iluminação hospitalar

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Estudo sobre com é feita a iluminação em ambientes hospitalares

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE ARQUITETURA PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ARQUITETURA ESTUDO DE CASO: espaos de internao e recuperao ADRIANA PECCIN Dissertao apresentada ao Programa de Pesquisa e Ps-Graduao em Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como requisito parcial para a obteno do grau de Mestre Prof. Dr. Lucia Elvira Raffo Mascar, Arq. Orientadora Porto Alegre, maio de 2002 1UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE ARQUITETURA PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ARQUITETURA ESTUDO DE CASO: espaos de internao e recuperao ADRIANA PECCIN Dissertao de Mestrado apresentada como requisito parcialpara a obteno do grau de Mestre Prof. Dr. Lucia Elvira Raffo Mascar, Arq. Orientadora Porto Alegre, maio de 2002 2ORAO DO ENFERMO_______________________________________ Senhor, meu Pai, a doena bateu minha porta. Tirou-me do trabalho, colocando-me num outro mundo: o mundo dos doentes. Uma experincia dura, Senhor! uma realidade difcil de aceitar! No entanto, Senhor, agradeo-te tambm por esta doena! Ela me faz tocar com a mo a fragilidade e a precariedade desta vida, libertando-me de tantas iluses. Agora, olho tudo com olhos diferentes: aquilo que tenho e que sou, no me pertence. um dom teu! Descobri o que quer dizer depender, ter necessidade de tudo e de todos, no poder fazer nada sozinho. Tenho provado a solido, a angstia, a desolao. Mas experimento tambm o carinho, o amor, a amizade e a dedicao de tantas pessoas! Senhor, mesmo que me seja difcil, digo-te: seja feita a tua vontade! Ofereo-te os meus sofrimentos, colocando-osJunto cruz de teu divino filho, Jesus Cristo! A todos que adoecem e tornam os hospitais seus lares provisrios. A meu pai Antoninho (in memorian),que acompanhou parte deste trabalhoe me ensinou a orao dos enfermos. 3AGRADECIMENTOS____________________________________________ minha orientadora, Prof. Dr. Lucia Elvira Raffo Mascar, pelos ensinamentos e compreenso; Ao Programa de Pesquisa e Ps-Graduao em Arquitetura (PROPAR) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pela oportunidade ao aprimoramento pessoal e profissional; Ao CNPQ, cujos recursos auxiliaram um ano deste curso de ps-graduao; Ao Hospital Santa Rita, do Complexo Hospitalar da Santa Casa de Porto Alegre, e especialmente ao seu Diretor geral e administrativo Olimpio Dalmagro, Gerente administrativa Vera Lucia Sperb, ao Diretor mdico Dr. Neiro Motta, Supervisora administrativa Eunice Portielo, ao Eng. Waldir Jos Konzen da Diviso de Engenharia da Santa Casa, e aos pesquisadores do CEDOP Centro de Documentao e Pesquisa da Irmandade da Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre, pelo acolhimento; Ao Hospital Moinhos de Vento, e especialmente Superintendente assistencial Bernardete Weber, ao Gerente de obras de projetos Eng. Carlos Emlio Marczyk, pelo acolhimento; Ao Arq. Ivo Nedeff, pela ateno e esclarecimentos dispensados sobre as reformas realizadas no HMV; Aos mdicos, enfermeiros e auxiliaresde enfermagem de ambos hospitais, pela simpatia einteresse na colaborao a esta pesquisa; Ao Prof. Arq. Luis Antnio Sthal, pelas orientaes; Arq. Regina Maria Gonalves Barcelos, da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria, pelos esclarecimentos Portaria 1884/94 do Ministrio da Sade; Ao arquiteto e colega de mestrado Antnio Csar Cassol da Rocha, da Diviso de Vigilncia Sanitria do Ministrio da Sade, pela amizade e orientaes; arquiteta e amiga Elaine Blank, pelo apoio e incentivo inicial; Arq. Patrcia Biasi Cavalcanti, pela pacienciosa ajuda na coleta de dados nos hospitais; s colegas de mestrado Ktia Virgnia Caellas e Ana Maria Funega Quevedo, pela troca de experincias e amizade; minha me, Ubelina, pela fora e carinho permanentes; minha irm, Simone, pelo incentivo e esclarecimentos mdicos; Ao meu noivo, Tarcsio, pelo companheirismo e assessoramento no-oficial; A todos que, direta ou indiretamente, colaboraram para a concluso desta pesquisa. 4SUMRIO_____________________________________________________ Lista de figuras________________________________________________________________________06 Lista de abreviaturas___________________________________________________________________11 Resumo______________________________________________________________________________12 Abstract______________________________________________________________________________13 1 2 INTRODUO_____________________________________________________________________14 A ARQUITETURA E A ILUMINAO EM HOSPITAIS 2.1 Enfoque histrico___________________________________________________________________18 2.1.1 Tendncias da arquitetura hospitalar contempornea ______________________________________24 2.2 Enfoqueeconmico ________________________________________________________________26 2.3Enfoque ergonmico _______________________________________________________________29 2.4Enfoque psicolgico _______________________________________________________________33 2.5 Consideraes finais ______________________________________________________________ 38 3CRITRIOS DE PROJETO PARA A ILUMINAO HOSPITALAR 3.1A iluminao natural _______________________________________________________________40 3.1.1 Importncia da iluminao natural nos hospitais _______________________________________40 3.1.2 A iluminao de tarefa e o conforto visual ____________________________________________40 3.1.3 Iluminao artificial suplementar permanente em interiores (IASPI) ________________________44 3.2 A iluminao artificial _______________________________________________________________45 3.2.1A iluminao geral e a iluminao de tarefa ___________________________________________45 3.2.2A especificao das lmpadas_____________________________________________________48 3.2.3A manuteno da iluminao artificial ________________________________________________49 3.3 Consideraes finais ________________________________________________________________50 4LEGISLAO PARA PROJETOS DE ILUMINAO HOSPITALAR 4.1A legislao brasileira e estrangeira__________________________________________________51 4.2A legislao de iluminao para os espaos estudados nesta pesquisa_____________________54 4.2.1Unidade de internao___________________________________________________________54 4.2.2Unidade de Terapia Intensiva (UTI)_________________________________________________56 4.2.3Sala de recuperao ps-anestsica________________________________________________58 4.3Consideraes finais _______________________________________________________________60 55ESTUDO DE CASO 5.1 Abordagem metodolgica___________________________________________________________61 5.1.1Critrios de escolha dos objetos de estudo___________________________________________61 5.1.2 Metodologia adotada_____________________________________________________________61 5.1.2.1 Trabalho de campo_______________________________________________________________62 5.1.2.1.1Levantamento das caractersticas dos espaos____________________________________62 5.1.2.1.2Medies de iluminncias e luminncias __________________________________________62 5.1.2.1.3Registro fotogrfico__________________________________________________________64 5.1.2.1.4Realizao de entrevistas e aplicao de questionrios ______________________________64 5.1.2.2Trabalho de gabinete____________________________________________________________65 5.1.2.2.1Reviso bibliogrfica_________________________________________________________65 5.1.2.2.2Elaborao dos elementos de coleta de dados _____________________________________65 5.1.2.2.3Ordenamento e processamento dos dados ________________________________________67 5.1.2.2.4Critrios de avaliao dos resultados____________________________________________68 5.2Resultados e anlise dos dados_____________________________________________________70 5.2.1Descrio dos objetos de estudo___________________________________________________70 5.2.1.1Hospital Santa Rita_______________________________________________________________70 5.2.1.2Espaos estudados no HSR _______________________________________________________73 5.2.1.3Hospital Moinhos de Vento ________________________________________________________77 5.2.1.4Espaos estudados no HMV _______________________________________________________78 5.2.2Resultados das medies de iluminncias e luminncias no HSR __________________________82 5.2.3Resultados das medies de iluminncias e luminncias no HMV _________________________ 94 5.2.4Resultados da aplicao dos questionrios no HSR ___________________________________ 104 5.2.5Resultados da aplicao dos questionrios no HMV ___________________________________ 111 5.3Interpretao dos resultados________________________________________________________117 5.3.1Hospital Santa Rita______________________________________________________________117 5.3.2Hospital Moinhos de Vento _______________________________________________________126 5.3.3Avaliao conjunta dos estudos de caso____________________________________________132 5.4Proposies para projetos de iluminao hospitalar___________________________________135 5.4.1Princpios de projeto_____________________________________________________________135 5.4.2Diretrizes especficas para a iluminao natural _______________________________________135 5.4.3Diretrizes especficas para a iluminao artificial_______________________________________136 5.4.4Diretrizes especficas aos projetos dos espaos fsicos _________________________________137 6 CONCLUSES_____________________________________________________________________138 7REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS _____________________________________________________142 Anexos_____________________________________________________________________________149 6LISTA DE FIGURAS_____________________________________________ CAPTULO 2 FIGURA 2.1: Centro de Epidaurus (Templo de Aesculapius em destaque) (a) e Templo de Aesculapius (b) em Hieron, 380 a.c._______________________________________________________________________________________19 Fonte: FLETCHER (1945, p. 130) FIGURA 2.2: Planta baixa e corte (a) e vista interna (b) do Hospital Tonnerre, Frana, 1293_____________________20 Fonte: PEVSNER (1979, p.166) e BUTLER (1952, p. 282) FIGURA 2.3: Planta baixa, corte (a), vista interna (b) e externa (c) do Ospedale Maggiore, Milo, 1450____________21 Fonte: LEISTIKOW (1967, p.69); THOMPSON (1975, p.31); PEVSNER (1979, p.171) FIGURA 2.4: Planta baixa (a) e vista do ptio interno (b) do Hospital Lariboisire de Paris_______________________22 Fonte: PEVSNER (1979, p.185); MIGNOT (1983, p.227) FIGURA 2.5: Planta baixa (a) e vista externa (b) do Sanatrio de Tuberculose de Paimio, 1928__________________24 Fonte: ALVAR (1983, p.41); FLEIG (1981, p.96) FIGURA2.6:Modulaesde1,20x1,20m(a)e1,25x1,25m(b)noespaoindividualdopacienteemenfermarias para dois e quatro leitos___________________________________________________________________________28 Fonte: figura adaptada de PANERO e ZELNIK (1991, p. 245) FIGURA 2.7: Planta baixa (a) e vista (b) do espao pessoal do paciente em uma enfermaria____________________30 Fonte: PANERO e ZELNIK (1991, p. 243) FIGURA2.8:Larguradasportas(a)eespaodemanobradecadeiraderodas(b)emumquartodaunidadede internao_____________________________________________________________________________________31 Fonte: PANERO e ZELNIK (1991, p. 246 e 244) FIGURA 2.9: Altura do peitoril de uma janela em relao s linhas visuais do observador_______________________32 Fonte: figura adaptada de PANERO e ZELNIK (1991, p. 150) FIGURA 2.10: Enfermaria com iluminao indireta geral combinada iluminao localizada junto aos leitos________34 Fonte: HOPKINSON (1963, p. 128) FIGURA 2.11: Estratgias de iluminao de um corredor de circulao entre blocos do Hospital Israelita Albert Einstein (a) e de uma recepo da unidade de internao do Womens Treatment Center (b)___________________________35 Fonte: PLANO (1997, p. 43); GORMAN (1999, p. 1) FIGURA 2.12: UTI do The Catherine and Charles Owen Heart Center, na Carolina do Norte (a) e quarto de internao infantil do Hospital for Sick Children, em Toronto (b)____________________________________________________37 Fonte: AIA (1996, p. 171 e 151) CAPTULO 3 FIGURA3.1:VistadareainternadaWayStation,instalaodesadementalemFrederick,Md.(a)edoHospital Sarah de Fortaleza, do arquiteto Joo Filgueiras Lima (b) ________________________________________________41 Fonte: FRANTAe ANSTEAD (1999, p. 4); LIMA (1999, p. 31) FIGURA 3.2: Corte de uma enfermaria do Hospital Larkfield______________________________________________43 Fonte: HOPKINSON (1963, p. 31) FIGURA3.3:Modelodeenfermariailuminadasomentecomiluminaonatural(a)eassociadailuminaoartificial permanente (b)_________________________________________________________________________________45 Fonte: HOPKINSON (1963, p. 321-322) FIGURA 3.4: Cores de alta refletncia nas reas prximas luminria de cabeceira (a) e junto ao forro (b) de um quarto de internao do Sanatrio de Tuberculose em Paimio__________________________________________________46 Fonte: ALVAR (1983, p. 45) 7FIGURA 3.5: Elevao lateral (a) e vista frontal (b) de uma luminria mvel com limitao de movimento __________47 Fonte: CIBSE (1989, p. 19) FIGURA 3.6: Iluminao indireta da sala de espera do St. Marys Health Center, de Paul Zaferiou (lighting designer), em St. Louis_______________________________________________________________________________________48 Fonte: TRAUTHWEIN (1999, p. 2) CAPTULO 4 FIGURA 4.1: Iluminao geral(a) e localizada para leitura (b) em quartos da unidade de internao geral_________54 Fonte: MUDANA (1997, p.50) e IESNA (1981, p.7-7) FIGURA 4.2: Quarto de UTI do Hospital do Corao, Carlos Eduardo Pompeu, SP, 1994_______________________56 Fonte: MUDANA (1997, p. 48) FIGURA 4.3: Planta baixa do 4 pavimento (a) e vista de um quarto da UTI (b) do St. Francis Regional Medical Center, HTNB Corporation, Kansas, 1993___________________________________________________________________57 Fonte: AIA (1996, p. 94-95) FIGURA 4.4: Iluminao artificial (geral e localizada) da sala de recuperao_________________________________58 Fonte: IESNA (1995, p. 24) FIGURA4.5:IluminaonaturaldareaderecuperaodoHospitalHenrietaGoodall,emSalford,EUA.Salado primeiroestgioderecuperao(a),plantabaixa(b),saladosegundoestgioderecuperaocomboxes individualizados (c)______________________________________________________________________________59 Fonte: DOIS (1997, p. 66-67) CAPTULO 5 FIGURA 5.1: Aparelhos de medio: luxmetro ( esquerda) e luminancmetro ( direita)________________________63 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.2: Altura das medies das iluminncias naturais e artificiais_____________________________________63 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.3: Alturas das medies das luminncias naturais e artificiais com o paciente deitado (a) e reclinado (b)__64 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.4: Tabela (parcial) de coleta de dados das caractersticas dos espaos_____________________________66 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.5: Tabela (parcial) de coleta de dados de iluminncias__________________________________________66 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.6: Tabela (parcial) do questionrio aplicado aos funcionrios_____________________________________67 Fonte: Arquivo da autora FIGURA5.7:Campovisualdopacientedeitado:PontoFocal(PF),entornoimediato(30),entornoremoto(60)e entorno perifrico (90)___________________________________________________________________________69 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.8: Santa Casa no final do sculo XIX________________________________________________________71 Fonte: CEDOP FIGURA 5.9: Vista panormica do quarteiro da Santa Casa de Porto Alegre_________________________________71 Fonte: IRMANDADE (1999, p. 8) FIGURA 5.10: Implantao do HSR (destacado) (a) e vista externa na dcada de 1970 (b)______________________72 Fonte: Arquivo da autora; CEDOP FIGURA 5.11: Vista externa atual do HSR ____________________________________________________________73 Fonte: Arquivo da autora 8FIGURA 5.12: Vista dos quartos de internao privativo (a) e enfermaria (b) do HSR___________________________73 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.13: Vista geral da UTI (a), posto de enfermagem (b) e box 2 (c) do HSR____________________________75 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.14: Vista da sala de recuperao ps-anestsica do HSR_______________________________________76 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.15: Implantao do HMV (destacado) (a) e vista externa durante a construo (b)____________________77 Fonte: arquivo da autora; TELLES (1972, p. 47) FIGURA 5.16: Vista externa atual do HMV__________________________________________________________78 Fontes: Departamento de Marketing do HMV FIGURA 5.17: Vista do quarto 429 da unidade de internao do HMV_______________________________________78 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.18: Vista do posto de enfermagem (a) e detalhe do lanternin (b) da UTI nova do HMV_________________79 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.19: Vista dos boxes 16 (a) e 19 (b) da UTI nova do HMV________________________________________80 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.20: Vista da sala de recuperao ps-anestsica do HMV_______________________________________81 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.21: Curvas isolux (iluminncias naturais) e registro fotogrfico Quarto 502 do HSR__________________83 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.22: Curvas isolux (iluminncias artificiais) e registro fotogrfico Quarto 502 do HSR _________________84 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.23: Curvas isolux (iluminncias naturais) e registro fotogrfico Quarto 326 do HSR__________________86 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.24: Curvas isolux (iluminncias artificiais) e registro fotogrfico Quarto 326 do HSR _________________87 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.25: Curvas isolux (iluminncias naturais - inverno e primavera) e registro fotogrfico UTI do HSR_______89 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.26: Curvas isolux (iluminncias naturais - vero) e registro fotogrfico UTI do HSR__________________90 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.27: Curvas isolux (iluminncias artificiais) e registro fotogrfico UTI do HSR _______________________91 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.28: Curvas isolux (iluminncias naturais) e registro fotogrfico Sala de recuperao do HSR __________92 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.29: Curvas isolux (iluminncias artificiais) e registro fotogrfico Sala de recuperao do HSR__________93 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.30: Curvas isolux (iluminncias naturais) e registro fotogrfico Quarto 429 do HMV__________________95 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.31: Curvas isolux (iluminncias naturais, vero tarde) dos quartos 429 e 405 do HMV_________________96 Fonte: Arquivo da autora 9FIGURA 5.32: Curvas isolux (iluminncias artificiais) e registro fotogrfico Quarto 429 do HMV_________________96 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.33: Curvas isolux (iluminncias artificiais) e registro fotogrfico UTI do HMV_______________________98 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.34 a: Curvas isolux (iluminncias naturais- inverno) e registro fotogrfico - UTI do HMV________________99 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.34 b: Curvas isolux (iluminncias naturais- primavera) e registro fotogrfico - UTI do HMV_____________100 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.34 c: Curvas isolux (iluminncias naturais- vero) e registro fotogrfico - UTI do HMV ________________101 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.35: Curvas isolux (iluminncias artificiais) e registro fotogrfico Sala de recuperao do HMV_________102 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.36: Curvas isolux (iluminncias artificiais) e registro fotogrfico Sala de recuperao do HMV_________103 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.37: Satisfao em relao iluminao natural nos quartos privativos (a) e nas enfermarias (b) da unidade de internao do HSR___________________________________________________________________________104 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.38: Satisfao em relao iluminao artificial nos quartos privativos (a) e nas enfermarias (b) da unidade de internao do HSR___________________________________________________________________________105 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.39: Satisfao em relao s cores dos quartos privativos (a) e das enfermarias (b) da unidade de internao do HSR______________________________________________________________________________________105 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.40: Satisfao em relao aparncia dos pacientesmediante a iluminao artificial nos quartos privativos (a) e nas enfermarias (b) da unidade de internao do HSR_____________________________________________106 Fonte: Arquivo da autora FIGURA5.41:Satisfaoemrelaoscondiesdetrabalhonosquartosprivativos(a)enasenfermarias(b)da unidade de internao do HSR____________________________________________________________________106 Fonte: Arquivo da autora FIGURA5.42:Satisfaoemrelaoiluminaonaturalnosboxes(a)enopostodeenfermagem(b)daUTIdo HSR_________________________________________________________________________________________107 Fonte: Arquivo da autora FIGURA5.43:Satisfaoemrelaoiluminaoartificialnosboxes(a)enopostodeenfermagem(b)daUTIdo HSR_________________________________________________________________________________________107 Fonte: Arquivo da autora FIGURA5.44:Satisfaoemrelaoscoresdosespaos(a)eaparnciadospacientesmedianteailuminao artificial dos boxes (b) da UTI do HSR_______________________________________________________________108 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.45: Satisfao em relao s condies de trabalhonos boxes (a) e no posto de enfermagem (b) da UTI do HSR_________________________________________________________________________________________108 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.46: Satisfao em relao iluminao natural (a) e artificial (b) na sala de recuperao do Centro Cirrgico do HSR______________________________________________________________________________________109 Fonte: Arquivo da autora 10FIGURA5.47:Satisfaoemrelaoscoresdosespaos(a)eaparnciadospacientesmedianteailuminao artificial da sala de recuperao (b) no Centro Cirrgico do HSR__________________________________________110 Fonte: Arquivo da autora FIGURA5.48:SatisfaoemrelaoscondiesdetrabalhonasaladerecuperaodoCentroCirrgicodo HSR_________________________________________________________________________________________110 Fonte: Arquivo da autora FIGURA5.49:Satisfaoemrelaoiluminaonatural(a)eartificial(b)nosquartosdaunidadedeinternaodo HMV_________________________________________________________________________________________111 Fonte: Arquivo da autora FIGURA5.50:Satisfaoemrelaoscoresdosetor(a)eaparnciadospacientesmedianteailuminaoartificial dos quartos (b) da unidade de internao do HMV_____________________________________________________112 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.51: Satisfao em relao s condies de trabalho nos quartos da unidade de internao do HMV_____112 Fonte: Arquivo da autora FIGURA5.52:Satisfaoemrelaoiluminaonaturalnosboxes(a)enopostodeenfermagem(b)daUTIdo HMV_________________________________________________________________________________________113 Fonte: Arquivo da autora FIGURA5.53:Satisfaoemrelaoiluminaoartificialnosboxes(a)enopostodeenfermagem(b)daUTIdo HMV_________________________________________________________________________________________114 Fonte: Arquivo da autora FIGURA5.54:Satisfaoemrelaoscoresdosespaos(a)eaparnciadospacientesmedianteailuminao artificial dos boxes (b) da UTI do HMV______________________________________________________________114 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.55: Satisfao em relao s condies de trabalho nos boxes (a) e no posto de enfermagem(b) da UTI do HMV_________________________________________________________________________________________115 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.56: Satisfao em relao iluminao natural (a) e artificial (b) na sala de recuperao do Centro Cirrgico do HMV______________________________________________________________________________________115 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.57: Satisfao em relao s cores (a) e aparncia dos pacientes mediante a iluminao artificial (b) da sala de recuperao do Centro Cirrgico do HMV_________________________________________________________116 Fonte: Arquivo da autora FIGURA5.58:SatisfaoemrelaoscondiesdetrabalhonasaladerecuperaodoCentroCirrgicodo HMV_________________________________________________________________________________________116 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.59: Campo visual do paciente do box 2 da UTI do HSR ________________________________________122 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.60: Campo visual dos pacientes dos boxes 16 (a) e 19 (b) da UTI do HSR _________________________129 Fonte: Arquivo da autora FIGURA 5.61: Campo visual dos pacientes dos leitos 1 a 10 da sala de recuperao do HMV___________________131 Fonte: Arquivo da autora 11LISTA DE ABREVIATURAS______________________________________ ABNTAssociao Brasileira de Normas Tcnicas AIAAmerican Institute of Architects APOAvaliao Ps-Ocupao AS/NZSAustralian/ New Zealand Standard BSI British Standard Instituition CIBSEChartered Instituition of Buildings Services Engineering CIECommission Internationale de LEclairage CRCentro de Recuperao CTICentro de Tratamento Intensivo DINDeutsches Institut fur Normung EASEstabelecimentos Assistenciais de Sade ENTAC Encontro Nacional de Tecnologia no Ambiente Construdo HMVHospital Moinhos de Vento HSRHospital Santa Rita IESNAIlluminating Engineering Society of North America NUTAU-USPNcleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo Universidade de So Paulo SUSSistema nico de Sade UTIUnidade de Tratamento Intensivo 12RESUMO______________________________________________________ Ailuminaohospitalar,nosespaosdepermannciadospacientes,develevaremcontaos requisitosvisuaisdeseusdoisgruposprincipaisdeusurios:ostaff,comvistasaviabilizara execuodeprocedimentosmdicos,eospacientes,quedevemtergarantiasdeboascondies de conforto visual. Os requisitos visuais de ambos usuriosincluem diversos critrios quantitativos equalitativosdeiluminao.Almdocompromissodeiluminarastarefasvisuaiseoutras atividades,ossistemasdeiluminaotambmsoresponsveispelacriaodeimpresses ambientais, influenciando as respostas emocionais dos usurios. Isso particularmente importante nos hospitais, uma vez que os mesmos abrigam pessoas fragilizadas e com alto nvel de estresse.Contudo,aprticaindicaqueosprojetosdeiluminaonestesespaospriorizamosrequisitos quantitativos,emdetrimentodaqualidadevisualdoambienteoudasrespostasemocionaisque estes provocam. Similarmente, tais instalaes so sujeitas a restries econmicas impostas pelo alto custo de construo dos hospitais. Nestecontexto,opresentetrabalhotemcomoobjetivoestabelecerdiretrizesparaprojetosde iluminaonaturaleartificialnosespaosdeinternaoerecuperaodoshospitais,enfatizando os critrios qualitativos envolvidos. Assim, foram realizados dois estudos de caso: no Hospital Santa Rita, do Complexo Hospitalar da Santa Casa de Misericrdia e no Hospital Moinhos de Vento, ambos em Porto Alegre. Os espaos estudadosnosdoishospitaisforamosquartosdasunidadesdeinternao,asUTIeassalasde recuperaops-anestsicasdoscentroscirrgicos.Ametodologiautilizadaparaaavaliaodos sistemas de iluminao natural e artificial destes espaos foi baseada em uma anlise comparativa entre as medies das condies de iluminao e o nvel de satisfao dos usurios.Aanliseeinterpretaodosresultadosdosestudosdecasoforneceramsubsdiosparaa identificaodepadresnosprojetosdeiluminaodoshospitaisinvestigados,assimcomo caractersticasindividuais.Comodecorrncia,foipossvelelaborarprincpiosgeraisdeprojetoe diretrizes especficas para a iluminao natural e artificial dos espaos de internao e recuperao, osquaisconsideramasimplicaesdosaspectosquantitativosequalitativosdestessistemasno conforto visual dos usurios. 13ABSTRACT____________________________________________________ Inhospitallighting,especiallyinpatientwards,onemusttakeintoaccountthevisualrequirements from its main users: the staff, who needs to execute their medical procedures and the patients, who must have optimal visual conditions provided. The visual requirements for both users include several qualitativeandquantitativelightingcriteria.Besidesbeingcommittedtolightingvisualtasksand otheractivitiesthelightingsystemsarealsoresponsibleforthecreationofenvironmental impressions,thusinfluencingemotionalresponsefromitsusers.Thisisparticularlyimportantin hospitals, once they shelter fragile people with high levels of stress.However,practicehasshownthatlightingprojectsinthesetypesofenvironmentprioritize quantitativerequirementsinsteadofvisualqualityoftheenvironmentortheemotionalresponseit incites.Moreover,suchfacilitiesaresubjectedtoeconomicalrestrictionsimposedbyhigh construction costs of hospitals. Thus,thepresentworkhastheobjectiveofestablishingguidelinesfornaturalandartificiallighting projects in patient wards emphasizing the qualitative criteria involved. Therefore, two case-studies have been carried out: one at Santa Rita Hospital (Complexo Hospitalar daSantaCasadeMisericrdia)andanotheratMoinhosdeVentoHospital,bothlocatedinPorto Alegre,Brazil.Thepremisesstudiedinbothcaseswerethepatientrooms,theICUsandthepost-surgery recovery rooms. The methodology used to assess both natural and artificial lighting systems ofsuchroomswasbasedonacomparativeanalysisbetweenthemeasurementsofthelighting conditions and the level of satisfaction of its users. Theanalysisandinterpretationoftheresultsofsuchcaseshaveprovideddatatopattern identificationinthelightingprojectofthestudiedhospitalsaswellasitsindividualcharacteristics. Consequently, it was possible to elaborategeneral principles and specific guidelines to natural and artificial lighting for both hospitalization and recovery wards, in which are considered the implications of both qualitative and quantitative aspects of these systems in terms of users visual comfort. 14CAPTULO 1 1.Introduo________________________________________________ Ailuminaoinfluenciaavidacotidianaemnossasmaissimplesatividadeseestadosdehumor. Nos espaos de sade, tal influncia mais intensa, uma vez que as pessoas normalmente esto fragilizadaspeladoenaenecessitandodeestmulospositivosparaasuarecuperao.Assim,a luz em excesso, ou sua m localizao, so fatores que podem prejudicar os pacientes. O conforto visualtambmrequisitoimportanteparaaequipemdica,naexecuodosprocedimentos curativos e na constante observao dos doentes internados. Embora a funo bsica da luz seja proporcionar a visibilidade, ela tambm contribui na criao do carterdosespaos,influenciandoassensaesdebem-estardosusurios(FLYNN,1977; SORCAR, 1987; DAVIS, 1987). Alguns tipos de iluminao esto associados com certos espaos e, porisso,podemfazer,porexemplo,ospacientesinternadoslembraremdeambientesfamiliares (BENYA, 1989). Embora a iluminao possa reforar as sensaes de privacidade e relaxamento, a mesmatambmpodeinduzirmonotoniaedepresso.Esteaspectopoucomencionadona literatura hospitalar, possivelmente em conseqncia do carter funcionalista associado a este tipo de arquitetura. Osusuriosdosespaosdesade,especificamenteospacientesinternados,permanecempor longosperodosemummesmoespaofsico,muitasvezesestressante.Ossetoresque particularmentemaisevidenciamestacaractersticasoaunidadedeinternaogeral,aunidade de terapia intensiva e a sala de recuperao ps-anestsica, as quais tm especial dedicao neste trabalho. Tais espaos tambm se caracterizam pelo conflito entre os requisitos visuais de altas iluminncias daequipemdicaemnimodesconfortovisualaospacientes.Paraqueosrequisitosvisuaisde todososusuriossejamsatisfeitos,critriosquantitativosequalitativosprecisamserobservados nosprojetosdeiluminaohospitalar.Contudo,osrequisitosquantitativosnormalmenteso priorizadosnosprojetos,emdetrimentodaqualidadevisualdoambiente.Emboraumadadafonte deluzpossaatendersiluminnciasrequeridasparaodesempenhodastarefasvisuais,sua localizao,nocampovisualdospacientesdeitados,podecausarsriodesconfortovisualdevido aoofuscamento.Estapriorizaodoscritriosquantitativosfaz-senotar,deummodogeral,na 15legislaonacionaleestrangeira,emboraasnormasproduzidaspeloIESNA,BSIeAS/NZS,por exemplo, tambm apresentem critrios qualitativos de projeto, os quais levam em conta aspectos de confortovisual.Emrelaosnormasnacionais,aNBR5413/92recomendaapenasvaloresde iluminncias, enquanto a Port. 1884/94 do Ministrio da Sade sugere, brevemente, alguns critrios qualitativos para projetos de iluminao artificial dos espaos de internao. Assim, considerando as limitaes das legislaes, deve-se encarar as leis como requisitos mnimos a serem cumpridos nos projetos de iluminao hospitalar.Percebe-se tambm, que os critrios de projeto de sistemas de iluminao natural, principal fonte de luzdiurna,estoapenascomeandoasernormatizadosnoBrasil,pormeiodoProjeto02:135.02 daABNT.Naprtica,aincidnciadaluznaturalnosespaosconstrudos,suadistribuioe controlesonormalmentedefinidasapartirdaexperinciaindividualdecadaprojetista.Em decorrncia disso, pode-se ter situaes com a presena do sol nas reas dos leitos dos pacientes enospostosdetrabalho,causandoofuscamentosdevidoaoscontrastesexcessivosentreas luminncias,eacarretandoummaiorconsumodeenergiaparacondicionarosambientes aquecidos.O ideal de um espao visualmente agradvel, sem considerar os critrios qualitativos da iluminao, levouamuitosenganosnahistriarecentedailuminao.Estesenganosaconteceram principalmente quando a iluminao artificial popularizou-se.Neste momento, os arquitetos, por no saberemtrabalharcomestanovafontedeluz,cederamocontroledoprojetodeiluminaoaos engenheiroseltricos,osquaisforamtreinadosparasatisfazerosrequisitosquantitativosda iluminao(LAM,1977).Estaprticaaindapersistenoprocessodeprojetodossistemasde iluminao hospitalares, devido especializao das instalaes eltricas.Almdisso,devidoaosaltoscustosdeconstruoedosequipamentosmdicossofisticadosdos hospitais,osprojetosdeiluminaonaturaleartificial,sosujeitosarestrieseconmicas.A escolhadaslmpadas,porexemplo,freqentementefeitaemfunodasmelhoresofertasde mercado(BENYA,1989),sacrificandoaqualidadedosistemacomoumtodo,devidoaousode lmpadas de pobre reproduo de cores e alto consumo energtico. Como resultado, os custos de construosoreduzidos,masoscustosdeoperaoemanutenodoshospitaisaumentam.A simplificao dos sistemas de iluminao artificial gera outra situao em que o conforto visual dos usurios fica prejudicado sob pretexto de obter economia. Desta forma, as iluminncias gerais so elevadasparaatenderastarefasvisuaismaiscrticas,onerando,comoconseqncia,oconsumo energtico com a iluminao. 16Emfunodestecontexto,temaumentadonoBrasilaspesquisasdeAvaliaoPs-Ocupaco (APO) nos hospitais, envolvendo a anlise do conforto ambiental e do desempenho das propostas arquitetnicas(KOTAKAeFAVERO,1997;KOTAKAeFAVERO,1998;GOMES,RAMBAUSKEe SANTOS,1998;VISCONTI,1998;RIO,ORNSTEINeRHEINGANTZ,2000;COSTI,2000).Tais trabalhos tm buscado estabelecer uma nova viso a respeito dos hospitais, a partir da conciliao entre a satisfao dos usurios e o desempenho tcnico dos espaos construdos.Aspesquisasnareatmampliadooconhecimentoacercadosrequisitosvisuaisdosusurios, enquantoqueaindstriatemdesenvolvidonovosequipamentosdeiluminao,observandoa tendnciadeconservaodeenergia.Contudo,abibliografiarelativailuminaoem estabelecimentosdesadeaindaescassa,nodispondodeconhecimentosuficientearespeito de como tratar, nos projetos, todos os fatores queinterferem na qualidade da iluminao natural e artificial.Comvistasacontribuirparaaqualidadedosambienteshospitalares,estetrabalhotemcomo principalobjetivoestabelecerdiretrizesparaosprojetosdeiluminaonaturaleartificialnos espaos de internao e recuperao dos hospitais, levando em conta tanto os requisitos tcnicos quanto a satisfao dos usurios.Este trabalho est dividido em seis captulos, sendo que o primeiro se refere introduo do tema, contextualizando a iluminao hospitalar, justificando a pesquisa e apresentando o principal objetivo aseralcanado.Almdisso,apresentadaaestruturabsicadadissertaoeosassuntos desenvolvidos.Ocaptulo2AARQUITETURAEAILUMINAOEMHOSPITAIScontmumareviso bibliogrficadaevoluohistricadaarquiteturahospitalar,identificandotendnciasfuturas.Alm disso, so apresentados os enfoques econmico, ergonmico e psicolgico, que devem ser levados em conta na arquitetura e nos projetos de iluminao dos espaos de sade. Nocaptulo3CRITRIOSDEPROJETOPARAAILUMINAOHOSPITALARso apresentadosossistemasdeiluminaonaturaleartificial,focandosuaatuaonosespaos hospitalares. Com vistas a identificar os requisitos para a garantia do conforto visual dos usurios, so apresentados critrios qualitativos dos projetos de iluminao hospitalar, ressaltando situaes especiais de viso e manuteno do sistema artificial.No captulo 4 LEGISLAO PARA PROJETOS DE ILUMINAO HOSPITALAR apresentada umasntesedasrecomendaesdalegislaonacionaleestrangeiraparaailuminaonaturale artificial dos espaos de internao e recuperao. 17O captulo 5 ESTUDOS DE CASO refere-se avaliao das condies de iluminao natural e artificial dos quartos das unidades de internao, UTI e salas de recuperao ps-anestsicas dos CentrosCirrgicos.ForamanalisadosdoishospitaisdePortoAlegre:oHospitalSantaRita,do Complexo Hospitalar da Santa Casa, e o Hospital Moinhos de Vento. Os resultados destes estudos, somadosrevisobibliogrfica,permitiramoestabelecimentodediretrizesparaailuminao natural e artificial nos espaos de internao e recuperao dos hospitais.Porfim,ocaptulo6CONCLUSESdedicadosconclusesdapesquisaeaoresumodas principais contribuies do estudo de caso. 18CAPTULO 2 2.A arquitetura e a iluminao em hospitais______________________ 2.1ENFOQUE HISTRICO_________________________________________________________ Ahistriadamedicinaedacirurgiadatamdemuitossculosatrs,masahistriadoshospitais comoinstituiessocializadasondeodoenteeralevadoparatratamento,teveorigembemmais recente(MacEACHERN,1951).Originalmente,oshospitaisprestavamabrigoaosdesvalidoseassistncia mdica aos doentes, funcionando como casa de caridade, asilo e orfanato. Alm destas mltiplas funes adotadas nos primeiros hospitais, eles sempre estiveram associados religio no cuidado aos doentes, principalmente quando a medicina dispunha de poucos recursos. SegundoMacEACHERN(1951),acurapelaffoipraticadanandiaenoEgitomuitossculos antes de Cristo, templos-hospitais foram numerosos na Grcia e Roma antigas, e no comeo da Era Crist e Idade Mdia, o hospital era parte integrante da prpria igreja. Desta forma, a f, seja crist ouemdeusesdaantigidade,foiinspiradoradacura,oqueveioadeterminarocarterreligioso nas instituies hospitalares. Muitos dos hospitais de hoje foram fundados por ordens religiosas. De certa forma, a cura pela f continua fazendo parte da medicina e da arquitetura, representada pelas capelas inseridas nos hospitais.Noqueserefereiluminaodasconstrues,estacontoubasicamentecomaluznaturalata implementaodailuminaoeltricanofinaldosculoXIX,jqueailuminaoartificialanterior eraprimitivaenoatendiasdemandas(UNIOEUROPIA,1993).Asjanelasento,eram elementos essenciais para o desempenho das atividades, determinando a localizao dos espaos. Noshospitais,assalasdecirurgia,porexemplo,ficavamnoltimoandardoedifcioeeram equipadas com clarabias para o aproveitamento da iluminao natural (BUTLER, 1952). Naantigidade1foramregistradososprimeirossistemasdemedicina,ministradosprimeiramente em casa, no Egito, e posteriormente em templos, na Grcia e Roma antigas (MacEACHERN, 1951). Os templos-hospitais gregos, denominados templos de Aesculapius, estavam inseridos em centros dedicadosaotratamentoedivertimento(CentrodeEpidaurus-figura2.1a),comginsiose anfiteatros,livrarias,salasparavisitantes,atendentes,padresemdicos.Juntoaostemplos existiam stoas2 para abrigar os pacientes e garantir-lhes horas de luz do sol (MacEACHERN, 1951).

1 Idade Antiga (3000 ac.- 476 d.c.) 2 Stoa: espao coberto cercado por uma seqncia de colunas (colunatas). 19As colunatas que compunham as stoas, tambm foram amplamente usadas nos hospitais da Idade Mdia.SegundoFLETCHER(1945),asstoasforneciamvariedadenojogodeluzesombra, tornandoasaberturasemparedes,demenorimportncia.Quandoapareciam,asjanelas localizavam-seemclerestrio3,oumuitasvezesemaberturasnotelhado,protegidasporlminas translcidas de pedra (figura 2.1b).ab Figura 2.1: Centro de Epidaurus (Templo de Aesculapius em destaque) (a)e Templo de Aesculapius (b) em Hieron, 380 a.c. Fonte: FLETCHER (1945, p.130) Os templos-hospitais foram substitudos pelos hospitais cristos na Idade Mdia4, que acomodavam ospacientesemedifciosanexossigrejas.Principalmenteemseuincio,esteshospitais caracterizaram-seporumperododetotalno-adaptaonovafuno.Asnecessidadesde higieneeiluminaonoeramatendidaspeladecoraoproposta,comtapetesejanelasque forneciam pouca luz. A arquitetura dos hospitais daquela poca foi marcada pelas salas hospitalares, as quais, segundo LEISTIKOW (1967), eram construes similares s igrejas, que continham um amplo espao interior nodividido,comjanelasdeambososlados.Estassalasabrigavamtodasasfunessobum mesmo teto, contando inclusive com um altar. A individualizao dos espaos dos enfermos, que no incio no existia pela necessidade da integrao com o altar, foi criada posteriormente por meio de cortinas e divisrias de madeira. Tal organizao parece ser a precursora das UTI contemporneas, comdivisriasestabelecidasouvirtuaisnosespaosindividuaisdospacientessobummesmo espao maior, o qual tambm abriga um posto de enfermagem. As salas hospitalares podem ser exemplificadas pelo Hospital Tonnerre, de 1293. Ele possua uma snavedeaproximadamente100mdecomprimento,cobertaporumaabbadademeio-cillindro (PEVSNER , 1979). Os peitoris das janelas eram de 2,40m(KELLMAN, 1995), altura que tambm localizavaumapassareladaqualpodia-seabrirefecharasjanelaseobservarospacientes.A

3SegundoMOOLER(1985),CLERESTRIOsojanelasemparedesaltasdeumaconstruo,asquaisiluminamo interior. 4 Idade Mdia (476-1453) 20iluminaoprovinhadestasestreitasjanelaslaterais,distantesumasdasoutras,quedevidos grandesdimensesdoespao,possivelmentegeravamgrandesreasdesombra.Aplantabaixa, corte e vista interna deste hospital constam na figura 2.2.a b Figura 2.2: Planta baixa e corte (a) e vista interna (b) do Hospital Tonnerre, Frana, 1293 Fontes: PEVSNER (1979, p. 166) e BUTLER (1952, p. 282) Almdestehospital,destacam-setambmoHtel-DieudeParis(829),oHtel-DieudeBeaune (1451)eoHospitalAngersnaFrana(1153)comotpicoshospitaismedievais,ouseja,com grandesproblemasdeinsalubridadeepoucosrecursosmdicos.Taisdeficinciaslevavamaum alto ndice de mortalidade. Algumasevoluesemrelaohigieneaconteceramnoperododaidademoderna5como Renascimentoitalianoeaarquiteturarenascentista.Asrevolueseconmicasesociais conduziramaumnovopensamentodevalorizaodohomem,fundamentalparaaestrutura hospitalar,quepassouaserprojetadaapartirdeumanovaatitudeemrelaoaohomemeseu estadodesade.Umexemplodistooretornodosleprososaoshospitais,comogestodeno-segregao. Comoaumentodapopulaonascidadeseoconseqentefavorecimentodeepidemias,os hospitaisnecessitavamaumentarasuacapacidadedeatendimento.Esteobjetivofoialcanado comassalasdosenfermosprojetadasemformadecruz(MacEACHERN,1951;LEISTIKOW, 1967),ladeadasporptiosinternoscomcolunatas.Destaforma,podia-sesepararosdoentesde acordo com suas enfermidades e o caminho percorrido para o atendimento era menor. Estasnovasestruturashospitalaresdesenvolvidasna Itlia tm como exemplo mais significativo o Ospedale Maggiore de Milo , projetado por Filarete, construdo na dcada de 1450 e ainda hoje em funcionamento.Comaconstruodestehospital,aarquiteturapassouaseguiroestilodos

5 Idade moderna (1453-1789) 21palcios,relegandoaarquiteturareligiosa(LEISTIKOW,1967).Afigura2.3mostraaplantabaixa, corte,vistasinterna(enfermaria)eexternadohospital,oqualcontavacomumapequenaigreja, junto ao ptio principal e duas alas dos enfermos (em forma de cruz). ac b Figura 2.3: Planta baixa, corte (a), vista interna (b) e externa (c) do Ospedale Maggiore, Milo, 1450 Fontes: LEISTIKOW (1967, p.69); THOMPSON (1975, p. 31); PEVSNER (1979, p.171) Assalasdestehospitalcriavampontosdeinterseco,nosquaishaviaumaltarcobertoporuma cpulaoctogonal.DeacordocomKELLMAN(1995),enquantoumhospitalde1450possuaum altarnainterseco,emumhospitalde1850,esteespaoeraocupadoporumpostode enfermagem. Assim, a diferena maior no estava entre as plantas, mas na utilizao dos espaos de interseco das alas. Em relao iluminao, as plantas em forma de cruz geravam enfermarias mais estreitas que as salashospitalaresmedievais,oquesignificadizerqueerammelhorventiladaseiluminadas.Entretanto, a priorizao da simetria em detrimento da convenincia, foi o motivo que determinou a posio das janelas e portas (FLETCHER, 1945). Isso desvincula a atividade da fonte de luz. DeacordocomSILVA(2001),asorigensdohospitalcontemporneo,enquantotipologiae instituio,provmdossculosXVIIeXVIII.EstudosdesenvolvidosporHoward,Tenone Hunczovskyentre1760e1790,demonstraramqueosprocedimentosmdicoseosarranjos espaciais contriburam para as altas taxas de mortalidade(MIGNOT, 1983). 22Comisto,osculoXIX,inciodaIdadeContempornea6,marcouasevoluesmaissignificativas namedicinaenaarquiteturahospitalar,criandoasbasesfundamentaisdohospitalmoderno (LEISTIKOW,1967).Foigrandeacontribuiodaproduocientfica,destacando-seasobras: Mmoire sur les hospitaux de Paris, escrita por Tenon em 1788; Prcis darchitecture, escrita por Durand em 1809; e Notes on hospitals, escrita por Florence Nightingale em 1859.Taisestudosenfatizaramassuntoscomoahigiene,aseparaodeobjetoslimposesujos,a limitaodonmerodepacientesporenfermaria,condiesdeventilaoeiluminaodos espaoseaclassificaodosdoentesporsexoepatologia.Essasmelhoriasforamobtidaspor meio da organizao pavilhonar do espao hospitalar. O projeto consiste de um conjunto de blocos paralelos e afastados entre si, abrigando as enfermarias, as quais so conectadas por meio de um extenso corredorno eixo longitudinal.O Hospital Lariboisire projetado por Gauthier e construdo em Paris entre os anos de 1846 e 1854 (MIGNOT, 1983), considerado um dos primeiros exemplos de hospitais que seguiram as idias de Tenon(SILVA,2001)eosistemadepavilhes.Afigura2.4ilustraaorganizaodohospitalem torno a um ptio retangular. Percebem-se a setorizao funcional e a estruturao das circulaesde acordo com os eixos ortogonais estabelecidos. Os pavilhes garantiam a ventilao cruzada e a iluminao natural aos espaos idealizados por Tenon. Porm, a construo simtrica muitas vezes no tinha uma boa orientao solar.ab Figura 2.4: Planta baixa (a) e vista do ptio interno (b) do Hospital Lariboisire de Paris Fonte: PEVSNER (1979, p. 185) e MIGNOT (1983, p. 227) Esteperodotambmcontoucomprogressosmdicosqueconverteramoantigohospitalemum verdadeiroespaodetratamentoecura.Odesenvolvimentodaanestesiaeosurgimentodas prticasdeassepsia(SILVA,2001)contriburamparaacriaodocentrocirrgico,comosetor especializadoedeacessocontrolado.Almdisso,tambmhouveramgrandesevoluesna

6 Idade Contempornea (1789-hoje) 23indstriaenasconstrues,permitindoodesenvolvimentodeumesqueletoestrutural(MOOLER, 1985)edaliberaodasparedesdesuafunodesustentao,permitindoaaberturadevos maiores para as janelas. Da mesma forma, a inveno da iluminao eltrica no final do sculo XIX trouxe muitas vantagens. De acordo com BANHAM (1979) a luz eltrica oferecia a soluo dos problemas causados pelo gs, gerandomenorcalorenoproduzindofuligem.Istofoipositivoparaoatendimentodosrequisitos sanitaristasdapoca,jqueumdosmotivosatribudosaoaltondicedemortalidadedevia-se pouca higiene e insalubridade dos ambientes.Neste contexto, os avanos tecnolgicos e descobertas mdicas do sculo XIX propiciaram o mais rpido avano qualitativo nas instalaes hospitalares. Uma vez constatado que a pouca ventilao no era o motivo das enfermidades nos hospitais, e sim as bactrias, terminava a necessidade da construodoshospitaisempavilhes(PEVSNER,1979).Assim,asinovaessurgidasnoincio dosculoXX,comoailuminaoeltrica,oselevadoreseoarcondicionado,viabilizaramo surgimento dos hospitais-torre, de planta compacta e mltiplos pavimentos. A nova organizao arquitetnica dos hospitais tambm abandonava as ornamentaes compostas porelementoscomocolunas,abbadasefrontes.Estaperdadeornamentaodecorreudo grandeaumentonoscustosdosequipamentosmdicosmodernos,oqueexigiaprojetosmais econmicos(BUTLER,1952).Almdofatoreconmico,estasimplificaoestticatambmfoi reflexodospreceitosdisseminadospelaarquiteturaModernista,aindavistoshojenoshospitais:a limpeza, as linhas estreis e a falta de ornamentao, por exemplo (KELLMAN, 1995). Esses novos arranjos beneficiaram os espaos e os enfermos com uma orientao solar adequada. J o advento dailuminaoartificialpermitiuodesenvolvimentodeatividadesnoturnas,comoascirurgias,que anteriormente dependiam da luz do dia para serem executadas (BUTLER, 1952). Ohospital-torrepodeserexemplificadopeloSanatriodeTuberculosedePaimio,projetadopor AlvarAaltoem1928.Oprdiocaracteriza-seporumgrandevolumeprincipaldesenvolvidoem mltiplospavimentos,ondeselocalizamasunidadesdeinternao,orientadosparaosul (hemisfrionorte).Osoutrosserviosdesenvolvem-senosblocosanexosaoprdioprincipal.A figura2.5mostraaplantabaixado1andardestehospitaleavistaexternacomoblocode internaovistodireita.Estaorganizaopermitiuaventilaoeiluminaonaturalparaos espaos da unidade de internao, privilegiando os quartos dos pacientes. 24 abFigura 2.5: Planta baixa(a) e vista externa (b) do Sanatrio de Tuberculose de Paimio, 1928 Fonte: ALVAR (1983, p.41); FLEIG (1981, p. 96) NoinciodosculoXXhouveumagrandemudanaemrelaoaoposicionamentodosleitosnas enfermarias. Com base em estudos realizados no Hospital Rigs em Copenhagem em 1910, os leitos passaram a ser dispostos de forma paralela parede exterior (CUMBERLEGE, 1955). Desta forma, duasvantagensforamobtidas:areduodoofuscamentoprovocadopelasjanelaslocalizadas defronte ao leito e a viso do exterior para os pacientes.Estesculotambmfoimarcadopelaestruturaoclaradasplantasemzonasfuncionaisea principaldiscussod-seemfunodasvantagensedesvantagensdeseconstruirgrandes superfciesverticaisouhorizontais(SILVA,2001).Almdisso,oshospitaiscontemporneostm suasmaioresmodificaesinternasemfunodaadaptaoouinclusodenovasreaspara acolher os equipamentos mdicos modernos, em constante evoluo tecnolgica (SILVA, 2001). 2.1.1 TENDNCIAS DA ARQUITETURA HOSPITALAR CONTEMPORNEA DeacordocomRIBEIRO(1993),oshospitais,atualmente,cadavezmaisseparecememtodoo mundo. Esta uniformidade pode ser atribuda universalizao do conhecimento mdico, refletindo-se nos diversos setoresdos hospitais e no seu conjunto final. A adoo dos mesmos padres estticos nos espaos hospitalares tambm decorrncia de umaassociaoentretecnologiamdicaearquiteturaModerna.ParaKELLMAN(1995),huma tendncia de abandonar a arquitetura Moderna nos hospitais pela busca de outros valores, os quais superemapurezadasformaseafaltadedecorao.Caberepetiroquestionamentofeitopor OREM(1995,p.162),referindo-searteModernistanoshospitais:apropriadaparaasade? Qual mensagem transmite? 25Estaimpessoalidadeeuniformidadeprojetuais,agoraindesejadosnosespaosdesade,pode explicar parcialmente o carter equivocado adotado nos novos hospitais. Enquanto antigamente os hospitais pareciam-se a igrejas e palcios, atualmente os mesmos parecem-se a hotis e shopping centers. Ser o destino dos hospitais no criar um carter prprio aceitvel aos olhos dos usurios? Segundo ARIS apud RIBEIRO (1993, p.50), o hospital no apenas o lugar onde as pessoas se tratamecuram;tambmondesemorreeonde,paradoxalmente,amortenegada.Assim,o carter hospitalar tem sido negado (ou disfarado) numa tentativa de disassoci-lo de seu contedo simblico, seja de uma imagem de ineficinciaque j representou, seja do sofrimento que sempre estar presente. H que se considerar tambm se a falta de carter necessariamente m, como questionaMAHFUZ(1996).Nestecasotalvezoseja,poisaimediataidentificaoexternado edifcio pode determinar uma conduta mais cautelosa aos que transitam em suas imediaes, assim como o acesso mais rpido aos que necessitam de atendimento de emergncia. Outra tendncia a associao dos hospitais com outras atividades. Como exemplo, pode-se citar um novo centro de sade construdo em Tquio,o qual conta com instalaesdesadeprivadas, clube de esportes, museu da sade, escritrios elojas (PEARSON, 1995). Nesse centro convivem as idias de combate doena e busca da sade. Contudo, essa associao deve ser limitada, uma vez que o hospital moderno assumiu novas e especializadas funes, diferentes das assumidas nos centros de tratamento e divertimentos da Grcia e Roma antigas. De acordo com MIQUELIN (1997), deve-se evitar a exacerbao das combinaes com outras atividades e a tentao de associar os espaos de sade a outros empreendimentos complexos, como os shoppings. Os hospitais tambm vm evoluindo em relao ao seu porte e setores componentes. Em relao aoseuporte,PEARSON(1997),afirmaqueaconstruodegrandeshospitaisestdiminuindo enquantoestaumentandoaconstruodeclnicas,instituiescomunitriaseinstituies especializadas. De acordo com RUGA apud PEARSON (1995), os servios de sade tendem a ser uma combinao de vrias pequenas instituies comunitrias e poucos hospitais complexos. Estatendnciapodeseratribudaaosaltoscustosdeconstruoemanutenodosgrandes hospitais(BURKHARTapudPEARSON,1995)etambmimpessoalidadetransmitidaporeles (MIQUELIN, 1997). No Brasil, o Ministrio da Sade tem como estratgia o estabelecimento de uma redehierarquizada,envolvendodesdeopostodesade,nonvelbsicodeprestaode assistncia mdica, at os hospitais-base, destinados a prestar assistncia mdica especializada. Em relao s unidades hospitalares, independente de seu tamanho, destacam-se as tendncias de diminuio do setor de internao e de aumento do setorde ambulatrio (PEARSON, 1995; IESNA, 1995;PRESSLER,1995).SegundoorelatriodeestatsticashospitalaresdoAmericanHospital Associations, as internaes no EUA baixaram 13,5% de 1970 a 1990, enquanto os atendimentos 26nosserviosambulatoriaisaumentaramquaseduasvezes(PRESSLER,1995).Estesnmeros indicamquehumapropensoano-hospitalizao,oudes-hospitalizao.Oscustosde internao e os riscos de infeco hospitalarlevaram criaode programas de atendimento do paciente em casa, investimentos em preveno e diminuio do tempo de internao.Ades-hospitalizaotendeatransformaroshospitaisemgrandescentrosdediagnsticoe tratamento de casos graves, ou seja, em grandes UTI (MIQUELIN, 1997). Nesse caso, alguns dos serviosprestadosnoshospitaissotransferidosparaoutrosprdios,comooslaboratrios.Alm disso,RIBEIRO(1993)faladadesconcentraodeatividadesdeinfra-estruturaeapoio,como lavanderia, cozinha e manuteno, as quais so organizados em uma unidade central, destinada a atender um grupo de hospitais. Nos dois casos,o nmero de departamentos diminui nos hospitais, tornando-os menos complexos em sua composio e administrao. Finalmente,quantoaosnovosvaloreseimagemdohospital,hatendnciadeumamaior humanizaodosespaosinternos,tornando-osmaisagradveisperanteosusurios.Esta humanizao inclui, no mbito arquitetnico, o uso de cores, obras de arte, contato com a natureza e contato com a luz do dia. Segundo OREM (1995), as UTI e as reas de oncologia tm sido os dois setoresmaisbeneficiadoscomacrescentehumanizaodoshospitais.NocasodasUTI,so utilizadascoressuaveseiluminaono-perturbadora.Nocasodasreasdeoncologia,aautora recomendamudanasfreqentesnosespaosparaproporcionarvariedade,jquecontacom visitasfreqentesdosenfermos.NoBrasildestacam-seoshospitaisdaRedeSarah,osquais demonstramapreocupaodoarquitetoJooFilgueirasLima(Lel)comousodailuminaoe ventilao naturais, assim como o contato direto do paciente com a natureza. Tambm marcanteapresenadecoresvibranteseobrasdeartedoartistaAthosBulco,nasparedesemurosdos hospitais, levando vivacidade aos ambientes. 2.2ENFOQUE ECONMICO________________________________________________________ Mais que em outras atividades, os hospitais esto intimamente relacionados com a economia obtidanaconstruo,operaoemanutenodosprdios(SHERIF,1999).Emrelaoaoscustosde construo,aeconomiapodeserobtidaprincipalmenteatravsdareduodereasconstrudas, adoo de sistemas estruturais simples e padronizao de projetos e componentes. J os custos de operaoemanutenopodemserreduzidosatravsdautilizaodeiluminaoeventilao naturais,adoodemateriaisdealtadurabilidadeeseleodeinstalaeseletro-mecnicas apropriadas.Almdisso,aracionalizaodoprojetodeiluminaoartificialtambmpode proporcionar economia de energia ao hospital. 27Aprimeiragrandeestratgiadeeconomia,queenvolveareduodereasconstrudasdeum hospital, conta basicamente com o deslocamento de atividades a outros prdios centralizadores de serviosecomaracionalizaodasreasquerepresentamosmaiorescustosdeconstruo. Emboradeslocaratividadesnosejapropriamenteumatoprojetual,issoimplicanumamudana funcional. Diminui-se o nmero de internaes atravs das cirurgias feitas nos ambulatrios, ou at mesmoemclnicasforadohospital.Emamboscasos,ospacientesdecirurgiassimplespermanecem apenas durante a sua recuperao no estabelecimento de sade. Segundo OLSON e DUXapudSHERIF(1999),estima-seque60%dosprocedimentoscirrgicossofeitosem ambulatrios nos EUA.J a racionalizaodas reas de maior custo na construo dos hospitais, implica diretamente em atos projetuais que envolvam redues racionais, ou seja, conservando os requisitos funcionais e a qualidade geral do ambiente. Segundo SHERIF (1999), as unidades de internao representam os maiores custos de construo nos pases em desenvolvimento, seguidas pelas reas ambulatoriais. O mesmo autorrecomenda uma composio das reas de internao que inclua mais enfermarias e menos quartos simples. Segundo a Port. 1884/94 do Ministrio da Sade, so exigidasas reas de6,00m/pacientenasenfermariasdetrsaseisleitos,7,00m/pacientenosquartosparadois leitose10,00m/pacientenosquartosindividuais.Adespeitodafaltadeprivacidadequeas enfermariasacarretam,aexistnciadasmesmaspodegerarumareduodeat40%narea construda em relao aos quartos individuais para o atendimento do mesmo nmero de pacientes. Nestecaso,aquantidadedesanitriostambmmenor,osquaisrepresentamgrandecustona construo de um prdio.A reduo de reas desperdiadas exigem estudos cuidadosos dos espaos em relao ao seu uso elayoutdomobilirio(SHERIF,1999).Considerandoacoordenaomodular,percebe-seatravs dafigura2.6queasmalhasresultantesdosmdulosde1,20me1,25m(utilizadosemhospitais brasileiros7)satisfazemasexignciasergonmicasparaenfermariasdedoisaquatroleitos, enquantoreduzemasreasdesperdiadasdeconstruo.Assolicitaes,segundoPANEROe ZELNIK (1991), so cerca de 3,43m de comprimento e 2,48m de largura para o espao individual de cada paciente, que significa uma rea de 8,50m. 28ab A= 43,2 45,7cmB= 45,7cmC= 12,7 15,2cm D= 50,8cm E= 72,4 76,2cm F= 99,1cm G= 243,8 251,5cmH= 121,9 167,6cmI= 221,0cm Figura 2.6: Modulaes de 1,20x1,20m (a) e 1,25x1,25m (b) no espao individual do pacienteem enfermarias para dois e quatro leitos. Fonte: Figura adaptada de PANERO e ZELNIK (1991, p. 245) Omdulode1,20mporm,apresentavantagensnamedidaemquepermitemaiscombinaes entreosmateriaisdeconstruoqueomdulode1,25m.Aconstruocomtijolos,blocosde concreto,painisdevedao,forrodegessoegessoacartonado,porexemplo,apresentamuma amplagamadepossibilidadesdecombinaesdentrodamalhamodularde120x120cm,semo desperdciodemateriais.Acoordenaomodularconfereflexibilidadeaoprojetoarquitetnico tendo em vista as reformas e ampliaes. Tal caracterstica fundamental nos hospitais, j que os mesmosexigemconstantesadaptaesconstrutivasemfunodasevoluestecnolgicase mdicas. Asegundagrandeestratgiadeeconomiaenvolvearacionalizaodaenergiaempregadana iluminaohospitalarejustifica-sepelareduodoscustosdeoperaodosistema.Areduo doscustosdeoperaorelativosiluminaohospitalarpodeseralcanadanoapenascomo aproveitamentodaluznatural,mastambmcomautilizaodailuminaoartificialcomosistema suplementarecomousodelmpadaseconmicas.Contudo,asdimensesdasjanelasesua localizaodevemserestudadasdemodoanocausarofuscamentonosusuriosenem

7 PECCIN (2000) 29sobrecarga para os equipamentos de ar condicionado, seja no inverno, com a perda do calor, seja no vero, com a entrada dele.Aeconomiatambmpodeseralcanadacomousodelmpadasdetecnologiamaisavanada, chamadasdeinovativasoueconmicas.Emboraocustodeaquisiodessesequipamentosseja maiorquedosequipamentosconvencionais,deve-selevaremcontaqueamanutenomenos freqente (BENYA, 1989). O Quadro 2.1 mostra que a substituio de lmpadas incandescentes por lmpadasfluorescentescompactasimplicanumcustoinicial72%maior.Entretanto,comoas lmpadas fluorescentes compactas apresentam durabilidade 15 vezes maior e consumo mensal de energia80%menor,aeconomiafinalresultaem75%.Damesmaforma,asubstituiode lmpadas fluorescentes de 40W por lmpadas fluorescentes de 32W, no provoca perdas de fluxo luminoso e reduz o consumo mensal de energia em 20%, resultando numa economiafinal de 15% . Quadro 2.1: Comparativo entre as lmpadas convencionais e econmicas LMPADA Potncia (W) Fluxo luminoso (lm) Temp. de cor (K) Vida til Custo inicial (R$)** Custo mensal operao (R$)*** INCAND. COMUM (BASE E-27) 100W 1220 lm (slico) 2700 K 1000 h R$1,90 R$13,10 FLUOR. COMPACTA (BASE E-27) 20W 1200 lm (220V) 2700 K 15000 h R$24,00 R$2,62 FLUOR. COMUM40W2700 lm5250 K7500 hR$5,50R$5,24 FLUOR. Energy saver 32W 2700 lm 4000 K 7500 h R$8,25 R$4,19 * Dados das lmpadas retiradas do Catlogo Geral2000 da OSRAM; * * Custos fornecidos pela Kandiro Iluminao, em out/2001; *** Custo mensal de uma lmpada acesa durante 18 horas dirias a R$ 0,2426/KWh (CEEE-RS), em out/2001. Substituiescomoestasnoimplicamemcustosadicionaisemrelaoinstalao,limpezae reposio, j que se tratam de adaptaes simples, sem trocas de equipamentos auxiliares. H que seobservar,noentanto,queapadronizaodailuminao,desejadapeloshospitais(KAMM, 1985),sejarealizadasemperdadequalidadeeconfortonosdiferentesespaosenvolvidos, atendendo aos requisitos visuais solicitados. 2.3ENFOQUE ERGONMICO______________________________________________________ Ergonomiaoestudodorelacionamentoentreohomemeoseutrabalho,equipamentoe ambiente, e particularmente a aplicao dosconhecimentos de anatomia , fisiologiae psicologia na soluodosproblemassurgidosdesserelacionamento(ErgonomicResearchSocietyapudIIDA, 1990). Noshospitais,aergonomiaassumepapelduplamenteimportante,devendoatuaremfavordo homem que trabalha para a sade do outro, e dos que lutam por seu prprio restabelecimento. Na 30verdade,aergonomiatememvistavriosusurios,sejamelescomponentesdaequipemdica, pacientesouvisitantes.Nosdiversosdepartamentosdoshospitais,aergonomiapodepromover adequaes no espao fsico, no seu mobilirio especfico e na iluminao, objetivando um conforto maioraospacientesemenorestressefsicoementalaosfuncionriosnodesempenhodeseu trabalho.As adequaes ergonmicas no espao fsico dos hospitais envolvem principalmente o estudo das dimensesdosequipamentosedaproximidadeentreasreasrelacionadas(ESTRYN-BEHAR, 1990).Asdimensesdosequipamentosdevemconsiderarasmedidasantropomtricas8dosseus usurios.Esforos excessivose posturas inadequadasno desempenho de atividades so fatores deestresseaosfuncionrios,podendoprovocardoresmusculareselesesnacoluna(ESTRYN-BEHHAR, 1990; JENSEN, 1999). O ideal seria estabelecer alturas no mobilirio queacomodassem amaioriadeseususurios,encorajandoaposiosentadaparaarealizaodeatividades (PANEROeZELNIK,1991;ESTRYN-BEHAR,1990).Osequipamentos,associadossreas requeridasparaasatividadesecirculao,determinamotamanhofinaldosespaos.PANEROe ZELNIK(1991)sugeremummodeloparaoespaopessoaldopacienteemenfermarias(figura 2.7). Esta rea de 2,51m de comprimento e 2,44m de largura, formado pelo mobilirio especfico e pelaszonasdeatividadeecirculao.Amedidamnimade76,2cmaoredordoleitopermitea acomodao dos visitantes e o atendimento mdico. a b A= 221,0cm; B= 243,8cm; C= 76,2cm; D= 99,1cm; E= 251,5cm; F= 5,1 7,6cm;G= 38,1cm; H= 137,2cm Figura 2.7: Planta baixa (a) e vista (b) do espao pessoal do paciente em uma enfermaria Fonte: PANERO e ZELNIK (1991, p. 243)

8 Segundo PANERO e ZELNIK (1991), a ANTROPOMETRIA a cincia que estuda as medidas do corpo humano, a fim de estabelecer diferenas entre os indivduos.. 31Afigura2.7tambmindicaanecessidadedepropiciarprivacidadeaopacienteatravsdousode cortinas,porexemplo.Contudodeve-seconsiderarqueaprivacidademuitomaisumestado psicolgico que um arranjo fsico (BRILL apud GUIMARES, 2000, p. 3.1-3). Dentre os fatores que interferemnaprivacidadedoindivduopodemsercitados:apossibilidadedeacesso,afreqncia de elementos que causem distrao ou interrupo, o rudo externo, a privacidade de comunicao eonmerodepessoasalocadasnomesmoambiente(GUIMARESeBELMONTE,2000).No casodeumaenfermariacomvriosleitos,oscuidadoshiginicosdopacientequenopode deslocar-se, por exemplo, se constitui num ato privado e s o ser atravs de um anteparo fsico. PANEROeZELNIK(1991)tambmalertamparamedidasespeciaisadotadasnosespaos hospitalares. Tratam-se das larguras das portas, as quais devem permitir a passagem de macase cadeirasderodas.Damesmaforma,azonadecirculaoaospsdosleitosnasunidadesde internao devem permitir a manobra de cadeiras de rodas (figura 2.8). ab B= 116,8 121,9cm;H= 137,2cm Figura 2.8: Largura das portas (a) e espao de manobra de cadeira de rodas (b)em um quarto da unidade de internao Fonte: PANERO e ZELNIK (1991, p. 246 e 244) Destacandoaimportnciadeaproximarasreasrelacionadasnoshospitais,ESTRYN-BEHAR (1990)exemplificaqueumaequipedeenfermagempodepercorreremumturnodetrabalho distnciasentre2,5Kme17,6Km.Osdeslocamentosexcessivosimplicamemmenortempo disponvel para dedicar aos pacientes. Noquedizrespeitoiluminaonaturaleartificialdosespaoshospitalares,asadequaes ergonmicasbuscamcompatibilizar os sistemas de iluminao com as atividades desempenhadase com a posio adotada pelos usurios. A m localizao da fonte de luzou sua insuficincia, por exemplo,podemgeraresforoextradofuncionrionaexecuodeumprocedimentomdico. 32Aproximar-sedofocodaatividadenestascondies,necessariamenteimplicanaadoodeuma postura inadequada para a melhor visualizao.Assim, a iluminao deveria permitir a execuo de procedimentos mdicos no corpo dos pacientesnasenfermarias,eopreparodemedicamentoseleituradecaixasderemdios,nospostosde enfermagem (ESTRYN-BEHAR, 1990). Para a equipe de enfermagem, a iluminao artificialconta basicamentecomailuminaogeraldoambienteediferentesfocosdeluzlocalizadosparaa realizaodetarefasespecficas(ABNT,1992;IESNA,1995;AS/NZS,1997;CIBSE,1989; PHILIPS, 1986).Em relao aos pacientes, a iluminao nos hospitais se constitui na legtima condio de conforto ambiental.Suavisodeveserprotegidadeofuscamentosdiretoeindireto.Arealizaode atividades sob a iluminao artificial por parte do paciente condio secundria, restringindo-se iluminao de cabeceira. Seu conforto tambm garantido pela iluminao de viglia, a qual permite equipe de enfermagem aproximar-sedo paciente noite, sem acionar outras luminrias.Quanto iluminao natural nos quartos dos pacientes, estabelece-se uma relao antropomtrica especial.Enquantooenfermoencontra-senormalmentenasposiesdeitadoereclinado,os visitanteseequipemdicapodemencontrar-seempousentados,demodoqueestabelecem-se trsalturasvisuais.Afigura2.9apresentaaslinhasvisuaisdeumapessoadeitadanacama, sentada e em p em frente a uma janela.N= 152.4cm; O= 177.8cm CAMA H=45cm :P= 40.6cm; Q= 55.9cm; R= 76.2cm; J= 91.4cm LEITO HOSPITALAR H=75cm :P= 65.6cm; Q= 70.9cm; R= 91.2cm; J= 106.4cm Figura 2.9: Altura do peitoril de uma janela em relao s linhas visuaisdo observador Fonte: figura adaptada de PANERO e ZELNIK (1991, p. 150) 33Percebe-se que a altura do peitoril afeta principalmente a pessoa deitada. Ela pode avistar o exterior ousomenteopeitorildajanela,dependendodaalturadopeitoril.Deve-selevaremcontaporm, queaslinhasvisuaisapresentadasnestafigurapartemdeumacamacomalturaaproximadade 50cm. Contudo, os leitos hospitalares possuem altura maior, de no mnimo 75cm, o que modifica as linhasdevisoe,consequentemente,asalturasdepeitoril.Assim,levandoemcontaaalturados leitoshospitalares,asdimensesdafigurapassamaser:P=65,6cm,Q=70,9cm,R=91,2cmeJ= 106,4cm. . 2.4ENFOQUE PSICOLGICO______________________________________________________ Asreaespsicolgicasdoserhumanoparecemserintensificadasnoambientehospitalar.A relaoestabelecidaentreousurioeoespaoarquitetnicomuitoclaranestesespaos,pois envolvetodososgrausdeestressebiolgico,inclusiveonascimentoeamorte(FITCHapud SAARINEN, 1976). Todos os usurios dos hospitais, mas principalmente os pacientes e equipe mdica, tm o seu bem-estarfsicoeemocionalinfluenciadospeloambiente(MALKIN,1992;GAPPEL,1995).Paraos pacientes,existemdoissentimentosquepodemlevaraoestresse.Primeiro,soasprprias implicaesdadoena,quereduzemacapacidadefsicadopaciente,podendo,noscasosmais graves, ocasionar uma dependncia de outros para o suporte vida, preocupaescom a famlia, trabalhoedinheiro,assimcomopensamentosdeabandonoedaprpriamorte(MALKIN,1992; ULRICH,1995).Segundo,soasreaespsicolgicasefisiolgicasimpostaspeloprprio ambiente(ULRICH,1995).Asreaesfisiolgicasaoestressepodemserexemplificadaspelo aumentodapressosangnea,tensomuscularealtosnveisdehormniosnosangue (FRANKENHAUSER apud ULRICH, 1995), as quais podem trabalhar contra a prpria recuperao do paciente, j debilitado. Para os funcionrios, alm das condies fsicas e sociais do seu espao de trabalho, cuidarde doentes graves tambm pode ser um fator de estresse.Nombitodaarquitetura,oestressegeradopeloambientehospitalarpodesercontroladoatravs de seus aspectos fsicos. Osaspectos que dizem respeito diretamente a esta pesquisa, ou seja, arquiteturaeiluminaohospitalar,referem-seorganizaoespacial(GAPPEL,1995),s condies internas de iluminao e ao emprego das cores (MALKIN, 1992; SAARINEN, 1976).Aorganizaodoespaopodeproduzirefeitospsicolgicospositivosnosusurios.Um departamento de UTI com desenho radial, por exemplo, isto , com os boxes do pacientes dispostos aoredordopostodeenfermagem,transmiteseguranaebem-estaraospacientespela proximidadedoatendimentodaequipedeenfermagem(GAPPEL,1995).Damesmaforma,o desgastedaequipedeenfermagemtambmmenor,porfavorecerocontroleereduzirotempo 34empregado no percurso at os pacientes (SAARINEN, 1976). Esta organizao, juntamente com a utilizaodequartosindividualizados,tambmoportunizamaprivacidadeaospacientes (WILLIAMS, 1995). O controle olfativo e auditivo so melhoradosem relao ao uso das cortinas, assim como o controle dos boxes garantido pela presena de reas envidraadas nas divisrias. Ascondiesdeiluminaoprovocamimpressesereaesemocionais,influenciandona qualidade visual do espao e no bem-estardos seus ocupantes. Conforme FLYNN (1977), existem algumas impresses subjetivasassociadasa formasde iluminar o ambiente: a claridadevisual, a espacialidade, o relaxamento, a privacidade e a amenidade. Enquanto as impressesde claridade eespacialidadesoalcanadascomumailuminaogeraluniformeenfaseperifrica,as impressesderelaxamento,privacidadeeamenidadesoalcanadascomumailuminaogeral no-uniformeetambmnfaseperifrica.Emespaoscomoasenfermariasdasunidadesde internao,aprivacidadepodeserenfatizadacomailuminaolocalizadaparaleituraemcada leito,associadailuminaoindireta(figura2.10).Similarmente,aimpressoderelaxamento desejvelaosqueestointernados.Assim,odescansodocorporequernecessariamentea inexistncia de qualquer tipo de ofuscamento, principalmente no teto (SORCAR, 1987).Figura 2.10: Enfermaria de hospital com iluminao indiretacombinada iluminao localizada junto aos leitos Fonte: HOPKINSON (1963, p. 128) Destaforma,osespaospodemparecerampliadosoureduzidos,induziratividadeouao relaxamento(oumesmomonotonia),favoreceraprivacidadeouoconvviosocial,incentivara amenidadeouaagitao,dependendodaformacomoforemiluminados.Algumasdasreaes emocionais resultantes destas impresses ambientais podem ser de nimo, aborrecimento, prazer, tranqilidade e depresso (SORCAR, 1987). Elas so principalmenteimportantes para as pessoas quepassammuitotemponomesmoespaofsico,comoocasodosquartosdeinternaonos hospitais.Ailuminaotambmpodeserusadacomoformadealiviarpsicologicamenteassensaes trmicas do ambiente durante dias muito quentes ou muito frios. Segundo MILLET (1996),a luz do 35solnoinvernopodeajudaraaliviarasensaodefrio,assimcomoaluzdodiafiltradapor elementos de sombra pode aliviar a sensao de calor extremo no vero. Alm disso, a iluminao podeserusadaparapromoverateno,orientaoeestabelecerlimites(FLYNN,1977;TILLER, 1990).Considerandoqueoshospitaissoestruturasarquitetnicascomplexas,compostaspor vriossetores,ailuminaonaturaleartificialpodemcontribuirnacomunicaointerna.Segundo FLYNN (1977), o reconhecimento do simbolismo das formas visuais tem a capacidade de comunicar significados sutis, que no so facilmente comunicados com palavras.Afigura2.11ilustraduassituaesemqueailuminaoartificialutilizadacomoauxliona inteno arquitetnica. A figura 2.10aretrata um corredor de circulaodo Hospital Albert Einstein emSoPaulo,noqualaestratgiadeumaseqncialineardeluminriasestimulao prosseguimentopelocorredor.Asuainterrupoemdeterminadotrechopromoveaatenoe sinaliza a ocorrncia de algum evento ou espao diferenciado. J a figura 2.11b, retrata a rea de recepodaunidadedeinternaodoWomensCancerTreatmentCenteremBoston,naqual percebe-seanfasedailuminaoindiretajuntoparededosquartos,reforandolimites.Alm disso, o acesso aos quartos so sinalizados por luminriasembutidas ao lado das portas, criando focos de ateno.a b Figura 2.11: Estratgias de iluminao de um corredor de circulao entre blocos do Hospital Israelita Albert Einstein (a) e de uma recepo da unidade de internao do Womens Cancer Treatment Center (b) Fontes: PLANO (1997, p.43); GORMAN (1999, p.1)

Oempregodascoresnosambientesconstrudostambmafetamosusuriosfisiologicae psicologicamente,provocandoreaesfsicaseemocionais.Decertaforma,areaoemocional, independente do senso esttico necessariamente envolvido,pode ser o resultado da prpria reao fisiolgicaqueseprocessanoserhumanoaodefrontar-secomascores.Assim,coresque aceleram o funcionamento do organismo, tambm provocam reaes emocionais intensas. Neste sentido, o vermelho mostra-se estimulante, aumentando a presso sangunea, os batimentos cardacosearespirao(MICHEL,1996).Eletambmpodeestarassociadaasensaesde 36aquecimento e conforto, estmulo, mas tambm ao calor e ao perigo, dependendoda sua aplicao (SORCAR,1987).Reaessemelhantessorelacionadasaoamareloeaolaranja,pormem menorintensidade(SORCAR,1987).Conformeomesmoautor,estascorespodemestar associadasasensaesdealegria,luminosidade,aquecimentoeestmulo.Acorazulproduz reaesfisiolgicasopostasaovermelho,diminuindoapressosangunea,osbatimentos cardacos e a respirao (MICHEL, 1996). Ela transmite tranqilidade, calma e suavidade, tambm sentidas com a cor verde (SORCAR, 1987). J a cor roxa, mistura as reaes opostasdo vermelhoedoazul,tendendoaumladoouaoutro,dependendodasuacomposio(MICHEL,1996).As coresneutras,comoporexemploocinza,soconsideradasnemclarasdemaisenemescuras demais,eporisso,completamenteindependentesdequalquertendnciapsicolgica(LSCHER, 1974), sendo predominantemente utilizadas nos espaos internos.Apesar do grande poder das cores sobre o ser humano, segundo BIRREN apud SORCAR (1987), seuefeitotemporrioeseassemelhasreaesaousodeestimulantescomoocaf,por exemplo, que depois de um pequeno perodo, diminuem seus efeitos. Almdasreaesfsicaseemocionais,ascorestambmafetamapercepohumana.Enquanto ascoresquentesparecemmaisprximasegeramsensaesdeaquecimento,ascoresfrias parecemmaisdistantesegeramasensaoderesfriamento(GAPPELL,1995;GRANDJEAN, 1998).Asensaodeconfortotrmicoafetadapelascoresquecompemoambiente,semque hajamudanadetemperatura.Assim,pode-sepensar,porexemplo,emtransmitirumaimpresso demaiorcaloraumespaodeorientaosul,oqualnodispedapresenadaradiaosolar, comousodecoresquentes.Naorientaosolaroposta,pode-sediminuiraimpressodecalor excessivo com o uso decores frias.As cores, como foi visto, tm a capacidade de estimular e tranqilizar os usurios, mas tambm tm acapacidadedeprovocarreaesinversas.MAHNKEapudMICHEL(1996),aconselhaousode coresfriasoumornasnoscorredoresdoshospitais,paracriarumaatmosferacalmante.Paraas UTI, ele sugere cores como o verde-guae azuis esverdeados para tranqilizar. Por outro lado, em salas de terapia ocupacional, o autor sugere cores como o laranja claro ou o amarelo para contribuir na atmosfera de alegria. Embora tais conselhos estipulem uma relao direta entre as funes dos espaos e as reaes psicolgicas s cores, eles limitam as possibilidades de aplicao das cores em suas inmeras combinaes. MAHNKEapudMICHEL(1996),observatambmasvantagensdousodacorverdenassalasde cirurgia.Estasvantagensconstamdareduodoproblemadacriaodeimagenscromticas,ou after-images,nos olhos dos cirurgies e atendentes aos desviar a visoda operao. Como a cor predominantenofocodatarefaovermelho,ousodesuacorcomplementar,overde,no 37ambiente, neutraliza estas imagens cromticas momentneas na viso, o que evitaria as sucessivas adaptaes visuais e conseqente cansao. Apesar das vantagens fisiolgicas comprovadas desta cornassalasdecirurgia,nosignificaqueoscomponentesfsicosdoespaoprecisemser compostos unicamente ou uniformemente com a cor verde. O uso das cores assume caractersticas especiais nas reas peditricas e nas reas de tratamento intensivo.SegundoMALKIN(1992),adecoraodasUTIemgeralsuave,eexcluicoresmuito fortesouestimulantes,asquaisnoseriamapropriadasparapessoascriticamentedoentes.Por outro lado, a falta de cor tambm pode levar monotonia. Assim, pequenos detalhes coloridos nas paredesouumborderdecornopermetrodoquartojuntoaoforro,porexemplo,poderiam contribuir positivamente ao ambiente (MALKIN, 1992). Tais detalhes podem ser vistos nos exemplos dafigura2.12.Afigura2.12amostraumaUTIemcorespredominantementeneutras,pormcom detalhesdecoresfortesevibrantesinseridos.Afigura2.12bmostraumquartodeinternao infantil,comafortepresenadedetalhescoloridosenfasejuntoaoforro.Ambastransmitema sensao de tranqilidade, mas com a presena de pequenos estmulos, tambm incitam reaes, as quais so desejveis nestes espaos para a recuperao dos pacientes. ab Figura 2.12: UTI do The Catherine and Charles Owen Heart Center, na Carolina do Norte (a) e quarto de internao infantil do Hospital for Sick Children, em Toronto (b) Fonte: AIA (1996, p.171 e 151) Ascores,damesmaformaqueailuminao,podemserusadasnoshospitaisemauxlio comunicaovisual.SegundoTORRICE(1995),diferentescorespodemserrelacionadasacada rea do hospital, e elas tambm podem constar no piso, de formaa conduzir ao destino desejado. Aestratgiadeutilizarumacorparacadapavimentoouunidadeconcedeaesteumcarter individualedefcilidentificao.Ascorestambmdeveriamserusadasnotetoemsalasde recuperaoecirurgia,jqueeleograndeparticipantedocampovisualdestepacientes (TORRICE, 1995). 38 importante destacar que a aparncia das cores pode ser alterada perante diferentes fontes de luz. SegundoMICHEL(1996),sobcertostiposdelmpadas,ascoresdassuperfciespodemmudar radicalmente.Aslmpadasdevapordemercrio,tipoHQL,porexemplo,emitem predominantementeondasdeluzverdeeamarela,comumpequenopercentualdeazulevioleta. Comoasondasdecorvermelhanosoemitidasporestalmpada,assuperfciesvermelhas parecemmarromoucinzaescuro(MICHEL,1996).Damesmaforma,aaparnciadosespaose das cores podem ser alterados dependendo da temperatura de cor da lmpada utilizada (MICHEL, 1996).Oambientepoderparecerquentesobtemperaturasdecorde3000Kefriosob temperaturas de cor de 5000K. Almdosaspectosfsicosjabordados,avisodanatureza,acriaodeserenidadevisualaos queestomuitodoenteseestmulovisualquelesqueestoserecuperando,contribuemna criaodeambientessaudveis,reforandooobjetivoteraputicodoshospitais(MALKIN,1992). Um estudo de pacientes operados em salas de recuperao mostrou que aqueles que tinham viso para a naturezanecessitaram de menos medicao para a dor que os pacientes com viso para umaparede(ULDRICHapudMALKIN,1992).Aspesquisastambmsugeremqueobem-estar humanoprovmdeespaoscomgraumoderadodeestmulos(MALKIN,1992),poistanto estmulos em excesso podemser estressantes como poucos estmulos podem ser deprimentes. 2.5CONSIDERAES FINAIS______________________________________________________ Oobjetivodestecaptulofoidiscutirosenfoquesenvolvidos,masnemsempreconsideradosnos projetoshospitalares.Essesenfoquesfornecemsubsdiosparaumaabordagemprojetual sistemticadoshospitais.Enquantoahistriacontextualizaaatividadehospitalar,explicandoas configuraesarquitetnicasatuaiseindicandotendncias,aeconomiaindicapossibilidadesde racionalizaraconstruoeamanutenodosestabelecimentos.Deoutraparte,aergonomiaea psicologia levam em conta as interfaces da arquitetura com o usurios e o meio fsico. Os hospitais contemporneos so o resultado de uma longa evoluo histrica. A iluminao ficou pormuitotemposubordinadaarquiteturasacraqueoshospitaisadotaramporsculos,sofrendo aslimitaesestruturaisetecnolgicasimpostasporseusmodelos.Ainadequaodeuma arquiteturaprojetadaparaoutraatividadeassociadaaospoucosrecursosmdicos,refletiu-senos altosndicesdemortalidadenoshospitaisatofinaldaIdadeMdia.Aarquiteturahospitalar abandonou os modelos religiosos somente com as descobertas da medicina na Idade Moderna e o reconhecimento da necessidade damanutenodahigieneeassepsia. Assim, as enfermarias em forma de cruz e em forma de pavilho da arquitetura palaciana vieram a melhorar as condies de higiene,iluminaoeventilaodosambientesdesade.Contudo,osprocedimentosmdicos 39aindadependiamdaluzdodiaparaasuaexecuo.Talrestriosomentefoisuperadacomo adventodailuminaoeltricanosculoXX,quepossibilitouaexecuodeatividadesmdicas durante a noite nos hospitais.De certo modo, os tipos de organizao hospitalar discutidos, inclusive os templos-hospitais gregos eassalashospitalaresdaIdadeMdia,podemserconsideradosprecursoresdoshospitais modernosemsuaformadeorganizao.Doisexemplossoilustrativos:a)nosgrandesespaos das salas hospitalares, surgiram as primeiras individualizaes dos enfermos, assemelhando-se s UTI de hoje; b) os centros de tratamento e divertimento da Grcia antiga parecem estar se tornando uma tendncia nos hospitais modernos, ao associar-se com outras atividades.Emdecorrnciadeconstantesadaptaessnovastecnologiaseterapiasmdicas,oshospitais vmapresentandoalgumastendnciascomunsemseusespaosconstrudos.Salienta-sea adaptaodoespaoconstrudoreduodonmerodeinternaeseaumentodousodos servios ambulatoriais. Alm disso, percebe-se a maior humanizao dos ambientes em geral, com o objetivo de torn-los mais agradveis aos que trabalham ou esto internados. O contato com a luz natural e o uso de lmpadas com temperatura de cor quente podem auxiliar neste sentido. Observa-setambmqueosambienteshospitalarescontemporneossoemgrandeparte, resultado das estratgias econmicas aplicadas na sua construo e manuteno. Tais estratgias envolvem medidas como a reduo de rea construda e a racionalizao no consumo de energia. Quantoiluminao,oaproveitamentodaluznaturaleaotimizaodailuminaoartificial, projetada como sistema suplementar e utilizando lmpadas consideradas econmicas, podem ser consideradas medidas de racionalizao. J a relao do usurio com o espao abordada atravs da ergonomia e da psicologia. Enquanto a ergonomia busca a adequao do espao fsico e suas instalaes aos usurios, a psicologia se preocupadiretamentecomasreaesemocionaiscausadaspeloambientehospitalar.Ainterface dousuriocomoespaoimportantetantoaostaffdainstituioquantoaospacientese familiares. Osenfoquesapresentadosrevelamqueoshospitaissocomplexosnoapenasnasuaestrutura funcionaleadministrativa,mastambmnoprojetodeseuespaofsico.Asreaesemocionais tendem a ser extremas, uma vez que a populao usuria est freqentemente abalada fisicamente epsicologicamente.Porisso,aarquiteturaeailuminaoserevelamcomoimportantes intervenientes no funcionamento dos hospitais, transmitindo mensagens positivas ou negativas aos que convivem nesses espaos. 40CAPTULO 3 3.Critrios de projeto para a iluminao hospitalar________________ 3.1A ILUMINAO NATURAL______________________________________________________ 3.1.1IMPORTNCIA DA ILUMINAO NATURAL NOS HOSPITAIS Considerandoqueospacientesinternadosnoshospitaistmpoucocontatocomoexterior,a presenadaluznaturaledosraiossolaresnestesespaostorna-separticularmenteimportante. Dentre os benefcios da iluminao natural, um dos principais refere-se sincronia dos mecanismos fisiolgicos dos usurios.O contato com o exteriorproporciona a continuidade no ritmo biolgico humano, pela passagem do tempo,dashorasdodiaedasestaes(MALKIN,1992),almdeestabelecerreferenciaisde orientaoemudanavisualaospacientesestaff.Josraiossolares,estimulamaproduode vitaminaD,aqualviabilizaaabsorodoclcio,evitandooraquitismonascrianasea osteosporosenosadultos(LAM,1986).Aluztambmtemsemostradoeficientenotratamentode certos tipos de depresso e distrbios do sono (MELUZZI apud SCURI, 1995).Estudos feitos por Peter Boyce mostram que a existncia de janelas reduzem as ocorrncias de dor, febreedepressops-operatriasempacientesinternadosemUTI(SCURI,1995).Umavezque noshospitais,oprincipalobjetivoorestabelecimentodosenfermos,ailuminaonatural, portanto, fator determinante de sade. 3.1.2A ILUMINAO DE TAREFA E O CONFORTO VISUAL Nos hospitais, as janelas tm as funes de iluminar os espaos e fornecer uma viso ao exterior aos pacientes e staff (CIBSE, 1989).Diretrizes para o cumprimento destas funes so discutidas a seguir: a)Viso ao exterior Aalturaelocalizaodasjanelasdependemdaposioocupadapelosusuriosnoespao.No casodeenfermariasemconstruesdevriospavimentos,oenvidraamentoabaixodoplanode refernciaapresentacomoprincipalvantagemapossibilidadedospacientesinternadosveremo que se passa ao nvel do solo (HOPKINSON, 1966). A viso da natureza tambm pode promover o 41relaxamento e a recuperao mais rpida (GAPPEL, 1995; ULRICH, 1995). Contudo, a necessidade pela privacidade deve ser assegurada aos usurios das edificaes (BSI, 1992), pela associao de elementos de fechamento s janelas.Entretanto,casoavisoexternanopossaserfornecida,osusuriosdosespaosdeveriamter uma vista interna de qualidade, atravs de uma trio, por exemplo (BSI, 1992). A figura 3.1a ilustra o espao central de uma instalaodesade,comiluminaozenital, e a figura 3.1b mostra uma rea interna arborizada, a qual integrada aos seis nveis da unidade de internao.ab Figura 3.1: Vista da rea interna da Way Station, instalao de sade mental em Frederick, Md.(a)e do Hospital Sarah de Fortaleza, do arquitetoJoo Filgueiras Lima (b) Fonte: FRANTAe ANSTEAD (1999, p. 4); LIMA (1999, p.31) b)Iluminao da tarefa visual Para a execuo das tarefas visuais diurnas, ailuminaonaturaldevesercapazdeproporcionar iluminncias adequadas s necessidades do espao, protegendo os usurios de ofuscamentos e refletncias especulares.As iluminncias dos espaos internos decorrem predominantemente da incidncia direta do sol e da contribuio da abbada celeste. Ambas, porm, apresentam caractersticas distintas. Enquanto aluzdosolpropiciaaltasiluminnciasefortescontrastes,aluzdaabbadacelesteapresenta contrastesmoderados(BSI,1992).Aluzdiretadosolpodeserbem-vindanosmesesdeinverno (LAM,1992),principalmenteparaospacientescompequenocontatocomoexterior.Contudo,a necessidadedeiluminaoestnecessariamentevinculadaaoconfortotrmico.SegundooBSI (1992),aluzdosolnodeveriaincidirdiretamentenastarefasvisuaisousobreaspessoas trabalhando. 42Contribuem tambm nas iluminncias internas, a luz refletida no entorno externo e nas superfcies interioresdoespao.SegundooBSI(1992),arefletnciadeumasalatoimportantena luminncia total quanto a luz direta admitida. Assim, forros, pisos, paredes e mobilirio agem como fontesdeluzsecundrias.ArefletnciarecomendadapeloIESNA(1995)paraosforrosdos espaoshospitalaresde70a80%,paraasparedesde40a60%eparaospisosde20a 40%.Almdeaumentarasiluminnciaseluminnciasinternas,ascoresderefletnciamdiae alta nas paredes e forros proporcionam ao ambiente uma sensao de leveza (CIBSE, 1989). Este resultadonosealteracomousodereascomrefletnciasmaioresoumenores,casoelasno ultrapassem10%docampovisualdosocupantesdoespao(IESNA,1995).Umexemplode pequenas nfases de cores de menor refletncia pode ser visto na figura 2.12.Levando-se em considerao a grande variao da luz natural ao longo do dia, os espaos onde o requisito de iluminao for baseado na uniformidade no devem ter esse sistema como a principal fontedeluz(IESNA,1995).Taisambientespodemserexemplificadospelassalasdecirurgia, laboratrios e radiologia.Evitaros ofuscamentos da iluminao natural, implica em considerar o tamanho das aberturas, as luminncias internas e externas, e a posio das janelas no campo visual dos usurios. Quanto ao posicionamentodasjanelas,oofuscamentopodeocorrerquandoatarefavisualexecutada diretamentecontraocu(BSI,1992).Esteaspectoparticularmenterelevantenosambientes ocupadosporusurioscompoucaliberdadedemovimento.Odesconfortovisualdecorredo contrasteexcessivoentreasluminnciasinterioreseasaltasluminnciasdareavisveldecu (BSI,1992).Nessassituaes,oofuscamentopodeserreduzidodedoismodos:pormeiodo aumentodasluminnciasinternas(comaadiodeiluminaoartificial,porexemplo)epela diminuiodasluminnciasexternas(obtidaatravsdosfatoresdesombra,porexemplo) (HOPKINSON, 1963).Destemodo,areduodasluminnciasexternasedareavisveldecupodeserconsiderada umaimportanteestratgiaparaevitaroofuscamento.Afigura3.2mostraumaenfermariado HospitalLarkfield,naqualumaprojeohorizontalnafachadareduzareadecuvisvelaos pacientes prximos s janelas, proporcionando iluminao natural para o centro do espao atravs da janela alta. 43Figura 3.2: Corte de uma enfermaria do Hospital Larkfield Fonte: HOPKINSON (1963, p. 31) Outrofatorquepodecontribuirnadefiniodotamanhodasjanelasacargatrmicaqueo ambienterecebeatravsdasreasenvidraadas.Aentradadaluzdosolnointeriordeuma edificaopodeterefeitossignificativosnoconfortotrmicoenoconsumodeenergiapara condicionarosambientes(BSI,1992).Nosestabelecimentosdesade,esteaspectoinfluenciano conforto geral do staff, pacientes e familiares, onerando os custos operacionais da instituio.Cabeaindaconsiderarasimplicaesdasdiferentesorientaessolares.Inicialmente,deve-se levar em conta que as orientaes leste e oeste aumentam a complexidade do projeto das janelas. Ambasrestringemainsolaoaapenasumturnododiae,especialmenteasfachadasoeste, apresentam grande ganho de calor no vero e pequeno no inverno (MOORE, 1985). Alm disso, a inclinao dos raios solares, quase perpendicular s fachadas, dificulta o controle da penetrao do solnosambientes,ofuscandoosusurios(CUMBERLEGE,1955).Jafachadanorteapresenta grandeinsolao,facilmentecontrolvelnoperododoveroatravsdepequenasprojees (MOORE,1