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Imagens que dizem da experiência no curso e o porquê das escolhas 1 Minha experiência no curso está recheada de sentimentos. Estava grávida quando me comprometi a fazer o curso, não tinha ideia de como seria a experiência de ser mãe e como seria com minha filha durante os encontros. Também seria a primeira vez que ficaria tanto tempo sem trabalhar por causa da licença maternidade. No primeiro encontro estava extremamente ansiosa e preocupada, pois era a primeira vez que ficaria tanto tempo longe de casa com a Ana, ainda mais em um ambiente desconhecido. Saí aliviada e feliz no final do dia quando deu tudo certo, ela se comportou bem com a avó [que ficou com ela no hall o tempo todo] e eu pude ter contato com outras pessoas e experiências de trabalho, do que já estava sentindo falta. Os encontros foram maravilhosos, a competência da Rosaura em conduzi-los é indescritível. Apesar de já ter participado de outros cursos dela, sempre volto pra casa com algo que nunca havia pensado, com muitas ideias e relatos de experiências que poderei utilizar nas minhas formações com os professores. A imagem do Picasso que escolhi representa a união de todos os meus sentimentos durante o curso: O elo com minha filha, minha experiência sendo mãe, minhas experiências profissionais e o contato com pessoas cheias de práticas e histórias para compartilhar. Não posso deixar de citar a frase da Rosaura que me marcou desde o primeiro encontro: “O profissional mora dentro de uma pessoa”. Aprendi muito durante o curso, levando em conta as minhas expectativas e necessidades, tanto pessoais, quanto profissionais. Nathalie Moreira Gonzaga Pascoalini Escolhi essa pintura pois para mim representa o encontro de pessoas e ideias que vão ao encontro das minhas. O curso foi muito interessante porque pude reafirmar algumas ideias, conceitos e metodologias, o que trouxe satisfação, tranquilidade e a confiança de

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Imagens que dizem da experiência no curso e o porquê das escolhas

1

Minha experiência no curso está recheada de sentimentos. Estava grávida quando me

comprometi a fazer o curso, não tinha ideia de como seria a experiência de ser mãe e

como seria com minha filha durante os encontros. Também seria a primeira vez que

ficaria tanto tempo sem trabalhar por causa da licença maternidade.

No primeiro encontro estava extremamente ansiosa e preocupada, pois era a primeira vez

que ficaria tanto tempo longe de casa com a Ana, ainda mais em um ambiente

desconhecido. Saí aliviada e feliz no final do dia quando deu tudo certo, ela se

comportou bem com a avó [que ficou com ela no hall o tempo todo] e eu pude ter

contato com outras pessoas e experiências de trabalho, do que já estava sentindo falta.

Os encontros foram maravilhosos, a competência da Rosaura em conduzi-los é

indescritível. Apesar de já ter participado de outros cursos dela, sempre volto pra casa

com algo que nunca havia pensado, com muitas ideias e relatos de experiências que

poderei utilizar nas minhas formações com os professores.

A imagem do Picasso que escolhi representa a união de todos os meus sentimentos

durante o curso: O elo com minha filha, minha experiência sendo mãe, minhas

experiências profissionais e o contato com pessoas cheias de práticas e histórias para

compartilhar.

Não posso deixar de citar a frase da Rosaura que me marcou desde o primeiro encontro:

“O profissional mora dentro de uma pessoa”. Aprendi muito durante o curso, levando

em conta as minhas expectativas e necessidades, tanto pessoais, quanto profissionais.

Nathalie Moreira Gonzaga Pascoalini

Escolhi essa pintura pois para mim representa o encontro de pessoas e ideias que vão ao

encontro das minhas. O curso foi muito interessante porque pude reafirmar algumas

ideias, conceitos e metodologias, o que trouxe satisfação, tranquilidade e a confiança de

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que estou no caminho certo. E foi além, por ter me proporcionado descobrir, conhecer,

ouvir e ver coisas novas. Isso é extremamente importante porque injeta energia nova no

trabalho. Te ajuda a fazer relações, te traz a vontade de testar, de modificar e ir adiante.

Mas o curso me surpreendeu de verdade por conta das trocas com as pessoas. Encontrar

pessoas que têm as mesmas dúvidas, angústias e dificuldades te traz uma paz, pois mostra

que você não está sozinho, que a dificuldade não é exclusividade sua. E a troca possibilita

criar soluções, enxergar as coisas de outro ponto de vista, te traz esperança e a certeza que

vale a pena toda a dedicação.

Murilo Borduqui

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As pipas

Pensar, refletir e analisar sobre o agir,

assim foi o curso para mim.

De início representou um mistério,

como a pipa, em sua beleza e

encantamento.

Retratou desafios que estavam por vir,

dando ênfase à importância de que

“em cada profissional mora uma

pessoa”,

e, dentro dela há conhecimentos

diversificados

que precisam ser mobilizados,

provocados

e potencializados.

Aprendi também que na rotina

pedagógica é necessário ter um foco,

ampliando o olhar para tornar claro

e observável aquilo que se vê.

Elisangela de Ávila Queluz

Imagens que dizem da experiência no curso e o porquê das escolhas

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A imagem que diz melhor sobre a minha experiência no curso é a obra “As pipas”, de

Cândido Portinari.

A razão da minha escolha é simples e posso resumi-la em alguns versos:

Criar coragem para colocar-me em movimento.

Pensar, criar e ousar independente do momento.

Das práticas inadequadas ser capaz de me libertar.

Percalços e desafios não desistir de enfrentar.

Conhecimentos construídos individual e coletivamente

Levam-me a voar mais alto e ampliam a minha mente.

Hoje me sinto mais forte e preparada – isso me faz tão bem.

Reconheço, enfim, que estou enxergando um pouco além.

E nesse complexo mundo chamado “Educação”

Preciso espalhar alegria, cores e sedução.

Raquel de Lima Antunes Coimbra

Escolhi o quadro “Pipas”, de Portinari, para representar a possibilidade de novos voos a

partir das diversas informações coletadas, orientações recebidas, reflexões realizadas,

percepção de diferentes olhares sobre a mesma realidade, conhecimentos construídos

coletivamente.

Significa um olhar mais amplo, abrangente, panorâmico, integrado, assim como as pipas

veem a Terra a partir do alto.

Possuem certa autonomia e liberdade de voar, mas ao mesmo tempo, sem perder a

ligação com o autor, unidos pelo barbante, que fundamentam seus movimentos.

Significa o vislumbrar de novos horizontes, novos desafios, um mundo a conquistar, um

novo vislumbrar.

Mário Minoru Kitazawa

A imagem das pipas me faz pensar na dificuldade de fazer uma pipa levantar voo e

manter-se no céu.

Apesar de nunca ter tentado colocar uma pipa no alto, acredito que não seria no

primeiro ensaio que eu obteria sucesso. Esforço, técnica, conhecimento, auxílio de um

parceiro experiente e tempo fariam com que eu pudesse conquistar esse objetivo.

Assim tem sido minha reflexão sobre o meu papel de formadora...

Posso atribuir a esse curso uma oportunidade para aprender sobre formação, mas

também uma oportunidade para reconhecer a minha construção inacabada, que precisará

de muitos ensaios para obter sucessos.

Lilian Ferreira

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Imagens que dizem da experiência no curso e o porquê das escolhas

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A “Noite estrelada” de Van Gogh me escolheu. Desde a atividade proposta pela Adriana.

Na verdade, essa imagem já havia me escolhido em diferentes momentos de minha vida!

Ora como apreciadora de obras de arte, construindo meu olhar estético com a ajuda de

arte-educadoras.

Ora saboreando a experiência do saber, ao me deparar frente a frente, “olho no olho”

com essa instigante, atormentada – e por que não ? – provocante tela. Ainda guardo em

mim essa experiência, apreciar os sulcos que as massas de tinta deixam sobre a tela,

sulcos que apenas Van Gogh sabia fazer. A experiência de imaginar que ele acabara de

produzir aquele traço, ainda fresco e eu, ali, acompanhando. Sim, a tal experiência

“larroseana”.

O movimento que necessariamente desloca. De onde? Para onde? Um movimento

ondulante, constante, de deslocamento mais que de transformação. Opa! Aí está o tal

Processo de Formação, provocando, num momento único e intenso.

Formação evocou-me de novo a memória de tempos passados, agora no interior, no sítio

de minha infância, quando as pessoas olhavam para o céu e diziam: “Tá forrrmando!”,

naquele sotaque beeem caipira, ou então num tom de desânimo, diante da seca:

“forrrmô, forrrmô e num veio água!”

Deixando a pessoa e indo para dentro, na educadora, forma é conteúdo na formação. Ela

tem sua beleza, sua intensidade e profundidade, no como fazer. Na formação, não se tem

controle, correm-se riscos, mas é preciso seguir a favor dessa corrente, dessa busca

incessante pelo deslocamento do outro, do formando. Mas ele quer? Ele deseja? O que

faço com meu desejo de que ele deseje? E que seu desejo seja aquele que eu desejo que

ele deseje? Que tormenta!

Voltando à tela, naquela cidadezinha, somente quem tem a coragem de sair das casinhas,

pode olhar para o céu e encontrar a tal formação, esses momentos cheios de angústia,

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essa iminente tempestade destruidora ou somente uma tormenta que tenciona, distorce,

provoca para limpar e clarear os horizontes.

Olhar para os céus na busca pelas inspirações das estrelas, esses brilhos amarelos que

tanto nos evocam encantamentos.

Deixar-se levar pelo infinito, desejando respostas para esse borbulhar de emoções, que

atormentam e nos revelam que assim é a vida.

Ufa! Voltando à educadora que mora dentro de mim, esse ser sensível e atormentado,

que olha para as formações como possibilidades de tantos e sofridos – por que não? –

deslocamentos. Sinto-me cipreste, à mercê dos ventos, nuvens, tormentas, inspiradoras

estrelas e movimento.

E na tela todos os meus colegas de trabalho, de cursos, de vida.

E... o que aconteceu ao artista no dia seguinte à essa explosão? ... deixou esta vida, foi-lhe

insuportável continuar.

Silvia Rea

Escolhi essa imagem de Van Gogh porque ela me reporta a movimento, movimento para

todos os lados, em todas as direções. O curso de formação me movimentou também.

Pude rever minha prática, pude me movimentar para ir em outra direção, ir buscar

perguntas e parar de buscar respostas.

Anoiteci como na imagem, repensando em muitos relatos que ouvi no curso, tantas

questões como as minhas, tantas outras diferentes, e amanhecia cheia de esperanças,

cheia de ideias e vontade de fazer diferente, quando estava na minha escola, lá o meu

lugar na minha rua na minha cidade.

Foram muitas trocas, muitas experiências compartilhadas, muitas reflexões e muita ajuda.

Até um próximo encontro...

Cristiane Portela

A escolha dessa imagem de Van Gogh mostra o quanto minha maneira de pensar e agir

mudou.

Minha paixão pelo magistério sempre foi muito grande, mas após os conhecimentos

obtidos durante nossos encontros sinto que entrou mais sol em meu entendimento sobre

metodologias e atitudes em sala de aula em relação aos meus alunos, levando-me a uma

reflexão maior. Devemos estar sempre em movimento, permitindo mudanças,

renovações e transformações.

Apesar do curso ser direcionado a orientadores e coordenadores, eu, como professora,

tive a oportunidade de refletir sobre as metodologias e atitudes durante minhas aulas.

Vejo que minha escolha em relação ao magistério com certeza foi o caminho mais certo.

Imagens que dizem da experiência no curso e o porquê das escolhas

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Mais uma vez sinto que minha ansiedade em ampliar meus conhecimentos não foi em

vão. Pude reconhecer que a vida é uma eterna mudança, uma transformação diária,

principalmente quando se trata do magistério, pois lidamos com pessoas.

Só tenho que agradecê-la, Rosaura, por ter me proporcionado tantas descobertas e a

oportunidade de conhecer pessoas maravilhosas.

Espero poder participar de outros cursos.

Eliana Junqueira

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Primeiramente, vou falar sobre modelo, para dizer sobre minha experiência no grupo.

Não é a única palavra que me ocorre para falar dessa experiência, mas a escolho porque

ela tem traduzido algumas das minhas sensações e vivências.

Se existe uma palavra que hoje em dia está mal vista na educação, essa palavra é modelo,

uma vez que refere às práticas tradicionais em que a cópia dos modelos e a mimetização

do que era considerado bom e correto se confundia com aprender. Mas podemos

considerar outros significados da palavra para reconhecer sua importância nos nossos

processos de aprendizagem e na nossa própria formação.

Podemos entender como modelos os valores e as ideias que consideramos bons e

corretos, que perseguimos, que nos norteiam. Assim, o conhecimento é um modelo para

nós educadores, na medida em que se constitui como ideal, valor, objetivo e caminho

desejável em nossas vidas.

Pessoas também são modelos. Acredito que muitos de nós nos tornamos educadores,

entre outras motivações, porque em nossas trajetórias de estudantes, bem ou

malsucedidas, houve ao menos uma pessoa, pai, mãe, tia, vizinho, e, sobretudo, professor

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ou professora, que representou um modelo no qual nos espelhamos, pela sua paixão por

conhecer e ensinar.

Poderíamos pensar se a aprendizagem por modelo, enquanto valor, pode acontecer

intencionalmente. Será que existe uma metodologia de formação baseada no modelo?

Penso que o curso tem dado algumas possíveis respostas para essa questão.

Um aspecto evidente do curso e da atuação da Rosaura é a coerência. A premissa (do

texto de base lido) que em todo educador “mora uma pessoa”, e, portanto, é preciso

considerar o saber das experiências nos processos de formação, está presente em todos

os passos do curso. As atividades propostas tiveram a intenção de dar voz aos

participantes, de expressar suas individualidades e percursos. Também a Rosaura se

mostra como pessoa que habita a profissional, uma vez que deixa claro que traz aquilo

que viveu para os encontros, contextualiza suas ideias nessas vivências sempre que pode,

sem que haja negação da assimetria da condição de formadora (sabemos quem está

dirigindo o barco). Nós, os participantes, nos sentimos convidados a pensar e nos

colocar sem dissociar o que fazemos do que falamos, uma vez que as nossas

subjetividades são legitimadas. Esse modelo, o da coerência entre a proposta teórica e o

que é vivido pelo grupo, é um valor do curso que me afeta muito. Aprendo sobre a

homologia de processos vivendo seus efeitos... mais do que se tivesse lido páginas e

páginas sobre o assunto.

Para ilustrar e representar essa experiência, escolhi a tela do Renoir (15), com as duas

meninas que passeiam pelo lago, uma delas remando, a outra sendo levada lendo seu

livro. As ideias que associo à imagem: a ideia de deixar-se levar por alguém que vai, suave

e decididamente, em direção a algum lugar, a ideia de confiança e cumplicidade, por

estarem “no mesmo barco”. Sem querer me restringir à ideia mais óbvia, que seria

“professor que leva, aluno que se deixa levar” (e nem negar que essa ideia esteja

presente), penso que a imagem ilustra a experiência do grupo, estamos indo suavemente

pelo lago, desapegados de desnecessários controles, cúmplices no que é coletivo, seguros

do que é de cada um, com referências (modelos) que nos norteiam.

Maria Candida Di Pierro

Querido grupo

Apreciei todas as imagens enviadas. Quando vi esta, de Renoir, senti uma profunda paz.

As águas tranquilas nesta obra me remete todo o sentimento que tenho nas formações.

As afirmações fundamentadas que Rosaura faz, sobre tudo que eu acredito e espero que

aconteça dentro da escola, fortalece o meu idealismo e me encoraja a prosseguir nesta

caminhada.

Paz também que muitas vezes esta reinando em meu coração que vibra na escuta de um

grupo reunido, dentro de uma sala, mesmo que em sábados nublados, com os mesmos

ideais e a mesma paixão pela docência. Ter alguém dentro do barco é com certeza a

melhor forma de percorrer o caminho. Eu acredito e preciso desse outro alguém comigo,

para partilhar todas as alegrias e agonias que enfrentamos em nossa trajetória.

Imagens que dizem da experiência no curso e o porquê das escolhas

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O remo. Remar... É necessário remar para chegar ao destino, ainda que seja com muita

delicadeza, o remo precisa estar em movimento para chegar onde desejo. Movimento

este que busco para se reinventar todos os dias.

Por fim, gratidão é a melhor palavra para expressar o que sinto pela formadora, que nos

proporciona momentos de fala, escuta e formação com o outro, e ao grupo pela rica

contribuição ao partilhar experiências em nossos encontros. Meu olhar atento pôde fitar

todas as belezas e encantos que se fizeram presente durante todo o nosso curso.

Até breve!

Tatiane Gaspar Lima

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Gostei muito destas duas imagens.

A primeira é de Matisse, uma cena alegre, com cinco pessoas, de mãos dadas, dançando

em roda.

Na pintura todos estão nus. Não é possível ver a expressão facial de cada um, mas seus

corpos são ágeis e flexíveis! Mostra uma cena alegre, leve, harmônica, como sinto o nosso

grupo, em muitos momentos!

A segunda, de Di Cavalcanti, também traz dança, leveza e é muito colorida!

São homens e mulheres, tocando e dançando. Alguns parecem mais alegres, que outros.

E todos parecem-se voltar à figura feminina do centro do quadro... Há também grande

harmonia e o foco parece ser o mesmo para todos.

Acho que ele é a mais a cara do nosso grupo. Diverso, multicolorido, mas com alguma

coisa muito forte em comum! A figura central, pode ser – ao mesmo tempo – a nossa

coordenadora e o nosso “problema”, que pode ser visto de formas diferentes, por cada

um de nós.

Para mim, os três encontros foram muito fecundos. Me fizerem refletir sobre temas

importantes e também revigoraram em mim a velha professora, ajudando a reacender

uma chama, me dando um novo folego!

Marta Rabioglio

Imagens que dizem da experiência no curso e o porquê das escolhas

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A imagem que escolhi é a de Di Cavalcanti [da página anterior].

Ela me transmitiu um sentimento de gratidão e alegria.

Gratidão pelos conhecimentos adquiridos e as amizades que fizemos.

Alegria de poder compartilhar os conhecimentos com minha equipe e colegas de

trabalho.

Na imagem vemos pessoas felizes e saciadas repartindo e compartilhando, e é assim que

me sinto... feliz com os novos conhecimentos adquiridos e ansiosa para compartilhar este

aprendizado.

Taís Vito Vieira

A imagem de Matisse [da página anterior] foi a que mais me tocou.

Desde o momento que Adriana colocou-a no centro da sala, para nossa escolha, meus

olhos não saiam dela, naquele momento ela expressa o meu desejo para equipe da escola

em que atuo. Hoje ela representa a maneira como me senti durante o curso, eu não sei

quem sou nessa imagem, sei que hoje não me sinto sozinha, que pude compartilhar um

pouco da minha dificuldade e pude sobretudo aprender ouvir.

O exercício da escuta me chamou atenção durante suas aulas, Rosaura, a maneira como a

escuta atenta, validando nossos questionamentos e devolvendo também em forma de

questionamentos, me levou a refletir e a mudar o rumo do meu trabalho.

Hoje vejo a necessidade de continuar estudando e refletindo sobre a formação do

professor do ponto de vista de suas necessidades. Este curso termina em breve, mas eu

preciso continuar. Tem muita água para se mover aqui dentro.

Thailana Matias

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A minha escolha é esta imagem, de Di Cavalcanti.

Imagens que dizem da experiência no curso e o porquê das escolhas

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Gosto da ideia de ladrilhos, de mosaico, onde cada um contribui com sua experiência,

sua opinião, mas onde um não sobrepõe o outro e, no final, temos uma composição

única, coletiva.

Josania Nery

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A escolha da minha imagem é:

Esta imagem representa os conhecimentos e aperfeiçoamento que estou recebendo do

grupo durante estes encontros.

Celia Regina Queluz Santos

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Escolhi esta imagem de Romero Brito pelo fato, primeiramente, de ser uma figura

"alegre" com todas as cores que pra mim, transmitem alegria.

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E é assim que me sinto no curso, alegre, realizada, porque, enfim, encontrei algo voltado

realmente para a prática de coordenação pedagógica.

Feliz e alegre porque consegui participar de um curso seu, Rosaura!

Suas falas, seus textos, retratam muito a realidade que vivo na função de coordenadora,

pois do dia pra noite "virei coordenadora" e ninguém nunca falou claramente qual era o

meu papel.

No curso pude perceber quantos equívocos já cometi e quanta coisa ainda preciso

aprender!

Gosto muito de ouvir os relatos dos colegas muito mais experientes do que eu, aliás,

"quanta gente sabida temos nesse grupo né"!

Gosto muito de ouvir suas colocações e gosto da maneira como você fala, sem melindres,

sem rodeios, permitindo perceber os equívocos e promovendo a reflexão! Pra mim é

um exemplo, pois muitas vezes me sinto super receosa ao falar com os professores,

porém, aprendi que meu papel é também "afetá-los", como disse a Adriana no último

encontro... ainda é difícil "afetar sem afetar". (como ela disse...rs)

Enfim, me sinto realmente muito alegre em participar porque estou crescendo como

profissional, como coordenadora pedagógica, como pessoa!

Espero que seja o primeiro de muitos!

Abraços,

Débora Vito

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“Mulher em frente ao espelho”

Pablo Picasso

A primeira vez em que vi esta obra, achei que a imagem era a de uma mulher

grávida. Depois, vi que não era. Mesmo assim, é isso o que continuo vendo...

Os encontros com Rosaura são sempre muito fecundos, potentes. Coerente com

aquilo que propõe que façamos como formadoras, nos convoca e nos provoca para o

pensar: sobre o nosso contexto de trabalho, sobre o nosso compromisso profissional

(chamando especial atenção para a dimensão política da nossa atuação), sobre a forma

como nos corresponsabilizamos e desenvolvemos nosso trabalho com nossos pares.

Sobre, enfim... tantas coisas importantes que devemos considerar e gestar no exercício e

no território da formação. Esse é também um espaço “grávido” de ideias, experiências,

referências teóricas e... sobretudo de esperanças (do que estamos muito “precisados”!)

Imagens que dizem da experiência no curso e o porquê das escolhas

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A obra de Picasso apresenta a imagem refletida no espelho. Em nossos encontros, somos

também convidados a partilhar experiências e a pensar JUNTOS sobre questões

importantes no campo da formação/educação. E essas conversas oportunizam muitos

reflexos/reflexões possíveis sobre aquilo que:

Somos como formadores (assumimos ser, a identidade que arquitetamos e

escolhemos exercer);

Fazemos;

Pensamos e fazemos;

Pensamos que fazemos;

Pensamos e não fazemos (e são tantas as razões que justificam este não fazer!);

Fazemos porque não pensamos;

Não fazemos porque não pensamos;

Refletimos sobre o nosso fazer;

Não refletimos sobre o nosso fazer;

Fazemos com intenção;

Fazemos sem intenção;

Abrimos mão no nosso fazer;

Não abrimos mão no nosso fazer;

(...)

Enfim... esses encontros possibilitam conversas refletidas que, de fato, evidenciam o lugar

e a importância de uma metodologia no trabalho da formação!

Mônica Fujikawa

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Imagens que dizem da experiência no curso e o porquê das escolhas

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O meu olhar é nítido como um girassol. (Fernando Pessoa)

Será que nosso olhar de educador é nítido como o de um girassol ou tendemos a olhar

somente para onde há luz e brilho?

Uma natureza morta cria vida quando nos atinge, nos perturba e nos faz pensar. Sai de

seu estado primitivo e se transforma em objeto vivo, pulsante, arrebatador. Um objeto de

desejo, a ponto de enxergarmos a totalidade e nos esquecermos das partes.

Mas a totalidade é formada de partes. Uma não existe uma sem a outra, assim como

numa relação professor-aluno: cada um é parte de uma totalidade, cada um é ao mesmo

tempo único e plural.

O aluno, sujeito da aprendizagem é único, mas precisa de alguém – professor que o ajude

a aprender a aprender. Com o professor é a mesma coisa. É o sujeito que conhece (o que

imaginamos, mas não podemos afirmar) o que o aluno desconhece, e dessa forma,

desempenha o papel de formador.

Neste sentido, a obra “Girassóis”, de Van Gogh, nos permite fazer uma analogia ao

processo de ensino e aprendizagem, uma vez que contempla, metaforicamente, a vida, a

morte, a solidão, a resistência, a perseverança, entre tantos outros.

Neste processo, estamos com os nossos olhos voltados à totalidade? Conseguimos, no dia

a dia, enxergar as partes, para compor uma nova totalidade? Olhamos ao nosso redor

com nitidez?

Imagens que dizem da experiência no curso e o porquê das escolhas

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Conseguimos, na nossa prática, perceber aqueles que estão mortos em sua autoestima e

motivação? Ou aqueles que resistem, mesmo diante das dificuldades? Quem está

sozinho e não sabe pedir ajuda? Quem desvia o olhar, desconcentra e cai?

Até que ponto isso nos perturba, motiva ou desmotiva? Nos causa espanto,

encantamento ou medo?

Ficam aqui algumas das inúmeras questões ou conflitos ou reflexões que o

professor/educador precisa fazer no dia a dia de sua prática.

Como um jardineiro que semeia, mas que, se não cuidar, não colherá flores, o professor

não colherá frutos se não cuidar, no sentido literal, da aprendizagem de seus alunos.

Poder compartilhar experiências e sentimentos, pensar e repensar a prática, ser ouvida e

poder falar sem medo ou receio, olhar para todos os lados e também para onde brilha o

Sol foram o melhor desta experiência.

Obrigada, Rosaura!

Cida Rogel

Setembro 2016, quase primavera.

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Esta imagem representa uma das minhas primeiras impressões neste grupo/curso. Não

sou formadora ou coordenadora, mas estou em busca de conhecimento nessa área,

pensando em possibilidades no futuro. Me senti uma estranha no ninho, quase uma

aberração num contexto de pessoas tão seguras de suas proposições. Mas ainda assim

pensativa, ativa, com sede de aprender.

Por outro lado, estar “infiltrada” me fez ser mais solidária a enxergar a equipe de

formação sem as tradicionais pedras na mão. Me fez perceber que posso ser a professora

Imagens que dizem da experiência no curso e o porquê das escolhas

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“Palmira” que tem tanto a oferecer, mas precisa ser lapidada. Me fez enxergar que é

necessário muita organização e planejamento para oferecer contribuições pontuais a

alguém, mas ainda assim ter o discernimento que ninguém muda ninguém. Nestes

poucos encontros, entendi o quão importante é o meu cotidiano na sala de aula,

sobretudo quando encontro tempo (!) para escrever e refletir sobre ele. Mas enquanto

este tempo não surge, fotografar mostrou-se uma grata surpresa enquanto ferramenta de

trabalho.

No último encontro me perguntaram de que lugar eu falo... pois bem, meu lugar é a

dúvida, é o desafio. Também é a busca pelo acabamento que nunca vou encontrar. É o

lugar do professor infiltrado, conhecendo mais do outro lado.

Priscila dos Santos

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Caros colegas!

Vários motivos me levaram a escolher a obra da Tarsila do Amaral, em especial

“Carnaval em Madureira”.

Primeiramente, ressalto que gosto muito das obras da Tarsila. São obras que me

transmitem alegria, inspiração, vontade de viver, além de retratar nosso país. O curso

também foi assim, trouxe muita inspiração e vontade de continuar trabalhando na

Educação mesmo com tantos desafios. Nossas crianças merecem o melhor que podemos

oferecer e o curso nos possibilita isso: refletir e replanejar nossa prática em busca de uma

Educação de excelência.

A obra mostra muitas pessoas perto da torre. O curso também pode ser representado

assim, cada um, juntamente com a Rosaura, foi construindo um novo olhar para o fazer

Imagens que dizem da experiência no curso e o porquê das escolhas

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do coordenador pedagógico. Rosaura não trouxe receitas, mas nos possibilitou

momentos de compartilhamento que permitiu cada um construir sua “torre” de outra

forma. Foi um saber construído no grupo e para cada um do grupo. A cada encontro, um

novo conhecimento e uma nova reflexão.

O colorido representa cada experiência compartilhada e as diferentes estratégias

propostas e trazidas pela Rosaura. Tudo isso, junto, forma um todo harmonioso e belo

que torna o trabalho do coordenador pedagógico mais significativo.

Somos todos diferentes! Cada um com sua história, com sua experiência e com seu

conhecimento. E, juntos traçamos um novo caminho.

Selma Vilas Boas

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“Assim foi sempre. Sempre com uma questão forjada na mesma

interrogação diante do vivido, que se mantém há bem mais de

duas décadas – quais encaminhamentos metodológicos são mais

potentes para favorecer experiências formativas “neste” contexto,

para “estes” profissionais que “aqui” estão?” (Rosaura Soligo)

Considerar, de fato, o saber da experiência; despertar o encantamento/engajamento dos

professores; potencializar os momentos de encontro para que sejam espaços realmente

de trabalho coletivo, são questões abordadas pela Rosaura no Curso e que me mobilizam

atualmente, que me põem a pensar sobre as vivências cotidianas e sobre como avançar

das reflexões para atos propositivos, que possam transformar o contexto da minha escola,

soltar as amarras do que está instituído e ajudar a criar outros instituintes, que se revelem

capazes de favorecer uma cultura solidária, acolhedora, de parceria e apoio a

aprendizagem, não só entre profissionais, mas deles com os alunos e entre os alunos.

Imagens que dizem da experiência no curso e o porquê das escolhas

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Considerando estas inquietações, entre muitas outras, o curso foi mais uma oportunidade

– e “única” – de refletir sobre quais aspectos metodológicos favorecem a criação desta

cultura e deste contexto formativo. Foi marcante para mim viver uma experiência de

formação em que claramente se pratica o que se ensina. Isso é inspirador!

Ao ler o relato da Rosaura sobre sua prática como formadora, no texto “Metodologias

Dialógicas de Formação”, escrito para o VII Fala Outra Escola/2015 e que foi a leitura

inicial do curso, quando conta sobre a produção de saberes a partir dos desafios

colocados pela prática profissional, bem como quando fala dos sujeitos que desenvolvem

uma relação militante com a profissão, pode-se vislumbrar o que vem pela frente em um

curso organizado por ela e que se confirma no seu transcorrer. É maravilhoso perceber

como a Rosaura vive esse processo com tamanho engajamento!

E ao olhar para a prática dela e refletir sobre, pude olhar para a minha prática, encontrar

outros sentidos e buscar outra forma de fazer. Parece óbvio, mas encontrei esse caminho

olhando para o trabalho da Rosaura e refletindo com o grupo que participa deste curso.

Para que possa provocar deslocamentos nos profissionais com os quais trabalho é

necessário mudar meu jeito de fazer – e encontrei esse caminho, que está só no início,

que é longo, mas que é fértil, prazeroso, instigante, alegre e colorido, como são as

pinturas de Matisse, o “mestre da cor”!

Quando a Adriana Pierini propôs que olhássemos as pinturas e escolhêssemos uma que

dissesse algo a respeito do nosso trabalho de orientadores/coordenadores, logo bati o

olho no trabalho de Matisse (mesmo num primeiro momento não reconhecendo que era

dele). Como sempre as pinturas dele atraem o meu olhar, procurei fazer uma leitura da

obra escolhida buscando atribuir sentido para os elementos ali representados e relacioná-

los com a experiência do Curso, mas ao buscar informações sobre a leitura que os

especialistas fazem da obra, percebi que não era isso que dava sentido à escolha.

A obra “A Tristeza do Rei” é considerada um retrato autobiográfico do pintor:

“A tristeza do rei (1952) terá sido a sua última realização, o adeus à vida, às coisas do

mundo que o rodeia e a tudo o que lhe era querido, reunindo tudo nesta obra derradeira

como que para se fazer enterrar com ela, à maneira dos faraós do antigo Egipto. O rei,

vestido de negro com uma viola na mão, seria o próprio Matisse.”

http://obviousmag.org/archives/2007/08/matisse_guaches

Foi lendo sua biografia que consegui atribuir sentido para o que me atrai na obra dele.

Durante toda a sua vida o pintor dedicou todos os seus esforços a trabalhar a cor - pintou

a alegria, a beleza e a harmonia. Seu objetivo era a expressão, queria exprimir sensações,

e não fazer um trabalho decorativo. Terá dito “eu sinto através da cor”.

"Sonho com uma arte de equilíbrio, de pureza, de tranquilidade (...) um calmante mental,

algo como uma boa poltrona onde se possa relaxar do cansaço físico." Henri Matisse

"Meu papel é apaziguar. Porque de minha parte, eu também preciso de apaziguamento."

Henri Matisse

Mesmo em 1941, quando foi diagnosticado com uma doença que o incapacitou para a

pintura, ele buscou um novo meio de expressão: o recorte. Seus assistentes pintavam

Imagens que dizem da experiência no curso e o porquê das escolhas

18

panos e papel com as cores que ele preparava, depois ele recortava as figuras

esquematizadas, como na obra “A Tristeza do Rei”. Sobre estes trabalhos declarou:

"...o meu prazer pelo recorte aumenta a cada dia que passa! Por que é que não pensei

nisto antes? Cada vez me convenço mais que com um simples recorte se pode expressar

as mesmas coisas do que o desenho e a pintura..." Henri Matisse

Sem a pretensão de me comparar a Matisse, mas identificada com suas ideias e seu olhar,

é que escolhi a obra “A Tristeza do Rei” para falar da minha experiência no curso. Se

não é possível que o trabalho seja realizado do mesmo jeito, não porque esteja

incapacitada, mas porque tenho outros referenciais que me mobilizam a fazer diferente, é

preciso buscar alternativas para fazê-lo, sob a pena de morrer com a mão naquilo que não

me é querido. E quando encontrei o que considero um bom começo para as mudanças

que são “necessárias”, também pensei: Por que é que não pensei nisto antes? Eu preciso

deste apaziguamento.

Sites pesquisados em 04/09/16, sobre vida e obra de Henri Matisse:

http://leisepaim.blogspot.com.br/2013/02/matisse-da-pintura-colagem.html

http://educacao.uol.com.br/biografias/henri-matisse.htm

http://virusdaarte.net/matisse-a-tristeza-do-rei/

http://obviousmag.org/archives/2007/08/matisse_guaches

Vandi Silvestre

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Caros colegas

Quando no último encontro voltamos a conversar sobre a importância da escuta, e

depois falamos de pessoas que produzem em nós encantamento, pensei em compartilhar

com vocês um trecho da minha tese, o que faço agora:

... Em relação a algumas pessoas com quem tenho conseguido praticar uma escuta e

uma conversa verdadeiras, aconteceu um processo semelhante ao que chamo de

“apaixonamento”. Nada a ver com paixão erótica, quando se deseja o outro

sexualmente, e pouco a ver com paixão intelectual, pois o encantamento, nesse caso,

não é com a potência intelectual, mas com o tipo de pessoa que o outro é. A

explicação mais simples talvez seja mesmo esta: é um sentimento de admiração

intensa que acontece quando nos encantamos com o tipo de pessoa que o outro é. E

acabamos por tomá-lo como referência.

Há muitos anos me convenci que as relações amorosas de casal têm muitas versões

não necessariamente coincidentes: amor, paixão, atração sexual e opção por

compartilhar o cotidiano são quatro sentimentos distintos em relação ao outro, que

podem acontecer cada qual sem os demais, ainda que a cultura predominante e

nosso ideal romântico tentem sempre fazê-los coincidir – produzindo, com sabemos,

frustrações de todo tipo. O fato é que podemos ter amor, mas não paixão; podemos

ter paixão que parece amor, mas acaba de repente como começou e ficamos com a

pergunta “Como pude?”; podemos nos sentir sexualmente atraídos, sem que isso

signifique amor ou paixão; podemos ter amor e atração pelo outro, mas não estar

propriamente apaixonados e nem com planos de conviver sob o mesmo teto; podemos

compartilhar o cotidiano (e, como dizem, “comer o pão que o diabo amassou” juntos),

mas não haver nem amor, nem paixão e nem atração sexual, o que, aliás, é bem

comum.

Imagens que dizem da experiência no curso e o porquê das escolhas

19

Essa convicção, de que são quatro movimentos em relação ao outro e não um apenas,

permitiu-me entender sem muita dificuldade esse tipo de apaixonamento a que me

refiro, que não resulta em um desejo erótico e sexual, mas em um desejo de estar por

perto e de ser correspondido em nossa admiração. No mais, muita coisa é parecida: a

necessidade de conversar infinitamente, de compartilhar a história e os planos

futuros, de saber o que o outro acha disso e daquilo, de agradá-lo, de ajudá-lo. Tal

como na paixão erótica, há também uma recorrente lembrança do outro, saudade e,

como não poderia deixar de ser, porque somos demasiado humanos, alguns

sentimentos menos nobres a depender das pessoas e circunstâncias envolvidas

como ciúme, inveja e projeções que com o tempo não encontram ressonância e

eventualmente causam problemas.

Não me parece que chamar de paixão intelectual esse tipo de sentimento “dê conta”

de tudo o que ele é, pois nisso que eu descrevo o que encanta no outro é muito mais o

jeito de ser, seu modo de estar no mundo, sua relação com a vida e não capacidade

cognitiva, conhecimento e cultura geral.

Há um sociólogo italiano, chamado Francesco Alberoni, que nos idos anos 70 ficou

muito conhecido por ter escrito um livro chamado “Enamoramento e amor”, no qual

trata do que acontece quando nos enamoramos, estabelecendo relações com o que

acontece a partir do engajamento das pessoas nos movimentos sociais. Ele aborda a

relação de casal, mas boa parte do que comenta é pertinente a esse tipo de

sentimento a que me refiro. Por isso, usarei a palavra “apaixonamento”, tomando de

empréstimo a caracterização feita pelo autor para o que ele chamou de

enamoramento (para mim, sinônimos), que adotei com alguns ajustes:

Apaixonamento seria então o estado nascente de um movimento coletivo a dois, que

tem estreita relação com os grandes movimentos coletivos da história. Nos dois

casos, o tipo de forças que está em jogo pertence à mesma categoria: os sentimentos

de solidariedade, renovação e alegria de viver. A vida intelectual também se amplia,

pois é possível aprender muito, estabelecer novas relações até então não percebidas,

compreender tudo melhor. A diferença fundamental reside no fato de que o

apaixonamento, ainda que seja um movimento coletivo, só acontece entre duas

pessoas, e encontram-se, ambas, no plano do extraordinário.

Se me dedico um pouco mais a esse ponto é por duas razões principais: uma é nunca

ter lido nada sobre apaixonamento que não fosse erótico ou intelectual, e outra é que

considero esse um contexto afetivo dos mais favoráveis para o diálogo real com o

outro e, consequentemente, para aprender a partir da experiência de conhecê-lo – e a

nós mesmos, por comparação.

O apaixonamento pelo tipo de pessoa que o outro é pode acontecer na relação entre

pessoas que se tornam amigas, colegas de trabalho, professor-aluno ou qualquer

outra em que haja uma admiração desse tipo – entre homens e mulheres, mulheres e

mulheres, homens e homens, com diferentes idades, estilos de vida, classe social,

culturas distintas, sem que isso represente um problema, como às vezes ocorre nas

relações de casal.

Como no caso dos outros tipos de apaixonamento, também esse geralmente ocorre

quando se acabou de conhecer alguém ou quando se começa a conviver mais de

perto com alguém que se conhecia somente a distância. Ou seja, é o início de um

processo fértil de interação humana, o “estado nascente” do relacionamento, um

período de descobrimento do outro, de curiosidade genuína por conhecê-lo a fundo.

Tudo isso favorece a escuta, o interesse sincero por saber e acolher o ponto de vista

do outro, o desejo de compartilhar os próprios, o respeito à diferença.

Nesse contexto privilegiado para o diálogo fraterno, a escuta não significa apenas

uma atitude respeitosa de ouvir o outro porque é seu direito falar, mas

Imagens que dizem da experiência no curso e o porquê das escolhas

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principalmente a expressão do desejo sincero de conhecer o que ele tem a dizer.

Paulo Freire (1996, p.119) dizia que

Escutar é obviamente algo que vai mais além da possibilidade auditiva de cada um. Escutar, no sentido aqui discutido, significa a disponibilidade permanente por parte do sujeito que escuta para a abertura à fala do outro, ao gesto do outro, às diferenças do outro. Isto não quer dizer, evidentemente, que escutar exija de quem realmente escuta sua redução ao outro que fala. Isto não seria escuta, mas autoanulação. A verdadeira escuta não diminui em mim, em nada, a capacidade de exercer o direito de discordar, de me opor, de me posicionar.

Possivelmente a nenhum de nós ocorrerá discordar de que contextos afetivos,

amistosos, amorosos não apenas favorecem, como potencializam a escuta, a

alteridade, o diálogo, as relações dialógicas, o aprender com o outro e sobre o outro, o

apreender o outro. ...

Por tudo isso, escolhi quatro imagens que, para mim, encarnam os sentidos da paixão, da

festa, das percepções singulares e do engajamento.

Até breve!

Rosaura Soligo

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