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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ VALQUIRIA SILVÉRIO IMPACTO DA APLICAÇÃO DAS BOAS PRÁTICAS DE PRODUÇÃO NA REDUÇÃO DA CONTAMINAÇÃO BACTERIANA NO LEITE CRU REFRIGERADO Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná como requisito parcial para a obtenção do grau de Médico Veterinário. Orientador Acadêmico: Prof. Dra. Anderlise Borsoi Orientador Profissional: Med. Vet. José Cirino dos Santos CURITIBA 2016

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

VALQUIRIA SILVÉRIO

IMPACTO DA APLICAÇÃO DAS BOAS PRÁTICAS DE PRODUÇÃO NA

REDUÇÃO DA CONTAMINAÇÃO BACTERIANA NO LEITE CRU REFRIGERADO

Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de

Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do

Paraná como requisito parcial para a obtenção do

grau de Médico Veterinário.

Orientador Acadêmico: Prof. Dra. Anderlise Borsoi

Orientador Profissional: Med. Vet. José Cirino dos

Santos

CURITIBA

2016

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

REITOR

Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos

PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO

Carlos Eduardo Rangel Santos

PRÓ-REITORA ACADÊMICA

Prof. Dra. Carmen Luiza da Silva

DIRETOR DE GRADUAÇÃO

Prof. Dr. João Henrique Faryniuk

COORDENADOR DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

Prof. Dr. Welington Hartmann

TERMO DE APROVAÇÃO

VALQUIRIA SILVÉRIO

IMPACTO DA APLICAÇÃO DAS BOAS PRÁTICAS DE PRODUÇÃO NA

REDUÇÃO DA CONTAMINAÇÃO BACTERIANA NO LEITE CRU REFRIGERADO

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção

do título de Médico (a) Veterinário (a) pela Comissão Examinadora do Curso de

Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.

Comissão Examinadora:

Orientadora: Profa. Dra. ANDERLISE BORSOI

Prof. Dr. ODILEI ROGERIO PRADO

Prof. Dr. WELINGTON HARTMANN

Curitiba, 22 de junho de 2016

DEDICATÓRIA

Dedico ao meu noivo Thiago Airton

Demeterko e meus pais Vlamir Silvério e

Silvia Kulik Silvério, aos meus irmãos

Vladimir Silvério e Vagner Silvério por me

apoiarem na minha jornada, me dando

toda ajuda necessária. É por causa deles

que a realização desta conquista se

tornou possível!

“A menos que modifiquemos a nossa maneira de pensar, não

seremos capazes de resolver os problemas causados pela forma

como nos acostumamos a ver o mundo” (Albert Einstein).

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, pelo dom da vida, por sempre iluminar minha

caminhada, e por todas as minhas conquistas.

Agradeço a minha orientadora Profa. Anderlise Borsoi por ser o meu apoio na

conclusão do curso acreditando no meu trabalho, com paciência e amizade e

dedicando seu tempo ao meu aprendizado.

A todos os professores do curso de Medicina Veterinária da Faculdade

Evangélica do Paraná que contribuíram para a base da minha formação e onde

passei a maior parte da graduação. Aos professores da Universidade Tuiuti do

Paraná que abriram as portas, se dedicaram e também transmitiram seus

conhecimentos. Obrigada a todos pela dedicação e conhecimento que me foram

passados.

Ao professor Welington Hartmann por sempre me apoiar nos meus trabalhos

e dedicar seu tempo ao meu aprendizado com paciência e amizade.

A todos do laticínio Ruhban, pela oportunidade de estágio, pela convivência,

dedicação e ensinamentos, agradeço pelas amizades e companheirismo.

A todos os produtores de leite que abriram as portas de suas propriedades,

aceitando participar deste projeto.

Aos meus amigos que me acompanharam nessa jornada, me fortaleceram

com palavras de carinho e conforto, me aguentaram, que foram meus companheiros

de estudos e me proporcionaram momentos de muita diversão e risada. Cada um de

vocês fez a diferença na minha caminhada.

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS........................................................................... 9

LISTA DE TABELAS........................................................................... 11

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS.............................................. 12

LISTA DE SIMBOLOS........................................................................ 13

RESUMO............................................................................................ 14

1 INTRODUÇÃO.................................................................................... 15

2 DADOS SOBRE O ESTÁGIO............................................................. 16

2.1 ORIENTADOR ACADÊMICO............................................................. 16

2.2 ORIENTADOR PROFISSIONAL........................................................ 16

2.3 HORAS DE ESTÁGIO........................................................................ 16

2.4 DADOS SOBRE O LOCAL DE ESTÁGIO.......................................... 16

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................... 19

3.1 PRODUÇÃO DE LEITE NO BRASIL................................................. 19

3.2 QUALIDADE DO LEITE...................................................................... 21

3.3 CONTAGEM BACTERIANA TOTAL.................................................. 22

3.4 BOAS PRÁTICAS PARA OBTENÇÃO HIGIÊNICA DO LEITE.......... 23

3.4.1 Higiene Pessoal.................................................................................. 25

3.4.2 Descarte dos três primeiros jatos de leite dos tetos........................... 26

3.4.3 Limpeza dos tetos de vacas leiteiras.................................................. 26

3.4.4 Limpeza dos equipamentos e utensílios............................................ 27

3.4.5 Água residual...................................................................................... 29

3.4.6 Controle da temperatura do leite........................................................ 30

4 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS........................ 32

4.1 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS....................................................... 32

4.2 ESTATISTICA DESCRITIVA E DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES

DESENVOLVIDAS.............................................................................

32

4.2.1 Coleta do leite..................................................................................... 33

4.2.2 Recepção............................................................................................ 34

4.2.3 Laboratório.......................................................................................... 34

4.2.3.1 Análises Físico-Químicas................................................................... 35

4.2.3.1.1 Estabilidade térmica........................................................................... 35

4.2.3.1.2 Avaliação das propriedades físicas do leite....................................... 36

4.2.3.1.3 Avaliação dos constituintes do leite.................................................... 37

4.2.3.1.4 Avaliação de substâncias conservadoras e/ou inibidoras.................. 38

4.2.3.1.5 Avaliação de substâncias reconstituintes de densidade.................... 41

4.2.3.1.6 Avaliação de eficiência de tratamento térmico................................... 42

4.2.3.2 Análise microbiológica do leite e derivados........................................ 43

4.2.3.3 Análises sensoriais............................................................................. 44

4.2.4 Setor de beneficiamento e industrialização........................................ 44

4.2.4.1 Filtração.............................................................................................. 45

4.2.4.2 Resfriamento...................................................................................... 45

4.2.4.3 Tanque de equilíbrio........................................................................... 46

4.2.4.4 Pré-aquecimento................................................................................ 47

4.2.4.5 Centrifugação..................................................................................... 47

4.2.4.6 Homogeneização................................................................................ 48

4.2.4.7 Pasteurização..................................................................................... 48

4.2.5 Envase................................................................................................ 49

4.2.6 Estocagem e Expedição..................................................................... 51

4.2.7 Produção dos derivados..................................................................... 52

4.2.8 Cartilha de boas práticas de produção para redução de CBT no

leite.....................................................................................................

52

CONCLUSÃO..................................................................................... 58

CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................ 59

REFERÊNCIAS................................................................................................... 60

ANEXO................................................................................................................ 64

9

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 IMAGEM FRENTE DO LATICÍNINO RUHBAN LTDA.................. 17

FIGURA 2 ORGANOGRAMA ADMINISTRATIVO DO LATICÍNIO RUHBAN

LTDA.............................................................................................

18

FIGURA 3 EXPORTAÇÕES DE PRODUTOS LÁCTEOS EM 2015.............. 20

FIGURA 4 PRINCIPAIS PRODUTOS LÁCTEOS EXPORTADOS EM 2015. 20

FIGURA 5 ORGANOGRAMA DE ITENS DE BOAS PRÁTICAS QUE

INFLUENCIAM NA CARGA MICROBIANA DO LEITE.................

25

FIGURA 6 ÁREAS DE LIMPEZA ESPECIAL DO TANQUE DE

EXPANSÃO..................................................................................

28

FIGURA 7 POSICIONAMENTO INCORRETO (ESQUERDA) E CORRETO

(DIREITA) DOS LATÕES DE LEITE.............................................

30

FIGURA 8 ETAPAS DO FLUXO DO LEITE NA INDÚSTRIA E SEUS

PROCESSAMENTOS...................................................................

33

FIGURA 9 ACIDÍMETRO DE SALUT............................................................. 34

FIGURA 10 AVALIAÇÃO DE RESULTADOS DA PROVA DO ALIZAROL...... 36

FIGURA 11 TERMOLACTODENSÍMETRO IMERSO EM LEITE..................... 37

FIGURA 12 BUTIRÔMETRO DE GERBER APRESENTANDO FRAÇÃO DE

GORDURA SEPARADA...............................................................

38

FIGURA 13 ANÁLISE NEGATIVA (A ESQUERDA) E POSITIVA (A

DIREITA) PARA PRESENÇA DE PERÓXIDO DE

HIDROGÊNIO...............................................................................

39

FIGURA 14 ANÁLISE NEGATIVA (A ESQUERDA) E POSITIVA (A

DIREITA) PARA PRESENÇA DE HIPOCLORITO NO LEITE......

40

FIGURA 15 ANÁLISE NEGATIVA PARA ANTIBIÓTICO ATRAVÉS DO

SNAP TEST..................................................................................

40

10

FIGURA 16 ANÁLISE NEGATIVA (ESQUERDA) E POSITIVA (DIREITA)

PARA ÁLCOOL ETÍLICO..............................................................

41

FIGURA 17 TESTE DE PEROXIDASE (ESQUERDA) E FOSFATASE

ALCALINA (DIREITA) EM LEITE PASTEURIZADO.....................

42

FIGURA 18 ANÁLISE NEGATIVA DE NMP DE COLIFORMES TOTAIS........ 44

FIGURA 19 FLUXOGRAMA DOS PROCESSOS DE PASTEURIZAÇÃO DO

LEITE............................................................................................

45

FIGURA 20 ARMAZENAMENTO DO LEITE APÓS DESCARREGAMENTO

EM PLATAFORMA DE RECEPÇÃO............................................

46

FIGURA 21 TANQUE DE EQUILÍBRIO............................................................ 46

FIGURA 22 DESNATADEIRA CENTRÍFUGA E PASTEURIZADOR DE

PLACAS........................................................................................

47

FIGURA 23 HOMOGENEIZADORA................................................................. 48

FIGURA 24 PASTEURIZADOR DE PLACAS E RETARDADOR DE

FLUXO..........................................................................................

49

FIGURA 25 TANQUE DE LEITE PASTEURIZADO E MÁQUINAS DE

ENVASE........................................................................................

50

FIGURA 26 ENVASAMENTO DO LEITE PASTEURIZADO............................ 50

FIGURA 27 INTERIOR DA CÂMARA FRIA COM O LEITE ENVASADOS E

ACONDICIONADOS EM CAIXAS.................................................

51

FIGURA 28 CAMINHÃO DE DISTRIBUIÇÃO DO LEITE E

DERIVADOS.................................................................................

52

FIGURA 29 CARACTERÍSTICAS DAS PROPRIEDADES............................... 53

11

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 PROGRAMA DE HIGIENIZAÇÃO DE TANQUE DE EXPANSÃO E

LATÕES..............................................................................................

27

TABELA 2 TEMPO DE PERMANÊNCIA EM HORAS NOS DIFERENTES

SETORES DO LATICÍNIO RUHBAN DURANTE O PERÍODO DO

ESTÁGIO CURRICULAR..................................................................

32

TABELA 3 REQUISITOS FÍSICOS, QUÍMICOS E MICROBIOLÓGICOS PARA

LEITE CRU REFRIGERADO..............................................................

35

TABELA 4 MÉTODOS DE ANÁLISE DE CBT DO LABORATÓRIO

APCBRH.............................................................................................

54

TABELA 5 MÉDIA GEOMÉTRIA DE CONTAGEM MICROBIANA

REFERENTE AOS ÚLTIMOS 3 MESES ANTES E APÓS

TREINAMENTO..................................................................................

56

TABELA 6 MÉDIA GEOMÉTRICA DE CONTAGEM MICROBIANA EM

AMOSTRAS DE LEITE COLETADAS EM PRODUTORES QUE

ADOTARAM AS BOAS PRÁTICAS DE PRODUÇÃO......................

57

TABELA 7 MÉDIA GEOMÉTRICA DE CONTAGEM MICROBIANA EM

AMOSTRAS DE LEITE COLETADAS EM PRODUTORES QUE

NÃO ADOTARAM AS BOAS PRÁTICAS DE PRODUÇÃO...............

57

12

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APCBRH Associação Paranaense de Criadores Bovinos da Raça Holandesa

BPP Boas Práticas de Produção

CBT Contagem Bacteriana Total

CPP Contagem padrão em placas

Dra Doutora

LTDA Limitada

L Litros

L/dia Litros por dia

IN Instrução Normativa

N° Número

NMP Número Mais Provável

PPM Partícula por Milhão

Prof Professor

Profa Professora

UFC/cm2 Unidade Formadora de Colônias por centímetro quadrado

UFC/mL Unidade Formadora de Colônia por mililitros

USDA Departamento de Agricultura dos Estados Unidos

UTP Universidade Tuiuti do Paraná

13

LISTA DE SIMBOLOS

% Porcentagem

US$ Dólar Americano

> Maior

14

RESUMO

O presente relatório relata as atividades desenvolvidas durante Estágio Curricular,

requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário. Foi realizado o

acompanhamento das atividades na indústria do Laticínios Ruhban e visitas técnicas

aos produtores, no período de 22 de fevereiro à 4 de maio de 2016. O objetivo do

presente trabalho foi diminuir a contagem bacteriana total do leite cru refrigerado por

meio de treinamento dos produtores através da realização de uma cartilha de boas

práticas de produção. O treinamento e aplicação de Boas Práticas de Produção foi

realizado com dezenove produtores que se encontravam com limite acima do

imposto pela legislação, sendo efetivamente implantado por 36,84% (7/19) desses

produtores em um espaço de 40 dias. Foi possível observar certa rispidez e

relutância por parte de alguns produtores quanto as mudanças propostas para

melhoria da matéria-prima. Mesmo assim, a média de contagem de microrganismos

reduziu numericamente (39,02%), mas para inferências estatísticas seria necessário

um acompanhamento mais longo.

Palavras chave: Boas Práticas de Produção. CBT. Laticínio. Qualidade do Leite.

15

1 INTRODUÇÃO

O leite de boa qualidade, tanto na sua composição como na higiene, é

fundamental para o seu beneficiamento e para a fabricação dos derivados lácteos.

Vantagem para os laticínios por conta da melhoria do rendimento e da qualidade dos

produtos, e também para os consumidores (OLIVEIRA, 2011).

Dentre os parâmetros indicadores de qualidade do leite cru é de suma

importância considerar a Contagem Bacteriana Total (CBT), requisito este que

quando está acima do permitido pela legislação acarreta danos à matéria prima e

aos seus derivados reduzindo sua vida de prateleira, além de potencial risco à saúde

pública (SALOMÃO, 2012; ALMEIDA, 2013).

A Instrução Normativa (IN) n° 62 (BRASIL, 2011) trata do regulamento

técnico de produção, identidade e qualidade do leite tipo A, do leite cru refrigerado,

do leite pasteurizado, do regulamento técnico da coleta de leite cru refrigerado e seu

transporte a granel. A IN determina vários requisitos e dentre eles, a contagem

padrão em placas de microrganismos, que é também chamada que CBT para o leite

produzido nas propriedades rurais do território nacional, destinado à obtenção de

leite pasteurizado para consumo direto ou para a transformação em derivados

lácteos, em todos os estabelecimentos de laticínios submetidos a inspeção sanitária

oficial. As análises para CBT devem ser realizadas pelas propriedades rurais com

frequência mensal.

Os laticínios necessitam implantar um programa de melhoria da qualidade

do leite, visando comprar matéria-prima que aumente o rendimento e melhore a

qualidade de seus produtos. Para tanto, há necessidade de conhecer a realidade da

qualidade do leite recebido pelo laticínio, sendo que o parâmetro CBT é implicado

nas condições higiênico-sanitárias da matéria-prima (OLIVEIRA, 2011).

O presente relatório trata das atividades desenvolvidas durante estágio

curricular obrigatório, realizado como requisito parcial para obtenção do título de

Médico Veterinário. Foi realizado o acompanhamento das atividades na indústria de

Laticínios Ruhban, nas áreas de controles de qualidade do produto e visita técnica

aos produtores no período de 22 de fevereiro a 4 de maio de 2016.

16

2 DADOS SOBRE O ESTÁGIO

As atividades durante o estágio curricular no Laticínio Ruhban Ltda

envolveram acompanhamento da rotina no setor de controle de qualidade do leite e

seus derivados, bem como ações de extensão, com visitas técnicas aos produtores

que forneciam leite cru refrigerado para processamento.

2.1 ORIENTADOR ACADÊMICO

A orientação durante o estágio curricular foi realizada pela Profa. Dra.

Anderlise Borsoi, Médica Veterinária, responsável pela disciplina de Inspeção de

Produtos de Origem Animal, do curso de Medicina Veterinária na UTP.

2.2 ORIENTADOR PROFISSIONAL

O estágio foi orientado pela bióloga e gerente do controle de qualidade

Clarissa Ruhland Bandeira, sob supervisão do responsável técnico médico

veterinário José Emílio Cirino dos Santos do Laticínio Ruhban LTDA.

2.3 HORAS DE ESTÁGIO

O período de estágio no estabelecimento foi de 22 de fevereiro a 4 de maio

de 2016, com 40 horas semanais, totalizando um período de 420 horas.

2.4 DADOS SOBRE O LOCAL DE ESTÁGIO

O Laticínio Ruhban Ltda (Figura 1), localiza-se no município de Piraquara,

no Estado do Paraná, estrada Nova Tirol, n°10000, Colônia Santa Maria.

As atividades iniciaram no ano de 1996, sendo primeiramente uma

propriedade leiteira. A usina de beneficiamento de leite foi fundada somente com o

objetivo de envasar o próprio leite, com produção média de 500L/dia. Em 2003,

iniciaram a participar do programa Leite das Crianças, quando um expressivo

aumento na quantidade de produtores tornou-se parceiros, aproximadamente 130

produtores. A indústria de beneficiamento de leite foi ampliada, produzindo novos

17

produtos como o creme de leite, bebida láctea, iogurte, além do leite pasteurizado,

chegando a beneficiar aproximadamente 52.000L/dia. Na atualidade possui

aproximadamente 53 produtores fornecedores, beneficiando 11.000L de leite por dia

e contando com 27 funcionários envolvidos no processo (Figura 2).

As análises de qualidade dos produtos são realizadas em laboratório da

empresa e inspecionada pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento

(MAPA), por meio de um fiscal estadual do Serviço de Inspeção Paranaense

(SIP/POA).

O Laticínio Ruhban é registrado no Serviço de Inspeção Estadual, sob

número 0069-L, contando com inspeção em todo o processo de beneficiamento do

leite. Tendo como Responsável Técnico o Médico Veterinário José Emílio Cirino dos

Santos.

FIGURA 1 – IMAGEM FRENTE DO LATICÍNINO RUHBAN LTDA

18

FIGURA 2 – ORGANOGRAMA ADMINISTRATIVO DO LATICÍNIO RUHBAN LTDA.

Diretor Geral

(1 funcionário)

Gerente Financeiro

(1 funcionário)

Gerente Controle de Qualidade

(1 funcionário)

Administrativo 5 funcionários

Derivados 2 funcionários

Envase 4 funcionários

Laboratório 2 funcionários

Expedição 1 funcionário

Motoristas Entrega

6 funcionários

Limpeza Geral 1 funcionário

Limpeza Caixas 1 funcionário

Plataforma de Recepção de

Leite/ Caldeira2 funcionários

19

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 PRODUÇÃO DE LEITE NO BRASIL

O Brasil é o sexto maior produtor mundial de leite, atrás da União Europeia,

Estados Unidos, Índia, China e Rússia, com uma produção de 26.300 mil toneladas

em 2015 (USDA, 2015). Dentre os estados brasileiros, o Paraná em 2014, foi o

terceiro maior produtor nacional, com 4.533 milhões de litros anuais, superado por

Minas Gerais e Rio Grande do Sul (EMBRAPA, 2015).

A exportação de produtos lácteos, mesmo com um total de mais de 531.6

milhões de litros exportados em equivalentes-leite (coeficiente aplicado aos produtos

lácteos de modo a poder comparar quantidades de produtos distintos que são

reduzidos à mesma unidade de medida), apresentou em 2015 uma queda de 5,5%

em relação ao volume de 2014, de mais de 562.5 milhões de litros. Os principais

destinos das exportações brasileiras (Figura 3) foram Venezuela, responsável por

74,7% da receita de exportações com lácteos (US$ 238.6 milhões), seguida por

Arábia Saudita (US$ 12.7 milhões), Angola (US$ 11 milhões) e Emirados Árabes

Unidos (US$ 6.5 milhões) (MILKPOINT, 2015).

O maior volume das exportações em 2015 foi de leite em pó integral (Figura

4), com mais de 41.000 toneladas exportadas, sendo a maior parte do volume

destinado ao mercado venezuelano. Embora com volume 24,5% menor que o do

ano anterior, o leite condensado ficou em segundo lugar, com mais de 21.000

toneladas exportadas, seguido por creme de leite e queijos (MILKPOINT, 2015).

20

FIGURA 3 – EXPORTAÇÕES DE PRODUTOS LÁCTEOS EM 2015

FONTE: MILKPOINT, 2015.

FIGURA 4 – PRINCIPAIS PRODUTOS LÁCTEOS EXPORTADOS EM 2015

FONTE: MILKPOINT, 2015.

21

3.2 QUALIDADE DO LEITE

A qualidade do leite pode ser definida pela ausência de agentes físicos,

químicos e biológicos que apresentam riscos à saúde do consumidor, tais como

substâncias estranhas, antimicrobianos, pesticidas, herbicidas, patógenos e toxinas,

entre outros. Além de apresentar qualidade dos componentes, qualidade sensorial e

a qualidade tecnológica (SALOMÃO, 2012).

Durante alguns anos no Brasil a qualidade do leite cru não recebia a devida

importância. Com o passar dos anos houveram alguns avanços na cadeia produtiva

do leite, citando principalmente, a profissionalização do produtor, a granelização da

captação do leite, os investimentos em modernização e ampliação do parque

industrial, a regulamentação do setor pelos órgãos oficiais e o monitoramento da

qualidade do leite por parâmetros internacionais. Em decorrência desses fatores,

avanços vêm sendo observadas na produção, produtividade e melhorias na

qualidade do leite (CERQUEIRA et al., [2012?]).

Com a necessidade de melhoria da qualidade do leite e sua

comercialização, foi criado no ano de 1998, pelo Governo Federal, o Programa

Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite (PNMQL) e tempo após foi criada a

proposta da Instrução Normativa (IN) 51, no ano de 2002 (BRASIL, 2002). A IN teve

como principal objetivo a atualização do setor leiteiro para a melhoria de qualidade

da matéria prima. Esta legislação foi precursora da Instrução Normativa n°62

(BRASIL, 2011), com critérios de higiene, manejo sanitário, armazenamento e

transporte do leite ainda mais rígidos para a produção, adotando metas para

qualidade sanitária do leite, a serem adotadas nas diferentes unidades federativas

do Brasil de acordo com calendário estipulado na mesma.

De acordo com a IN 62, é obrigatória a análise de amostra de leite de cada

produtor que destina seu produto para estabelecimento sob inspeção federal, em

laboratório credenciado, para determinação da composição do leite (teores de

gordura, proteína, sólidos totais), Contagem Bacteriana Total (CBT) e contagem de

células somáticas (BRASIL, 2011).

Para a análise de CBT foi definido pela IN 62 um limite de 300.000 UFC/mL,

com vigência proposta para até 30 de junho de 2016 para as regiões Sul, Sudeste e

Centro Oeste, sendo que a partir de julho entraria em vigor novos limites (BRASIL,

2011). No entanto, no início do mês de maio de 2016, foi anunciada prorrogação por

22

mais dois anos dos novos limites estipulados para o leite previsto na IN 62

(SINDILAT, 2016).

A qualidade do leite produzido no Brasil merece atenção por parte de toda a

cadeia produtiva, pois diferentes problemas são constantes no setor (ALMEIDA,

2013). A existência de problemas relacionados a condições higiênicas deficiente

durante os processos de obtenção, manipulação e conservação do leite são as

principais razões para a perda de qualidade de leite (BELOTI et al., 2012; WOBETO

et al., 2013; CARNEIRO JUNIOR et al., 2015).

A medida direta da contaminação do leite é analisada através da CBT

(ALMEIDA, 2013). Portanto, as medidas higiênicas adotadas em propriedades rurais

são fundamentais para se obter um produto de alta qualidade com baixa contagem

bacteriana (BOZO et al., 2013).

A busca por melhoria na qualidade do leite é um tema relevante, pois além

de tornar o produto mais seguro para o consumo, aumenta a vida de prateleira e

torna o setor laticinista brasileira mais competitivo frente ao mercado internacional

(SALOMÃO, 2012; ALMEIDA, 2013).

3.3 CONTAGEM BACTERIANA TOTAL

Características como elevada disponibilidade de nutrientes, alta atividade de

água e pH próximo à neutralidade tornam o leite um ótimo meio de cultura para

muitos microrganismos (SALOMÃO, 2012). A CBT refere-se a contagem do número

total de bactérias presentes numa dada amostra de leite, bem como a taxa de

multiplicação microbiana. A carga microbiana é expressa em unidade formadora de

colônia (UFC x 106 unidades/mL) (CARNEIRO JUNIOR et al., 2015). Tais bactérias

têm potencial de se multiplicarem podendo causar alterações no leite tais como a

degradação de gorduras, proteínas ou carboidratos, podendo tornar o produto

impróprio para o consumo e processamento industrial (BELOTI et al., 2011;

SALOMÃO, 2012).

A CBT é parâmetro de avaliação de qualidade microbiológica do leite

(ALMEIDA, 2013). O parâmetro pode refletir a higiene do animal, do ambiente, dos

equipamentos, dos procedimentos de ordenha e do resfriamento (BELOTI et al.,

2011).

23

A higiene da ordenha; as falhas na limpeza e sanitização dos equipamentos

de ordenha e/ou tanque de refrigeração; falhas na limpeza dos tetos que podem

estar contaminados por microrganismos presente no esterco, no alimento e nas

camas dos animais; falhas na refrigeração e o período de tempo de armazenagem

do leite são fatores que afetam diretamente a contaminação e multiplicação

microbiana do leite cru e consequentemente a CBT (SALOMÃO, 2012; ALMEIDA,

2013).

Em um recente estudo realizado Witt et al. (2015) em uma microrregião do

Rio Grande do Sul, considerando os padrões estabelecidos pela IN 62 para

contagem bacteriana total, de 548 amostras de leite analisadas, foi observado que

81% destas encontravam-se acima dos limites máximos estabelecidos. O estudo

demonstra que apesar de existir padrões estabelecidos por lei, o cumprimento

destes ainda é desafio no setor.

A redução da população bacteriana do leite envolve os esforços que se

estendem ao longo de toda a cadeia produtiva do leite e derivados, abrangendo

atividades de produção, manipulação, elaboração, armazenamento, transporte e

distribuição (SALOMÃO, 2012).

3.4 BOAS PRÁTICAS PARA OBTENÇÃO HIGIÊNICA DO LEITE

A qualidade do leite que chega na indústria é determinada pela qualidade do

leite que sai da propriedade, deste modo, é essencial que os produtores se

conscientizem da importância de fornecer o seu produto com qualidade exigida pela

legislação. Cabe a indústria recompensar o produtor financeiramente por um produto

que lhe traz maior rendimento, diminuição de problemas tecnológicos e maior

lucratividade. O pagamento por qualidade do leite é a forma mais eficiente de obter

resultados na implantação das boas práticas junto aos produtores (BELOTI et al.,

2012).

As Boas Práticas de Produção (BPP) aplicadas à pecuária de leite, tratam da

implementação de procedimentos adequados em todas as etapas da produção de

leite nas propriedades rurais. A aplicação destas práticas na bovinocultura de leite é

uma alternativa para minimizar os riscos de contaminações nas diferentes etapas do

processo de produção de leite e derivados, devendo ser aplicadas desde a obtenção

até o transporte da matéria-prima para processamento. Esses procedimentos são

24

capazes de reduzir a contaminação microbiana e fundamentam-se na exclusão,

remoção, eliminação e inibição da multiplicação de microrganismos indesejáveis,

levando a uma maior vida de prateleira do produto e menor risco de doenças ao

consumidor (VALLIN et al, 2009; MATSUBARA, 2011).

Para firmar com eficiência um programa de qualidade do leite requer,

indispensavelmente, o treinamento dos ordenadores sobre o correto funcionamento

e manutenção dos equipamentos de ordenha, assim como a limpeza e higiene deles

e a aplicação de boas práticas (BOZO et al., 2013).

Bozo et al. (2013) realizaram um trabalho com o objetivo de adequar a

qualidade do leite cru refrigerado de cinco propriedades leiteiras no estado do

Paraná. A média de CBT era de 1,36 x 106 UFC/mL. Após a implantação de boas

práticas de ordenha e adoção de recomendações quanto à manutenção e

higienização dos equipamentos de ordenha houve uma redução média de 93,4% na

CBT. Estas reduções ainda resultaram em um aumento na renda do produtor por

pagamento pela qualidade.

Segundo a empresa de pesquisa agropecuária (PESAGRO, 2015), as boas

práticas higiênico-sanitárias aplicadas na produção, reflete-se em leite de melhor

qualidade, menor perecibilidade, maior valor nutricional, maior competitividade com

outros produtores. Ainda promove a garantia de permanência do produto no

mercado, com derivados lácteos seguros e de qualidade e seguros para o

consumidor, ainda com maior valor agregado.

Os itens em boas práticas de ordenha que influenciam diretamente na carga

microbiana do leite estão apresentados na Figura 5.

25

FIGURA 5 – ORGANOGRAMA DE ITENS DE BOAS PRÁTICAS QUE INFLUENCIAM NA CARGA MICROBIANA DO LEITE

3.4.1 Higiene Pessoal

As bactérias estão em todos os lugares, por isso o produtor deve adorar

medidas para que o leite não seja contaminado, como, usar roupas limpas para

ordenhar as vacas, lavar as mãos e mantê-las limpas durante a ordenha (SENAR,

2012).

As práticas pessoais de higiene para a realização da ordenha incluem:

manter sempre os cabelos, pelos dos braços e barbas limpos aparados; usar touca

ou boné para evitar a queda do cabelo no leite; trabalhar com as roupas limpas e

apropriadas para a atividade, trocando todo dia, além do uso de botas de borracha;

manter as unhas curtas e limpas; lavar as unhas, mãos e antebraços antes de iniciar

a ordenha; lavar as mãos sempre que sujá-las durante a ordenha (EPAMIG, 2012).

Em um trabalho realizado por Silva et al. (2011) em seis propriedades no

agreste pernambucano, foi identificado que as mãos dos ordenadores eram um

importante ponto de contaminação do leite. Sendo notado que as contagens de

bactérias antes da ordenha e após a ordenha reduziram, no qual concluiu que parte

da contaminação inicial das mãos foi incorporada aos tetos e ao leite durante a

ordenha, visto que as mãos não eram lavadas durante a ordenha.

CARGA MICROBIANA

Higiene Pessoal

Descarte dos três primeiros jatos do teto

Limpeza dos tetos

Limpeza dos tanque de expansão ou latões

Água residual

Controle da temperatura do leite

26

3.4.2 Descarte dos três primeiros jatos de leite dos tetos

Os três primeiros jatos de leite do teto devem ser descartados, devido a alta

contaminação. Os jatos de leite devem ser avaliados em caneca de fundo preto para

verificar se há a presença de grumos, coágulos, pus ou sangue o que indica que o

animal está com mastite. O processo descrito é chamado de teste da caneca, após

este o leite deve ser sempre descartado em um local apropriado (BRASIL, 2011;

EPAMIG, 2012).

Segundo Matsubara et al. (2011) é importante o desprezo dos três primeiros

jatos de cada teto antes da ordenha para se obter um leite com qualidade, uma vez

que estes jatos apresentam altas contagens de microrganismos, como aeróbios

mesófilos 3,8 x 104 UFC/mL, encontrados em seu estudo. Além de diminuir a

contagens de aeróbios mesófilos nos equipamentos e utensílios de ordenha, e

consequentemente no leite final.

Em um trabalho realizado por Yamazi et al. (2010), os primeiros jatos do leite

dos animais são os principais pontos de contaminação de microrganismos. O

mesmo autor constatou que o descarte dessa porção de leite reduziu 77,5% na

contagem média de aeróbios mesófilos.

3.4.3 Limpeza dos tetos de vacas leiteiras

No caso de tetos sujos, deve-se lavar com água limpa com baixa pressão e

secar com toalha de papel descartável e não reciclada, uma toalha de papel para

cada teto. As toalhas de papel utilizadas devem ser descartadas em local adequado,

pois são potenciais fontes de contaminação (BRASIL, 2011; EPAMIG, 2012;

PESAGRO, 2015).

Silva et al. (2011) realizaram um trabalho em seis propriedades no agreste

pernambucano, onde foi observado que houve aumento de 102 UFC/cm2 de

aeróbios mesófilos em tetos sujos após a limpeza com pano não higienizado.

27

3.4.4 Limpeza dos equipamentos e utensílios

Segundo EPAMIG (2012) a limpeza dos equipamentos deve ser iniciada

imediatamente após a coleta do leite pelo caminhão tanque pois, a demora em

iniciar esse processo facilita a deposição de resíduos sobre a superfície dos

materiais dificultando ainda mais a higienização.

A primeira etapa de limpeza consiste no pré-enxágue (Tabela 1) com água

sob pressão e de preferência morna (entre 38 e 43°C), sem recircular, com o

objetivo de remover resíduos do leite, até que a água utilizada esteja incolor

(EPAMIG, 2012; EMBRAPA, 2011).

TABELA 1 – PROGRAMA DE HIGIENIZAÇÃO DE TANQUE DE EXPANSÃO E LATÕES

Fatores Tempo Temperatura Drenagem Observações

Pré-enxague Indeterminado Água morna 38°C a 43°C

Drenar rapidamente não recircular

Iniciar a limpeza imediatamente após

a coleta do leite

Limpeza detergente

alcalino clorado

10 minutos 75 a 77°C inicial

43°C final

Recircular enquanto solução mantiver

na temperatura ideal, após drenar rapidamente

A limpeza alcalina deve ser feita sempre

antes da ácida

Enxágue detergente

alcalino

Remoção detergente

Água ambiente 18°C a 25°C

Drenar rapidamente sem recircular

Enxágue para remoção dos resíduos de detergente

Limpeza detergente

ácido 5 minutos

Água morna 38°C a 43°C

ou temperatura ambiente

18°C a 25°C

Recircular por 5 minutos e depois

drenar

Lavagem ácida semanal

Enxágue detergente

ácido

Remoção detergente

Água ambiente 18°C a 25°C

Drenar rapidamente sem recircular

Enxágue para remoção dos resíduos de detergente

Desinfecção 5 minutos Água ambiente

18°C a 25°C Recircular por 5 minutos

e depois drenar

Deve ser feito 30 minutos antes da

ordenha. Não enxaguar

FONTE: ADAPTADO DE EPAMIG, 2012.

28

A segunda etapa consiste da utilização do detergente alcalino clorado. A

ação dos detergentes alcalinos ocorre em temperatura de 75 a 77°C, conforme

especificação dos fabricantes dos produtos. Ao final da limpeza deve-se assegurar

que a temperatura da água não esteja abaixo de 43°C, pois a solução de detergente

e sujidades pode iniciar depósito da fração sólida que removeu em temperatura mais

alta. Esta fase deve durar 10 minutos (EMBRAPA, 2011).

A utilização de escovas macias e apropriadas para a limpeza nessa etapa

exercem uma ação mecânica de grande importância (EMBRAPA, 2011). As escovas

devem ser de boa qualidade, não sendo duras ou abrasivas, pois podem vir a formar

ranhuras que servem de abrigo para bactérias e microrganismos. Além disso, devem

ser trocadas periodicamente, pois quando velhas e gastas não limpam direito e

podem se tornar focos de contaminação (EPAMIG, 2012).

Nos tanques de expansão deve ser dada atenção especial a área da tampa,

pá do agitador e válvula de saída do tanque, áreas indicadas na Figura 6 (EPAMIG,

2012). Após a circulação com detergente, deve-se enxaguar toda a superfície com

água a temperatura ambiente (18 a 25°C), sem recircular, para remoção dos restos

de solução de limpeza (EMBRAPA, 2011; EPAMIG, 2012).

FIGURA 6 - ÁREAS DE LIMPEZA ESPECIAL DO TANQUE DE EXPANSÃO

29

A terceira etapa consiste na limpeza realizada com detergente ácido, para

remover principalmente os minerais provenientes do leite e da água utilizada. Essa

limpeza pode ser realizada uma vez na semana. Deve-se deixar a solução circular

por 5 minutos com água morna ou temperatura ambiente (EMBRAPA, 2011;

EPAMIG, 2012).

Após a ação do detergente, deve-se enxaguar toda a superfície com água

sob pressão para a remoção completa do detergente, uma vez que seus resíduos

podem diminuir ou inibir a ação de sanitizante à base de cloro. Ao final do processo,

a água deve ser totalmente drenada (EPAMIG, 2012).

A última etapa é a desinfecção, onde 20 a 30 minutos antes da ordenha,

deve-se sanitizar o equipamento com hipoclorito de sódio (150 ppm de cloro) à

temperatura ambiente, deixando circular por cinco minutos. O objetivo da sanitização

é eliminar as bactérias que sobreviveram durante a limpeza e se desenvolveram

durante o intervalo das ordenhas (EMBRAPA, 2011). Após a sanitização, não é

recomendado realizar o enxágue, apenas a drenagem (retirando o excesso de

solução que pode ter ficado) (EMBRAPA, 2011; EPAMIG, 2012).

3.4.5 Água residual

Segundo EPAMIG (2012) para evitar que fique água residual, deve-se

guardar os baldes ou latões em local limpo e seco, de boca virada para baixo,

evitando que encostem ao chão, até a próxima ordenha. Como exemplificado na

Figura 7.

30

FIGURA 7 - POSICIONAMENTO INCORRETO (ESQUERDA) E CORRETO (DIREITA) DOS LATÕES DE LEITE

Em uma pesquisa realizada por Matsubara et al. (2011), foi demonstrado

que com a simples prática de inverter os latões, em local seco e afastado do solo,

eliminava-se totalmente a água residual.

3.4.6 Controle da temperatura do leite

Para evitar altas contagens bacterianas é preciso trabalhar com higiene e

refrigerar o leite o mais rápido possível após a ordenha, mantendo-o refrigerado na

propriedade até a coleta (SENAR, 2012). A IN 62 estabelece que, para inibir a

multiplicação das bactérias e evitar que o leite deteriore, a temperatura do leite deve

atingir 4°C ou inferior no tempo máximo de três horas após a ordenha para os

resfriadores tipo expansão (a granel) e para os resfriadores tipo imersão, é

recomendado que se atinja 7°C no mesmo tempo, independente da capacidade de

cada tipo de resfriador (BRASIL, 2011).

Segundo Taffarel et al. (2013) o leite deve ser refrigerado imediatamente

após a ordenha em temperaturas menores que 4,5°C para retardar o início e reduzir

a taxa de crescimento bacteriano, sendo que seus efeitos dependem do conteúdo

microbiológico inicial, da velocidade, da eficiência do processo de resfriamento e da

duração da estocagem. Em um estudo realizado pelos mesmos autores na região

INCORRETO CORRETO

31

Oeste do Paraná, com informações da CBT do leite de 1.232 produtores, foi

demonstrado que 13,7% dos produtores granelizados e 42,8% dos produtores que

utilizaram resfriadores do tipo imersão apresentaram leite com CBT > 7,5 x 105 UFC

mL -1, demonstrando que a utilização de resfriador tipo expansão apresenta melhor

qualidade microbiológica.

32

4 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

4.1 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Durante o período de estágio curricular obrigatório foi possível acompanhar

o processamento do leite, envolvendo atividades desde a coleta do leite nos

produtores, recepção do leite na plataforma até o processamento do leite, fabricação

de produtos derivados (leite pasteurizado, creme de leite, iogurte e bebida láctea),

até a expedição. O foco do trabalho foi no treinamento dos produtores em aplicação

de boas práticas de produção com objetivo de redução de contagem bacteriana total

do leite cru refrigerado. As ações basearam-se no desenvolvimento de uma cartilha

de boas práticas para produção higiênica de leite, abordando pontos desde a

ordenha até o carregamento do leito no caminhão coletor, para treinamento dos

produtores na aplicação das boas práticas descritas.

4.2 ESTATISTICA DESCRITIVA E DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES

DESENVOLVIDAS

A Tabela 2 apresenta dados com o período de permanência em cada setor

do Laticínio Ruhban durante o estágio e na Figura 8 pode-se observar as etapas do

fluxo na indústria e seus processamentos.

TABELA 2 – TEMPO DE PERMANÊNCIA EM HORAS NOS DIFERENTES SETORES DO LATICÍNIO RUHBAN DURANTE O PERÍODO DO ESTÁGIO

CURRICULAR

Setor do Laticínio Total de horas

Administrativo de controle de qualidade 100 horas

Coleta leite 120 horas

Laboratório 172 horas

Beneficiamento e Industrialização 24 horas

Recepção e Expedição 4 horas

Total 420 horas

33

FIGURA 8 - ETAPAS DO FLUXO DO LEITE NA INDÚSTRIA E SEUS PROCESSAMENTOS

FONTE: SILVA, 2012.

4.2.1 Coleta do leite

O leite coletado nas propriedades era transportado por caminhões com

tanques isotérmicos previamente higienizados, através de coletores treinados, onde

o leite antes de ser coletado era homogeneizado, verificada a temperatura, realizado

o teste do alizarol através do acidímetro de Salut (Figura 9) e coletado uma amostra

do leite para rastreamento.

Obtenção higiênica (ordenha)

Transporte

Laticínio

Recepção do leite plataforma

Análises laboratoriais de rotina

Padronização do leite

Tratamento térmico (homogenização/ pasteurização)

Leite consumo direto (fluido)

Setor de envase

Câmaras frias (armazenamento)

Comercialização

Setor de elaboração de derivados lácteos

Iogurte, Bebida láctea, Creme de leite

Câmaras frias (armazenamento)

Comercialização

34

FIGURA 9 - ACIDÍMETRO DE SALUT

4.2.2 Recepção

O leite coletado nas propriedades chegava ao laticínio em uma temperatura

entre 4°C a 10°C. Ao chegar à plataforma era recolhido uma amostra de

aproximadamente 200 mL de cada tanque, onde eram encaminhadas ao laboratório

para a realização de análises.

4.2.3 Laboratório

Era realizado o controle físico-químico e microbiológico do leite e dos

derivados. O leite que estivesse dentro dos limites para os padrões exigidos pela IN

62 (Tabela 3) era destinado ao processamento na indústria, por outro lado o leite

que não estava, era destinado a alimentação animal. Foram realizados os seguintes

testes:

35

TABELA 3 – REQUISITOS FÍSICOS, QUÍMICOS E MICROBIOLÓGICOS PARA LEITE CRU REFRIGERADO

Item de Composição Requisitos

Gordura (g/100g) Mínimo 3,0

Acidez, em g de ácido láctico/ 100 mL 0,14 a 0,18

Densidade relativa, 15/15°C, g/mL 1,028 a 1,034

Índice crioscópico: - 0,530°H a -0,550°H (equivalentes a -0,512°C a -0.531°C)

Sólidos Não-Gordurosos (g/100g): Mínimo 8,4

CCP (UFC/mL) Máximo de 3,0 x 105

CCS (CCS/mL) Máximo de 5,0 x 105

FONTE: BRASIL, 2011.

4.2.3.1 Análises Físico-Químicas

São metodologias utilizadas para avaliação de características físicas do

produto, como acidez ou densidade. Na indústria, estas características são

analisadas para que possam selecionar a matéria-prima, monitorar e padronizar os

produtos durante o processo de fabricação e para a garantia de que o produto

atenda às normas de legislação (CAPLAB, 2015). A seguir descrevem-se as

principais análises físico-químicas realizadas no laticínio.

4.2.3.1.1 Estabilidade térmica

Avalia a resistência do leite ao aquecimento ao qual será submetido para

tratamento térmico. Alguns fatores, como desequilíbrio salino e acidez, podem

reduzir a estabilidade das micelas de caseína, provocando coagulação/ formação de

grumos no leite (CASTANHEIRA, 2012).

O teste de acidez titulável era realizado através da adição de fenolftaleína

1% seguida da solução titulada de soda Dornic (°D), onde no ponto de viragem a

amostra apresenta cor levemente rósea. Já a prova do alizarol consistia em utilizar

amostra de leite e solução de alizarol, onde visualizava-se a acidez através da

mudança de cor (Figura 10).

36

Segundo CAPLAB (2015) a interpretação do teste de alizarol indica normal

quando se apresenta na coloração rosa claro ou tijolo, amarelo com grumos quando

ácido, violeta ou lilás quando alcalino e coloração vermelho tijolo com forte

coagulação suspeita-se de desiquilíbrio salino.

FIGURA 10 – AVALIAÇÃO DE RESULTADOS DA PROVA DO ALIZAROL

4.2.3.1.2 Avaliação das propriedades físicas do leite

Segundo INCOTERM (2016) a densidade é utilizada para detectar fraude

por adição de água, através do uso do termolactodensímetro (de Quevene) (Figura

11). O aparelho constava de uma esfera com um flutuador e uma coluna delgada,

onde encontrava-se uma escala de temperatura com graduações entre 0 a 50°C e

uma escala de 15 a 40 graus Quevene. Para a interpretação do resultado devia-se

cruzar o valor da temperatura com o valor dos graus Quevene e comparar com

tabela própria para tal.

Índice crioscópico é expressado em graus Hortvert (°H), utilizado para

verificar fraude por adição de água e avaliar a temperatura de congelamento do leite,

que depende da concentração de sólidos solúveis da amostra. No laticínio, era

utilizado o crioscópio modelo Laktron 312-L (Laktron, Brasil).

Normal

Ácido Desequilíbrio salino com

grumos

37

A temperatura dos tanques de leite cru, leite pasteurizado e câmaras frias de

estocagem de leites eram monitoradas diariamente por meio de registros em papel.

FIGURA 11 - TERMOLACTODENSÍMETRO IMERSO EM LEITE

4.2.3.1.3 Avaliação dos constituintes do leite

A determinação do teor de gordura no leite era analisada através do método

butirométrico. Onde, consistia na separação e quantificação da gordura, por meio do

tratamento da amostra com ácido sulfúrico e álcool isoamílico, utilizando o

butirômetro de Gerber (Figura 12).

A determinação dos sólidos totais e desengordurados é de grande

importância nos cálculos de rendimento industrial de derivados (BEZERRA et al.,

2011). A determinação era realizada través de métodos indiretos, por meio dos

valores de densidade e teor de gordura, conforme a fórmula de Halenke, onde,

EST= 5 x G+ D/4 + 0,007, sendo que D são os graus lactométricos. Já os sólidos

desengordurados eram calculados a partir dos dados de teor de gordura e de sólidos

totais, onde, bastava subtrair do EST a percentagem de gordura encontrada

(butirômetro).

38

FIGURA 12 - BUTIRÔMETRO DE GERBER APRESENTANDO FRAÇÃO DE GORDURA SEPARADA

4.2.3.1.4 Avaliação de substâncias conservadoras e/ou inibidoras

Avalia a presença de substâncias adicionadas, fraudulentamente, ao leite, a

fim de conservar suas propriedades físico-químicas, inibindo o desenvolvimento de

microrganismos contaminantes (CASTANHEIRA, 2012). Os usados no laticínio são,

peróxido de hidrogênio, formol, hipoclorito e antibióticos

Na pesquisa de peróxido de hidrogênio (água oxigenada), sua presença era

detectada devido formação de coloração rósea ou salmão (Figura 13) em presença

de guaiacol.

A técnica de pesquisa de formaldeído (formol) consistia em adição de ácido

sulfúrico e cloreto de ferro aquecido até a ebulição, onde o surgimento de coloração

roxa ou violácea significava reação positiva, já a cor amarela, negativa.

39

FIGURA 13 - ANÁLISE NEGATIVA (A ESQUERDA) E POSITIVA (A DIREITA) PARA PRESENÇA DE PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO

A pesquisa de hipoclorito (Figura 14) fundamenta-se na formação de iodo

livre a partir do iodeto de potássio, pela ação do hipoclorito (INSTITUTO ADOLFO

LUTZ, 2008; CASTANHEIRA, 2012). No qual, a coloração amarela indicava positivo.

A detecção de antibióticos consiste em grande importância devido aos

problemas que podem ocasionar para saúde pública e para produção dos derivados.

No laticínio era realizado através de um snap test (Figura 15) para a determinação

de antibióticos beta-lactâmicos e tetraciclinas.

40

FIGURA 14 - ANÁLISE NEGATIVA (A ESQUERDA) E POSITIVA (A DIREITA) PARA PRESENÇA DE HIPOCLORITO NO LEITE

FIGURA 15 - ANÁLISE NEGATIVA PARA ANTIBIÓTICO ATRAVÉS DO SNAP TEST

41

4.2.3.1.5 Avaliação de substâncias reconstituintes de densidade

São utilizados substâncias para aumentar o teor de sólidos ou mascarar

fraude por aguagem (CASTANHEIRA, 2012; CAPLAB, 2015). No laticínio as

análises utilizadas são: amido solúvel, sacarose, cloreto de sódio e álcool etílico

Na prova de amido quando positivo era possível verificar o desenvolvimento

de coloração azulada após aquecimento e adição de solução de iodo (lugol) à

amostra. Quando negativo, apresentava coloração laranja. Sendo realizado uma

análise mensalmente.

A pesquisa de glicose era feita com adição de ácido clorídrico e resorcina,

onde coloração rósea imediata indicava presença de glicose e não alterava a

coloração quando negativo. Era realizado uma análise mensalmente.

O cloreto era identificado através da ação do nitrato de prata em presença

do indicador cromato de potássio. Em caso de positivo o meio torna-se amarelo,

caso contrário a cor seria marrom avermelhada (variando de alaranjado escuro ao

vermelho-tijolo).

A análise de álcool etílico era realizada através da adição de antiespumante

e solução sulfocrômica ao leite, através de um sistema fechado e com fervura. No

qual, a coloração da solução sulfocrômica (Figura 16) permanecia inalterada quando

negativo e coloração verde quando positiva.

FIGURA 16 - ANÁLISE NEGATIVA (ESQUERDA) E POSITIVA (DIREITA) PARA ÁLCOOL ETÍLICO

42

4.2.3.1.6 Avaliação de eficiência de tratamento térmico

A pesquisa das enzimas fosfatase alcalina e peroxidase (Figura 17) podem

ser usadas como parâmetro de verificação da eficiência do tratamento térmico por

estarem presentes no leite fresco (BEZERRA et al., 2011).

A peroxidase é inativada quando ocorre um aquecimento acima 75°C por

mais de 20 segundos, resistente à temperatura de pasteurização (BEZERRA et al.,

2011). O teste era realizado através da adição de guaiacol e água oxigenada

formando uma coloração salmão quando o leite era pasteurizado adequadamente.

Já a fosfatase era inativada à temperatura de pasteurização. Assim sendo,

quando positivo em leite que sofreu um processo de pasteurização, indica uma falha

na temperatura ou tempo de tratamento térmico ou mistura de leite pasteurizado

com leite cru (BEZERRA et al., 2011). O teste de fosfatase consistia na adição desta

enzima com gotas de leite, apresentando coloração inalterada quando negativo.

FIGURA 17 - TESTE DE PEROXIDASE (ESQUERDA) E FOSFATASE ALCALINA (DIREITA) EM LEITE PASTEURIZADO

43

4.2.3.2 Análise microbiológica do leite e derivados

O controle microbiológico do leite era realizado através das análises de

Contagem de Células Somáticas (CCS), CBT, Contagem Padrão em Placa (CPP),

Número Mais Provável (NMP) de coliformes totais e coliformes termotolerantes.

Segundo Tronco (1997) todas essas análises indicam contaminação de matéria-

prima, falta de higiene, limpeza e desinfecção insuficientes e ainda condições de

tempo e temperatura inadequados durante a produção e conservação.

As análises de CCS e CBT de todos os produtores eram realizadas duas

vezes ao mês, sendo enviadas para o laboratório da Associação Paranaense de

Criadores Bovinos da Raça Holandesa (APCBRH). Após análise, era recebido um

laudo com a média geométrica sobre um período de três meses.

O NMP de coliformes totais (Figura 18) era realizada em todos os produtos,

além dos tanques (isotérmico e pasteurizador). Está técnica baseia-se na inoculação

da amostra em caldo verde brilhante, em que a presença de coliformes era

evidenciada pela formação de gás nos tubos de Durhan.

Quando positivo para coliformes totais era realizado análise para coliformes

termotolerantes. Onde consistia na inoculação em caldo Escherichia coli (EC), com

incubação em temperatura seletiva de 45 ± 0,2°C. A presença de gás nos tubos de

Durhan evidenciava a fermentação da lactose presente no meio.

A CPP era realizada para cada lote de leite pasteurizado, assim como dos

caminhões coletores, sendo a diluição realizada com água destilada de 10-2 e 10-4

respectivamente.

44

FIGURA 18 - ANÁLISE NEGATIVA DE NMP DE COLIFORMES TOTAIS

4.2.3.3 Análises sensoriais

A análise sensorial pode ser definida como sendo a avaliação de alimentos e

outros materiais, através dos sentidos humanos (CASTANHEIRA, 2011). Eram

realizadas análises sensoriais nos iogurtes e bebidas lácteas através de testes

discriminativos, onde era avaliado as características organolépticas dos alimentos,

tais como, sabor, aroma, espessura e viscosidade.

4.2.4 Setor de beneficiamento e industrialização

O setor de beneficiamento e industrialização era composto de diversos

processos, conforme a Figura 19 pode-se representar mais claramente esses

processos:

45

FIGURA 19 - FLUXOGRAMA DOS PROCESSOS DE PASTEURIZAÇÃO DO LEITE

FONTE: TRONCO, 1997.

4.2.4.1 Filtração

O leite que era descarregado na plataforma de recepção, inicialmente

passava pela filtração, constituído de uma fina tela de inox localizada na tubulação,

onde eliminava as sujidades do leite como: fios de cabelo, pelos de animais, fibras

vegetais, entre outros.

4.2.4.2 Resfriamento

Após o leite ser filtrado era armazenado em tanques isotérmicos (Figura 20)

onde aguardava ser processado.

Leite Cru Filtração Resfriamento (4°C)

Pré-aquecimentoCentrífuga

desnatadeiraHomogeneizadora

Pasteurização

(72-75°C) (Retardador)

Resfriamento (4°C)

Tanque do leite pasteurizado

EnvaseArmazenamentoDistribuição (4°C)

46

FIGURA 20 - ARMAZENAMENTO DO LEITE APÓS DESCARREGAMENTO EM PLATAFORMA DE RECEPÇÃO

4.2.4.3 Tanque de equilíbrio

O leite a ser pasteurizado, provindo do tanque de leite cru, descia por

gravidade até o tanque de equilíbrio (Figura 21), o qual possuía um flutuador que

regulava o fluxo de líquido que entrava na bomba de leite.

FIGURA 21 - TANQUE DE EQUILÍBRIO

Tanques Isotérmicos

47

4.2.4.4 Pré-aquecimento

Através desta bomba o leite era injetado no pasteurizador trocador de calor a

placas (Figura 22), onde trocava calor com o leite já pasteurizado e onde sua

temperatura era elevada para aproximadamente 30 a 45°C.

FIGURA 22 - DESNATADEIRA CENTRÍFUGA E PASTEURIZADOR DE PLACAS

4.2.4.5 Centrifugação

Do trocador de calor o leite seguia para a desnatadeira centrífuga (Figura

22), onde ocorria a separação do leite e do creme, além das impurezas. A

desnatadeira era regulada para que o teor de gordura fosse adequado ao desejado.

Centrífuga Desnatadeira

Pasteurizador

48

4.2.4.6 Homogeneização

Após a etapa de desnate, seguia para o processo de homogeneização

(Figura 23). Segundo Silva et al. (2012) o processo apresenta várias vantagens,

entre elas, impede a formação de nata no leite pasteurizado, melhora a consistência

e o sabor e proporciona aumento na digestibilidade da parte lipídica no organismo,

devido ao aumento da superfície de contato dos glóbulos de gordura.

FIGURA 23 – HOMOGENEIZADORA

4.2.4.7 Pasteurização

Depois o leite ira pasteurização, no qual, consistia no aquecimento do leite

em um trocador de calor a placas, em aço inoxidável. O leite é aquecido e resfriado

circulando entre as placas, em camadas muito finas, em circuito fechado, à

temperatura de aquecimento de 71°C a 75°C. Nesta temperatura o leite entrava no

retardador (Figura 24), onde tinha sua velocidade reduzida e onde permanecia por

15 segundos. Ao atingir a temperatura adequada o leite seguia para o trocador de

calor, para aquecer o leite frio que estava entrando. Por último o leite pasteurizado

Homogeneizadora

49

era resfriado com água gelada (0°C) para sair a uma temperatura de 4°C.

Procedimento esse citado por Tronco (1997) e Bezerra et al. (2011).

FIGURA 24 - PASTEURIZADOR DE PLACAS E RETARDADOR DE FLUXO

4.2.5 Envase

Após o tratamento térmico, o leite era encaminhado para o tanque de

pasteurização (Figura 25), em seguida, era envasado (Figura 26).

Retardador

Pasteurizador

50

FIGURA 25 - TANQUE DE LEITE PASTEURIZADO E MÁQUINAS DE ENVASE

FIGURA 26 - ENVASAMENTO DO LEITE PASTEURIZADO

Tanque de Leite Pasteurizado

Máquinas

de envase

51

4.2.6 Estocagem e Expedição

Após o leite ser envasado era colocado em caixas plásticas limpas e

refrigerado em câmara fria (Figura 27), onde era mantido à temperatura média de

4°C, aguardando a expedição.

A distribuição do leite era realizada através de caminhões fechados (Figura

28) e previamente limpos, sendo distribuídos em diversos locais de comércio da

região, juntamente com o leite da criança

FIGURA 27 - INTERIOR DA CÂMARA FRIA COM O LEITE ENVASADOS E ACONDICIONADOS EM CAIXAS

.

52

FIGURA 28 - CAMINHÃO DE DISTRIBUIÇÃO DO LEITE E DERIVADOS

4.2.7 Produção dos derivados

Para o creme de leite, bebida láctea e iogurte eram realizadas as análises de

acidez titulável, coliformes totais e coliformes termotolerantes, somente para o creme

de leite tem a análise de gordura adicional.

4.2.8 Cartilha de boas práticas de produção para redução de CBT no leite

O leite de produtores que era fornecido ao laticínio não estava atingindo o

limite de contagem microbiana estabelecidos pela a IN 62, e para auxilio neste ponto

de qualidade da matéria-prima, foi construído uma cartilha de Boas Práticas de

Produção, com objetivo de reduzir o número de CBT no leite dos produtores que

apresentavam valores acima do recomendado pela legislação.

No período de 2 a 9 de março de 2016, foram visitados todos os 58

produtores de leite que forneciam a matéria-prima ao laticínio, com o objetivo de

verificar suas instalações, modos de limpezas e higiene e resfriamento do leite.

53

A partir da visita, foram identificados os principais pontos de contaminação

nestas propriedades, conforme citado por Matsubara et al. (2011). Após detectar os

principais problemas nas propriedades, foi realizado a construção de uma cartilha de

boas práticas na produção (Anexo 1), com foco na redução da contaminação

microbiológica do leite, abordando: higiene pessoal, descarte dos três primeiros jatos

do teto, limpeza dos tetos, limpeza dos equipamentos e utensílios, remoção da água

residual de tanque de expansão e latões e controle da temperatura do leite no

resfriador. O objetivo era capacitar o produtor para a produção de uma matéria-

prima em condições higiênicas satisfatória.

Após a confecção da cartilha, foram selecionados produtores que

apresentaram média geométrica últimos 3 meses acima do padrão em CBT, no

laudo de análise do APCBRH, para leite cru refrigerado, na data de 21 de março de

2016. Foram selecionados 19 produtores que apresentaram contagem de CBT

acima do limite proposto pela IN 62 (3 x 105 UFC/mL).

No período de 11 a 15 de abril de 2016, foram visitados 18 produtores do

município de São José dos Pinhais e 1 produtor do município de Pinhais. As visitas

eram realizadas junto com os coletores de leite. As características das propriedades

encontram-se na Figura 29.

FIGURA 29 - CARACTERÍSTICAS DAS PROPRIEDADES

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

Tanque Expansão

Tanque Imersão

Recolhimento em 24 hrs

Recolhimento em 48 hrs

< 100L/48hrs

≥ 100L/48hrs

CARACTERISTICAS DAS PROPRIEDADES

54

Nesse período foi realizado a capacitação dos 19 produtores, sendo que

cinco destes apresentavam-se ausente e então, foram encaminhadas cartas

explicando sobre o estudo juntamente com a cartilha.

Para avaliar a eficiência da adoção das práticas descritas na cartilha,

compararam-se as médias de CBT do laudo da análise da APCBRH, antes e após a

realização do treinamento com os produtores.

As amostras de leite para análise de CBT eram coletadas conforme Manual

de Campo para Coleta de Leite Cru Refrigerado da APCBRH (APCBRH, 2015). O

técnico da coleta possuía treinamento e utensílios necessários para coletar as

amostras como: frasco com conservante proveniente do laboratório, coletor tipo

concha em inox, agitador de latões e caixa térmica para armazenagem das

amostras. Era realizado a homogeneização do leite antes da coleta para não haver

interferência da análise. Os frascos eram identificados com os códigos dos

produtores sobre as tampas e adesivo com código de barras, para identificação do

produtor. Após aproximadamente 30 minutos da coleta das amostras de leite os

frascos foram agitados para dissolução do conservante. As amostras eram

acondicionadas em caixa térmica com gelo reciclável e transportadas por meio do

caminhão tanque até o laticínio, onde são armazenadas na geladeira até

encaminhamento para o laboratório da APCBRH.

O laboratório da APCBRH, credenciado no Ministério da Agricultura e faz

parte da Rede Brasileira de Qualidade de Leite (RBQL). O método de análise de

CBT do Laboratório da APCBRH está descrito na Tabela 4.

TABELA 4 – MÉTODOS DE ANÁLISE DE CBT DO LABORATÓRIO APCBRH

Determinação Técnica Procedimento/ Revisão

Matriz/ Espécie

Referência do Método

Contagem Bacteriana Total - CBT

Citometria de Fluxo

PT-5.4.004/01 PT-5.4.005/01 PT-5.4.006/01

Leite cru

ISSO 9622/IDF 141: Milk and liquid milk products - Guidelines for the aplication of mid-infrared spectrometry. Brussels, Belgium, 2013, 14 p.

FONTE: BRASIL, 2014.

55

Das 19 propriedades estudas, 9 (47,36%) apresentaram redução na CBT.

Destas 9 propriedades, 2 não continuaram na pesquisa, sendo que 7 (36,84%)

efetivamente implantaram as boas práticas de produção recomendadas. A média de

contagens bacterianas dessas propriedades antes da incorporação de boas práticas

foi de 1.361 UFC/mL e, após a implantação, foi de 830 UFC/mL, o que representa

um percentual de redução de 39,02%. Estes resultados estão representados na

Tabela 5 e 6. Ainda pode-se observar na Tabela 7, dez (52,63%) propriedades que

não implantaram efetivamente as práticas recomendadas.

Silva et al. (2011) rastrearam os principais pontos de contaminação

microbiológica do leite durante a ordenha em 6 propriedades do agreste de

Pernambuco, através de contagens de microrganismos indicadores, e constaram

que a água residual do latão, fundo do latão mal higienizado, resfriador, tetos, três

primeiros jatos de leite, teteiras (quando presentes), baldes e mãos do ordenhador

são, em ordem decrescente, os principais pontos de contaminação do leite,

atribuindo à ausência de boas práticas de higiene de ordenha ou seu emprego

inadequado, a principal causa de comprometimento da qualidade microbiológica do

leite.

Matsubara et al. (2011) estudaram quatro propriedades do agreste de

Pernambuco, verificando a eficiência das boas práticas nos pontos de contaminação

evidenciados por Silva et al. (2011), através da contagem dos microrganismos

indicadores. O percentual de redução das contagens após a implantação de boas

práticas variou entre 85,3 a 100% nos diferentes pontos de contaminação, sendo

que a redução média dos microrganismos no pool de leite dos latões foi de 99,9%

para aeróbios mesófilos, e 99,2% para coliformes totais e 98,0% para E.coli,

concluindo que essas práticas são suficientes para a produção de leite que atenda

as exigências da legislação.

Vallin et al. (2009) utilizando as mesmas práticas, acompanharam

individualmente 46 propriedades de 19 municípios da região central do Paraná e

encontram diminuição de 87,90% da média de CBT. Beloti et al. (2012) avaliaram 49

propriedades leiteiras do norte do Paraná, verificando que 57,15% apresentaram

redução na CBT, sendo observado ainda que o pagamento por qualidade do leite foi

a forma mais eficiente de obter resultados na implantação das boas práticas junto

aos produtores.

56

A melhoria da qualidade do leite no Brasil depende, dos produtores se

conscientizarem da importância de fornecerem o seu produto com a qualidade

exigida pela legislação, bem como da capacitação dos mesmos. Por outro lado,

ainda cabe à indústria recompensar financeiramente o produtor por um produto que

lhe traz maior rendimento, diminuição de problemas tecnológicos e, portanto, maior

lucratividade.

TABELA 5 – MÉDIA GEOMÉTRIA DE CONTAGEM MICROBIANA REFERENTE AOS ÚLTIMOS 3 MESES ANTES E APÓS TREINAMENTO

Média Geométrica CBT

Antes Treinamento Média Geométrica CBT

Após Treinamento

1 3174 1754

2 2011 1305

3 1375 678

4 1125 823

5 1052 775

6 858 917

7 791 1075

8 727 731

9* 641 339

10 561 1307

11 522 758

12 479 388

13* 431 332

14 416 449

15 408 498

16 344 345

17 326 369

18 315 88

19 316 467

MÉDIA 8,35 x 102 UFC/mL 7,05 x 102 UFC/mL

CBT: contagem bacteriana total * Produtor 9 = saiu do projeto. Motivo = mudou de atividade para gado de corte. Produtor 13 = apresentou positivo para alizarol durante o projeto, não havendo coleta do leite.

57

TABELA 6 – MÉDIA GEOMÉTRICA DE CONTAGEM MICROBIANA EM

AMOSTRAS DE LEITE COLETADAS EM PRODUTORES QUE ADOTARAM AS

BOAS PRÁTICAS DE PRODUÇÃO

Média Geométrica

CBT Antes Treinamento

Média Geométrica CBT Após

Treinamento

1 3174 1754

2 2011 1305

3 1375 678

4 1125 823

5 1052 775

12 479 388

18 315 88

MÉDIA 1,3 x 103 8,3 x 102

CBT: contagem bacteriana total

TABELA 7 – MÉDIA GEOMÉTRICA DE CONTAGEM MICROBIANA EM

AMOSTRAS DE LEITE COLETADAS EM PRODUTORES QUE NÃO ADOTARAM

AS BOAS PRÁTICAS DE PRODUÇÃO

Média Geométrica

CBT Antes Treinamento

Média Geométrica CBT Após

Treinamento

6 858 917

7 791 1075

8 727 731

10 561 1307

11 522 758

14 416 449

15 408 498

16 344 345

17 326 369

19 316 467

MÉDIA 5,2 x 102 6,9 x 102

CBT: contagem bacteriana total

58

CONCLUSÃO

O treinamento e aplicação de Boas Práticas de Produção, conforme cartilha

elaborada foi aceito por 36,84% (7/19) dos produtores. No espaço de 40 dias foi

possível notar que a média de contagem de microrganismos reduziu

numericamente. Para inferências estatísticas seria necessário um acompanhamento

mais longo aos produtores em número de amostragem e em reforço de treinamento.

59

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Todas as atividades desenvolvidas durante o período de estágio curricular

no Laticínio Ruhban foram de grande relevância para a formação acadêmica, com a

possibilidade de acompanhamento da prática diária de coleta, recepção, análise e

processamento de toda a empresa. Além do acesso as teorias abordadas pelo

controle de qualidade da empresa, vivência em cada setor e abordagem de

problemas não discutidos durante a teoria na graduação.

Na atividade de extensão, alguns produtores demonstraram certa rispidez e

relutância em receber novas informações para melhorar a qualidade da produção da

matéria-prima. No entanto, tiveram produtores que aceitaram e realizaram as

alterações necessárias para melhorar as condições higiênicos-sanitárias do leite.

Foi possível notar que o trabalho de melhoria de qualidade e soluções de

problemas que foram detectados durante o estágio requer paciência, e persistência

por parte dos técnicos envolvidos, principalmente para que os produtores entendam

a importância da aplicação de boas práticas de produção para melhorar a qualidade

microbiológica do leite.

60

REFERÊNCIAS

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61

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62

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ANEXO

ANEXO 1 – CARTILHA DE BOAS PRÁTICAS AOS PRODUTORES

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