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KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 71 Figura 3.1 Ͳ Mapa geológico esquemático da Província de Ardósia de Minas Gerais. Fonte: GrossiͲSad et al. (2001).

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KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 71

Figura 3.1 Mapa geológico esquemático da Província de Ardósia de Minas Gerais. Fonte: Grossi Sad et al.

(2001).

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Tabela 3.1 – Composição mineralógica modal das ardósias Bambuí

Minerais (%) Ardósia Negra Ardósia Cinza Ardósia Verde

Quartzo 24 26 26 30 30 32

Mica Branca 31 33 32 34 34 36

Clorita 20 23 18 20 18 20

Feldspato 12 15 12 15 14 15

Carbonato 3 5 2 3 0.5 1

Óxido de Ferro 2 3 2 3 2 3

Material Carbonoso 0,5 1 0,2 0,6 < 0.1

Fonte: Grossi Sad et al. (1998)

Tabela 3.2 – Composição química média (% em peso) das ardósias

Bambuí

Óxidos Preta Cinza Verde Roxa

SiO2 60,95 62,85 64,45 61,20

TiO2 0,74 0,79 0,85 0,84

Al2O3 15,97 15,47 15,40 16,60

Fe2O3 1,80 1,86 2,30 4,50

FeO 4,82 4,57 4,35 3,00

MnO 0,10 0,11 0,12 0,12

MgO 3,07 2,82 2,65 2,70

CaO 1,62 1,16 0,35 0,37

Na2O 1,70 1,72 1,50 1,20

K2O 3,67 3,77 3,85 5,10

H2O+ 3,28 2,97 2,99 3,30

CO2 1,27 0,91 0,27 0,29

P2O5 0,16 0,16 0,14 0,12

C 0,47 0,28 0,07 0,11

Total 99,62 99,44 99,29 99,45

Na2O/K2O 0,46 0,46 0,39 0,23

Al2O3/Na2O 9,39 8,99 10,27 13,83

FeO/Fe2O3 2,68 2,46 1,89 0,67

Nota: foram analisadas: ardósias pretas (4 amostras); ardósiascinza (4 amostras); ardósias verdes (2 amostras); ardósias roxas (2amostras). Fonte: Grossi Sad et al., 1998.

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3.2 Geração de Estéril e Rejeito na Atividade Produtiva

O perfil do talude das lavras de ardósia é composto por um capeamento superficial de

solo, um nível intermediário de “toá” (designação local de rocha alterada e fragmentada) e um

nível basal que constitui o banco de ardósias frescas. Apenas esse nível basal de rocha fresca é

comercialmente explorado para revestimentos (Foto 3.1).

Foto 3.1 – Desenvolvimento e ampliação de uma frente de lavra, observando se operfil do talude da cava e a grande espessura do capeamento estéril. Local:Pedreira Mapel (Micapel), em Pitangui.

A cobertura estéril das ardósias, envolvendo solo, toá e rocha alterada, pode atingir 30

40 m de espessura, o que constitui uma espécie de limite para a economicidade da lavra. A

lavra de ardósias na província é sempre efetuada a céu aberto, com desenvolvimento

horizontal dos bancos comerciais.

Por exemplo, para ampliação da lavra em uma área de 5.000 m2 (100 m x 50 m), com 40

m de capeamento, são removidos 200.000 m3 de estéril, com peso correspondente a cerca de

400.000 t (base 2 t/m3). Com caminhões caçamba convencionais, que transportam 8 t a 12 t de

carga, a situação ilustrada demandaria 40.000 viagens até a pilha de bota fora.

Depois de acessado o banco de ardósias lavrável, a taxa média de recuperação situa se

em 30% 40%. Na mesma área de 5.000 m2 de ampliação, um banco de ardósia com 10 m de

espessura geraria de 30.000 m3 a 35.000 m3 de rejeito, correspondentes a 80.000 t a 95.000 t

de ardósias frescas não aproveitadas (base 2,7 t/m3). Outros centros mundiais de extração de

ardósia têm números semelhantes de aproveitamento.

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A taxa de recuperação na lavra de ardósias é, portanto, bastante baixa, não

ultrapassando 10% a 15% do total desmontado na fase de pleno desenvolvimento de uma

pedreira. Se considerarmos a fase inicial de desenvolvimento, a taxa média final de recuperação

deve situar se em 5% a 10%.

Os principais fatores para essa elevada perda na lavra estão relacionados ao espesso

capeamento e, no banco de ardósias frescas, à ocorrência de “lavados”, que é a designação

utilizada pelos mineradores para fraturas que truncam os planos de clivagem ardosiana (Fotos

3.2, 3.3, 3.4 e 3.5). Destacam se ainda os denominados “jacarés”, que representam níveis de

espessura submétrica, fortemente fraturados e caulinizados, concordantes à foliação. Leitos de

ardósia “matacão”, como são chamadas as variedades que não se delaminam, são

normalmente descartados e também constituem fator de perdas na lavra.

Foto 3.2 – Em primeiro plano, lateral de um banco de ardósia com fraturas

(lavados) que determinam perdas na lavra. Ao fundo, parte do capeamento de

solos da pedreira. Localização: Pedreira Mapel (Micapel), em Pitangui.

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A partir da produção líquida anual de ardósias,

estimada para Minas Gerais em meados da década de

2000, bem como dos índices finais de recuperação na

lavra, calculou se que estariam sendo gerados e

acumulados, em pilhas de bota fora, pelo menos

5.000.000 t/ano de estéril e rejeitos (Fotos 3.6 e 3.7).

Apenas na área de bota fora das serrarias instaladas

na cidade de Papagaios, área esta situada a 8 km da

zona urbana, na estrada de acesso a Caetanópolis,

estavam sendo acumulados cerca de 250.000 t/ano

de cacos, cavacos e aparas de ardósia fresca,

rejeitados no beneficiamento.

Tomando se como base de cálculo essa

quantidade de estéril e rejeito, anualmente gerada

em meados da década de 2000, bem como o histórico

da produção e início das atividades mínero industriais

na Província de Ardósia, pode se estimar que, nos

últimos 30 anos, tenham se acumulado 100 milhões

de toneladas de material nas dezenas de pilhas de

bota fora conformadas. Apenas a pilha de rejeito das

serrarias de Papagaios representaria quase 5% desse

total.Foto 3.3 Deformação da xistosidade emfraturas, formando estrutura do tipochevron, que determina perdas na lavra.Localização: Pedreira Pompéu Velho(Micapel), em Pompéu. Foto: Chiodi, 2008.

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Foto 3.4 Fraturas preenchidas com calcita, observadas na lateral do banco deardósia fresca, como fator de perda na lavra. Local: Pedreira Mapel, em Pitangui.

Foto 3.5 Zona de intenso fraturamento no banco de ardósia, determinando perdatotal na lavra. Local: Pitangui.

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Foto 3.6 Ardósia com fratura preenchida por calcita, rejeitada no processo delavra e acumulada em pilha de bota fora. Observar à esquerda da foto a disposiçãode pneus usados, junto aos rejeitos da lavra. Localização: Pitangui.

Foto 3.7 Lateral de pilha de bota fora, com acumulação de estéril e rejeitos deardósia cinza. Localização: Pitangui.

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3.3 Questões Ambientais Correlatas

Questões ambientais foram abordadas no item 3.7 do estudo publicado pela COMIG

(GROSSI SAD et al., 1998), onde se destaca que a vegetação primitiva, de cerrado, já havia sido

extensivamente descaracterizada, na região, a partir de dois ciclos extrativistas anteriores ao

das ardósias: na década de 1960, pelo garimpo de cristais e, sobretudo na década de 1970, pela

extração de madeira para carvão vegetal.

Entre as conclusões e recomendações formalmente apresentadas no trabalho da COMIG

(1998), três merecem ser aqui reproduzidas:

“Não é mais possível dissociar o desenvolvimento do setor de ardósia da questão de

lavra e beneficiamento. O enfoque dos problemas relativos à disposição e

aproveitamento de rejeitos, sobretudo da lavra, é muito importante para o

credenciamento ambiental do setor de ardósias. Dificilmente o setor crescerá e até se

preservará se não houver manejo e disposição adequados dos rejeitos, bem como sua

utilização, mesmo parcial, para usos industriais”.

“Considera se já bastante oportuno o estabelecimento de distritos industriais e áreas

específicas para bota fora de rejeitos, junto às cidades de Papagaio, Pompeu,

Felixlândia e Paraopeba. Tais iniciativas permitiriam racionalizar a captação e

disposição de resíduos sólidos e efluentes líquidos, facilitando eventuais opções de

aproveitamento para fins industriais.” (GROSSI SAD et al., 1998, p.85 87)

Apontou se, ainda, que os principais problemas ambientais remetidos à atividade

produtiva de ardósia estavam ligados a três fatores:

reduzido índice final de aproveitamento na lavra e no beneficiamento, o que seria

característico de outros centros produtores mundiais de ardósia;

baixa agregação de valor aos produtos comerciais elaborados, o que reduzia a

capacidade de investimento empresarial; e

não aproveitamento do material refugado na lavra e no beneficiamento, para usos

industriais diversos.

Admitiu se, em função dessas e outras condicionantes, que a permanência do setor de

ardósia em Minas Gerais, como atividade economicamente viável, tinha estreita relação com o

trato ambiental da lavra e do beneficiamento, em especial a viabilização industrial dos resíduos

e efluentes.

Foram mencionados estudos, alguns já então concluídos e outros em desenvolvimento,

sobre o aproveitamento de resíduos de ardósia, destacando se o intitulado “Caracterização e

Pesquisa de Aplicações de Resíduos e Aparas de Ardósia”, executado sob orientação do Prof.

Wilfried Keller Schwabe, do DESA/UFMG.

Como conclusão, o estudo da UFMG, datado de 1996, já referia que,

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“O rejeito sólido da ardósia, transformado em pó ou brita, tem alta potencialidade

para aplicação em agregados, agregado leve, cargas (principalmente para massa

asfáltica), blendagem com cimento e material cerâmico. Dependendo ainda de

pesquisa mais aprofundada, apresenta possibilidade de uso na fabricação de telhas e

tijolos, impermeabilização de reservatórios e aterros, corretivo de solo, produção de

solo cimento, pozolana e na recuperação de áreas degradadas. A continuidade das

pesquisas sobre a aplicação dos rejeitos sólidos propõe avaliação técnico econômica

para concretos convencionais e de alto desempenho, pavimentos de concreto,

indústria de pré moldados, pavimentos asfálticos, matéria prima para agregado leve e

adição a massas de cerâmica vermelha.” (SCHWABE; HELLER, 1996 apud GROSSI SAD

et al., 1998, p. 83)

Hoje, passados quase 20 anos, sabe se que poucos desses estudos recomendados foram

realizados, o que não proporcionou nem as bases técnicas necessárias para o aproveitamento

de rejeitos, nem as condições exigidas para a permanência do setor de ardósia como atividade

economicamente viável. De fato, por problemas intrínsecos e extrínsecos ao setor de ardósia, a

sua atividade produtiva tem experimentado uma forte retração, inclusive com fechamento de

empresas, queda nas exportações, e desmobilização da força de trabalho.

3.4 Propostas e Estudos de Aproveitamento de Rejeitos – Uma Revisão

A partir de entrevista efetuada com o Prof. Wilfried Keller Schwabe, o relatório do

Projeto Detalhamento de Arranjos Produtivos de Base Mineral – APL Ardósias de Papagaio, MG

(IEL, 2006), concluído em 2006, apresentou várias ponderações de interesse sobre a questão

dos rejeitos de ardósia, destacando se as seguintes:

O aproveitamento do resíduo mineral, no maior nível possível, acarretará não

somente uma contribuição à proteção ambiental, mas também uma melhoria

técnica e econômica aos produtores. Somente sob melhores bases econômicas,

pode se, no entanto, esperar que medidas de controle ambiental mais efetivas

sejam realmente implementadas pelos produtores;

Existe a possibilidade de um efeito duplo sobre o meio ambiente, tanto nas

áreas de extração de ardósia, quanto pela minimização de atividades de lavra

geradoras de insumos equivalente em outras regiões;

Como matéria prima e insumo para produtos industriais, as ardósias

evidenciam os seguintes atributos mais importantes: granulação fina dos

constituintes minerais, interessante para cerâmica vermelha; homogeneidade

química, favorável para a composição do cimento; e, conteúdo de água

intercristalino, que determina a propriedade de expansão térmica das ardósias

e sugere a possibilidade de seu aproveitamento para agregados leves;

Para cimento, referiu que a indústria regional é conservadora e dispõe de boas

matérias primas em Minas Gerais, dispensando assim a utilização das ardósias;

Como brita, devido à sua lamelaridade, a ardósia não garantiria índices

adequados de resistência para concreto estrutural, tanto pela fragmentação

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físico mecânica quanto pela falta de aderência (pega) do cimento nas

superfícies lisas da ardósia (plano de clivagem);

Trabalhos recentes teriam sido efetuados pelo Prof. Jader Martins, da UFOP,

sobre a expansão térmica direta da ardósia; pelo Prof. Hermann Mansur, da

Escola de Engenharia Química da UFMG, sobre utilização da ardósia como base

para a cerâmica vermelha, mediante adição de argila para se conferir

plasticidade ao corpo cerâmico;

O engenheiro André Félix, aluno de pós graduação do Prof. Wilfrid Keller,

desenvolveria tese de doutorado focando materiais porosos, capazes de abrigar

proteínas e bactérias, que têm diversos usos potenciais na área ambiental, e

para os quais os espaços intercomunicantes constituem atributo importante. O

material objetivado nesse estudo seria o vidro poroso, tendo se sugerido ao

Prof. Keller que avaliasse alternativamente o uso de ardósia com matriz

termicamente expandida.

A viabilidade da atividade integrada – produtos de revestimento e aqueles obtidos a

partir dos resíduos para usos industriais e outras finalidades, é reforçada por:

Não exigir investimentos fixos de monta para a produção dos resíduos, pois eles

já se encontram disponíveis à espera de possíveis utilizações;

Reduzir substancialmente os custos ambientais da extração;

Equiparar ou aproximar os custos associados ao carregamento/retirada dos

resíduos e ao transporte dos mesmos, entre as alternativas de transportá los

para as pilhas de “bota fora” e para a unidade de processamento industrial dos

resíduos, tendo em vista que esta deve se instalar relativamente próxima às

pedreiras;

Possibilitar que os custos variáveis da operação possam ser inferiores aos custos

ambientais, sem considerar a utilização industrial dos rejeitos;

Permitir a utilização da maioria dos equipamentos e máquinas da unidade

beneficiadora dos resíduos, pois, para diversas finalidades, trata se de uma

planta voltada para multiusos/multiprodutos, uma vez que basicamente o

processamento se resume na britagem e na moagem do resíduo; para outras

finalidades, britagem, expansão térmica e moagem. Adicionam se as

especificações da matéria prima básica e de algumas exigências físicas, como

nível de granulometria, assim como as necessidades de combinações com

outros minerais;

Contribuir para a diminuição da sazonalidade existente na demanda do setor de

revestimentos. (IEL, 2006, p. 72 73)

O Projeto Detalhamento de Arranjos Produtivos de Base Mineral também apresentou

uma síntese dos resultados obtidos por estudos e testes de aplicação até então realizados para

resíduos de ardósias, tendo se destacado os seguintes:

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APLICAÇÃO EM ESTRADAS – A EXPERIÊNCIA DA CONSTRUTORA EGESA

Foi utilizada brita de ardósia no asfalto a quente, usinado, em experimento realizado

com sucesso pela Construtora EGESA na BR 040 num trecho de 10 km que liga os

municípios de Pompeu e Felixlândia, onde foram consumidas 7.000 toneladas de brita

de ardósia.

Um dos engenheiros responsáveis pela obra (engº. José Carlos Ribeiro), referiu que

torna se necessário dispor de equipamento adequado para atender às normas do DNIT

– Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, que substituiu o antigo

DNER. Ainda segundo o engenheiro, existem diversas utilizações possíveis dos resíduos

da ardósia no asfaltamento das estradas, além da brita na camada inferior e na pista

de rolamento, como o pó para a mistura com outro mineral e no concreto (até os

cacos podem ser utilizados).

Destaca se que os rejeitos da ardósia também poderiam ser aproveitados para o

capeamento e asfaltamento de ruas, avenidas e praças, tanto nos municípios

produtores da Província da Ardósia quanto daqueles próximos a eles, observando se

os custos de transporte e desde que sejam respeitadas as especificações e as

condições de sua utilização.

UTILIZAÇÃO EM REFLORESTAMENTO – A EXPERIÊNCIA DOS EMPRESÁRIOS

Empresários do segmento da ardósia confiam na possibilidade de uso do pó da ardósia

como fertilizante e corretivo de solo. No caso de projetos de reflorestamento, o pó da

ardósia seria aplicado no plantio de mudas de eucalipto.

O embasamento para esta utilização consiste no sucesso dos resultados experimentais

com a revegetação nas pilhas de ardósia, realizado pela pesquisadora Valéria Freitas

(FREITAS et. al., 2005), do CETEC, admitindo se um princípio similar ao da rochagem

para produção de fertilizantes alternativos. Isto porque a ardósia possui concentrações

expressivas de carbonato de cálcio e potássio, capazes de tanto corrigir a acidez dos

solos quanto melhorar a sua fertilidade (refere se que as concentrações de K2O são

significativamente mais elevados nas ardósias verdes e vinho, com teores até

superiores a 5%).

Cabe destacar a proximidade de grandes projetos de reflorestamento da Província da

Ardósia, especialmente de indústrias siderúrgicas, inclusive de grande porte, como a

Belgo Mineira e a Valourec & Mannesmann. Existem também empreendimentos

expressivos como o da Plantar e de outras empresas na região, assim como próximo a

Curvelo – grande porta de entrada do carvão proveniente de plantios de eucalipto de

outras áreas do estado, como o Jequitinhonha, o Norte de Minas e de outros estados.

Um outro fato positivo para esta opção de reflorestamento, é a proximidade com

siderúrgicas e metalúrgicas, que utilizam carvão vegetal, em diversos municípios

próximos, como Sete Lagoas, Divinópolis, Itaúna, Pará de Mimas, Claúdio e Pitangui.

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INSUMO PARA CERÂMICA VERMELHA

Dissertação de Mestrado de Maria Cristina de A. OLIVEIRA (2001). Estudo de

Aproveitamento de Rejeitos da Mineração de Ardósia visando Aplicações

Tecnológicas em Cerâmica.

No estudo de referência de Oliveira (2001), são apresentadas as seguintes conclusões e

considerações sobre a aplicação dos rejeitos da ardósia na indústria cerâmica.

Os rejeitos de ardósia, seja na forma de pó de ardósia obtido a partir da moagem dos

rejeitos sólidos ou na forma de lama oriunda do processo de beneficiamento,

apresentam propriedades cerâmicas promissoras, quando estudados em escala

laboratorial.

Após queima, o pó de ardósia desenvolve cor vermelha, característica que restringe

sua aplicação aos produtos de cerâmica vermelha estrutural (tijolos, telhas, etc.) e às

placas cerâmicas para revestimento de base vermelha, não podendo ser utilizado em

massas de cor clara.

Como o pó de ardósia não apresenta plasticidade, não pode ser utilizado como única

matéria prima para cerâmica, pois devido ao seu baixo poder de coesão, não é possível

conformar um corpo com resistência mecânica à verde (antes da queima) suficiente

para permitir o seu manuseio ao longo do processo de fabricação. Logo, deverá ser

adicionado a argilas com alto poder de agregação; neste caso o pó de ardósia agirá

como um material desplastificante.

Nas misturas destinadas à produção de cerâmica vermelha foi possível introduzir até

40% de pó de ardósia (abaixo de peneira 32 mesh), mantendo se a absorção d’água do

material dentro do limite especificado pelas normas ABNT (NBR 7171; NBR 7172; NBR

9601; NBR 13582) para os produtos de cerâmica vermelha estrutural (blocos cerâmicos

para alvenaria e telhas) e com boas condições de conformação por extrusão. Esse valor

máximo para a adição de pó de ardósia é válido para a mistura estudada que utilizou

argila do tipo taguá vermelho como base; porém, deve variar em função da

plasticidade e do poder de aglomeração de outras argilas sobre as quais o pó de

ardósia seja misturado.

Sobre a massa de revestimento cerâmico foi possível adicionar até 20% de pó de

ardósia, mantendo se a especificação para placas cerâmicas para revestimento – grupo

de absorção BIIb prensado (conforme ABNT NBR 13818) quanto aos valores de

absorção d’água e carga de ruptura. Adições superiores a 20 % resultaram em misturas

cujo valor da absorção d’água excede o limite especificado para essa classe de

produtos. Também o valor da carga de ruptura mostrou se aquém da especificação.

[...]

Ressalta se, finalmente, que para viabilizar o uso industrial do pó de ardósia em

misturas cerâmicas é fundamental que se proceda à adequação do processo de

moagem em larga escala e também à determinação do percentual de pó a ser

adicionado, em função das características das argilas com as quais o pó de ardósia

comporá a mistura (OLIVEIRA, 2001).

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INSUMO PARA CIMENTO

Dissertação de Mestrado de Evandro CARRUSCA Oliveira (2001): Aproveitamento

Industrial de Resíduos de Ardósia como Insumo Mineral na Fabricação de

Cimento.

Esta pesquisa de mestrado (CARRUSCA, 2001) foi implementada na fábrica de cimento

da Holdercin Brasil S/A / Unidade Ciminas, com desenvolvimento de testes que

objetivaram avaliar o aproveitamento de resíduos de ardósia, em substituição à argila

convencionalmente utilizada, na composição primária da farinha para fabricação do

clínquer e conseqüente produção de cimento. Ensaios laboratoriais foram realizados

na Holdercin e na Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP, comparando se

os parâmetros técnicos da farinha tradicional, contendo argila, e da farinha em

desenvolvimento com os finos de ardósia (85% de calcário e 15% de ardósia).

Os resultados dos ensaios consideraram as propriedades químicas e granulométricas

dos resíduos de ardósia semelhantes às propriedades da argila empregada na

fabricação do cimento. Esses resultados também foram comprovados nas análises da

farinha de cru, matéria prima que origina o clínquer. Comprovou se, além disso,

através dos resultados dos testes de moagem e ensaios granulométricos um maior

rendimento na cominuição da farinha contendo ardósia.

Os estudos de Carrusca (2001) concluíram que a fase de testes de laboratório

apresentou resultados positivos, confirmando a possibilidade de se empregar as

aparas de ardósia, na forma de brita fina, como constituinte da farinha de cru, em

substituição à argila.

ATIVIDADE POZOLÂNICA7 DA ARDÓSIA EXPANDIDA

Tese de Doutorado de Maria Eugênia Monteiro de Castro SILVA (2005):

Caracterização de Produtos Gerados no Processo de Expansão Térmica de

Rejeitos de Ardósia.

O estudo de Silva (2005) envolveu a realização de ensaios de expansão térmica das

diferentes variedades de ardósia produzidas em Papagaio e região, objetivando

avaliação dos produtos na indústria cimenteira. A ardósia natural não apresentou

propriedades pozolânicas para argamassa de cimento, quando avaliada pelos métodos

químico e físico. Por outro lado, os resultados obtidos para a ardósia expandida

confirmaram a pozolanicidade, segundo ambos os métodos.

A expansão das ardósias ocorreu no sentido perpendicular à clivagem, sendo as

ardósias pretas e grafite as que apresentaram maior grau de expansão, seguidas, em

ordem decrescente, das ardósias cinzas, ferrugem, matacão, vinho e verde.

7 “Materiais pozolânicos são materiais silicosos ou sílico aluminosos que, por si só, possuem pouca ou nenhumaatividade aglomerante, mas quando finamente moídos e na presença de água, reagem com hidróxido de cálcioà temperatura ambiente, formando compostos com propriedades aglomerantes”. (LEA apud SILVA, 2004, p. 56)

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Após a expansão térmica, a composição química das ardósias apresentou variações

pouco significativas. Para a massa específica, os valores foram inferiores, o que

ocorreu também com a resistência mecânica.

Os valores de absorção de água dos produtos de expansão foram mais altos, com

exceção das ardósias vinho e verde, bem como da ardósia preta, que não apresentou

alteração. Apesar da variação, pode se considerar que os valores estão abaixo dos

índices de absorção de água necessários para materiais pozolânicos.

Concluiu se que o tratamento dos rejeitos de ardósia, pelo processo de expansão

térmica, promove o desenvolvimento das atividades pozolânicas do material. Devido

ao caráter pozolânico conferido aos produtos da expansão térmica das ardósias, como

adição mineral substituindo parcialmente o clínquer do cimento Portland, esses

produtos apresentam se, portanto, como alternativa tecnicamente viável de

aproveitamento dos rejeitos da lavra e do beneficiamento.

Segundo a ABCP – Associação Brasileira de Cimento Portland, os ensaios realizados

demonstram melhora na qualidade do cimento, demandando se estudos em escala

industrial para definição da economicidade do processo.

Silva (2005) ressalta que na concepção do projeto previu se a realização de estudos de

expansão térmica de rejeitos de ardósia visando à geração de agregados leves para o

uso na construção civil, porém a escala de laboratório inviabilizou a pesquisa, o que

certamente, segundo a autora, apresenta se como uma alternativa de significativa

relevância técnica e econômica. (IEL, 2006, p. 76 77)

Posteriormente, empresários do setor de ferro gusa, contatados em Papagaios,

noticiaram a experiência bem sucedida de substituição da grafita, por pó de ardósia, na lama de

isolamento das lingoteiras durante o processo de lingotamento. Mesmo considerando a

concentração de guseiras na região, sobretudo em Sete Lagoas, a demanda de finos de ardósia,

para esta finalidade, seria quantitativamente reduzida e pouco atrativa economicamente,

apesar do que se atribuiu apelo ambiental para tal possibilidade.

No âmbito dos projetos ligados ao enfoque Gestão de Passivos Ambientais na

Mineração, a FEAM realizou a primeira parte do Plano de Ação para Sustentabilidade do Setor

de Ardósias em Papagaios, que teve como principal objetivo a proposição de medidas de

controle ambiental e ordenamento do setor produtivo da ardósia. O relatório final desse

estudo, elaborado pela equipe técnica da então Gerência de Desenvolvimento e Apoio Técnico

às Atividades Minerárias – GEDAM, em abril de 2010, atualizou o conhecimento sobre as

atividades produtivas da ardósia no município de Papagaios e fez considerações referentes ao

aproveitamento de resíduos da lavra e beneficiamento.

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KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 85

Já em finais de 2012, a dissertação de Mestrado apresentada pelo engenheiro

Waldemar Vaz de Resende8, no programa de pós graduação em construção civil da Escola de

Engenharia da UFMG (Departamento de Materiais), destacou a melhora de resistência de

concretos elaborados com misturas de cimento portland de alta resistência inicial (CP V ARI),

ardósia (brita 1) e escórias de alto forno, sinalizando ser a ardósia um ativador das reações de

escórias de alto forno, sobretudo em misturas ternárias (cimento + ardósia + escória de alto

forno). Durante a defesa da dissertação, em 07 de dezembro de 2012, aventou se a

possibilidade de celebração de um convênio entre a UFMG e a FEAM, calcado na linha de

pesquisa de aproveitamento de resíduos como materiais de construção civil.

Conforme noticiado pela Revista Brasil Mineral (ed. 327, março/2013, p. 3, Editorial),

esta sendo retomada a linha de pesquisa para utilização dos chamados “verdetes”9, ocorrentes

na região de Cedro do Abaeté, Minas Gerais, para a fabricação de fertilizantes alternativos ao

NPK. Esta abordagem baseia se na concentração de potássio existente nos verdetes,

destacando se que estes são geologicamente correlacionados às ardósias verdes e roxas, da

porção norte da Província de Ardósia de Minas Gerais, nas quais é elevado o teor de K2O (vide

Tabela 3.2). Aventa se que a utilização dessas ardósias, termicamente expandidas, poderá

otimizar tanto a aeração do solo quanto a própria liberação do potássio.

3.5 Panorama Atual

3.5.1 Produção de Brita para Uso Rodoviário

Esta é uma forma de aproveitamento dos rejeitos da lavra e da serragem que

aumentará cada vez mais. Em um primeiro momento, esses rejeitos foram britados para

pavimentação das vias urbanas e vicinais de Papagaios e municípios vizinhos.

A brita de ardósia foi assim utilizada com sucesso pela Construtora EGESA, no

asfaltamento a quente, usinado, para recapeamento da BR 040 num trecho de 10 km, que liga

os municípios de Pompeu e Felixlândia, onde foram consumidas 7.000 toneladas de brita de

ardósia (IEL MG/MCT, 2005). A aplicação bem sucedida no revestimento asfáltico da BR 040

(brita fornecida na época pela MICAPEL), praticamente “certificou” a ardósia britada para a

pavimentação de rodovias, tanto que o DER MG exigiu a utilização da brita de ardósia na

8 RESENDE, W.V. de. A influência de adições de escória de alto forno finamente moída e de ardósia naspropriedades do concreto. Belo Horizonte: UFMG, 2012. Orientador: Prof. Abdias Magalhães Gomes (Depto. DeMateriais da Escola de Engenharia). Área de Concentração: Materiais de Construção Civil. Linha de Pesquisa:Resíduos como Materiais de Construção Civil.

9 Os verdetes são constituídos por metassedimentos pelíticos, com predominância de glauconita, quartzo e outrosminerais, que ocorrem na Serra da Saudade, município de Cedro de Abaeté (MG). Geologicamente, encontra se naFormação Serra da Saudade, do Supergrupo Bambuí. Sua mineralogia é definida por quartzo, feldspato potássico,albita, mica branca, glauconita (que dá a cor verde à rocha), clorita e opacos. O verdete de Abaeté apresenta cercade 7% a 11,4% de K2O (PIZA, s.d.).

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KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 86

pavimentação da estrada Papagaios Pitangui (MG 423) e vai testar a brita como agregado no

pavimento rígido de concreto.

Em sua edição de número 5, a revista Areia & Brita10 traz matéria sobre a empresa

Martins Lanna, que lavra gnaisses para brita no município de Contagem, MG. A empresa criou a

mistura “solo brita”, proveniente da “... blendagem do material decantado nos tanques de areia

e do material resultante do decapeamento da mina”, e que substitui a “... canga de minério de

ferro, escória e outros materiais utilizados para a base e sub base de pavimentos, com menor

custo, sem geração de estéril e que atende a todas as normas técnicas”. A esse respeito, o

empresário Mário Reis, proprietário da Ardósia Reis, comentou que a ardósia misturada ao solo

tem um desempenho melhor do que a tapiocanga, quando usada para a sub base dos

pavimentos.

Em reunião realizada no dia 05/06/2013 na sede da prefeitura Municipal de

Papagaios, o Prefeito Marcelino Ribeiro Reis informou que estavam sendo iniciadas as obras de

pavimentação da estrada que liga Papagaios a Pitangui (MG 423), com 30,92 km de extensão

(Figura 3.2). A empresa que executou as obras, ganhadora da licitação do DER – Departamento

de Estradas de Rodagem do Estado de Minas Gerais (Edital nº 060/12, Processo nº 0139659

2300/2012 0), foi a Construtora Jalk Ltda. Essa obra integra o Programa Estruturador Minas

Logística, Ação de Governo “Caminhos de Minas” (PROACESSO). Segundo o Sr. Marcelino, a

construtora utilizaria brita de ardósia nas obras da rodovia. Para tal, estabeleceu parceria com a

empresa ER7, de Sete Lagoas, que colocaria em operação um britador móvel, de fabricação

austríaca, com capacidade de produção de 200 t/hora de brita. Para suprir a demanda das

obras da rodovia, o britador deverá operar por 90 dias. O britador poderá ser instalado na

empresa ABV Slate, que fornecerá a matéria prima. Também foi comentado que o engenheiro

do DER, responsável pela obra da rodovia, iria testar um trecho com pavimento rígido de

concreto, utilizando ardósia como agregado. Discutiu se que, se o britador austríaco

funcionar a contento, ele poderá operar em outras frentes de lavra de ardósia, e até nas

grandes pilhas de rejeito das serrarias, acumuladas ao longo da estrada Papagaios a

Caetanópolis (vide Figura 3.2). A Prefeitura tem seu próprio britador em funcionamento e

utiliza a brita de ardósia para regularizar o subleito de estradas vicinais. Atualmente, somente

duas empresas têm britadores funcionando: as empresas Pevex e Altivo Pedras.

10 Martins Lanna é modelo em produção e sustentabilidade. Areia & Brita, São Paulo, n. 59, p.16 24, abr./mai./jun.2013

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Figura 3.2 – Mapa rodoviário da região de Papagaios, mostrando o trecho da rodovia que será asfaltada e alocalização da pilha de bota fora da cidade. Fonte da base cartográfica: extraído do Mapa Rodoviário de Minas Gerais,

DER MG, 2010. Disponível para download em http://www.der.mg.gov.br/mapa_internet2/mapa rodoviario.htm

3.5.2 Utilização dos Rejeitos de Ardósia na Indústria Cerâmica

Existe uma noção geral, expressa em alguns trabalhos publicados, de que os finos de

ardósia podem ser utilizados na elaboração de massas cerâmicas, inclusive melhorando a

performance do produto final. Palhares et al. (2012), fizeram estudos relativos à utilização de

pó de ardósia e resíduos da indústria cerâmica (chamote), na elaboração de massas cerâmicas

para tijolos estruturais, concluindo:

A adição de 20% de pó de ardósia na massa cerâmica aumentou em 20% a

resistência mecânica de tijolos estruturais, e a adição de 3% de chamote (rejeito da

indústria cerâmica) aumentou essa resistência em 150%;

A adição das duas matérias primas, tanto a ardósia, quanto o chamote, equilibra a

quantidade de quartzo livre na mistura, aumenta sua resistência e adéqua a

plasticidade da massa ao processo de extrusão;

Maiores quantidades de ardósia e chamote na massa cerâmica levaram à

diminuição dos níveis de absorção de água e de retração em relação à massa

cerâmica sem a presença dos resíduos. Sugere se que esses resíduos melhoram a

permeabilidade das peças, melhorando também os processos de secagem e

queima;

Os rejeitos passaram a ser considerados como matéria prima para o produto final.

Trecho da estradaa ser pavimentada

Localização

das pilhas de re

jeito das serrarias

de ardósia.

N

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KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 88

Apesar da indústria cerâmica local e regional estar muito aquecida, ainda é incipiente a

aplicação do pó de ardósia na massa cerâmica. A principal matéria prima que está sendo

utilizada é a argila da várzea do Riacho das Areias. Há pelo menos 19 indústrias cerâmicas

operando no Município de Papagaios e nenhuma delas está utilizando o pó de ardósia.

Indústrias cerâmicas localizadas em municípios vizinhos também estão buscando argila na

várzea do Riacho das Areias. Para saber qual o motivo, em 05 de junho de 2013 foi realizada

entrevista com a proprietária da Cerâmica Pássaro Verde, Sra. Kátia Correia da Silva e seu

diretor, o eng° geólogo Togalma Gonçalves de Vasconcelos.

A Cerâmica Pássaro Verde tem 38 anos de existência e produz tijolos para alvenaria e

lajotas (Foto 3.8). A lajota “branca” (quatro furos, 24x27x7 cm) é atualmente o seu principal

produto comercializado. Atende ao mercado consumidor de Minas Gerais (região de Papagaios,

do Triângulo Mineiro, Quadrilátero Ferrífero, Diamantina, João Pinheiro, etc.).

Além da lajota branca, produz lajotas vermelhas e tijolos para alvenaria de oito furos

(19x29x9 cm) e nove furos (19x29x14,5 cm). Já tentaram utilizar a lama proveniente da

serragem de ardósia. Dois problemas surgiram:

A lama precisa ser peneirada, pois a presença de pedrisco danifica o tijolo no

momento do corte;

A cor do tijolo após a queima não é aceita pelos clientes, para produtos que não

levam acabamento (tipo tijolo aparente). Portanto, o pó de ardósia só seria utilizado

para os produtos que receberão argamassa e/ou pintura.

Como a Cerâmica Pássaro Verde tem 99% da sua produção voltada para as lajotas

brancas, suas tentativas de utilização do pó/lama de ardósia não foram levadas adiante. No

entanto, o engº Togalma nos informou que a lama de ardósia se presta muito bem para a

massa cerâmica, podendo compor até 40% dessa massa. Perguntado sobre a utilização do toá e

do solo, informou que não testou esses materiais.

O que se pode preliminarmente afirmar, é que a lama do beneficiamento e os finos de

ardósia podem ser utilizados para composição de massas para cerâmica vermelha, visando à

produção de telhas, tijolos estruturais, lajotas e outros. As restrições, mencionadas pela

Cerâmica Pássaro Verde, referem se à cor após a queima e à necessidade de peneiramento da

matéria prima. A restrição à cor após a queima se deve ao fato de que os produtos elaborados

com as argilas do Riacho das Areias são mais claros e, portanto, mais apreciados pelos

consumidores, do que os produtos com adição de pó de ardósia. Aparentemente não existe

nenhuma restrição de desempenho físico mecânico para os produtos com adição de pó de

ardósia. Também aparentemente, a necessidade de peneiramento do resíduo não deveria

constituir impedimento para a sua utilização na massa cerâmica.

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Foto 3.8 Lajota branca e tijolo de alvenaria fabricados pela Cerâmica PássaroVerde. A matéria prima para fabricação desses produtos é a argila que ocorre navárzea do Riacho das Areias. A área fonte da Cerâmica Pássaro Verde fica próximaao bota fora da ABV Slate. Em nenhum desses produtos é utilizada a lama daserragem de ardósia.

Neste sentido, Romero Lopes Valadares, proprietário da empresa Premoldados Padrão,

solicitou AAF para implantar usina piloto, visando à viabilização do uso da lama proveniente do

beneficiamento da ardósia das serrarias de Papagaios, em cerâmica. Esta iniciativa tem por

objetivo o tratamento da lama, para obtenção de material isento de fragmentos que

prejudicam o corte das peças.

3.5.3 Utilização dos Rejeitos de Ardósia na Indústria do Cimento

Em 29 de outubro de 2013 foi realizada visita a Holcim S.A., em sua unidade de Pedro

Leopoldo, onde se efetuou reunião com o engº Miguel Munhoz, gerente de Qualidade

Corporativa, e Sra. Valéria Soares Amorim Pereira, da área de Meio Ambiente. O objetivo da

visita foi conhecer os estudos da empresa sobre a utilização de ardósia no cimento. A Holcim

está desenvolvendo a produção do cimento CPIV (pozolânico) e testando a utilização de ardósia

como insumo. Atualmente a empresa adquire cerca de 1000 t/mês de ardósia que participa em

5% da composição da massa do cimento CPIV. Também há possibilidade de adição de ardósia

no cimento CPII Z, que é a variedade de CPII com pozolana.

Existem várias condicionantes técnicas e econômicas que determinam a possibilidade de

uso da ardósia no cimento. As condicionantes técnicas envolvem parâmetros químicos (R.I., CO2

e P.F.), físicos (granulometria) e até cromáticos. As condicionantes econômicas referem se às

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KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 90

vantagens da ardósia frente a outros insumos básicos, como calcário, argila e escória de alto

forno, que teriam grande disponibilidade regional.

A matriz da Holcim, que é suíça, está exigindo e efetuando testes de durabilidade/

estabilidade do cimento CPIV com ardósia (a Holcim está substituindo ou pretendendo

substituir a produção do CPIII pelo CPIV), verificando seu comportamento de longo prazo,

sobretudo frente à ocorrência de reações álcali agregados.

Ficou mais uma vez patente que é tecnicamente viável utilizar ardósia no cimento. A

forma de utilização ainda depende de estudos, para se definir como e em que quantidade ela

poderia ser adicionada.

Pelo que se pode perceber, a homogeneidade das matérias primas é muito importante.

No caso da ardósia, não pode haver mistura com toá, solo e outras impurezas normalmente

contidas nas pilhas de bota fora das pedreiras. Idealmente, por causa da cor exigida pelo

mercado para o cimento (cinza esverdeado), também não poderia haver variação ou mistura de

padrões cromáticos das ardósias utilizadas.

A realidade de hoje é que as cimenteiras fazem todas as pesquisas necessárias para o

desenvolvimento de seus produtos comerciais, sem participação ou apoio do setor público, o

que não as obriga ou incentiva a compartilhar informações técnicas e econômicas. Essa é,

aparentemente, uma situação comum à Holcim, Lafarge e Cimentos Liz.

Valéria Pereira comentou que o incremento da demanda de ardósia, pela indústria

cimenteira, depende de incentivos fiscais/econômicos que tornem atrativa a sua utilização,

bem como da oferta de uma matéria prima adequada à necessidade das indústrias

potencialmente consumidoras.

Seria preciso viabilizar um “banco de conhecimento” sobre o assunto, que incluísse e

esclarecesse as condicionantes técnicas e econômicas envolvidas, necessárias para o desenho

dos cenários em perspectiva. No mesmo sentido, instituições federais e estaduais de pesquisa

precisam aproximar se das indústrias consumidoras de insumos minerais, formulando e

adequando seus estudos às principais demandas. Continua faltando um nível de entendimento,

minimamente adequado sobre o assunto, inclusive entre as partes envolvidas (integrantes da

estrutura de oferta/produtores e da estrutura de demanda/consumidores).

Assim, pelo que se pode concluir da reunião na Holcim, é importante que:

futuramente discuta se o aproveitamento da própria ardósia, e não apenas de seus

resíduos mínero industriais, como insumo de uso industrial. Parece não haver

dúvida sobre a multiplicidade vocacional da ardósia, para revestimento e usos

industriais diversos. As áreas com maior potencial de demanda regional incluem a

indústria cimenteira e, supostamente, a pavimentação rodoviária. Para cerâmica, a

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necessidade de moagem tornaria antieconômica a utilização de ardósia – apenas a

lama de serragem pode ser, nesse caso, aproveitada, para produtos que não

demandem os padrões cromáticos exigidos pelo mercado;

promova se a homogeneização dos rejeitos da lavra e do beneficiamento. As pilhas

de bota fora da lavra não deveriam incluir mistura dos materiais (toá e solo) que

compõem o capeamento das ardósias comerciais. As pilhas do bota fora do

beneficiamento, sobretudo de serrarias operantes em áreas urbanas da Província,

deveriam, idealmente, separar cacos e cavacos de cada variedade cromática de

ardósia. A coleta e acondicionamento dos finos de serragem precisariam ser bem

orientados e dimensionados nessas áreas urbanas, onde distritos industriais

representam vetores importantes de disciplinamento, sistematização e controle de

qualidade;

se avalie e recomende a concessão de incentivos fiscais e tributários para empresas

que fizerem uso das ardósias e seus rejeitos, no seu processo industrial. É preciso

promover uma forma efetiva de atratividade e vantagem econômica para as

indústrias potencialmente consumidoras;

se mobilize as instituições de pesquisa competentes, não apenas do Estado de

Minas Gerais, para a formulação e realização de estudos relativos à utilização de

ardósia como insumo industrial, atentando se para a compatibilização desses

estudos às reais demandas das indústrias consumidoras.

Reitera se a importância de participação conjunta das empresas produtoras de ardósia,

das indústrias potencialmente consumidoras e das instituições de pesquisa, nos fóruns de

discussão relativos ao aproveitamento de rejeitos da lavra e beneficiamento.

Mais do que apresentar as pesquisas em desenvolvimento e seus resultados, as

empresas potencialmente consumidoras devem esclarecer o que se exige da matéria prima,

para que ela seja oferecida de maneira adequada aos usos objetivados. As instituições de

pesquisa devem, por sua vez, cientificar se dos estudos necessários e habilitar se para a sua

realização. Pelo histórico de atividades, área de responsabilidade e perfil de atuação, a FEAM

credencia se para interlocuções técnicas e econômicas, e inclusive para a formação do referido

“banco de conhecimento”.

Não se pode exigir ou esperar que as cimenteiras e outras indústrias potencialmente

consumidoras de ardósia apresentem seus projetos e resultados de pesquisa, mas que

expressem as suas exigências em relação às matérias primas. Aparentemente, os estudos

técnico geológicos já efetuados sobre a Província de Ardósia de Minas Gerais, que incluem

alguns ensaios petrográficos, químicos e físico mecânicos de interesse, não são conhecidos por

essas indústrias potencialmente consumidoras da região.

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3.5.4 Produtos da Ardósia Termicamente Expandida

Em 04 de maio de 2014, após o encerramento da feira Coverings, em Las Vegas, foi

realizada visita e reunião técnica na empresa North Carolina Stalite Co., localizada na cidade de

Salisbury, estado da Carolina do Norte. Participaram dessa visita o geólogo Cid Chiodi Filho

(Kistemann & Chiodi), o analista de mercado Maurício Scheibe (Abirochas) e Leonel Campos

Reis, presidente da Micapel Slate (Foto 3.9). A Stalite esteve representada por Paul Hoben

(gerente de vendas), Jody Wall (diretor de Pesquisa e Desenvolvimento) e Charles Newsome

(gerente geral). A North Carolina Stalite Co. produz e comercializa, sob a designação de

“stalite”, agregados leves para concreto e diversas outras aplicações em construção civil,

saneamento, atividades agrícolas, capeamento asfáltico, etc. (Foto 3.10). Todos os seus

produtos comerciais são obtidos a partir de processos de expansão térmica de uma rocha

ardosiana.

Foto 3.9 – Participantes da reunião na Stalite. Da esquerda para direita: Paul Hoben,Charles Newsome, Leonel Campos Reis, Jody Wall e Cid Chiodi Filho.

O objetivo dessa visita foi buscar subsídios para o aproveitamento dos rejeitos de

ardósias produzidas na região de Papagaios, Minas Gerais. Utilizando amostras de ardósia preta

(Black Pompeu) e cinza (Capão do Mato), previamente enviadas pela Micapel, por solicitação da

Kistemann & Chiodi, foram realizados alguns testes preliminares de expansão térmica na

Stalite. O nível de expansão térmica observado nestes testes foi considerado “impressionante”

e aparentemente superior ao da matéria prima utilizada pela própria Stalite, o que é bastante

promissor para uma alternativa de utilização das ardósias mineiras (Foto 3.11).

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Foto 3.10 Artefatos de concreto, elaborados com “stalite” (agregados levesobtidos a partir da expansão térmica de ardósia), observados no pátio da Stalite Co.

Foto 3.11 – Aspecto de ardósia cinza, da mina Capão do Mato, moída e expandidatermicamente no forno rotativo da Stalite. Detalhe do material, observando se asvesículas/ cavidades características do processo de expansão. A cabeça do fósforofoi usada como escala para a tomada da foto.

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Posteriormente, no mês de julho/2014, a Stalite Co. confirmou a possibilidade de

realização de testes mais abrangentes, para caracterização tecnológica do material expandido e

indicação de usos dos produtos potencialmente comerciais, devendo ainda avaliar as formas de

envolvimento da empresa em negócios, joint ventures, parcerias, no Brasil.

3.5.5 Os Agregados Leves Produzidos pela North Cariolina Stalite Co.

A North Carolina Stalite Co. produz agregados leves a partir do aquecimento e expansão

térmica de ardósias em forno rotativo (rotary kiln expanded slate lightweight aggregate). Essas

ardósias têm cerca de 550 milhões de anos e ocorrem associadas a tufos vulcânicos com

concentrações de calcita e a diques de diabásio, intrusivos na sequência há 180 220 milhões de

anos. Essa associação litológica implica na separação dos tufos e do diabásio na lavra, pois essas

rochas interferem no processo de expansão térmica da ardósia e no produto obtido.

As ardósias são britadas, armazenadas em silos (Foto 3.12c), pré aquecidas a

temperaturas moderadas e conduzidas ao forno rotativo. O forno, que é ligeiramente inclinado,

é revestido com materiais refratários e tem 3,4 m de diâmetro por 49 m de comprimento. O

forno gira lentamente, transportando a ardósia britada para a “zona de queima”, situada perto

da sua extremidade inferior (Fotos 3.12a, b, j).

Na "zona de queima" as temperaturas atingem cerca de 1200 ° C, onde a ardósia se

torna suficientemente plástica para permitir a expansão de gases, formando massas de células

pequenas, não comunicantes. À medida que a ardósia expandida esfria, essas células

permanecem, conferindo leveza ao agregado (Fotos 3.12k, l). A fonte de energia do forno da

Stalite é o carvão mineral. O material expandido, denominado clínquer (Foto 3.12 d), deixa a

extremidade inferior do forno e é submetido a um sistema de resfriamento por ar forçado. O

clínquer é então transportado para a área de classificação, onde é britado, separado,

classificado por tamanho e combinado para atender às diversas aplicações (Fotos 3.12g, f, h, i).

São realizados testes de controle e então o agregado de ardósia expandida é estocado ou

carregado em caminhões e vagões para transporte.

Os agregados leves de ardósia expandida da Stalite são utilizados em concreto

estrutural, peças de alvenaria, horticultura, capeamento asfáltico (misturados ao betume),

carga leve em aplicações geotécnicas, aquaponia, dentre outros. Os dados a seguir

apresentados foram compilados a partir do site da North Carolina Stalite Co.

Aplicação Estrutural

A baixa absorção (6%) e partículas com alta resistência são dois dos fatores que

permitem alcançar a alta resistência do concreto com o agregado leve da Stalite (82,7 MPa). A

sua durabilidade e resistência foram testadas em edifícios, pontes e estruturas marinhas

durante quase meio século. A alta adesão e compatibilidade com a pasta de cimento reduz

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microfissuras e aumenta a durabilidade. Devido à sua baixa absorção, os concretos leves são

fáceis de misturar e serem bombeados a longas distâncias e para alturas mais elevadas. O

concreto leve com a ardósia expandida da Stalite tem peso 30% menor do que o concreto

elaborado com agregados comuns.

Fotos 3.12 – Forno rotatório (a); parte interna do forno (b); silos de armazenamento (c); clínquer (d); área declassificação (e); britadores (f). Fonte: www.stalite.com.

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

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Fotos 3.12 – Classificadores (g); pilhas de agregados mais grosseiros (h); silos de armazenamento dos agregados maisfinos (i); vista geral do beneficiamento (j); ardósia expandida (k); lâmina petrográfica da ardósia expandida,observando se os vazios não comunicantes na cor azul (l). Fonte: www.stalite.com.

Aplicação em Alvenaria

As peças de alvenaria feitas com “stalite” são significativamente mais leves (30% a

menos) e fáceis de instalar. Como resultado, as paredes de alvenaria são mais leves, mais fortes

(g) (h)

(i) (j)

(k) (l)

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e podem ser construídas em menos tempo. As unidades de alvenaria de “stalite” permitem a

absorção de sons altos, apresentam altos valores de isolamento e resistência ao fogo, e criam

paredes estruturais individuais de carga em ambos os lados. Estas propriedades prolongam a

vida útil da estrutura.

Aplicação em Horticultura

Os agregados leves produzidos pela Stalite podem compor o solo estrutural para

arborização urbana e para gramados; protegem raízes já existentes; promovem a aeração em

arboricultura; entram na composição da estrutura do telhado verde; são biorretentores na

gestão da água; e funcionam como condicionadores de solo.

Tratamento de Superfícies Betuminosas / Aplicação de Asfalto

Em combinação com asfalto, os agregados leves da Stalite criam superfícies de estradas

mais seguras, mais resistentes. O menor peso unitário dos agregados leves proporciona

produtividade e vantagens de custo significativas. Em comparação com agregados pesados,

rendem mais na cobertura da superfície por tonelada. Uma considerável economia de

transporte e de custo de colocação é alcançada através da capacidade de carregamento segura

de caminhões e equipamentos para pavimentação, sem exceder os limites de peso. A ardósia

expandida não sofre polimento. À medida que a superfície dos agregados desgasta, uma nova

superfície áspera é exposta, mantendo a característica de resistência superior à derrapagem e

minimizando a incidência de aquaplanagem. Uma menor manutenção da estrada é exigida

porque esses agregados proporcionam uma ligação superior com o asfalto e a sinalização de

tráfego. Ao contrário dos agregados pesados, os fragmentos apresentam um risco

drasticamente reduzido para os para brisas e para a lataria dos veículos.

Carga Leve / Aplicações Geotécnicas

O agregado leve é uma alternativa rentável para preenchimento com solo ou agregados

pesados em aplicações geotécnicas. Devido ao seu peso mais leve (cerca de 50% do peso das

cargas normais), reduz as pressões laterais, de modo que possam ser usadas paredes de

retenção mais leves. O alto ângulo de estabilidade desses agregados fornece preenchimentos

geotécnicos muito estáveis, de longa duração, capazes de suportar cargas pesadas e repetitivas.

As qualidades isolantes, dos agregados leves de ardósia expandida, os credenciam como

material preferencial em aplicações onde a sensibilidade térmica é necessária.

Aquaponia

Aquaponia é um sistema de aquacultura em que os resíduos produzidos pelos peixes ou

a outros animais aquáticos, criados em viveiros, fornece nutrientes para as plantas cultivadas

em sistema hidropônico, que por sua vez purificam a água. Desse modo, a tecnologia da

aquaponia é composta por dois componentes básicos: aquicultura para a criação animais aquáticos de

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KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 98

água doce, como tilápia, bagre ou o lagostim, e o sistema hidropônico para o cultivo de produtos

vegetais comestíveis, sem solo, geralmente em um espaço limitado. O acúmulo de resíduos e outros

poluentes pode criar um ambiente mortal. Num sistema de aquaponia, a água contendo poluentes flui

dos tanques aquáticos através de filtros para remover as partículas sólidas, e depois para as células onde

as plantas são ancoradas em meio substrato limpo e permeável (agregado leve de ardósia expandida).

As raízes das plantas e micróbios benéficos na zona de raiz, captam os poluentes na água. Essa água

filtrada é, em seguida, recirculada para os tanques aquáticos (Figura 3.3).

O agregado leve da Stalite foi testado e aprovado pelas normas ASTM para todos os

usos pretendidos. Os testes realizados seguiram as metodologias das normas:

ASTM C 330 5 – Especificação de agregados leves para concreto estrutural;

ASTM C 1260 07 – Reatividade potencial álcali agregados;

ASTM C 295 – Análise petrográfica de agregados para concreto;

AASHTO T103 – Solidez dos agregados após gelo/degelo;

ASTM C 331 05 – Especificação de agregados leves para concreto de alvenaria;

ASTM C 131 – Resistência à degradação de agregados de pequena

granulometria pela abrasão e impacto na máquina Los Angeles.

Figura 3.3 Esquema do sistema de aquaponia. Fonte: www.stalite.com.

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KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 99

São qualidades dos agregados leves de ardósia expandida: alto módulo de elasticidade,

alta resistência à tração por tensão, longa vida útil, excelente resistência ao gelo/degelo, alta

resistência à abrasão, solidez total quando expostos, reduzida reatividade álcali sílica, baixa

absorção, o que permite fácil bombeamento do concreto sem segregação e excelente coesão

(Quadro 3.1).

A Stalite disponibiliza em seu site (www.stalite.com) todos os resultados dos testes

realizados com os agregados de ardósia expandida, guias de especificação para cura interna de

concreto, para peças de alvenaria e outras informações técnicas de interesse.

Quadro 3.1 – Características Físicas e Químicas do Agregado Leve da Stalite Co.

Absorção

Superfície saturada seca (ASTM C 127) 6.0%

1 hora em água fervente 8,0%

Sob alta pressão de bombeamento (1033 kPa) 9,4%

Solidez (% perda)

Sulfato de magnésio (ASTM C 88) 0 – 0,01%

Sulfato de sódio (ASTM C 88) 0 – 0,23%

Após 25 ciclos de gelo e degelo (AASHTO T 103) 0,22 – 0,80%

Dureza

Abrasão Los Angeles (AASHTO T 96) 25 – 28%

Estabilidade

Ângulo de fricção interno (solto) 40° 42°

Ângulo de fricção interno (compactado) 43° 46°

Impurezas

Aglomerados de argila (ASTM C 142) 0

Impurezas orgânicas (ASTM C 40) 0

Pipocamento (Pop out) (ASTM C 151) 0

Resistência Elétrica

Laboratório (AASHTO T 288) 30.000 – 40.000 ohm/cm

Campo (ASTM G 57) > 500.000 ohm/cm

Características Químicas do Agregado

Perda ao fogo (ASTM C114) 0

Manchas (ASTM C 641) Nenhuma

Trióxido de enxôfre < 0,05 ppm

Cloretos (NaCl) 0,60 – 7,0 ppm

Sais solúveis 0,28 mmhos/cm3

pH 7 – 9

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KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 100

3.5.6 Aspectos Destacados sobre o Aproveitamento de Rejeitos

Em relação a esses aspectos pode se ressaltar: a expectativa de crescimento da

demanda dos rejeitos de ardósia para produção de cimento, pois os estoques de escórias de

alto forno estão se esgotando; a perspectiva de demanda para a produção de concreto e

concreto leve; a perspectiva de demanda para a produção de cerâmica vermelha; e, a

possibilidade de demanda para a produção de fertilizantes. Ardósias termicamente expandidas

constituem um elemento chave para a questão do cimento, do concreto leve e dos

fertilizantes.

Como forma de potencializar o aproveitamento de rejeitos, a adoção de incentivos

fiscais, tributários e outros, apresentam se como importantes medidas. Hoje, o fornecimento

de ardósia para cimento é isento de tributação; se houver tributação, essas operações serão

inviabilizadas para os fornecedores, porque as empresas de ardósia estão doando os seus

rejeitos, ou apenas recebendo pelo embarque e/ou transporte da carga. O consumo de britas

de ardósia, para revestimento de rodovias, poderia ser também incentivado regionalmente.

As cimenteiras Holcim, Lafarge e Intercement já estão comprando ardósia para

fabricação de seus produtos. A Construtora Jalk Ltda. está absorvendo uma média de 300 t/dia

de brita para a pavimentação da rodovia Papagaios Pitangui, prevendo se demanda para o

futuro asfaltamento Papagaios Pompeu.

A cimenteira Holcim demanda de 1000 a 3000 t/mês de brita de ardósia, dependendo

de sua escala de produção e vendas. A Jalk e a Holcim estão sendo atendidas pela Pevex

Recicladora, antiga produtora de ardósia, que utiliza o rejeito das serrarias da cidade de

Papagaios como matéria prima para britagem.

Segundo informações da Pevex, a produção média diária da empresa é de 700 t (80 90

caminhões) com operação de um turno. Os preços de venda, na boca do britador, são de R$

15,00/t para pó e brita 2 e de R$ 16,00/t para brita 0 e 1. A empresa está preparando um

britador móvel, operante sobre carreta, que poderá aproveitar as fontes mais próximas da

matéria prima existentes ao longo das estradas em pavimentação.

Em Papagaios, a ardósia (como brita zero) é utilizada na massa asfáltica. As edificações

em Papagaios são construídas com brita de ardósia, cuja aderência é de 47% (acima de 50% o

material não pode ser utilizado como brita para concreto). O “cascalho” da ardósia também é

utilizado na manutenção das estradas vicinais. Cerca da 10 20 caminhões/dia (9 10 t/caminhão)

de cascalho de ardósia são movimentados com essa finalidade nos municípios de Pequi,

Maravilhas, Paraopeba e Papagaios. Para a cobertura do telhado da nova igreja matriz de

Papagaios foram utilizadas telhas de ardósia (Fotos 3.13 e 3.14).

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O volume de rejeitos necessário para atendimento da possível demanda das indústrias

regionais e locais de cimento e concreto, bem como para produção de brita de uso rodoviário,

deverá ser quantitativamente muito expressivo. Com a existência de dois polos cimenteiros

próximos (Arcos e Sete Lagoas Lagoa Santa), além de uma extensa malha viária regional ainda

não pavimentada, a produção de ardósia poderá ser efetuada para usos que não o de

revestimento.

Foto 3.13 – Igreja Matriz de São Sebastião, localizada no centro da cidade dePapagaios, que está sendo totalmente reformada. O telhado foi revestido comtelhas de ardósia, fornecIdas pela empresa Altivo Pedras.

Assim, além da expectativa e perspectiva concreta de incremento da demanda para

cimento, concreto e cerâmica, atribui se grande importância para a produção de brita de

ardósia como material de revestimento em rodovias (subleito e composição de pavimento

asfáltico). Também é relevante a expectativa com a produção de agregados leves, via expansão

térmica das ardósias para diversos usos industriais e, principalmente, para concreto leve

estrutural. Estudos de produção e utilização de ardósias termicamente expandidas poderiam

ser discutidos com universidades e instituições estaduais e federais de pesquisa tecnológica.

Uma iniciativa pioneira de obtenção de ardósia expandida, para fabricação de pré

moldados de concreto leve, está sendo desenvolvida por Romero Lopes Valadares, da empresa

Premoldados Padrão. Nesse experimento, a ardósia britada é expandida a céu aberto, a partir

da queima de munha de carvão. O projeto da planta piloto, em fase de obtenção de AAF, terá a

capacidade de produzir 40 t de ardósia expandida a cada dois dias. A ardósia assim expandida já

foi testada na empresa na produção de pré moldados, que ficam 30% mais leves do que as

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peças convencionais. Testes de caracterização físico mecânica dos pré moldados leves ainda

não foram efetuados.

Foto 3.14 – Detalhe do telhado da igreja, confeccionado em ardósia cinza, combordas guilhotinadas.

3.6 Principais Desafios ao Aproveitamento dos Rejeitos de Ardósia

Os principais desafios para a maior utilização dos rejeitos da ardósia de revestimento

em aplicações industriais, na construção civil e na agropecuária, ainda de acordo com o Projeto

Detalhamento de APLs de Base Mineral (IEL, 2006), envolveriam:

Há pouca tradição do aproveitamento dos resíduos de rochas ornamentais como

matéria prima de uso industrial, pois a ênfase e a orientação do negócio

empresarial sempre estiveram voltadas para a geração de produtos para

revestimentos;

A avaliação das possibilidades de aproveitamento dos resíduos ter sido induzida

pelos órgãos de controle ambiental da atividade produtiva, e não pela percepção

empresarial de novos negócios em perspectiva;

Ainda não existe uma base de aproveitamento dos resíduos de rochas ornamentais,

induzida pelo lado da demanda industrial;

A falta de tradição nesta temática dificulta os investimentos em pesquisa e a

adoção de tecnologias para o aproveitamento econômico dos resíduos, seja pelos

recursos econômico financeiros necessários, seja pela incapacidade e falta de

conhecimento para se investir em tecnologia e recursos humanos.

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KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 103

As incertezas e os riscos aumentam substancialmente ao se encarar uma nova área

de negócio;

Os recursos financeiros para investimentos fixos são significativos, mesmo

considerando se apenas a instalação de uma planta de britagem e moagem.

Adiciona se o poder de mercado de fornecedores de matérias primas tradicionais /

convencionais, ou seja, as alternativas que já vêm sendo utilizadas na matriz de

demanda dos novos produtos objetivados. Além disso, concorre a pouca visibilidade

nacional, e até regional, do aglomerado de ardósia, para identificação de uma fonte

potencial de novas matérias primas de uso industrial. Outra dificuldade, mencionada

em entrevistas, é o conservadorismo de grande parte das empresas, potencialmente

demandantes, resistentes em alterar a composição das matérias primas e insumos na

sua matriz de produção. (IEL, 2006, p.77 78)

A realidade atual é diferente e até mais desafiadora que a de alguns anos atrás. Em

meados da década de 2000, caminhava se para um pico de produção e exportação de ardósia

de revestimento. Este pico ocorreu em 2007/2008, quando as exportações de ardósias do

Estado de Minas Gerais representaram mais de 10% do total do faturamento das exportações

brasileiras de rochas ornamentais. Desde 2009, primeiro com a crise econômica que se

espalhou mundialmente a partir dos EUA, e depois com a crise econômica mais

especificamente centrada nos países da União Europeia, declinaram dramaticamente as

exportações brasileiras de ardósia e consequentemente as atividades mínero industriais da

província, muito dependentes dessas exportações.

Pode se presumir que a maior parte das pilhas de bota fora, existentes na área da

província, esteja relacionada a frentes de lavra já desativadas. Apesar da obrigatoriedade legal,

não se deve esperar que as empresas responsáveis, algumas delas provavelmente desativadas

ou envolvidas com outras áreas de negócio, reúnam condições econômico financeiras para

promover a recuperação ambiental de suas antigas frentes de trabalho.

O histórico da instalação do Distrito Industrial de Papagaios ilustra uma parte do

conjunto de dificuldades existentes para novas iniciativas no âmbito da Província de Ardósia,

relacionadas ao associativismo empresarial e à efetivação do empreendimento pelas

autoridades locais, envolvendo desde a questão fundiária até a implantação de infraestrutura e

obtenção do licenciamento ambiental.

Nesses termos, novas alternativas de intervenção devem ser sempre perseguidas para a

província, envolvendo tanto a recuperação ambiental possível de áreas degradadas e pilhas de

bota fora, quanto o aproveitamento de rejeitos como matéria prima para usos industriais.

Exemplos existentes fora do Brasil, para questões dessa natureza, devem ser procurados e

avaliados.

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KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 104

3.7 Fontes de Captação de Recursos para Novos Estudos e Projetos

Algumas possibilidades de desenvolvimento de pesquisas podem ser buscadas através

de incentivos do governo federal, destacando:

Lei do Bem: incentivos fiscais que as pessoas jurídicas podem usufruir de forma

automática desde que realizem pesquisa tecnológica e desenvolvimento de

inovação tecnológica.

http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/8586.html

Programa de Subvenção Econômica: tem por objetivo promover atividades de

inovação e competitividade, com recursos públicos não reembolsáveis

diretamente alocados nas empresas.

http://www.finep.gov.br/pagina.asp?pag=programas_subvencao

Sistema Brasileiro de Tecnologia (SIBRATEC): instrumento de articulação e

aproximação da comunidade científica e tecnológica com empresas. A finalidade

é apoiar o desenvolvimento tecnológico das empresas brasileiras dando

condições para o aumento da taxa de inovação das mesmas, através de Redes

Temáticas de Centros de Inovação, de Serviços Tecnológicos e de Extensão

Tecnológica, com diferentes abrangências.

http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/313014.html

Pesquisador na Empresa: o CNPq e o MCT iniciaram, em 2007, uma ação com o

objetivo de fomentar projetos que estimulem a inserção de pesquisadores

(mestres e doutores) nas micro, pequenas e médias empresas. Neste caso o

Programa RHAE concede a bolsa Fixação e Capacitação de Recursos Humanos.

http://www.cnpq.br/web/guest/rhae

Parque Tecnológico: concentração geográfica de empresas, instituições de

ensino, incubadoras de negócios, centros de pesquisa e laboratórios que criam

um ambiente favorável à inovação tecnológica. O Parque Tecnológico de Belo

Horizonte, BH TEC, está localizado no Campus da UFMG, sendo uma parceria da

Prefeitura de Belo Horizonte, Governo de Minas, UFMG, SEBRAE MG e FIEMG.

http://www.bhtec.org.br/empresas.php

CT Mineral: objetiva o desenvolvimento e na difusão de tecnologia intermediária

nas pequenas e médias empresas e no estímulo à pesquisa técnico científica de

suporte à exportação mineral. Os recursos são oriundos da CFEM Compensação

Financeira do Setor Mineral, devida pelas empresas detentoras de direitos

minerários.

http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/1415/CT___Mineral.html

Fundações de pesquisa, ligadas às instituições de ensino, como UFMG e UFOP, têm

expertise na busca e gestão de recursos para financiar projetos acadêmicos, de iniciação

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KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 105

científica e pós graduação. Esses projetos têm, portanto, vinculação acadêmica, e podem

abordar temas de interesse direto com a atividade produtiva.

Fundep – Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa apoia as atividades de

pesquisa da UFMG em diversas áreas do conhecimento, contribuindo também

para a realização de projetos de interesse público. Em parceria com a Fundação

Arthur Bernardes (FUNARBE), desenvolveu o Sistema Financiar, eficiente

mecanismo de busca e divulgação de oportunidades de financiamento nacionais

e internacionais para projetos.

http://www.fundep.ufmg.br/pagina/127/fundep.aspxhttps://www.financiar.org.br/interna.php

Feop – Fundação Educativa Ouro Preto é uma instituição que apoia a UFOP na

gestão de projetos de pesquisa de iniciação científica e de pós graduação. Dentre

esses projetos destacamos aqueles de prestação de serviços especializados junto

a empresas privadas.

http://www.feop.com.br/inst1/?pg=apoio_ufop

Fundação Gorceix – Gestão de projetos de desenvolvimento científico

e tecnológico na área mineral.

http://gorceixonline.com.br/2011/index/subsecao.php?id=37

3.8 Viabilidade das Sociedades de Propósito Específico – SPEs

A busca continuada de vantagens competitivas tem imposto mudanças significativas na

dinâmica da relação entre as empresas, observando se novos modelos de cooperação tanto na

sua constituição quanto na sua gestão. As perspectivas envolvem tanto diluição de risco, vis à

vis à diminuição do custo do capital, bem como o acesso a novas tecnologias, de produto e

processo, e a conquista de novos mercados.

Este novo ambiente, porém, tende a congregar partes com muitas diferenças e até

divergência de interesses, requerendo assim mecanismos regulatórios formais para a definição

de direitos, deveres e obrigações entre parceiros. Tais mecanismos demandam, por sua vez, a

criação de uma nova sociedade empresária, viável e competitiva ao longo de sua existência, e

que atenda, quer do ponto de vista econômico financeiro, quer do socioambiental, às

necessidades e responsabilidades das partes interessadas.

A reversão do status quo envolve assim complementação dos elos e integração das

cadeias produtivas, justamente pela criação de empreendimentos específicos, diferenciados e

sob condições inovadoras, como aqueles proporcionados pelas denominadas Sociedades de

Propósito Específico – SPEs.

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KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 106

Na formulação de estratégias competitivas, percebeu se o grande potencial existente

para essa forma inovadora de organização empresarial. Nesta modalidade de negócio,

empresas locais, tanto de lavra quanto de beneficiamento, poderiam integrar se

societariamente a fornecedores de máquinas, equipamentos e insumos, do setor de rochas

ornamentais e empresas de outros setores industriais, nacionais ou estrangeiras.

Dentre suas vantagens, menciona se que as SPEs adquirem personalidade jurídica

própria e, portanto, estrutura destacada das empresas que a constituíram, permitindo segregar

seus riscos específicos dos riscos das outras operações das quais participam os sócios. Outro

aspecto positivo é que o capital social de uma SPE, uma vez definida como Limitada, poderá ser

integralizado, pelos sócios, com dinheiro, bens móveis, imóveis e direitos, desde que lhes seja

atribuído valor monetário. Nos termos da constituição de uma SPE, acredita se que fabricantes

de máquinas e equipamentos possam tornar se sócios de empreendimentos.

Através das SPEs, e sob condições adequadas de investimento, essas empresas

aportariam seus produtos como base de participação societária nos empreendimentos

objetivados, hoje impulsionados pelo aquecimento da economia brasileira e, em particular, do

mercado interno da construção civil. Atualmente, esse mercado interno tornou se bastante

atrativo, para empresas estrangeiras, tanto como consumidor de revestimentos, quanto de

insumos para a construção civil em geral.

As melhores possibilidades regionalmente vislumbradas para a formação de SPEs

referem se à produção e comercialização de ardósias termicamente expandidas. Neste caso,

empresas mineradoras e/ou beneficiadoras de ardósia de revestimento, isoladamente ou em

parceria, poderiam associar se com cimenteiras e/ou concreteiras, brasileiras ou estrangeiras,

como é o caso da própria North Carolina Stalite Co.

Já se sabe que as ardósias Bambuí, quando termicamente expandidas, adquirem

características de pozolanicidade e prestam se à fabricação de cimento. A partir das

informações já compiladas, indica se que é muito provável que sejam utilizadas como agregado

leve para diversas finalidades. Essas informações compiladas apontam inclusive a sua

viabilidade econômica, pela possibilidade de atendimento dos grandes mercados consumidores

da Região Sudeste brasileira.

Nos EUA, onde os agregados leves parecem responder por quase 50% da produção

nacional de agregados, a North Carolina Stalite Co. aponta que o produto “stalite” tem

economicidade em uma área com raio de 500 milhas, ou 800 km, a partir de sua unidade

industrial de fabricação. Tendo se como referência a cidade de Papagaios, em Minas Gerais, o

mesmo raio de economicidade cobriria uma região que abrange pelo menos 75% do PIB

brasileiro e do próprio PIB da construção civil do país.

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Acredita se que a produção de insumos para cimento (pozolanas) e de agregados leves,

a partir das ardósias de Minas Gerais, possa constituir uma mudança de paradigma mínero

industrial na Província de Ardósia de Minas Gerais. Neste sentido, destaca se que a Cinexpan

(ex Cinasa, fabricante da cinasita), instalada na Região Metropolitana da Grande São Paulo, é a

única produtora de agregados leves elaborados por expansão térmica no Brasil. Os produtos da

Cinexpan, obtidos a partir da expansão térmica de argila extrudida, incluem o que se denomina

“argila expandida solta” e “argila expandida rígida”, utilizadas em concreto leve (concreto leve

estrutural e parede de concreto leve), enchimento leve argamassado e leve rígido, telhado

verde, paisagismo, etc., com diferentes granulometrias das pelotas de argila expandida.

Durante a última edição da mostra Construir, realizada em Belo Horizonte no mês de

agosto/2014, foram efetuados contatos com técnicos da Cinexpan. As informações coletadas

permitem vislumbrar um grande campo de utilização para agregados leves, parte dos quais

ainda não devidamente explorados. A exemplo da North Carolina Stalite Co., o processo de

expansão térmica da Cinexpan é realizado em forno rotativo, depreendendo se ser este o

processo básico de fabricação também aventado para as ardósias de Minas Gerais.

Empresas como a Cinexpan e a Stalite Co., poderiam assim interessar se por parcerias e

formação de SPEs com empresas produtoras de ardósia de Minas Gerais.

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KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 108

4 SEMINÁRIO VALORIZAÇÃO DOS RESÍDUOS DE ARDÓSIA

4.1 Introdução

Como parte do Plano de Ação para Sustentabilidade do Setor de Rochas Ornamentais –

Ardósia em Papagaios e acoplado à Semana Mineira de Redução de Resíduos, a FEAM/GPROD,

a Kistemann & Chiodi Assessoria e Projetos e a Associação dos Mineradores de Ardósia de

Minas Gerais – AMAR MG, organizaram e realizaram, no dia 20 de novembro, na sede da

AMAR MG em Papagaios, o Seminário Valorização dos Resíduos de Ardósia.

O evento teve como objetivo apresentar e avaliar as oportunidades de negócio

vislumbradas para produtores/fornecedores de ardósia e alguns segmentos potencialmente

consumidores, na construção de um processo de simbiose mínero industrial. A abertura do

evento, que enfatizou as perspectivas para cimento, concreto, cerâmica e pavimentação

rodoviária, foi realizada pelo gerente de Produção Sustentável da FEAM, engº Antônio Augusto

Melo Malard, e pelo presidente da AMAR MG, Juscelino Campos Reis. Os palestrantes

convidados e temas abordados foram os seguintes:

Novos Horizontes para a Província de Ardósia de Minas Gerais – Geól. Cid Chiodi

Filho (K&C Assessoria e Projetos)

Estudos Pioneiros sobre o Uso de Ardósia na Indústria Cimenteira – Geól. Msc.

Evandro Carrusca

A Obtenção da Marca CE para Pisos e Telhas de Ardósia de Minas Gerais – Adm.

Msc. Rafael Oliveira (Micapel Slate)

As Atividades da PEVEX Recicladora: História de Caso Empresarial – Engº Ronaldo

Lopes Valadares (sócio proprietário da PEVEX Recicladora)

A Vocação Industrial das Ardósias de Minas Gerais – Altivo Bahia Duarte

(proprietário da Altivo Pedras e da Altivo Cerâmica)

O Uso de Ardósia para Concreto: Estudos Desenvolvidos pela UFMG/DEMC – Engº

Abdias Magalhães Gomes, Dr. (Escola de Engenharia da UFMG/Departamento de

Engenharia de Materiais e Construção)

O Uso de Ardósia na Indústria Cimenteira: Situação Atual e Perspectivas – Engº

Leandro Couto Soares (Brennand Cimentos)

O Uso de Ardósia em Pavimentação Rodoviária na Região da Província de Ardósia

de Minas Gerais – Engº Luiz Dario de Souza (DER MG/3ºCRG – Pará de Minas)

4.2 Aspectos Avaliados

Dentre os diversos aspectos discutidos no Seminário, indicou se a significativa retração

das atividades produtivas regionais de ardósia. Esta retração ocorreu nos últimos cinco anos,

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KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 109

estimando se terem caído pela metade o volume de lavra (de pouco mais de 1 milhão t/ano

para 500 mil – 600 mil t/ano), o faturamento das exportações (de US$ 100 milhões/ano para

US$ 50 milhões/ano) e os empregos diretos ligados á atividade produtiva (de 12.000 para 6.000

postos de trabalho). Sintomaticamente, de um total de 50 frentes ativas de lavra existentes no

início dos anos 2000, apenas 30 estão operando atualmente.

Indicou se ainda a existência de 80 cavas de ardósia das quais 30 em atividade e 50

paralisadas, sendo que algumas das frentes ativas ocupam hoje apenas uma fração de cavas

maiores e mais antigas. Do total de 80 frentes, 30 estão localizadas no Município de Papagaios,

12 em Felixlândia, 13 em Paraopeba, 6 em Curvelo, 6 em Pompeu, 4 em Martinho Campos, 6

em Leandro Ferreira, 2 em Caetanópolis e 1 em Pitangui.

Com 11 frentes ativas de lavra, em ardósia cinza, cinza matacão, ferrugem e grafite,

Papagaios ainda se destaca entre os 8 municípios produtores da Província, seguindo se os de

Paraopeba e Curvelo com 5 frentes ativas cada. O Município de Felixlândia, com ardósias verdes

e roxas, é aquele onde se registra o maior índice de paralisação de atividades, pois das 12 cavas

identificadas em imagens de satélite, apenas 2 estão operantes.

Também a partir de uma análise efetuada com imagens de satélite, reportou se que os

levantamentos do Plano de Ação da FEAM permitiram identificar 130 pilhas de bota fora

decorrentes da lavra de ardósia, além de 7 pilhas, localizadas nas proximidades da cidade de

Papagaios (Córrego das Perdizes ou Boi Pintado), onde estão acumulados os rejeitos do

beneficiamento (aparas, cacos e cavacos) das serrarias operantes na área urbana do município.

Dessas 130 pilhas, 61 estão localizadas no Município de Papagaios, 24 em Paraopeba, 18 em

Felixlândia, 10 em Curvelo, 7 em Pompeu, 6 em Leandro Ferreira, 9 em Martinho Campos, 1 em

Caetanópolis e 1 em Pitangui.

Estima se que essas pilhas acumulem de 80 a 100 milhões t de estéril e rejeitos,

incluindo ardósia fresca, toá e solo, com 3 milhões t de aparas, acumuladas nas pilhas do

Córregos das Perdizes, em Papagaios. Apontou se que a perspectiva de aproveitamento do

material das pilhas de bota fora de lavra será possivelmente dificultada pela sua

heterogeneidade. Verifica se, no entanto, grande capacidade de recomposição vegetal nessas

pilhas, o que é evidenciado tanto por experimentos bem sucedidos do CETEC – Fundação

Centro de Tecnológico de Minas Gerais em áreas da Micapel, no Córrego das Pedras, quanto

por diversos outros exemplos isolados de recomposição, quer induzidos, quer naturais.

A qualidade da água e a aptidão para peixamento dos lagos, existentes nas cavas, faz

recomendar a recomposição vegetal das pilhas e a formação e utilização desses lagos como

práticas mais interessantes e viáveis de recuperação ambiental das áreas impactadas pela

mineração de ardósia.

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KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 110

Do que se conhece da atividade produtiva de ardósia em alguns polos de lavra na

Europa, muitos dos quais já paralisados, os rejeitos nunca foram efetivamente aproveitados

para outros usos que não os de revestimento, nem foram desfeitas as pilhas de bota fora. Essas

antigas frentes de lavra transformaram se em novos ecossistemas pontuais, capazes de atrair e

fixar flora e fauna, de forma similar ao que ocorre com a instalação de recifes artificiais em

ambientes marinhos. Pelo alto índice de calor específico da água, os lagos formados nas cavas,

assim como acontece em áreas de represas e reservatórios, funcionam como reguladores/

estabilizadores térmicos locais.

A existência de polos cimenteiros e cerâmicos a pouca distância das frentes de

produção, bem como a possibilidade de pavimentação de uma ampla malha rodoviária regional

ainda não asfaltada, criam uma condição diferenciada e mais favorável para a Província de

Ardósia de Minas Gerais. Destacou se, além disso, que ainda resta avaliar com maior

profundidade o aproveitamento dos produtos de expansão térmica das ardósias, que podem

ser utilizados como agregados leves para diversas finalidades.

Como aspectos também favoráveis, as palestras realçaram que a atividade produtiva de

ardósia subsidiou a diversificação da economia regional, viabilizando novos projetos de

reflorestamento, pecuária, agricultura e cerâmica. Na própria área mineral, foram

regionalmente identificados – e estão sendo pesquisados – prospectos para metálicos e não

metálicos. A quase totalidade dessas iniciativas é devida, ou está sendo fomentada, por

empresas produtoras e ex produtoras de ardósia, o que impediu a queda do nível geral de

empregos na região. Isto porque os empresários de ardósia são naturais da região e direcionam

suas iniciativas para empreendimentos locais, traduzindo um importante fundamento para a

questão da sustentabilidade da exploração de ardósia.

No caso da pavimentação asfáltica, o engº Luiz Dario, do DER, explicou que a ardósia

britada (bica corrida) já está sendo utilizada na rodovia Papagaios Pitangui (MG 423), tendo se

projetado sua aplicação na obra da rodovia Papagaios Pompeu (MG 060) e, provavelmente, no

trecho São José da Varginha Esmeraldas da mesma MG 060, havendo muitas outras

possibilidades relativas a rodovias federais e estaduais da região, inclusive para pavimento

rígido de concreto.

Em termos da indústria cimenteira, as palestras sugeriram que os polos de Lagoa Santa

e Pedro Leopoldo, suficientemente próximos das frentes de lavra da Província, deverão

incrementar o consumo de ardósia, inclusive pela queda da oferta de outros insumos, como as

escórias de alto forno. Neste caso, devido à retração da indústria siderúrgica, caíram os

estoques e a disponibilidade das escórias para a produção do cimento CPII, prevendo se

ampliação da produção de CPIV (pozolânico), que pode incluir ardósia tanto na farinha de cru

para o clínquer, quanto como filler.

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KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 111

A palestra sobre a obtenção da Marca CE discutiu a iniciativa e objetivos de um

significativo grupo de empresários que buscam a qualificação de seus produtos (telhas e

lajotas) junto ao mercado dos países da União Europeia. Isto concorrerá para uma melhor

ordenação da atividade produtiva de ardósia e para a valorização de seus produtos comerciais,

também representando um importante vetor de sustentabilidade socioambiental. Acima de

tudo, a busca pela Marca CE traduz um esforço empresarial focado no aprimoramento das

ardósias de revestimento e na sua adequação aos mercados interno e externo.

Ainda quanto à questão da sustentabilidade socioambiental, concluiu se que o novo

grande vetor de desenvolvimento regional é, de fato, o efetivo aproveitamento da ardósia

como insumo para a indústria de cimento, em substituição parcial à escória de alto forno. O

potencial de demanda é bastante elevado e poderá ser concretizado através da aproximação de

produtores/fornecedores de ardósia, indústrias consumidoras e instituições de pesquisa, neste

caso com destaque para a própria UFMG.

Uma das palavras de ordem é a necessidade da homogeneização exigida pelas indústrias

consumidoras para as suas matérias primas, quanto a padrões granulométricos, cromáticos e,

sobretudo, químicos. Pelo que se pode perceber, essas indústrias consumidoras ainda

desconhecem algumas variáveis geológicas importantes da Província de Ardósia, que

determinam propriedades químicas e físico mecânicas de bastante interesse para obtenção das

matérias primas desejadas.

Deve se por fim ressaltar que a perspectiva de aproveitamento industrial será tão

importante para as ardósias, quanto os teares multifios diamantados estão sendo para os

granitos, quartzitos e outras rochas extraídas em blocos e beneficiadas através de serragem de

chapas. É emblemática, neste sentido, a ponderação de Mário Mesquita, ex diretor do Banco

Central,

“Há uma chance real de reindustrialização no Brasil. Ela passa longe da recuperação de

setores intensivos em mão de obra, que perderam competitividade há muito tempo.

Não apenas porque há países onde o custo de mão de obra é muito baixo, mas porque

houve mudanças estruturais nessa área, como a redução do crescimento populacional

e da força de trabalho. Essa situação obrigará a indústria, para aproveitar os sinais

certos do câmbio e recobrar a competitividade, a privilegiar os gastos de capital.”

(editorial jornal Valor, 17/07/2013, p. A10)

4.3 Referenciais Temáticos Considerados no Seminário

A atividade produtiva de ardósia de revestimento gera expressiva quantidade de rejeito,

devido às baixas taxas de recuperação nos processos de lavra e beneficiamento. São conhecidas

e tecnicamente aprovadas algumas possibilidades de aproveitamento desses rejeitos – e,

portanto, da própria ardósia – como matéria prima para cargas minerais de usos industriais

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KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 112

diversos, destacando se cimento, concreto, pavimentação rodoviária, cerâmica, agregados

leves e muitos outros.

É cada vez mais evidente a necessidade de aproveitamento integrado da ardósia como

material de revestimento e uso industrial, sem o que ficam muito prejudicadas as bases de

sustentabilidade econômica e ambiental exigidas para a preservação da atividade produtiva e

multiplicação regional de seus benefícios. Algumas janelas de oportunidade estão sendo

delineadas para essa integração na Província de Ardósia de Minas Gerais, envolvendo

perspectivas reais de mercado de certos produtos no curto, médio e longo prazo.

Com relação à Província, destaca se que sua atividade mínero industrial passa por um

quadro de expressiva retração, já com fechamento de algumas empresas e desmobilização de

mão de obra. As perspectivas de recuperação das áreas degradadas pelas atividades de lavra,

bem como o aproveitamento dos rejeitos, devem ser avaliadas dentro dessa realidade.

O quadro atual reflete, entre outros fatores estruturais, o aumento do custo dos salários

nas atividades produtivas das ardósias, que são rochas em cujo processo de lavra e

beneficiamento é mais intensiva a aplicação de mão de obra. Estudos recentes demonstraram

que, quando são levados em conta os benefícios trabalhistas, o Brasil tem o maior custo de

salário per capita anual entre um grupo de países emergentes que inclui Rússia, México, China

e Índia.

É neste contexto que se enfatiza a multiplicidade vocacional das ardósias e a

necessidade de seu aproveitamento para usos industriais. Como insumo industrial, as ardósias

evidenciam alguns atributos muito importantes, tais como: granulação fina dos constituintes

minerais, interessante para cerâmica vermelha; homogeneidade química, favorável para a

composição de cimento; e, conteúdo de água intercristalino, que determina a propriedade de

expansão térmica e sugere a possibilidade de aproveitamento para agregados leves.

Já em 1996, o estudo intitulado “Caracterização e Pesquisa de Aplicações de Resíduos e

Aparas de Ardósia”, executado sob orientação do Prof. Wilfried Keller Schwabe, da

UFMG/DESA, referiu que,

“O rejeito sólido da ardósia, transformado em pó ou brita, tem alta potencialidade

para aplicação em agregados, agregado leve, cargas (principalmente para massa

asfáltica), blendagem com cimento e material cerâmico. Dependendo ainda de

pesquisa mais aprofundada, apresenta possibilidade de uso na fabricação de telhas e

tijolos, impermeabilização de reservatórios e aterros, corretivo de solo, produção de

solo cimento, pozolana e na recuperação de áreas degradadas. A continuidade das

pesquisas sobre a aplicação dos rejeitos sólidos propõe avaliação técnico econômica

para concretos convencionais e de alto desempenho, pavimentos de concreto,

indústria de pré moldados, pavimentos asfálticos, matéria prima para agregado leve e

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KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 113

adição a massas de cerâmica vermelha.” (SCHWABE; HELLER, 1996 apud GROSSI SAD

et al., 1998, p. 83)

Uma das janelas de oportunidade atualmente existentes na denominada Província de

Ardósia de Minas Gerais refere se a uma ainda incipiente, porém promissora, pressão de

demanda pelos seus rejeitos – que podem ser agora realmente chamados de estoques

remanescentes – como material de base e sub base para pavimentação asfáltica de rodovias e

como insumo para cimento.

4.4 Comentários Adicionais

O Sr. Carlos Antônio Teixeira Guimarães, presidente da Coopardosia, não pode

apresentar a palestra constante da programação original do Seminário, sendo assim substituído

pelo administrador Rafael Oliveira, da Micapel Slate, que abordou a questão da Marca CE. A

mudança não prejudicou o conteúdo do evento, pois o novo tema abordado também constitui

um importante fator de sustentabilidade para a Província de Ardósia. Ademais, o

desenvolvimento do trabalho de obtenção da Marca CE foi resultado de uma das iniciativas do

Plano de Ação da FEAM junto ao empresariado local.

A palestra apresentada pelo engenheiro Ronaldo Lopes Valadares parece ter cumprido

os objetivos da abordagem esperada da Coopardosia. A Pevex Recicladora promove a britagem

dos rejeitos das serrarias instaladas em Papagaios, da mesma forma que a Coopardosia o faz na

cidade de Paraopeba. Os produtos britados da Pevex estão sendo fornecidos ao DER, que os

utiliza para pavimentação rodoviária, bem como para a Holcim e Lafarge, onde são destinados à

produção de cimento. Outra destinação dessas britas, também muito importante em

perspectiva, é a fabricação de pré moldados de concreto. Assim como a Pevex, a Altivo Pedras

também processa os seus rejeitos de beneficiamento e comercializa os produtos britados.

Desta forma, quase não são mais acumulados resíduos do beneficiamento das serrarias

operantes em Papagaios e Paraopeba, o que constitui uma mudança muito positiva nessas

localidades.

A palestra apresentada pelo engenheiro Luiz Dario, do DER, foi muito clara e objetiva,

descortinando uma perspectiva concreta de utilização de brita de ardósia para base e sub base

de pavimentos asfálticos. Na mistura à quente do próprio asfalto, já existe o exemplo bem

sucedido da aplicação efetuada pelo DNER (atual DNIT) na MG 040 em um trecho de 10 km,

onde a matéria prima foi fornecida pela Micapel. O engº Dario manifestou muito interesse em

conhecer a brita elaborada a partir da ardósia matacão, sabidamente menos lamelar que

aquela das ardósias foliadas. Independentemente da lamelaridade, supõe se que as britas de

ardósia possam ser inclusive utilizadas para pavimentos rígidos de concreto, também em obras

rodoviárias. Existiria, segundo uma estimativa conservadora, economicidade da brita de ardósia

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KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 114

se o transporte fosse efetuado de uma distância de até 100 km da obra, o que poderia ser ainda

otimizado com o uso de britadores móveis.

A palestra do empresário Altivo Bahia Duarte evidenciou a possibilidade de utilização do

pó de ardósia na composição da massa de cerâmica vermelha, em uma proporção de até 10%

em peso, o que já está sendo efetuado pela Altivo Cerâmica. O material utilizado é o da lama de

serragem/recorte da ardósia de revestimento processada na Altivo Pedras, em Papagaios, pois

a moagem de cacos e cavacos seria economicamente inviável. Tanto o percentual de

participação do pó de ardósia, quanto a sua obtenção por moagem, precisam ser melhor

avaliados. Alguns estudos propõem que o pó de ardósia pode participar em maior proporção da

massa cerâmica. Outros estudos referem que a ardósia possui boa moabilidade. Talvez a

ardósia moída seja antieconômica se for processada exclusivamente para cerâmica, devendo se

aventar a possibilidade de múltiplos usos.

Também de acordo com o Sr. Altivo, é certo que a ardósia reduziria a temperatura de

queima da massa cerâmica, o que parece também ocorrer quando ela é empregada na

preparação do clinquer. A exemplo do que se aventa como necessário na indústria cimenteira

regional, seria interessante que benefícios fiscais e/ou tributários fossem oferecidos para

utilização de ardósia nas cerâmicas. Das 19 empresas cerâmicas já instaladas nas proximidades

de Papagaios, apenas a Altivo Cerâmica parece estar empregando ardósia em seus produtos.

Todas as demais empresas utilizam argilas da várzea do Riacho das Areias, pelo menos

parcialmente exploradas de forma irregular. Em tempo: a adição de pó de ardósia, segundo

técnicos da Cerâmica Pássaro verde, parece alterar a cor tradicional de queima das peças, o que

prejudicaria o seu mercado quando para uso aparente.

A homogeneização das pilhas de bota fora, como condição necessária para o

aproveitamento dos rejeitos de lavra, parece estar sendo obstaculizada pelas dificuldades de

licenciamento de pilhas específicas de solo, toá e rocha fresca. A questão foi levantada pelo Sr.

Altivo e será levada pela GPROD à SUPRAM regional. Tecnologicamente, os materiais

componentes do perfil típico de uma cava de ardósia na Província, inclui o capeamento argiloso

de solo; uma camada subjacente de ardósia alterada, correspondente ao toá; um nível inferior

de ardósia quebradiça e já fragmentada, com pouco intemperismo químico; e o nível basal

correspondente ao banco comercial de ardósia para revestimento. Matacões de ardósia

(associados a leitos mais espessos de ardósia matacão), quando existentes, também

mereceriam acumulação em separado. A partir do banco comercial, seria ainda interessante a

separação de pilhas com rejeito de ardósia matacão e ardósia foliada.

A palestra do Prof. Abdias foi muito incisiva quanto à possibilidade real de

aproveitamento das ardósias para uso em argamassas, o que seria evidenciado por estudos já

desenvolvidos pela UFMG. O Prof. Abdias manifestou não ter dúvidas que Papagaios poderia se

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transformar em um grande polo fabricante de argamassas, afirmando que pesquisadores da

UFMG saberiam o caminho necessário para atingir esse objetivo. Recomenda se uma nova

reunião com o Prof. Abdias, visando esclarecimentos sobre o assunto.

O tema da utilização dos produtos de expansão térmica das ardósias, não abordado no

Seminário, demanda uma reavaliação a partir dos trabalhos já efetuados pelo CETEC, sobretudo

quanto à pozolanicidade e suas implicações práticas. Recomenda se uma reunião e troca de

ideias com a Dra. Maria Eugênia Monteiro de Castro Silva, do CETEC, autora da tese

“Caracterização de produtos gerados no processo de expansão térmica de rejeitos de ardósia”.

Acredita se na necessidade de interlocução e aproximação entre produtores de ardósia,

indústrias potencialmente consumidoras e instituições de pesquisa. Este processo poderia e

deveria, pelas suas características e objetivos, ser conduzido pela FEAM.

No Apêndice G deste relatório estão apresentadas outras informações sobre a

organização do Seminário:

Programação Preliminar do Seminário de Papagaios (G1)

Programação Tentativa (G2)

Listagem Sugerida para Palestrantes e Convidados (G3)

Convite Elaborado pela FEAM (G4)

Certificado de Participação no Seminário (G5)

Nota Divulgada pela GPROD (G6)

Foto 4.1 – Abertura do Seminário Valorização dos Resíduos de Ardósia, pelo engºAntonio Augusto Melo Malard, gerente de Produção Sustentável da FEAM.

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Foto 4.2 – Cerca de 50 pessoas participaram do Seminário, realizado nas dependências da

AMAR MG. Foto de autoria de Célio Apolinário, da Revista Mármore & Cia.

Foto 4.3 – Palestra apresentada pelo geólogo Cid Chiodi Filho, contextualizando a situação da

atividade produtiva da ardósia. Foto de autoria de Célio Apolinário, da Revista Mármore &

Cia.

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KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 117

Foto 4.4 – Palestra do geólogo Evandro Carrusca sobre a utilização de rejeitos de ardósia na

indústria de cimento. Foto de autoria de Célio Apolinário, da Revista Mármore & Cia.

Foto 4.5 – Apresentação da palestra sobre a Marca CE por Rafael Oliveira, Gestorde Qualidade da empresa Micapel Slate.

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KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 118

Foto 4.6 – Apresentação de palestra por Ronaldo Lopes Valadares, sócioproprietário da empresa Pevex Recicladora.

Foto 4.7 – Apresentação do empresário Altivo Bahia Duarte sobre o uso de pó de ardósia na

Altivo Cerâmica. Foto de autoria de Célio Apolinário, da Revista Mármore & Cia.

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Foto 4.8 – Palestra do Prof. Abdias Magalhães Gomes, sobre os estudos realizados

pela UFMG.

Foto 4.9 – Palestra do engº Leandro Couto Soares, de Brennand Cimentos.

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KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 120

Foto 4.10 – Slide apresentado pelo engº Leandro Couto Soares, mostrando o processo de

fabricação de cimento. Foto de autoria de Célio Apolinário, da Revista Mármore & Cia.

Foto 4.11 – Palestra do engº Luiz Dario de Souza, do DER MG.

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Foto 4.12 – Mesa formada para debates ao final do Seminário. Da esquerda para a

direita, Evandro Carrusca, Rafael Oliveira, Antônio Malard, Altivo Bahia Duarte, Luiz

Dario de Souza, Ronaldo Lopes Valadares e Leandro Couto Soares.

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5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

O conjunto dos levantamentos efetuados para o presente Plano de Ação e,

particularmente o Seminário realizado em novembro de 2013, permitiram evidenciar um

processo dinâmico de evolução das atividades produtivas na Província de Ardósia.

Simultaneamente à retração geral da produção de ardósia de revestimento, observa se uma

rápida expansão da indústria de cerâmica vermelha, já com instalação de várias empresas no

Município de Papagaios.

Os fatores determinantes para a desaceleração das ardósias de revestimento incluíram:

o aumento dos custos de produção, sem contrapartida de um ajuste de preços dos produtos,

tanto no mercado interno quanto no mercado externo; a continuada sobrevalorização do real

frente ao dólar norte americano, que diminuiu drasticamente as margens de lucratividade das

empresas exportadoras, lembrando se que, atualmente, 60% da produção são destinados ao

atendimento do mercado externo e 40% do mercado interno; e, a crise econômica da maior

parte dos países da União Europeia, principal mercado das ardósias brasileiras.

A própria retração da ardósia de revestimento não é homogênea, pois a queda de

produção e exportações das variedades foliadas foi de certa forma contrabalançada pelo

incremento da produção de ardósia matacão, sobretudo daquelas da margem direita do Rio

Paraopeba, no limite oriental da Província.

Um novo vetor favorável está sendo rapidamente estabelecido. Este novo vetor refere

se ao efetivo aproveitamento da ardósia e de seus resíduos como insumo para a indústria de

cimento, em substituição parcial à escória de alto forno. Pelo menos duas cimenteiras já

fizeram contatos com empresas locais e estão utilizando ardósias, tanto na forma de rejeito

bruto da lavra, quanto como material britado.

Em obras rodoviárias, como a da MG 423 (Papagaios Pitangui) e MG 060 (Papagaios

Pompeu), está se demandando ardósia britada como um excelente material para base e sub

base dos pavimentos asfálticos. Destaca se existir grande potencial de demanda regional para

tais obras rodoviárias.

Duas pendências emblemáticas para a questão ambiental da Província, ligadas ao

município de Papagaios, parecem estar próximas de uma solução. Uma delas é a implantação

do Distrito Industrial, para abrigar as pequenas serrarias operantes na zona urbana da cidade, o

que deverá ser viabilizado ainda durante o mandato do atual Prefeito. Parcerias Público

Privadas (PPPs) podem constituir alternativa para implantação e gestão do Distrito Industrial de

Papagaios.

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A outra pendência refere se a uma solução vislumbrada para a pilha de bota fora,

utilizada por essas empresas próximo da cidade, pela perspectiva agora mais concreta de

aproveitamento do material. Espera se que os interesses comerciais dos detentores do material

acumulado nessas pilhas não desestimulem o seu aproveitamento, seja para indústria de

cimento, seja para pavimentação de estradas e outros usos em perspectiva.

Além disso, ainda resta avaliar com maior profundidade o aproveitamento dos produtos

de expansão térmica das ardósias, que podem ser utilizados como agregados leves para

diversas finalidades (concreto estrutural, peças de alvenaria, horticultura, capeamento

asfáltico, carga leve em aplicações geotécnicas, aquaponia, etc.). Ardósias termicamente

expandidas constituem, a propósito, um elemento chave para a questão do cimento, do

concreto leve e dos fertilizantes.

Sociedades de Propósito Específico (SPEs) constituem uma boa alternativa para a

formulação e implementação de empreendimentos mínero industriais centrados na produção

de agregados leves e outros insumos. Dentre suas vantagens, menciona se que as SPEs

adquirem personalidade jurídica própria e, portanto, estrutura destacada das empresas que a

constituíram, permitindo segregar seus riscos específicos dos riscos das outras operações das

quais participam os sócios. Outro aspecto positivo é que o capital social de uma SPE, uma vez

definida como Limitada, poderá ser integralizado, pelos sócios, com dinheiro, bens móveis,

imóveis e direitos, desde que lhes seja atribuído valor monetário.

A obtenção da Marca CE deverá conduzir um amplo processo de ordenação da atividade

mineradora e industrial de ardósia, criando bases mais harmônicas de isonomia competitiva e

competitividade das empresas qualificadas. Vislumbra se, por isto, uma redução “positiva” da

produção regional de ardósia para revestimento, a par do aperfeiçoamento da atividade

mínero industrial.

Outra questão interessante e também muito positiva, para a discussão ambiental,

reporta se à grande capacidade de recomposição vegetal das pilhas de bota fora da lavra e do

beneficiamento de ardósia. Isto é evidenciado no experimento do CETEC em pilhas de bota fora

da empresa MICAPEL, na área do Córrego Alto das Pedras, e por outros exemplos de

recomposição induzida e também natural da vegetação em pilhas de bota fora. A metodologia

bem sucedida, desenvolvida por Freitas (2012) e adotada pelo projeto do CETEC, poderia ser

objeto de uma cartilha com ampla divulgação entre os mineradores de ardósia, com apoio da

SEMAD para orientar a recuperação das áreas degradadas pela atividade extrativa de ardósia.

Os lagos já formados em pedreiras paralisadas e até em pedreiras ainda ativas,

parcialmente inundadas, evidenciam o potencial para formação de grandes reservatórios de

água. Tais reservatórios poderão tornar se a base de projetos de irrigação agrícola, piscicultura

e parques turísticos regionais. A observação do talude das cavas sugere que é pluvial a maior

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KISTEMANN & CHIODI Assessoria e Projetos 124

parte – se não a totalidade – da água acumulada. O Córrego Alto das Pedras, junto às fazendas

Rio Preto e Vereda, parece atestar que a alimentação dos lagos não é de águas do lençol

freático.

Assim como verificado em diferentes áreas produtoras de ardósia na Europa, as antigas

frentes de lavra transformam se em novos ecossistemas, capazes de atrair e fixar até espécies

vegetais e animais anteriormente não existentes nesses locais, de forma similar aos recifes

artificiais. Seria muito interessante conhecer esses processos antrópicos e naturais de

recuperação ambiental de antigas áreas produtoras europeias, sobretudo na Alemanha, França

e Reino Unido.

A viabilidade da montagem de uma oficina escola em Papagaios, para elaboração de

mosaicos, esculturas, peças de decoração, mobiliário e utensílios, precisará ser reformulada,

através da incorporação de design aos produtos objetivados. Cabe aqui observar o seguinte: a

concepção original da oficina escola, proposta no início da década de 2000, previa a

incorporação de máquinas importadas, tanto para a produção de mosaicos, quanto de lajotas

prensadas, visando à efetiva comercialização e a própria sustentação financeira do

empreendimento. Esta proposição foi equivocadamente canalizada para a elaboração de

produtos artesanais, inclusive de lapidação, com uma visão mais assistencialista do que

comercial. Conforme já referido, uma das melhores possibilidades hoje vislumbradas seria um

acordo de parceria e cooperação com a escola de formação de tecnólogos de rochas

ornamentais e de revestimento, emWunsiedel (Alemanha).

A formulação de proposta visando à criação de um centro de orientação para as

atividades produtivas da Província de Ardósia é válida para qualquer APL de base mineral

dominado por empresas de micro e pequeno porte, devendo constituir resultado de uma

política governamental. Na Província de Ardósia reforça se a demanda por um centro de

orientação dessa natureza, na medida em que a exploração mineral está se diversificando para

outras substâncias, como argilas e até metálicos. Acredita se que os objetivos precípuos de um

centro de orientação seriam atualmente melhor atendidos por uma Comissão Interinstitucional,

que se reuniria periodicamente na própria sede da AMAR MG, sob coordenação da GPROD.

É preciso orientar a exploração nascente de argilas na planície aluvionar do Riacho da

Areia (Ribeirão das Areias, segundo a Carta Topográfica do IBGE). Esta atividade está gerando a

matéria prima para 19 indústrias de cerâmica vermelha, recentemente instaladas nas

proximidades de Papagaios, bem como abastecendo outras indústrias cerâmicas da região de

Pará de Minas Igaratinga Antunes. A lavra de argilas cerâmicas, e inclusive de argilas brancas,

neste caso efetuada contiguamente ao Pântano do Piri Piri, na várzea do Riacho Fundo, poderá

avolumar se e provocar danos ambientais. Um dos principais objetivos do ordenamento da

atividade produtiva dessa argila aluvionar é, justamente, preservar o alagado da Fazenda Piri

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piri, que parece constituir um importante ecossistema local. Os riscos ambientais existentes

reforçam a necessidade de avaliar a perspectiva de aproveitamento da ardósia como insumo

para a cerâmica local e regional.

Caminha se no sentido da diversificação do uso de ardósias, tanto daquelas de

revestimento, quanto como insumos industriais. Ressalta se a necessidade de separação dos

materiais descartados na lavra (solo, toá e ardósia fresca) e dos resíduos do beneficiamento

(finos, cacos e variedades de ardósia), como base para o seu aproveitamento industrial.

Ressalta se ainda a oportunidade e necessidade de concessão de alguns incentivos, fiscais e

tributários, para empresas potencialmente consumidoras de rejeitos da lavra e resíduos do

beneficiamento, como forma de estimular a demanda e o processo de simbiose industrial.

Como aspectos favoráveis, registra se que a atividade produtiva de ardósia subsidiou a

diversificação da economia regional, viabilizando projetos nas áreas de reflorestamento,

pecuária, agricultura e cerâmica. Na própria área mineral, da mesma forma, foram

regionalmente delineados, e estão sendo pesquisados, prospectos bastante promissores para

ferro, ouro, níquel e diamante. A quase totalidade dessas iniciativas é devida ou está sendo

fomentada por empresas produtoras e ex produtoras de ardósia, o que não permitiu a queda

do nível geral de empregos na região. Nestes termos, as ardósias de revestimento estão se

transformando em madeira de reflorestamento, feijão, soja, milho, tijolos, blocos estruturais,

cimento, concreto, brita, asfalto, ouro, níquel, diamante e ferro, entre outros potenciais novos

produtos.

Do que se conhece da atividade produtiva de ardósia em vários países da Europa, os

rejeitos da lavra quase nunca foram efetivamente aproveitados como insumo para usos

industriais, nem foram desfeitas as pilhas de bota fora. A existência de polos cimenteiros e

cerâmicos a uma distância não elevada das frentes de produção, bem como a necessidade de

pavimentação de uma ampla malha rodoviária regional, criam uma condição diferenciada para

a Província de Ardósia de Minas Gerais.

Recomenda se, finalmente, que os detentores de direitos minerários sejam

questionados a respeito da sua intenção de manter temporariamente suspensa a atividade de

lavra ou efetivar o fechamento da mina. Essa informação permitirá aos órgãos fiscalizadores

solicitar a documentação exigida pela Deliberação Normativa Copam nº 127, de 27 de

novembro de 2008: o Plano Ambiental de Fechamento de Mina (PAFEM). Consultando o DNPM,

haveria condição de selecionar as pedreiras que efetivamente não deverão retomar suas

atividades.

A atividade produtiva e as condicionantes de mercado são dinâmicas, mas demandam

tempo para incorporar novas tecnologias e mudanças de paradigmas. Por outro lado, a

pesquisa técnico científica assimila rapidamente novas ideias que, no entanto, exigem um

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prazo mais longo de viabilidade econômica. O poder público, orientado pelos interesses sociais,

legisla e executa programas que nem sempre conseguem acompanhar os anseios do

empresariado ou as proposições dos pesquisadores.

A realização de reuniões, encontros, workshops, seminários, dos quais participem

empresários, pesquisadores e poder público, como foi concebido o Seminário de Valorização

dos Resíduos de Ardósia, contribui efetivamente para a troca de experiências, divulgação de

informações, busca de soluções, surgimento de novas ideias e iniciativas.

Com a implementação do Plano de Ação para a Sustentabilidade do Setor de Rochas

Ornamentais – Ardósia de Papagaios, a GPROD dispõe de subsídios para conduzir ações

objetivas entre as diversas instituições, governamentais e/ou privadas, que atuam ou

pretendam atuar em prol do desenvolvimento sustentável da atividade produtiva de ardósia

não só para o Município de Papagaios, mas também para a Província de Ardósia de Minas

Gerais.

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