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Anais do III Congresso de Educação em Saúde da Amazônia (COESA), Universidade Federal do Pará - 12 a 14 de
novembro de 2014. ISSN 2359-084X.
IMPACTO DA EDUCAÇÃO NUTRICIONAL NA PERCEPÇÃO DE
ESCOLARES SOBRE ALIMENTOS ENERGÉTICOS, REGULADORES E
CONSTRUTORES ANTES E APÓS EDUCAÇÃO NUTRICIONAL
Aline Leão Reis1; Lourena Pinto de Almeida
1; Daniele de Almeida Saraiva
1; Cláudia
Daniele Tavares Dutra Cavalcanti2; Rosa Maria Dias
3
1Acadêmico de Nutrição;
2Doutora em Doenças Tropicais;
3Mestre em Patologia de
Doenças Tropicais
Universidade Federal do Pará (UFPA)
Introdução: A transição nutricional no Brasil não vem ocorrendo somente entre os
adultos, mas também na população infantil e adolescente, já que está cada vez mais
precoce a exposição desta população a fatores de risco que favorecem o aparecimento
de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como diabetes, hipertensão e
obesidade, além de cânceres, fazendo prevalecer tais enfermidades em uma faixa etária
cada vez menor. (CARVALHO, 2010; WHO, 2008). A alimentação é importante para
o crescimento e desenvolvimento infantil, além de ser um dos principais fatores de
prevenção na vida adulta (ROSSI, 2008). Por essa razão é fundamental o ensino e
incentivo a alimentação correta para as crianças e para os adolescentes (BURGESS-
CHAMPOUX et al., 2006). A escola é, indiscutivelmente, o melhor agente para
promover a educação nutricional, com um espaço privilegiado para a construção e a
consolidação de práticas alimentares saudáveis em crianças, pois é um ambiente no
qual, atividades voltadas à educação em saúde podem apresentar grande repercussão.
Objetivo: Este estudo tem como objetivo verificar o impacto da educação nutricional na
percepção de escolares sobre alimentos energéticos, construtores e reguladores antes e
após ações de educação nutricional em duas escolas públicas do município de Belém.
Metodologia: Estudo transversal, desenvolvido em duas escolas públicas do município
de Belém/PA. Participaram do estudo todas as crianças matriculadas no 2º ao 5º ano, do
ensino fundamental, no período de agosto de 2013 a junho de 2014. Para a coleta de
dados foi utilizado um protocolo semiestruturado para avaliação dos dados
sociodemográficos, do qual as variáveis estudadas foram: sexo (masculino e feminino) e
idade (dividida em faixas etárias de 7 a 9 anos, crianças; e de 10 a 15 anos,
adolescentes). Para avaliação do impacto nutricional, Inicialmente, foi aplicado o
questionário de percepção (QPI) semiestruturado (contendo vinte perguntas objetivas,
baseado nas diretrizes do Ministério da Saúde, para a avaliação do conhecimento dos
escolares sobre os temas: alimentos energéticos, construtores e reguladores), seguido
por ações de educação nutricional, e por último aplicado o mesmo questionário (QPII)
para avaliar o aprendizado dos alunos em relação aos temas ministrados. As ações de
educação nutricional abrangeram temas como: noções básicas sobre alimentação
saudável, pirâmide alimentar brasileira, problemas nutricionais, atividade física e
rotulagem de alimentos, tendo sido ministrado um tema por encontro. As ações
educativas constaram de palestras e dinâmicas, atividades lúdicas e aulas interativas.
Para análise dos dados foram utilizados os programas Epi Info versão 3.5.2 e Excel
versão 5.0. A fim de obter a autorização para participação no estudo, os pais dos alunos
das escolas participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O
estudo foi aprovado no Comitê de ética e pesquisa de seres humanos do Instituto de
Ciências da Saúde/UFPA, sob o parecer nº. 392.255/2013. Resultados: Foram
avaliados 143 escolares do ensino fundamental do 2º ao 5º ano, na faixa etária entre 7 a
15 anos, correspondendo, no total, a 56,6% meninas e 43,4% meninos. Foi observado
que 43,4 % eram crianças e 56,6 % adolescentes. A percepção sobre alimentos
Anais do III Congresso de Educação em Saúde da Amazônia (COESA), Universidade Federal do Pará - 12 a 14 de
novembro de 2014. ISSN 2359-084X.
energéticos no QP (I) obteve 26,57% de acerto, enquanto 39,86% acertaram no QP (II),
registrando aumento de 13,29% do QP (II) em relação ao QP (I). Em relação ao
conhecimento sobre alimentos construtores, 37,76% de escolares responderam de forma
correta no QP (I) e 53,14% no QP (II), com aumento de 15,38% das respostas corretas,
ressaltando o maior crescimento no percentual de acertos. A cerca dos alimentos
reguladores foram os que obtiveram menor elevação de percentual de acertos, quando
comparados os QPs, com aumento de apenas 2,10%, tendo 41,25% de escolares
respondidos de forma correta no QP (I) e 43,35% no QP (II). Discussão: Segundo TEO
(2009), a alimentação das crianças em idade escolar é reflexo das práticas alimentares
adotadas por suas famílias e oferecidas na escola. A partir da preocupação com o
desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), e sabendo que a
ingestão adequada de alimentos reguladores auxilia na prevenção, é importante que
desde os primeiros anos de vida ocorra a introdução desses alimentos diariamente na
dieta da família.O consumo de alimentos reguladores ainda é baixo nesta faixa etária, os
dados do presente estudo mostraram que o conhecimento sobre tais alimentos é o que
obteve menor crescimento quando comparados os questionários de percepção sobre os
três tipos de alimentos estudados. Estes dados são reflexos da alimentação a qual o
escolar está exposto, estando de acordo com outras pesquisas publicadas, como a da
OMS, o Health Behavior School-aged Children (HSBC), na Europa, que mostrou que
apenas 36% das crianças com 13 anos consumiam frutas, variando para 50% na Bélgica
a 15% na Groelândia (OMS,2012). Quando avaliados no QP(I), os alunos apresentaram
baixo conhecimento em relação aos temas abordados, expondo a real necessidade, já
citada por Malta(2010), da inclusão de conhecimentos básicos sobre alimentação e
nutrição no currículo escolar desde a pré-escola. Após a intervenção, os alunos
apresentaram um aumento no percentual de acertos nas questões do QP (II), ressaltando
a importância das ações de educação nutricional já descritas por Botelho et al(2010), a
qual refere-se a educação nutricional como promotora de conhecimento sobre
alimentação e hábitos alimentares saudáveis na infância, ocasionando em melhora nas
atitudes em relação às práticas alimentares, que é reflexo dos conhecimentos
alimentares e nutricionais adquiridos. Os resultados positivos do presente estudo
não garantem mudanças nos hábitos e práticas alimentares dos alunos, em face do curto
período de tempo da realização. Nesse sentido, tornam-se necessários mais estudos, no
intuito de sedimentar a promoção de hábitos alimentares mais saudáveis, que
contribuam na prevenção dos agravos nutricionais. Conclusão: O impacto nutricional
foi positivo, com maior percentual de acertos no QP(II), enfatizando a importância de
utilizar processos de educação nutricional para promover a formação de hábitos
alimentares saudáveis desde a infância, uma vez que estes são formados nesta fase da
vida.
Referências:
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