as

informações teóricas encontradas para cada modelo de propagação.

5.1 Tela principal do programa

Ao abrir o programa o usuário verá o layout da Figura 3, o mesmo é criado com intuito de que

a navegação seja fácil e objetiva. O programa contém as divisões de modelos, tais como os

empíricos, físicos e a divisão dos gráficos. Os modelos empíricos são utilizados pra se obter

valores reais, tanto que é preciso ir a campo e fazer medições, os modelos físicos são

utilizados para se obter valores analíticos, ou seja, que são obtidos através de fórmulas e os

gráficos que alguns modelos, tanto empíricos quanto físicos utilizam são usados para se obter

parâmetros de suma importância para os resultados dos modelos de propagação.

Figura 3: Tela principal do programa.

5.2 Modelo de propagação espaço livre

Segundo Rappaport (2009), a potência no espaço livre recebida por uma antena receptora que

está separada de uma antena transmissora, irradiando, por uma distância d é dada pela

equaçãodo espaço livre de Friis,

Onde Pt é a potência transmitida, Pr (d) é a potencia recebida, que é uma função da separação

Page 24: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

21

T-R, Gt é o ganho da antena transmissora, Gr é o ganho da antena receptora, d é a distancia de

separação entre T-R em metros, L é o fator de perda do sistema não relacionado a propagação

(L 1) e “lambda” é o comprimento de onda em metros. O ganho de uma antena está

relacionado à sua abertura efetiva, Ae por

A aberturaefetiva Ae está relacionada ao tamanho físico da antena e “lambda” está relacionado

à frequencia da portadora por meio de

onde f é a frequencia da portadora em Hertz, c é a frequencia da portadora em radianos, e c é

a velocidade da luz em metros/s. Os valores para Pt e Pr devem ser expressos na mesma

unidade e Gt e Gr são quantidades sem dimensão. As perdas variadas L (L 1) normalmente

são devidas à atenuação da linha de de recepção, perdas de filtro e perdas da antena no

sistema de comunicação. Um valor de L = 1 indica nenhuma perda no hardware do sistema.

A equação 5.1, mostra que a potencia cai conforme o quadrado da distância de separação T-R.

Isso implica que a potência recebida cai com a distancia em uma taxa de 20db/década.

Um radiador isotrópico é uma antena ideal que irradia uma potência com ganho unitário

uniformente em todas as direções, e normalmente é usado para referenciar ganhos de antena

em sistemas sem fio. A potência irradiada isotropica efetiva [Effective Isotropic Radiated

(EIRP)] é definida como

e representa a potência irradiada máxima disponível de um transmissor na direção do ganho

máximo da antena, em comparação com irradiador isotrópico.

A perda do caminho, representa a atenuação do sinal como uma quantidade positiva, medida

em dB, é definida como a diferença (em dB) entre potência transmitida efetiva e potência

Page 25: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

22

recebida, e pode ou não incluir o efeito dos ganhos das antena. A perda do caminho para o

modelo espacial quando os ganhos das antenas são incluidos é dada por

[

]

Quando os ganhos das antenas são excluídos, as antenas são consideradas como tendo ganho

unitário, e a perda do caminho é dada por

[

]

Segundo Soares (2013), a eficiência de transmissão pode ser analisada através de uma

representação em um circuito como o mostrado na figura 4.

Figura 4: Linha de transmissão de micro-ondas

Fonte: Modelos físicos e clássicos (2013)

Onde Prad, é então, a potência média dissipada em RA = Real (ZA). Se os descasamentos nas

junções forem pequenos, então pode-se calcular a razão Prad / PT (= €Tx) da seguinte forma:

|ℾ | |ℾ |

onde |ℾ| é o modulo do coeficiente de reflexão na junção correspondente :

|ℾ | |

| |ℾ | |

|

Page 26: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

23

onde Zg é a impedância do gerador, Zo é a impedância da linha de transmissão e ZA é a

impedância da antena.

Na recepção, o procedimento é análogo. Agora, a antena Rx opera como se fosse um gerador

(com impedância interna igual à da antena) e o receptor é a carga, como pode-se observar na

figura 5.

Figura 5: Linha de recepção de micro-ondas

Fonte: Modelos físicos e clássicos (2013).

Onde PR, é então, a potência média dissipada em RC = Real (Zc). Se os descasamentos nas

junções forem pequenos, então pode-se calcular a razão Prad / PT (= €Tx) da seguinte forma:

|ℾ | |ℾ |

onde |ℾ| é o modulo do coeficiente de reflexão na junção correspondente :

|ℾ | |

| |ℾ | |

|

onde ZA é a impedância da antena, Zo é a impedância da linha de transmissão e ZC é a

impedânciado receptor.

Nas junções entre linhas de transmissão e transmissão, receptor ou antena o descasamento de

impedância é geralmente caracterizado através da TOE (taxa de onda estacionária), em inglês

denominada VSWR (voltage standing wave ratio). A relação entre a TOE e o módulo do

Page 27: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

24

coeficiente de reflexão correspondente é:

|ℾ|

|ℾ| |ℾ|

5.2.1 Validações

O modelo espaço livre é composto por quatro parâmetros e os mesmos são calculados pelo

programa desenvolvido, tais como, a atenuação do espaço livre, a eficiência na transmissão e

recepção, a atenuação total e a potência recebida. Na Figura 6 segue a tela correspondente ao

modelo espaço livre.

Figura 6: Tela do modelo espaço livre

Page 28: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

25

De forma a validar os valores obtidos pelo programa desenvolvido, utilizou-se o exemplo a

seguir.

“Exercício:

Sejam d = 10 km, f = 1Ghz, = 15 e = 15 dB e = 10W. Nas duas LT’s, as perdas

ôhmicas equivalem a 2dB (em cada uma) e as TOE’s em cada uma das quatro junções é de

1,5. Assuma casamento de polarização (PLF = 1). a) Ache atenuação do espaço livre, b)

Ache as eficiências de transmissão e recepção, c) Ache a atenuação total e d) Ache a potência

na recepção. a) R = 112,44dB; b) R = -2,354; c) R = 90,38dB; d) R = -50,38dBm.”

O primeiro parâmetro a ser validado é atenuação do espaço livre e como pode ser visto, na

solução analítica obteve-se 112,44 dB e no programa o valor obtido é 112,44177 dB. Assim,

pode-se comprovar a veracidade da informação obtida pelo programa para este parâmetro,

pois os valores obtidos são praticamente os mesmos. Na figura 7 segue o valor obtido pelo

programa.

Figura 7: Atenuação do espaço livre obtida pelo programa.

Como visto na resolução analítica, o valor da eficiência na transmissão e na recepção é -

2,354, mas as mesmas poderiam ser diferentes, pois o fato dos valores de perda nas junções

ser iguais faz com que as eficiências também sejam. O valor obtido pelo programa é -

2,3545756, assim pode-se comprovar que a resposta do programa está correta. Na figura 8

segue o valor encontrado pelo programa.

Page 29: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

26

Figura 8: Eficiência na transmissão e recepção encontradas pelo programa.

A atenuação total obtida analiticamente é 90,38 dB e como pode ser visto na figura 9, o valor

encontrado pelo programa, que é de 90,39092 dB é praticamente o mesmo ao encontrado

analiticamente.

Figura 9: Atenuação encontrada pelo programa.

O valor encontrado para a potência total analiticamente é -50,38 dBm. Utilizou-se o programa

para encontrar a potência total e o valor obtido é -50,38652 dBm. Desta forma pode-se

comprovar que a potência total encontrada pelo programa é praticamente igual a obtida

analiticamente. Na figura 10 segue o valor encontrado pelo programa.

Figura 10: Potência total obtida pelo programa.

5.3 Modelo da terra plana

Segundo Soares (2013), o modelo completo considera três componentes do campo, o campo

direto, a onda espacial e o campo refletido e a onda de superfície que desconsiderada em

projetos mais simples. Tais componentes podem ser observadas na Figura 11.

Page 30: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

27

Figura 11: Campo direto, Campo refletido, onda espacial e onda de superfície.

Fonte: Modelos físicos e clássicos (2013)

A onda de superfície é utilizada como mecanismo de propagação em frequências muito baixas

(até HF – 30MHz). Exemplo: Radiodifusão AM.

São geralmente geradas por monopolos colocados sobre o solo (polarização vertical).

As perdas são relativamente altas, por causa do grande acoplamento com o solo. Mas, como a

frequência é muito baixa, e consequentemente, o comprimento de onda é muito grande, as

distâncias alcanças em metros acabam sendo elevadas.

Para a onda espacial, esta é divida em campo direto (de Tx até Rx) e refletido (na realidade,

espalhado pelo solo).

No limite assintótico (ou seja, quando o comprimento de onda λ, for muito menor do que as

dimensões dos obstáculos ou, presente caso, do que as distâncias e alturas pertinentes), a onda

espacial pode ser tratada através do rastreamento de raios, já que o campo direto e aquele que

incide sobre Rx após a reflexão no solo são todos (praticamente) localmente Transversal

Eletromagnéticas (TEM’s).

Para o campo refletido (Er), utilizam-se conceitos de óptica geométrica, sempre considerando

que as distâncias e dimensões envolvidas são maiores do que o comprimento de onda. Pode-se

observar o campo imediatamente antes da reflexão na figura 12.

Page 31: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

28

Figura 12: Campo imediatamente antes da reflexão

Fonte: Modelos físicos e clássicos (2013).

O campo incidente imediatamente antes do ponto de reflexão (P) é dado pela equação 5.12

(

)

Sendo R1>> λ, o campo incidente sobre P pode ser aproximadamente considerado como

localmente plano (onda plana incidente). Neste caso, o campo refletido imediatamente após P,

que pode ser visto na equação 5.13, vem multiplicado pelo coeficiente de reflexão de Fresnel

ℾ .

ℾ √

(

)

A figura 13 mostra o campo refletido imediatamente depois do ponto de reflexão.

Page 32: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

29

Figura 13: Campo imediatamente após do ponto de reflexão

Fonte: Modelos físicos e clássicos (2013).

Do ponto P até Rx, a onda se propaga como se fosse uma onda esférica vinda da imagem de

Tx abaixo do solo plano. Observando a imagem de Tx é possível observar que a somando-se

as distâncias R1 e R2 obtêm-se a distância total de Tx e Rx e também se deduz a equação 5.14

que é a do campo refletido. Na figura 16 pode-se observar o campo refletido chegando à

antena receptora.

ℾ √

(

)

Onde é o campo refletido, ℾ é o coeficiente de reflexão de Fresnel, é a impedância

intrísica do meio, PT é a potência de transmissão da antena, GT é o ganho da antena, k é a

constante de propagação, R1 é à distância de Tx até o ponto de reflexão e R2 é a distancia do

ponto de reflexão até Rx.

Page 33: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

30

Figura 14: Campo refletido

Fonte: Modelos físicos e clássicos (2013).

O campo total é então dado pela soma do campo direto e o campo refletido (Figura 14).

Porém, deve-se tomar cuidado com a orientação (polarização) dos campos, em particular para

polarização vertical. Pode-se ser visto na figura 17 um esboço das polarizações vertical e

horizontal.

Figura 15: Polarização dos campos direto e refletido

Fonte: Modelos clássicos e físicos (Pt.1)

Assumindo que o comprimento do enlace (d) é muito maior do que as alturas das antenas (hT

e hR), então o ângulo de incidência do raio refletido é 90º ( θi 90º) e, consequentemente,

γ 0º . Logo, as orientações do campo direto (Ed) e do campo refletido (Er) serão

praticamente idênticas. Neste caso, independentemente da polarização ser horizontal ou

vertical a soma do campo direto resultado o campo total como pode ser visto na equação

abaixo.

Page 34: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

31

(

) ℾ √

(

)

5.3.1 Reflexão de dielétricos

Segundo Rappaport (2009), a Figura 16 mostra uma onda eletromagnética incidente em um

angulo θi com o plano que demarca o limite entre dois dielétricos. Como se pode ver na

Figura, parte da energia é refletida de volta ao primeiro meio em um ângulo θr, e parte é

transmitida (refratada) ao segundo meio a um angulo θt. A natureza da reflexão varia com a

direção da polarização do campo E. O comportamento para direções arbitrárias pode ser

estudado considerando-se os dois casos distintos mostrados na Figura 16. O plano de

incidência é definido como o plano contendo os raios incidentes, refletidos e transmitidos. Na

Figura 16a, a polarização do campo E é paralela ao plano de incidência (ou seja, o campo E

tem uma polarização vertical, ou componente normal, com relação à superfície refletora) e na

Figura 16b a polarização do campo E é perpendicular ao plano de incidência (ou seja, o

campo E incidente está apontando da página para o leitor, e é perpendicular a página e

paralelo à supefície refletora).

A Figura 16, os subscritos i, r e t referem-se aos campos incidente, refletido e transmitido

respectivamente. Os parâmetros ε1,μ1,ϭ1 e ε2,μ2,ϭ2 representam a permissividade,

permeabilidade e a condutância dos dois meios respectivamente.

Page 35: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

32

Figura 16: Geometria para o cálculo dos coeficientes de reflexão entre dois dielétricos

Fonte: Rappaport (2009)

Em geral, as constantes dielétricas de um dielétrico perfeito (sem perdas) está relacionada a

um valor relativo de permissividade, εr, tal que ε = ε0 εr , onde ε0 é uma constante dada por 8,85

x 10-12

F/m. Se um material dielétrico tiver perdas, ele absorverá potência e pode ser descrito

por uma constante dielétrica complexa dada por

ε = ε0 εr - j ε’ (5.16)

onde

ε’=

e ϭ é a condutividade do material, medida em siemens/metro. Os termos εr e ϭ geralmente são

insensíveis a frequênciade operação quando o material é um bom condutor (f < ϭ/( ε0 εr). Para

dielétricos com perdas, ε0 e εr geralmente são constantes com a frequência, mas ϭ pode ser

sensível à frequencia de operação como mostra a tabela 1. As propriedades elétricas de uma

grande gama de materiais foram caracterizadas em uma grande faixa de frequência por Von

Hipple.

Page 36: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

33

Tabela 1: Parâmetros de material nas diversas frequências.

Fonte: Rappaport (2009)

Por conta das sobreposições, somente duas posições ortogonais precisam ser consideradas

para resolver problemas gerais de reflexão. Os coeficientes de reflexão para os dois casos de

polarização do campo E, paralelo e perpendicular, no limite dos dois dielétricos são dados por

ℾ|| √

ℾ √

Segundo Soares (2013), para obter a atenuação do modelo terra plana, observa-se inicialmente

que, segundo este modelo, o campo na recepção é

Material Permissividade

relativa

Condutividade ϭ

(s/m)

Frequência

Solo Fraco 4 0,001 100

Solo Tipico 15 0,005 100

Solo bom 25 0,02 100

Água do mar 81 5,0 100

Água do potável 81 0,001 100

Tijolo 4,44 0,001 4000

Calcário 7,51 0,028 4000

VidroCorning 707 4 0,00000018 1

VidroCorning 707 4 0,000027 100

VidroCorning 707 4 0,005 10.000

Page 37: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

34

onde ℾ ℾ

e o coeficiente de reflexão ℾ

é dado de acordo com a polarização.

5.3.2 Validações

Este modelo além de considerar a atenuação do espaço livre, a eficiência na transmissão e

recepção e a potência total, também considera a atenuação e potência na vertical e na

horizontal, pois o modelo terra plana considera o raio refletido pelo solo e o mesmo pode

causa um efeito construtivo ou destrutivo na recepção. Na Figura 17 pode-se observar a tela

do modelo terra plana.

Figura 17: Tela do modelo terra plana

Page 38: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

35

O modelo terra plana tem alguns parâmetros incomum com o modelo espaço livre, tais como

a eficiência na transmissão e recepção e a atenuação do espaço livre, pois este modelo

também leva em consideração a visada direta. Para ato de validação deste modelo, utilizou-se

o exemplo a seguir.

“Exercício:

Sejam d = 10 km, f = 1Ghz, = 15 e = 15 dB, = 10W e . Nas duas

LT’s, as perdas ôhmicas equivalem a 2 dB (em cada uma) e as TOE’s em cada uma das

quatro junções é de 1,5. Assuma casamento de polarização (PLF = 1). O solo possui

permissividade relativa de e condutividade do solo é . a) Ache atenuação do

espaço livre, b) Ache as eficiências de transmissão e recepção, e)Ache a potência na vertical

e horizontal e f) Ache a atenuação na vertical e horizontal. a) R = 112,44 dB; b) R = -2,354;

c) Potência vertical: -60,29 dBm, Potência Horizontal: -78,92 dBm; d) Atenuação vertical:

100,29 dB, Atenuação Horizontal: 118,92dB.”

A eficiência na recepção e transmissão e a atenuação do espaço livre possuem valores iguais a

do espaço livre, pelo fato do exercício ser continuação. Desta forma não é necessário repetir

tais valores.

A potência na vertical encontrada analiticamente é -60,29 dBm e na horizontal é -78,92 dBm,

respectivamente, as potências vertical e horizontal obtidas pelo programa são -

59,846115dBm e -78,558464 dBm. Comparando os valores pode-se observar que os valores

encontrados pelo programa estão próximos e até mais exatos que os encontrados

analiticamente, pois analiticamente são realizados muitos arredondamentos. Na figura 18

segue as potências recebidas na vertical e horizontal encontradas pelo programa.

Page 39: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

36

Figura 18: Potências recebidas pela antena na vertical e horizontal.

As atenuações na vertical e horizontal obtidas analiticamente, respectivamente são 100,29 dB

e 118,92 dB. Para meio de validação as atenuações na vertical e horizontal encontradas pelo

programa, respectivamente são 99,846115 dB e 118,55406 dB, assim, pode-se notar que os

valores são muito próximos e mais exatos. Dessa forma comprova-se a veracidade das

informações cedidas pelo programa. Na figura 19 segue as atenuações na vertical e horizontal

encontradas pelo programa.

Figura 19: Atenuações na vertical e horizontal encontradas pelo programa.

Page 40: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

37

5.4 Geometria por zona de Fresnel

Segundo Rappaport (2009), considerando que uma tela obstrutora de altura efetiva h com

largura infinita (entrando e saindo do papel) seja colocada entre eles a uma distância do

transmissor e do receptor. Observa-se que a onda propagando do transmissor ao receptor

por meio do topo da tela trafega uma distância maior do que se houvesse um caminho direto

da linha de visão (através da tela). Supondo que h << e h >> λ, então a diferença entre

o caminho direto e caminho difratado, chamada extensão do caminho em excesso pode

ser obtida pela geometria

A diferença de fase correspondente é dada por

e quando , então pela Figura 13c e

(

)

A equação a cima é frequentemente normalizada usando o parâmetro de difração sem

dimensão de Fresnel-Kirchoff, que é dado por

onde tem unidade em radianos.

O conceito de perda de difração como uma função da diferença de caminho em torno de uma

obstrução é explicada pelas zonas de Fresnel. As zonas de Fresnel representam regiões

sucessivas onde ondas secundárias tem uma extensão de caminho do transmissor ao receptor

Page 41: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

38

que é maior que a extensão total de um caminho na linha visão A Figura 20 demonstra

um plano transparente localizado entre um transmissor e um receptor.

Figura 20: Círculos concêntricos que definem os limites das zonas de Fresnel sucessivas.

Fonte: Rappaport (2009)

Os círculos concêntricos no plano representam os locais das origens das ondas secundárias

que se propagam ao receptor de modo que a extensão total do caminho aumenta por para

círculos sucessivos. Esses círculos são chamados de zonas de Fresnel. As zonas de Fresnel

sucessivas possuem o efeito de oferecer alternadamente interferência construtiva e destrutiva

ao sinal recebido total. O raio do n-ésimo círculo da zona de Fresnel é indicado por e pode

ser expresso em termos de por

Essa aproximação é válida para .

A extensão total do caminho atravessado por um raio passado por cada círculo é , onde n

é um inteiro. Assim, o caminho atravessando o círculo menor correspondente a n = 1 na

Figura 14 terá uma extensão de caminho em excesso de em comparação com o caminho

da linha de visão, e os círculos correspondentes a n = 2, 3, etc. terão um caminho e excesso de

etc. Os raios dos círculos concêntricos dependem do local do plano. A zonas de

Fresnel da Figura 22 terão raios máximos se o plano estiver a meio caminho entre o

transmissor e receptor, e os raios se tornam menores quando o plano é movido em direção ao

Page 42: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

39

transmissor ou ao receptor. Esse efeito ilustra como o sombreamento é sensível à frequência,

além do local das obstruções com relação ao transmissor e receptor.

Nos sistemas de comunicações móveis, a perda de difração ocorre pelo bloqueio das ondas

secundárias, de modo que apenas uma parte da energia é difratada em todo de um obstáculo.

Ou seja, uma obstrução causa um bloqueio na energia de algumas das zonas de Fresnel,

permitindo assim que apenas parte da energia transmitida alcance o receptor. Dependendo da

geometria da obstrução, a energia recebida será uma soma vetorial das contribuições de

energia em todas as zonas de Fresnel desobstruídas.

Como pode ser vista na Figura 21, um obstáculo pode bloquear o caminho de transmissão, e

uma família de elipsoides pode ser construída entre transmissor e receptor juntando-se

todos os pontos para os quais o atraso no caminho em excesso é múltiplo inteiro de meio

comprimento de onda.

Figura 21: Ilustração das zonas de Fresnel para diferentes cenários de difração de gume de

faca.

Fonte: Rappaport (2009).

Page 43: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

40

As elipsoides representam zonas de Fresnel. Observe que as zonas de Fresnel têm forma

elíptica com a antena do transmissor e do receptor em seus focos. Na Figura 21 aparecem

diferentes cenários de difração de gume de faca (knife-edge). Em geral, se uma obstrução não

bloqueia o volume contido dentro da primeira zona de Fresnel, então a perda de difração será

mínima, e os efeitos da difração podem ser desprezados. Na verdade, uma regra prática usada

para o projeto de enlaces de micro-ondas com a linha de visão é que, desde que 55% da zona

de Fresnel seja mantida limpa, então qualquer outra desobstrução da zona não altera

significativamente a perda de difração.

5.4.1 Modelo de propagação difração por gume de faca

Estimar a atenuação causada pela difração das ondas de rádio sobre montanhas e prédios é

essencial na previsão da intensidade de campo em determinada área de serviço. Geralmente, é

impossível fazer estimativas exatas das perdas de difração e, na prática, a previsão é um

processo de aproximação teórica modificado por correções empíricas necessárias. Embora o

cálculo das perdas de difração em terreno complexo e irregular seja um problema

matematicamente difícil, foram derivadas expressões para perdas de difração para muitos

casos simples. Como um ponto de partida, o caso limitador da propagação por um gume de

faca (knife-edge) oferece uma boa idéia sobre as ordens de grandeza da perda de difração.

Quando o sombreamento é causado por um único objeto, como uma colina ou montanha a

atenuação causada pela difração pode ser estimada tratando-se da obstrução como uma

difração por gume de faca. Esse é o modelo de difração mais simples, e a perda por difração

nesse caso pode ser prontamente estimada usando a solução de Fresnel clássica para um

campo atrás de um gume de faca (também chamado de meio plano). A Figura 22 ilustra essa

técnica.

Page 44: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

41

Figura 22: Ilustração da geometria a difração de gume de faca. O receptor R está localizado na

região de sombra.

Fonte: Rappaport (2009).

Considere um receptor no ponto R, localizado na região sombreada (também chamado de

zona de difração). A intensidade do campo no ponto R da Figura 22 é uma soma vetorial dos

campos, devida a todas as fontes de Huygens secundárias no plano acima do gume de faca. A

intensidade do campo elétrico, , de uma forma difratada em gume de faca é dada por

onde é a intensidade de campo no espaço livre na ausência do solo e do gume de faca, e

F(v) é a integral de Fresnel complexa. A integral de Fresnel, F(v), é uma função do parâmetro

de difração de Fresnel-Kirchoff (v) definido na equação acima e normalmente avaliado por

meio de tabelas ou gráficos para determinados valores de v. O ganho de difração devido à

presença de um gume de faca, em comparação com o campo E no espaço livre, é dado por,

| |

Na prática, soluções gráficas e numéricas são utilizadas para calcular o ganho de difração.

Uma representação gráfica de como uma função de v é dada na Figura 23.

Page 45: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

42

Figura 23: Ganho de difração do tipo gume de faca como uma função do parâmetro de

difração de Fresnel v.

Fonte: Rappaport (2013).

5.4.2 Validações

O modelo gume-de-faca considera todos os parâmetros do modelo espaço livre, mas o que

difere o mesmo é que entre antena transmissora e receptora terá um obstáculo de forma a

impedir a passagem do sinal e assim causando uma atenuação do sinal e consequentemente

uma queda de potência na recepção. Os parâmetros que este modelo calculada além dos que

compõem o modelo espaço livre, é o fator de atenuação, que é calculado para se obter a

atenuação causada pelo obstáculo, através do gráfico da Figura 22 pode-se obter tal

atenuação. A tela do modelo gume-de-faca encontra-se na Figura 24.

Page 46: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

43

Figura 24: Tela desenvolvida para o modelo gume-de-faca.

Para meio de validação utilizou-se os slides “Modelos físicos e clássicos”, onde está o

exemplo que será utilizado para validar as informações informadas pelo programa.

“Exercício:

Sejam d = 10 km, f = 1Ghz, = 15 e = 15 dB, = 10W e . Nas duas

LT’s, as perdas ôhmicas equivalem a 2dB (em cada uma) e as TOE’s em cada uma das

quatro junções é de 1,5. Assuma casamento de polarização (PLF = 1). Altura do obstáculo é

301,953 m. a) Ache atenuação do espaço livre, b) Ache as eficiências de transmissão e

recepção, c) Ache a potência recebida, d) Ache a atenuação total, e)Ache o coeficiente de

Page 47: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

44

difração de Fresnel. a) R = 112,44dB; b) R = -2,354; c)R = -43,38 dBm d)R = 97,38 dB; e)

R = 0.101 ”

Os valores da atenuação do espaço livre e a eficiência na transmissão e recepção no modelo

gume-de-faca são iguais aos obtidos no modelo espaço livre, assim não necessita mostrar os

valores novamente.

O fator de atenuação é um parâmetro calculado no modelo gume-de-faca, pois o mesmo se

torna necessário para se achar a atenuação que tal obstáculo oferece para o sinal. O fator de

atenuação é utilizado após ser encontrado no gráfico do coeficiente de difração de Fresnel que

se encontra na Figura 25. Através do mesmo encontra-se a atenuação causada pelo obstáculo.

O fator de atenuação encontrado analiticamente é 0.101 (parâmetro adimensional) e o obtido

através do programa é 0.10085894. Como pode ser visto através dos resultados, o programa

retornou um resultado praticamente igual ao encontrado analiticamente e pode-se se dizer que

até mais exato.

Figura 25: Parâmetro de difração encontrado pelo programa.

Também pode ser visto na Figura 25 que o programa retorna uma mensagem informando ao

usuário, que o mesmo deve olhar no gráfico da Figura 23 o valor da atenuação que o objeto

que está obstruindo o sinal oferece. Este gráfico está no programa desenvolvido na parte dos

gráficos.

5.5 Modelo de perda de caminho Log-Distância

Segundo Rappaport (2009), os modelos de propagação teóricos e baseados em medições

indicam que a potência média do sinal diminui logaritmicamente com a distância, seja em

canais de rádio para interior e exterior. Esses modelos têm sido usados extensivamente na

Page 48: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

45

literatura. A perda de caminho média em grande escala para uma separação T-R qualquer é

expressa em como uma função da distância usando um expoente de perda de caminho, n.

(

)

ou

(

)

onde n é o expoente de perda de caminho que indica a velocidade com a qual essa perda

aumenta com relação à distância, é a distância de referência próxima que é determinada

pelas medições perto do transmissor, e d é a distância de separação T-R. As barras nas

equações acima indicam a média conjunta de todos os valores possíveis de perda de caminho

para determinado valor de d. Quando desenhada em uma escala log-log, a perda de caminho

modelada é uma linha reta com uma inclinação igual a 10n dB por dezena. O valor de n

depende do ambiente de propagação específico. Por exemplo, no espaço livre, n é igual a 2, e

qual existem obstruções n terá valor maior.

É importante selecionar a distância de referência no espaço livre que seja apropriada para o

ambiente de propagação. Em sistemas de celular com grande cobertura, distâncias de

referência de 1 km são comumente utilizadas, enquanto nos sistemas micro celulares,

distância muito menores (como 100 m ou 1m) são usadas. A distância de referência sempre

deve estar no campo distante da antena, de modo que os efeitos de campo próximo não

alterem a perda do caminho de referência. A perda do caminho é calculada usando-se a

fórmula de perda de caminho no espaço livre dada pela fórmula de Friis ou por medições de

campo com distância . A tabela 2 lista os expoentes típicos de perda de caminho obtidos em

diversos ambientes de rádio móvel.

Page 49: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

46

Tabela 2: Expoentes de perda de caminho para diferentes ambientes.

Fonte: Rappaport (2009).

Ambiente Expoente de perda de caminho, n

Espaço livre 2

Rádio-celular em ambiente urbano 2,7 a 3,5

Rádio-celular urbano sombreado 3 a 5

Na linha de visão do prédio 1,6 a 1,8

Obstruído no prédio 4 a 6

Obstruído em fábricas 2 a 3

5.5.1 Validações

O modelo log-distância é utilizado para calcular potência em qualquer ambiente, pois o

mesmo possui uma variável que é chamada de expoente do meio que caracteriza o meio onde

são realizadas as medições. A tela criada para o modelo log-distância segue na Figura 26.

Figura 26: Tela criada para o modelo log-distância.

Page 50: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

47

Para validar as informações obtidas pelo modelo log-distância, foi necessário utilizar o

exemplo a seguir.

“Exercício:

Em um teste de campo foram obtidos os seguintes valores de médias locais de potência:

Tabela 3: Tabela de potências e distâncias obtidas em campo.

d(m) 100 200 1000 3000

-5 -25 -40 -75

Assumindo um modelo log-distância onde a distância de referência é , estime a

potência recebida para uma distância de R = -62,38 dBm.”

A resposta obtida analiticamente é -62,38 dBm e a obtida pelo programa é -62,41 dBm, assim

pode-se observar que os valores são praticamente iguais e o valor obtido pelo programa até

mais exato e dessa forma pode-se observar que o programa retorna uma resposta verídica. Na

Figura 27 pode-se observar o valor encontrado pelo programa.

Figura 27: Potência recebida pelo modelo log-distância.

5.6 Sombreamento Log-Normal

Segundo Theodore S. Rappaport (2009), o modelo na equação 5.32 não considera o fato de

que o ruído ambiental ao redor pode ser muito diferente em dois locais distintos tendo a

mesma separação T-R. Isso leva a sinais medidos que são muito diferentes do valor médio

previsto pela equação 5.30. As medições tem mostrado que, para qualquer valor de d, a perda

Page 51: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

48

de caminho PL(d) em determinado local é aleatória e distribuída log-normalmente (normal em

dB) em torno do valor médio depende da distância. Ou seja,

[ ] (

)

onde é uma variável aleatória com distribuição gaussiana de média zero (em dB) com

desvio padrão (também em dB).

A distribuição log-normal descreve os efeitos aleatórios do sombreamento, que ocorrem em

um grande número de locais medidos que possuem a mesma separação T-R, mas com

diferentes níveis de ruído no caminho de propagação. Esse fenômeno é conhecido como

sombreamento log-normal. Colocado de uma forma simples, sombreamento log-normal

implica que os níveis de sinal medidos em uma separação T-R específica tem uma

distribuição gaussiana (normal) em torno da média dependente da distância na equação 5.30

onde níveis de sinal medidos têm valores em unidades de dB. Assim, os efeitos aleatórios do

sombreamento são responsáveis pelo uso da distribuição gaussiana, que pode ser vista na

Figura 28.

Figura 28: Distribuição gaussiana com média zero.

Fonte: Modelos físicos e clássicos (2013).

Page 52: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

49

A distância de referência próxima , o expoente de perda de caminho n e o desvio padrão ϭ

descrevem estatisticamente o modelo de perda de caminho para um local qualquer tendo uma

separação T-R específica, e esse modelo pode ser usado em simulações por computador para

fornecer níveis de potência recebida para locais aleatórios no projeto e análise do sistema de

comunicação.

Na prática, os valores de n e ϭ são calculados de dados medidos, usando regressão linear de

modo que a diferença entre as perdas de caminho medida e estimada são minimizadas pela

média do erro quadrático em relação a uma grande faixa de locais medidos e separações T-R.

O valor de na equação 5.30 é baseado nas medições próximas ou em uma suposição

de espaço livre a partir do transmissor até . Um exemplo de como o expoente de perda de

caminho é determinado a partir de dados medidos é visto a seguir. A Figura 29 ilustra os

dados medidos reais em diversos sistemas de rádio celular e demonstra as variações aleatórias

sobre a perda de caminho médio (em dB) devido ao sombreamento em separações T-R

específicas.

Figura 29: Gráfico disperso dos dados medidos e do modelo de perda de dados MMSE

correspondente para muitas cidades na Alemanha. Para esses dados, n = 2,7 e = 11,8 (de

Seide et al. IEEE)

Fonte: Rappaport (2009).

Page 53: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

50

Como PL(d) é uma variável aleatória com uma distribuição normal em dB em torno da média

dependente da distância, o mesmo acontece com , e a função Q ou função de erro (erf)

pode ser usada para determinar a probabilidade de que o nível do sinal recebido exceda (ou

fique abaixo de) um determinado nível. A função Q é definida como

√ ∫

[ (

√ )]

A probabilidade de que o nível do sinal recebido (em unidades de potência dB) um certo valor

de γ pode ser calculada a partir da função de densidade acumulada como

[ ] (

)

De modo semelhante, a probabilidade de que o nível do sinal recebido seja abaixo de é dada

por

[ ] (

)

O ábaco que descreve a função probabilidade pode ser visto na Figura 30.

Figura 30: Ábaco para função probabilidade.

Fonte: Modelos clássicos e físicos (2009).

Page 54: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

51

5.6.1 Validações

O modelo log-normal utiliza para dar resposta ao seu usuário, à entrada de dados reais, tanto

que o mesmo é chamado de modelo empírico. Na Figura 31 segue a tela criada para o modelo

log-normal. Vale ressaltar que o modelo log-normal é utilizado para calcular a probabilidade

de potência.

Figura 31 - Tela criada para o modelo log-normal

A meio de validar as informações fornecidas pelo programa utilizou-se o exemplo encontrado

nos slides “Modelos físicos e clássicos”.

“Exercício:

Em um teste de campo foram obtidos os seguintes valores de médias locais de potência:

Page 55: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

52

Tabela 4: Tabela de potências e distâncias obtidas em campo.

d(m) 100 200 1000 3000

-5 -25 -40 -75

Assumindo um modelo log-distância onde a distância de referência é , a) estime

a potência recebida para uma distância de b) Após achar a potência recebida

pelo modelo log-distância, utilize um sombreamento log-normal e estime qual a

probabilidade da potência recebida ser maior que -65 dBm para mesma

distância utilizada no modelo log-distância. a) R = -62,38 dBm. b) R = -0,425 e 66,4%. ”

O programa é dinâmico com o usuário, pois quantas medições o mesmo tiver realizado

poderão ser inseridas no programa, de forma a obter um resultado mais exato. As respostas

são garantidas se o usuário digitar valores que estejam entre os medidos, ou caso o contrário,

as informações obtidas estarão incorretas. Para o usuário informar as potências e as distâncias

medidas, aparecerão “janelas” ao clicar no botão “Probabilidade de potência” para que seja

informado os valores. Essas janelas vão ir aparecendo de forma sequencial, de tal forma que o

usuário irá informar uma potência medida e qual distância a potência foi mensurada.

Utilizando o programa para resolver o problema, que resolvido analiticamente chegou-se no

valor de -0,425, o mesmo retornou o valor de -0,41971514. Pode-se notar que tais valores são

muito próximos e devido a arredondamentos feitos analiticamente não é possível chegar ao

mesmo resultado obtido analiticamente. Mas, isso não tira a veracidade da informação do

programa, pois o mesmo não possui arredondamentos, assim sendo mais exato em seus

resultados. O resultado obtido pelo programa segue na Figura 32.

Figura 32: Resultado obtido para se encontrar probabilidade de potência no gráfico.

Page 56: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

53

Para obter a porcentagem de potência, é necessário localizar o valor obtido na Figura 31 no

ábaco da Figura 30. A Figura 33 mostra como é encontrado o valor da probabilidade potência

no gráfico e para esse exercício obteve-se 66,4%.

Figura 33: Ilustração de como utilizar o valor encontrado no ábaco.

5.7 Determinando a porcentagem de área coberta

Segundo Rappaport (2009) é claro que, devido aos efeitos aleatórios de sombreamento, alguns

locais dentro de uma área de cobertura estarão abaixo de um determinado patamar de sinal

recebido desejado. Normalmente, é útil calcular como a cobertura de limite se relaciona com a

porcentagem da área coberta dentro desse limite. Para uma área de cobertura circular tendo

um raio R a partir de uma estação-base, considere que existe algum patamar de sinal recebido

. Estamos interessados em calcular a porcentagem de área de serviço útil (ou seja, a

porcentagem da área com um sinal recebido que é igual o maior que ), dada uma

probabilidade conhecida de cobertura no limite da célula. Considerando que representa

uma distância radial a partir do transmissor, pode-se mostrar que, se [ ] é a

probabilidade de que o sinal recebido aleatório em ultrapassa o patamar dentro de

uma área incremental , então pode ser encontrado por

∫ [ ]

Page 57: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

54

∬ [ ]

Usando a equação 2.34, [ ] é dado por

[ ] (

)

(

√ )

(

[ ( )]

√ )

Para determinar a perda de caminho conforme referenciada no limite da célula ), fica

claro que,

(

) (

)

Tendo como destaque chegar a um ponto comum que é quando a potência recebida é maior

que uma potencia de referencia, utiliza-se essa fórmula ⁄ , onde sigma é o desvio padrão das

potencias obtidas através do modelo com as distancias, onde foram colhidas as amostras de

potência. Após achar essa razão, utiliza-se o ábaco da Figura 34 para obter a porcentagem de

cobertura que tal potencia cobrirá.

Figura 34: Ábaco de percentagem de área coberta

Fonte: Modelos físicos e clássicos (2013).

Page 58: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

55

5.7.1 Validações

O modelo de propagação para determinar a percentagem de área coberta, utiliza do mesmo

princípio do modelo de sombreamento log-normal, mas o mesmo utiliza o desvio padrão

calculado pelas potências e distâncias sob a quantidade de medidas que foram feitas para

achar a percentagem de área coberta utilizando o gráfico. Na Figura 35 segue a tela criada

para o modelo de propagação de percentagem de área coberta.

Figura 35: Tela do modelo de propagação para determinação de área coberta.

Para validar este modelo utilizou-se o exemplo que se encontra nos slides “Modelos físicos e

clássicos”.

“Exercício:

Em um teste de campo foram obtidos os seguintes valores de médias locais de potência:

Tabela 5: Tabela de potências e distâncias obtidas em campo.

d(m) 100 200 1000 3000

-5 -25 -40 -75

Page 59: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

56

Assumindo um modelo log-distância onde a distância de referência é , a) estime

a potência recebida para uma distância de b) Após achar a potência recebida

pelo modelo log-distância, utilize um sombreamento log-normal e estime qual a

probabilidade da potência recebida ser maior que -65 dBm para mesma

distância utilizada no modelo log-distância e c) determine a percentagem de área coberta

para limiar -65 dBm com uma distância de 2000m. a) R = -62,38 dBm, b) R = -0,425 e

66,4%, c) R= 1,4 e 89%.”

Os resultados contidos na letra “A” são para o modelo log-distância e os da letra “B” para o

modelo log-normal. Esses resultados foram mantidos para dar continuidade ao exercício, mas

não serão utilizados no modelo de percentagem de área coberta.

O resultado encontrado analiticamente é 1,4, que se observando no gráfico da Figura 36, é

89% de área coberta e o valor encontrado pelo programa é 1,3951707. Pode-se dizer que o

valor encontrado pelo programa, não é o igual o obtido analiticamente, mas é o mais correto

possível, pois é mais exato, pelo fato de ter mais casas decimais. Na Figura 36 está o valor

obtido pelo programa.

Figura 36: Valor encontrado pelo programa para ser utilizado no gráfico.

Após encontrar este valor é possível verificar no gráfico que a percentagem de área coberta é

89%. Este valor pode ser observado na Figura 37.

Page 60: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

57

Figura 37: Mostrando onde se usa o valor obtido pelo programa para encontrar a percentagem

de área coberta.

5.8 Modelo Terra Esférica

Segundo Soares (2013), o modelo da terra plana, obviamente, não considera os efeitos da

curvatura terrestre. Tal curvatura afeta (diminui) a intensidade do campo refletido

(espalhado), já que a seção reta do feixe de raios refletidos aumenta em relação aquela de um

feixe refletido por uma superfície plana, como ilustrado na Figura 38.

Figura 38: Campo refletido na superfície terrestre no um ponto de vista plano e esférico.

Fonte: Modelos físicos e clássicos.

Page 61: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

58

Como pode ser visto na Figura 39, a curvatura também afeta a posição duma antena em

relação a outra, e as posições destas antenas em relação a pontos críticos sobre solo (como,

por exemplo, o ponto de reflexão). Isto acaba afetando as fases relativas entre a componente

de campo direto e as demais (como, por exemplo, a do campo refletido).

Figura 39: Influência da curvatura da terra nas antenas.

Fonte: Modelos físicos e clássicos.

Para calcular os parâmentros , que é o ângulo que o raio transmitido e refletido faz com a

terra, R, que é a distancia da antena Tx e Rx em visada direta, R1, que é a distância do raio

transmitido até o ponto de reflexão, R2, que é a distância do ponto de reflexão até a antena

receptora e, consequentemente, , esbarra-se na determinação do ponto de reflexão P, que

para o modelo terra plana é extremamente simples.

Para simplificar, considera-se que o raio da terra é muito maior do que

qualquer outra dimensão envolvida. Isto irá nos direcionar na obtenção de um modelo

denominado terra plana equivalente, mas que considera a curvatura da terra. O modelo terra

plana equivalente nada mais é do que o plano que tangencia a superfície da terra no ponto de

reflexão P, como pode ser visto na imagem 40.

Figura 40: Plano imaginário que tangencia a curvatura da terra.

Fonte: Modelos físicos e clássicos.

Page 62: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

59

5.8.1 Modelo terra plana equivalente

Segundo Soares (2013), o modelo é teoricamente simples: após a determinação do plano

equivalente, as alturas e as distâncias das antenas são redefinidas em relação a tal plano, como

pode ser visto na Figura 41. Utiliza-se, então, o modelo terra plana, porém, com o fator de

divergência (D) incluído no coeficiente de reflexão ℾ .

Figura 41: Distâncias entre o ponto de reflexão e as alturas das antenas redefinidas.

Fonte: Modelos físicos e clássicos (2013).

Observe que na Figura 41 que são definidas as alturas e distâncias equivalentes

em

relação ao plano, mas estas são praticamente iguais a .

Quando aproxima-se o modelo terra esférica para o modelo terra plana, a fórmula para

encontrar a atenuação é quase a mesma do terra plana, mas acrescida do fator de divergência,

como pode ser visto na equação 5.40.

ℾ ℾ

onde, D é o fator de divergência, ℾ é coeficiente de reflexão da onda no solo, é a

distancia da antena transmissora até no ponto de reflexão, é a distância do ponto de

reflexão até a antena receptora e R é a distância total do enlace.

Page 63: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

60

O acréscimo do fator de divergência é o que faz possível a aproximação pelo modelo terra

plana equivalente, pois com ele pode ser considerado a curvatura da terra, o mesmo pode ser

calculado pela equação 5.41.

onde é o raio da terra.

Como pode ser visto na equação 5.41, as distâncias e precisam ser determinadas para

efetuar o cálculo do fator de divergência, mas visualmente não é possível determinar essas

distâncias, assim, aproxima-se e pelas distâncias e que podem ser vistos na

Figura 41. Após essa aproximação torna-se possível obter o valor do fator de divergência.

Para se calcular os valores de e

, que são as alturas redefinidas para o modelo terra plana

equivalente, utiliza-se as equações 5.42 e 5.43.

onde é a altura da antena transmissora, é a distância da antena transmissora até o ponto

de reflexão, que é aproximado por , é a distância do ponto de reflexão até a antena

receptora, e que é aproximado por , é o raio da terra e é a altura da antena receptora.

No modelo terra plana equivalente considera-se duas polarizações, a vertical e horizontal e

para obter as mesmas, considere-se dois coeficientes de reflexão (ℾ). Para achar tais

coeficientes, utilizam-se as equações 5.21 e a 5.22, que são as mesmas utilizadas no modelo

terra plana.

Page 64: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

61

5.8.2 Validações

O modelo terra esférica utiliza de uma aproximação para ser resolvido, que é colocando um

plano imaginário, do tipo terra plana que é tangente à curvatura da terra, assim este modelo se

torna um terra plana equivalente e pode-se resolve-lo tranquilamente. Na Figura 42 segue a

tela do modelo terra esférica.

Figura 42: Tela criada para o modelo terra esférica.

De forma a validar as informações obtidas pelo programa, utilizou-se o exemplo que

encontra-se nos slides “Modelos físicos e clássicos”.

Page 65: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

62

“Exercício:

Sejam d = 10 km, f = 1Ghz, = 15 e = 15 dB, = 10W e . Nas duas

LT’s, as perdas ôhmicas equivalem a 2dB (em cada uma) e as TOE’s em cada uma das

quatro junções é de 1,5. Assuma casamento de polarização (PLF = 1). O solo possui

permissividade relativa de e condutividade do solo é . a) Ache atenuação do

espaço livre, b) Ache as eficiências de transmissão e recepção, e)Ache a potência na vertical

e horizontal e f) Ache a atenuação na vertical e horizontal. a) R = 112,44dB; b) R = -2,354;

d) Atenuação vertical: 89,56 dB, Atenuação Horizontal: 88,42 dB.”

Os parâmetros de atenuação do espaço livre, eficiência na transmissão e recepção já estão

calculados no modelo do espaço livre e os valores são os mesmos.

No modelo terra esférica é necessário obter a atenuação na vertical e na horizontal e os

valores obtidos analiticamente foram, respectivamente, 89,56 dB e 88,42 dB. Os valores de

atenuação vertical e horizontal encontrados utilizando o programa desenvolvido são

respectivamente, 85,95523 dB e 84,545105 dB. Fazendo tais cálculos analiticamente,

observou-se um erro nos slides e os valores corretos são os encontrados pelo programa

desenvolvido. Os valores obtidos através do programa seguem na Figura 43.

Figura 43: Atenuação na vertical e horizontal obtidas através do programa.

A potência recebida na vertical e horizontal não é calculada no exercício, mas de forma a

fazer um programa completo, desenvolveu-se a parte do programa para se obter a potência

recebida na vertical e horizontal. Os valores obtidos para a potência vertical e horizontal

Page 66: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

63

respectivamente são, -45,95523 dBm e -44,545105 dBm. Os valores obtidos pelo programa

seguem na Figura 44.

Figura 44: Potência recebida na vertical e horizontal obtidas pelo programa.

Page 67: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

64

6 CONCLUSÃO

Este capítulo apresenta as conclusões relativas ao desenvolvimento do programa para resolver

modelos de propagação de ondas eletromagnéticas.

6.1 Conclusão e considerações finais

Com o desenvolvimento deste trabalho, pode-se aplicar os conhecimentos adquiridos ao longo

do curso, mas especificamente nas áreas de telecomunicações e programação.

Implementando os modelos de propagação de ondas eletromagnéticas em Java, pode-se

verificar uma maior agilidade na requisição dos resultados, uma maior precisão e maior

confiabilidade. O modelo de propagação do espaço livre e o modelo de difração por gume-de-

faca retornou valores bastante exatos em relação aos encontrados analiticamente. O modelo de

propagação da terra esférica e o modelo de propagação da terra plana apresentaram resultados

com um pouco de divergência dos encontrados analiticamente pelo fato de arredondamentos e

aproximações, assim utilizando o programa desenvolvido obteve-se resultados mais exatos do

que os encontrados analiticamente. O modelo log-normal, modelo log-distância e o modelo

percentagem de área coberta, são modelos que foram criados para ter uma maior

interatividade com usuário e obtiveram-se resultados bastante exatos.

6.2 Sugestões para trabalhos futuros

Criar um banco de dados para que os resultados obtidos pelo os modelos de

propagação possam ser requisitados a qualquer momento e não sejam perdidos;

Em modelos que necessitem de gráficos, obter os resultados e marca-los nos gráficos e

assim evitando que o usuário procure;

Criar uma versão web para o programa desenvolvido e até mesmo uma versão para

Android para que possa ter maior alcance público.

Page 68: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

65

7 REFERÊNCIAS

RAPPAPORT, Theodore S. Comunicações sem fio – Princípios e práticas. São Paulo,

2009.

SANTOS, Claudir Pereira dos. Windows Biulder

http://claupers.blogspot.com.br/2012/07/instalando-e-configurando-windowbuilder.html -

Acessado em: 20/12/2013.

MELO, Kátia Cristina Barbosa Loschi de. - Predição do campo elétrico da onda de

superfície utilizando redes neutrais artificiais.

http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/3807/1/Dissert_KatiaCristinaBLMelo.pdf?origin=pu

blication_detail – Acessado em: 06/03/2014.

LUCKOW, Décio Heinzelmann; MELO, Alexandre Altair de.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Eclipse_(software) - Programação Java para a Web: Aprenda

a desenvolver uma aplicação financeira pessoal com as ferramentas mais modernas da

plataforma Java. 1 ed. São Paulo: Novatec, 2010. 640 p. - Acessado em: 06/032014

CESTA, André Augusto. http://www.ic.unicamp.br/~cmrubira/aacesta/java/javatut9.html - A

linguagem de programação Java. - Acessado em: 06/03/2014.

JUNIOR, Valmir Antônio Schneider. http://www.ebah.com.br/content/ABAAAe-

1EAJ/sistema-localizacao-ambientes-fechados-baseado-na-potencia-sinal-recebido-rede-

zigbee - Sistema de localização para ambientes fechados baseado na potência do sinal

recebido em rede zigbee. - Acessado em: 09/04/2014.

SOARES, Ramon Dornelas. Slides modelos físicos e clássicos. Itaúna, 2013.

Site http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/tesesabertas/0210407_04_cap_03.pdf - Modelos

de propagação em ambientes fechados – Acessado em: 27/02/2014.

Site http://www.maxwell.lambda.ele.puc-rio.br/7623/7623_4.PDF - Propagação - Acessado

em: 27/02/2014.

Page 69: Implementação de programa de computador para cálculo de modelos de propagação de ondas eletromagnéticas

66

Site http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutoriallocgsm1/pagina_4.asp - Localização em

Redes GSM I: Modelos de Propagação - Acessado em: 27/02/2014.