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Cesar Henrique Sartori Meffe IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM EMPRESA DO SETOR AUTOMOTIVO: UM ESTUDO DE CASO Mestrado em Engenharia de Produção Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP Santa Bárbara D’Oeste 2006

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Page 1: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

Cesar Henrique Sartori Meffe

IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM

EMPRESA DO SETOR AUTOMOTIVO:

UM ESTUDO DE CASO

Mestrado em Engenharia de Produção

Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP

Santa Bárbara D’Oeste

2006

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Cesar Henrique Sartori Meffe

IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM

EMPRESA DO SETOR AUTOMOTIVO:

UM ESTUDO DE CASO

Dissertação apresentada à Coordenadoria Geral de Pós-Graduação, da Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção, sob a orientação do Prof. Dr. José Antônio Arantes Salles.

Santa Bárbara D’Oeste – SP

2006

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Dedicatória

Dedico este trabalho aos meus pais Clerí e Gerson Meffe,

mestres por opção, pelos seus ensinamentos de vida

e por sempre me incentivarem a lutar pelos meus objetivos.

Page 4: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

Agradecimentos

A Deus, por estar sempre comigo, me dando forças para enfrentar os

momentos mais difíceis, me fazendo acreditar que tudo vale a pena.

Ao Dr. Gerson Meffe, meu pai, pelo seu exemplo, pelos seus ensinamentos e

orientações que me permitiram obter várias conquistas.

À Profª. Clerí Ap. Sartori Meffe, minha mãe, pelo companheirismo, pela

dedicação e por compartilhar comigo minhas aflições e alegrias.

À Luciane, minha irmã, pela amizade, alegria e incentivo.

À Irinéia, minha doutora, pelo amor, compreensão, respeito e incentivo

durante o desenvolvimento deste trabalho.

Ao Prof. Dr. José Antônio Arantes Salles, meu orientador, pela sua

serenidade profissional, amizade, dedicação e orientação objetiva e carinhosa.

Ao Prof. Dr. Sérgio Roberto Porto de Almeida pela disponibilidade, por ter

aceito o convite para fazer parte da banca examinadora e pela sua contribuição.

À Profª. Drª. Elisabete Stradiotto Siqueira e a Profª. Drª. Valéria Rueda Elias

Spers pelas suas valiosas contribuições na banca de qualificação.

À Profª. Juraci C. Beraldi, querida amiga, pelo incentivo afetuoso, pela

orientação e estímulo que contribuíram para que este trabalho se tornasse realidade.

À Sandra, pela amizade, pelas sugestões e pelas palavras de apoio.

À organização estudada neste trabalho, por permitir o desenvolvimento da

pesquisa, pela colaboração e pela confiança.

A todos os demais professores do curso, à Secretaria do Pós-Graduação, na

pessoa de Marta Helena Teixeira Bragaglia e funcionários pela atenção dispensada.

A todos que, de alguma forma, auxiliaram, participaram, apoiaram e

incentivaram a execução deste trabalho.

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RESUMO

Este estudo tem como objetivo avaliar o processo de implementação de equipes de trabalho autogerenciáveis por meio de um estudo de caso numa organização do setor automotivo. No início do referencial teórico é abordada a definição de estrutura organizacional e de organização apresentando, dentro deste contexto, a distribuição de poder (centralização e descentralização) em uma estrutura e a importância da comunicação para uma instituição. Ainda nesta primeira etapa são mostrados alguns tipos de estruturas organizacionais, algumas de suas características, vantagens e desvantagens. Posteriormente, ao abordar o tema equipes autogerenciáveis são apresentados alguns conceitos e características deste tipo de estrutura. Embora pareçam ser a mesma coisa, grupos e equipes apresentam diferenças, as quais são mencionadas neste estudo. Também é abordada a diferença entre uma organização que adota a estrutura hierárquica tradicional e uma organização cuja estrutura baseia-se no sistema de trabalho por meio de equipes autogerenciáveis. Na seqüência se disserta sobre o processo de mudança organizacional que, apesar de ser uma necessidade para o crescimento de uma organização, ocasiona reações e resistências no ambiente de trabalho. Finalmente é apontado o papel da liderança, com a adoção da estrutura por meio de times de trabalho autogerenciáveis. O estudo de caso foi realizado numa empresa do setor automotivo, na qual foi aplicado um questionário objetivando-se obter a opinião de um grupo de funcionários que participaram do processo de implementação e trabalham neste tipo de estrutura. Desta forma, foi possível verificar, como conclusão, que o sistema de trabalho por meio de equipes autogerenciáveis foi adequadamente planejado e implementado por esta empresa na opinião destes colaboradores, trazendo resultados positivos para a organização.

Palavras-chave: Organização – Estrutura Organizacional – Mudança Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis

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ABSTRACT

This study has the goal to evaluate the implementation process of self-manageable teams through a case study in an organization of the automotive sector. The dissertation starts with the concept of the organizational structure and the organization presenting, within this context, the roles distribution (centralization and decentralization) in a structure as well as the importance of communication in an institution. Still in this first stage some organizational structures are shown with their features, advantages and disadvantages. Further on, when disserting about the self-manageable teams, some concepts and features of this type of structure are presented. However they seem to be the same thing, groups and teams present differences that are described in this study. It is also approached the difference between an organization that uses the traditional hierarchic structure and an organization which structure is based in the self-manageable teams system. Afterwards the organizational change process is described, that despite of being a necessity for growth brings reactions and resistances in the work place. Finally it is disserted about the leadership role in the self-manageable work teams system. The case study was completed in a company of the automotive sector, in which a questionary was sent to a group of associates in order to get their opinion about the implementation process and the way that they work in this structure. From this way, it was possible to verify, as a conclusion, that the work system through a self-manageable teams was well planned and implemented by this company, in the associates opinion, brought them positive results to this organization.

Key-Words: Organization – Organizational Structure – Organizational Change – Work Teams – Self-Manageable Teams

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Estrutura Organizacional 30

Figura 2 Amplitude de Controle 33

Figura 3 O modelo de processo de comunicação 37

Figura 4 Efeito das equipes sobre o Empowerment e a responsabilidade 75

Figura 5 Transição das responsabilidades de liderança/ administração

com o surgimento das equipes

77

Figura 6 Processo de definição de equipes 79

Figura 7 Designação de tarefas dentro de uma equipe 90

Figura 8 Cinco níveis de liderança 97

Figura 9 Centros de Negócios 111

Figura 10 Estrutura dos 3 Ps – Pessoas, Produto e Processo 112

Figura 11 A estrutura dos negócios 113

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Aspectos a serem definidos para a formação de uma estrutura 31

Quadro 2 Conjunto de itens organizacionais 32

Quadro 3 Centralização e Descentralização – vantagens e desvantagens 34

Quadro 4 Características da Estrutura Celular 53

Quadro 5 Diferença entre grupos e equipes 59

Quadro 6 Diferenças entre organizações tradicionais e equipes 64

Quadro 7 Diferenças entre organizações tradicionais e organizações

baseadas em equipes

65

Quadro 8 Dimensões críticas de um membro de equipe 85

Quadro 9 A empresa, no Brasil, em números. 102

Quadro 10 Grau de Concordância das questões (%) 135

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Quantidade de pneus produzida 116

Gráfico 2 Desperdício de matérias-primas 117

Gráfico 3 Segurança ou número de acidentes 118

Gráfico 4 Horas de treinamento 119

Gráfico 5 Sexo dos colaboradores 121

Gráfico 6 Idade dos colaboradores 121

Gráfico 7 Escolaridade dos colaboradores 122

Gráfico 8 Tempo de implementação 123

Gráfico 9 Envolvimento e treinamento 124

Gráfico 10 Conhecimento do sistema 125

Gráfico 11 Comprometimento e envolvimento 126

Gráfico 12 Satisfação dos colaboradores 127

Gráfico 13 Troca de habilidades e conhecimentos 128

Gráfico 14 Definição de papéis 129

Gráfico 15 Resistência ao processo 130

Gráfico 16 Autonomia 131

Gráfico 17 Liderança facilitadora 132

Gráfico 18 Eficiência dos sistemas de comunicação 133

Gráfico 19 Liderança e centralização de informações 134

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SUMÁRIO

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO 13

1.1. Justificativa 161.2. Objetivos 181.3. Metodologia 191.4. Estruturação do Trabalho 22

CAPÍTULO II - ESTRUTURA ORGANIZACIONAL 24

2.1. Cenário Organizacional 242.2. Estrutura, Comunicação e Clima Organizacional 282.2.1. Organização e Estrutura 282.3. Centralização e Descentralização 332.4. A Comunicação Organizacional 352.4.1. Barreiras na Comunicação 382.5. O Clima Organizacional e a Motivação 402.6. Alguns tipos de Estruturas Organizacionais 452.6.1. Estrutura Linear 462.6.2. Estrutura Funcional 462.6.3. Estrutura Linha-Staff 472.6.4. Estrutura Matricial 482.6.5. Estrutura por Equipes 492.6.6. Estrutura em Rede 512.6.7. Estrutura por Projetos 522.6.8. Estrutura Celular 532.6.9. Estrutura Holográfica 54

CAPÍTULO III - EQUIPES OU TIMES DE TRABALHOS AUTOGERENCIÁVEIS 58

3.1. Conceituação e Características dos Times de Trabalho Autogerenciáveis 61

3.2. Processo de Mudança Organizacional 663.3. A Adoção do Sistema de Trabalho em Equipes 693.4. As Equipes nas Organizações 733.4.1. O processo de transição e implementação 763.4.2. Alguns Pontos sobre o Funcionamento de uma Equipe Autogerenciável 81

3.5. O Papel da Liderança no Sistema baseado em Equipes 90

CAPÍTULO IV - ESTUDO DE CASO NUMA EMPRESA AUTOMOTIVA 99

4.1. Histórico da empresa 994.1.1. Missão 1004.1.2. Visão 100

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4.1.2. Valores 1014.1.4. A Empresa no Brasil 1024.2. O Sistema de Trabalho por meio de Equipes Autogerenciáveis na Organização 102

4.2.1. O Início do Processo 1034.2.2. Resistências ao Processo 1084.2.3. A Implementação do Sistema de Equipes 1104.2.4. Estrutura dos Canais de Comunicação 1134.3. Alguns Indicadores da Organização 1154.4. A Pesquisa 1204.4.1. Perfil dos Colaboradores 1214.4.2. Resultado da Pesquisa 1224.4.3. Considerações sobre a Pesquisa 136

CONSIDERAÇÕES FINAIS 140

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 145

APÊNDICE 149

Page 12: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

“Não há saber mais ou saber menos:

há saberes diferentes”.

Paulo Freire

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CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO

Nos dias atuais, para que uma empresa apresente um sucesso competitivo

dentro do mercado em que está inserida, faz-se necessário um alto padrão de

qualidade. A qualidade pode, e deve ser vista, em boa parte, como o resultado da

eficácia no desenvolvimento do produto, bem como do comportamento de seus

colaboradores, pois é exatamente das qualidades humanas, principalmente da sua

habilidade de pensar e raciocinar, que são geradas situações por meio das quais

são encontrados os problemas e suas respectivas soluções. Desta forma, são

originadas melhorias e mudanças dentro das organizações que as levam ao

encontro do grau de desempenho almejado.

Percebe-se, portanto, que existe a necessidade de que tais organizações

definam suas estratégias considerando que seus colaboradores possuem

habilidades, aptidões e talentos diferentes e que esses indivíduos precisam ser

estimulados para que desenvolvam suas habilidades e se sintam encorajados a se

envolverem nas atividades das empresas. Esta perspectiva impulsiona, a

organização e seus colaboradores a promoverem um processo de aprendizagem

que, como conseqüência, trará benefícios a toda comunidade empresarial.

A satisfação de clientes irá aparecer como decorrência da qualidade dos

produtos e serviços de uma empresa, sendo que estes atributos podem decorrer da

motivação de seus colaboradores.

Algumas possibilidades podem ser vistas e reconhecidas dentro do processo

de gestão de pessoas que está baseado no fato de que o desempenho de uma

organização depende, em grande parte, da contribuição dessas pessoas que estão

inseridas em seu processo. Não importa a que escalão elas pertençam, mas sim a

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forma como estão organizadas; se são estimuladas e capacitadas e se o ambiente

de trabalho produz um clima organizacional propício para levá-las a exercitar o poder

e a liberdade de decisão. A partir do momento em que se define esta realidade e a

teoria é colocada em prática, ocorre uma maleabilidade que tem, como

conseqüência, uma resposta mais intensa dentro do setor em que a empresa está

inserida, levando-a a alcançar a fidelização de seus clientes.

Portanto, nos dias atuais, as empresas devem se preocupar em manter seus

colaboradores estimulados e comprometidos para que desenvolvam suas tarefas de

forma eficaz, objetivando benefícios para a organização e para os usuários de seus

produtos e serviços.

Um outro aspecto a se verificar dentro do contexto organizacional é que as

empresas estão inseridas em um ambiente de mudanças constantes e progressivas,

decorrentes da globalização. Para sobreviver, tais organizações devem se embasar

em teorias existentes, passando-as para a prática, de forma a gerar condições de

competitividade. Desta forma, a organização manter-se-á no mercado do qual faz

parte, fazendo surgir uma diferenciação em relação as suas concorrentes.

Assim sendo, o novo posicionamento estratégico das empresas deve ser

caracterizado, principalmente, em relação à liderança e à motivação. Esta nova

forma de gestão estimulará a introdução de novas técnicas de gerenciamento,

valorizando a interação entre as pessoas e, possivelmente, derrubando os muros

entre os níveis hierárquicos.

A necessidade de lideranças que acompanhem este novo ritmo imposto pela

globalização vem, entre outros fatores, exigir gerências altamente qualificadas e

focadas em ambientes nos quais as respostas são rápidas, os questionamentos são

constantes, e onde, acima de tudo, todos os problemas são problemas de todos.

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É justamente neste cenário que vigora a força e o poder das equipes, onde

os ideais entre o líder e seus colaboradores são compartilhados, culminando em

ambientes de trabalho melhores, baseados no bem-estar do funcionário e reflete,

positivamente, sobre a produtividade e competitividade da empresa.

Num passado não muito distante, as organizações buscavam vantagem

competitiva por meio da introdução de iniciativas de aumento de produtividade,

qualidade total e serviço ao cliente. Geralmente, essas iniciativas ficavam a cargo da

alta administração da empresa e, nem sempre, obtinham algum resultado.

Os progressos levaram mais à sobrevivência do que qualquer vantagem

concreta. Produtividade, qualidade e bom atendimento ao cliente são necessidades

competitivas e não vantagens, daí a razão de muitas empresas terem introduzido

essas iniciativas e terem feito algum progresso.

Vislumbrando o contexto até aqui apresentado, observa-se uma crescente

necessidade de estruturas organizacionais “enxutas” e flexíveis como base para se

obter vantagem competitiva. Para tanto, a estrutura que mais se aproxima dessa

necessidade é a estrutura baseada em times ou equipes de trabalho

autogerenciáveis.

O trabalho em equipe cria um senso de propriedade do trabalho que se

buscou durante anos, e à medida que se torna mais custoso e difícil obter vantagem

competitiva por meio de estratégias únicas, torna-se importante adotar e executar

melhor a estratégia comum. Para a execução de tal estratégia exigem-se alguns

fatores primordiais, quais sejam, flexibilidade, conhecimento e empowerment,

distribuídos por toda a organização.

Logo, partindo-se do pressuposto de que o desempenho e o sucesso

competitivo de uma organização depende, entre outros fatores, da contribuição e do

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desempenho do seu capital humano, será que o processo de formação de equipes

de trabalho autogerenciáveis representa um diferencial competitivo para uma

instituição dentro deste contexto? Esta é a pergunta que move este trabalho, e

embora não se queira aqui respondê-la de forma genérica para todas as empresas,

o estudo de caso pode levar a uma contribuição para o avanço do conhecimento

sobre essas práticas organizacionais atuais.

1.1. Justificativa

Nos últimos tempos, a magnitude e a velocidade das mudanças em todo o

mundo têm tido um impacto dramático sobre o modo de trabalho nas organizações.

De acordo com Wilson et al (1995), uma das maiores mudanças em nosso

mundo dos negócios é a transformação de uma economia de base individual, em

uma economia baseada no conhecimento e na informação.

Logo, é almejado pelas organizações, nos dias atuais, um sistema de

trabalho em que o fluxo de informação é eficiente e, do mesmo modo, o

conhecimento é desenvolvido em idéias criativas que são postas em ação de forma

rápida e eficaz.

Circunstancialmente podem não se enquadrar às organizações hierárquicas,

autocráticas por não estarem adequadas ao mercado atual. As constantes

mudanças em tecnologia, condições de mercado e processos internos exigem, por

parte de toda a força de trabalho, um aprendizado incessante, flexibilidade e uma

dedicação à melhoria contínua (WILSON et al, 1995).

Desta forma, as organizações estão buscando passar de culturas

autocráticas, de pouco envolvimento e pouco comprometimento, para culturas

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organizacionais que valorizam a delegação de autoridade e envolvem a força de

trabalho como parceiros de negócios.

A alta administração começa a visualizar o que os colaboradores já haviam

entendido: os trabalhadores que executam diretamente as tarefas, que estão mais

próximos do trabalho real possuem práticas, conhecimentos, detalhes e informações

das tarefas que podem contribuir, de forma ágil e eficaz, com a tomada de decisões

para a solução de possíveis problemas e oportunidades afetando, positivamente,

nos resultados das empresas, principalmente quando desenvolvem um trabalho

conjunto somando e compartilhando recursos.

Por intermédio das equipes de todos os tipos e níveis, os empregados

resolvem problemas, aperfeiçoam processos, desenvolvem produtos, se

autogerenciam e, assim, induzem a organização a trabalhar, com sinergismo, de

forma efetiva (WELLINS et al, 1994).

Diante do contexto apresentado, a abordagem do sistema de trabalho por

meio de equipes autogerenciáveis ganha força e torna-se um tema a ser estudado e

analisado, uma vez que aparece como possível solução para as inúmeras

oportunidades de flexibilidade, cooperação e integração dentro das organizações;

fato que capacita a lidar com mudanças rápidas e com as pressões competitivas

intensas.

Assim sendo, um estudo orientativo em assuntos que norteiam tal

abordagem se justifica e se faz necessário para que se identifique sua viabilidade e

se esclareçam pontos que indiquem que ela seja, realmente, eficaz e não só mais

um modismo; pois, as organizações devem adotar modelos que se enquadrem e se

identifiquem com os seus valores já consagrados, seu clima e sua cultura

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organizacional, e não somente porque eles se constituem num modismo em outros

países.

1.2. Objetivos

A seguir são apresentados o objetivo geral e os objetivos específicos deste

trabalho.

Como objetivo geral se pretende avaliar o processo de implementação de

equipes de trabalho autogerenciáveis numa empresa do setor automotivo.

Como objetivos específicos, os seguintes pontos:

- Caracterizar o sistema de trabalho por meio de times ou equipes

autogerenciáveis, mostrando alguns aspectos que o tornam diferente do sistema

organizacional hierárquico tradicional.

- Analisar os aspectos que colaboram para que esse sistema possa se

tornar uma vantagem competitiva para as organizações.

- Levantar, numa empresa do setor automotivo, alguns problemas relativos

à implementação de um sistema de trabalho em equipes.

- Analisar alguns aspectos da mudança do comportamento e do papel dos

líderes diante deste novo cenário organizacional.

- Avaliar o nível de satisfação dos colaboradores das áreas operacionais,

de uma organização do setor automotivo, que trabalham no sistema baseado em

equipes, a partir de sua implementação.

- Comparar os resultados obtidos na organização pesquisada com

aqueles previstos no referencial teórico.

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1.3. Metodologia

Define-se pesquisa como procedimento racional e sistemático que tem como

objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos, e que deve ser

desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização

cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos científicos ao longo de um

processo que envolve inúmeras fases, desde a adequada formulação do problema

até a satisfatória apresentação dos resultados (GIL, 1996).

Percebe-se assim, que a pesquisa é um processo de investigação orientada

por um método, com o objetivo de levantar, explorar e analisar dados para criação,

formalização e/ou renovação de áreas do conhecimento.

Para a realização deste estudo optou-se pela pesquisa que considerasse os

dois tipos de abordagens, ou seja, quantitativa e qualitativa. Quantitativa, baseada

em critérios estatísticos que, neste caso, serviram para demonstrar a sistematização

dos dados e Qualitativa, baseada em informes pessoais e acervo documental da

organização obtidos nos seus diferentes departamentos.

Segundo Oliveira (1998, p.114-117) a opção por uma pesquisa de cunho

quantitativo deve-se, ao seu emprego “[...] no desenvolvimento das pesquisas de

âmbito econômico, social, de comunicação, mercadológica, de opinião, de

administração, representando, em linhas gerais, uma forma de garantir a precisão

dos resultados e evitando distorções de análise e de interpretação”.

Já a pesquisa qualitativa, segundo Richardson (1989, p.39), “[...] procura

compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais, contribuir

no processo de mudança de determinado grupo”.

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Esta pesquisa abrangeu um levantamento bibliográfico do referencial teórico

para o embasamento da pesquisa empírica, seguido de levantamento documental e

um estudo de caso, por meio de questionário, numa empresa privada, multinacional,

do ramo automobilístico.

No estudo de caso, o interesse passa a ser pelo que o trabalho sugere com

relação ao que foi desenvolvido, geralmente, por um único pesquisador.

Para Berto & Ruiz (1998, p.4) o estudo de caso:

- tem foco no indivíduo, grupo ou situação; - leva em consideração o ponto de vista dos participantes; - apresenta aspectos particulares e inéditos de fenômenos, eventos ou

problemas; - tem situações de contexto; - dificuldade para generalização e reprodução.

Já pra Yin (2001, p.21)

[...] o estudo de caso permite uma investigação para se preservar as características holísticas e significativas dos eventos da vida real – tais como ciclo de vida individuais, processos organizacionais e administrativos, mudanças ocorridas em regiões urbanas, relações internacionais e a maturação de alguns setores.

Na elaboração do questionário foram escolhidas questões fechadas, com

respostas fixas, organizadas na forma de uma escala Likert de 5 pontos,�buscando

evidenciar a opinião dos colaboradores no processo de implementação. A escala

Likert, segundo Mattar (1997), consiste em alternativas que indicam o grau de

concordância ou discordância dos pesquisados em relação ao seu conteúdo, sendo

que deve haver um equilíbrio entre as alternativas positivas e negativas. Além de

serem solicitados não só a concordarem ou discordarem das afirmações são

igualmente solicitados a informarem qual o seu grau de concordância/discordância.

A empresa deste estudo, como toda organização, é movida por normas,

políticas, sistemas e procedimentos a serem seguidos, os quais devem ser

respeitados.

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Logo, para a realização desta pesquisa, foi agendada uma reunião, com o

departamento de Recursos Humanos da organização, com o objetivo de apresentar

o trabalho e o seu desenvolvimento. Foi abordado o objetivo deste projeto, bem

como a necessidade de se realizar uma pesquisa dentro da organização para obter

os resultados verificados na prática com relação ao contexto em questão.

Após a análise do departamento de Recursos Humanos e sua aprovação e

autorização para o projeto, se programou uma nova reunião na qual foi solicitado o

auxílio deste departamento para analisar as questões elaboradas para a realização

da pesquisa, bem como o seu suporte para o envolvimento dos colaboradores aos

quais foi solicitado o preenchimento do questionário.

Antes da distribuição para os colaboradores envolvidos na pesquisa, foi

aplicado o questionário a um grupo reduzido desses colaboradores para levantar

eventuais dúvidas de interpretação e possibilitar os esclarecimentos.

Com a aprovação das questões e o envolvimento dos colaboradores

pesquisados, foi distribuído o questionário, com determinação de um prazo de 5 dias

para a devolução do mesmo.

Devolvido o questionário pelos funcionários, foi feita a análise das respostas

obtidas e, estatisticamente, com base nestas respostas, foram elaborados gráficos

para apresentação dos resultados.

Para esta pesquisa, optou-se por colaboradores que fazem parte das áreas

operacionais da organização que são os supervisores de pessoas, especialistas de

produção e técnicos de produto. Estas funções foram escolhidas, por serem as

pioneiras no processo de implementação de equipes autogerenciáveis dentro desta

empresa.

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O processo produtivo desta organização é formado, basicamente, por três

divisões ou áreas de operação (produção). Cada divisão possui, dentro de sua área

operacional, times de trabalhos autogerenciáveis, ou TNC – Times de Negócios

Competitivos (nome adotado pela organização), formando um total de 11 equipes de

trabalho, correspondendo a um universo de 33 pessoas a serem pesquisadas.

No entanto, devido a fatores especificados no capítulo da pesquisa, este

número foi reduzido a 26 pessoas, perfazendo um percentual de 78%.

A referida empresa está a 86 anos no Brasil, com um quadro de

aproximadamente 4.300 funcionários trabalhando em 6 unidades industriais e 7

unidades de negócios de vendas instaladas em todo país.

1.4. Estruturação do trabalho

Este trabalho está estruturado da seguinte forma:

O capítulo I apresenta a introdução do trabalho com sua justificativa, questão

problematizante, objetivos e metodologia.

O capítulo II enfoca a estrutura organizacional, contemplando o cenário, o

clima organizacional, a motivação, a comunicação organizacional, os processos de

centralização e descentralização, as barreiras da comunicação, bem como alguns

tipos de estruturas organizacionais.

O capítulo III apresenta as equipes ou times de trabalho autogerenciáveis

mostrando os conceitos para times de trabalho autogerenciáveis, o processo de

mudança organizacional, a adoção do sistema do trabalho em equipes, as equipes

nas organizações, os processos de transição e implementação, alguns pontos

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característicos de como funciona um time autogerenciável, bem como o papel da

liderança no sistema baseado em equipes.

O capítulo IV apresenta a empresa, foco do estudo de caso, evidenciando

seu histórico, missão, visão, valores, informações sobre a implementação do sistema

de times, as estratégias, as resistências detectadas durante o processo de

implementação, os canais de comunicação e alguns indicadores da organização.

Também é apresentada neste capítulo a pesquisa propriamente dita mostrando o

perfil dos pesquisados, cada questão do questionário com o respectivo resultado da

sistematização dos dados, bem como as considerações sobre a pesquisa.

Para finalizar são apresentadas as considerações finais que se entende

como importantes para enfatizar a comprovação da pesquisa e do estudo no todo.

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CAPÍTULO II - ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

Neste capítulo abordar-se-á o conceito de organização e estrutura

organizacional, além de alguns pontos primordiais dentro deste contexto.

2.1. O Cenário Organizacional

A maior parte das organizações foi estruturada e organizada dentro de

padrões de relativa estabilidade e permanência, ou seja, são empresas que foram

feitas para durar para sempre, como se fossem prontas, perfeitas e acabadas e não

necessitassem de melhorias ou ajustes com o passar do tempo.

Mas os tempos mudaram e hoje, o conhecimento, a globalização do mundo

dos negócios, a crescente mudança e instabilidade ambiental colocaram em cheque

o antigo modelo rígido e definitivo de organização. O ambiente que circunda as

organizações tornou-se instável, imprevisível e o modelo organizacional tradicional,

simplesmente, pode não funcionar nessas condições.

As constantes mudanças nos últimos tempos vêm impactando, de forma

significativa, as estruturas organizacionais, a forma de atuação das empresas, bem

como o seu sistema de tomada de decisões. Neste contexto, exigem-se estruturas

mais flexíveis e modelos de gestão mais ágeis, dinâmicos e competitivos, pontos

fundamentais dentro da economia global.

Com isto, mudanças são necessárias para que as organizações se

enquadrem neste novo cenário. Entretanto, boa parte das organizações encara as

mudanças como algo difícil, desconhecido e complexo.

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Em tempos atuais, o volume de variáveis que se aplicam aos objetivos das

organizações é grande e a velocidade nas respostas é fator primordial; fatos que

fazem com que estruturas organizacionais mais flexíveis e ágeis, aliados a ações

mais criativas, ganhem força e importância.

A flexibilidade organizacional que corresponde à capacidade de reação da

organização frente aos sobressaltos impostos pelos movimentos de inovação,

representa uma das vantagens competitivas na concorrência de mercado.

Caracteriza-se por uma ampla agilidade de estrutura, tornando a organização mais

versátil nos processos e mais rápida a reagir às mudanças de mercado (NICOLAU,

2003).

Nesse novo contexto, passou a ser necessário um modelo orgânico de

organização que, de acordo com Robbins (2000), tem como características: redução

dos níveis hierárquicos e descentralização, habilidade de comunicação, pouca

formalização, cooperação, facilidade em administrar mudanças, cargos flexíveis e

constantemente redefinidos.

Tarefas cada vez mais complexas e diferenciadas, não mais

individualizadas, mas desempenhadas em equipes multifuncionais, autogerenciáveis

e emponderadas1, interação constante para a busca da eficácia, órgãos não flexíveis

e mutáveis cada vez mais substituídos por equipes. Enfim, um modelo dinâmico e

inovador na busca de flexibilidade e adaptação ao mundo exterior.

O contexto econômico atual se caracteriza pela alta competitividade, pela

sofisticação dos consumidores e pela velocidade com que ocorrem mudanças. A

efetividade operacional, baseada na redução dos custos, no aumento da

1 Emponderadas: dotadas de poder para ação e tomada de decisão

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produtividade e na melhoria dos produtos é um fator primordial para que as

empresas consigam competir num mercado cada vez mais acirrado.

Por outro lado, as empresas devem ser flexíveis o suficiente para atender a

sofisticação dos consumidores, ou seja, oferecer produtos de qualidade e

adequados às necessidades e características individuais dos clientes. Para atingir

estes objetivos, as empresas devem estar continuamente revisando seus processos

produtivos, seus produtos, seus relacionamentos com clientes, fornecedores, etc.

Faz-se necessário uma constante inovação que, por sua vez, é responsável pela

velocidade com que ocorrem as mudanças nas formas de gestão empresarial.

Neste sentido, as organizações têm procurado desenvolver novas formas de

trabalho, de comunicação, de estruturas e tecnologias, bem como novos vínculos

com os diversos agentes com os quais interagem. Num ambiente envolvido por

constantes mudanças como o que se apresenta nos dias de hoje, não há vantagem

competitiva sustentável senão por meio do que a empresa sabe, do seu

conhecimento de como consegue utilizar o que sabe e a rapidez com que aprende

algo novo.

No passado a vantagem competitiva era obtida pela localização, pelo acesso

à mão de obra barata, pelos recursos naturais e pelo capital financeiro. Entretanto,

quase sempre, a concorrência conseguia igualar estes diferenciais competitivos.

Hoje, uma das principais formas de se obter vantagem competitiva

sustentável é a que se dá pela gestão pró-ativa do conhecimento, já que este é

passível de gerar retornos crescentes e dianteiras continuadas. Logo, a gestão do

conhecimento vem merecendo uma atenção especial dentro das organizações,

sendo considerado como um recurso estratégico, uma das bases e sustento das

vantagens competitivas (NICOLAU, 2003).

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Isto ocorre porque o conhecimento reside nas pessoas e pode ser utilizado

para a geração de novos conhecimentos alavancando, desta forma, os negócios de

uma empresa. Logo, o desafio de fazer uso do conhecimento existente na empresa,

com o objetivo de criar vantagens competitivas, torna-se necessário e fundamental.

Nestes constantes esforços de transformação que vêm sendo conduzidos

pelas empresas em nossos dias, é cada vez maior o reconhecimento da importância

da participação plena e integrada das pessoas nesses processos. Para chegar aos

resultados desejados é preciso fazer com que os indivíduos que participam do

processo e o conhecem, se engajem plenamente na realização dos objetivos

estratégicos estabelecidos.

Desta forma, as pessoas se tornam parceiras das organizações

influenciando nas decisões organizacionais e contribuindo para seu

desenvolvimento.

A descoberta do valor dos indivíduos para a organização e a

conscientização de que as pessoas possuem uma capacidade de crescimento e

desenvolvimento e, que partindo deste princípio, os indivíduos também passam a

investir na empresa por meio de seu esforço, responsabilidade, dedicação,

comprometimento, criatividade, entre outros, levou as empresas a repensarem suas

estratégias e defini-las considerando seu capital humano (NICOLAU, 2003).

Compreendendo estes fatores torna-se importante que as tarefas sejam

realizadas de forma correta, com indivíduos capazes de analisar e resolver os mais

variados problemas. As organizações passaram a investir na criação de equipes,

nas quais todos os membros sejam atuantes e, principalmente, que as pessoas se

completem formando, assim, um foco de trabalho com grande competência e

capacidade de realizar as mais diferenciadas tarefas.

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2.2. Estrutura, Comunicação e Clima Organizacional

Neste item são apresentados os conceitos de estrutura, clima e

comunicação organizacional, assim como uma breve noção de motivação, para que

se compreendam os principais fatores motivacionais dentro de uma empresa.

2.2.1 Organização e Estrutura

A estrutura organizacional, ao ser definida, deve considerar a estratégia de

negócios da organização, pois ambas devem atuar de forma harmoniosa dentro de

uma empresa. Portanto, cabe à administração da estrutura organizacional avaliar o

contexto e o ambiente interno e externo dos seus negócios, para decidir, de modo

adequado, a melhor forma de trabalho dentro do sistema de sua organização.

Assim, em uma organização, a estrutura é definida com base na disposição

de seus componentes e, depois, pelo estabelecimento dos padrões de relações

entre eles (PARK et al, 2002).

Para Robbins (2003, p.31) “uma organização é um arranjo sistemático de

duas ou mais pessoas que cumprem papéis formais e compartilham um propósito

em comum”.

Pode-se utilizar o conceito de organização de Park et al (2002) enfatizando

que este arranjo ou grupo de pessoas, com um objetivo comum, é reunido por um

conjunto de relacionamentos de autoridade e responsabilidade, para complementar

a definição anterior.

Percebe-se por esta definição que a organização só se concretiza quando as

pessoas estão juntas e com a finalidade de alcançar algum propósito.

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Ainda para Robbins (2003) todas as organizações possuem três

características comuns:

1. Um propósito distinto, expresso em termos de metas ou conjunto de

metas.

2. Cada uma é composta de pessoas.

3. Todas as organizações desenvolvem estruturas sistemáticas, que define

papéis formais e limita o comportamento de seus membros.

No entanto, é necessário que estas pessoas recebam informações para que

possam colocar e delimitar suas decisões.

Para Oliveira (2005, p.83) a estrutura organizacional é “o conjunto disposto

de responsabilidades, autoridades, comunicações e decisões das unidades

organizacionais de uma empresa”.

De acordo com Robbins (2002, p.401) uma “estrutura organizacional define

como as tarefas são formalmente distribuídas, agrupadas e coordenadas”.

Segundo Maximiano (2002), para que todas as tarefas especializadas sejam

reunidas, de forma a trazer benefícios para a organização, é preciso que forme uma

rede de relações entre os indivíduos que compõem o capital intelectual da

instituição, para que as atividades sejam coordenadas e coerentes com a tarefa final.

Esta estrutura de coordenação irá receber o nome de estrutura

organizacional, pois ela é o produto de decisões de divisão e coordenação do

trabalho, definindo as atribuições específicas e o modo como devem estar

interligados os diversos grupos especializados, ou seja, os chamados

departamentos. (MAXIMIANO, 2002).

Para Vasconcellos & Hemsley, (1997, p.03) a estrutura de uma organização

pode ser definida como:

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[...] o resultado de um processo através do qual a autoridade é distribuída, as atividades desde os níveis mais baixos até a Alta Administração são especificadas e um sistema de comunicação é delineado permitindo que as pessoas rejeitem as atividades e exerçam a autoridade que lhes compete para atingir os objetivos organizacionais.

Baseado na definição anterior pode-se dizer que, para uma organização

obter um bom desempenho em seus empreendimentos, a autoridade deve ser

distribuída por todo escalão. Logo, o sistema de comunicação torna-se fator

importante, pois é através dele que as pessoas podem exercer a autoridade que

lhes competem.

Na figura 1 pode ser observado o conceito de estrutura organizacional.

Figura 1- Estrutura Organizacional

Fonte: Vasconcellos & Hemsley, (1997, p.04)

ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

SUBSISTEMA DE

AUTORIDADE

SUBSISTEMA DE

COMUNICAÇÃO

SUBSISTEMA DE

ATIVIDADES

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Observa-se, na figura 1, que o processo de autoridade é distribuído, e existe

a necessidade de total cooperação entre as diversas áreas que integram uma

organização. Além da autoridade é preciso que a comunicação e as atividades

realizadas sejam organizadas de forma eficiente, pois só assim, poderão trazer

benefícios para a instituição.

Neste conceito de estrutura organizacional, lembrando Oliveira (2005) é

interessante notar que o conjunto é formado por responsabilidades, autoridades,

comunicações e decisões; sendo que não pode haver, entre eles, uma escala de

importância ou prioridade. Eles devem ser analisados e tratados de forma igualitária,

já que todos compõem um único contexto.

Segundo Oliveira (2005, p.83), a estrutura organizacional estabelecida de

forma adequada traz benefícios para a organização, conforme seguem:

• Permite identificar as tarefas necessárias. • Organiza as funções e responsabilidades. • Transmite informações, recursos e feedback aos colaboradores da

organização. • Permite medir os desempenhos e verificar se estão sendo compatíveis

com os objetivos da instituição. • Transmite condições motivadoras.

Como pode ser observado no quadro 1, para que a estrutura consiga ser

fundamentada é preciso que um conjunto de itens organizacionais seja definido.

Quadro 1 - Aspectos a serem definidos para a formação de uma estrutura

Definição das atividades

Escolha dos critérios de departamentalização

Definição quanto à centralização X descentralização de área de apoio

Localização de assessorias

Decisão quando à amplitude de controle e quanto ao número de níveis hierárquicos

Definição do nível de descentralização de autoridade

Sistema de comunicação

Definição quanto ao grau de formalização

Fonte: Adaptado de Vasconcellos & Hemsley (1997)

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Para Vasconcellos & Hemsley (1997), este conjunto deve ser formado por

alguns pontos, conforme mostra o quadro 2:

Quadro 2 – Conjunto de itens organizacionais

Definição das atividades Como as tarefas serão agrupadas e distribuídas.

Departamentalização É o agrupamento dos indivíduos em unidades para que possam ser geridos. As unidades são agrupadas em unidades maiores até atingir o nível mais alto da organização.

Localização da Assessoria

Da mesma forma que as áreas de apoio, podem ser centralizadas ou não e ainda separadas por segmentos específicos (ex.: assessoria ambiental).

Áreas de apoio Geralmente são, na maioria das organizações, centralizadas para que possam atender a todas as divisões ou unidades. Em alguns casos a área de apoio pode ser total ou parcialmente descentralizada (exemplo: tecnologia de informação (IT), contas a pagar, departamento comercial, etc.).

Amplitude de controle Número máximo de funcionários que um chefe pode dirigir eficientemente.

Descentralização de autoridade

Fator importante no planejamento de uma organização, pois o excesso de centralização pode ocasionar demora nas decisões, frustrações, sobrecarga da Alta Administração e decisões sem vínculos com a realidade.

Sistema de comunicação

Deverá ser planejado de qual canal será permitida a comunicação, tornando-se fundamental dentro da estrutura organizacional.

Grau de formalização Necessário para refletir uma estrutura sem excesso de burocratização e a agilidade da organização.

Fonte: Adaptado de Vasconcellos & Hemsley (1997)

Na Figura 2, podem ser observados a amplitude de controle, seus limites e

sua área de atuação.

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Figura 2 - Amplitude de controle

Fonte: Oliveira (2005, p.94)

É evidente, portanto, que a estrutura organizacional é completa e complexa

e a falta de um de seus componentes podem comprometer o sucesso da empresa.

Exposto os conceitos de estrutura organizacional abordar-se-á, brevemente,

a distribuição de poder e autonomia (centralização e descentralização) dentro das

organizações.

2.3. Centralização e Descentralização

De acordo com Pompermayer (2000), a centralização está ligada a

distribuição de autoridade na organização, no âmbito de tomada de decisões e na

influência que os colaboradores exercem no processo.

Amplitude de Autoridade

Limites de Autoridade Nível Hierárquico

Mais Alto

Mais Baixo

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Produz uniformidade e facilita o controle

Permite avaliar os gerentes com baseem sua capacidade de tomar decisões eresolver os problemas

Os gerentes têm acesso rápido àinformação e podem cuidar dosproblemas à medida que ocorrem

Tende a aumentara satisfação dosgerentes com o sistema de controle eresultado

Reduz a duplicação dos esforçosProduz um clima de competitividadepositiva dentro da organizaçãoFavorece a criatividade e a engenhosidade na busca de soluções para problemas

A avaliação de desempenho sempredepende de critérios estabelecidospara hierarquia superior

O controle e o tratamento uniformizadode problemas são difíceis em umsistema descentralizado

A busca de uniformidadedesfavorece a competição

Pode diminuir as vantagens daespecialização devido à tendência àauto-suficiência

Tende a inibir a iniciativa edesestimular a criatividade

CENTRALIZAÇÃO DESCENTRALIZAÇÃO

DE

SV

AN

TAG

EN

S

DE

SV

AN

TAG

EN

S

VA

NTA

GE

NS

VA

NTA

GE

NS

Um alto grau de centralização é indicativo de que os colaboradores

necessitam de supervisão rigorosa, pois são considerados inaptos para tomar

decisões sobre as tarefas que executam.

Desta forma, para Oliveira (2005), a descentralização não irá concentrar a

tomada de decisões na cúpula que gerencia a empresa, sendo a autoridade

distribuída pelos níveis hierárquicos que compõem a organização.

Com esta mesma visão, Robbins (2000) complementa estas definições

considerando que a centralização refere-se ao grau em que a autoridade e a tomada

de decisões estão concentradas em um único ponto da organização e, na maioria

dos casos, na gerência administrativa. Já a descentralização ocorre quando os

colaboradores, com posições ou cargos de nível inferior, são dotados de arbítrio

para tomar decisões e fornecer contribuições.

No quadro 3, a seguir, podem ser observadas as vantagens e desvantagens

da centralização e da descentralização.

Quadro 3 - Centralização e Descentralização – Vantagens e Desvantagens

Fonte: Adaptado de Maximiano (2002)

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Pode-se verificar, com base nas definições anteriores, que a

descentralização permite uma maior participação dos colaboradores nas tomadas de

decisões dentro de uma organização. Com isto, ao contrário da centralização,

promove um aumento nos esforços e no senso de propriedade dos funcionários,

estimulando a criatividade do capital humano da organização. Porém, cabe à

gerência administrativa de uma organização decidir qual a melhor forma de tomada

de decisões, baseada na sua cultura e estrutura organizacional.

Fundamentado nos conceitos de estrutura organizacional, anteriormente

citados, e conhecendo-se as vantagens e desvantagens com relação à centralização

e descentralização é possível verificar que a comunicação torna-se, dentro de uma

organização, fundamental e importante, uma vez que é por meio dela que as tarefas

são passadas à equipe pela gerência.

A comunicação reforça os laços entre os membros das equipes e evita

equívocos que podem comprometer as atividades desenvolvidas. Crê-se, desta

forma, essencial abordá-la dentro deste estudo.

2.4. A Comunicação Organizacional

A comunicação é fundamental dentro das organizações, na instituição de

canais satisfatórios de ligação com os diversos níveis de uma empresa. Desta forma,

torna-se necessário conhecer o conceito de comunicação.

A Comunicação Organizacional (Corporativa ou Institucional) é um conjunto

complexo de atividades, ações, estratégias, produtos e processos que são

desenvolvidos para reforçar a imagem de uma empresa ou entidade, como por

exemplo, sindicatos, órgãos governamentais, ONGs, associações, universidades,

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entre outras, junto aos seus públicos de interesse, os quais podem ser:

consumidores, empregados, formadores de opinião, classe política ou empresarial,

acionistas, comunidade acadêmica ou financeira, jornalistas, e/ou junto à opinião

pública (BUENO, 1995).

Percebe-se que a comunicação empresarial requer que um conjunto de

atividades seja reunido para reforçar a imagem da empresa junto aos seus clientes

internos e externos.

Para Robbins (2002, p.277) a comunicação “pode ser entendida como um

processo ou fluxo”. Os problemas ocorrem quando este fluxo é bloqueado ou

desviado. Portanto, fica explícita a importância da comunicação dentro de uma

organização e a necessidade de que ela se manifeste de modo objetivo, mantendo,

durante a troca de informações, um fluxo constante sem que ocorram desvios.

A expressão comunicação organizacional se aplica a qualquer tipo de

organização social (empresa pública ou privada, instituições, entidades sem fins

lucrativos, etc.), não se restringindo ao âmbito das empresas.

A comunicação organizacional compreenderia o conceito amplo do conjunto das diferentes modalidades comunicacionais que ocorrem dentro das organizações, a saber: a comunicação institucional, a comunicação mercadológica ou comunicação de marketing, a comunicação interna e a comunicação administrativa (KUNSCH, 1999, p.75).

Na figura 3, observa-se o modelo do processo de comunicação e, para que

isto ocorra, é necessária uma mensagem, a ser emitida de uma fonte (emissor) para

um receptor.

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Figura 3 - O modelo de processo de comunicação

Feedback

Fonte: Robbins (2002, p.277).

Pela figura, de acordo com Robbins (2002), pode-se entender as sete partes

do processo de comunicação, conforme segue:

a) Fonte: onde se origina a informação (emissor).

b) Codificação: é o meio pelo qual a fonte inicia a mensagem.

c) Mensagem: é o produto físico decodificado pelo emissor.

d) Canal: é a mídia pela qual a mensagem viaja.

e) Decodificação: a mensagem é transmitida em símbolos, que devem

ser decodificados para serem compreendidos.

f) Receptor: é o sujeito que irá receber a mensagem e que deve ter as

habilidades necessárias para decodificá-la.

g) Feedback ou círculo de feedback: o feedback faz a verificação do

sucesso na transmissão de uma mensagem e determina se ela foi compreendida.

Para este mesmo autor, algumas condições podem afetar a mensagem

codificada, sendo que o sucesso da comunicação inclui habilidades de fala, escrita,

escuta e raciocínio. As idéias pré-concebidas aliadas à falta de conhecimento sobre

o assunto podem alterar o conteúdo da mensagem que está sendo transmitida ao

receptor. Além disso, assim como as atitudes influenciam o comportamento, o

Fonte Codificação Canal Decodificação Receptor

Mensagem Mensagem Mensagem Mensagem

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sistema sócio-cultural (crenças e valores) também pode interferir, enquanto fonte

emissora de comunicação.

Pode-se entender que a comunicação eficaz contribui para que se efetive a

possibilidade de se realizar uma tarefa à contento e a disponibilidade de atingir um

alto grau de cooperação entre as pessoas.

2.4.1. Barreiras na Comunicação

Barreiras pessoais e interpessoais podem ocorrer durante a transmissão da

mensagem fazendo com que a mesma chegue ao receptor com um conceito

diferente da enviada pelo emissor. Robbins (2002) apresenta algumas interferências

que atrapalham a comunicação eficaz, conforme segue:

a) Filtragem: manipulação da informação pelo emissor, para que ela seja

compreendida de maneira favorável pelo receptor. As informações necessitam ser

condensadas e sintetizadas para que o receptor não seja sobrecarregado com

dados.

b) Percepção seletiva: o receptor no processo de comunicação deve

escutar seletivamente apoiado em suas necessidades, motivações, experiências,

histórico e outras características pessoais e tomar cuidado ao projetar seus

interesses e expectativas quando decodificam as mensagens.

c) Sobrecarga de informação: o excesso de informação é prejudicial

quando excede a capacidade de processamento que, no ser humano, é limitada.

d) Defesa: a decodificação da mensagem pode ser prejudicada se houver

ameaças ao receptor.

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e) Linguagem: deve-se tomar cuidado com a linguagem utilizada, pois as

palavras podem ter significados diferentes para pessoas diferentes.

As comunicações se mantêm como o centro gravitacional das atividades

humanas, pois nada acontece sem que haja prévia comunicação. Um grande

número de problemas, dentro das organizações, pode ser ligado à falta de

comunicação. Portanto, existirá sempre a necessidade dos dirigentes procurarem

conhecer e reconhecer que efetivamente existe um processo de comunicação dentro

da organização; se este processo está sendo compreendido e se é aplicado de

forma correta.

Quando a comunicação é eficiente e todos os colaboradores contam com a

mesma informação há menos chance de que uma parte explore a ignorância da

outra. E com um vocabulário e um modo de trabalhar comuns, há menos mal

entendidos. Esses fatores aumentam a confiança e o capital social entre os

membros da equipe e entre os colaboradores de uma organização (EVANS &

WOLF, 2005).

A comunicação é uma via de “duas mãos”, na qual a transmissão deve

ocorrer com sucesso, mas durante este processo deve haver entendimento e

compreensão. Este entendimento deve levar em consideração as palavras, as

emoções e a situação em que se faz a tentativa de tornar comuns conhecimentos,

idéias, instruções ou quaisquer outras mensagens verbais, escritas ou corporais.

Para que a comunicação possa se dar de maneira plena e trazer os

benefícios esperados é necessário saber ouvir. Conhecer, refletir, compreender,

analisar o contexto que está sendo abordado.

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40

A análise torna-se de importância fundamental, uma vez que toda ação deve

ser pensada e repensada para compreender se a situação exposta tem as tarefas

desempenhadas, se precisam ou não de ajustes, de novas abordagens ou de novas

colocações.

O interesse e a importância dada à questão irá sempre refletir como um fato

positivo dentro da organização. A preocupação em saber se o colaborador entendeu

o que está sendo transmitido é indispensável. Não se pode desenvolver uma tarefa

sem entendê-la. Para que a comunicação tenha o efeito desejado e consiga o

benefício pretendido é necessário que ela seja clara, completa e objetiva e atenda a

todas as informações e conhecimentos.

Com base no que foi apresentado sobre a importância e o conceito de

estrutura e comunicação organizacional, abordar-se-á no próximo tópico, o clima

organizacional e a necessidade de motivação.

2.5 O Clima Organizacional e a Motivação

Para Guimarães et al (2004) o clima organizacional é o clima do trabalho na

empresa, resultante da percepção dos colaboradores, referente aos diversos fatores

que influenciam na sua performance de trabalho. Em outras palavras, é o sentimento

que se expressa por todos na organização, em um determinado período, podendo

ser influenciado por fatores conjunturais externos e internos.

Os autores complementam, apresentando outra definição, pelo qual o clima

organizacional pode ser entendido como o indicador do grau de satisfação dos

membros de uma empresa, em relação a diferentes aspectos da realidade aparente

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da organização, tais como: política de RH, modelo de gestão, missão da empresa,

processo de comunicação, valorização profissional e a identificação com a empresa.

Segundo Toledo & Milioni (1996) o clima organizacional é um conjunto de

valores, atitudes e padrões de comportamento, formais e informais, existentes em

uma organização.

Nesse sentido, o clima organizacional pode ser entendido como a percepção

que os colaboradores tem da organização a que pertencem, suas reações e

comportamentos a esta percepção e, que estão fundamentadas na experiência

vivida dentro da organização que, no decorrer dos dias, expõe suas políticas,

estruturas, sistemas, procedimentos, processos de trabalho e valores.

Percebe-se assim, que o clima existente dentro de uma organização pode

influir nas tarefas desenvolvidas pelos colaboradores, que poderão executá-las

motivados ou não, pelas ações desenvolvidas pela instituição.

Desta forma, torna-se fundamental descobrir se os colaboradores estão

motivados e o que os motiva.

Gil (2001) afirma que no mundo competitivo dos negócios, as pessoas

devem estar altamente motivadas, pois tendem a proporcionar melhores resultados

no desenvolvimento de suas tarefas.

Salgado (2005, p.43) define motivação como “[...] a vontade de empregar

altos níveis de esforço em direção a metas organizacionais, condicionada pela

capacidade do esforço de satisfazer alguma necessidade do indivíduo”.

Nesta mesma visão, Robbins (2000, p.342) define motivação como “a

disposição de exercer um nível elevado e permanente de esforço em favor das

metas da organização, sob a condição de que o esforço seja capaz de satisfazer

alguma necessidade individual”.

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42

Para este mesmo autor, o elemento esforço é uma medida de intensidade,

sendo que um indivíduo motivado não desiste facilmente de alcançar o seu objetivo.

Todo ser humano é motivado pela necessidade de atingir um objetivo, e

dependendo da força, originada por seus motivos, será impulsionado e guiado até

que ele seja cumprido.

De acordo com Evans & Wolf (2005), os estímulos monetários e a exigência

de prestação de contas são fatores motivadores na execução de tarefas estreitas,

específicas, mas, em geral, desestimulam a ação. Admiração e aplauso são

melhores para gerar um bom comportamento e melhor desempenho.

Gehringer (2005) complementa esta idéia enfatizando que pequenos elogios

são a forma mais simples – e mais barata – de se motivar um indivíduo ou uma

equipe.

É preciso lembrar que, na opinião de Bergamini (1997), a motivação de uma

pessoa é interdependente dos objetivos externos, ou seja, a motivação irá ocorrer

quando existe uma necessidade, a qual deve ser satisfeita; e que é decorrente dos

desejos e impulsos internos de um indivíduo. Mas, esta necessidade só será

satisfeita quando o ser humano conseguir atingir o objeto de seu desejo que,

geralmente é externo. Exemplificando, se o objeto de desejo de uma pessoa é um

automóvel modelo “X”, a motivação vai gerar uma necessidade que só será satisfeita

quando o indivíduo conseguir adquirir o automóvel modelo “X”.

Para Salgado (2005), todos os indivíduos têm as suas necessidades, as

quais podem ser reconhecidas como seus desejos, aspirações, motivos ou metas

individuais. E essa necessidade humana torna dinâmica a motivação que existe

dentro das pessoas.

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43

Porém, quando o indivíduo conseguir satisfazer seu desejo, o motivo

perderá sua força, e novas necessidades irão surgir e que deverão, também, serem

satisfeitas. Assim, o homem irá apresentar necessidades, desejos e impulsos

durante toda sua vida e, a satisfação de cada um destes desejos irá proporcionar o

bem estar físico e psicológico aos indivíduos (PARK et al, 2002).

De acordo com estes mesmos autores, uma necessidade não satisfeita

resultaria em frustração, levando o indivíduo à ansiedade e à angústia. Já uma

necessidade satisfeita não mais motivaria o comportamento. O homem só seria

motivado pelas necessidades a serem satisfeitas.

Os fatores motivacionais dependem da natureza das tarefas que o indivíduo

executa. O efeito dos fatores motivacionais sobre o comportamento é muito mais

profundo e estável. Quando são precários, eles evitam a insatisfação. Os fatores de

motivação têm um efeito de enaltecimento na atitude das pessoas e levam a um

melhor desempenho relacionado ao conteúdo do trabalho (BERGAMINI, 1997).

Desta forma, os fatores motivacionais estão sob o controle do indivíduo e

englobam os sentimentos de auto-realização, de crescimento individual e de

reconhecimento profissional.

Para Bergamini (1997), existem dois tipos de motivação:

a) Motivação Extrínseca: é aquela que valoriza o resultado de uma ação e a

probabilidade de alcançá-lo. Esta se refere ao contexto e, geralmente, é imposta na

tarefa por um instrutor, administrador de treinamento ou outro agente externo.

b) Motivação Intrínseca: é aquela que se refere ao prazer ou o valor

associado a uma atividade.

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44

Na visão de Bergamini (1997), a motivação é um impulso que vem de dentro

e que tem suas fontes de energia no interior de cada pessoa. A construção da

palavra motivação, quer dizer “motivo + ação”. Ou melhor, dar motivo para uma

ação. Desta forma, a pessoa sente-se motivada quando tem um motivo forte para

gerar uma ação. Sabemos que uma pessoa motivada é como se fosse um grande

trator impulsionando a todos ao redor. Portanto, as pessoas que fazem parte de uma

organização devem receber continuamente motivação para que possam executar

corretamente suas tarefas.

Para Marins Filho (1995) o entusiasmo, os feedbacks, a comunicação, o

“ouvir” são importantes ferramentas para que os colaboradores se sintam motivados

e possam realizar suas tarefas com desenvoltura. Os dirigentes devem se preocupar

em satisfazer as necessidades de seus colaboradores e, ao mesmo tempo, estarem

preocupados em ouvir seus funcionários, mostrando entusiasmo quando as tarefas

são cumpridas de modo eficiente e sensível para saber o momento exato de fazer

um elogio ou um gesto que demonstre sua satisfação pelo cumprimento da tarefa de

modo correto.

Para Bergamini (1997) as organizações, com o passar do tempo,

compreenderam que os indivíduos precisam ser estimulados para desempenhar

suas tarefas com êxito e que, as pessoas, por possuírem diferenças entre si,

buscavam diferentes objetivos motivacionais ao serem contratados para executarem

um determinado tipo de trabalho.

Simultaneamente, esses indivíduos possuem diferentes habilidades e

talentos especiais e originais, próprios a um único indivíduo e, portanto, cada pessoa

pode contribuir de uma maneira diferente para o sucesso da organização.

Assim, passou-se a exigir uma outra compreensão sobre o capital humano.

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45

Para Souza e Caulliraux (s/d, p.1) foi nesse momento que: “[...] a

administração das empresas veio a aceitar que as pessoas, e não o dinheiro em

caixa, os edifícios ou os equipamentos, eram os diferenciais críticos de um

empreendimento comercial ou industrial de fins lucrativos”.

Esse reconhecimento sobre o capital humano, representado pelos

colaboradores das empresas, ocasionou mudanças profundas na administração das

organizações e o colaborador passou a trazer valor para a empresa, ao desenvolver

suas tarefas corretamente.

Colaboradores motivados trabalham de forma a produzir mais, entendendo

que são reconhecidos pela importância do papel que desempenham dentro de uma

instituição. Trabalham com um melhor desempenho sabendo que a contribuição do

seu trabalho está sendo valorizada e reconhecida, bem como afetando,

positivamente, a qualidade do produto final da organização.

Para Robbins (2002), variáveis como liberdade e autonomia, oportunidade

de utilização de diferentes habilidades e talentos, capacidade de realização

completa de uma tarefa ou produto identificável, e a execução de uma tarefa ou

projeto que tenha um impacto considerável sobre os outros, entre outras, são

aspectos que estimulam a motivação para os colaboradores dentro de uma

organização.

2.6. Alguns tipos de Estruturas Organizacionais

Antes de abordar o assunto sobre sistema de trabalho por meio de equipes

autogerenciáveis, neste tópico será mostrado, brevemente, alguns dos tipos de

estruturas organizacionais usualmente adotadas pelas organizações.

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46

2.6.1. Estrutura Linear

A estrutura linear é uma das formas mais antigas de estrutura dentro das

organizações. De acordo com Pompermayer (2000) este tipo de estrutura tem como

algumas de suas características principais:

- autoridade linear: autoridade baseada na hierarquia com supervisão direta

(apenas um superior imediato).

- comunicação vertical: a comunicação ocorre seguindo-se um

organograma. O superior imediato deve estar informado de tudo, logo o fluxo de

informações deverá passar por ele (VASCONCELLOS & HEMSLEY, 1997).

- centralização das decisões: a tomada de decisão está concentrada no

topo da hierarquia ou na alta administração da organização.

Apesar de ser uma forma antiga de administração, este tipo de estrutura

apresenta, conforme citado por Pompermayer (2000), algumas vantagens como, por

exemplo, um sistema simples de comunicação e tomada de decisões, clareza de

responsabilidades, facilidade de implementação e estabilidade no funcionamento da

organização. Em contrapartida, como desvantagens podem ser considerados a

inflexibilidade (dificuldade de adaptação a mudanças), o sistema rígido de disciplina,

a ênfase nos chefes e supervisores (monopolização de informação), a lentidão nos

processos (comunicação vertical), entre outros.

2.6.2 Estrutura Funcional

Para Oliveira (2001) a estrutura funcional deve ser muito bem estabelecida

pela empresa para evitar possíveis problemas de duplicidade de comando.

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47

Este tipo de estrutura tem como características principais:

- autoridade funcional: a autoridade se exerce pelo conhecimento

especializado;

- comunicação direta: troca de informações efetuadas diretamente entre os

departamentos, sem intervenção hierárquica;

- descentralização das decisões: tomada de decisão pela especialização do

colaborador;

- ênfase na especialização: as responsabilidades são delimitadas de acordo

com a especialização (POMPERMAYER, 2000).

Como vantagens, podem ser consideradas a especialização dos

colaboradores, a supervisão técnica especializada e a rapidez na comunicação. Já

como desvantagens tem-se a diluição do comando, a subordinação múltipla, a perda

da visão do conjunto devido ao alto grau de especialização (OLIVEIRA, 2001).

É possível considerar, também, que se houver a necessidade de cooperação

entre as unidades ou departamentos dentro da organização, onde sejam

necessários indivíduos multiabilitados, este tipo de estrutura pode ser contra-

indicado.

2.6.3 Estrutura Linha-Staff

Pode-se dizer que este tipo de estrutura combina elementos dos tipos de

estrutura linear e funcional, como forma de tentar minimizar suas desvantagens.

Neste tipo de estrutura existem órgãos de linha e de assessoria relacionando-se

entre si.

De acordo com Oliveira (2001), os órgãos de linha são as unidades

organizacionais que têm ação de comando. Já as unidades organizacionais de

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48

assessoria não têm ação de comando, pois, apenas aconselham as unidades de

linha no desempenho de suas atividades - neste caso a sua autoridade é apenas

funcional.

Para Pompermayer (2000) este tipo de estrutura apresenta as seguintes

características principais:

- fusão das estruturas linear e funcional onde mantém-se a unidade de

comando (linear) e acrescenta-se a autoridade funcional – especialização;

- comunicações formais (linear) e diretas (assessoria);

- separação entre órgão funcionais e de apoio;

- hierarquia com especialização, onde existe a estrutura linear com a cadeia

hierárquica e também há a estrutura funcional baseada na especialização dos

assessores.

Ainda para a referida autora, esse tipo de estrutura decorre da atividade

conjunta dos órgãos de linha e dos órgãos de assessoria mantendo, desta forma, a

permanência da autoridade única agregada a ação e suporte da especialização.

Porém, deve ser considerada a possibilidade do surgimento de conflitos

entre os profissionais destes dois tipos de frente de trabalho. Pelo fato das

características de tais profissionais serem diferentes, pode ocorrer dificuldade de

manter o equilíbrio necessário entre estes dois tipos de órgãos, de forma que um

não se fortaleça demais em detrimento do outro.

2.6.4. Estrutura Matricial

Para Vasconcellos & Hemsley (1997, p.51) “quando duas ou mais formas de

estrutura são utilizadas simultaneamente sobre os mesmos membros de uma

organização, a estrutura resultante chama-se matricial”.

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Uma característica deste tipo de estrutura é a dupla ou a múltipla

subordinação, ou seja, uma mesma área pode estar sob o comando simultâneo de

superiores funcionais e de responsáveis por um determinado projeto

(especialização).

Para Oliveira (2001) este tipo de estrutura apresenta algumas vantagens,

entre elas:

- possibilidade de maior aprimoramento técnico da equipe de trabalho;

- coordenação da equipe de forma mais adequada e coerente;

- maior desenvolvimento de pessoal;

- maior especialização nas atividades desenvolvidas;

- uso adequado de vários recursos;

- maior cumprimento de prazos e orçamentos;

- melhor atendimento aos clientes do projeto.

Pompermayer (2000) complementa esta lista afirmando tratar-se de uma

forma de estrutura mais flexível às mudanças ambientais e permeável às inovações

do que as estruturas anteriormente descritas.

Como desvantagens, podem ser identificados a dupla subordinação,

gerando um clima de ambigüidade de papéis e as relações e os conflitos de

interesses entre os chefes funcionais e os chefes de projetos (OLIVEIRA, 2001).

2.6.5. Estrutura por Equipes

Para Munk (1999) uma equipe pode ser considerada um grupo íntegro de

colaboradores, responsável por todo um processo ou segmento de trabalho.

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50

Estes colaboradores são responsáveis não só pela execução do trabalho,

mas, também, pelo gerenciamento de si próprios.

Para este mesmo autor, a estrutura baseada em equipes tem a pretensão de

otimizar, em conjunto, os sistemas sociais e técnicos da organização.

Pompermayer (2000) apresenta algumas vantagens deste tipo de estrutura

como: a maior integração entre os diversos departamentos da organização, a

redução dos níveis gerenciais, o ambiente de motivação dos colaboradores.

Complementando, Munk (1999) cita, ainda, a velocidade de resposta das equipes de

trabalho, o desenvolvimento da criatividade dos participantes neste tipo de estrutura,

a melhor utilização de recursos, a aprendizagem organizacional (multiabilidade),

entre outros.

No entanto, algumas desvantagens ou problemas são identificados por Munk

(1999) neste tipo de estrutura como, por exemplo:

- necessidades mal combinadas: pessoas com agendas ocultas,

trabalhando com propósitos contraditórios;

- papéis não resolvidos: os membros de uma equipe não sabem ao certo

qual é o seu trabalho ou função;

- tomada de decisões ruim: equipes podem estar tomando as decisões, mas

de forma errada;

- conflitos de personalidades: os membros da equipe não se entendem;

- liderança ruim: a liderança é tímida e incoerente;

- feedback e informações insuficientes: o desempenho não é medido.

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51

Ainda na visão de Munk (1999), pode-se dizer que a estrutura baseada em

equipes tem como principal vantagem o fato de que as decisões tomadas por um

time tendem a ser mais sólidas, em média, do que as decisões tomadas

individualmente.

2.6.6. Estrutura em Rede

Estruturar a organização para funcionar em rede significa desagregar as

funções da organização, transferindo-as para outras organizações que passam a

atuar interligadas, sob a coordenação de um escritório central (POMPERMAYER,

2000).

Logo, pode-se entender que como as funções tipicamente internas à

organização passam a ser executadas fora de seus domínios, torna-se difícil

delimitar, nos moldes tradicionais, onde começa e onde termina a organização.

Para Pompermayer (2000) este tipo de estrutura apresenta vantagens como:

a facilidade de comunicação por meio eletrônico; a alta flexibilidade para se adaptar

e redefinir, de modo a aproveitar convenientemente as novas oportunidades de

mercado; a redução de custos administrativos (organização enxuta). Já como

desvantagens cita-se a ausência de um controle direto das operações que precisam

ser executadas em conjunto, o aumento da incerteza e do potencial de falhas, a

fragilização da lealdade interna na organização (ameaça de terceirização).

Conforme o exposto, pode-se dizer que esta forma de estruturar a

organização encontra campo de aplicação em organizações que devem competir em

um mercado globalizado, por meio de operações internacionais.

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52

2.6.7 Estrutura por Projetos

Este tipo de estrutura tem como uma de suas características o seu caráter

temporário. Ela terá duração pelo tempo necessário à execução do projeto.

Terminada a tarefa, o pessoal que temporariamente havia sido destinado a

ela é designado para outros departamentos ou outros projetos (OLIVEIRA, 2001).

Oliveira (2001, p.124) define projeto como “um trabalho, com datas de início

e término, com resultado final previamente estabelecido, em que são alocados e

administrados os recursos, tudo isso sob a responsabilidade de um coordenador”.

As principais vantagens deste tipo de estrutura, de acordo com este mesmo

autor são:

- permite alto grau de responsabilidade do grupo de execução do projeto;

- alto grau de conhecimento dos trabalhos inerentes ao projeto;

- alto grau de adaptabilidade e versatilidade;

- melhor atendimento ao cliente do projeto;

- melhor cumprimento dos prazos e orçamentos.

Como desvantagens, Pompermayer (2000) considera que este tipo de

estrutura concentra recursos e pessoas em cada projeto provisoriamente e, quando

se conclui um projeto, pode haver a indefinição com relação a outros projetos. Ainda

pode ocorrer a descontinuidade ou paralisação do projeto, além da imprevisibilidade

quanto a futuros novos projetos.

Logo, pode-se considerar que este tipo de estrutura torna-se viável quando a

concentração de recursos é grande com datas e prazos de execução.

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53

2.6.8 Estrutura Celular

Esta estrutura surge, de acordo com Pompermayer (2000), da necessidade

de uma forma diferente de estruturar a organização, apropriada à crescente

complexidade, tanto de suas atividades quanto de seu relacionamento com o

ambiente externo.

É uma forma organizacional que tem como característica a quase ausência

de estrutura e alta flexibilidade, seu delineamento quase não existe e a

informalidade é elevada (VASCONCELLOS & HEMSLEY, 1997).

No quadro 4 a seguir algumas das características deste tipo de estrutura

podem ser observadas:

Quadro 4 – Características da Estrutura Celular

��Existência de uma célula central que assegura a unidade ao projeto da

empresa e controla a eficácia das demais células.

��O “tecido” celular é organizado na forma de uma rede com muitos caminhos

possíveis entre uma célula e outra.

��Algumas células são estáveis no tempo, outras têm duração muito efêmera.

��Um mesmo indivíduo pode pertencer a mais de uma célula.

��A célula ineficaz não tem condições de sobrevivência.

��Quando uma célula cresce muito, ela tende a se dividir em células menores.

��Quando uma célula vai mal ela não põe em risco o conjunto.

��As condições de geração de inovação são aumentadas.

Fonte: Adaptado de Pompermayer (2000)

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54

As principais utilidades que a estrutura celular pode oferecer às

organizações que optam pela sua adoção são a flexibilidade às mudanças e a

ênfase no conhecimento e no pleno desenvolvimento do potencial das pessoas

envolvidas com a organização.

Desta forma, este tipo de estrutura encontraria obstáculos para ser

implantada em organizações com dificuldades para romper padrões tradicionais de

remuneração, o que certamente impediria a implementação de qualquer forma de

reconhecimento baseado no valor gerado pelo colaborador (POMPERMAYER,

2000).

2.6.9 Estrutura Holográfica

Antes de se mencionar a organização holográfica, algumas definições são

importantes para se compreender o conceito deste tipo de estrutura.

A palavra holismo vem do grego holos, que significa todo. A teoria defende que o homem é um ser indivisível, que não pode ser entendido através de uma análise separada de suas diferentes partes (VASCONCELLOS & HEMSLEY, 1997, p.176).

A visão holística pode ser considerada a forma de perceber a realidade e a abordagem sistêmica o primeiro nível de operacionalização desta visão, sendo ambas aplicáveis, portanto, a todas as áreas do conhecimento. (VASCONCELLOS & HEMSLEY, 1997, p.176).

No ambiente organizacional, o holismo vem sendo definido nos últimos anos,

conforme Vasconcellos e Hemsley (1997), de forma paralela à evolução do conceito

de globalização econômica. A empresa não é mais vista como um conjunto de

departamentos, que executam atividades isoladas, mas como um corpo único, um

sistema aberto em contínua interação com o ambiente.

Para Pereira (2004), o cérebro, que é visto como um sistema de

processamento de informações tem sido comparado com sistemas holográficos, nos

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quais qualquer das partes separadas pode ser usada para reconstruir a imagem

total. A holografia demonstra que é possível criar processos nos quais o todo pode

ser contido em todas as partes, de forma que todas as partes representem o todo.

Desta forma, pode-se entender que esta comparação da organização com

o cérebro tem como diferencial o rompimento do pensamento tradicional que

visualiza as organizações como máquinas, constituídas de equipamentos e peças

mecânicas, cada qual com suas funções e responsabilidades definidas e

controladas, visando um objetivo final.

De acordo com Moscovici (2005), o princípio da estrutura holográfica em

uma organização é colocar o todo nas partes, por meio da utilização da redundância

de funções, aumento da rede de conexões e obtenção de generalização e

especialização simultâneas. Isto significa a incorporação de funções extras a cada

uma das partes operacionais para que cada parte possa executar mais funções ao

invés de somente uma tarefa específica.

A concepção holográfica baseia-se em quatro princípios, de acordo com

Pereira (2004):

1 - Funções redundantes: são um meio de se construírem os todos em cada

parte; a especialização e generalização.

2 - Variedade de requisito: ajuda a promover orientações práticas para o

planejamento das relações parte-todo, mostrando exatamente quanto do todo

precisa estar em cada parte.

3 - Mínima especialização crítica: mostram como se podem desenvolver

capacidades de auto-organização. Tentar preservar a flexibilidade absolutamente

necessária para que a atividade particular de cada parte da organização ocorra.

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56

4 - Aprender a aprender: ajudar a evitar que esta flexibilidade torne-se um

processo caótico.

Borges e Côrtes (2004) apresentam algumas das principais características

da estrutura holográfica:

- todas as partes do sistema possuem as mesmas competências do sistema

original;

- o controle é exercido em várias partes do sistema, organizado em um

processo harmônico;

- o processamento de informações e a tomada de decisões ocorre em

sistemas paralelos por toda a organização de maneira autônoma e podem ser

reconstituídas de qualquer parte, dependendo da necessidade;

- o equilíbrio e a manutenção do sistema é proporcionado por processos

especializados, independentes e complementares;

- o funcionamento da organização é auto-regulado e auto-organizado;

- a capacidade regenerativa permite reconstruir funções originais que

tenham se perdido;

- a inteligência interativa favorece a acessibilidade das informações;

- alto grau de responsabilidade e visão global estratégica das equipes de

trabalho.

Para Moscovici (2005), como vantagem, neste tipo de estrutura os gerentes

determinam somente o que é imprescindível na execução das tarefas,

incrementando a flexibilidade interna e a criatividade, abrindo espaço para responder

com agilidade a modificações, dificuldades, imprevistos ou novas ocorrências. Como

desvantagem, se a organização for composta de membros parcialmente

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heterogêneos, com pontos de vista e temperamentos distintos, oferecerá maiores

dificuldades ao líder quanto ao processo de integração. No entanto, trará maiores

possibilidades de uma visão mais abrangente dos problemas, descoberta de ângulos

pouco considerados, análise mais fundamentada, criatividade nas alternativas,

realismo nas decisões e produtividade global.

Assim, pode-se dizer que os princípios da estrutura holográfica procuram

criar condições através das quais as organizações procuram aprender a encontrar

novas e progressivas soluções para problemas complexos.

Identificados alguns tipos de estruturas organizacionais e algumas de suas

características, no capítulo a seguir abordar-se-á, com mais detalhes, a estrutura

baseada em equipes de trabalhos autogerenciáveis, foco de estudo deste trabalho.

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58

CAPÍTULO III - EQUIPES OU TIMES DE TRABALHOS

AUTOGERENCIÁVEIS

Neste capítulo são abordados o conceito de equipes ou times de trabalho

autogerenciáveis e sua importância dentro do ambiente organizacional. A

implementação das equipes, algumas de suas características e vantagens para a

organização.

Entretanto, antes de discorrer sobre times de trabalho autogerenciáveis, é

importante fazer um breve conceito sobre administração participativa, da qual o

trabalho em equipes é um dos principais recursos.

A participação dos colaboradores na tomada de decisões vem se tornando

uma prática cada vez mais constante dentro das organizações. Um conjunto de

tendências paralelas tem influenciado e fortalecido a adoção do modelo de

administração participativa.

A democratização das relações sociais, o desenvolvimento de uma

consciência de classe trabalhista, a elevação do nível educacional, a complexidade

das empresas modernas, a velocidade com que ocorrem as mudanças e a

intensificação nas comunicações são algumas das razões que justificam a adoção

de um maior grau de envolvimento dos funcionários na gestão das empresas

(FERREIRA et al, 2001).

Maximiano (1995, p.19-20) enfoca a administração participativa como:

[...] uma filosofia ou política de administração de pessoas que valoriza a capacidade de tomar decisões e de resolver problemas. A administração participativa aprimora a satisfação e a motivação no trabalho, contribuindo para o melhor desempenho e competitividade das organizações.

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59

Complementando este conceito, Park et al (2002) afirmam que a

participação, promovendo o aumento da motivação e da autonomia dos

colaboradores, faz com que os mesmos discutam mudanças e melhorias

organizacionais com mais propriedade.

Baseando-se neste conceito, pode-se entender que o objetivo da

administração participativa é garantir que, por meio da divisão de responsabilidades

entre as pessoas, num ambiente de cooperação entre elas, a resolução de

problemas e as tomadas de decisões sejam efetivas.

Um outro ponto importante a se compreender é o que se refere a algumas

características fundamentais na formação e construção de equipes que representam

a diferenciação entre grupos e equipes. Embora pareçam ser a mesma coisa,

existem algumas diferenças que podem ser decisivas na estratégia de atuação

pretendida pela organização, conforme pode ser observado no quadro 5 a seguir.

Quadro 5 - Diferença entre Grupos e Equipes

- Há um líder explícito - Papéis de liderança compartilhados

- A responsabilidade é do líder - Comprometimento mútuo

- A responsabilidade é de apenas alguns membros do grupo - Responsabilidades compartilhadas

- Há grupos de especialistas - Multiplicidade de funções (Produção, RH, Finanças)

- A reuniões são "racionais" e chegam logo a conclusões

- Encorajamento da aparição de divergências de opiniões e conflitos construtivos

- Mensura-se sua efetividade indiretamente em outros grupos

- Mensuração de seus resultados pelo desempenho de cada indivíduo do time

- As decisões ocorrem pelo voto da maioria - Decisões por consenso

- A decisão final é do líder - Decisão final do time

GR

UP

OS

DE

TR

AB

ALH

O

- Os objetivos são "clarificados" ou sugeridos pelo líder.

EQ

UIP

ES

- Objetivos aceitos e incorporados por todos os membros do time.

Fonte: Adaptado de Katzenbach & Smith (2001)

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60

Para Robbins (2002), grupos e equipes não são a mesma coisa. De acordo

com o autor, um grupo de trabalho é aquele que interage basicamente para

compartilhar informações e tomar decisões para ajudar cada membro com seu

desempenho em sua área de responsabilidade.

Os grupos de trabalho não têm necessidade, nem oportunidade para se

engajarem em um trabalho coletivo que requeira esforço conjunto. Assim, seu

desempenho é apenas a somatória das contribuições individuais de seus membros.

Não existe uma sinergia positiva que possa criar um nível geral de desempenho

maior do que a soma das entradas (ROBBINS, 2002).

Já, uma equipe de trabalho, segundo Robbins (2002), gera uma sinergia

positiva por meio do esforço coordenado. Os esforços individuais resultam em um

nível de desempenho maior do que a soma daquelas entradas individuais.

Os membros de um grupo de trabalho são responsáveis pelos seus próprios

resultados. Em contrapartida, os colaboradores de uma equipe de trabalho são

responsáveis pelos seus próprios resultados e, principalmente, pelo resultado do

time. O resultado de uma equipe está em função do desempenho do trabalho

coletivo, que é o conjunto da performance individual de cada colaborador (FIELD &

SINHA, 2000).

Para Moscovici (2003) um time (ou uma equipe) é realmente um time

quando passou do estágio em que busca apenas resultados financeiros. É quando

existe uma preocupação real com o bem-estar das pessoas. Em uma equipe deve

haver sinergia, e isso é muito mais do que a soma dos esforços individuais.

Pode-se dizer que estas diferenças ajudam a esclarecer porque tantas

organizações têm recentemente procurado reestruturar seus processos de trabalho

em torno de equipes. As organizações procuram por essa sinergia positiva, a qual

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61

proporciona uma considerável melhoria no seu desempenho em busca dos seus

objetivos.

Conhecendo-se o conceito de administração participativa e tendo a idéia da

diferença entre grupos e equipes, abordar-se-á o conceito de equipes ou times de

trabalhos autogerenciáveis.

3.1 Conceituação e Características dos Times de Trabalho Autogerenciáveis

Wellins et al (1994) conceituam equipe autogerenciável como um conjunto

íntegro de colaboradores responsáveis por “todo” um processo ou segmento de

trabalho que oferece um produto ou serviço a um cliente interno ou externo. Em

diferentes instâncias, os membros da equipe trabalham em conjunto para melhorar

as suas operações, lidar com os problemas do dia-a-dia, planejar e controlar as suas

atividades. Em outras palavras, eles são responsáveis não apenas pela execução do

trabalho, mas, também, por gerenciar a si próprios.

Para Robbins (2002), as equipes de trabalho autogerenciadas são conjuntos

de funcionários que realizam trabalhos muito relacionados ou interdependentes e

assumem muitas responsabilidades de seus antigos supervisores. Geralmente, isso

inclui o planejamento e o cronograma de trabalho, a delegação de tarefas aos

membros, o controle coletivo sobre o andamento do trabalho, a tomada de decisões

operacionais e a implementação de ações para solucionar os problemas.

Segundo Shinyashiki (2000), equipe autogerenciável é um conjunto de

pessoas integradas e capazes, disposto a realizar estratégias e atingir os objetivos

de uma organização. Este autor considera pessoas integradas como sendo

indivíduos que se valorizam e sabem dar importância uns aos outros, visando o

sucesso do seu trabalho; não são simplesmente pessoas isoladas que apenas

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62

fazem a sua parte. Já o termo “capazes”, na visão do mesmo autor, indica que as

pessoas têm conhecimento teórico e técnico de suas ações. Numa equipe

autogerenciável, os indivíduos são competentes e sabem utilizar os seus pontos

fortes para suprir as fragilidades dos outros e usam as virtudes alheias para corrigir

seus pontos vulneráveis. Os colaboradores de uma equipe conseguem fazer cada

membro do time transcender sua capacidade individual.

Baseando-se nestas definições, pode-se verificar que uma equipe

autogerenciável não pode ser tratada como um grupo formado para uma finalidade

específica como, por exemplo, um grupo para trabalhar no lançamento de um

determinado produto ou um grupo que envolve uma iniciativa de qualidade. O

trabalho para um time autogerenciável deve ser aquele projetado de forma que

ofereça a este time a “propriedade” de um produto ou serviço.

Wellins et al (1994) complementam que as equipes de trabalho

autogerenciáveis são pequenos conjuntos de pessoas investidas de poder para

gerenciar a si próprias e o trabalho que realizam diariamente. Elas são diferentes

pelo fato de serem estruturas organizacionais formais e permanentes ou unidades

que executam e gerenciam o serviço. Comumente, os membros dessas equipes não

apenas cumprem suas responsabilidades inerentes ao serviço, mas, também,

planejam e programam o trabalho, tomam decisões com relação à produção, adotam

providências no sentido de solucionar problemas e compartilhar responsabilidades

de liderança.

De acordo com os conceitos descritos anteriormente, pode-se entender que

os times de trabalho autogerenciáveis podem ser uma importante peça estratégica

dentro de uma organização, visto que os colaboradores de uma empresa que lidam

diretamente com o trabalho, conhecendo detalhes e particularidades, sabem melhor

Page 63: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

63

como executar e melhorar suas tarefas. Além disso, quando os colaboradores

assumem a autoridade e têm o sentido de propriedade sobre o seu trabalho, com a

possibilidade de autogerenciamento, eles se tornam ativamente envolvidos no

processo de melhoria contínua e comprometidos com o processo produtivo e com a

produtividade.

Segundo Valladares (2004), uma maior participação dos colaboradores nas

tomadas de decisões tem papel fundamental na redução de custos, no melhor

serviço prestado aos clientes, no aumento da criatividade e na redução do

absenteísmo e rotatividade de pessoal. Segundo esta mesma autora, a participação

pode gerar melhor distribuição de poder, uma vez que os colaboradores tendem a

ter maior influência nas decisões sobre o seu destino profissional e sobre o destino

da organização. Para a autora, ainda, outra vantagem é uma maior interação e

compartilhamento dos valores, na busca por identidade e lealdade entre os membros

das equipes. Além disso, tende a promover maior satisfação das aspirações

individuais, de iniciativa e criatividade, ao assegurar melhor interação com o time.

Assim sendo, Wellins et al (1994, prólogo) fornecem algumas características

distintivas das equipes autogerenciáveis:

� Estão capacitadas a compartilhar diversas funções de gerenciamento e liderança.

� Planejam, controlam e melhoram os próprios processos de trabalho. � Estabelecem os seus próprios objetivos e inspecionam o próprio trabalho. � Freqüentemente criam o próprio planejamento e procedem a uma análise

crítica do seu desempenho como grupo. � Podem preparar os próprios orçamentos e coordenar o seu trabalho junto

a outros departamentos. � Normalmente fazem pedidos de material, mantêm controle de estoque e

lidam com os fornecedores. � Freqüentemente são responsáveis por conseguir qualquer treinamento

de que necessitem. � Podem contratar os próprios substitutos ou assumir responsabilidades

pela disciplina de seus membros. � Elas – e não aqueles que não fazem parte da equipe – são responsáveis

pela qualidade de seus produtos ou serviços.

Page 64: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

64

Nas equipes eficazes, os seus integrantes trabalham em conjunto e

assumem responsabilidade coletiva para a realização de tarefas significantes. Para

Robbins (2002), a execução destas tarefas inclui variáveis, como liberdade e

autonomia, oportunidade de utilização de diferentes habilidades e talentos,

capacidade de realização completa de uma tarefa ou produto identificável e a

execução de uma tarefa ou projeto que tenha um impacto considerável sobre os

outros. Tais características são motivadoras porque aumentam o senso de

responsabilidade dos membros do time e sua percepção de autonomia no trabalho,

tornando-o mais interessante de ser realizado.

Baseando-se nas características anteriormente citadas e de acordo com

Field & Sinha (2000), as organizações estão implementando estruturas de trabalho

baseadas em equipes em suas linhas de produção objetivando melhorar a sua

produtividade e qualidade de seus produtos. Assim, conhecendo-se algumas das

características distintivas das equipes autogerenciáveis enfocadas pelos autores,

são mostradas, no quadro 6 a seguir, algumas das diferenças consideradas

significativas entre uma organização de estrutura tradicional e uma organização que

adota a estrutura de equipes de trabalho.

Quadro 6 - Diferenças entre Organizações Tradicionais e Equipes

ELEMENTO ORGANIZAÇÕES TRADICIONAIS EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS

Estrutura Organizacional Estratificada / individual Plana / em equipe

Conteúdo da Função Tarefa única / específica Processo integral / tarefas múltiplas

Papel da Administração Direto / controle Treinar / facilitar

Liderança Top-down Compartilhada com a equipe

Fluxo de Informações Controlado / limitado Aberto / compartilhado

Reconhecimento Individual Baseado na equipe / baseado em aptidões

Processo de Trabalho Gerentes planejam, controlam, melhoram

Equipes planejam, controlam, melhoram

Fonte: Wellins et al (1994, prólogo).

Page 65: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

65

Wilson et al (1995) complementam estas diferenças, conforme pode ser

verificado no quadro 7 a seguir.

Quadro 7 - Diferenças entre Organizações Tradicionais e Organizações baseadas em equipes

ORGANIZAÇÕES TRADICIONAIS ORGANIZAÇÕES BASEADAS EM EQUIPES

A informação é controlada rigorosamente e muitas vezes confidencial; ela está disponível para ser usada por uns poucos escolhidos dentro da organização.

Redes abertas de informação existem por toda a organização. A partilha de informações é vista como necessidade e responsabilidade de todos.

O que o chefe pensa e diz determina o desempenho. As pessoas estão completamente voltadas para o que acontece dentro da empresa.

O que impulsiona o desempenho da equipe é escutar e atender as exigências dos clientes internos e externos.

O trabalho é organizado em torno de funções e departamentos. O consenso geral é este: "O que é meu é meu; o que é seu é seu. Fique longe do meu território".

O trabalho é interfuncional, projetado para que as equipes sintam que possuem um cliente ou produto, não apenas uma função ou uma especialidade.

O poder é controlado por vários níveis de gerentes, que controlam o trabalho dos outros enquanto tomam todas as decisões-chave.

A responsabilidade e a liderança são compartilhadas com aqueles mais próximos do trabalho.

Os empregos são definidos de modo restrito. Uma pessoa realiza uma função e tem uma responsabilidade muito limitada.

Os empregos são definidos de forma mais ampla. A multi-habilitação (onde membros de equipes aprendem e desempenham várias funções) é comum.

As recompensas e reconhecimento são baseados, de modo vago, no desempenho individual. É norma que os gerentes compartilhem do sucesso financeiro da empresa - mas não aqueles nos escalões inferiores.

Recompensas e reconhecimento são compartilhados, e se baseiam amplamente no desempenho da equipe ou da organização, e na aquisição e aplicação de habilidades.

O comportamento e decisões das pessoas são orientados por regras, procedimentos, políticas.

O comportamento e decisões da equipe são orientados por uma visão da organização forte e cheia de propósitos, valores bem compreendidos e uma clara divisão de responsabilidades.

O controle e a melhoria da qualidade permanecem sob a responsabilidade da gerência ou dos especialistas em controle da qualidade.

A melhoria da Qualidade é incluída no trabalho de todo dia. É a responsabilidade de todos e é praticada de maneira contínua.

A maioria do trabalho é realizada por indivíduos que têm pouco controle sobre seus métodos e processos de trabalho.

A maioria do trabalho é realizada por equipes que possuem um grande grau de liberdade na decisão sobre a melhor maneira de fazer o seu trabalho.

Fonte: Wilson et al (1995, p.30)

Page 66: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

66

Apesar da estrutura baseada em equipes, ser diferente das forças de

trabalho encontradas nas estruturas tradicionais, a sua implementação deve estar

vinculada às evidentes necessidades dos negócios, sendo possível que elas não

sejam compatíveis com determinada cultura organizacional. Logo, deve-se ter de

forma evidente o conhecimento e o conceito do modo de trabalho do sistema em

equipes e relacioná-los com a cultura da empresa e de seus colaboradores, para

que a sua implementação traga os resultados almejados pela organização.

Não se pode esquecer, fundamentalmente, que quando se aborda gestão de

organizações, aborda-se mudança. Esta palavra, no sistema organizacional, não é

muito demagógica. Logo, as organizações que não estiverem totalmente alinhadas

com o assunto terão grandes chances de não prosperarem.

Sendo assim, faz-se necessário e importante descrever, brevemente, sobre

mudança organizacional.

3.2 Processo de Mudança Organizacional

Para Ferreira et al (2001), um ponto fundamental para o desenvolvimento

organizacional é a mudança. Se o ambiente científico-tecnológico e as necessidades

de mercado fossem previsíveis e estáveis, não haveria a necessidade de mudança

nas organizações.

Periodicamente, as empresas percebem ter a necessidade de reformular e

buscar novos níveis de desenvolvimento e eficiência competitiva. Às vezes, essas

necessidades resultam da perda de um mercado em processo de mudança ou de

um avanço tecnológico; outras são provocadas por fatores inesperados ou

imprevisíveis (KATZENBACH & SMITH, 2001).

Page 67: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

67

Assim sendo, nos dias atuais pode-se citar que a mudança é um dos

grandes e constantes acontecimentos. Logo, para uma organização, mudar passou

a ser uma necessidade. Com as constantes transformações que vêm ocorrendo no

mercado e na sociedade, as organizações são pressionadas a mudanças

constantemente e rapidamente. Da mesma forma, pode-se verificar que a mudança

está atrelada a crescimento e, portanto, sem mudança não há crescimento.

De acordo com a definição de Kissil (1998), é necessário entender que

mudança:

� é um processo que envolve pessoas, organizações e sistemas sociais;

� requer que se conheça a razão de mudar e as forças desestabilizadoras

do atual status quo;

� exige conhecer o que se quer mudar;

� significa que se conheça de onde se está partindo e aonde se quer

chegar;

� exige organização e gerenciamento do processo de mudança;

� exige de quem tem autoridade a decisão de mudar.

Considerando o fator humano frente às mudanças organizacionais, as

pessoas reagem e tendem a resistir à mudança, na medida em que ela ocasiona,

inexplicável ou desavisadamente, quebra de relações e padrões estabelecidos no

ambiente de trabalho. Geralmente a mudança necessita de tempo para a

acomodação de valores.

A mudança é, sobretudo, um processo de adaptação à nova cultura e

aprendizado, e não somente um processo tecnológico, ou de organização e

métodos. Os indivíduos precisam de tempo para compreender, adquirir e praticar

Page 68: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

68

novas habilidades e, também, para se adaptar às novas condições de trabalho

impostas pela mudança. Na verdade, não há grandes atalhos para introduzir

inovação; algum tempo se faz necessário.

Para Robbins (2000) a administração da mudança é um desafio que está

diante de toda a organização. A maioria das organizações bem administradas está

em constante processo de realizar as mudanças necessárias ao ajustamento à nova

economia e às novas regras da competição e do mercado.

Quando uma organização se adapta às mudanças ela está sobrevivendo ao

momento. Para se sobressair a essa mudança a organização deve se antecipar à

transformação, ou seja, ser mais rápida do que ela. Mas considerando que toda

mudança gera conflitos, a empresa não deve, de maneira alguma, interrompê-los,

pois assim ela irá interromper a mudança e, conseqüentemente, não haverá

crescimento (ROBBINS, 2002).

Dentro da organização é necessário que haja uma cultura de confiança e

respeito, onde as opiniões de diferentes pessoas sejam ouvidas e respeitadas,

assim os resultados serão melhores e todos os colaboradores se sentirão, de certa

forma, responsáveis pela mudança.

De um modo geral, pode-se dizer que as organizações que não buscarem se

organizar com flexibilidade, que não souberem valorizar seus recursos humanos,

que não investirem esforços no sentido de adequarem seus produtos às

necessidades do mercado e acompanhar o rápido progresso da humanidade, estão

fadadas a desaparecer.

A implementação de um ambiente de inovação que evolua constantemente,

aprimorando pessoas, processos, sistemas e a forma de gerenciar, não é mais uma

opção, e sim uma necessidade para assegurar sua sobrevivência no mercado cada

Page 69: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

69

vez mais competitivo. Todo o processo de implementação de um ambiente de

inovação requer esforços que visam um realinhamento da cultura vigente na

empresa.

A adoção do sistema de trabalho baseado em equipes pode ser

desconfortável para muitos indivíduos, especialmente durante o período de

transição. Partindo-se de uma orientação individualista é provável que essa

transição seja efetuada somente se as organizações atentarem para a necessidade

de reconhecimento pessoal e para o sentimento de realização.

É preciso que mecanismos sejam criados para incorporar o reconhecimento

do valor pessoal, ao mesmo tempo em que é reforçado o espírito de equipe. Isso

implica em recompensar o espírito de equipe e desenvolver meios para que seus

próprios membros reconheçam, de forma evidente, as contribuições superiores.

3.3 A Adoção do Sistema de Trabalho em Equipes

A implementação das equipes autogerenciáveis dentro de uma organização

deve ser precedida de um planejamento, pois se espera que ao serem

implementadas tragam benefícios para as empresas, não o contrário. Dessa forma,

as instituições devem se preocupar em identificar as vantagens das equipes e suas

implicações dentro do contexto em que serão inseridas.

O sistema de trabalho em equipes pode não ser adequado a todas as

organizações. Para que possa ser bem sucedido, o conceito de equipe precisa se

enquadrar nas formas de trabalho da organização e ser compatível com os objetivos

gerais de negócios da mesma. Assim sendo, as implementações cuidadosamente

Page 70: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

70

planejadas, executadas em sintonia com os objetivos gerais dos negócios, são

essenciais.

De acordo com Wellins et al (1994), as equipes precisam estar ligadas aos

objetivos estratégicos dos negócios e se enquadrarem no atual contexto do sistema

de valores de uma organização.

Logo, estando o sistema de trabalho em times autogerenciáveis alinhado

com os objetivos da organização, Wellins et al (1994) apresentam algumas das

razões pelas quais as empresas estão adotando este sistema de trabalho:

a) Melhor qualidade, produtividade e serviço: Para se manterem

competitivas, as empresas precisam incluir serviço, qualidade, velocidade e

contenção de custos em um único pacote.

O sucesso nessas áreas raramente decorre de grandes saltos; ao contrário,

vem de milhares de pequenos passos dados pelos indivíduos em todos os níveis da

organização.

As revoluções técnicas são um deles, mas os aperfeiçoamentos diários,

tanto do produto quanto do processo, já provaram ser um catalisador ainda mais

importante.

O sentido da propriedade da função resultante do conceito de equipe levou a

uma ênfase na melhoria contínua, que, por sua vez, levou a saltos surpreendentes

de qualidade, produtividade e serviço.

b) Maior flexibilidade: Os avanços da qualidade dos serviços dependem,

fortemente, da habilidade da empresa em descobrir meios de aumentar a sua

Page 71: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

71

eficiência de resposta aos clientes e ao mercado; há muito que o tempo do “modelo

padrão” é coisa do passado.

As equipes de trabalho podem se comunicar melhor, oferecer mais

oportunidades, encontrar melhores soluções e implementar ações com maior

rapidez.

Devido à natureza das equipes, os seus membros, freqüentemente, se

empenham mais, ficam mais alerta, são mais atuantes, têm mais conhecimento e,

geralmente, estão mais capacitados a reagir a condições variáveis do que as forças

de trabalho organizadas de forma tradicional.

McCreery et al (2004) também consideram a flexibilidade dos membros de

uma equipe um ponto importante para uma organização, podendo tornar-se uma

vantagem competitiva. Segundo estes autores, a flexibilidade da produção está

crescendo visivelmente como fonte de vantagem de sustentabilidade competitiva

para as empresas de manufatura.

c) Custos operacionais reduzidos: Para manter sua competitividade,

muitas empresas vêm sendo obrigadas a eliminar níveis hierárquicos da

administração intermediária e da supervisão.

Com um número menor de gerentes, muitas decisões precisam ser tomadas

nos níveis mais inferiores. As equipes autogerenciáveis são um veículo para os

colaboradores assumirem responsabilidades reservadas a gerentes ou supervisores.

d) Maior rapidez de resposta à mudança tecnológica: A avançada

tecnologia de fabricação exige diferentes e maiores habilidades do trabalhador.

Page 72: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

72

Essa tecnologia também cria maior interdependência entre as atividades até

então distintas e, conseqüentemente, os colaboradores que antes trabalhavam

sozinhos, agora precisam aprender a trabalhar em conjunto.

As equipes oferecem os elos de comunicação e eficiência de resposta

necessários ao bom funcionamento da tecnologia avançada.

e) Menos categorias funcionais e mais simples: À medida que a

tecnologia vai se tornando mais complexa e a exigência de flexibilidade aumenta,

muitas organizações vêem uma necessidade correspondente de indivíduos

multiabilitados, capazes de desempenhar muitas funções diferentes no trabalho.

As equipes são projetadas de modo a facilitar a divisão de trabalho e o

treinamento multifuncional.

f) Mais eficiência de resposta aos novos valores dos colaboradores:

hoje em dia, a autonomia, a responsabilidade e o empowerment são bem-vindos aos

colaboradores. Esses valores e necessidades são totalmente compatíveis com o

conceito de equipes autogerenciáveis.

g) Habilidades para atrair e reter as melhores pessoas: As organizações

que adquirem (e retém) mão-de-obra capacitada oferecem uma cultura à altura dos

valores das novas forças de trabalho.

As equipes proporcionam maior participação, desafio e sensação de

realização. As empresas que utilizam as equipes atraem e retém os melhores

elementos.

Page 73: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

73

As equipes são capazes de melhorar o desempenho dos indivíduos quando

a tarefa requer múltiplas habilidades, julgamentos e experiências. Quando as

organizações se reestruturam para competir mais eficaz e eficientemente, escolhem

as equipes como forma de melhor utilizar os talentos de seus funcionários. As

empresas descobrem que as equipes são mais flexíveis e reagem melhor às

mudanças do que os departamentos tradicionais ou outras formas de agrupamentos

permanentes (ROBBINS, 2002).

3.4 As Equipes nas Organizações

Wellins et al (1994, p.7) fornecem a seguinte definição sobre empowerment:

Power (poder) significa “controle, autoridade, domínio”. O prefixo em – significa “investir” ou “cobrir com”. O processo de empowerment, então, é transferir autoridade e responsabilidade. No sentido que utilizamos aqui, o empowerment ocorre quando o poder vai para os colaboradores, que passam, então, a ter a sensação de propriedade e controle sobre suas tarefas. Os indivíduos investidos de poderes, energizados (empowered), sabem que suas tarefas lhes pertencem. Com direito de opinar sobre o modo de execução das coisas, as pessoas se sentem mais responsáveis. Sentindo-se responsáveis, elas demonstram mais iniciativa, produzem mais e “curtem” mais o trabalho.

Para Park et al (2005), o empowerment ou energização é uma função na

qual a alta administração pode provocar a maximização da produtividade. É uma

função gerencial das mais importantes, pois contribui para o aumento da

produtividade, redução de custos e, principalmente, maior humanização das

organizações.

Energizar uma organização, na visão destes mesmos autores, significa

aumentar a participação dos membros na “vida” da empresa. Encontrar o melhor

meio de realizar suas tarefas e reconhecer sua importância dentro da empresa,

fazem com que o colaborador receba um estímulo para trabalhar, o que gera um

Page 74: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

74

aumento direto na produtividade. O indivíduo se sente mais importante para a

organização gerando um aumento do comprometimento e do envolvimento dele para

com sua empresa.

Wellins et al (1994) complementam este contexto afirmando que uma

empresa energiza as pessoas quando permite que os colaboradores assumam mais

responsabilidades e façam uso do que sabem e têm condições de aprender. Para

alguns cargos, não há limites quanto ao grau de empowerment possível, mediante o

aumento de responsabilidades funcionais. É o caso de muitos cargos profissionais e

administrativos.

Ainda segundo os autores, para energizar os indivíduos que desempenham

funções com pouca autonomia, uma das maneiras de extrapolar esses limites é

começar a considerar as possibilidades de energizar grupos de colaboradores, uma

vez que, individualmente, os graus de empowerment e responsabilidade deixam de

caminhar em proporção direta um ao outro. Maiores obrigações parecem algo

menos significativo, irreal, ou demais parecido com o “trabalho mecânico”.

Logo, atribuindo a várias pessoas a responsabilidade coletiva de algum tipo

de contribuição, ter-se-á mais oportunidades e possibilidades de empowerment.

De acordo com Wellins et al (1994), a figura 4 mostra a relação de grau de

empowerment versus o grau de responsabilidade para as equipes de trabalho

autogerenciáveis.

Page 75: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

75

Figura 4 - Efeito das Equipes sobre o Empowerment e a Responsabilidade.

Fonte: Wellins et al (1994, p.9)

Pela figura observa-se que à medida que vai aumentando a propriedade e o

grau de seus processos, as equipes de trabalho autogerenciáveis vão adquirindo

maior poder sobre as suas ações e decisões.

No entanto, a implementação do sistema de equipes é um processo

evolutivo. A delegação de poderes e autoridades deve ocorrer de forma gradativa,

de modo que as pessoas amadureçam, adquirindo experiências e conhecimentos e

se adaptem a maiores graus de responsabilidades e autogerenciamento por meio de

um planejamento da organização.

Grau de Empowerment

Grau de Responsabilidade

Equipes de Trabalho Autogerenciáveis

Indivíduos

Page 76: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

76

3.4.1 O Processo de Transição e Implementação

Independente da estrutura organizacional adotada por uma organização,

todas as atividades desenvolvidas precisam ser planejadas e executadas, os

trabalhos devem ser designados e os recursos devidamente alocados.

Numa estrutura organizacional tradicional as várias responsabilidades para a

execução de determinadas tarefas como o estabelecimento de objetivos e metas, a

análise de oportunidades e suas respectivas soluções, a participação em reuniões, a

comunicação entre departamentos, o treinamento, a avaliação de desempenho,

entre outras, normalmente ficavam a cargo dos líderes operacionais.

No sistema baseado em equipes estas tarefas não deixam de existir. Elas

são transferidas e distribuídas entre os membros da equipe. No entanto, as

transferências de responsabilidade não ocorrem da noite para o dia. Aliás, a maioria

das organizações fala em um período de dois a cinco anos para que se

desenvolvam as equipes totalmente autogerenciáveis. À medida que as

responsabilidades de liderança e administração vão se transferindo para a equipe,

esta vai adquirindo mais poder e se tornando autogerenciável (WELLINS et al,

1994).

Na figura 5 a seguir, Wellins et al (1994) mostram que as responsabilidades,

num processo de transição e implementação do sistema de equipes, vão sendo

transferidas com o tempo. De acordo com os autores, geralmente, a tendência de

redistribuição é a de que as responsabilidades de liderança se transfiram para os

próprios membros das equipes.

Page 77: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

77

Figura 5 - Transição das Responsabilidades de Liderança/Administração com o

surgimento das Equipes

Fonte: Wellins et al (1994, p.15).

O processo de transição, como toda mudança, deve ser devidamente

estudado e planejado pela alta administração para que a implementação ocorra de

um modo suave e transparente principalmente para os colaboradores, que são as

peças fundamentais deste processo.

Vice-Presidente

Gerente de Fábrica/Gerente Geral

Superintendente/ Gerente de Seção

Chefe de Turma/Chefe de Departamento

Administração Transitória

Administração Totalmente Autogerenciável (menor quantidade de níveis hierárquicos, menor número de gerentes, novos papéis)

Supervisor Tradicional

Supervisor Transitório

“Líder de Grupo” Totalmente Autogerenciável(líder fora da equipe)

Líder de Equipe Transitório

Líder de Equipe Totalmente Autogerenciável (líder dentro da equipe)

Membro de Equipe Totalmente Autogerenciável

Vice-Presidente

Gerente de Fábrica/Gerente Geral

Superintendente/ Gerente de Seção

Chefe de Turma/Chefe de Departamento

Administração Transitória

Administração Totalmente Autogerenciável (menor quantidade de níveis hierárquicos, menor número de gerentes, novos papéis)

Supervisor Tradicional

Supervisor Transitório

“Líder de Grupo” Totalmente Autogerenciável(líder fora da equipe)

Líder de Equipe Transitório

Líder de Equipe Totalmente Autogerenciável (líder dentro da equipe)

Membro de Equipe Totalmente Autogerenciável

Page 78: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

78

Boyet et al (1999) escrevem que as coisas pioram bastante antes de

melhorar. Assim, é previsto que o desempenho da maioria das equipes passe por

um declínio após a fase inicial. Os verdadeiros ganhos de desempenho podem não

ocorrer antes de 18 meses. No entanto, diversas coisas podem ajudar a tornar a

transição mais tranqüila como, por exemplo, o planejamento cuidadoso da estrutura

da equipe.

Neste processo de transição, Wellins et al (1994) acreditam que, embora

muitas responsabilidades sejam transferidas para a equipe, é possível que ainda

haja a necessidade de um certo grau de liderança. Além disso, o processo de

transferência de responsabilidades deve ocorrer gradualmente.

Conforme visto anteriormente, a adoção do sistema de trabalho em equipes

trata de uma mudança em relação ao sistema tradicional adotado pelas

organizações; logo o processo de transição e a implementação devem ser bem

pensados, planejados e cuidadosamente executados em sintonia com o clima, a

cultura e os objetivos da organização.

Para que as equipes funcionem com mais eficácia, a empresa precisará

mudar a forma de definição do trabalho e modificar diversos sistemas

organizacionais para servirem de suporte a essa definição. É necessário também

desenvolver e levar a efeito um plano de mudanças.

Para Wellins et al (1994) a propriedade do trabalho do sistema baseado em

equipes autogerenciáveis quase sempre exige que se reveja a maneira de como o

trabalho está sendo realizado e todos os sistemas que servem de suporte para o

trabalho. No entanto, não se deve especificar mais do que o absolutamente

necessário. Deve-se limitar a criar apenas regras, regulamentos ou serviços de que

necessita.

Page 79: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

79

Procedimentos excessivamente complexos podem ser insalubres,

principalmente, quando o objetivo é fazer com que as equipes assumam as

responsabilidades de suas obrigações, adaptem-se às necessidades do cliente e se

tornem mais flexíveis. A figura 6 ilustra cada uma das etapas chaves da

implementação do sistema baseado em times autogerenciáveis.

Figura 6 - Processo de Definição de Equipes

Fonte: Wellins et al (1994, p.79)

- Imaginar o futuro.

- Criar uma conscientização da necessidade de mudança:

. Ler sobre o assunto

. Visitar outros locais

. Fazer o reconhecimento da área

- Esclarecer a missão, a visão e os valores da empresa

- Comprometer-se a estabelecer metas e objetivos

- Envolver os interessados-chave:

. Equipe de coordenação

- Avaliar o estado atual versus o estado desejado.

. Análise técnica

. Análise social

- Otimizar os sistemas técnicos e sociais na definição experimental

- Examinar e, se for conveniente, mudar o sistema organizacional

- Combinar as avaliações de processo e resultado

- Elaborar um plano para progredir

- Avaliar o estado de preparação, planejar o lançamento.

- Oferecer orientação e treinamento

- Reavaliar definição e fazer as mudanças necessárias

- Avaliar:

. Atitudes

. Desempenho

- Renovar:

.Conscientização

. Compromisso

. Habilidades

- Redefinir, se convier

Visão Definição Implementação Monitoração

- Imaginar o futuro.

- Criar uma conscientização da necessidade de mudança:

. Ler sobre o assunto

. Visitar outros locais

. Fazer o reconhecimento da área

- Esclarecer a missão, a visão e os valores da empresa

- Comprometer-se a estabelecer metas e objetivos

- Envolver os interessados-chave:

. Equipe de coordenação

- Avaliar o estado atual versus o estado desejado.

. Análise técnica

. Análise social

- Otimizar os sistemas técnicos e sociais na definição experimental

- Examinar e, se for conveniente, mudar o sistema organizacional

- Combinar as avaliações de processo e resultado

- Elaborar um plano para progredir

- Avaliar o estado de preparação, planejar o lançamento.

- Oferecer orientação e treinamento

- Reavaliar definição e fazer as mudanças necessárias

- Avaliar:

. Atitudes

. Desempenho

- Renovar:

.Conscientização

. Compromisso

. Habilidades

- Redefinir, se convier

Visão Definição Implementação Monitoração

- Imaginar o futuro.

- Criar uma conscientização da necessidade de mudança:

. Ler sobre o assunto

. Visitar outros locais

. Fazer o reconhecimento da área

- Esclarecer a missão, a visão e os valores da empresa

- Comprometer-se a estabelecer metas e objetivos

- Envolver os interessados-chave:

. Equipe de coordenação

- Avaliar o estado atual versus o estado desejado.

. Análise técnica

. Análise social

- Otimizar os sistemas técnicos e sociais na definição experimental

- Examinar e, se for conveniente, mudar o sistema organizacional

- Combinar as avaliações de processo e resultado

- Elaborar um plano para progredir

- Avaliar o estado de preparação, planejar o lançamento.

- Oferecer orientação e treinamento

- Reavaliar definição e fazer as mudanças necessárias

- Avaliar:

. Atitudes

. Desempenho

- Renovar:

.Conscientização

. Compromisso

. Habilidades

- Redefinir, se convier

Visão Definição Implementação Monitoração

Page 80: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

80

Para Wellins et al (1994), as implementações de equipes variam de empresa

para empresa e, dentro de uma mesma empresa, de uma unidade para outra.

Assim sendo, o tipo de organização e a sua cultura, suas normas, seus

sistemas e suas estruturas podem afetar o ritmo de desenvolvimento da equipe.

Embora as culturas solidificadas possam estar impregnadas de tradições,

nada as impede de ainda promover experiências. Elas podem solicitar a realização

de um projeto utilizando equipes que possam experimentar novas relações e

obrigações, enquanto o restante da organização segue o sistema tradicional. Se a

experiência for bem sucedida, o conceito de equipe pode sair do laboratório e os

seus elementos, ou pontos de melhor desempenho, podem começar a ser

implantados em outro lugar ou departamento (WELLINS et al, 1994).

À primeira vista, pode parecer mais vantajoso implementar equipes em

organizações que estão iniciando suas atividades do que em organizações

veteranas. As organizações novas não têm bagagem para carregar, mas já trazem

consigo o próprio conjunto de problemas. Os colaboradores devem,

concomitantemente, dominar tecnologias complexas, adotar regras de trabalho

novas e mais flexíveis e aprender habilidades mais ambíguas, mas igualmente

importantes para um trabalho em equipe participativo. Não existe sentido de

tradição, nem visão e valores compartilhados e, de repente, há muito que fazer

(WELLINS et al, 1994).

Independente dos sistemas dos quais as organizações fazem uso, estas são

compostas para atingir metas específicas, e o processo de gestão é formado por

uma série de ações visando alcançar estes objetivos. Os gestores precisam se

utilizar dos conceitos existentes para tirar o máximo proveito dos resultados obtidos

e otimizar os recursos disponíveis, mas isto só será possível se a estratégia adotada

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81

for adequada ao fim especificado e todos os componentes da organização estiverem

dispostos a lutar para alcançar os objetivos almejados.

Neste contexto, torna-se necessário enfatizar que o planejamento, a análise

do clima e da cultura da organização, a comunicação e o envolvimento de todos os

colaboradores no processo é de fundamental importância e deve ser

adequadamente avaliado pela alta administração.

Para Wilson et al (1995), a maioria dos esforços de equipe fracassa não na

fase de projeto ou planejamento, mas na implementação. As equipes representam

mudança e, para a maioria de nós, a mudança significa uma forma de perda. Na

implementação das equipes, uma organização precisa dar atenção especial às

necessidades e sentimentos de todos os envolvidos e a comunicação constante

desempenhará um grande papel nas implementações bem-sucedidas.

Desta forma, quanto maior o planejamento e envolvimento de todos os

colaboradores no processo de definição e implementação do sistema baseado em

times de trabalho autogerenciáveis, maior a probabilidade de êxito na

implementação deste sistema em uma organização.

3.4.2 Alguns Pontos sobre o Funcionamento de uma Equipe Autogerenciável.

Para uma organização, adotar um sistema baseado em equipes ou times de

trabalho pode ser um desafio. De acordo com Goldbarg (1995) muitos são os fatores

que podem servir como barreiras ou obstáculos na formação dos times dentro de

uma organização. Não é simples e nem fácil assumir responsabilidades que

dependem do desempenho de outras pessoas, agir em conjunto respeitando a

individualidade de cada indivíduo, despertar o comprometimento necessário para a

Page 82: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

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missão, negociar e alcançar consenso, ter as pessoas corretas para as posições

certas, resistir às pressões internas e externas despertadas pelo processo de

mudança, entre outros.

A intenção de quem constitui uma equipe é de transformá-la em uma

unidade de alto desempenho. Na verdade, o que se procura é otimizar e maximizar

os resultados desejáveis. Para que isto ocorra, de modo satisfatório, é necessária a

criação de um espaço de produção coletiva, com elevado nível de cooperação; essa

cooperação deve ser resultado de um ambiente em que as pessoas:

� se preocupam umas com as outras;

� se comunicam de maneira aberta e franca; há um elevado nível de

confiança mútua;

� existe um forte comprometimento com a equipe; enfrentam-se e

resolvem-se conflitos;

� as pessoas estão realmente prontas a escutar idéias e impressões e os

sentimentos são manifestados livremente. (CRITCHLEY & CASEY, 1997

apud RANK, 2001)

Para que essa meta seja atingida é necessário conhecer alguns aspectos

referentes ao modo de trabalho do sistema baseado em equipe, que poderão

contribuir para torná-la bem sucedida. Alguns destes pontos são mencionados por

Wellins et al (1994):

a) tamanho da equipe: o tamanho é determinado por dois princípios,

sendo o primeiro, o fato de que muitas organizações que estão começando a adotar

o conceito de equipe passam por um processo de definição de trabalho. Esse

Page 83: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

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processo ajuda a determinar a equivalência lógica de posições e funções. Em

segundo, é melhor adotar equipes menores. As pesquisas realizadas no campo da

psicologia industrial revelam que um número excessivo de participantes pode

atrapalhar o processo grupal.

Katzenbach & Smith (2001) acreditam que equipes para funcionar

corretamente, desenvolvendo suas tarefas com competência devem possuir um

pequeno número de participantes. Os autores sugerem que se trabalhe com no

máximo dez membros. Os autores apresentam mais um motivo pelo qual uma

equipe deve ter um número pequeno de membros. Um grande número de pessoas

apresentará problemas para interagir construtivamente como grupo.

Desta forma, a lógica aponta que um número de dez pessoas apresenta

maior probabilidade de poder trabalhar com sucesso suas diferenças individuais,

funcionais, e hierárquicas para a obtenção de um plano comum. Ao mesmo tempo,

os autores ressaltam que só assim as equipes poderão se manter conjuntamente

responsáveis pelos resultados.

Cada organização deve avaliar o propósito da equipe e, através de uma

análise, definir o número de colaboradores para esta equipe, de modo que a mesma

seja eficiente, criativa, competitiva e flexível.

b) seleção dos membros da equipe: o processo de seleção é um ponto

que merece especial atenção na implementação do sistema por meio de equipes,

pois é onde deve ocorrer a escolha das pessoas certas para os lugares certos.

Goldbarg (1995) afirma que os líderes dão excesso de ênfase ao processo

de seleção, pois crêem que necessitam ter as pessoas certas para poder iniciar seus

negócios. Possuindo as habilidades técnicas específicas, a maior parte das pessoas

Page 84: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

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pode desenvolver as habilidades que necessitam. Todos possuem capacidade de

agregar e mobilizar energias, aperfeiçoando suas habilidades. Porém, é importante

que as pessoas estejam dispostas a aprender e ensinar. Os membros de um time

devem possuir vontade e tempo para ajudar no crescimento dos componentes. A

prioridade deve ser dada ao desenvolvimento de novas habilidades, pois o poder de

atuação do time ficará, desta forma maximizado e a satisfação, multiplicada. Todos

os membros devem ser considerados importantes e contribuir para o sucesso, o

mesmo ocorrendo com o líder.

Na visão de Katzenbach & Smith (2001, p.45) “uma equipe não poderá ser

iniciada sem que haja um mínimo de complementaridade de conhecimentos,

especialmente conhecimentos técnicos e funcionais”. Nenhuma equipe alcançará

seu propósito sem desenvolver os níveis de conhecimentos necessários. Esse

conhecimento poderá ser desenvolvido pela própria equipe, não exigindo que a

mesma já os possua.

c) dimensões básicas para o membro de uma equipe: para Wellins et al

(1994), algumas dimensões típicas são consideradas importantes para o membro de

uma equipe autogerenciável. Essas dimensões e sua respectiva importância para a

equipe são mostradas no quadro 8.

Page 85: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

85

Quadro 8 - Dimensões Críticas de um Membro de Equipe

Aptidão para aprender (aprendizado aplicado)

Multiabilidade / rotação de tarefas

Análise (identificação do problema) Equipe resolve seus próprios problemas

Atenção aos detalhes Enfoque na melhoria contínua

Influência Persuadir os outros dentro e fora da empresa

Iniciativa Ênfase na melhoria contínua

Aptidão para o cargo (motivação para trabalhar em um ambiente autogerenciável)

Realização no trabalho, redução da rotatividade, equipe tem a “propriedade” das decisões

Julgamento (solução do problema) Questões relativas à qualidade / produtividade / equipe

Planejamento e organização (gerenciamento do trabalho)

Equipe determina a programação do trabalho / produção

Trabalho em equipe (cooperação) Membros de equipes trabalham com os outros dentro de suas próprias equipes e em outras equipes

Competência técnica / profissional Rotação de tarefas / multiabilidade

Tolerância ao estresse Lidar com a ambigüidade / estresse relacionados às novas exigências e papéis

Treinamento e orientação Membros de equipe ensinam e treinam uns aos outros

Padrões de trabalho Enfoque na qualidade / produtividade

Comunicação verbal Apresentar idéias aos outros

Fonte: Wellins et al (1994, p.41-42)

Katzenbach & Smith (2001) definem três categorias de requisitos de

conhecimentos para atender as necessidades das equipes:

DIMENSÃO IMPORTÂNCIA PARA AS EQUIPES

Page 86: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

86

� Competência Técnico ou Funcional: Grupos de desenvolvimento de

produto compostos apenas por elementos de marketing ou apenas por engenheiros

apresentam menor probabilidade de sucesso do que grupos que possuam

conhecimentos complementares nas duas áreas.

� Capacidade para Solucionar problemas e para tomar decisões:

Equipes devem ser capazes de identificar os problemas e oportunidade com que se

defrontam, avaliar as opções disponíveis para poder prosseguir e, então, fazer

opções e decidir como prosseguir.

� Conhecimentos Interpessoais: Compreensão e propósito comuns

não podem surgir sem que existam comunicações efetivas e conflito construtivo, os

quais, por sua vez, dependerão da existência de conhecimentos interpessoais.

d) o conceito da multiabilidade: um dos marcos das equipes

autogerenciáveis é que elas englobam os conceitos de multiabilidade e rotação de

tarefas. Esses termos são de compreensão relativamente simples, mas nem sempre

de fácil execução, principalmente quando estão ligados a sistemas de recompensa.

Em muitas organizações tradicionais, na maioria das vezes, é designada uma função

única, específica aos colaboradores, que podem acabar desempenhando as

mesmas tarefas por um determinado tempo. Nos ambientes de equipe, quase

sempre a expectativa é de que os membros aprendam todas as tarefas da equipe,

em alguns casos, não parem por aí e aprendam tarefas de outras equipes também.

Pode-se observar que dentro deste conceito, as empresas conseguem obter

uma certa flexibilidade para poder lidar com as necessidades de mudança e cobrir a

ausência de membros da equipe.

Page 87: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

87

Ainda na visão destes mesmos autores, a maioria dos membros da equipe

vê a mudança como um aspecto positivo porque a diversificação oferece maiores

desafios profissionais e uma melhor compreensão do processo total.

No entanto, estes mesmos autores afirmam que é necessário se ter cuidado

ao estabelecer sistemas universais de multiabilidade em situações nas quais as

tarefas exijam habilidades funcionais complexas. Treinar todos em funções de alta

habilidade pode ser uma política que consuma muito tempo e muito onerosa, e, uma

vez treinadas, é possível que as pessoas não tenham tempo de prática suficiente

para manter suas habilidades. Em alguns casos, pode ser que a melhor alternativa

seja deixar alguns especialistas fora do plano de multiabilidades.

e) sistema de remuneração e reconhecimento: “existem três formas de

remuneração para os membros de equipe: salário fixo, pagamento com base em

habilidades e algum tipo de plano de bonificação, como participação nos lucros”

(WELLINS et al, 1994, p.38).

Segundo os autores, o esquema de remuneração que recebe maior atenção

é o pagamento com base em habilidades, por estar intimamente ligado a

multiabilidade. De um modo geral, as reações aos sistemas de pagamento baseado

em habilidades têm sido positivas, provavelmente porque esses sistemas reforçam

diretamente o conceito de rotação de tarefas e multiabilidade, que, por sua vez,

permite que as organizações aumentem sua flexibilidade e melhorem a qualidade e

a produtividade.

Um outro tipo de remuneração que está se tornando mais comum entre as

equipes autogerenciáveis é uma forma de participação nos lucros ou participação na

receita. Nesses sistemas, os membros de equipe recebem algum tipo de

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88

remuneração pelas melhorias de desempenho verificadas e tomando-se como

parâmetro um determinado resultado final.

Alguns sistemas são baseados no desempenho de uma única equipe ou

grupo. Um dos benefícios importantes desse conceito, principalmente do ponto de

vista de equipe, é que ele recompensa o desempenho do time, e não o desempenho

individual (partindo da premissa de que o bônus é pago igualmente a todos os

membros da equipe).

Além da remuneração formal, muitas organizações implementam outros

sistemas de recompensa e reconhecimento de toda a equipe, inclusive prêmios pela

qualidade e segurança. Esses prêmios, normalmente, assumem a forma de

certificados, troféus, brindes, pequenas bonificações em dinheiro ou algum tipo de

incentivo.

f) relacionamento dos membros da equipe com clientes e

fornecedores: as organizações hoje em dia tendem a pensar em termos de

fornecedores e clientes internos e externos. Esse tipo de abordagem exige

comunicação constante entre os membros da equipe e entre as equipes de uma

mesma empresa, o que leva a uma melhor qualidade e produtividade.

Para Wellins et al (1994), numa organização tradicional a comunicação se

faz de modo vertical e os contatos ou troca de informações, na maioria das vezes,

dá-se com colaboradores de mesmo nível hierárquico. Com isto, quase sempre a

comunicação ou a informação pode ser interrompida ou mutilada e, na maioria dos

casos, muito demorada. Com o conceito de equipes, todos os membros do time

passam a lidar diretamente com os seus clientes internos. Em algumas

organizações, os membros de equipe visitam seus clientes externos para tomar

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ciência de suas necessidades e ajudar a resolver problemas. Os membros de equipe

também podem ser convocados para ajudar (e treinar) seus fornecedores a

realizarem um melhor trabalho no sentido de atenderem às exigências de qualidade

da equipe.

g) freqüência de reuniões das equipes: quase todas as empresas que

empregam equipes de trabalho oferecem oportunidades para que seus membros se

reúnam no trabalho. No início do expediente as equipes podem realizar reuniões

curtas para se comunicarem, e reuniões mais longas uma ou duas vezes por mês,

para discutirem questões específicas de equipe relacionadas à comunicação,

disciplina, equipamento e qualidade. Além das sessões em equipe, os membros dos

times também podem representar suas equipes em reuniões interfuncionais

realizadas com a finalidade de tratar os mais diversos assuntos, como qualidade,

treinamento, início de atividades e segurança (WELLINS et al, 1994).

h) responsabilidade dos membros de equipe fora da equipe: em

muitas empresas, o envolvimento não se limita à equipe de trabalho pura e

simplesmente. As equipes podem receber a incumbência de escolher programas de

treinamento, criar políticas e procedimentos de segurança, resolver questões

disciplinares, elaborar escalas de remuneração baseadas em habilidades, ou montar

planos anuais de negócios. Essas questões de âmbito organizacional abrangem

todas as equipes. Os membros de equipe podem, também, atuar em equipes

responsáveis por ações relativas à qualidade que tenham jurisdição em toda a

empresa ou em círculos da qualidade, com o objetivo de lidar com problemas

específicos dessa qualidade e que dizem respeito a várias equipes.

Page 90: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

90

A figura 7 é um exemplo de como os membros das equipes de trabalho

autogerenciáveis podem atuar em equipes de âmbito organizacional. Os membros

dessas equipes, normalmente, são responsáveis por manter os membros de suas

equipes regulares informados sobre o seu progresso e coletar as informações,

sugestões e recomendações por eles fornecidas (WELLINS et al, 1994).

Figura 7 - Designação de Tarefas dentro de uma Equipe

Fonte: Wellins et al (1994, p.34)

3.5 O Papel da Liderança no Sistema baseado em Equipes

Trabalhar com pessoas e com grupos é lidar diretamente com a resistência.

Liderar é manejar com decisões que nem sempre agradam as pessoas, é

administrar conflitos de interesses, é imprimir novas realidades, normas e

procedimentos (GOLDBARG, 1995).

EQUIPE AUTOGERENCIÁVEL

Equipe de Sistemas de

Remune- ração

Equipe de Treina- mento

Equipe de Orçamento

Equipe de Adminis- tração

Equipe de Software

Equipe de Comuni- cação

Outros Líderes de Equipes e Gerentes

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91

Para este mesmo autor, ao liderar, o líder encontrará comportamentos de

oposição. Assim, todo profissional que lida com pessoas e com grupos, deve

compreender os fenômenos desse grupo para ter melhores condições de construir

equipes e administrar os fenômenos relacionais.

Ao mesmo tempo deve-se motivar o colaborador, sabendo que motivar

consiste em investir, em ampliar a responsabilidade, os objetivos e os desafios das

tarefas do cargo.

Partindo deste princípio percebe-se que o termo motivação, como estudado

anteriormente, envolve sentimentos de realização, de crescimento e de

reconhecimento profissional, que são manifestados por meio do exercício das

tarefas e atividades que oferecem suficientes desafios e significados para os

funcionários. Quando os fatores motivacionais são ótimos, elevam substancialmente

a satisfação.

O desenvolvimento de metodologias que otimizam o potencial humano, e

que o torna cada vez mais motivado e criativo, é fundamental para a gestão da

qualidade total das empresas. Nas empresas saudáveis e modernas, os funcionários

executam suas tarefas com alegria e estão bem consigo mesmo, com a vida e com

os demais. Essas instituições já descobriram que o homem é o principal elemento

diferenciador e o agente responsável para o sucesso de todo e qualquer negócio.

A qualidade de serviços e produtos das empresas é, entre outros fatores, o

resultado da qualidade de vida das pessoas; as habilidades que o mercado de

trabalho atual exige vão desde a liderança, criatividade, visão, resultados e

atualizam nas atitudes, com pessoas capazes de assumir riscos e implementar as

mudanças necessárias.

Page 92: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

92

Neste contexto, torna-se interessante conhecer a definição de liderança na

visão de alguns autores.

Assim, a liderança pode ser definida como:

[...] um processo no qual alguém determina o propósito ou o sentido para uma ou mais pessoas, fazendo também com que todos se mobilizem em alguma direção não só de maneira eficaz, mas também com total envolvimento por parte de todos da equipe, sem agredir suas escalas de valores pessoais (BERGAMINI, 2002, p.13).

De acordo com Robbins (2002, p.305) a liderança pode ser definida como

“[...] a capacidade de influenciar um grupo em direção ao alcance de objetivos”.

Ainda para este autor existe distinção entre liderança e líder. O líder refere-

se ao indivíduo. A liderança é a atividade que este indivíduo executa ou a formação

que ele exerce.

Para Marinho & Oliveira (2005, p.13) ser líder significa:

[...] ser uma pessoa a serviço de outra, tendo como satisfação pessoal a satisfação dos companheiros, vendo no crescimento e progresso dos seus seguidores o seu próprio progresso e crescimento, e, no bem-estar de cada um, o seu próprio bem-estar.

Segundo Gusmão (2005), a pessoa apropriada para assumir a liderança

manifesta a sua aptidão e habilidade agindo, naturalmente, como facilitadora do

processo de engajamento e desenvolvimento da organização, ou seja, não visa

apenas aos resultados. O foco do líder deve estar nas pessoas que fazem o

resultado da empresa acontecer, pois uma corporação é um sistema orgânico, não

mecânico.

Para Hollander (apud BERGAMINI, 1994), o processo de liderança envolve

um relacionamento de influência em duplo sentido, orientado, principalmente, para o

atendimento de objetivos mútuos, tais como aqueles de um grupo, organização ou

Page 93: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

93

sociedade. Portanto, a liderança não é apenas o cargo do líder e requer esforços de

cooperação por parte de outras pessoas.

Logo, dentro deste processo, pode-se considerar que, embora o líder seja

quem geralmente inicia as ações, os seus seguidores precisam ser sensíveis a ele,

portanto, levá-lo em conta quanto às suas idéias e programas.

Para Wilson et al (1995), é esperado que um líder tenha idéias e

preferências; na verdade as pessoas esperam por isso, mas quando os líderes dão

prioridade aos seus próprios interesses a ponto de excluir os interesses de sua

equipe, todo mundo perde.

Assim, um líder deve expor as suas idéias, bem como saber ouvir os seus

colaboradores de tal forma que, em conjunto, cheguem a um consenso sobre a

tomada de uma determinada decisão.

Para Wilson et al (1995), na transição para as equipes energizadas, muitas

das tarefas de rotina ou reativas dos líderes são eliminadas ou transferidas para a

equipe. Isso deixa os líderes com um número bem menor de tarefas tradicionais, o

que, freqüentemente, leva as organizações a acreditarem que podem funcionar com

muito menos líderes, ou talvez nenhum. O que elas deixam de antever é que há uma

quantidade equivalente de novas tarefas, necessárias para apoiar as novas equipes.

Segundo Valladares (2004) no sistema de trabalho por meio de equipes o

líder passa a atuar como um coordenador e não mais um controlador, ou seja, um

facilitador do desempenho flexível com alto nível de conhecimento técnico e de

trabalhos em time. O líder agora em conjunto com os seus colaboradores de equipe,

estabelece metas, aceita responsabilidades e decide o que irão produzir.

A concepção errada mais comum e mais lamentável sobre equipes é de elas

não precisarem de líderes. A verdade é que as equipes, provavelmente, precisam de

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mais treinamento, orientação e atenção em seus estágios iniciais do que os mesmos

colaboradores individuais precisariam em uma estrutura tradicional. E o lugar mais

lógico para as equipes obterem essa ajuda é com seus líderes. Se removermos,

arbitrariamente, os níveis de supervisão e apoio, acabaremos tendo como resultado

equipes desordenadas (WILSON et al, 1995).

A questão do problema é que os líderes não sabem como serão seus novos

papéis depois da implementação das equipes.

À medida que as equipes vão ganhando mais responsabilidades, como a de

designar tarefas, coordenar e se comunicar com os outros departamentos, o líder do

grupo vai assumindo novos desafios, como, dentre outros, atuar em uma dimensão

organizacional mais ampla e adotar muitas funções anteriormente desempenhadas

pelos gerentes intermediários. Por exemplo, à medida que as equipes vão subindo

na escala de envolvimento e empowerment, o planejamento operacional pode se

tornar menos importante, enquanto o planejamento estratégico adquire importância

(WELLINS et al, 1994).

Os autores apresentam uma relação com algumas dimensões do cargo do

líder de equipe. Essas dimensões podem variar em importância ou, é possível,

ainda, que determinadas dimensões sejam substituídas por outras, à medida que as

equipes forem se tornando mais auto-suficientes:

- capacidade de aprender (aprendizado aplicado); - análise (identificação do problema); - comunicação (oral e escrita); - delegação de autoridade e responsabilidade; - desenvolvimento de aptidão organizacional; - acompanhamento; - liderança individual (influência); - monitoração de informações; - iniciativa; - planejamento de negócios; - colaboração; - julgamento (solução de problemas); - maximização de desempenho; - correspondência às exigências de liderança; - motivação para energizar os outros

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- planejamento operacional; - adequação organizacional (compatibilidade de valores pessoais com

os valores da organização); - bom relacionamento; - padrões de trabalho.(WELLINS et al, 1994, p.106)

Para alcançar o objetivo desejado, neste contexto é importante que a

organização defina, de forma evidente, o papel do líder em relação ao papel da

equipe, e vice-versa. No entanto, para isto, não se faz necessário que haja uma

imposição de limites rígidos de atribuições; as mudanças de papel podem ocorrer

mediante consentimento mútuo (WELLINS et al, 1994).

Para Wilson et al (1995), nos casos mais bem sucedidos, os papéis dos

líderes são significativamente reformulados, mas continuam sendo bastante

substanciais. Geralmente, os novos papéis tendem para tarefas proativas que

valorizam tanto as organizações quanto os clientes.

De acordo com os mesmos autores, não é necessariamente verdade que

quanto mais poder tiverem os membros da equipe, menos poder terá o líder. De fato,

quanto mais poder e influência tiver o líder, melhor será a situação da equipe.

Tradicionalmente, os líderes exercem seu poder internamente pelo controle

de seus subordinados. Com a mudança para a estrutura de equipes, no entanto, a

maior parte desse poder precisa ser exercido externamente para influenciar

departamentos de apoio, fornecedores e outras partes da organização. Ainda, para

os referidos autores, o poder real de um líder vem da habilidade para:

- possibilitar melhorias no processo;

- atrair recursos;

- remover barreiras;

- fazer as coisas acontecerem fora das equipes;

- ajudar os membros da equipe a usarem todo o seu potencial.

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96

Dentro deste contexto, pode-se entender que em uma situação de equipe, o

papel do líder passa de dar direções (dizer às pessoas o que fazer ou dar ordens)

para oferecer direções (criar uma visão de metas compartilhadas). Uma vez que

todos estejam comprometidos com essa visão comum, o líder não precisa mais ficar

se preocupando com os pequenos detalhes. Logo, neste cenário o líder passa a

assumir o papel de um facilitador de equipe.

Para mudar, os líderes precisam de um modelo de como seu papel evolui

em um ambiente de equipe. Eles precisam saber que novas habilidades devem se

desenvolver para obterem sucesso em suas novas culturas organizacionais.

A figura 8 ilustra como o papel de um líder de alto grau de envolvimento

muda ao longo do tempo. De acordo com Wilson et al (1995), o nível 1 representa o

líder autocrático, raramente eficiente em qualquer ambiente de trabalho hoje. Os

níveis 2 e 3 representam o líder que se envolve, melhor caracterizado pelo que é

conhecido como “administração participativa”. Os líderes nos níveis 4 e 5 são

verdadeiramente líderes de alto grau de envolvimento; eles compartilham a função

de liderança com suas equipes, e os membros das equipes são energizados para

tomarem decisões dentro de limites estabelecidos.

Page 97: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

97

L

L L

L

L

Nível 1 Autocrática

Nível 2 Central

Nível 3 Transicional

Nível 5 Grande Gerenciamento

Nível 4 Parceria

Liderança Autocrática

Liderança Participativa

Liderança em Grande Envolvimento

Figura 8 - Cinco Níveis de Liderança

Fonte: Wilson et al (1995, p.61).

Page 98: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

98

Os autores consideram essa figura particularmente, útil por duas razões.

Primeira, ela reforça um processo de evolução em vez de revolução. A mudança no

papel e na função dos líderes é um processo lento. Segunda, a figura mostra a

relação entre a mudança no papel do líder e a mudança no papel da equipe. O bloco

sem preenchimento em cada círculo representa a responsabilidade.

Neste contexto, o ideal é que a equipe e o líder estejam em “sincronia” à

medida que a organização progride rumo ao desenvolvimento e à evolução no

processo de equipes, pois, como visto e na visão dos autores, é impossível ter

equipes verdadeiramente energizadas apoiadas por líderes autocráticos. Logo, da

mesma forma, é difícil para líderes energizadores, com visão do trabalho em

equipes, alavancar seu novo estilo com times com grandes resistências.

Conhecendo-se o contexto de uma estrutura de trabalho baseada em times

autogerenciáveis, no capítulo a seguir é apresentado um estudo de caso numa

organização do setor automotivo, a qual implementou e trabalha com este tipo de

estrutura organizacional.

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99

CAPÍTULO IV – ESTUDO DE CASO NUMA EMPRESA DO SETOR AUTOMOTIVO

Neste capítulo é mostrado o histórico da organização adotada como foco de

estudo deste trabalho. Aborda-se, também, a pesquisa realizada nesta empresa, o

questionário aplicado aos colaboradores, a sistematização dos resultados obtidos.

4.1. Histórico da empresa

Ressalta-se neste início de histórico que os dados da empresa foram obtidos

por meio de documentos, relatórios e controles internos, por contato com os

colaboradores, alguns departamentos da organização, bem como por informações

disponíveis no próprio site2.

A empresa foi fundada em 1898, em Akron, nos Estados Unidos. Hoje, tem

85 fábricas em 28 países, incluindo os Estados Unidos e emprega mais de 80 mil

pessoas.

No Brasil, a empresa iniciou as suas atividades em 1919, com um escritório

de vendas e um armazém, comercializando produtos importados. Em 1939, sua

primeira unidade industrial começou a funcionar no bairro do Belenzinho, em São

Paulo. Sua segunda fábrica foi inaugurada em 1973 no Interior de São Paulo.

Com 86 anos de Brasil, a empresa tem aproximadamente 4.300 funcionários

trabalhando em seis unidades industriais e em sete unidades de negócios de vendas

instaladas em todo país.

2 A apresentação de algumas referências foi preservada devido à restrição por parte da organização em estudo.

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100

A empresa fabrica pneus para automóveis, caminhões, camionetas (radiais e

convencionais) pneus para terraplanagem, equipamentos agrícolas e industriais e

materiais.

Produz pneus para aeronaves, sendo o principal fornecedor da Embraer, e

ainda pretende exportar esses pneus para os Estados Unidos e Europa, além de

fazer a recauchutagem de pneus de avião. Fabrica correias planas, transportadoras,

Multi-V, agrícolas etc. E produz mais de 500 tipos de mangueiras para os setores

industrial, agrícola, eletrodoméstico e alimentício.

Outros itens que complementam a linha de produtos da empresa são a

película plástica de PVC para embalagens (Vitafilm), molas pneumáticas e produtos

para recauchutagem de pneus (bandas pré-curadas, camelback, borrachas

especiais, e cola-cimento).

No país, a empresa tem uma rede de 160 revendedores exclusivos de pneus

em mais de 650 pontos de vendas e 140 distribuidores de produtos técnicos de

borracha (produtos de engenharia).

Em 1995, estabeleceu um marco junto à indústria automotiva nacional,

trazendo para o Brasil um novo conceito de parceria: os centros de montagem.

4.1.1. Missão

Manufaturar produtos e prover serviços que excedam as expectativas

dinâmicas dos nossos clientes, pessoas do nosso time e corporação.

4.1.2. Visão

Ser reconhecida como a fábrica de pneus mais competitiva do mundo

Page 101: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

101

4.1.3. Valores

Seguem os valores que a organização considera como fundamentais para o

seu processo e seus negócios.

a) O Bom Nome

• Conduzir nossos negócios dentro do mais elevado padrão ético e legal.

• Firmar nosso nome como sinônimo de excelência.

• Operar em nível mundial como uma corporação socialmente responsável.

b) Os Clientes

• Ouvir e responder rapidamente às necessidades e expectativas dos nossos

clientes.

• Valorizar de forma irrestrita o consumidor de nossos produtos e serviços.

• Assegurar o mais alto padrão de qualidade de produtos e serviços.

c) Os Funcionários

• Tratar todos os funcionários e suas idéias com dignidade e respeito, e

recompensar a iniciativa e a realização.

• Estimular o desenvolvimento dos nossos funcionários através de

orientação e treinamento.

d) Nossos Acionistas

• Funcionar como uma organização orientada para negócios.

• Garantir contínua valorização dos acionistas através do aumento de

rendimentos lucrativos e sustentáveis.

• Ser o fabricante com mais baixo custo dentre nossos maiores competidores

em todo o mundo.

Page 102: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

102

4.1.4. A Empresa no Brasil

Quadro 9 – A empresa, no Brasil, em números

Fonte: Adaptado do site da empresa.

4.2. O Sistema de Trabalho por meio de Equipes Autogerenciáveis

na Organização

Para obter as informações referentes à implementação das Equipes

Autogerenciáveis na empresa, foram realizados contatos com funcionários do

departamento de Recursos Humanos, do departamento de Desenvolvimento

Organizacional e Treinamento e alguns colaboradores que participaram diretamente

do processo.

Também foi concedido pela organização, o acesso a alguns relatórios

internos do departamento de Desenvolvimento Organizacional e Treinamento, que

Funcionários 4300

Revendedores de Pneus 160

Centros de Montagem 5

Centro de Distribuição de Pneus e Material de

Recauchutagem

1

Unidades Fabris 6

Funcionários na Unidade em estudo 2036

Page 103: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

103

contém um histórico do sistema de trabalho por meio de times de negócios desde a

sua implementação.

Antes de iniciar um processo de implementação de equipes

autogerenciáveis, a organização em questão precisou administrar alguns pontos e

tomar três ações fundamentais visando o sucesso deste processo:

1. Avaliar as necessidades de negócios, a longo prazo, da empresa,

definindo o papel e a importância das equipes dentro de um contexto de negócios

mais amplo.

2. Determinar se a visão, a missão e os valores da empresa são

suficientemente claros e compatíveis para permitir o funcionamento das equipes

autogerenciáveis. Caso contrário, seria necessário tomar ações adequadas.

3. Definir a composição e as responsabilidades do grupo de coordenação

do processo de implementação das equipes autogerenciáveis.

A gerência administrativa estava ciente de que para as equipes funcionarem

com mais eficácia, a empresa precisaria mudar a forma de definição do trabalho,

bem como modificar diversos sistemas organizacionais para servirem de suporte a

essa definição.

4.2.1. O Início do Processo3

No final do ano de 1999, a organização adotada neste trabalho, sentiu a

necessidade de traçar novas estratégias para o seu desenvolvimento sustentável

visando continuar fortalecida, na busca por resultados cada vez melhores e mais

3 A apresentação de algumas referências foi preservada devido à restrição por parte da organização em estudo.

Page 104: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

104

competitivos. Com isto, teve início um projeto, coordenado pela gerência

administrativa, visando o futuro dos negócios da organização baseados no mercado,

que veio definir responsabilidades para toda a direção e, como conseqüência,

buscar o apoio e o comprometimento de todos os funcionários da empresa4.

Ao concluir a definição dessas responsabilidades, toda a diretoria da fábrica

fez uma análise dos desafios a serem lançados para a empresa e, então, definiu-se

quais eram os pontos que deveriam ser trabalhados para o alcance dos objetivos.

Constatou-se que para alcançar os objetivos e metas traçadas, a empresa

precisaria investir no treinamento e desenvolvimento dos seus funcionários, pois o

comprometimento de todos seria fundamental para que os resultados pudessem ser

alcançados.

Diante deste contexto, o departamento de Desenvolvimento Organizacional

e Treinamento foi solicitado para suportar e desenvolver todo esse novo processo

que estaria por iniciar. Este departamento constatou que de nada adiantaria treinar

os funcionários do chão de fábrica se a liderança não estivesse preparada para

assumir os desafios e trabalhar com as pessoas de modo que as mesmas dessem o

melhor de si na busca por resultados melhores e mais competitivos.

Desta forma, em conjunto com a gerência administrativa da empresa, foram

definidas as características que um líder deveria ter para assumir seu papel de

liderança. Surge, então, o projeto denominado “Convicções de Liderança”, um guia

que serviu de base para toda a estruturação do treinamento e desenvolvimento dos

líderes da organização.

4 Informações obtidas por meio de relatórios e arquivos internos da organização, referentes ao sistema de times autogerenciáveis, junto ao seu departamento de Desenvolvimento Organizacional e Treinamento.

Page 105: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

105

Na visão da organização, para o novo cenário a ser desenvolvido, um líder

precisaria atender aos seguintes diferenciais ou características:

- Incorporar o comportamento de integridade, humildade, emoção,

entusiasmo, energia, organização, respeito mútuo e liderança pelo exemplo.

- Respeitar as necessidades dos funcionários, do negócio e dos clientes.

- Ser guiado por uma visão.

- Saber criar uma atmosfera de trabalho de forma positiva, em equipe, com

participação e motivação, com confiança e reconhecimento.

- Saber delegar.

- Se esforçar para atingir os resultados, com o estabelecimento de

objetivos, maximizando recursos, estabelecendo prioridades.

- Saber valorizar os seus colaboradores.

- Ser um comunicador efetivo, com todos os níveis hierárquicos.

Desta forma, estava definido o perfil de um líder para a nova organização, ou

seja, para a empresa disposta a melhorar os resultados obtidos.

As estratégias da empresa, obtidas junto ao departamento de Recursos

Humanos da organização, foram definidas em três níveis, igualmente importantes,

que passaram a reger todas as ações tomadas a partir de então. São elas:

a. Estratégias para o Desenvolvimento de Pessoas:

Cada funcionário tem desenvolvido ao máximo o seu potencial por meio de:

treinamento, desafios, delegação, motivação, feedback, reconhecimento, aumento

de oportunidades, em um ambiente de trabalho em equipe envolvendo ausência de

riscos, valores morais, cooperação e orgulho, onde cada um é valorizado e tratado

com respeito.

Page 106: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

106

b. Estratégias para Inovações e Melhorias no Processo:

As máquinas são utilizadas em sua capacidade máxima, além de

incrementadas tecnicamente e modernizadas, sempre com uma correta e adequada

manutenção. Os materiais são tratados de forma adequada a cada processo. Além

do constante compromisso com a proteção ambiental interna e externa.

c. Estratégias à Qualidade dos Produtos e Excelência dos Serviços:

Os produtos e serviços da organização devem exceder as expectativas

dinâmicas dos clientes em qualidade, tecnologia, inovação, disponibilidade e custo.

Ao definir estas estratégias, novas oportunidades foram surgindo, entre elas

a questão: como “reinventar” a organização? E, desta forma, a gerência

administrativa, juntamente com o departamento de Desenvolvimento Organizacional

e Treinamento definiu o que foi chamado de “guias para a inovação”:

• Selecionar objetivos que ainda não se sabe como atingir

• Agir com agressividade

• Pensar diferente e eliminar paradigmas

• Ser pró-ativo

• Trabalhar com o sentido de urgência

• Fazer o que é necessário e não o que se está acostumado ou se gosta de

fazer.

Dessa forma, a organização em questão concluía o seu Planejamento

Estratégico e definia suas ações para a busca de resultados competitivos e

sustentáveis ao longo prazo.

Page 107: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

107

Baseado neste planejamento, a empresa, por meio de seus diretores e

gerentes, com o auxílio do departamento de Recursos Humanos e Desenvolvimento

Organizacional e Treinamento dá início ao processo de planejamento, traçando as

metas para alcançar os objetivos definidos para a Gestão de Pessoas, entre eles o

de implantar na fábrica o conceito de “Equipes Autogerenciáveis”, detectado como

uma das principais oportunidades de desenvolvimento dos funcionários e, como o

principal meio de alcançar as estratégias estabelecidas para as pessoas.

Sendo assim, a organização começa a definir as características, agora das

equipes de trabalho autogerenciáveis, as quais ela denominou de Times de

Negócios Competitivos (TNC).

Conforme informações obtidas no departamento de Desenvolvimento

Organizacional e Treinamento, para a organização, baseada no seu processo, os

times devem ter:

- Tamanho médio de 3 a 6 pessoas.

- Poder e autonomia para tomar decisões relacionadas ao trabalho,

incluindo programação, resolução de conflitos, aspectos de segurança, qualidade,

custo, melhorias, material, inventário, treinamento, etc.

- Responsabilidade pelo planejamento, controle e melhoria de seus

processos de trabalho.

- Integrantes capazes de aprenderem todas as tarefas e participarem da

rotatividade de funções.

- Autonomia para realização de trabalhos sem supervisão direta.

Para isto, a empresa reconhecia que deveria ter um considerável

investimento para a implementação deste novo sistema.

Page 108: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

108

Definidas as estratégias e o sistema a ser implementado, foi possível

observar, então, a necessidade de trabalhar e treinar as pessoas para atuarem num

sistema de time, ligadas ao mesmo objetivo e dispostas a somarem forças, na busca

pelos resultados e, logicamente, na implementação dos Times de Negócios

Competitivos.

Seguindo esta filosofia, a área de Desenvolvimento Organizacional &

Treinamento traçou um programa de treinamento com o objetivo de preparar as

pessoas para este novo conceito.

A implementação deste programa teve início em meados do ano 2000 e

continua até hoje, com a preparação da gerência, da área administrativa e

operacional, ou seja, toda a fábrica está passando por todos os programas

desenhados para a consolidação do TNC.

4.2.2. Resistências ao Processo5

Por meio de acesso a relatórios e documentos da organização, junto ao seu

departamento de Desenvolvimento Organizacional e Treinamento chegou-se a um

histórico da instituição onde foram verificados alguns pontos de resistência,

identificados pela organização durante o processo de implementação do sistema de

trabalho por meio de times autogerenciáveis.

Entre as resistências observadas pela organização no processo de

implementação dos Times de Negócios Competitivos, encontraram-se:

5 A apresentação de algumas referências foi preservada devido à restrição por parte da organização em estudo.

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109

� Centralização do poder decisório: quando se fala em equipes

autogerenciáveis, a primeira idéia que vêm à cabeça dos supervisores e gerentes é

a perda do poder. Desta forma, há uma grande reatividade em mudar, pois o poder

de decisão permanece centralizado na mão de poucas pessoas. Para se “quebrar”

esta tradição, a diretoria da empresa promoveu várias palestras em conjunto com a

área de Desenvolvimento Organizacional e Treinamento, sempre esclarecendo que

na nova estrutura, não haveriam pessoas prejudicadas, mas sim, que todas as

pessoas teriam grandes benefícios com a nova estrutura desenvolvida.

� Orientação para o desempenho operacional: no caso da liderança, para

que as equipes autogerenciáveis tenham sucesso nas suas atividades, a orientação

deve ser estratégica, ou seja, baseada nas atitudes das pessoas, na sua capacidade

de exercer liderança situacional e no alcançar resultados baseados no seu

comprometimento. O foco não pode estar no desempenho operacional, pois este

deve ser uma conseqüência de todo o processo de desempenho pessoal.

� Pouco exercício do feedback: dar e receber feedback são base para a

filosofia das equipes. Não é difícil visualizar que, em um processo de confiança e

comprometimento, praticar o feedback é fundamental para que as pessoas saibam

seus pontos fortes e suas oportunidades de melhoria, visando atingir os resultados

estrategicamente definidos. Porém, para os chefes que, geralmente, sentem-se

“perdendo o poder”, esta prática não é fácil. Para isso, a área de Desenvolvimento

Organizacional & Treinamento trabalhou e sempre terá um trabalho contínuo e

constante de envolvimento dos líderes nos programas de incentivo e práticas de

feedback.

Page 110: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

110

� Cultura Paternalista: De acordo com a filosofia de times

autogerenciáveis, a cultura da empresa deve ser focada nas pessoas, nos

resultados, na inovação e na confiança, porém, não pode haver paternalismo, uma

vez que as responsabilidades delegadas às equipes são muito importantes para o

sucesso da empresa. Para “quebrar” esta cultura, foi necessário um árduo trabalho

de toda a Liderança, que incentivou as práticas de Liderança Situacional, de

Criatividade e Confiança e transformou a empresa numa organização com foco no

mercado, ou seja, nos seus clientes e não na manufatura, como era anteriormente.

� Pouco preparo dos líderes na Gestão de Pessoas: para o sucesso do

TNC, muito mais do que competência técnica, os líderes precisam de competências

voltadas para a Gestão de Pessoas, e neste processo, a área de Recursos

Humanos atua como suporte auxiliando-os na gestão eficaz do seu pessoal. Desta

forma os líderes são os responsáveis pelo desenvolvimento e acompanhamento da

sua equipe, e a área de Recursos Humanos atua como suporte e preparo dos

líderes e das pessoas.

4.2.3. A Implementação do Sistema de Equipes

Antes da implementação das Equipes Autogerenciáveis, a empresa tinha

uma estrutura tradicional de administração, ou seja, as áreas de suporte à produção

ficavam centralizadas em único local e, na necessidade de obter informações, os

operadores da área se deslocavam até este local, muitas vezes, longe da sua área

de atuação. Desta forma, ocorriam muitas vezes, em caso de emergência, as

Page 111: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

111

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TNCTNCTNC TNCTNCTNC

TNCTNCTNC

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Estrutura - Centro deNegócios “A”

pessoas tomarem decisões por elas próprias, sem consultarem as pessoas que

eram fundamentais para o processo.

Com a implementação dos Times de Negócios Competitivos, foram criados

os Centros de Negócios, onde cada área da produção montou seu escritório,

visando ter o seu time de suporte próximo à área produtiva.

As figuras aqui demonstradas foram obtidas por meio de apresentações

internas e por material disponível em arquivos da empresa sobre o assunto de Times

de Negócios Competitivos.

Figura 9 – Centros de Negócios

Fonte: Apresentação interna da organização – Depto de Desenvolvimento Organizacional & Treinamento (2005)

Os times de suporte dos Centros de Negócios são compostos por: Auditores,

Consultores de RH, Técnicos de Segurança, Facilitadores de Treinamento,

Organização Industrial e Engenharia de Projetos e de Manutenção, além das

pessoas que fazem parte da área produtiva: Gestores de Pessoas, Especialistas de

Page 112: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

112

������ ��������

���� �����������������

� � �� ����������

��� � � ��

� � �� � � �� ������� ��� ���������� ��� ���Estrutura - Centro de

Negócios “A”

��� � � �

��� ��� � �

Produção, Técnicos de Produto, Gerente do Centro de Negócios e Gerente Técnico

de Negócios.

Na figura 9 é apresentada uma ilustração desta estrutura. Já na figura 10

mostra-se como os times estão estruturados dentro dos centros de negócios. Esta

estrutura também é conhecida na empresa como 3Ps–Pessoas, Produto e Processo.

Figura 10 – Estrutura dos 3 Ps - Pessoas, Produto e Processo

Fonte: Apresentação interna da organização – Depto de Desenvolvimento Organizacional & Treinamento (2005)

Todos os negócios realizados nos Centros de Negócios têm o apoio e

suporte dos 3Ps. Qualquer ação que envolva o processo produtivo, a tecnologia do

produto ou as pessoas que neles atuam, deve ter a participação efetiva do

Supervisor de Pessoas, Especialista de Produção e Técnico de Produto. Atualmente

a Fábrica de Americana conta com 33 pessoas compondo esta estrutura sendo: 11

Gestores de Pessoas, 11 Especialistas de Produção e 11 Técnicos de Produto.

Page 113: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

113

Figura 11 – A Estrutura dos Negócios

Fonte: Apresentação interna da organização – Depto de Desenvolvimento Organizacional & Treinamento (2005)

4.2.4. Estrutura dos Canais de Comunicação

Em consulta a alguns arquivos de documentos, junto ao departamento de

Recursos Humanos, foi possível obter algumas informações sobre os sistemas de

comunicação adotados pela organização.

Com base na filosofia do sistema de trabalho por meio de times

autogerenciáveis, a empresa verificou que, para que as suas equipes se tornassem

um processo permanente e de grandes melhorias e inovações, seria necessário um

considerável investimento no sistema de comunicação interna da organização. Desta

forma, além dos canais de comunicação já existentes como os quadros de aviso,

mensagens eletrônicas e reuniões periódicas da área, foram criados outros canais

� � �� �� � �� � ������� ������� ��� ��� � �� ��� � �� ���Estrutura - Centro de

Negócios “A”

Page 114: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

114

ou sistemas comunicação para facilitar o relacionamento entre a gerência

administrativa e os operadores ou colaboradores. Abaixo um resumo destes canais:

a. Ouvindo as Pessoas

Consiste na realização de uma reunião individual com todos os funcionários

para ouvir suas opiniões e expectativas, conduzida pelos Consultores de RH de

cada Centro de Negócios.

Suas principais finalidades são: identificar as forças, as fraquezas e as

oportunidades no ambiente de trabalho; fornecer informações para o processo de

tomada de decisão.

b. Diálogo Aberto

Reuniões informais realizadas semanalmente, com aproximadamente 24

funcionários, com o Diretor da Fábrica e o Gerente de Recursos Humanos para

discutir os indicadores da fábrica e os principais resultados diários.

Suas principais finalidades são: aproximar a liderança da fábrica às pessoas;

ter um canal de comunicação aberto; ter a oportunidade de ouvir as pessoas,

responder seus questionamentos e conhecer suas expectativas e necessidades;

prover informações para o processo de tomada de decisão.

c. Conversa com o Presidente

Mensalmente o Presidente das Operações para o Brasil vem até a Fábrica

onde é realizada a “Conversa com o Presidente”, cujo objetivo principal é informar os

funcionários dos resultados obtidos nas operações do Brasil, visando esclarecer as

Page 115: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

115

atitudes que estão sendo tomadas e dar espaço para questionamentos que os

funcionários queiram fazer. Entre essas questões podemos citar: investimento em

propaganda, abertura de novos canais de venda, preços de produtos, etc.

Por meio das Equipes Autogerenciáveis, ou Times de Negócios

Competitivos, conforme informações obtidas junto ao Departamento de Recursos

Humanos, esta organização passou de um processo de controle das pessoas para

um processo de compromisso das mesmas. Isto vem refletindo diretamente nos

resultados da empresa, que passa a contar em seu processo com pessoas que se

sentem ou têm o processo como sua propriedade, ou seja, fazem tudo o que está ao

seu alcance para que o resultado final seja o mais satisfatório possível.

É evidente que esta não é uma mudança simples, que é realizada sem

grandes esforços. Pelo contrário, é um longo processo, que envolveu a mudança de

cultura, a preparação das pessoas por meio de treinamento e de desenvolvimento e,

acima de tudo, o compromisso e o suporte da gerência administrativa em fazer com

que o projeto saísse do papel e se tornasse realidade, numa empresa que hoje

serve como referência para toda a corporação e para outras empresas que querem

seguir este mesmo exemplo em busca de melhores resultados.

4.3. Alguns Indicadores da Organização

Neste tópico abordamos alguns dos indicadores da organização em estudo;

indicadores que referenciam seu desempenho e estão relacionados com o assunto

em questão, almejando verificar a evolução dos mesmos nos últimos seis anos. Este

período foi escolhido com o objetivo de verificar a performance destes indicadores

Page 116: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

116

com a implementação do sistema por meio de equipes de trabalho autogerenciáveis

na empresa.

Deve-se considerar, no entanto, que outros fatores, além da formação de

times, contribuíram para a melhoria dos resultados relativos a estes indicadores.

Além disso, pode-se dizer que a implementação de equipes na empresa ainda é

incipiente, ou seja, reflete apenas uma pequena parcela do total de colaboradores

da organização em estudo.

Os indicadores que seguem foram disponibilizados por alguns

departamentos da organização, que monitoram os indicadores por meio de controles

e sistemas internos.

1 - Quantidade de pneus produzidos nos últimos seis anos.

2 - Desperdício (waste) de matérias-primas utilizadas no processo produtivo.

3 - Segurança ou número de acidentes ocorridos durante o ano na fábrica.

4 - Horas de treinamento de funcionários.

O primeiro indicador refere-se à quantidade de pneu produzidos nos últimos

seis anos pela organização.

Gráfico 1 – Quantidade de pneus produzidos

Fonte: Indicador Produção – Depto de Controle de Produção (2005)

PNEUS - UNIDADES PRODUZIDAS (MILHÕES)

12,4 12,7 12,8 13,0 13,4 13,7

3,0

6,0

9,0

12,0

15,0

2000 2001 2002 2003 2004 2005

Page 117: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

117

Pode-se verificar no gráfico 1 um crescimento na quantidade de pneus

produzidos com o passar dos anos.

Os investimentos em qualidade e no desenvolvimento dos produtos e

processos, bem como a evolução tecnológica das máquinas e equipamentos, foram

fatores fundamentais deste aumento de produção, conforme informação obtida por

meio de contato com o departamento de Controle de Produção da organização.

No entanto, um maior envolvimento dos colaboradores no processo

produtivo também contribuiu para este aumento da produção. Com a implementação

do sistema de equipes autogerenciáveis os funcionários se sentem mais

responsáveis pelo processo, sentindo-se mais motivados e contribuindo com idéias e

sugestões na busca da melhoria contínua do processo.

O segundo indicador obtido junto à organização, ainda voltado à produção,

refere-se ao desperdício de matérias-primas utilizadas durante o processo produtivo.

Gráfico 2 - Desperdício de matérias-primas

Fonte: Indicador Waste – Depto de Qualidade e Tecnologia (2005)

(%) WASTE POR UNIDADES PRODUZIDAS (MILHÕES)

0,31 0,29 0,27 0,26 0,25 0,23

0,00

1,00

2000 2001 2002 2003 2004 2005

Page 118: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

118

Observa-se no gráfico 2, no período em questão, uma redução no

desperdício de matérias-primas utilizadas no processo. Este indicador é conhecido

pela organização como waste.

Da mesma forma que o indicador mostrado anteriormente, a implementação

do sistema de equipes neste período não foi a principal causa desta redução, mas

contribuiu para um melhor índice deste indicador, conforme informações obtidas por

meio de contatos com o departamento de Qualidade e Tecnologia da organização.

O terceiro item importante, considerado e monitorado pela organização,

refere-se ao aspecto segurança, ou ao número de acidentes ocorridos durante o ano

na fábrica.

Gráfico 3 - Segurança ou número de acidentes

Fonte: Indicador Nº. de Acidentes – Depto de Segurança e Higiene (2005)

Pode-se observar pelo gráfico 3 que nos últimos seis anos houve uma

redução no número de acidentes na organização.

Conforme contato com o departamento de Segurança e Higiene, o qual

disponibilizou estas informações, esta redução deve-se, em boa parte, ao

NÚMERO ACIDENTES / ANO

71

51

30 30 2517

0

20

40

60

80

100

2000 2001 2002 2003 2004 2005

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119

treinamento e maior conscientização dos colaboradores por meio de programas,

palestras e eventos voltados para a segurança na fábrica. O sistema de trabalho por

meio de equipes, ocasionando um maior envolvimento, participação e

comprometimento dos colaboradores também tem contribuído positivamente com

este indicador.

O quarto fator disponibilizado pela empresa refere-se às horas de

treinamento de funcionários. Este é um indicador controlado pela organização, que

nos últimos anos tem investido neste aspecto.

Gráfico 4 - Horas de treinamento

Fonte: Indicador Horas Treinamento mensalistas – Depto de Desenvolvimento Organizacional e Treinamento (2005)

Pelo gráfico 4 pode-se observar um aumento no número de horas de

treinamento. Conforme informação obtida por meio de contatos junto ao

departamento de Desenvolvimento Organizacional e Treinamento da organização,

além de cursos técnicos e de recertificação e atualização dos funcionários, tem-se

investido boa parcela em cursos, palestras e dinâmicas voltadas para o trabalho em

times, o que tem criado uma maior conscientização dos benefícios deste sistema

HORAS TREINAMENTO - MENSALISTAS TOTAL FÁBRICA

7470 7975 8530 8880 9230 9555

0

4000

8000

12000

2000 2001 2002 2003 2004 2005

Page 120: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

120

para os próprios colaboradores e, conseqüentemente, para a organização. Isto

reflete diretamente no resultado dos outros indicadores, como pôde ser observado.

Com base nas informações sobre a empresa e com os indicadores obtidos

apresentamos, no tópico que segue, a pesquisa realizada.

4.4. A Pesquisa

Conforme mencionado anteriormente, para a realização desta pesquisa

optou-se por colaboradores que fazem parte das áreas operacionais da empresa,

que são supervisores de pessoas, especialistas de produção e técnicos de produto.

Funções escolhidas por serem as pioneiras deste processo dentro da organização.

O universo da pesquisa corresponde a 33 colaboradores, devido à

distribuição dos times dentro do processo produtivo, também já verificado

anteriormente.

Deste total, houve uma participação de 78% dos funcionários, ou seja, 26

indivíduos contribuíram com que a pesquisa fosse realizada.

A pesquisa somente não atingiu 100% de participação, pois 3 dos 7

colaboradores que não responderam o questionário estavam em período de férias; 4

colaboradores foram transferidos de cargo durante o processo, sendo

desconsiderados da pesquisa; e 4 somente fizeram parte do sistema de equipes

após o processo já implementado, logo também foram desconsiderados. Isto foi feito

visando a avaliação do processo de trabalho por meio de equipes autogerenciáveis

por funcionários que participaram desde o início de sua implementação até os dias

atuais.

Page 121: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

121

4.4.1. Perfil dos Colaboradores

Nos gráficos 5, 6 e 7 que seguem é mostrado o perfil dos colaboradores que

participaram da pesquisa, quanto a sexo, idade e nível de escolaridade,

respectivamente.

Gráfico 5 – Sexo dos Colaboradores

SEXO

Masculino100%

Feminino0%

Gráfico 6 – Idade dos Colaboradores

IDADE

20 - 30 anos19%

31 - 40 anos31%

41 - 50 anos42%

51 - 60 anos8%

Conforme pode ser observado nos gráficos 5 e 6, todos os funcionários

pesquisados são do sexo masculino, sendo que 19% têm idade entre 20 e 30 anos,

31% têm idade entre 31 e 40 anos, 42% têm idade entre 41 e 50 anos e 8% têm

idade entre 51 e 60 anos.

Page 122: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

122

No gráfico 7 a seguir, verifica-se o nível de escolaridade dos funcionários

que participaram da pesquisa sendo que 8% possuem o nível de graduação

incompleto, 50% possuem curso de graduação completo, 19% possuem pós-

graduação incompleta e 23% concluíram algum tipo de curso de pós-graduação.

Gráfico 7 – Escolaridade dos Colaboradores

NÍVEL DE ESCOLARIDADE

Graduação Incompleto

8%

Graduação Completo

50%

Pós-Grad. Completo

23%

Pós-Grad. Incompleto

19%

4.4.2. Resultados da Pesquisa

A seguir são mostrados, por meio de gráficos, os resultados percentuais

obtidos em cada questão.

Page 123: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

123

Questão 1-) O tempo para implementação do sistema de trabalho por meio de

times de negócios competitivos foi suficiente. (Gráfico 8)

Gráfico 8 – Tempo de Implementação

Questão 1

77%

23%

0% 0% 0%0%

20%

40%

60%

80%

100%

CT CP I DP DT

Escala de Opiniões

Conforme observado no gráfico 8, 77% dos colaboradores pesquisados

concordaram totalmente e 23% concordaram parcialmente com o tempo adotado

pela organização para a implementação do sistema de trabalho por meio de equipes

autogerenciáveis. Não houve discordância por parte de nenhum dos entrevistados

com relação ao tempo de implementação.

Como mostrado anteriormente, pode-se dizer, então, que o período adotado

para a implementação do sistema de equipes pela organização foi planejado e

executado de forma adequada na visão dos colaboradores.

Page 124: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

124

Questão 2-) O envolvimento e treinamento dos colaboradores para a

implementação do sistema de trabalho por meio de times de negócios

competitivos foi suficiente.(Gráfico 9)

Gráfico 9 – Envolvimento e Treinamento

Questão 2

77%

23%

0% 0% 0%0%

20%

40%

60%

80%

100%

CT CP I DP DT

Escala de Opiniões

Da mesma forma que o tempo para implementação, o envolvimento e o

programa de treinamento aplicado para a implementação do sistema de times

também foi adequado na opinião dos funcionários pesquisados, onde 77%

concordaram totalmente e 23% concordaram parcialmente, conforme verificado no

gráfico 9.

É importante lembrar que, conforme já visto, a empresa mantém um

contínuo envolvimento dos integrantes dos times e da liderança sobre o sistema de

trabalho por meio de equipes autogerenciáveis.

Page 125: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

125

Questão 3-) Todos os integrantes dos times conhecem os fundamentos e

sabem trabalhar num sistema baseado em times. (Gráfico 10)

Gráfico 10 – Conhecimento do Sistema

Questão 3

69%

31%

0% 0% 0%0%

20%

40%

60%

80%

100%

CT CP I DP DT

Escala de Opiniões

Pode-se entender que a questão reflete a opinião dos colaboradores quanto

à eficiência do treinamento aplicado pela organização sobre o sistema de trabalho

por meio de times autogerenciáveis.

De acordo com os resultados do gráfico 10, 69% dos pesquisados acham

que os indivíduos conhecem os fundamentos e sabem trabalhar no sistema de

times. 31% concordam parcialmente, não ocorrendo nenhum tipo de discordância.

Observa-se, então, que na visão da maioria dos funcionários, as pessoas

sabem trabalhar no sistema de times e conhecem os fundamentos desta estrutura

de trabalho. Entretanto, pode haver a necessidade de ajustar alguns pontos com

relação ao treinamento. Estes pontos podem ser identificados, por meio de

entrevistas ou pesquisas, e trabalhados pela organização, melhorando o nível de

conhecimento dos seus funcionários sobre este sistema de trabalho.

Page 126: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

126

Questão 4-) O comprometimento e o envolvimento das pessoas melhorou com

o sistema de trabalho por meio dos times de negócios.(Gráfico 11)

Gráfico 11 – Comprometimento e Envolvimento

Questão 4

85%

15%0% 0% 0%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

CT CP I DP DT

Escala de Opiniões

Como resultado desta questão, 85% dos colaboradores que participaram da

pesquisa concordaram totalmente e 15% concordaram parcialmente que o

envolvimento e o comprometimento dos indivíduos melhoraram com relação aos

negócios e ao processo produtivo, após a implementação da estrutura baseada em

times.

Nenhum dos participantes discordou da afirmação, onde se pode entender,

de uma forma geral, que para a organização em questão o sistema de trabalho por

meio de times autogerenciáveis colaborou com uma melhora no engajamento e

comprometimento dos colaboradores com a implementação desta estrutura de

trabalho.

Page 127: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

127

Questão 5-) O sistema de trabalho em times tem estimulado um maior

envolvimento entre os integrantes das equipes e tem promovido uma maior

satisfação das pessoas em relação ao sistema tradicional de

hierarquia.(Gráfico 12)

Gráfico 12 – Satisfação dos Colaboradores

Questão 5

85%

15%0% 0% 0%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

CT CP I DP DT

Escala de Opiniões

Tendo em vista o mesmo resultado percentual obtido na questão 4, o gráfico

11 nos mostra um bom índice com relação a envolvimento entre os colaboradores

das equipes e, verifica-se também, uma maior satisfação das pessoas neste sistema

quando comparado com o sistema de hierarquia tradicional.

Page 128: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

128

Questão 6-) O sistema de trabalho por meio de times de negócios competitivos

possibilita uma maior troca de habilidades e conhecimentos entre os

integrantes das equipes do que o sistema de trabalho tradicional.(Gráfico 13)

Gráfico 13 – Troca de Habilidades e Conhecimentos

Questão 6

85%

15%0% 0% 0%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

CT CP I DP DT

Escala de Opiniões

De acordo com o gráfico 13, o resultado da questão 6 nos mostra que, na

opinião dos funcionários, o sistema de trabalho por meio de equipes

autogerenciáveis possibilita uma melhor e uma maior troca de informações e

habilidades entre os integrantes do time comparado ao sistema tradicional.

Isto facilita a formação de indivíduos multiabilitados, sendo esta uma das

vantagens apresentadas pelas equipes, ocasionando a possibilidade de redução de

categorias funcionais, conforme visto no referencial teórico.

Page 129: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

129

Questão 7-) No sistema de trabalho em times, a função de cada integrante está

definida de forma clara e objetiva.(Gráfico 14)

Gráfico 14 – Definição de Papéis

Questão 7

77%

23%

0% 0% 0%0%

20%

40%

60%

80%

100%

CT CP I DP DT

Escala de Opiniões

Com o resultado obtido na questão 7, mostrado no gráfico 14, onde 77% dos

entrevistados concordaram totalmente e 23% concordaram parcialmente, verifica-se

que, na opinião da maioria há uma definição clara e objetiva das funções de cada

integrante dentro da equipe.

Pode-se dizer que cada funcionário tem seu papel definido, podendo focar e

direcionar seus esforços de forma a atingir os seus objetivos de modo mais eficiente.

Page 130: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

130

Questão 8-) Houve resistência dos colaboradores no processo de transição

para o sistema de trabalho em times de negócios.(Gráfico 15)

Gráfico 15 – Resistência ao processo

Questão 8

8%

54%

0%

30%

8%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

CT CP I DP DT

Escala de Opiniões

Como observado no gráfico 15, 8% concordaram totalmente, 54% dos

colaboradores concordaram parcialmente, 30% discordaram parcialmente e 8%

discordaram totalmente quando questionados se houve resistência das pessoas ao

processo de transição para o sistema baseado em equipes.

Logo, conforme verificado no referencial teórico, todo processo de mudança

faz com que as pessoas, de uma forma geral, tendem a resistir às mudanças, visto

que ela pode ocasionar quebra de relações e padrões pré-estabelecidos no

ambiente de trabalho.

Page 131: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

131

Questão 9-) Os times de negócios competitivos têm autonomia sobre o seu

processo (negócio), não ocorrendo a intervenção ou influência da liderança

direta. (Gráfico 16)

Gráfico 16 – Autonomia

Questão 9

8%

81%

0%11%

0%0%

20%

40%

60%

80%

100%

CT CP I DP DT

Escala de Opiniões

Um dos pontos positivos do sistema de trabalho por meio de equipes

autogerenciáveis mostrado no referencial teórico, é a autonomia e o senso de

propriedade que este tipo de estrutura pode possibilitar aos integrantes de um time.

Nesta questão, procurou-se observar a autonomia das equipes na visão dos

funcionários. Conforme mostrado no gráfico 16, apesar de uma parcela considerável

dos participantes da pesquisa entenderem que os times têm uma certa autonomia

sobre as suas decisões, ainda existe a intervenção e a influência da liderança direta

sobre os negócios do time, de acordo com 11% dos pesquisados. No entanto, pode-

se associar este fato baseando-se na teoria de que a transição para o sistema de

times autogerenciáveis é um processo de mudança. E, desta forma, o papel e as

funções dos líderes também são afetados por esta mudança. Além disto, esta

mudança nas funções da liderança deve ocorrer por meio de um processo lento,

fazendo com que as equipes assumam estas responsabilidades gradativamente, de

acordo com o referencial teórico.

Page 132: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

132

Questão 10-) A liderança conhece e aplica na prática os fundamentos do

sistema baseado em times de negócios competitivos, tornando-se uma

facilitadora dentro do processo.(Gráfico 17)

Gráfico 17 – Liderança Facilitadora

Questão 10

8%

81%

0%11%

0%0%

20%

40%

60%

80%

100%

CT CP I DP DT

Escala de Opiniões

Na opinião dos funcionários pesquisados, uma boa parte da liderança

conhece seu papel e aplica na prática o conceito de times, tornando-se uma

facilitadora dentro do processo da organização.

No entanto, de acordo com 11% dos pesquisados, ainda existe uma parcela

de líderes que não aplicam totalmente na prática o conceito de trabalho em times.

Podemos associar este fato novamente ao processo de mudança, o qual

gera uma certa resistência aos indivíduos, não sendo diferente para os líderes (ou

alguns líderes) da organização em estudo.

Page 133: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

133

Questão 11-) Os sistemas de comunicação da liderança para com os times,

adotados pela organização, são eficientes.(Gráfico 18)

Gráfico 18 – Eficiência dos Sistemas de Comunicação

Questão 11

85%

15%0% 0% 0%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

CT CP I DP DT

Escala de Opiniões

O resultado do gráfico 11 mostra que 85% dos funcionários que participaram

da pesquisa concordam totalmente e 15% concordam parcialmente quando

abordado a eficiência dos canais ou sistemas de comunicação dos líderes para com

os colaboradores.

Logo, pode-se considerar que os programas de comunicação adotados pela

organização, conforme mostrado anteriormente, têm atendido as expectativas dos

funcionários.

Page 134: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

134

Questão 12-) A liderança (gerência) não passa totalmente as decisões da

organização para o restante da equipe, centralizando ou omitindo

informações.(Gráfico 19)

Gráfico 19 – Liderança – Centralização de Informações

Questão 12

0%11%

0%

81%

8%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

CT CP I DP DT

Escala de Opiniões

O gráfico 19 mostra que 11% dos participantes da pesquisa concordaram

parcialmente, 81% discordaram parcialmente e 8% discordaram totalmente quando

questionado sobre a existência da centralização e omissão de informações por parte

da liderança.

Desta forma observa-se, de acordo com os resultados obtidos, que não há

uma total descentralização de informações por parte dos líderes. Assim, pode-se

entender que ainda existe, neste aspecto, apesar do envolvimento e treinamento

aplicados, vestígios do sistema hierárquico tradicional na organização em estudo.

Page 135: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

135

Con

cord

o To

talm

ente

Con

cord

o P

arci

alm

ente

Inde

ciso

Dis

cord

o P

arci

alm

ente

Dis

cord

o To

talm

ente

5 4 3 2 1

1-) O tempo para implementação do sistema de trabalho por meio de timesde negócios competitivos foi suficiente? 77% 23% 0% 0% 0%

2-) O envolvimento e treinamento dos colaboradores para aimplementação do sistema de trabalho por meio de times de negócioscompetitivos foi suficiente.

77% 23% 0% 0% 0%

3-) Todos os integrantes dos times conhecem os fundamentos e sabemtrabalhar num sistema baseado em times. 69% 31% 0% 0% 0%

4-) O comprometimento e o envolvimento das pessoas melhorou com osistema de trabalho por meio dos times de negócios. 85% 15% 0% 0% 0%

5-) O sistema de trabalho em times tem estimulado um maior envolvimentoentre os integrantes das equipes e tem promovido uma maior satisfaçãodas pessoas em relação ao sistema tradicional de hierarquia.

85% 15% 0% 0% 0%

6-) O sistema de trabalho por meio de times de negócios competitivospossibilita uma maior troca de habilidades e conhecimentos entre osintegrantes das equipes do que o sistema de trabalho tradicional.

85% 15% 0% 0% 0%

7-) No sistema de trabalho em times, a função de cada integrante estádefinida de forma clara e objetiva. 77% 23% 0% 0% 0%

8-) Houve resistência dos colaboradores no processo de transição para osistema de trabalho em times de negócios. 8% 54% 0% 30% 8%

9-) Os times de negócios competitivos têm autonomia sobre o seuprocesso (negócio), não ocorrendo a intervenção ou influência daliderança direta.

8% 81% 0% 11% 0%

10-) A liderança conhece e aplica na prática os fundamentos do sistemabaseado em times de negócios competitivos, tornando-se uma facilitadoradentro do processo.

8% 81% 0% 11% 0%

11-) Os sistemas de comunicação da liderança para com os times,adotados pela organização, são eficientes. 85% 15% 0% 0% 0%

12-) A liderança (gerência) não passa totalmente as decisões daorganização para o restante da equipe, centralizando ou omitindoinformações.

0% 11% 0% 81% 8%

NÍVEL DE CONCORDÂNCIA ( % )

Q U E S T Ã O

Diante deste estudo apresentado, é mostrado no quadro 10, a seguir, o grau

de concordância, em nível percentual, dos colaboradores que responderam ao

questionário, para cada uma das questões.

Quadro 10 – Grau de concordância das questões (%)

Page 136: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

136

Desta forma, pode-se perceber que os pontos com os quais a organização em

estudo deve despender uma certa atenção, de acordo com os resultados obtidos no

questionário, estão diretamente relacionados com o comportamento e o novo papel

da liderança e com alguns pontos de reatividade dos funcionários e de alguns

líderes com relação à implementação do sistema ou estrutura por meio de equipes

ou times de trabalho autogerenciáveis.

4.4.3. Considerações sobre a Pesquisa com os Colaboradores

De acordo com o citado no referencial teórico, a empresa em questão optou

pela implementação deste sistema num determinado setor (áreas operacionais) do

seu processo produtivo, como laboratório para este novo tipo de estrutura

organizacional.

Para se chegar aos resultados da pesquisa, bem como a sua aplicação,

várias etapas tiveram que ser percorridas. Desde reuniões com os departamentos de

Recursos Humanos e Desenvolvimento Organizacional e Treinamento, contatos com

algumas áreas na busca de informações que pudessem agregar algum valor ao

trabalho e à pesquisa, o envolvimento dos colaboradores que participaram deste

processo, até a aplicação do questionário e a análise final dos resultados. Todos

estes passos contribuíram, de uma forma ou de outra, para o desenvolvimento deste

trabalho.

Com o desenvolvimento desta pesquisa almejava-se obter alguns resultados

do sistema de trabalho por meio de equipes autogerenciáveis numa organização que

adota esta estrutura de trabalho.

Page 137: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

137

Assim sendo, com a compilação dos resultados, foram observados na

prática alguns pontos mencionados no referencial teórico.

Primeiramente verificou-se o tempo para implementação deste sistema, bem

como se o envolvimento e o treinamento fornecidos pela organização aos

colaboradores que participaram deste processo foram suficientes na opinião dos

mesmos.

De acordo com o mencionado no referencial teórico, o processo de

transição, como toda mudança, deve ser devidamente estudado e planejado pela

alta administração para que a implementação ocorra de modo suave, principalmente

para os colaboradores. Desta forma constatou-se, de acordo com os resultados

obtidos, que a empresa adotou o tempo e o envolvimento necessários para a

implementação deste sistema na opinião dos colaboradores.

Procurou-se verificar também a satisfação e o comprometimento dos

colaboradores nesta nova forma de estrutura. Na teoria é mostrado que este sistema

promove uma maior autonomia, participação e sensação de realização dos

indivíduos. Isto, conseqüentemente, gera uma maior satisfação e maior

comprometimento dos funcionários para com os negócios da organização, na visão

de vários autores.

A prática, de acordo com os resultados obtidos, mostrou que na organização

em estudo, a satisfação e o envolvimento das pessoas melhoraram com a

implementação desta estrutura de trabalho. Verificou-se que a troca de informações

e habilidades também ocorre na prática, no sistema por meio de equipes

autogerenciáveis. Isto acarreta o desenvolvimento de colaboradores multifuncionais

trazendo benefícios para a organização.

Page 138: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

138

Outro ponto observado foi a resistência dos indivíduos em um processo de

mudança, durante o período de transição e implementação da estrutura de trabalho

por meio de times na organização em questão.

Na teoria verificou-se que, apesar do processo de mudança ser um dos

pontos fundamentais para o desenvolvimento organizacional, ele faz com que as

pessoas reajam ou criem resistências a estas mudanças, na medida que elas podem

ocasionar a quebra de relações ou padrões estabelecidos no ambiente de trabalho.

E, de acordo com a opinião dos funcionários pesquisados, na prática não

houve muitas diferenças. Logo, pode-se dizer que a adoção do sistema de trabalho

por meio de equipes autogerenciáveis para a empresa estudada provocou um certo

desconforto para alguns indivíduos.

Com a pesquisa, também se procurou verificar o comportamento da

liderança neste novo cenário. A descentralização de poder e o compartilhamento de

informações por meio dos sistemas de comunicação, pontos característicos desta

estrutura de trabalho, conforme mencionado na teoria.

De acordo com os resultados obtidos, pode-se dizer que ainda existe uma

certa resistência da liderança (ou de alguns líderes) da organização com relação ao

sistema de trabalho por meio de times autogerenciáveis. Além disso, apesar dos

sistemas de comunicação adotados pela organização serem eficientes, pode-se

verificar que ainda há a centralização e omissão de informações por parte da

liderança (ou de alguns líderes) na opinião dos funcionários.

De um modo geral, os resultados da pesquisa mostraram que a organização

em estudo conheceu na prática o que foi mostrado no referencial teórico deste

trabalho, tanto nos aspectos positivos quanto nos aspectos negativos da

Page 139: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

139

implementação e da evolução do sistema de trabalho por meio de times

autogerenciáveis.

Logo, entende-se que, apesar da resistência dos colaboradores e de alguns

líderes, ocasionada, possivelmente, pelo fato de este ser um processo de mudança,

a organização conseguiu, de uma forma geral, implementar e desenvolver o sistema

de trabalho por meio de equipes autogerenciáveis de uma maneira planejada e

adequada dentro do seu contexto organizacional.

Page 140: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

140

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando a crescente e intensa competição na qual as organizações

estão submetidas, torna-se importante utilizar-se de sistemas e estruturas de

trabalho, integradas com outras ferramentas organizacionais, que permitam o

desenvolvimento de seus produtos e serviços com vistas a oferecer aos seus

clientes a qualidade, agilidade, variedade e funcionalidade por eles desejada, mas

que, ao mesmo tempo, possibilitem as organizações atingirem seus objetivos.

Para obter bons resultados neste aspecto, a organização deverá introduzir

em seu ambiente operacional um sistema ou uma estrutura de trabalho ágil e flexível

que a auxilie nas tomadas de decisões e lhe proporcione um diferencial competitivo.

A busca de uma estrutura de trabalho que corresponda a essas expectativas

deverá ser empreendida mediante uma prévia análise de algumas considerações e o

conhecimento das dificuldades com as quais a organização poderá se defrontar

nesse percurso.

A caracterização da estrutura organizacional deve passar pela compreensão

de suas variáveis constituintes (complexidade, formalização, e centralização) e de

como a estrutura se posiciona em relação aos fatores que a condiciona, tais como:

tamanho, ambiente, tecnologia e escolha estratégica.

Pode-se dizer que a adequação entre as estruturas e o ambiente imposta

pela instabilidade e a imprevisibilidade aponta na direção de que as estruturas

organizacionais mais flexíveis denotam maior capacidade de absorver mudanças,

respondem mais rapidamente às exigências externas, além de apresentarem um

ambiente mais favorável às inovações.

Page 141: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

141

Essa necessidade define uma nova concepção na divisão do trabalho,

afetando as relações das variáveis constituintes com a redução de níveis

hierárquicos, diminuição da formalização e centralização. Essa tendência evidencia

que uma estrutura mais flexível apresentar-se-á mais favorável diante dos desafios

das mudanças.

Para se adaptar a essa condição, o ambiente interno da organização deve

estar aberto às inovações, pois quanto mais flexível a estrutura, maiores serão as

possibilidades de adequação ao novo contexto organizacional.

A partir dessas considerações, pode-se caracterizar uma estrutura

organizacional como um arranjo que apresenta como forma de atuação: flexibilidade,

ambiente interno favorável, níveis hierárquicos reduzidos, facilidade e rapidez em se

adequar às mudanças e divisão do trabalho que facilita e propicia a formação de

times.

Também são buscados pelas organizações sistemas de trabalho no qual o

fluxo de informações é eficiente e um sistema no qual o conhecimento é projetado

em idéias criativas, concretizadas de forma rápida e eficaz.

Diante deste contexto, neste trabalho é apresentado o sistema ou estrutura

organizacional baseada em equipes ou times autogerenciáveis.

A concepção e as características deste tipo de estrutura levam a entender

que a adoção do sistema de trabalho por meio de equipes autogerenciáves é uma

das possíveis soluções para que as organizações obtenham vantagens competitivas

diante do cenário organizacional no qual elas estão inseridas.

E também com base nos resultados obtidos na organização em estudo

observou-se que a implementação do sistema de equipes autogerenciáveis, somada

a vários outros fatores, contribuiu para um resultado positivo dos seus indicadores.

Page 142: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

142

Além do exposto anteriormente, pode-se concluir com relação ao objetivo

geral deste estudo, que a implementação da estrutura em times foi considerada

positiva, tanto na opinião dos colaboradores, baseado nos resultados do

questionário, quanto nas informações e indicadores obtidos junto à organização.

Com relação aos objetivos específicos conseguiu-se neste trabalho, com

base no referencial teórico, apontar algumas das principais características da

estrutura de trabalho por meio de times e apresentar alguns pontos que a

diferenciam da estrutura hierárquica tradicional. Ainda no referencial teórico,

abordou-se alguns aspectos da estrutura por meio de equipes autogerenciáveis que

podem trazer vantagens para as organizações que adotam este tipo de trabalho.

Também se conseguiu mostrar o novo papel e comportamento dos líderes dentro

desta estrutura.

Com a pesquisa, se pôde verificar na prática, algumas das resistências e

problemas identificados por uma organização com a implementação da estrutura por

meio de times autogerenciáveis. Também se avaliou, por meio de um questionário, a

opinião, com relação a alguns pontos, dos colaboradores que participaram da

implementação e vivenciam, no dia-a-dia de trabalho, este tipo de estrutura

organizacional.

Pelos resultados obtidos no questionário, informações e levantamentos da

pesquisa, pôde-se identificar pontos comuns, mencionados no referencial teórico,

com a situação prática vivida por uma organização.

Assim sendo, foi possível atender, de modo geral, aos objetivos propostos

no início deste estudo.

Page 143: IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES AUTOGERENCIÁVEIS EM … · Organizacional – Times de Trabalho – Equipes Autogerenciáveis . ABSTRACT This study has the goal to evaluate the implementation

143

No entanto, além das considerações anteriormente expostas, é importante

acrescentar alguns pontos negativos e positivos encontrados e detectados no

desenvolvimento deste trabalho.

Pode-se citar como limitação para este trabalho o fato de que, apesar de

uma considerável quantidade de referenciais teóricos existentes sobre o assunto,

poucos abordavam as desvantagens do sistema de trabalho por meio de times ou

equipes autogerenciáveis.

Algumas das desvantagens encontradas e mencionadas foram obtidas por

meio da prática vivenciada no processo de implementação deste sistema na

empresa adotada no estudo de caso.

A organização em questão, apesar da atenção despendida para com este

trabalho, apresenta políticas, normas e sistemas internos, os quais fizeram com que

a divulgação e o acesso a algumas informações fossem limitados. Como exemplo,

foi solicitada a não citação da sua razão social nesta dissertação.

Por outro lado, o atendimento, a atenção e o suporte proporcionados por

esta mesma organização para que este trabalho fosse desenvolvido em suas

dependências superou as expectativas. A agilidade, a pontualidade e a colaboração

nas reuniões agendadas para análise e verificação do trabalho, bem como a atenção

e o envolvimento dos colaboradores em responder o questionário, contribuíram e

foram fundamentais para o desenvolvimento da pesquisa.

Desta forma, entende-se que os dados coletados e as informações obtidas

foram fornecidos dentro das normas, sistemas e políticas internas da mesma, os

quais foram respeitados dentro deste estudo.

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A disponibilidade e diversidade do acervo bibliográfico da universidade,

também foi um fator de contribuição para o desenvolvimento do referencial teórico

do assunto abordado.

E finalmente, vale a pena ressaltar que este estudo não tem a pretensão de

oferecer às organizações uma resposta para a resolução dos seus problemas, mas

sim, servir como orientação e informação sobre o sistema de times ou equipes

autogerenciáveis, de forma a contribuir para obtenção de vantagens competitivas no

ambiente organizacional no qual elas estão inseridas.

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APÊNDICE

QUESTIONÁRIO PARA PESQUISA

Este questionário tem por objetivo verificar a estrutura de trabalho por meio

de times de negócios competitivos na organização; o seu processo de

implementação, o seu desenvolvimento e a satisfação dos funcionários neste novo

cenário organizacional.

Tem caráter acadêmico, para complementar o trabalho de pesquisa sobre o

tema “O Sistema de Trabalho por Meio de Equipes Autogerenciáveis:

Implementação e Resultados”.

A identidade e as respostas dos participantes serão preservadas, sendo

analisado o conjunto das respostas para a sistematização do resultado.

Sua participação e colaboração são fundamentais para este processo.

PERFIL DO FUNCIONÁRIO

SEXO:

( ) Masculino ( ) Feminino

IDADE:

( ) 20 a 30 anos ( ) 31 a 40 anos

( ) 41 a 50 anos ( ) 51 a 60 anos

NÍVEL DE ESCOLARIDADE:

( ) Graduação Incompleto ( ) Graduação Completo

( ) Pós-graduação Incompleto ( ) Pós-graduação completo

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Marque com um X seu grau de concordância para cada uma das afirmações abaixo.