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Daniella Pereira Fagundes de França 1 & Marco Antonio de Freitas 2 Morar no estado do Acre possui algumas vantagens geográficas que facilitam muito viagens para os países que fazem fronteira com este estado, e que facilitam o acesso à Bolívia, ao Equador e Peru, para onde conseguimos realizar três viagens, em parte de carro próprio. Essas viagens para os países andinos objetivaram fotografar e observar a natureza, perceber os costumes e tradições dos povos desta região e ver de perto todas as mudanças de vegetação con- forme se passa da baixada da floresta amazônica peruana até os topos gelados da Cordilheira dos Andes, cerca de 4700 metros de altitude. A terceira viagem foi a mais longa quando resolvemos ir até as Ilhas Galápagos, cerca de 3500 quilômetros de caminho a partir da cidade de Inãpari, na fronteira do Brasil com Peru. Atravessa- mos a Cordilheira dos Andes, descemos para o litoral do Pacífico e seguimos em sentido norte até o Equador. Daí percorremos de carro por cerca de 250 quilômetros até a famosa e turística cidade costeira de Guayaquil. As Ilhas Galápagos, visitada por Charles Darwin em meados do século XVIII, encontra-se a mil e duzentos quilômetros da costa oeste da América do Sul e são cortadas pela linha do Equa- dor. Atualmente o lugar é território do Equador e se mantém como um santuário de vida silvestre que recebe turistas interessados em conhecer espécies que existem apenas ali. Figura 1. Geospiza conirostris. Marco Freitas. Figura 2. Geospiza difficillis. Daniella França. Figura 3. Geospiza fortis. Daniella França. Figura 4. Anas bahamensis galapapagensis. Fêmea. Marco Freitas. Ilhas Galápagos, Equador RELATO DE VIAGEM RELATO DE VIAGEM ISSN 1981-8874 9 771981 887003 1 7 1 0 0 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 171 - Janeiro/Fevereiro 2013 - www.ao.com.br 76

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Daniella Pereira Fagundes de França1 & Marco Antonio de Freitas2

Morar no estado do Acre possui algumas vantagens geográficas que facilitam muito viagens para os países que fazem fronteira com este estado, e que facilitam o acesso à Bolívia, ao Equador e Peru, para onde conseguimos realizar três viagens, em parte de carro próprio.

Essas viagens para os países andinos objetivaram fotografar e observar a natureza, perceber os costumes e tradições dos povos desta região e ver de perto todas as mudanças de vegetação con-forme se passa da baixada da floresta amazônica peruana até os topos gelados da Cordilheira dos Andes, cerca de 4700 metros de altitude.

A terceira viagem foi a mais longa quando resolvemos ir até as Ilhas Galápagos, cerca de 3500 quilômetros de caminho a partir da cidade de Inãpari, na fronteira do Brasil com Peru. Atravessa-mos a Cordilheira dos Andes, descemos para o litoral do Pacífico e seguimos em sentido norte até o Equador. Daí percorremos de carro por cerca de 250 quilômetros até a famosa e turística cidade costeira de Guayaquil.

As Ilhas Galápagos, visitada por Charles Darwin em meados do século XVIII, encontra-se a mil e duzentos quilômetros da costa oeste da América do Sul e são cortadas pela linha do Equa-dor.

Atualmente o lugar é território do Equador e se mantém como um santuário de vida silvestre que recebe turistas interessados em conhecer espécies que existem apenas ali.

Figura 1. Geospiza conirostris. Marco Freitas.

Figura 2. Geospiza difficillis. Daniella França.

Figura 3. Geospiza fortis. Daniella França.

Figura 4. Anas bahamensis galapapagensis. Fêmea. Marco Freitas.

Ilhas Galápagos, Equador

RELATO DE VIAGEMRELATO DE VIAGEMISSN 1981-8874

9 771981 887003 17100

Atualidades Ornitológicas On-line Nº 171 - Janeiro/Fevereiro 2013 - www.ao.com.br76

Figura 5. Arenaria interpres. Daniella França. Figura 8. Fregata magnificens. Fêmea. Daniella França.

Figura 6. Butorides striata. Daniella França. Figura 9. Fregata magnificens. Macho. Marco Freitas.

Figura 7. Calidris alba. Daniella França. Figura 10. Gallinula galeata. Daniella França.

Nos dias 1, 2 e 3 de janeiro de 2012, visitamos as duas principais e maiores ilhas do arquipélago: Isabela e Santa Cruz.

Constatamos ali endemismos em vários grupos animais, com destaque para as “tartarugas-gigantes” (Galápagos sig-nifica “tartatuga-gigante”). São conhecidas 159 espécies de aves para o arquipélago, com 27 espécies e uma subespé-cie endêmicas. O maior destaque para a avifauna local são os tentilhões, (Figuras 1, 2 e 3) também conhecidos como tentilhões de Darwin, que se diversificaram por milhares de anos em 13 espécies diferentes a partir de apenas uma,

de acordo com a disponibilidade de alimento presente nas ilhas.

Nessas aves pudemos observar desde bicos fortes quebra-dores de sementes grandes até bicos mais longos especia-lizados em pólen de flores de cactos presentes em algumas ilhas, participando, assim, da sua polinização, o que deixou Darwin maravilhado e encanta naturalistas do mundo todo até hoje.

Foi bastante perceptível a familiaridade dos animais sil-vestres com a presença humana, principalmente os turistas que são as maiores fontes de renda daquelas ilhas.

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Figura 11. Butorides sundevalli. Marco Freitas.

Figura 14. Larus fuliginosus. Daniella França.

Figura 12. Pelecanus occidentalis urinator. Marco Freitas.

Figura 15. Phoenicopterus ruber glyphorhynchucus. Daniella França.

Figura 13. Pelecanus occidentalis urinator. Marco Freitas. Figura 16. Spheniscus mendiculus. Marco Freitas.

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Figura 17. Numenius phaeopus. Marco Freitas.

Figura 20. Coccyzus melacoryphus. Daniella França.

Figura 18. Mimus menanotis. Marco Freitas.

Figura 21. Crotophaga ani. Daniella França.

Figura 19. Dendroica petechia. Macho. Daniella França. Figura 22. Sula nebouxii excisa. Daniella França.

Figura 23. Sula nebouxii excisa. Marco Freitas.

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Observar aves nestas ilhas é muito fácil e gratificante, por-que elas se encontrarem em todos os lugares como praças, cal-çadas, praias, mangue ou porto. Além disso, é super tranquilo fotografá-las, uma vez que não exigem uma aproximação mais camuflada ou técnicas de cabanas etc. Basta aproximar-se e clicar o quanto quiser. Assim é possível observar nas praias lotadas de turistas as espécies: Anas bahamensis galapapa-gensis (Figura 4), subespécie endêmica destas ilhas, e outras como Arenaria interpres (Figura 5), Butorides striata (Figura 6), Calidris alba (Figura 7), Fregata magnificens (Figuras 8 e 9) e Gallinula galeata (Figura 10), estas espécies muito co-muns no Brasil.

Nas praias mais reservadas também pudemos observar facilmente algumas aves que não ocorrem no Brasil tais como Butorides sundevalli (Figura 11), Pelecanus occiden-talis urinator (Figuras 12 e 13), Larus fuliginosus (Figura 14), Phoenicopterus ruber glyphorhynchucus (Figura 15) e Spheniscus mendiculus (Figura 16). Também em lugares mais reservados encontramos a espécie Numenius phaeopus (Figura 17).

Nas porções mais interiores do território, na vegetação seca, entremeadas com muitas cactáceas e rochas, são de fácil observação algumas espécies de tentilhões, assim como espécies características do lugar, como o Mimus me-nanotis (Figura 18), espécie endêmica destas ilhas, além de Dendroica petechia (Figura 19), espécie que não é encon-trada no Brasil. Além destas, encontramos espécies comuns

no Brasil tais como: Coccyzus melacoryphus (Figura 20) e Crotophaga ani (Figura 21).

No último dia fomos brindados com um espetacular ata-que de atobás de pés azuis e gaivotas (Figuras 22 a 24) a um cardume de sardinhas no porto por onde atravessaríamos para o aeroporto. Um espetáculo jamais esquecido por nós, uma vez que estávamos sobre uma plataforma e os atobás faziam os seus mergulhos sincronizados a poucos metros de nós, e como a água é transparente, podíamos ver e foto-grafar o momento da saída dos indivíduos, ou dos pequenos grupos.

Em nossa viagem às Ilhas Galápagos pudemos observar 40 espécies de aves, das quais conseguimos selecionar 21 que trazemos agora aos leitores.

1 Universidade Federal do Acre,

Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Manejo de Recursos Naturais, Campus Universitário,

BR 364, quilômetro 04, Distrito industrial, Caixa Postal 500.

CEP 69915-900. Rio Branco, AC, Brazil. E-mail: [email protected]

2 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

REBIO Gurupi. BR 222, Quilômetro 12, Pequiá, açailândia, Maranhão, Brasil. CEP65-930-000.

E-mail: [email protected]

Figura 24. Thalasseus elegans. Daniella França.

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