ii jornada do e-l@dis: conceitos e(m)...

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Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto- Universidade de São Paulo 1 e 2 de dezembro de 2011 CADERNO DE RESUMOS II JORNADA DO E-L@DIS: CONCEITOS E(M) REDE

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II JORNADA DO E -L@DIS:

CONCEITOS E(M) REDE

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II Jornada do E-l@dis: conceitos e(m) rede, dezembro de 2011

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COMISSÃO ORGANIZADORA

Coordenação geral

Profa. Dra. Lucília Maria Sousa Romão - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP/USP). Pesquisadora responsável do

E-L@DIS - Laboratório Discursivo (FAPESP 2010-510290)

Organização

Profa. Dra. Lucília Maria Sousa Romão - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP/USP)

Profa. Dra. Fernanda Silveira Correa Galli - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP/USP)

Monitores

Ane Ribeiro Patti Camila Santos de Oliveira Daiana de Oliveira Faria

Daniela Giorgenon Francis Lampoglia

Gustavo Grandini Bastos Iara Martins Vieira

João Guilherme Camargo dos Santos Jonathan Bertassi Silva

Ludmila Ferrarezi Mariane Leonel dos Santos

Mavi Galante Mancera Dall´Acqua Carvalho Renata Estevam Geraldo de Campos

Thaís Harumi Manfré Yado Vânia Lúcia Coelho

Vivian Lemes Moreira

Apoio Logístico:

Rita de Cássia Ribeiro

Apoio cultural:

Pró-Reitoria de Cultura e Extensão- FFCLRP/ USP Pró-Reitoria de Pesquisa - FFCLRP/ USP

Instituto do Livro de Ribeirão Preto Faculdades COC

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SUMÁRIO AS MEMÓRIAS DE FUTUROS APOCALÍPTICAS NA REVISTA SUP ERINTERESSANTE: REFLEXOS E REFRAÇÕES.............................................................................................................04 O JOGO DA POLISSEMIA DO DISCURSO: O MORRO E O FIEL EM DISCURSOS DE CRIANÇAS E JOVENS DO NARCOTRÁFICO ..............................................................................05 SILÊNCIO E ARQUIVO NA REDE ELETRÔNICA: O MORTO FEIT O (DE) VIVO ..............06 YES, WE CRÉU: TODOS NÓS - E MAIS A WEB 2.0 – DIANTE DAQUILO QUE A POLÍTICA (NÃO) DIZ PARA A MÍDIA ...............................................................................................................07 INTERNET: ESPAÇO DE MEDIAÇÃO E DIFUSÃO DE ARTE .................................................08 CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO NO ESPAÇO DIGITAL: HORIZONTES DE PESQUISA......09 DIZERES DE MÃES SOBRE FILHOS AUTISTAS: (NÃO) SABERES SOBRE A DOENÇA..10 SITES DE PESQUISA: ESPECIFICIDADES DO DISCURSO ELETRÔNICO ..........................11 O SUJEITO NO ON-OFF LINE .........................................................................................................12 UM GIRO DISCURSIVO PARA A INCLUSÃO ..............................................................................13 INCLUSÃO E EXCLUSÃO NO DISCURSO....................................................................................14 CYBERBULLYING : DISCURSOS HOSTIS QUE APRISIONAM O SUJEITO DE SE MOVIMENTAR ...................................................................................................................................15 A PRODUÇÃO DE SENTIDOS NA REDE ELETRÔNICA ...........................................................16 BLOG: UM LUGAR DE ATRAVESSAMENTO DE VOZES ENCICLOPÉ DIAS ELETRÔNICAS: A MOVIMENTAÇÃO ..........................................................................................17 ENCICLOPÉDIAS ELETRÔNICAS: A MOVIMENTAÇÃO DISCURSIV A..............................18 (HIPER)LEITURA: SENTIDOS EM (DIS)CURSO .........................................................................19 MEMÓRIA E SILENCIAMENTO NAS FICHAS DO DEOPS: A GREV E DOS METALÚRGICOS DO ABC EM DISCURSO ..................................................................................20 VOZES HETEROGÊNEAS EM PRIMEIRA PÁGINA: A DITADURA M ILITAR DISCURSIVIZADA NO/PELO JORNAL ÚLTIMA HORA ...........................................................21 BLOGS GAYS: MOVIMENTOS DISCURSIVOS NA REDE ELETRÔNI CA............................22 A CONSTRUÇÃO DO EFEITO-LEITOR NO LIVRO DIDÁTICO: O QUE SE PODE LER NOS DISCURSOS QUE CIRCULAM NESSE MATERIAL? .........................................................23 ATÉ QUE A POLISSEMIA (N)OS SEPARE: MATRIMÔNIO E FAM ÍLIA (RE)SIGNIFICADOS EM “A PRIMEIRA NOITE DE UM HOMEM” .......................................24

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MERCANTILIZAÇÃO OU LIBERTAÇÃO?: (NOVOS) SENTIDOS SO BRE A MULHER EM “NUNCA AOS DOMINGOS” ......................................................................................................25 SENTIDOS DE SENSUALIDADE FEMININA EM “REPULSA AO SE XO” E “A BELA DA TARDE” ...............................................................................................................................................26 EFEITOS DE (HIPER)LEITURA: A (RE)CONSTRUÇÃO DE SENT IDOS NO DISCURSO ELETRÔNICO .....................................................................................................................................27 NOS LABIRINTOS DA INTERNET: REDES EM MOVIMENTO ...............................................28 SENTIDOS DE BIBLIOTECÁRIO NA VOZ DE SUJEITOS UNIVER SITÁRIOS DA CIDADE DE RIBEIRÃO PRETO/SP.................................................................................................................29 AS REDES SOCIOPEDAGÓGICAS NA FAVELA DA MARÉ: UM EST UDO SOBRE A PRÁXIS DO CENTRO DE AÇÕES SOLIDÁRIAS .........................................................................30 EDUCAÇÃO E SAÚDE: UM ESTUDO SOBRE A CLASSE HOSPITALAR..............................31 ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO DE INGLÊS COMO SEGUNDA LÍNGUA: COMPREENSÃO DE PALESTRAS COMO MATERIAIS AUTÊNTICOS ................................32 "LA LOBA" DE ALFONSINA STORNI EM UMA OFICINA DE MUL HERES, NA PRISÃO.................................................................................................................................................33 O TIRO QUE ECOOU PELO MUNDO: A VOZ DA HIPERMÍDIA SO BRE A MORTE DE CHICO MENDES .................................................................................................................................34 DISCURSIVIDADE NO TWITTER: QUANDO O DIZER INSTALA O EFEITO DE EXTERMÍNIO ......................................................................................................................................35 SUJEITOS E SENTIDOS: UM PERCURSO DISCURSIVO POR ENTRE (OS) NÓS DA/NA REDE ELETRÔNICA .........................................................................................................................36 DISCURSO NÃO-VERBAL E SENTIDOS SOBRE “LIXO EXTRAORD INÁRIO” NO YOUTUBE E FILMOW ......................................................................................................................37 OS EFEITOS DE SENTIDOS SOBRE A AMAZÔNIA NAS ENCICLO PÉDIAS DE CONTEÚDO COLABORATIVO NA WEB ......................................................................................38

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AS MEMÓRIAS DE FUTUROS APOCALÍPTICAS NA REVISTA

SUPERINTERESSANTE: REFLEXOS E REFRAÇÕES

Pugliese, Allan Tadeu.1 (MS); Miotello, Valdemir.1(O); [email protected]

1Programa de Pós-graduação em Ciência Tecnologia e Sociedade (UFSCar)

Quando observamos as matérias sobre possíveis “fim do mundo” na revista Superinteressante, vemos o que Bakhtin chamaria de memórias de futuro. A partir disso, nesse estudo nos preocupamos em observar a relação texto/ imagética/imagem e sua real correspondência entre fatos. Também consideramos a discussão sobre a criação de uma matéria jornalística científica ou apenas de uma literatura de ficção criada a partir dos novos fatos da ciência misturados com antigos discursos sobre o apocalipse. Para isso analisaremos a matéria “A Fúria da Natureza”, matéria de capa da revista Superinteressante de abril de 2011, seguindo a teoria dialógica Bakhtiniana e ancorando-nos também em outros autores, tais como Bruno LATOUR (2000) e a leitura feita por Mateus Yuri PASSOS (2009) sobre a relação jornalismo e o jornalismo literato.

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O JOGO DA POLISSEMIA DO DISCURSO: O MORRO E O FIEL EM DISCURSOS DE CRIANÇAS E JOVENS DO NARCOTRÁFICO

Patti, Ane R. (MS)1; [email protected]

1Programa de Pós-Graduação em Psicologia (FFCLRP/USP)

Vamos partir de um acontecimento escrito, uma dissertação de mestrado para fazer circular algumas idéias trabalhadas neste pequeno advento de discurso. A partir dos pressupostos teóricos da Análise do Discurso de filiação francesa e da psicanálise lacaniana, e da seleção de alguns recortes discursivos que trazem os significantes morro e fiel, propomos uma discussão em torno da polissemia e de como alguns sentidos de criança são (des)construídos na amarração discursiva em determinadas condições-de-produção. Estas crianças e jovens emergem no discurso do narcotráfico, como sujeitos interpelados por este discurso em diferentes lugares: nas vozes dos filhos e netos do narcotráfico, em relatos coletados na mídia áudio-visual e em trabalhos científicos publicados no país nos últimos sete anos. Faremos gestos de interpretação a partir de dizeres que vão entrelaçando efeitos de morte, poder, realização no agora, marcando um modo de o sujeito realizar-se como pode em meio às condições de produção e à forma como a ideologia o interpela como sujeito e ainda ser criança. Apostamos que é no caminho da fala/escuta que possibilitamos a movência dos sujeitos e as (des)fixações em pontos de ancoragem para se liberarem a um vir-a-ser diferente do que se é, pois partimos da premissa de que a linguagem e o sujeito são opacos, causados por uma falta estruturante que os constitui fragmentados, falhados, incompletos, errantes, o que perpassa pelo que a psicanálise chama por inconsciente (Freud, [1915] 2006; Lacan, [1964] 1998). Realizando gestos de interpretação, pressupomos a impossibilidade de uma interpretação que dê conta do todo, de tudo, mas que porte um semi-dizer, um estranhamento que permita abrir para a opacidade da linguagem, para a polissemia, e para a construção de uma memória em detrimento de outras possíveis que ficarão silenciadas. Assim, memória e esquecimento são inseparáveis, sendo o discurso o fio que liga os ditos, os não-ditos, os inter-ditos e os já-ditos, numa constante negociação entre estrutura e acontecimento (ORLANDI, 2004, 2005b) aberta para o equívoco, falhas, non-sense, regras e irrupções, estabilização e deslizamento, permanência e fraturas, metáforas e metonímias, condensação e deslocamento, silêncios e bordados semânticos que velam e desvelam sentidos.

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SILÊNCIO E ARQUIVO NA REDE ELETRÔNICA: O MORTO FEIT O (DE) VIVO

Patti, Ane R. (MS)1; [email protected]

1Programa de Pós-Graduação em Psicologia (FFCLRP/USP)

Este trabalho é um recorte de meu projeto de doutorado, em que trabalharemos ancorados na Análise de Discurso (AD) de matriz francesa, fundada por Michel Pêcheux no bojo do estruturalismo dos anos 60. O conceito de sujeito ganha ênfase sobre os demais conceitos da AD em meu percurso acadêmico, fazendo ponte entre minha iniciação científica e do projeto atual. No doutorado: pretendemos investigar sobre um sítio discursivo que inscreve a criança-boneco (reborn-babie) feito (de) vivo, em que o morto é discursivisado de vivo, é (re)vestido de vivo, é inscrito no social (tra)vestido como um vivo. De nossa perspectiva teórico-metodológica o sujeito está entrelaçado com a historicidade e atravessado pela e na linguagem: Ideologia e Inconsciente fazem do sujeito um sujeito discursivo, não somente um indivíduo empírico, mas um sujeito da linguagem, portanto, dividido, errante, plural, capaz de dar vida ao que não tem e mortificar o que tem, ou é vida. Daremos privilégio aos discursos coletados no ciberespaço, postados em blogues, sites e demais arquivos de redes sociais, que serão tomados como representantes do discurso urbano, e que produzem uma historicidade específica neste momento contemporâneo em que marcas indiciárias de apagamento da alteridade se fazem presentes na ordem vigente que dita um gozo sem limites, fortemente sustentado por um imaginário inflado de tudo se poder dizer, fazer, gozar. Mas o sujeito tropeça, fantasia e topa com as porosidades deste ideal, premissa da psicanálise que sustenta sobre a castração no sujeito falante. Estes discursos de reborneiras colocam em movimento quais interdiscursos e efeitos de sentidos? Trabalharemos com o conceito de silêncio conforme teorizado por Orlandi (2010), enquanto “respiração da significação”, e também com a noção de silenciamento, como gesto necessário para que os sentidos possam emergir e se encadear de uma determinada forma, e não de outra. Trabalharemos, ainda, com os conceitos de Arquivo e arquivos (ROMÃO, 2006, 2008); Ideologia e ideologias (ALTHUSSER, 1980, 1986; PÊCHEUX, 2009); Interdiscurso e intradiscurso (PÊCHEUX, 2009); Inconsciente (FREUD, s.d.; LACAN, 1998); língua e linguagem (SAUSSURE, 2006; PÊCHEUX, 2009; FREUD, s.d.; LACAN, 1998) e discurso (PÊCHEUX, 2009)

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YES, WE CRÉU: TODOS NÓS - E MAIS A WEB 2.0 – DIANTE DAQUILO QUE A POLÍTICA (NÃO) DIZ PARA A MÍDIA...

Araújo, Angela A.1(DR); Pfeiffer, Claudia R. C.1(O); [email protected]

1Doutorado em Linguística / Programa de Pós-Graduação do Instituto de Estudos da Linguagem (UNICAMP)

Em 2009, a escolha do Rio de Janeiro para sediar os Jogos Olímpicos, colocou o

Brasil em posição de destaque no cenário político / na mídia internacional, pois pela primeira vez um representante sul-americano conquistava o direito de sediar o maior evento esportivo mundial. Neste trabalho, é destacada, para análise, a série enunciativa (Yes, we can; Sim, nós vencemos; Sim, nós podemos, Sim, nós faremos; Yes, we créu) que circulou na mídia por ocasião da vitória brasileira. Questiona-se como, no jogo de substituições contextuais, formulações irremediavelmente equívocas (Yes, we... / Sim, nós...) funcionam na relação mídia (de massa) – política (de massa) a partir da qual é construído um lugar de identificação a uma coletividade que se marca na superfície linguística pelo pronome “nós”. Discursivamente, constitui-se um lugar onde o eu (o locutor, aquele que se responsabiliza pelo dizer), o nós (eu e vocês) e o todos (qualquer um, inclusive os atualmente significados como “historicamente excluídos”) podem se encontrar. O (re)dizer vale-se não somente da equivocidade presente na base das formulações, mas também da relação com a grande audiência dos meios de comunicação (de massa). Na interpelação do “sujeito de mercado” pela ideologia do “Capitalismo Mundial Integrado” pela grande imagem da mídia, se constitui uma posição discursiva que, se sustentando a partir de um lugar aparentemente não contraditório, tem como efeito sentidos de um novo país. Mas como o (re)dizer na mídia o que discurso político, em sua retórica, diz para a mídia acaba por se materializar na forma do equívoco (pelo viés da falta, do excesso, do repetido, do parecido, do absurdo, do nonsense, etc)? Aquilo que indica ecos entre o uso político de alguns enunciados pelos presidentes dos EUA e do Brasil teve uma nova formulação quando, no dia da vitória brasileira, o slogan de campanha de Barack Obama (Yes, we can) foi reescrito (Yes, we créu) e postado no Twitter (um dos ambientes virtuais da Web 2.0 que abre novas possibilidades de compartilhamento / distribuição de informação), sete minutos após o anúncio do resultado pelo Comitê Olímpico Internacional. A mensagem figurou como um dos assuntos mais comentados no Twitter, provocando, inclusive, a criação de um verbete na enciclopédia Wikipédia inglês para permitir ao não falante do português compreender o sentido de créu, que foi descrito como uma gíria que significa o “intercurso sexual” e “uma feroz competição e disputa”. Mas como a irrupção do equívoco faz ver, sem dizer, aquilo que, na ordem discursiva resta enquanto o silêncio de uma negação? Percebe-se, nesta análise, que a irrupção do equívoco, ao subverter, através de um chiste, a repetição concertada daquilo que fala cordialmente aqui e acolá, faz ver, sem dizer, aquilo que se mostra aqui, mas não lá: os campos de disputa na arena política internacional

CNPQ

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INTERNET: ESPAÇO DE MEDIAÇÃO E DIFUSÃO DE ARTE Rodrigues, Bruno Cesar.1(MS); Crippa, Giulia.1(O);

[email protected] 1Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (USP)

Com o surgimento da Internet, aquilo que denominavam como "boom informacional"

tomou proporções ainda maiores. É cada vez mais comum as pessoas buscarem no ambiente virtual pelas respostas aos mais diversos questionamentos. Estes vão desde a mais simples curiosidade às questões mais elaboradas e até mesmo de rigor científico mais apurado. É possível perceber que esta situação ocorre nas mais diferentes áreas, até mesmo nas relacionadas artístico-culturais. Pelas disposições de informações relacionadas à cultura e à arte, disponibilizadas na Internet, fazem-se buscas com o intuito de saberem o que acontece nesse âmbito, bem como fazer programações de visitas às mais diversas exposições, ou mesmo para conhecerem mais sobre arte e/ou artistas. Desse modo, a utilização do ambiente da Internet como espaço de apresentação da obra de arte e as informações que se relacionam a ela propicia uma maior difusão dos conceitos e conhecimentos, bem como abre espaço para discussões daquilo que se apresenta. Isso sem entrar no mérito das produções coletivas de arte contemporânea e/ou das denominadas "arte web" ou "arte virtual". Os museus de arte passaram a fazer parte das mais variadas tecnologias tanto para realização de suas exposições quanto para comunicarem-se com outros sujeitos que compõem o sistema de arte, sendo eles os artistas, os curadores, os historiadores, os críticos, os públicos e outras instituições. Inicialmente, a utilização da Internet pelos museus restringia-se à comunicação com estes sujeitos e, aos poucos, começaram a desenvolver sites próprios e a disponibilizar informações referentes à instituição e suas exposições. Aos poucos começaram a apresentar acesso a seus bancos de dados, os quais continham reproduções fotográficas de imagens de obras de arte que compunham seus acervos ou daquelas que passaram pela instituição em exposição. Mesmo antes dessa disponibilização, já havia começado algumas discussões indicando que este seria o caminho a ser seguido pelos "museus do futuro", comumente denominado de "museu virtual". Embora seja esta uma denominação falha, ou que não contempla de forma eficaz aquilo que se apresenta e se quer chamar de "museu virtual", o foco mais importante a ser observado é a mediação que promove tais disponibilizações de reproduções de imagens de obras de arte na Internet. Se for entendido o conceito de mediação cultural como o processo que se coloca no meio, entre o público e a cultura, e se for especificado o âmbito museológico voltado às artes como ponto de observação, então estes sites que se pretendem denominar "museus virtuais" são mediadores de fato, não importando a inconsistência em suas nomenclaturas. Uma vez disponibilizada na Internet, as informações artístico-culturais podem ser acessadas de qualquer parte do mundo e por qualquer pessoa que tenha acesso à rede mundial de computadores

CAPES

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CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO NO ESPAÇO DIGITAL: HORIZONTES DE PESQUISA

Wanderley, Claudia M.1(DR); [email protected]

1Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência (UNICAMP)

Este trabalho é parte de um esforço de inserir um horizonte de pesquisa “não europeu”, e particularmente brasileiro/periférico, na narrativa normativa eurocêntrica da utilização dos conceitos na Análise de Discurso. O espaço digital, no contrapelo do discurso da globalização, nos articula fortemente às condições de produção locais. A teorização do outro neste caso se confunde: o outro do europeu no discurso do espaço digital não somos nós desta vez, não é o proletário, a mulher, nem mesmo o cidadão de terceiro mundo, é o computador este sujeito social constantemente apagado. Este apagamento estrutura a periferia do discurso digital, e nosso interesse neste texto é colocar algumas questões que nos ajudem a compreender que a infoestrutura não se determina da mesma forma em qualquer lugar. Ou seja, que o encontro entre a ciência da computação e o discurso pode ser multilinear. O método aqui é apontar pontos de entrada possíveis para trabalhar por distintas superfícies do espaço digital e territorializar a relação do discurso com a ciência da computação. Em Wanderley (2010, p.7) destaco a necessidade de se pensar a questão das condições de produção no espaço digital. A questão especifica que queremos desenvolver aqui versa sobre a representação do conhecimento em línguas portuguesas no digital, e os deslocamentos possíveis a partir daí. Independentemente de quem promove a “correta” leitura do trabalho de Michel Pêcheux – questão irrisória e já em seu excesso - é incontornável o fato de que seu trabalho se inaugura com uma reflexão sobre a automatização. E isso não é banal, porque o tecnológico e o racional andam de braços dados nos anos 70, daí os algoritmos, a lógica, a inteligência artificial serem empreitadas que a Análise Automática do Discurso (Pêcheux, 69) não recusou. As consequências de olhar para a automatização e para o discurso, assim como para a automatização do discurso, são inúmeras. A diferença irresolvível da contínua singularidade de produção de sentido em que a análise se estabelece é calculável. Mais do que isso, é calculável para além da sintaxe ou da filosofia da linguagem. Outra questão interessante é que essa lógica da AAD é transgredida pelo histórico geográfico, no Brasil por exemplo, uma vez que nossa infoestrutura aponta para outros modos de exploração da língua artificial, da língua natural e do “capital” simbólico e tecnológico em que estamos imersos. São horizontes de pesquisa que apresento para interlocução.

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DIZERES DE MÃES SOBRE FILHOS AUTISTAS: (NÃO) SABERES SOBRE A DOENÇA

Telles, Cynara Maria A.¹ (MS); [email protected]

¹ Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade (UFSCar)

O objetivo deste trabalho, é a escuta de mães de filhos autistas sobre seus (não) saberes sobre o autismo, buscando na materialidade desses discursos, novos sentidos e significações sobre a doença e ao (não) lugar dado às mães, pelo universo científico. O discurso das mães é significado por suas suspeitas, dúvidas e recusas em perceber algo de estranho no filho, dizendo do que estranhavam, de como tentavam se convencer de que não havia nada de anormal ou de terem certeza que algo estranho estava acontecendo com seu filho. Por meio de entrevistas, empreendemos um gesto interpretativo da singularidade discursiva desses sujeitos, utilizando como referencial teórico, a Análise do Discurso de filiação francesa, que marca seu lugar na ciência apoiada na materialidade da língua falada, escrita e documentada pelo homem que se contextualiza num determinado processo histórico. Como disciplina de interpretação, a Análise do Discurso tem como metodologia, trabalhar a circularidade de um já-dito, com sentidos já legitimados antes e em algum lugar, e a possibilidade para a abertura de novos sentidos, por meio da deriva, da paráfrase e da metáfora. O objetivo do trabalho foi explorar, pela escuta dessas mães, questões que envolvem o sujeito em suas posições discursivas, a partir de um determinado contexto sócio-histórico e mergulhado no universo da linguagem, tomando o sujeito proposto pela Análise do Discurso, como conceito principal desse trabalho. Foram flagrados os efeitos de um discurso de autoridade (o discurso científico) sobre o discurso das mães, que se desautorizavam a ocupar uma posição de saber sobre o problema

CAPES

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SITES DE PESQUISA: ESPECIFICIDADES DO DISCURSO ELETRÔNICO

Faria, Daiana Oliveira.1(MS); [email protected]

1Programa de Pós-Graduação em Psicologia (FFCLRP/USP)

A partir da teoria da Análise do Discurso de matriz francesa, focamos nossa atenção no funcionamento técnico dos mecanismos de busca na web. Ao abordarmos as condições de produção e a materialidade específica deste espaço de significação, pretendemos observar qual a relação da técnica com a discursividade instalada por estes mecanismos. A partir de nossas pesquisas, verificamos que a cada varredura dos mecanismos de busca, parcelas diferentes da web são vasculhadas. Diante disso, propomos observar que a totalidade da rede nunca será, de fato, rastreada, haja visto o fato de que temos aí a linguagem em fluxo e, diante desta, a completude se dá na ordem da ilusão necessária. Apostamos na assertiva de que, discursivamente, esse funcionamento da rede se dá de forma rizomática e, diríamos ainda, discursiva. A respeito desta, dizemos discursiva na medida em que os enunciados, divulgados na rede e recuperados pelos sites de busca, fazem circular efeitos de arquivo dentro de uma conexão de vários outros arquivos, ou seja, no momento de uma busca, arquivos distintos e advindos de vários lugares da rede são alinhados em torno de uma mesma palavra, o que instala movimentos de maleabilidade e fluidez, visto que outra busca com os mesmos nomes pode inscrever uma listagem absolutamente diferente. Contudo, objetivamos mobilizar alguns conceitos da AD para observar o funcionamento da linguagem nesse espaço peculiar.

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O SUJEITO NO ON-OFF LINE Giorgenon, Daniela1(MS); Patti, Ane Ribeiro1;

[email protected]; [email protected] 1Programa de Pós-Graduação em Psicologia (FFCLRP/USP)

Para articularmos sentidos sobre os movimentos do sujeito na (e fora da) rede

eletrônica, nos pautamos na Análise de Discurso de linha francesa, método que reconhece a materialidade específica da língua(gem) e sua permeabilidade à história, ao inconsciente e a ideologia. Nosso aporte teórico-analítico parte da concepção de sujeito discursivo, sujeito incompleto tal qual a linguagem que o constitui, interpelado ideologicamente e desejante, para partimos questões sobre o sujeito navegador, o qual é atravessado por uma impressão de tudo poder dizer ao ser capturado pela/na rede. Lançamo-nos ao Museu da Pessoa, museu virtual inaugural, a fim de navegarmos por novas formas de emergência do sujeito, que urgem na fala e na imagem, as quais tomaremos como discursos da contemporaneidade. Rastreando movimentos de dizer e silenciar, sinalizaremos a captura dos sujeitos (navegadores?) por lugares ideológicos na rede, o lugar dos que supostamente querem-podem.

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UM GIRO DISCURSIVO PARA A INCLUSÃO Giorgenon, Daniela1(MS);

[email protected] 1Programa de Pós-Graduação em Psicologia (FFCLRP/USP)

Ocupando uma posição discursiva que se interessa pelo que está e é opaco na

linguagem, interpretamos o discurso da inclusão em um corpus constituído pela capa da Revista Nova Escola – Edição Especial de 2009 e por recortes de entrevistas feitas com sujeitos-professores sobre o processo de inclusão de crianças e adolescentes considerados deficitários nas salas de ensino regular. Analisamos essas formações discursivas a partir da concepção de sujeito discursivo, inaugurada por Pêcheux, sujeito faltante, atravessado ideologicamente e pelo recalque de origem inconsciente; da concepção de discurso pedagógico proposto por Orlandi, discurso que tende ao autoritário, à reprodução de moldes pré-fixados, supostamente aplicáveis aos considerados dentro dos padrões de normalidade; e da concepção de debilidade mental, elaborada por Lacan. Isso para provocarmos um giro discursivo no/do discurso da inclusão para o que chamamos de inclusão no discurso. Com esse giro, pretendemos provocar uma escuta ao lugar ofertado ao considerado deficitário mental, a fim de se incluir no discurso pedagógico um espaço para os embates de cada sujeito com o saber, em detrimento da parafrástica massificação do “todos”.

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INCLUSÃO E EXCLUSÃO NO DISCURSO Giorgenon, Daniela1(MS);

[email protected] 1Programa de Pós-Graduação em Psicologia (FFCLRP/USP)

Esse escrito traz fragmentos da dissertação de mestrado “Sentidos de inclusão e

exclusão na voz de sujeitos escolares: o deslocamento do déficit pela via da falta”, estudo pautado no método da Análise de Discurso de Michel Pêcheux e especialmente no conceito de sujeito discursivo. Na década de 60, na França, Pêcheux inaugura uma teoria que não se separa da análise e que visa compreender o processo de produção de sentidos em determinado contexto sócio-histórico. Para elaborar sua concepção de sujeito ele se ancorou na noção de ideologia de Marx e Althusser e na noção de inconsciente de Freud e Lacan, e propôs um sujeito incompleto tal qual a linguagem que o constitui. Explica ele que a ideologia, ao produzir sentidos legitimados, juntamente com o inconsciente, que cinde o sujeito ao apresentar-lhe o Outro, a anterioridade das palavras, o assujeitam ao mesmo tempo em que produzem o efeito das evidências subjetivas que o afetam, que o constituem. Caracteriza então essa noção como uma posição no discurso, dentre outras possíveis, assumidas por um sujeito em determinadas condições de produção, o que acarreta, a este, filiar-se discursivamente a alguns dizeres e não a outros, tendo em vista o recalque inconsciente de não poder tudo dizer/saber bem como o efeito ideológico que condiciona o que pode e deve ser dito. Advertidas por essa concepção, sinalizamos que temos escutado na contemporaneidade uma suposta legitimação do processo de inclusão de pessoas consideradas com deficiência em qualquer espaço social; outrora, a exclusão fora legitimada. E para analisarmos essa suposta virada nos sentidos, efetuamos entrevistas com sujeitos-professores e sujeitos-coordenadores de escolas públicas e particulares a fim de escutarmos os sentidos que tem circulado na escola, especificamente sobre a inclusão de crianças e adolescentes considerados com deficiência mental nas salas regulares do Ensino Fundamental. Nesse trabalho, nos debruçaremos sobre um recorte dessas entrevistas. Ancoradas em Pêcheux, sinalizaremos a circulação de sentidos de inclusão e de exclusão, embora os sujeitos tenham a impressão de anunciar apenas o legitimado e de apagar a historicidade do déficit, as formações imaginárias e ideológicas que já circularam sobre o indivíduo que é considerado fora dos padrões de normalidade. Temos anunciado em nossos trabalhos que inclusão e exclusão caminham a passos juntos e a partir da(s) análise(s), o que intentamos denunciar é o movimento ideológico e inconsciente de exclusão da exclusão, o qual cria um efeito de sentido de que ela não existe e que pode ser camuflada por meio da legitimação da “educação para todos”, tão divulgada nos documentos oficiais e nas campanhas governamentais/particulares, e que perpetua, no entanto, a exclusão.

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CYBERBULLYING : DISCURSOS HOSTIS QUE APRISIONAM O SUJEITO DE SE MOVIMENTAR

Patti, Elci A. M. R.1(DR); Andréo, Silvia G.1(ESP); Bittar, Liene2 (DR); Pimenta, Leny1(ESP);

[email protected] 1Universidade de Franca; 2Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo

Este estudo tem como objetivo fazer algumas reflexões sobre o fenômino

Cyberbullying, e seus efeitos na posição do sujeito adolescente enquanto desejante e falante. Os parâmetros teóricos para a Análise, serão a Psicanálise com a releitura de Lacan e a Análise do Discurso pêcheutiana. O corpus deste estudo constitui-se de depoimentos de dois adolescentes, apresentados em blogs sobre o tema. O cyberbullying é um termo em inglês utilizado para esclarecer uma diferente manifestação hostil enunciada nas comunicações virtuais(e-mail, blogs, sites etc), com a intenção de causar danos ao outro. Na atualidade, há um imperativo de gozo em que as necessidades dos outros ficam inferiorizadas diante da pressa da própria satisfação e não aceitação de diferenças, geralmente inicia-se no ambiente escolar. Nas relações escolares, reedita-se essa posição do sujeito de não aceitar aqueles muito diferentes, ocorrendo um posicionamento subjetivo sado-masoquista diante das relações. Nesse ambiente, o bullying é cada vez mais frequente, como indício desta desordem na qual estamos inseridos. Para a Psicanálise o Sujeito é movido por dois sentimentos básicos, o amor e a agressividade. Enquanto fenômeno que denuncia a hostilidade nas relações humanas, o cyberbullying é considerado como um desvio desses dois sentimentos, faz parceria com a hostilidade e a destrutividade. É um fenômeno que sempre esteve presente nas relações humanas, mas que teve um crescimento histórico a partir das relações de poder que podem ser assumidos ou não pelo sujeito, a depender das posições discursivas que este poderá ou não ocupar em função do funcionamento da ideologia, o que ocorre de forma inconsciente. Quando um ou mais sujeitos são capturados por este fenômeno, como algoz ou como vítima, percebe-se desordens generalizadas na subjetividade de cada um, assim como no grupo implicado. Nesta situação, o gozo perverso é o que impera e aprisiona o sujeito algoz na satisfação pela dor do outro (sadismo), e a vítima fica aprisionada no gozo masoquista. É um processo destrutivo que tampona o desejo pelo prazer de viver, tem repercussão nos laços sociais, na aprendizagem, e na aquisição de novos conhecimentos.

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A PRODUÇÃO DE SENTIDOS NA REDE ELETRÔNICA Galli, Fernanda Correa Silveira1 (PD);

[email protected] 1 Programa de Pós-Doutorado (FFCLRP/USP)

Discutir os conceitos de arquivo e de memória, do ponto de vista da Análise do

Discurso de linha francesa, na interlocução com autores das Ciências Sociais e da Filosofia, relacionando-os ao espaço digital da internet, tem sido um dos propósitos do desenvolvimento do meu projeto de pesquisa de pós-doutorado, em andamento. Interessa-me, mais especificamente, compreender o modo de inscrição do sujeito e a constituição do arquivo discursivo no território fluido do ciberespaço, considerando as relações intra e interdiscursivas que revelam a (im)possibilidade de o sujeito dizer o “novo” na/pela linguagem. Compreendido como posição inscrita via memória e em condições de produção marcadas pela contemporaneidade, o sujeito é afetado pelo funcionamento outro do ciberespaço, de onde emergem os dizeres em rede – “já-ditos”, “já-dados” – que compõem a trama discursiva do arquivo. Na presente discussão, a materialidade significante analisada é formada por alguns recortes do blog “A Viagem do Elefante – Rota portuguesa” – disponível no site da Fundação José Saramago (http://www.josesaramago.org), a partir dos quais procuro refletir sobre a heterogeneidade das (várias) vozes que circulam ciberespaço e sobre os deslizamentos de sentidos em e na rede. Pensar a produção dos sentidos na rede eletrônica é considerar a (im)previsibilidade dos discursos, seus “pontos de deriva possíveis”, dado que “todo enunciado é intrinsecamente suscetível de tornar-se outro, diferente de si mesmo, se deslocar discursivamente de seu sentido para outro” (PÊCHEUX, 1990 [2002, p.53]). Nesse deslocamento de sentidos, emerge o jogo da metáfora que, na condição de repetição, promove o esburacamento da memória que vai se dobrando, se desdobrando, e acaba por apontar a natureza movente do arquivo.

FAPESP

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BLOG: UM LUGAR DE ATRAVESSAMENTO DE VOZES Galli, Fernanda Correa Silveira1 (PD)

[email protected] 1 Programa de Pós-Doutorado (FFCLRP/USP)

Nesse trabalho, meu objetivo é apresentar um recorte das reflexões que venho

desenvolvendo, com base na perspectiva da Análise do Discurso francesa, a respeito da escrita na rede eletrônica. Além dos conceitos de arquivo e de escrita que mobilizo, apresento recortes de meu material de pesquisa, retirados do blog “Outros Cadernos de Saramago”, situado na página da Fundação José Saramago. Refletir, então, sobre a re-produção e a circulação dessas materialidades no espaço digital da internet, bem como problematizar a autoria dos dizeres colocados na rede, é tomar o blog como um lugar de atravessamento de vozes – do outro no um, levando em consideração a função-autor que, embora seja interna ao discurso, carrega o efeito externo das determinações históricas e sociais. Esse processo faz vir à tona o movimento, a aproximação e a colagem que, nas palavras de Mittmann (2010, p.86), “se dão sob o trabalho do simbólico, na intervenção do histórico sobre o linguístico, o que leva à opacidade” e permite, ainda, um modo outro de leitura do arquivo discursivo digital, bem como de emergência da memória. Pensar a produção dos sentidos no espaço digital da internet, nessa perspectiva, é considerar: a previsibilidade e a imprevisibilidade dos discursos; a sua dispersão; o “já-lá” do interdiscurso (o nível da constituição dos enunciados – já-dito) que, pela memória, funciona no intradiscurso (o nível da formulação – dito).

FAPESP

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ENCICLOPÉDIAS ELETRÔNICAS: A MOVIMENTAÇÃO DISCURSIVA

Galli, Fernanda Silveira Correa¹ (PD); Bastos, Gustavo Grandini² (MS); Yado, Thaís Harumi Manfré² (MS)

[email protected]; [email protected]; [email protected] 1Programa de Pós-Doutorado (FFCLRP/USP); ² Programa de Pós-Graduação em Ciência,

Tecnologia e Sociedade (UFSCar)

No presente trabalho, discutimos a questão da internet como um espaço discursivo profícuo para se investigar os deslocamentos tanto no que diz respeito aos sentidos quanto às posições dos sujeitos que ali se inscrevem. Propomos, a partir dos pressupostos da Análise do Discurso (AD) de matriz francesa, analisar como ocorre essa movimentação discursiva em enciclopédias eletrônicas, consideradas espaços constituídos por conteúdos colaborativos na internet, de acesso livre e gratuito. Elegemos, para essa abordagem, três enciclopédias eletrônicas: a Wikipédia, a Desciclopédia e a Wikiquote, a partir das quais analisamos os efeitos de sentido do/sobre o conjunto de significantes “Osama bin Laden”. Interessa-nos, ainda, nessa investigação, refletir sobre a circulação desses sentidos, considerando: i) as atuais condições de produção dos ‘saberes’ ali reunidos, dado que “em cada momento histórico dado, as formas ideológicas não se equivalem, e o efeito simulação-recalque que elas engendram não é homogêneo” (PÊCHEUX, 1990, p.77) e o ii) o papel da memória, que é “um espaço móvel de divisões, de disjunções, de deslocamentos e de retomadas” (PÊCHEUX, 2007, p.56).

FAPESP, CNPQ

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(HIPER)LEITURA: SENTIDOS EM (DIS)CURSO Galli, Fernanda Correa Silveira1(PD); Ferrarezi, Ludmila1(DR); Bastos, Gustavo

Grandini2(MS); Romão, Lucília Maria Sousa1(O); [email protected]; [email protected]; [email protected];

[email protected]; 1Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (USP); 2 Centro de Educação e

Ciências Humanas (UFSCar)

Esse trabalho tem o interesse de pensar a questão da leitura na internet, utilizando como base teórica e metodológica a Análise do Discurso de filiação francesa. A leitura, nessa perspectiva discursiva, é um processo construído historicamente, no qual o sentido nunca se encontra já posto, visto que ele depende da posição sócio-histórica ocupada pelo sujeito, permitindo a ambiguidade, o equívoco, o furo, enfim, possibilitando entender que a linguagem também é o lugar da não comunicação. Empreendemos um percurso analítico de recortes obtidos através da proposta “Ler na internet é...”, corpus coletado a partir de um exercício realizado em uma oficina na IV Jornada de Análise do Discurso – Leitura(s) no Discurso e na Ciência da Informação, evento realizado na Universidade de São Paulo em 2011. Consideramos que a leitura realizada na rede eletrônica permite a inscrição de sentidos outros: não se trata apenas de uma alteração de suporte, mas também outra forma de leitura e de produção de sentidos. Em nossa análise, foram observadas duas regularidades presentes nos recortes, a saber: i) a grandiosidade da rede eletrônica, que encanta o sujeito-leitor que, por sua vez, crê ter acesso a todos os arquivos ali existentes; e ii) o caráter negativo da leitura na tela, que causa desconforto e irritação diante de tantas possibilidades disponibilizadas para a leitura.

CAPES, CNPq, FAPESP

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MEMÓRIA E SILENCIAMENTO NAS FICHAS DO DEOPS: A GREV E DOS METALÚRGICOS DO ABC EM DISCURSO

Lampoglia, Francis.1(MS); [email protected]

1Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade (UFSCAR), 2Programa de Pós-Graduação em Psicologia (FFCLRP/USP)

Este trabalho visa construir um estudo sobre o funcionamento discursivo de

documentos do arquivo do DEOPS (Departamento de Ordem Política e Social) que tratam da greve dos metalúrgicos do ABC paulista. Como embasamento teórico desse estudo, serão mobilizados os conceitos da Análise do Discurso de matriz francesa, que concebe a linguagem e os sentidos como não transparentes e não completos. Iremos interpretar os documentos que compõem o recorte analítico do presente trabalho, flagrando regularidades e deslocamentos de sujeitos e de sentidos. Através da análise de recortes do corpus de dados coletados nos documentos oficiais, percebemos como a memória e arquivo discursivos, inseridos em dado contexto sócio-histórico, fazem falar a discursividade de/sobre a repressão, determinando a produção de sentidos. Observamos que esses movimentos de sentidos nos documentos oficiais compreendem um gesto de leitura afetado pela historicidade e marcado pela interdição dos efeitos de liberdade. A análise preliminar dos dados mostra a influência da memória e do arquivo discursivo nos documentos selecionados, proporcionando uma releitura dos escritos passados como uma confluência de fatores e não como uma evidência de um fato isolado

FAPESP

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VOZES HETEROGÊNEAS EM PRIMEIRA PÁGINA: A DITADURA MILITAR DISCURSIVIZADA NO/PELO JORNAL ÚLTIMA HORA

Lampoglia, Francis.1(MS); Miotello, Valdemir.1(O); [email protected]

1Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade (UFSCAR), 2Programa de Pós-Graduação em Psicologia (FFCLRP/USP)

No presente estudo utilizaremos as bases teóricas da Análise de Discurso de matriz

francesa de Michel Pêcheux e os estudos de Mikhail Bakhtin a fim de observar o funcionamento discursivo de uma capa sobre a ditadura militar brasileira de 19 de agosto de 1964 do jornal Última Hora, que se encontra disponível no site do Arquivo Público do Estado de São Paulo. Objetivamos compreender a forma como são produzidos efeitos de sentido e o modo com que o sujeito se posiciona diante da repressão e do silêncio em fotos e legendas do jornal. Cientes de que o estudo da linguagem se inscreve nas práticas sociais, assim como o estudo do discurso não existe fora da linguagem, já que história e língua se afetam mutuamente, entendemos a relevância de se estudar as manchetes dos jornais como materialidades discursivas que são atravessadas ideologicamente, marcando o contexto sócio-histórico em que foram produzidas e os efeitos de sentido que emanam das palavras. O discurso jornalístico acrescido do fator tempo produz um material rico para os estudos da Análise do Discurso de matriz francesa, permitindo o acesso aos sentidos que circulavam na época da repressão e que refletem até hoje na sociedade brasileira

FAPESP

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BLOGS GAYS: MOVIMENTOS DISCURSIVOS NA REDE ELETRÔNICA

Bastos, Gustavo Grandini1(MS); Romão, Lucília Maria Sousa2(O); [email protected]; [email protected]

1Centro de Educação e Ciências Humanas (UFSCar); 2Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (USP)

A Internet tem permitido novas possibilidades de inscrição e compartilhamento de

dizeres, dos sujeitos contemporâneos. O interesse desse trabalho é investigar como sujeitos gays discursivizam algumas questões do seu cotidiano em blogs do tipo diário, promovendo um campo de interlocução entre estudos provenientes das áreas de Ciência da Informação, Sociologia da Informação e Análise do Discurso de linha francesa de Michel Pêcheux. O ciberespaço permite que o sujeito se relacione de outra forma com a escrita e o tempo, por decorrência da farta quantidade de ferramentas disponibilizadas no ciberespaço, fazendo falar outros modos de estar na linguagem. Acreditamos que refletir e pensar esse lugar de comunicação nos parece relevante e digno de análise, visto que o blog e a blogosfera ainda são pouco pensados dentro das postulações de seu espaço enunciativo e discursivo, já que a grande parte dos estudos acerca das temáticas centram-se apenas na discussão das questões de cunho tecnológico. Pensar pontos que envolvam a circulação, movimentação e acesso aos discursos nesses espaços enunciativos é tomado aqui como algo digno de análise.

CAPES, CNPq, FAPESP

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A CONSTRUÇÃO DO EFEITO-LEITOR NO LIVRO DIDÁTICO: O QUE SE PODE LER NOS DISCURSOS QUE CIRCULAM NESSE

MATERIAL? Ronconi, Jacqueline M.1(IC); Pacífico, Soraya M. R.1(O);

[email protected] 1Pedagogia/ Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (USP)

Nossa pesquisa investiga qual é a posição discursiva imaginada e permitida para o

sujeito-leitor que trabalha com o Livro Didático (LD) em sala de aula, ou seja, pretendemos investigar como o material escolar apresenta os textos científicos, jornalísticos, literários, informativos e, ainda, como o LD trata (ou adapta) estes gêneros textuais que são lidos por sujeitos-alunos que frequentam o Ensino Fundamental I. Buscamos saber se, especialmente, os textos literários, jornalísticos e científicos trazidos pelo LD são contextualizados e interligados aos conteúdos, se estes são articulados com a disciplina, se é ensinado ao aluno que cada tipo de texto é constituído a partir de um tipo de discurso, a saber, o discurso literário, o discurso jornalístico e o discurso científico, sendo que, cada um tem suas características próprias. Investigamos, também, se as atividades propostas, a partir da leitura destes textos, saem da paráfrase, da repetição e permitem ao aluno, ao exercer o gesto de interpretação, ocupar a posição de um sujeito-leitor que tenha acesso ao arquivo (PÊCHEUX, 1997) e que, com base nisso, possa participar do processo sócio-histórico de construção dos sentidos. Desta forma, torna-se relevante buscar compreender qual é a posição imaginada para o leitor do LD e, qual, na verdade, o sujeito-aluno pode ocupar, o que procuramos observar por meio das nossas análises. Nosso corpus compreende uma pesquisa de campo com diferentes livros didáticos adotados por uma escola Municipal, de Sertãozinho-SP, para o Ensino Fundamental I. Para concretizar nossa pesquisa, fundamentamo-nos nos postulados teórico-metodológicos da Análise do Discurso de “linha” francesa (AD), e nas teorias do letramento. Percorrendo este “espaço discursivo”, Maingueneau (1987), levantamos alguns recortes, retirados dos LD selecionados, a fim de analisar o uso que esse material faz do discurso literário, do discurso jornalístico e se este sobrepõe-se ao científico, ou não. Há tempos, o LD vem sendo utilizado por todas as séries e níveis escolares. O que se tem observado e, torna-se importante destacar, é o uso frequente de vários tipos de discurso que se cruzam no material didático e criam a ilusão de construção de um discurso pedagógico que apaga as peculiaridades de cada tipo de discurso, dentre eles o jornalístico de divulgação científica que tenta parecer científico. Ao longo de nossos estudos e pesquisas, percebemos que a maioria dos LD trazem poucos textos científicos e trazem muitos textos de jornalismo científico. Isso nos causa um estranhamento, pois ao silenciar o discurso científico e colocar em curso, na sala de aula, o discurso do jornalismo científico, o LD cria um efeito-leitor de um sujeito que não precisa ter acesso ao arquivo constituído por textos científicos; indo além, imagina-se um leitor (e, aqui, entram sujeitos professores e alunos, pois ambos são leitores do material didático) que não sabe ler o discurso científico e, por isso, precisa ler um discurso mastigado, mascarado, como é o discurso do jornalístico de divulgação científica. Torna-se importante destacar que as atividades que são propostas nos livros analisados são do tipo: preenchimento de lacunas, complete as frases, diga se é verdadeiro ou falso, assinale as alternativas corretas, perguntas e repostas que são facilmente localizadas no texto, enfim, atividades parafrásticas que, segundo Pacífico (2007) trabalham com a repetição do sentido e não com o questionamento e, assim, tais atividades silenciam as interpretações dos alunos e dos próprios professores

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ATÉ QUE A POLISSEMIA (N)OS SEPARE: MATRIMÔNIO E FAM ÍLIA (RE)SIGNIFICADOS EM “A PRIMEIRA NOITE DE UM HOMEM”

Silva; Jonathan Raphael Bertassi1(MS); Romão, Lucília Maria Sousa2(O); [email protected]; [email protected]

1Programa de Pós-Graduação em Psicologia (FFCLRP/USP)

Com este trabalho investigamos os sentidos inscritos no longa-metragem A Primeira Noite de um Homem (The Graduate, 1967), de Mike Nichols, sobre o imaginário da mulher nas instituições do casamento e da família. Para tal, empregamos postulados teórico-metodológicos da Análise do Discurso (AD) de filiação francesa. Por meio deste referencial teórico, visa-se o estudo da linguagem em suas práticas sociais, pois a compreensão do discurso passa necessariamente pela sociedade, visto que história e linguagem se afetam e alimentam mutuamente. Definindo a linguagem como trabalho, a disciplina desloca a importância dada à função referencial da linguagem, a qual ocupa posição nuclear na Lingüística clássica, que defende esse enfoque ma comunicação, ou na informação; assim, o viés da AD entende a linguagem como ato sócio-histórico-ideológico, sem negar o conflito, a contradição, as relações de poder que ela traz em seu bojo. Seguindo a AD, entendemos que os sentidos não existem por si, mas são determinados pelas posições ideológicas do sujeito, o que faz com que a interpretação das palavras mudem de acordo com essas posições. Isso acontece porque a apropriação da linguagem pelo sujeito não se dá num movimento individual, mas social. Consideramos imprescindível, pelo viés da AD, não separar na análise a “forma” do “conteúdo”, ou seja, a materialidade significante é também por nós levada em consideração. Deste modo, conceitos de autores da AD pecheutiana que dêem conta do não-verbal, como o Discurso Artístico de Neckel (2004) ou as ponderações de Souza (2001) nos auxiliaram a compreender os efeitos de sentido sobre a mulher em A Primeira Noite de um Homem. Consideramos o longa especialmente válido para falar sobre os conceitos de paráfrase e polissemia justamente porque lida, também por meio do processo discursivo não-verbal, com a tensão entre o velho e o novo na significação sobre o sujeito-mulher de modo bastante emblemático, quase uma “parábola” do cinema sobre estes conceitos. Além disso, nos permite rastrear as condições de produção que emergem no cinema dos anos sessenta e re-significam o imaginário sobre o feminino nas posições-sujeito mãe e esposa, tão caras às restrições impostas pelo Código Hays na indústria cinematográfica estadunidense, ao longo das décadas antecedentes. A memória discursiva resgatada no filme de Nichols faz falar sentidos outros sobre (in)fidelidade e embates intra-familiares – sentidos até então silenciados que, a partir desse período, são inscritos no cinema dominante dos EUA e nos ajudam a compreender as marcas do sócio-histórico ali discursivizadas e como a linguagem cinematográfica representou essa tensão da/sobre a mulher a partir de sua materialidade.

FAPESP

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MERCANTILIZAÇÃO OU LIBERTAÇÃO?: (NOVOS) SENTIDOS SOBRE A MULHER EM “NUNCA AOS DOMINGOS”

Silva; Jonathan Raphael Bertassi1(MS); [email protected]

1Programa de Pós-Graduação em Psicologia (FFCLRP/USP)

Este trabalho aborda a os efeitos de sentido sobre a mulher entre libertação, resistência e mercantilização frente ao sujeito-homem/patriarcado, tal como retratado no longa-metragem Nunca aos Domingos (Pote tin Kiriaki, 1960), de Jules Dassin. Para tal, empregamos postulados teórico-metodológicos da Análise do Discurso (AD) de filiação francesa. Por meio deste referencial teórico, visa-se o estudo da linguagem em suas práticas sociais, pois a compreensão do discurso passa necessariamente pela sociedade, visto que história e linguagem se afetam e alimentam mutuamente. Definindo a linguagem como trabalho, a disciplina desloca a importância dada à função referencial da linguagem, a qual ocupa posição nuclear na Lingüística clássica, que defende esse enfoque ma comunicação, ou na informação; assim, o viés da AD entende a linguagem como ato sócio-histórico-ideológico, sem negar o conflito, a contradição, as relações de poder que ela traz em seu bojo. Seguindo a AD, entendemos que os sentidos não existem por si, mas são determinados pelas posições ideológicas do sujeito, o que faz com que a interpretação das palavras mudem de acordo com essas posições. Isso acontece porque a apropriação da linguagem pelo sujeito não se dá num movimento individual, mas social. Buscamos também bases metodológicas na própria AD para rastrear o discurso inscrito em obras cinematográficas, buscamos trabalhar o não-verbal em seu sentido amplo, indo além do conceito de narrativa. As imagens não “falam”, mas significam por sua materialidade visual, portanto será analisada aqui a partir dessa perspectiva. No caso de “Nunca aos Domingos”, trata-se de um filme grego dirigido por um diretor exilado pela “caça às bruxas” do macarthismo, em cuja filmografia prévia já notamos efeitos de sentido que rompem com o dominante sobre a mulher e acenam para a prostituição como um espaço de resistência, ou mesmo libertação na relação com o homem, efeito instalado de modo sutil em seus filmes da fase estadunidense por conta do silenciamento promovido pelo Código Hays, mas que emerge em tons fortes e ainda hoje polêmicos no filme de 1960. A posição-sujeito de cineasta ianque exilado e sobretudo as condições de produção que re-significam essa (nova) visão sobre a mulher faz do filme ao mesmo tempo um emblema das rupturas da/sobre a mulher características dos anos sessenta e uma metáfora sobre a tentativa de conter os sentidos lúdicos (representado pela personagem de Melina Mercouri) do Discurso Artístico pelo verbal e por sentidos de puritanismo e contenção da sexualidade ressonantes dos EUA.

FAPESP

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SENTIDOS DE SENSUALIDADE FEMININA EM “REPULSA AO SEXO” E “A BELA DA TARDE” Silva; Jonathan Raphael Bertassi1(MS);

[email protected] 1Programa de Pós-Graduação em Psicologia (FFCLRP/USP)

Nesse trabalho, abordamos os efeitos de sentido sobre liberdade e repressão sexual

feminina em sequências discursivas coletadas nos filmes Repulsa ao Sexo (Repulsion, 1965) e A Bela da Tarde (Belle de Jour, 1967). Para tanto, mobilizaremos como referencial teórico a Análise do Discurso de matriz francesa para compreender os efeitos de sentido no discurso sobre a sensualidade feminina inscritos nos processos discursivos verbal e não-verbal. Como é nosso escopo apontar as muitas interpretações possíveis numa década de transição (dentro e fora das telas) sobre a emancipação da mulher, encontramos na Análise do Discurso (AD) de matriz francesa um referencial adequado para rastrear os múltiplos sentidos sobre o feminino que se inscrevem nesses filmes. Por meio deste referencial teórico, visa-se o estudo da linguagem em suas práticas sociais, pois a compreensão do discurso passa necessariamente pela sociedade. Definindo a linguagem como trabalho, a disciplina desloca a importância dada à função referencial da linguagem, a qual ocupa posição nuclear na Lingüística clássica, que defende esse enfoque ma comunicação, ou na informação; assim, o viés da AD entende a linguagem como ato sócio-histórico-ideológico, sem negar o conflito, a contradição, as relações de poder que ela traz em seu bojo. As imagens não “falam”, mas significam por sua materialidade visual, portanto será analisada a partir dessa perspectiva. A razão para a escolha deste método é a possibilidade de buscar os efeitos de sentido no discurso dos quatro filmes que compõem nosso corpus sem negar o olhar socialmente inscrito do analista para privilegiar o estudo do processo e não do produto nos referidos filmes. Se sujeito e sentidos, como postula a AD, se constituem simultaneamente, o mesmo deve ocorrer com o filme e seus realizadores/espectadores, num eterno feedback entre arte e vida

FAPESP

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EFEITOS DE (HIPER)LEITURA: A (RE)CONSTRUÇÃO DE SENT IDOS NO DISCURSO ELETRÔNICO

Ferrarezi Ludmila1(DR); [email protected]

1Programa de Pós-Graduação em Psicologia (FFCLRP/USP)

À luz da Análise do Discurso de matriz francesa e, especialmente, dos conceitos propostos por Michel Pêcheux, nós analisamos alguns arquivos discursivos sobre a leitura, que foram materializados em blogs de bibliotecas comunitárias, refletindo sobre o sujeito, a Rede, a (hiper)leitura e a produção de sentidos, dada pelas condições de produção do dizer veiculado nas redes da Internet e pela memória discursiva, que atualiza ou faz retornar dizeres já postos em circulação por outros sujeitos, ao longo da história. Essa pesquisa nos permite refletir sobre como a língua significa em sua materialidade digital, ampliar a nossa compreensão sobre o modo como os movimentos dos sujeitos são materializados na Internet, além de investigar se/como está em curso uma mudança nas práticas de leitura no ciberespaço e, também, na sociedade. Em nosso corpus, buscamos flagrar as regularidades, as repetições e os deslocamentos, marcas que nos possibilitam refletir sobre como os sentidos são construídos. Analisamos, portanto, o modo como as pistas significam no discurso, indiciando as relações tecidas entre os diferentes discursos e sujeitos presentes nos vários textos observados. Nós buscamos, também, flagrar como alguns sentidos sobre a leitura são repetidos e ressignificados por diferentes sujeitos, constituindo um já-dito cristalizado e legitimado. Enquanto isso, outros sentidos são interditados, mas aparecem nas bordas do dizer e, também, no silêncio, que, para nós, é tão significativo quanto a presença de palavras; assim, muito mais do que signos virtualizados em uma tela, trabalhamos com a materialidade do funcionamento discursivo, atravessando a cortina do evidente e procurando romper com a literalidade do sentido dominante

FAPESP

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NOS LABIRINTOS DA INTERNET: REDES EM MOVIMENTO Ferrarezi Ludmila1(DR);

[email protected] 1Programa de Pós-Graduação em Psicologia (FFCLRP/USP)

Nosso objetivo é analisar discursivamente os movimentos do sujeito e dos sentidos nas

páginas eletrônicas sobre biblioteca escolar, escutar a discursividade eletrônica, os movimentos de navegação de sujeitos inseridos em diferentes formações sociais, observando se a rede eletrônica configura-se como o lugar da tão aclamada possibilidade de emergência do sujeito e de dizeres polissêmicos, que façam surgir sentidos além do dominante. Após apresentarmos algumas considerações acerca dos movimentos do sujeito e do sentido nas teias da Internet, buscamos, embasadas pela Análise do Discurso de linha francesa, tecer alguns gestos de interpretação dos discursos circulantes no blog Librarianship, em um post intitulado “Biblioteca escolar: algumas considerações”, publicado em 7 de julho de 2009 e em uma outra postagem, do dia 6 de novembro de 20083.Concebemos a rede eletrônica como um espaço discursivo marcado pela heterogeneidade e pluralidade, assim como pela incompletude, que faz com que o sentido possa sempre deslizar, significando a biblioteca de diferentes formas, de acordo com as condições sócio-histórico-ideológicas que constituem o dizer. Não é apenas a fluida materialidade virtual que é posta, pelos sujeitos-navegadores, em contínuo deslocamento, mas também os discursos que nela se sustentam e podem ser atualizados ou esquecidos, conforme o modo como eles se trançam com a história, a memória e a ideologia, que afetam a produção e circulação dos sentidos na rede. A virtualidade da rede parece escancarar a multiplicidade que constitui todo discurso, instalando novas formas de ler e produzir sentidos, de relacionar-se com discursos outros, nos quais se pode intervir. A fragmentação dos discursos e dos gestos de leitura fazem, também, com que os sujeitos possam “escapar”, migrar para outras regiões de sentido, desviarem-se da rotas que começaram a percorrer. Associamos o sujeito-navegador a um leitor ativo, um construtor de labirintos2, múltiplas possibilidades de atualização de sentidos, que configuram uma nova forma de ler, a qual pensamos ser mais aberta à polissemia, a um vir-a-ser constante. Apesar de propiciarem inúmeras possibilidades de se ocupar outros espaços discursivos, as redes da Internet também são feitas de lacunas, de ausências; tais fronteiras indiciam o caráter não-homogêneo da navegação pelas redes virtuais da Internet. Para que os sujeitos sejam realmente incluídos no ciberespaço é preciso mais do que o acesso à Internet e outras ferramentas de comunicação e informação, sendo fundamental que eles se relacionem com os sentidos postos em circulação nas redes eletrônicas, que participem ativamente dos jogos de (re)construção e interpretação dos discursos que elas sustentam. Apesar de não podermos desconsiderar as restrições que impedem o alcance do “todo”, sugerimos que a Internet abre espaço para a circulação de outros sentidos e para que o sujeito-navegador a experimente de muitas formas, valendo-se, frequentemente, do apagamento dos nomes, imagens, ou marcadores sociais do espaço físico; ocupando lugares que, muitas vezes, são impossíveis no mundo real, trançando-os a às vozes e discursos de outros sujeitos dispersos na rede.

FAPESP

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SENTIDOS DE BIBLIOTECÁRIO NA VOZ DE SUJEITOS UNIVERSITÁRIOS DA CIDADE DE RIBEIRÃO PRETO/SP

Carvalho, Mavi Galante Mancera Dall´Acqua¹(IC); [email protected]

1Programa de Pós-Graduação em Psicologia (FFCLRP/USP)

O bibliotecário enquanto sujeito que discursa, possibilita a aproximação ou interdição entre acervo e usuário, e que pela presença de estereótipos tornam maiores os obstáculos ao acesso da informação. Sendo assim, a proposta desta pesquisa intenta conhecer e flagrar sentidos de bibliotecário no discurso de sujeitos universitários. Com base na AD de origem francesa, proposta por Michel Pêcheux, realizou-se coleta e analise discursiva de dados a partir de questionário semi-estruturado com dez questões, aplicado em duas universidades (particular e pública), localizadas na cidade de Ribeirão Preto: os resultados parciais acerca da imagem ou lembrança do/de bibliotecário, flagrou-se entradas discursivas que apresentam a regularidade (o já-lá) na existência de esteriótipos construídos de “zelador dos livros”, ser erudito; de pessoas sérias que assumem posição de interdição (distanciamento) do acervo e leitura com o usuário; e das rupturas/quebras de paradigmas quando citado como mediador, educador e gestor de informação. Estas representações remetem conceitos de formação imaginária, tornando estas características relevantes na busca de mudanças pelos estudantes e profissionais da área, pois afetam o conhecimento teórico, os paradigmas, o mercado de trabalho e comportamento do bibliotecário, e da mesma forma os efeitos de reconhecimento da identidade e da percepção de sua importância pela sociedade.

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AS REDES SOCIOPEDAGÓGICAS NA FAVELA DA MARÉ: UM ESTUDO SOBRE A PRÁXIS DO CENTRO DE AÇÕES SOLIDÁRIAS

NA MARÉ (CEASM) Costa, Reginaldo1(DR); Leher, Roberto1(O)

[email protected] 1 Programa de Pós-Graduação em Educação (UFRJ)

O trabalho analisa a experiência educacional desenvolvida pela Organização Não

Governamental (ONG) Centro de Ações Solidárias na Maré (CEASM) expresso no seu projeto-político pedagógico baseado nas redes sociopedagógicas. Nesta análise será ressaltado o manejo dos conceitos de sujeito e memória para fundar a identidade do “mareense”, o morador da favela da Maré.

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EDUCAÇÃO E SAÚDE: UM ESTUDO SOBRE A CLASSE HOSPITALAR

Campos, Renata E. G. de1 (IC); Sampaio, Renato1 (O); [email protected]

Pedagogia/Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP)

Esta pesquisa foi realizada com o intuito de fazer um estudo sobre a classe hospitalar e oferecer subsídios aos professores para o trabalho nesta modalidade. As informações foram adquiridas por meio de revisão de literatura e posteriormente completadas com uma pesquisa de campo realizada com as professoras pedagogas de um hospital público do interior do Estado de São Paulo, utilizando entrevista direcionada às professoras atuantes nas Classes Hospitalares. Por classe hospitalar entende-se que são ambientes que possibilitam o acompanhamento de crianças e jovens que estão afastados da sala de aula regular por motivos de tratamento de saúde. Estas classes funcionam dentro dos hospitais em salas de aulas equipadas e também há atendimento nos leitos para os alunos que não conseguem se locomover. O objetivo desta pesquisa é apresentar e suscitar a reflexão quanto à importância da garantia do direito a educação para crianças e adolescentes que ficam hospitalizadas por um longo período, sempre respeitando suas limitações e ajudando estas crianças a viverem sem traumas após passarem por um processo de internação hospitalar e depois pela alta médica. Este trabalho foi dividido em duas partes. A primeira é Revisão de Literatura e os tópicos gerais importantes são: A Criança Hospitalizada e a Classe Hospitalar, Histórico e Funcionamento da Classe Hospitalar, e na segunda parte é apresentada uma Pesquisa de Campo com elaboração de entrevista contendo um questionário com 20 perguntas relacionadas ao trabalho desenvolvido pela equipe de docentes. A entrevista foi realizada com quatro professoras que atuam em três Classes Hospitalares de um hospital do interior do Estado de São Paulo. De acordo com o resultado da entrevista realizada, pude perceber que as professoras seguem o projeto desenvolvido pelo hospital juntamente com escola vinculada, o trabalho é dedicado constantemente às crianças hospitalizadas, pois existem alguns obstáculos que impedem a realização da aprendizagem. Falam muito em crianças doentes, mas pouco em pedagogos para levar educação, pois não querem acreditar que essa mudança no ambiente hospitalar possa colaborar com a sua recuperação. A Classe Hospitalar é muito descrita na literatura segundo a maneira como a equipe de saúde aceita esta modalidade de trabalho dentro do hospital, pois existem dificuldades de conciliação entre o atendimento médico e o atendimento pedagógico. A Classe Hospitalar é uma oportunidade de continuar a aprendizagem para crianças e adolescentes hospitalizados, é uma forma de demonstrar carinho e atenção para estas crianças e adolescentes que se sentem abandonados neste momento de suas vidas, em meio a médicos, remédios e horários. Portanto, a classe hospitalar é um meio de auxiliar estas crianças para que continuem aprendendo sem medo de perder o ano letivo. Nos dias atuais, o número de classes hospitalares vem crescendo e com isto há um número menor de alunos fora da escola, pois as crianças recebem alta médica e continuam suas vidas, voltando para escola e se recuperando de uma forma mais rápida. A assistente social que lutou por este projeto tem uma participação fundamental no hospital do interior do estado de São Paulo. Para realizar esta pesquisa visitei o Hospital por várias vezes, participei de projetos como a Biblioteca Viva em Hospitais e Projetos de Voluntariado. Esta pesquisa não se fecha aqui, acredito que pode ser objeto de estudo para outros educadores e pesquisadores que queiram conhecer este projeto

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ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO DE INGLÊS COMO SEGUNDA LÍNGUA: COMPREENSÃO DE PALESTRAS COMO

MATERIAIS AUTÊNTICOS Carvalho, Ricardo Fagundes1(ESP); Toniazzo, Gladys S. L.1 (O);

[email protected] 1Pós-Graduação em Educação a Distância (UNISEB)

No ensino de inglês como segunda língua, o uso de vídeos com palestras sobre

diversos assuntos disponíveis na internet tem se tornado muito frequente, porém nem sempre adequadamente estruturado. Este trabalho visa mapear uma estrutura pedagógica básica, ou diretrizes possíveis, na abordagem e seleção de um material considerado autêntico para uso em Ensino de Inglês como língua estrangeira. Também considerado pertinente na escolha e estratégia para estes vídeos, é sua riqueza de conteúdo, seu potencial para desencadeamento de discussões sobre aspectos sociais e educacionais mais amplos. Como exemplo de fonte de material, serão utilizadas duas palestras de um website - www.ted.com - que como vários outros websites, têm por objetivo a divulgação de palestras para fins educacionais, científicos e lazer. A bibliografia de apoio utilizada foi selecionada a partir de uma revisão bibliográfica sobre o uso de materiais autênticos de comunicação no ensino de inglês como segunda língua. Esta revisão será realizada no Scielo, biblioteca científica eletrônica, e iteslj.org, The Internet TESL Journal, for Teachers of English as a Second Language, uma publicação especializada em artigos de pesquisa em ensino de inglês como segunda língua.

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"LA LOBA" DE ALFONSINA STORNI EM UMA OFICINA DE MULHERES, NA PRISÃO

Anselmo, Simone L. S.¹ (MS); [email protected]

1Universidade Federal de Santa Catarina

Este estudo tem como tema uma experiência realizada com dezesseis mulheres no Presídio de Florianópolis/SC, em 2009, tendo como objetivo desenvolver uma alternativa de ressocialização através do ensino da literatura crítica. Utilizou-se dentre vários autores, o método da redação criativa do professor Samir Curi Meserani (PUC/SP, 2001), cujos procedimentos de leitura e avaliação são efetuados por todas as pessoas envolvidas, no processo de criação, incentivando o trabalho de conscientização com uma atividade intelectual significativa e prazerosa. A metodologia desenvolvida embora tenha como ponto de partida a redação criativa, baseia-se também em exercícios corporais de caráter lúdico, técnica da profª. Alai Garcia Diniz (UFSC/SC), seguida de leitura poética e incentivo à escrita livre de prosas ou poesias. Nesta experiência utilizou-se a poesia “La Loba” de Alfonsina Storni. O estudo mostra como em ambientes privados de liberdade, a literatura pode ser além de terapêutica, motivo de criação, reflexão e possibilidades de mudança.

FAPESP, CNPQ

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O TIRO QUE ECOOU PELO MUNDO: A VOZ DA HIPERMÍDIA SOBRE A MORTE DE CHICO MENDES

Yado, Thaís Harumi Manfré¹(MS); [email protected]

¹Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade (UFSCar)

Procura-se observar como se dá a construção dos dizeres das novas mídias, como a mídia eletrônica faz falar de/sobre a morte anunciada do seringalista, ambientalista, líder sindical Chico Mendes, assassinado em 22 de dezembro de 1988, sua morte ocorreu por ordem de fazendeiros da região amazônica. E a partir do recorte do corpus a ser analisado, procura-se observar o movimento que o discurso, presente no campo de estudos que se denomina Análise do Discurso (AD) de matriz francesa. Para a AD, a língua não é somente um código, assim, não se pode dizer que há uma separação entre emissor, receptor, nem a sequência de fala e decodificação. As relações de linguagem são relações de sujeitos e de sentidos e seus efeitos são múltiplos e variados. Daí a definição de discurso: o discurso é efeito de sentidos entre locutores (ORLANDI, 2005: 21). Entrelaçado ao conceito de discurso, temos o conceito de memória discursiva que se constitui como um saber discursivo de acontecimentos de dizer exteriores e anteriores à constituição do discurso. Assim, trabalhando com esses conceitos tão importantes no campo teórico da AD, busca-se observar o movimento discursivo presente nos dizeres midiáticos, especialmente o dizer midiático eletrônico - hipermídia. Que com o desenvolvimento da multimídia e a mudança de suporte, a internet proporcionou uma nova forma de escrita – lúdica, recuperada, “superior”. A organização multilinear presente no hipertexto proporciona que a leitura de tal documento seja realizada de qualquer ponto, causando a quebra do paradigma de início, meio e fim presente na leitura de documentos impressos (ROMÃO, 2005). Tais conceitos serão mobilizados tendo em vista entender a relação entre as mídias, a sociedade e os discursos, ou seja, visando a promoção de um campo de saberes e dizeres que levem em conta o jogo da língua e da história.

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DISCURSIVIDADE NO TWITTER: QUANDO O DIZER INSTALA O EFEITO DE EXTERMÍNIO

Moreira, Vivian Lemes1(MS); Romão, Lucília M. S.1(O); [email protected]; [email protected]

1Programa de Pós-Graduação em Psicologia (FFCLRP/USP)

Nos últimos anos, o número de pessoas conectadas à rede mundial de computadores (Internet) tem crescido de forma vertiginosa e, consequentemente, a utilização das redes sociais virtuais tem ganhado seus dias de fama. Com isso, o cotidiano de muitos sujeitos-navegadores passou a ser discursivizado na rede com o efeito de relatar experiências pessoais, trocar e divulgar informações de uma localidade ou comunidades específicas, fazer falar posicionamentos sobre temas cotidianos e ainda estabelecer laços afetivos. O microblog Twitter é um exemplo disso. Apresenta como traço a particularidade de colocar em circulação dizeres simples e curtos, desenhados pela rápida e curta troca de formulações que a todo momento são atualizadas e com acesso que pode ser realizado por diferentes suportes e dispositivos tecnológicos. Como analistas do discurso, vemos nesse traço de dizer com poucas letras a inscrição da temporalidade do on-line na própria língua, ou seja, o instante de um clique, de um toque na tela, de abertura e passagem a outro link e de apressamento da própria navegação dá-se a conhecer no Twitter pelo próprio modo de dizer, rápido e curto. Do ponto de vista da AD, temos um espaço discursivo heterogêneo, em que o sujeito-navegador marca, pela inscrição da história na língua, seu modo de dizer telegráfico, atribui-se a si mesmo uma formulação descritiva como atrativo ao outro na rede e reclama, o tempo todo, a resposta de navegadores que podem segui-lo para continuar a alimentar o torvelinho de sua palavra. Ao mobilizar o referencial teórico da Análise do Discurso de filiação francesa, temos como intento analisar os efeitos heterogêneos de sentidos fissurados por diferentes regiões da memória no microblog Twitter, e as condições de produção em que se dão as práticas sociais na ferramenta do referido sistema de microblogging, especialmente em relação a dizeres que circularam em outubro de 2010, período da eleição da primeira presidente brasileira. Ocorreu que diante da apuração das urnas do nordeste que davam a vitória para presidente Dilma Rousseff, foram disseminados, no Twitter, ataques e convites ao extermínio de nordestinos, culpabilizando-os pela continuidade do Partido dos Trabalhadores (PT) no governo federal. Em nosso corpus, identificamos sentidos de xenofobia contra os nordestinos, marcando, na ordem da língua, deslizamentos instaurados a partir de fragmentos deixados pelos sujeitos-navegadores no referido microblog.

CAPES

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SUJEITOS E SENTIDOS: UM PERCURSO DISCURSIVO POR ENTRE (OS) NÓS DA/NA REDE ELETRÔNICA

Moreira, Vivian Lemes1(MS); [email protected]

1Programa de Pós-Graduação em Psicologia (FFCLRP/USP)

Os efeitos de rede criados por uma arquitetura de participação no contexto da Web 2.0, possibilitou o maior compartilhamento e disseminação das informações e arquivos entre os internautas, como também recursos para uma gestão coletiva no que tange a organização desses conteúdos por meio do processo da folksonomia; este conhecido também por sistema colaborativo de rotulação/classificação realizado pelo sujeito através da linguagem natural, ou seja, de sua “própria” linguagem e vocabulário por meio das palavras-chave/etiquetas. Buscamos realizar um mapeamento e uma análise discursiva sobre as formas como o sujeito (PÊCHEUX, 1969) tem se posicionado discursivamente na organização das informações e arquivos midiáticos no ambiente do Twitter através das hashtags (etiquetas); visando uma reflexão sobre as possibilidades de interpretação da materialidade linguística e histórica. Com o intento de fornecer uma melhor compreensão sobre a problematização realizada, neste trabalho será feito uma análise discursiva das etiquetas utilizadas para nomear/indexar as informações e arquivos circulantes no Twitter sobre os acontecimentos ocorridos no Egito, entre janeiro e fevereiro de 2011. Investigaremos o modo de inscrição do sujeito através da folksonomia; esta que aparece como uma forma de subsídio para tarefas de recuperação de informações e que especialmente nos deixa margem para os estudos das formas de classificação e organização das informações, utilizando-se da inteligência coletiva (LÉVY, 2004). Foi possível observar que se tem início, desta forma, um ciclo na rede que investiga as interações do sujeito, que objetiva subsídios para a construção de ferramentas na organização e circulação do conhecimento, que discursiviza o quanto o sujeito-navegador precisa ser incluso e considerado nesse processo, como posição no discurso, marcando o social. Intentamos assim flagrar, na ordem da língua, o modo como os sujeitos fazem falar e circular, através das etiquetas, e investigando o sistema de organização da forma de inscrição de uma memória social, através dos arquivos contidos na rede.

CAPES

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DISCURSO NÃO-VERBAL E SENTIDOS SOBRE “LIXO EXTRAORDINÁRIO” NO YOUTUBE E FILMOW

Moreira, Vivian Lemes1 (MS); Faria, Daiana Oliveira1(MS); Silva; Jonathan Raphael Bertassi1(MS); Romão, Lucília Maria Sousa2(O);

[email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]

1Programa de Pós-Graduação em Psicologia (FFCLRP/USP)

Discorreremos neste trabalho os efeitos de sentidos instalados pelos sujeitos-navegadores a respeito do documentário Lixo Extraordinário, inscritos na página eletrônica do sistema de compartilhamento de vídeos YouTube e na rede social sobre cinema Filmow. Sob á ótica teórico-metodológica da Análise do Discurso de filiação francesa, interpretaremos as marcas discursivas deixadas pelos sujeitos-navegadores no campo destinado á “comentários” nas referidas páginas, investigando assim o posicionamento dos sujeitos ao discursivizarem sentidos sobre o verbal e o imagético sobre o Lixo Extraordinário nas tessituras da web. Na composição do corpus deste trabalho, iremos verificar como as condições de produção da contemporaneidade, fazem emergir outras possibilidades de assunção da subjetividade. Temos nesse novo cenário, um imbricamento de vozes, instalado por diversas materialidades que se con-fundem no ambiente da rede eletrônica. Dentro desse espaço (re)mexido constantemente pelos sujeitos-navegadores, buscaremos também compreender o funcionamento da heterogeneidade discursiva dos dizeres e dos sentidos, e a importância do arquivo discursivo (PÊCHEUX, 1997) na retomada do interdiscurso sobre os discursos sobre o filme. Notamos como a convergência de materialidades con-fundidas na rede eletrônica que eiva sentidos de filiações e rupturas com a campanha de marketing propagada pelos produtores do documentário Lixo Extraordinário. Notamos que o sujeito-navegador recorta a memória e faz circular seus sentidos a partir dela de modo distinto em duas páginas eletrônicas: a paráfrase com a publicidade do trailer do longa-metragem é bastante intensa no YouTube, o que ocorre em parte por conta das possibilidades técnicas do site que privilegiam a repetição de dizerem elogiosos, além da postagem do vídeo ter ficado por conta da produtora. Em contrapartida, no Filmow as contradições são mais evidentes e trazem diálogos mais estreitos com outros produtos ou artistas cinematográficos no arquivo sobre o “lixo” e a FD marginalizada que essa região de sentidos. Coloca-se que o modo como a memória é recortada não é o mesmo nos dois sites.

FAPESP

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OS EFEITOS DE SENTIDOS SOBRE A AMAZÔNIA NAS ENCICLOPÉDIAS DE CONTEÚDO COLABORATIVO NA WEB

Moreira, Vivian Lemes1(MS); Yado, Thaís H. M.2(MS); [email protected]; [email protected]

1Programa de Pós-Graduação em Psicologia (FFCLRP/USP), 2Programa de Pós- graduação em Ciência, Tecnologia e Sociedade (UFSCAR)

Este trabalho tem como intento refletir, a partir da perspectiva da Análise do Discurso

de linha francesa, a inscrição dos saberes e os efeitos de sentidos sobre o significante “Amazônia”, instalado pelos sujeitos-navegadores nas enciclopédias de conteúdo colaborativo, a Wikipédia e Desciclopédia, no ambiente da Web 2.0. Investigaremos as condições de produção do discurso através da escrita coletiva na rede e as marcas ideológicas deixadas pelos sujeitos nas enciclopédias online. Interessa-nos compreender, na ordem da língua, os deslizamentos e as rupturas de sentidos dentro dessa escrita coletiva. Para tal, realizaremos uma comparação entre recortes das duas enciclopédias, observando, a partir do jogo de forças sobre os sentidos possíveis ao sujeito, os modos de descrição de “Amazônia”, seja no âmbito da paródia e do humor negro tratado na Desciclopédia ou nos moldes de descrição enciclopédicos ditos “tradicionais” discursivizados pela Wikipédia. Buscamos, ainda, formular um estudo sobre a materialidade linguística e histórica a respeito da Amazônia, observando, dessa forma, regularidades, rupturas e deslocamentos de sentido sobre a questão da terra no país e, quiçá, construindo um gesto de interpretação do movimento da linguagem que enfoque a noção de discurso, formação discursiva, sujeito, sentido e heterogeneidade. Discutiremos também, o confronto de sentidos instalados na Desciclopédia, sob a forma de desconstrução dos “moldes tradicionais” de funcionamento de uma enciclopédia, com o discurso próximo à paródia e ao non-sense. Assim, buscamos refletir sobre como se dá o processo de constituição, produção e circulação de discursos de/sobre a construção coletiva de uma enciclopédia

CAPES, FAPESP