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X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009
X Salão de
Iniciação Científica PUCRS
Immanuel Kant e a Teoria da Responsabilidade Civil por Dano
Extrapatrimonial: Síntese e Análise
Guilherme Ziegler Huber1, Jaci Rene Costa Garcia
2 (orientador)
Centro Universitário Franciscano (Unifra), Santa Maria - RS
Resumo
Introdução
Este trabalho apresenta as primeiras reflexões resultantes de uma investigação sobre a
visão de Immanuel Kant sobre a eticidade e a sua fundamentação bem como o reflexo no
campo da liberdade humana, buscando realizar algumas inferências que permitam aclarar
questões relativas teoria das responsabilidades objetivas e subjetivas e a modificação
conceitual que a mesma vem sofrendo com o limiar dos tempos. O enfoque da pesquisa tem
por objetivo esclarecer o real sentido do totum indenizatório e qual seu eidos fundamental a
partir de uma concepção de eticidade na teoria kantiana. Com o fim de aprofundar os
conhecimentos sobre teorias modernas do Direito e, principalmente sobre Immanuel Kant,
resolveu-se pesquisar e desenvolver um trabalho com base no viés argumentativo do autor e
estabelecer respostas às perguntas norteadoras da investigação que podem estar sintetizadas
na seguinte reflexão: qual a contribuição do pensamento kantiano nas condenações por dano
moral nos tribunais brasileiros?
Metodologia
A metodologia empregada para a elaboração do artigo partiu de um estudo sobre o
conjunto da obra do autor como suporte conceitual para compreender a doutrina de Kant e em
doutrinas de outros pensadores do assunto como material complementar. A obra específica
que conduz a formação do conceito de dignidade humana e de eticidade foi a Fundamentação
1 Graduando em Direito e bolsista pelo programa de iniciação científica do Centro Universitário Franciscano
(Unifra), Rio Grande do Sul, Brasil: [email protected]. 2 Professor no Curso de Direito pelo Centro Universitário Franciscano (Unifra), Rio Grande do Sul, Brasil:
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da Metafísica dos Costumes, trazendo as notas identificatórias dos conceitos e permitindo a
reflexão sobre a prática dos Tribunais. A técnica empregada consistiu na pesquisa descritiva,
bibliográfica e complementada por meio eletrônico via sítios nacionais.
Resultados
Nos manuais de direito civil contemporâneo o totum indenizatório correspondente ao
dano moral é medido com base em dois escopos, quais sejam: ressarcir a integridade moral do
autor abalado pela conduta atentatória do réu e promover uma pena que constranja o réu, ao
ponto deste não vir a cometer tal ato novamente. Na doutrina kantiana as duas premissas
encontram-se errôneas, pois que para ele o dever de indenizar tem a finalidade precípua de
restituir o conceito de dignidade humana ao agente que cometeu o dano. Ou seja, quando
alguém promove um ato prejudicial, cujos efeitos vão de encontro ao bem supremo da
humanidade e, por conseqüência, centro da tutela jurisdicional - o homem enquanto gênero
humano - pressupunha-se que o mesmo perdeu parcial ou totalmente o discernimento sobre o
que é dignidade. Por conseguinte, a pena proferida pelo órgão estatal pura e unicamente para
restabelecer à moralidade subjetiva do apenado conforme ao grau de honraria que se
desfaleceu de seu discernimento, por motivos externos à pessoa do mesmo, não cumpre a sua
finalidade. Sendo assim a quantidade e qualidade da pena seriam apreciados conforme o grau
de importância que a fé racional da sociedade - enquanto comunidade - impôs ao bem
dissipado.
Conclusão
Contudo, consegue-se entender qual a base de cálculo correta para se estabelecer o
dever de indenizar de alguém, não porque abalou a dignidade do autor, até porque se este
possui um discernimento completo sobre a máxima da moralidade esta nunca será abalada.
Mas sim, porque a punição deve constranger o réu ao ponto deste não vir a cometê-lo
novamente (caráter pedagógico), sendo a única forma de se conceber uma quantificação de
um dano moral que jamais terá um caráter de reparação para o autor.
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