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II Ciclo de Debates em Mobilidade Urbana 04/10/2012 - Ponta Grossa, PR Giselle Noceti Ammon Xavier Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC www.cefid.udesc.br/ciclo www.viaciclo.org.br

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Page 1: II Ciclo de Debates em Mobilidade Urbana 04/10/2012 - Ponta Grossa, PR Giselle Noceti Ammon Xavier Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC

II Ciclo de Debates em Mobilidade Urbana04/10/2012 - Ponta Grossa, PR

Giselle Noceti Ammon XavierUniversidade do Estado de Santa Catarina - UDESC

www.cefid.udesc.br/ciclo www.viaciclo.org.br

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O Desenvolvimento e a Inserção da Bicicleta na Política de Mobilidade

Urbana Brasileirahttp://www.cefid.udesc.br/arquivos/id_submenu/1020/tese_bicicleta.pdf

Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas - Doutorado

Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

Giselle Noceti Ammon XavierOrientador: Dr. Luiz Fernando Scheibe - UFSC

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O Problema e a Hipótese

Existem fatores ligados ao processo de

desenvolvimento que inibem as iniciativas de

inserção da mobilidade por bicicleta nas políticas

de mobilidade urbana, explicando as dificuldades

na sua implementação efetiva?

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Objetivo

Situar o desenvolvimento como processo

histórico-sócio-cultural e utilizar este

conhecimento para contextualizar a inserção da

bicicleta na Política Nacional de Mobilidade

Urbana.

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Organização dos Capítulos

1. O Desenvolvimento da Sociedade Não Sustentável.

2. A Mobilidade Urbana na Agenda da Sustentabilidade Ambiental.

3. A Mobilidade por Bicicleta nos Planos Governamentais.

4. A Mudança do Paradigma: de “Política de Transporte” para “Política de Mobilidade Urbana e Cidadania”

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1. O DESENVOLVIMENTO DA SOCIEDADE NÃO SUSTENTÁVEL

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O discurso

• Toda palavra contém um significado, todo discurso é formado por intenções quer conscientes ou não.

• As sociedades escolhem, controlam e selecionam o que pode ser dito.

• Saber e poder não existem separados um do outro.

Michel Foucault. A ordem do discurso, 1970.

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“Dês-envolvimento”

• Desenvolvimento = “dês – envolvimento”.

• Idéia de progresso.

• Contínua ruptura homem – entorno: tecnociência, estágio supremo.

• A palavra desenvolvimento impulsiona ação antrópica, marcada pela ideologia ou utopia que ela anuncia (ou tenta esconder).

Scheibe e Buss (1992,1993); Scheibe (2004)Milton Santos (1992)Ignacy Sachs (2008)

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Desenvolvimento Sustentável

• Relatório Limites do Crescimento (MEADOWS et al., 1972)

• Conferência de Estocolmo (ONU – 1972)

• Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA (UNEP – United Nations Environment Programme)

• Ecodesenvolvimento (Ignacy Sachs) = Desenvolvimento Sustentável

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Desenvolvimento Sustentável• Relatório Nosso Futuro Comum (Our Common Future), de

1987 - Relatório Brundtland

• “aquele que atende as necessidades das gerações atuais sem comprometer a capacidade de as futuras gerações terem suas próprias necessidades atendidas”.

• Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – CNUMAD (UNCED), de 1992ECO-92, Rio-92, Cúpula/Cimeira da Terra (The Earth Summit).

• RIO+20 Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, junho 2012

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Insustentabilidade

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2. A MOBILIDADE URBANA NA AGENDA DA

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

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Transporte Sustentável de Baixo CarbonoPolíticas e medidas:

Avoid, Shift, Improve

Evitar, Mudar, Melhorar

• Evitar ou reduzir a necessidade de viagens • Mudar para modos mais eficientes• Melhorar eficiência veículos, combustíveis

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2009 - A Parceria das Nações Unidas para o Transporte Sustentável de Baixa Emissão de Carbono - SLoCaT (www.slocat.net)

2011 - “Grupo de Trabalho NAMA – Transporte” Parceria SLoCaT com Bridging the Gap (www.transport2012.org)

Transporte Sustentável de Baixo Carbono

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NAMA - Ações Nacionalmente Apropriadas de Mitigação

• Medidas voluntárias redução emissões pelos países desenvolvimento relatadas pelos governos nacionais para CQNUMC ou UNFCCC

• Em implantação; intenção é ser principal veículo para ações de mitigação em países em desenvolvimento: acordo clima futuro (pós-2012)

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NAMA - Ações Nacionalmente Apropriadas de Mitigação

• Podem ser ações políticas, programas e projetos implantados em nível nacional, regional ou local.

• Co-benefícios deverão ser incluídos como critérios de elegibilidade.

• Mecanismo NAMA de crédito deverá ser estabelecido (crédito de carbono = redução de emissão); MRV (Medição, Relato, Verificação).

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3. A MOBILIDADE POR BICICLETA NOS PLANOS

GOVERNAMENTAIS BRASILEIROS

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A Bicicleta na Política e no Plano Nacional de Mudança do Clima

• Setor transportes em “outros setores” X ênfase do PNMC: florestas, biomas, agropecuária

• Cita Plano Mobilidade e Bicicleta Brasil• Brasil comprometeu-se redução crescimento

emissões até 2020 = 36,1% a 38,9%• NAMA• Plano Setorial de Transporte e de Mobilidade

Urbana para Mitigação da Mudança do Clima – PSTM http://www.mma.gov.br/consultasclima

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A Bicicleta na Política Nacional de Mobilidade Urbana

A PNMU LEI Nº 12.587, DE 3 DE JANEIRO DE 2012

O Plano de Mobilidade Urbana é o instrumento de efetivação da Política Nacional de Mobilidade Urbana

Todos os municípios acima 20.000 habitantes

Restrição e controle de acesso e circulação, permanente ou temporário, de veículos motorizados

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A Bicicleta na Política Nacional de Mobilidade Urbana

PNMU LEI Nº 12.587, DE 3 DE JANEIRO DE 2012

Dedicação de espaço exclusivo nas vias públicas para os serviços de transporte público coletivo e modos de transporte não motorizados

Nos Municípios sem sistema de transporte público coletivo ou individual, o Plano de Mobilidade Urbana deverá ter o foco no transporte não motorizado e no planejamento da infraestrutura urbana destinada aos deslocamentos a pé e por bicicleta, de acordo com a legislação vigente

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Situando o surgimento do programa nacional de política cicloviária no

contexto do setor transportes

• Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes - GEIPOT, do Ministério dos Transportes

• 1976 publica Manual de Planejamento Cicloviário: Uma Política para as Bicicletas

Antonio Carlos de Mattos Miranda e José Carlos Aziz Ary

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Programa Bicicleta Brasilwww.cidades.gov.br/bicicletabrasil

• Programa Brasileiro de Mobilidade por Bicicleta

• Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades

• Instituído pela Portaria nº 399, de 22 de setembro de 2004

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Programa Bicicleta Brasil

• “(...) se o Governo Federal tem um programa

para promover o uso da bicicleta, por que a

minha prefeitura não teria? ou seja, o Governo

Federal com o Bicicleta Brasil deu o exemplo”

Ricardo Lott, 2011

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4. A MUDANÇA DO PARADIGMA: DE “POLÍTICA DE TRANSPORTE”

PARA “POLÍTICA DE MOBILIDADE URBANA E

CIDADANIA”

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O marketing social como suporte para as políticas de mobilidade cidadã

Políticas Integradas (Pucher; Buehler, 2008):

• Formar uma Rede conectada• Prioridade nos Semáforos e Interseções• Zonas 30 km/h - Áreas Centrais, Residenciais• Bicicletários, Paraciclos por toda cidade• Integração com o transporte coletivo• Educação para uso Bicicleta nas escolas• Motoristas, em princípio, responsabilizados• Bicicletas públicas por toda cidade

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O marketing social como suporte para as políticas de mobilidade cidadã

Políticas Integradas (Pucher; Buehler, 2008) (cont.):

• Informação disponível (mapas, aluguel, internet)• Campanhas conscientização permanentes• Participação popular, pesquisas satisfação• Restrições diversas uso e estacionamento carro• Sobretaxar compra, uso carro e combustível• Cidade compacta, densa, uso misto do solo• Novas áreas suburbanas infraestrutura TNM

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J. Pedro Corrêa “20 anos de lição de trânsito”: Se existe uma grande frota de bicicletas no Brasil e alguns movimentos a favor, por que o país não pedala?

“O país pedala, mas o país que decide não

pedala. A classe média não pedala! Os

formadores de opinião, as pessoas que

interferem nas políticas, que têm acesso às

autoridades idolatram o carro, que é um bem de

consumo sinônimo de status e de poder da

sociedade consumista e desigual.” (Elizabeth Veloso, 2009, p. 174).

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Considerações Finais

• A palavra “dês – envolvimento” revela

• Paradigma capital-expansionista ainda domina,

embora o eco-socialista já esteja no discurso da

sociedade

• Reconhece-se o valor do Bicicleta Brasil

• A Bicicleta representa contestação, resistência e

opção ao desenvolvimento não sustentável

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Considerações Finais

• Lutar pela bicicleta assemelha-se a uma Utopia

• Apesar de todos os fatores ligados ao processo de

desenvolvimento que inibem as iniciativas de inserção da

mobilidade por bicicleta nas políticas de mobilidade urbana,

a evidente crise de circulação nas cidades brasileiras,

gerada pela prioridade dada à circulação por carro, está

favorecendo a política de mobilidade por bicicleta, tornando

o tema cada vez mais recorrente, na mídia e na busca de

soluções pelo poder público

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“A qualidade do conhecimento afere-se menos pelo que ele controla ou faz funcionar no mundo exterior do que pela satisfação pessoal que dá a quem a ele acede e o partilha”

Boaventura de Sousa Santos, 2010, p. 86 Um discurso sobre as Ciências [1987]

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Muito Obrigada!

Giselle Noceti Ammon XavierUniversidade do Estado de Santa CatarinaCentro de Ciências da Saúde e do Esporte

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