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Intensivo Modular Avançado CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Humanos Professor: Guilherme Madeira Aulas: 01 e 02 | Data: 16/04/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO BIBLIOGRAFIA DIREITOS HUMANOS 1. Noção 2. Estrutura Geral dos Direitos Humanos 3. Evolução Histórica 3.1 Antecedentes 3.2 Internacionalização dos Direitos Humanos e Responsabilidade Internacional do Estado 4. Responsabilidade Internacional do Estado por Violação a Direitos Humanos 4.1 Sistema Unilateral 4.2 Sistema Coletivo 5. Classificações dos Direitos Humanos 5.1 Teoria dos Status de Georg Jellinek BIBLIOGRAFIA Título: Curso de Direitos Humanos, André Carvalho Ramos Link: http://www.editorasaraiva.com.br/produto/direito/cursos/curso-de-direitos-humanos/ Título: Teoria Geral dos Direitos Humanos na Ordem Internacional Link: http://www.editorasaraiva.com.br/produtos/show/isbn:9788502620599/titulo:teoria-geral-dos-direitos- humanos-na-ordem-internacional/ DIREITOS HUMANOS 1. Noção É o conjunto de direitos considerados indispensáveis para uma vida humana pautada pela liberdade, igualdade e dignidade. No Brasil, se distinguem os termos direitos humanos de direitos fundamentais, sendo que aqueles não os direitos essenciais estabelecidos pelos Tratados e Convenções, ao passo que fundamentais são os direitos essenciais previstos na CF/88, conforme Ingo Scarlet. 2. Estrutura Geral dos Direitos Humanos Os direitos humanos estão estruturados em: (i) direito-pretensão, que consiste no direito à busca de algo, “direitos a (...)”; (ii) direito-liberdade, que consiste na faculdade de agir, que gera a ausência de direito de qualquer outro ente ou pessoa, conforme o art. 5º, VI, CF; (iii) direito-poder, que é a relação de poder exigir determinada sujeição do Estado ou outra pessoa, conforme o art. 5º, LXIII, CF; e (iv) direito-imunidade, que é a

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Intensivo Modular Avançado CARREIRAS JURÍDICAS

Damásio Educacional

MATERIAL DE APOIO

Disciplina: Humanos Professor: Guilherme Madeira

Aulas: 01 e 02 | Data: 16/04/2015

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO BIBLIOGRAFIA DIREITOS HUMANOS 1. Noção 2. Estrutura Geral dos Direitos Humanos 3. Evolução Histórica 3.1 Antecedentes 3.2 Internacionalização dos Direitos Humanos e Responsabilidade Internacional do Estado 4. Responsabilidade Internacional do Estado por Violação a Direitos Humanos 4.1 Sistema Unilateral 4.2 Sistema Coletivo 5. Classificações dos Direitos Humanos 5.1 Teoria dos Status de Georg Jellinek

BIBLIOGRAFIA Título: Curso de Direitos Humanos, André Carvalho Ramos Link: http://www.editorasaraiva.com.br/produto/direito/cursos/curso-de-direitos-humanos/ Título: Teoria Geral dos Direitos Humanos na Ordem Internacional Link: http://www.editorasaraiva.com.br/produtos/show/isbn:9788502620599/titulo:teoria-geral-dos-direitos-humanos-na-ordem-internacional/ DIREITOS HUMANOS 1. Noção É o conjunto de direitos considerados indispensáveis para uma vida humana pautada pela liberdade, igualdade e dignidade. No Brasil, se distinguem os termos direitos humanos de direitos fundamentais, sendo que aqueles não os direitos essenciais estabelecidos pelos Tratados e Convenções, ao passo que fundamentais são os direitos essenciais previstos na CF/88, conforme Ingo Scarlet. 2. Estrutura Geral dos Direitos Humanos Os direitos humanos estão estruturados em: (i) direito-pretensão, que consiste no direito à busca de algo, “direitos a (...)”; (ii) direito-liberdade, que consiste na faculdade de agir, que gera a ausência de direito de qualquer outro ente ou pessoa, conforme o art. 5º, VI, CF; (iii) direito-poder, que é a relação de poder exigir determinada sujeição do Estado ou outra pessoa, conforme o art. 5º, LXIII, CF; e (iv) direito-imunidade, que é a

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autorização dada pela norma a uma determinada pessoa, impedindo que outra interfira de qualquer modo, conforme o art. 5º, LVI, CF,

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; (...) LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; (...) LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; (...)

3. Evolução Histórica 3.1 Antecedentes Remontam à Democracia Ateniense, em que há a ideia de participação política do cidadão e a figura do homem livre dotado de individualidade. Na literatura, há a personagem Antígona da Trilogia Tebana, filha e guia de Édipo-rei, que cegou-se depois de descobrir haver se deitado com a própria mãe e assassinado o próprio pai, recebe uma carta informando o assassinato de seu irmão pelo tio Creonte, a quem havia declarado guerra, e proibição de seu funeral, ao que, em função da importância dos rituais fúnebres na Grécia Antiga, decreta um édito no qual afirma que há coisas que o legislador não pode fazer, que há limites ao poder do Estado. O Direito Romano fala do Princípio da Legalidade na Lei das XII Tábuas, fixando em lei direitos e deveres. O Antigo Testamento declara que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, que o homem é um espelho da divindade e qualquer agressão ao homem representa agressão à divindade, que não deve ser tolerada. O Novo Testamento tem vários trechos em que se pregam igualdade e solidariedade, principalmente na Epístola de Paulo aos Gálatas, Cap. 3; 28. A igualdade é a ideia central dos direitos humanos, são todos iguais, logo não se admite abuso de um contra o outro. Na Idade Média, a concepção do poder dos Governantes era ilimitado, uma vez que era fruto da vontade divina. Nesta época há tantos abusos que surgem os primeiros movimentos de reivindicação de liberdade de determinados grupos, a ex. da Declaração das Cortes de Leão de 1188, que precedeu a Carta Magna Inglesa de 1215. Marca-se o ingresso na fase do Constitucionalismo Liberal pela crise da Idade Média decorrente da erosão dos poderes da Igreja e dos Senhores Feudais.

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No século XVIII surgem os questionamentos sobre o Estado absolutista que levaram à Petition of Rights em 1628, ao HC Act em 1679 e à Bill of Rights em 1689, na Inglaterra. Seguidos pelas declarações dos direitos do fim do Século XVIII: Bill of Rights de 12 de junho de 1776 na Virgínia, Convenção de Filadélfia de 1787 e Declaração dos Direitos do Homem e Cidadão de 02 de outubro de 1789. No campo das ideias, em 1651 Thomas Hobbes via o homem como o lobo do próprio homem e, para sobreviver ao estado de natureza, o homem abdica da sua liberdade inicial e a submete ao poder do Estado, para cuidá-la. Em 1689, John Locke é o pai do imperialismo, do bom-senso e prega que há direitos do indivíduo contra o Estado. Picco Della Mirandola sustentava que a personalidade humana se caracteriza por ter valor próprio, isto é, a dignidade do ser humano. Guilherme de Occam baseia-se no individualismo para discorrer acerca dos direitos que o indivíduo tem frente o Estado. Em 1625, Hugo Grocio cria o conceito de direito subjetivo, que consiste na faculdade da pessoa que a torna apta a possuir/fazer algo. A fase do Constitucionalismo consiste na extensão gradual de direitos pelas Constituições, a exs. das Constituições dos EUA em 1787, da França em 1793 e 1848, do Brasil em 1824 (uma das melhores, segundo o Prof.), da Alemanha em 1849, do México em 1917, da Rússia em 1918. Particularmente a Constituição do México de 1917 concede um extenso e atual rol de direitos. Depois disso, seguiu-se o período nefasto da II Guerra Mundial. 3.2 Internacionalização dos Direitos Humanos e Responsabilidade Internacional do Estado Surge após a II Guerra Mundial como prevenção contra o horror. É a partir daqui que aparece a terminologia direitos humanos, bem como a responsabilidade internacional do Estado por violação aos direitos humanos. 4. Responsabilidade Internacional do Estado por Violação a Direitos Humanos 4.1 Sistema Unilateral O sistema unilateral não reconhece a existência de uma comunidade de nações porque o Estado ofendido é, ao mesmo tempo, juiz e parte, uma vez que usa o PJ local como forma de dar legitimidade à sanção, a ex. do brasileiro que é torturado no Paraguai e processa aquele Estado no Brasil, assim, só protege o próprio nacional, eis que se fosse argentino, não poderia usar o PJ brasileiro para processar o Paraguai pela violação a direitos humanos. 4.2 Sistema Coletivo A premissa básica do sistema coletivo é a de que há necessidade de integrar as nações. Todas nações que assinam Tratados têm duplo dever, com seus súditos e perante outros Estados de que se compromete a respeitar o Tratado, daí porque qualquer Estado pode processar outro por violação de direitos humanos, para o que há o Órgão Autônomo competente para julgar tais violações. Pode-se processar por violação do direito humano de qualquer pessoa. É o sistema adotado atualmente por boa parte dos países, inclusive pelo Brasil. A crítica é violação da soberania, mercê de que o Brasil não é obrigado a cumprir as decisões da Corte. O conceito de soberania decorre da máxima latina suprema potestas superiorem non recognoscens (poder supremo que não reconhece outro sobre si) e surge com a Paz de Westfalia de 1648, que dá origem aos Estados soberanos. Há 2 modalidades de soberania: (i) interna (relação com súditos); e (ii) externa (relação com demais países). Luigi Ferrajoli diz que ambas soberanis sofrem limitações, no âmbito interno em virtude do constitucionalismo e

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direitos fundamentais e no âmbito externo, por força dos Tratados e Convenções do pós II Guerra Mundial. Há uma minoria que sustenta que não existe soberania atualmente. Hoje há o Estado Constitucional Cooperativo de Peter Häberle, que supera o paradigma da desconfiança e se baseia no modelo da confiança. A ideia é de que os Estados devem cooperar entre si, centrando-se no respeito aos direitos humanos, que são a base para o desenvolvimento das relações jurídicas entre os diversos Estados, depositando confiança no sistema internacional e demais Estados, razão pela qual não se vislumbra violação da soberania por captura de fugitivo a alguns quilômetros da fronteira no interior de outro Estado. 5. Classificações dos Direitos Humanos Há diversas classificações, sendo que são 2 as mais importantes. 5.1 Teoria dos Status de Georg Jellinek A teoria surge no fim do Século XIX e tem como base classificatória: (i) a verticalidade, isto é, os direitos são concretizados na relação desigual entre indivíduo e Estado; e (ii) o reconhecimento do caráter positivo dos direitos humanos, em oposição ao jusnaturalismo. Para Georg Jellinek, são 4 estados que inspiram a classificação dos direitos humanos: (i) status subjectionis/status passivo; (ii) status libertatis/status negativo; (iii) status civitatis/status positivo; e (iv) status ativo. No status passivo/subjectionis, há um estado de submissão eis que o Estado detém atribuições e prerrogativas aptas a vincular o indivíduo e exigir determinadas condutas ou impor limites às suas ações; O Estado pode submeter o indivíduo a seu poder. Submete No status negativo/libertatis, o Estado deve se abster da prática de uma determinada conduta, criando um espaço de liberdade ao indivíduo com os direitos de resistência, ou abwehrechte, em alemão. Não Pode No status positivo/civitatis, há um conjunto de pretensões do indivíduo que justificam invocar a atuação do Estado em prol de seus direitos, proibindo-se a omissão estatal, uma vez que se tratam de deveres de prestação estatal, prestações que podem ser fáticas, a ex. do bolsa-família, ou jurídicas, a ex. da assistência judiciária gratuita. Deve Intervir No status ativo, há o conjunto de prerrogativas e faculdades que o indivíduo possui para participar da formação da vontade do Estado, refletidos no exercício de direitos políticos e no direito de acender aos cargos em órgãos públicos. Pode

Estado Indivíduo

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