igualdaderacial - seppir.gov.br · • cerca de 11mil negros e indígenas foram beneficiados nos...

12
IGUALDADERACIAL Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial - Seppir/PR Doença Falciforme tem tratamento especializado no SUS Junho de 2006 Foto produzida por crianças da comunidade quilombola de São Lourenço, munícipio de Goiana, na Zona da Mata de Pernambuco, para o projeto Brasil-Senegal - Olhares Cruzados ProUni inclui negros e indígenas na universidade Encontro reúne crianças quilombolas de todo o país

Upload: buiduong

Post on 26-Jan-2019

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

IGUALDADERACIAL Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial - Seppir/PR

Doença Falciforme tem tratamento especializado no SUS

Junho de 2006

Foto produzida por crianças da comunidade quilombola de São Lourenço, munícipio de Goiana, na Zona da Mata de Pernambuco, para o projeto Brasil-Senegal - Olhares Cruzados

ProUni inclui negros e indígenas na universidade

Encontro reúne crianças quilombolas de todo o país

EditorialBrasil investe em promoção da igualdade racial

Alguns resultados• 2005 foi instituído Ano Nacional de Promocão da Igualdade Racial, para dinamizar as ações.

• A saúde da população negra está inserida no Plano Nacional de Saúde.

• Foi implantado o Programa Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme e outras Hemoglobinopatias.

• Há 40 mil alunos negros e indígenas beneficiados pelo Programa Universidade para Todos (ProUni), em decorrência da adoção de políticas de ação afirmativa.

• Cerca de 11mil negros e indígenas foram beneficiados nos programas de cotas adotados em 18 universidades públicas e 36 mil incluídos no Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES) para concessão de financiamento a estudantes de cursos superiores não gratuitos.

• No Plano Nacional de Qualificação, de 142,3 mil pessoas inseridas, 62% são negras e descendentes de indígenas.

• A partir do “Plano Trabalho Doméstico Cidadão” realiza-se a qualificação profissional, elevação da escolaridade e ampliação da proteção social de trabalhadoras domésticas.

• Até 2002, o governo federal havia identificado 743 comunidades remanescentes de quilombos, em 2005 já haviam sido registradas 2.460.

• O Programa Brasil Quilombola deu visibilidade aos Quilombos do Brasil. Entre suas ações, destacam-se a instauração de 337 processos de regularização fundiária pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, que resultaram em oito titulações em 2005 e na previsão de outras 20 em 2006. Também foram certificadas 724 comunidades pela Fundação Cultural Palmares.

• O programa Luz Para Todos atendeu 6.810 famílias quilombolas, o que representa mais de 34 mil pessoas beneficiadas.

• Foram investidos R$ 4 milhões pela Petrobras em projetos de desenvolvimento sustentável, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

• O Fórum Intergovernamental de Promoção da Igualdade Racial conta com a adesão de 437 governos – 23 estaduais e 414 municipais – dos quais 177 possuem órgãos específicos para tratar do tema.

• Com o tema “Estado e Sociedade Promovendo a Igualdade Racial”, a 1ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial envolveu mais de 95 mil pessoas e mobilizou 1.332 municípios brasileiros.

O governo brasileiro adotou atitudes inovadoras e indispensáveis para contribuir com a superação da desigualdade racial no país. Em 21 de março de 2003, criou a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. O órgão assessora diretamente a Presidência da República e possui estatus de ministério. Seu papel é coordenar políticas no campo da proteção aos direitos de indivíduos e grupos raciais e étnicos afetados por discriminação e diversas formas de intolerância – negros, indígenas, ciganos, árabes palestinos, judeus e outros, com especial atenção à população negra.

As medidas adotadas demonstram que o Brasil passou a priorizar, de maneira inédita, políticas públicas para combater as conseqüências do regime escravista que ainda prevalecem na sociedade e incorporá-las à estrutura do Estado brasileiro.

Identificadas as prioridades a partir de demandas históricas, ocorreram muitos avanços para a institucionalização de novos caminhos na construção de um Brasil para todos.

Para compreender a importância dessas políticas, é preciso considerar alguns dados da população brasileira. Segundo informações de 2003 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 82 milhões de pessoas, que correspondem a 47% do total, são pretos ou pardos e 2% indígenas. Ou seja, quase metade é potencialmente vítima de discriminações raciais e sofre com as desigualdades educacionais, no mercado de trabalho e no acesso a bens e serviços. Também se constata que esse é o grupo populacional mais empobrecido do país.

Integrado aos programas e projetos desenvolvidos pelo governo federal, para concretizar a Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial, concebe-se o Plano Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Planapir) como um orientador que estimule o desenvolvimento sustentável com eqüidade social, só possível se forem superadas as desigualdades de raça e gênero.

O Informativo Igualdade Racial é uma publicação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República.

Secretária Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial: ministra Matilde Ribeiro. Secretária-adjunta: Maria do Carmo Ferreira da Silva. Chefe de Gabinete: Sandra Regina Maria do Carmo Teixeira. Subsecretário de Planejamento e Formulação de Políticas: Antônio da Silva Pinto. Subsecretária de Ações Afirmativas: Maria Inês da Silva Barbosa. Subsecretário de Políticas para Comunidades Tradicionais: Carlos Eduardo Trindade Santos.

Jornalista responsável: Rose Silva (Mtb 25015-SP). www.presidencia.gov.br/seppir Esplanada dos Ministérios Bloco “A” 9o andar 70054-900 Brasília-DF

EXPEDIENTE

As políticas para quilombos envolvem vários órgãos do governo federal, de estados municípios e empresas públicas. A partir de 2003, estruturou-se o Programa Brasil Quilombola, coordenado pela Seppir, com monitoramento da Casa Civil e relação direta com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Ministério da Cultura (MinC), Fundação Cultural Palmares (FCP), Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e outros 18 órgãos federais.

Uma das principais realizações do governo, sob a execução da Fundação Cultural Palmares e com acompanhamento da Seppir, foi a ampliação do número de comunidades identificadas de 743, em 2002, para 2.460, até 2005. Existem 337 processos de regularização dos territórios quilombolas sob responsabilidade do MDA/Incra, que envolvem mais de 400 comunidades distribuídas em 21 estados.

Entre eles, 29 foram concluídos com relatórios de demarcação e delimitação, e oito territórios foram titulados: Bela Aurora (PA), Paca Aningal (PA), São Sebastião dos Pretos (MA), Jamary dos Pretos (MA), Olho d’Água do Raposo (MA), Altamira (MA), Olho D’Água dos Pires (PI) e Conceição do Macacoari (AP). Está prevista ainda a emissão de 20 títulos em 2006.

Segundo o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, a regularização fundiária é a principal reivindicação das comunidades. “É uma oportunidade ímpar de o governo demonstrar a função social da reforma agrária, buscando também a redução das desigualdades raciais no país”, afirma.

No que diz respeito às terras da União, em parceria com a Secretaria de Patrimônio da União (SPU) e o Incra, a regularização dos quilombos de Parateca e Pau D’arco (BA) está em fase final e depende da publicação do relatório para que seja efetuada a titulação.

Sob a coordenação da Seppir, houve estímulo à criação de 15 coordenações estaduais e da participação de 2.694 quilombolas em cursos de capacitação para gestão de projetos.

O programa Bolsa Família, destinado a transferir renda para famílias em situação de pobreza, incorporou as comunidades quilombolas em 2005. No Maranhão, foram cadastradas a princípio 12.996 famílias e posteriormente incorporadas 156 comunidades de Alcântara, naquele estado, e 650 famílias do Vale do Gurutuba, em Minas Gerais. Iniciou-se ainda o cadastramento de 365 comunidades de vários estados para que sejam incluídas 160.451 pessoas.

Segurança - Umas das comunidades tituladas recentemente é Conceição do Macacoari, distante aproximadamente 100 km de Macapá (AP), que abriga 61 famílias. Segundo a líder comunitária Doralice dos Santos Ramos, o recebimento do documento é fundamental para sua segurança: “A partir de agora sabemos que ninguém poderá tirar nossas terras nem ocupá-las sem nossa permissão. É uma conquista que não tem preço, que deixaremos para nossos filhos netos e bisnetos”, diz.

Com a titulação, os quilombolas refazem seus planos. “A gente vai poder investir mais e manter uma cultura. Agora poderemos abrir uma cooperativa de beneficiamento, investir em outros ramos, como pecuária, piscicultura”, afirma a moradora Ana Rita Picanço, da associação local.

Comunidades de terreiros

Em 2004, no dia Mundial da Alimentação, foi realizada uma ação de combate à fome, na comunidade quilombola de Kaonge, no Recôncavo Baiano. Em 2005, o governo federal desenvolveu ações emergenciais na Bahia para comunidades de terreiros, com distribuição de 35.150 cestas básicas que atenderam 8.300 famílias. Também, foram distribuídas 67.200 cestas alimentares em comunidades de religião de matriz africana em vários estados. No segundo semestre, foram realizados seminários sobre políticas públicas para comunidades de terreiros em Minas Gerais e na Bahia, que reuniram respectivamente 52 e 59 pessoas de todas as regiões do país.

em cena

Os direitosdosquilombolas

Comunidades Kilombolas, KilombolasVêm de bola cheiaApresenta sua cultura, a sua verdadeA sua diversidadeEm nossa grande aldeia

Trecho da música Ela é Quilombeira, de Quésia Carvalho, homenagem póstuma à gestora Ione Evangelista Araújo.

Nos dias 25 e 26 de julho será realizado em Brasília o Encontro Nacional Quilombinho, que integra o “Projeto Zanauandê”, uma parceria entre a Seppir, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a Coordenação Nacional de Entidades Remanescentes de Quilombos (Conaq) e o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda). Com a participação de 100 crianças e adolescentes quilombolas, será apresentada uma pesquisa voltada à situação infanto-juvenil, com foco nas áreas de saúde, alimentação saudável, proteção contra a exploração sexual e a violência, entre outras.

Segundo o presidente do Conanda, José Fernando da Silva, o Conselho busca ampliar as possibilidades de aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente. “Olhar e agir, para que as crianças e adolescentes quilombolas sejam sujeitos dos Direitos Humanos, é uma obrigação ética, moral e política de todos os operadores do Estatuto”, diz.

EncontroQuilombinho

Cidadania a comunidades de Goiás

Realizada nos municípios de Cavalcante, Teresina de Goiás e Monte Alegre e coordenada pela Seppir desde 2004, a ação Kalunga constitui-se de atividades voltadas à saúde, ao esporte, à habitação, à valorização da cultura, à inclusão digital, ao desenvolvimento e geração de renda e à melhora da infra-estrutura.

Foi instalado um escritório regional do Incra no município de Cavalcante e vêm sendo implantados programas habitacionais pelo Ministério das Cidades, com a conclusão de 75 unidades habitacionais e início da construção de outras 375. Também foram entregues 200 unidades sanitárias e outras mil tiveram obras começadas.

Com investimento de R$ 381 mil na área educacional, concluiu-se a obra de uma escola com capacidade para atender 120 crianças, em parceria com a Petrobras e a Prefeitura de Cavalcante. Ainda por meio do programa Telecurso 2000, em parceria com a Fundação Roberto Marinho e o Instituto Multiplicar, estão instaladas seis telessalas na comunidade Kalunga (GO), para 120 alunos.

Luz para Todos - A instalação de energia elétrica nas residências das comunidades quilombolas pelo programa Luz Para Todos, do Ministério das Minas e Energia, já atinge 6.810 famílias e beneficia 34 mil pessoas em várias regiões.

O líder comunitário Cirilo dos Santos Rosa, nascido há 51 anos em território Kalunga, município de Cavalcante, Goiás, e morador da comunidade Engenho 2, avalia que a chegada da energia é condição básica para o desenvolvimento. Eles começaram recentemente a comunicar-se com o mundo por telefone e esperam novas possibilidades de trabalho e educação a partir dessa mudança. “Eu conheci a cidade aos 18 anos de idade e deixei de ir à escola muitas vezes porque não havia transporte. As únicas possibilidades eram ir a cavalo ou caminhar 26 quilômetros”, diz.

Atividades geram desenvolvimentoEmpresas públicas como a Petrobras, a Eletrobrás, a Eletronorte, Furnas, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal têm apoiado financeiramente as iniciativas da Seppir voltadas para as comunidades remanescentes de quilombos.

A Petrobras, em parceria com o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome e a Fubra, destinou em 2005 R$ 4 milhões a projetos de desenvolvimento sustentável de 10 comunidades em oito estados. Algumas delas já apresentam resultados da ação, como Ivaporanduva (SP), Campinho da Independência (RJ), Tapuio e Sumidouro (PI).

De acordo com o gerente-executivo de comunicação institucional da Petrobras, Wilson Santarosa, o Programa Petrobras Fome Zero, criado em 2003, busca desenvolvimento com cidadania, valorizando a diversidade. “Entre várias iniciativas voltadas à promoção da igualdade racial, destaca-se o apoio às comunidades quilombolas no desenvolvimento social e econômico a partir de sua capacidade produtiva”, diz.

Orçado em R$ 320 mil, o projeto de turismo iniciado em Campinho da Independência, a 13 quilômetros de Paraty, no Rio de

Janeiro, beneficia na prática os 450 moradores, como relata o líder comunitário Sinei Barreiros Martins: “Começamos em novembro do ano passado e a principal mudança é que agora podemos produzir dentro da comunidade e ficar com os benefícios do nosso trabalho. Iniciamos cursos de guias turísticos, nos quais os idosos contam histórias da luta e formação do nosso povo. Apresentamos aos visitantes os rios e as cachoeiras que ficam na comunidade e temos um restaurante que usa verduras e carnes produzidas pelos moradores”, explica.

Sidnei relembra ainda um projeto anterior, iniciado em 2003 e mantido pelo Banco do Brasil, que possibilitou a construção de banheiros e de um telecentro para formação dos jovens.

Aline vive em uma comunidade quilombola da Chapada do Norte, no vale do Jequitinhonha.

Gils

on C

arva

lho

do N

asci

men

to

“As políticas de Promoção da Igualdade Racial adotadas neste governo são a comprovação de que o Estado brasileiro está empenhado em garantir que a justiça racial se consolide como realidade no País, criando condições para uma convivência harmônica entre os diferentes indivíduos que formam o povo brasileiro”.

Silas Rondeau, ministro das Minas e Energia

Juventude - A Seppir integra o Conselho Consultivo do Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego (PNPE) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), cujo objetivo é qualificar jovens de baixa renda para o mercado de trabalho, a partir de parcerias com organizações não-governamentais. Uma de suas ações é o Consórcio Social da Juventude, que qualificou 6.732 jovens, dos quais 4.035 são negros.

O consórcio quilombola de Alcântara (MA) beneficia hoje diretamente 500 jovens e tem investimento de R$ 1 milhão. Segundo o coordenador executivo da Associação de Comunidades Negras Rurais do Maranhão (Aconeruq) e desse consórcio, Ivo Fonseca, o programa do curso oferece inclusão digital e aulas sobre o meio ambiente, além de divulgar a história do povo negro que ainda não é ensinada nas escolas.

datem orçamento de R$ 2 milhões anuaisEm 20 de novembro de 2003, a Seppir e o Ministério da Saúde (MS) assinaram um termo de compromisso para formular e implantar a Política Nacional de Saúde da População Negra, com o objetivo de reduzir a vulnerabilidade desse segmento a doenças decorrentes dos fatores sócio-econômicos e da descriminação. A implantação da Política Nacional de Saúde da População Negra foi fortalecida por meio da designação de um orçamento da ordem de R$ 2 milhões anuais no Plano Plurianual (PPA 2004-2007) do governo federal.

Segundo o ministro da Saúde, Agenor Álvares, o ministério trabalha no combate à discriminação e ao preconceito racial com o objetivo de dar amplo acesso aos serviços públicos de saúde. “As ações buscam a melhoria do acesso às informações sobre a saúde da população negra, a capacitação dos profissionais para garantir o atendimento com eqüidade e a adequação do serviço de saúde a públicos específicos, como o dirigido para a população quilombola”, afirma.

Em três anos o governo brasileiro disponibilizou R$ 6 milhões para pesquisas relacionadas à saúde da população negra, dos quais R$ 3 milhões foram destinados ao estudo da Aids em 2004 e 2005. Em 2006, os ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia publicaram edital no valor de R$ 10 milhões, dos quais 3 milhões são dirigidos a projetos nas áreas racismo e saúde mental, doença falciforme, agravos prevalentes, saberes tradicionais e controle social.

Uma iniciativa importante foi a inclusão do recorte racial no Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal, que congrega o poder público e a sociedade civil em comitês locais para fiscalizar o cumprimento da legislação e das políticas voltadas para esse fim. Também foi lançado em Salvador o Programa Nacional de Combate ao Racismo Institucional no SUS.

Destaca-se ainda o Programa de Combate ao Racismo Institucional (PCRI), que é uma parceria do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) com o Departamento do Governo Britânico para o Desenvolvimento

Saúde população negra

Doença falciforme: atendimento especializado no SUS

Uma das principais iniciativas do governo federal na área de saúde é o Programa Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme e outras Hemoglobinopatias, que direciona recursos orçamentários para adequar a infra-estrutura da rede de saúde, a capacitação de profissionais, a distribuição de insumos e o apoio às associações de doentes. A doença falciforme atinge principalmente a população negra.

O SUS distribuiu pela primeira vez neste ano 500 bombas de infusão a doentes que não têm recursos para a compra do equipamento, que custa em torno de R$ 2.500,00. “Cerca de 10% dos doentes de anemia falciforme usam a bomba, que serve para retirada de ferro do organismo, o qual acumula-se em decorrência das transfusões de sangue recorrentes. Se não for retirado, o excedente lesa o coração e o fígado e pode provocar a morte”, explica a coordenadora da Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme e outras Hemoglobinopatias, Joice Aragão.

O programa investiu ainda em parcerias para padronizar o atendimento aos portadores de doença falciforme. O Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias (Cehmob) iniciou um projeto, apoiado pelo Ministério da Saúde e pela Seppir, com a finalidade de melhorar o atendimento da rede pública nas emergências, nos exames laboratoriais e nas cirurgias, além aumentar o nível de informação. Segundo o coordenador técnico do programa de triagem neonatal de Minas Gerais, José Nélio Januário, já foram treinados cerca de 2000 médicos e enfermeiros no estado para implantação de um protocolo de atendimento nos serviços. Um centro de atendimento telefônico 24 horas para profissionais de saúde e doentes será inaugurado neste mês.

Também foi elaborado um documento sobre a demanda de consultas e exames para que os gestores de saúde pactuem a precedência do portador de doença falciforme. “Esses pacientes precisam de vários especialistas e não devem ser vistos como todos os demais no SUS, necessitam de tratamento preferencial”, afirma Januário.

Internacional (DFID), a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS) e o governo brasileiro - por meio da Seppir, dos ministérios da Saúde e das Relações Exteriores e do Ministério Público Federal (MPF/PGR).

A incorporação do recorte racial às principais publicações periódicas de análises epidemiológicas e de vigilância em saúde no SUS, tais como os volumes de referência Saúde Brasil 2005, Atlas de Saúde 2005 e Boletim Epidemiológico de Aids, são importantes ferramentas no planejamento de ações.

Programas do Governo Federal atendem diversas gerações

Valter Campanato

descentralizadase monitoradas pela sociedade

Políticas transversais,

Após a criação da Seppir, em 20 de novembro de 2003, foi instituída a Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial (PNPIR), por meio do Decreto n° 4.886. Ela apresenta diretrizes para todas as áreas do governo e a sociedade brasileira, voltadas a seis ações programáticas: implementação de um modelo de gestão da política de promoção da igualdade racial, apoio às comunidades remanescentes de quilombos, ações afirmativas, desenvolvimento e inclusão social, relações internacionais e produção do conhecimento.

Conferência mobilizou mais de 95 mil participantes em todo o país

A 1a Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial – Conapir teve como tema: “Estado e Sociedade Construindo a Igualdade Racial”. Foi realizada no período de 30 de junho a 2 de julho, em Brasília. Essa conferência mobilizou 95.573 participantes: 92.750 nas etapas estaduais e 2.823 na nacional, sendo eles 1.019 delegados dos 26 estados da federação e do Distrito Federal, 978 observadores, 296 convidados, 240 artistas, 180 integrantes da equipe de apoio e 110 jornalistas. No processo foram aprovadas 1.085 propostas que constam no Relatório da Conferência. A ação democrática envolveu 1.332 municípios brasileiros, cerca de 25% do total.

Em sua fase preparatória, foram realizadas 26 conferências estaduais e a do Distrito Federal, inúmeras conferências municipais e regionais, as consultas indígena e quilombola, a audiência cigana e reuniões com mulheres negras, jovens e religiosos de matriz africana, com o objetivo de aprofundar essas temáticas. Também foi realizado o Painel Internacional - Ações Afirmativas e os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

A Seppir, na figura da ministra e integrantes da equipe, esteve presente em todas as conferências estaduais e na distrital, o que denota o compromisso do governo federal com políticas focadas na área das relações étnico-raciais e o debate com a sociedade civil. Com isso, contribuiu para o fortalecimento de políticas locais, pois foi possibilitado o diálogo entre autoridades dos diversos poderes, movimentos sociais, instituições educacionais

e culturais, bem como a criação de novos organismos de gestão de políticas de promoção da igualdade racial.

Por meio da 1a Conapir, a Seppir fortaleceu suas ações na estrutura do governo federal e consolidou um modelo de gestão participativa, no qual a promoção da igualdade racial se afirma como elemento essencial para a democracia.

Como afirmou a integrante do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR), Lecy Brandão, na cerimônia de abertura, é a primeira vez na história do Brasil que um governo cria uma Secretaria voltada para as questões raciais, e não podemos esquecer que esta ação é resultado da luta do movimento negro. “A importância desse fato é ainda maior na medida em que se compõe um Conselho com representação dos povos indígenas, caboclos, ciganos, judeus, árabes e palestinos, todos juntos na construção de mecanismos de combate à discriminação racial e étnica e na luta pela dignidade de vida das cidadãs e cidadãos brasileiros”.

Após o evento foi criado o GTI - Grupo Interministerial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, a partir do Decreto Presidencial de 8 de novembro de 2005, com o objetivo de elaborar o Plano Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. O Grupo apropriou-se dos resultados da 1a Conferência, considerando que esta apontou proposições que descortinam realidades de discriminações sociais e raciais até então desconsideradas na história oficial brasileira.

Conferência fortalece modelo de gestão participativa

Arquivo Seppir

A igualdade racial é considerada em todas as áreas da política pública, com ênfase às sociais, econômicas, políticas e de infra-estrutura, para garantir a melhoria das condições de vida e o exercício da cidadania aos grupos discriminados. Os eixos de ação prioritários definidos são: Política para remanescentes de quilombos; Desenvolvimento, trabalho e geração de renda; Educação e cidadania; Diversidade cultural e combate à intolerância religiosa; Saúde e qualidade de vida; Segurança alimentar e nutricional; Segurança pública e ordenamento jurídico; e Políticas de relações internacionais.

A partir dessas prioridades, são desenvolvidos os programas e projetos por praticamente todos os órgãos do governo federal, construindo a transversalidade nas ações da administração pública. Considera-se, ainda a necessidade de capacitar gestores e agentes sociais para promoção da igualdade racial e étnica.

Segundo a secretária Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, ministra Matilde Ribeiro, o grande ganho será

Açõesem todas as áreas

Governo capacita sociedade para monitorar orçamento

A promoção da igualdade racial foi incorporada ao Plano Plurianual (PPA) 2004-2007 – instrumento legal que especifica as ações do governo e seus respectivos orçamentos em cada área – no capítulo “Inclusão Social e Redução das Desigualdades Sociais”, cuja meta é “promover a redução das desigualdades raciais”.

Para garantir o cumprimento dos princípios da Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial – transversalidade, descentralização e gestão democrática – o governo brasileiro investiu na capacitação de gestores e no monitoramento do orçamento da Seppir. A “Capacitação de gestores públicos e de agentes sociais para operar políticas de promoção da igualdade racial” é uma linha definida no PPA como um dos elementos fundamentais para garantir que as políticas públicas estejam disseminadas por todas as áreas de atuação.

Assim, após diálogos com o Ministério do Planejamento, realizou-se, em 2003, uma oficina sobre a transversalidade de gênero e raça nas ações do governo federal. A partir de 2004, as três Secretarias Especiais que integram a estrutura da Presidência da República, Direitos Humanos, Igualdade Racial e Política para Mulheres, inseriram em seus respectivos orçamentos uma ação padronizada intitulada “Capacitação de Agentes Públicos em Temas Transversais”. O objetivo é propiciar a formação nos temas direitos humanos, gênero e raça de servidores públicos federais, estaduais e municipais, titulares de cargos políticos e agentes de segurança pública.

Plano Nacional faz diagnóstico do racismo

O Plano Nacional de Promoção da Igualdade Racial consolida uma promissora relação entre o governo e a sociedade civil. Seu principal objetivo é indicar o caminho para a elaboração do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial, por meio de uma ação conjugada entre os órgãos do governo federal e das ações três esferas de governo - federal, estadual e municipal.

O Plano aponta desigualdades existentes, a falta de informações acerca das particularidades étnicas e raciais e as lacunas nas políticas atuais com objetivo claro de atender os preceitos legais para o respeito e a valorização da diversidade étnica e racial como condição indispensável ao desenvolvimento sustentável do Brasil. Congrega ainda informações sobre as práticas adotadas em todas as regiões do país para promover a igualdade racial, com o intuito de fortalecê-las e dinamizá-las a partir de novas parcerias.

o fortalecimento de uma agenda política nacional, que constrói a institucionalização e o aprimoramento de leis na consolidação de uma nação efetivamente democrática. “Será o conhecimento dessa política por parte das diversas autoridades locais e a assimilação de suas responsabilidades no tratamento das desigualdades causadas pela discriminação racial que tornará a ação cada vez mais viável, integrante do planejamento, do orçamento e da ação cotidiana das administrações públicas em todo o país”, afirma.

Com esse intuito, estados e municípios são estimulados a assumir a promoção a igualdade racial como prioridade e foi criado o Fórum Intergovernamental de Promoção da Igualdade Racial.

Um dos instrumentos mais importantes para o controle social da política é o Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, órgão colegiado, de caráter consultivo que faz parte da estrutura básica da Seppir.

Indígenas participam de políticas públicas articuladas pela Seppir

Arquivo Funasa

promove igualdade racial no trabalhoComposta por representantes do governo federal e das principais centrais sindicais de trabalhadores e confederações de empregadores, a Comissão Tripartite de Igualdade de Oportunidades e Tratamento de Gênero e Raça no Trabalho foi criada por decreto presidencial, sob coordenação do Ministério do Trabalho e Emprego, em agosto de 2004. Seus objetivos prioritários são a promoção de políticas públicas voltadas ao fortalecimento da igualdade de oportunidades e de tratamento e o combate a todas as formas de discriminação de gênero e raça no mundo do trabalho. Como resultado de sua atuação, pode-se destacar o reforço à implementação de políticas de diversidade de gênero, raça e pessoas com deficiência nas empresas.

Comissão Tripartite

Trabalhadoras domésticas recebem qualificação

Em novembro de 2005 foi lançado o “Plano Trabalho Doméstico Cidadão”, pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em parceria com a Seppir, a Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Os trabalhadores domésticos somam mais de seis milhões de pessoas no Brasil, dos quais 95% são mulheres e 56% delas negras. A precária condição vivida por esta categoria reproduz comportamentos vividos pela sociedade brasileira desde a época da escravidão.

O plano busca elevar a escolaridade, ampliar a proteção social, fortalecer a representação das trabalhadoras domésticas, melhorar as condições de trabalho da categoria, promover a revisão da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e estudar a legislação de edificação das dependências.

Em janeiro deste ano iniciou-se um curso inédito para 350 trabalhadoras domésticas de seis estados brasileiros: Bahia, Sergipe, Pernambuco, Maranhão, Rio de Janeiro e São Paulo.

Segundo o ministro do Trabalho e Emprego Luiz Marinho, o combate à precarização de todas as formas de ocupação e à discriminação é uma das prioridades do Ministério.”Em suas ações e programas, o MTE trata a discriminação como uma questão social enraizada em todas as fases históricas do Brasil. Temos a obrigação de construir uma história sem segregação, com justiça social”, diz.

Para a presidente da Fenatrad, Creuza Maria Oliveira, o grande desafio é transformar esse plano em política de Estado para garantir sua continuidade e ampliação. “As domésticas sempre foram uma categoria invisível, nunca antes olhada pelos governos. Esse projeto oferece oportunidade para quem começou a trabalhar aos cinco, dez anos de idade, aprender a ler, escrever. E também inclui ações para garantir os direitos trabalhistas dessas profissionais”, diz.

Ela cita como grande avanço nesta área a recente edição pelo governo da Medida Provisória 284, que oferece a partir de 2007 a possibilidade de o empregador deduzir do imposto de renda o valor das contribuições feitas ao INSS em nome do trabalhador doméstico.

Capacitação de gestores amplia debate com a sociedadeEm conjunto com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a Seppir intensificou as ações do Programa de Fortalecimento Institucional para a Igualdade de Gênero e Raça, a Erradicação da Pobreza e a Geração de Emprego – GRPE. Foi firmado, em dezembro de 2004, um convênio de cooperação técnica entre a Seppir, a OIT e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), que resultou na publicação da versão brasileira do Manual de Capacitação e Informação sobre Gênero, Raça, Pobreza e Emprego e em algumas ações.

Os trabalhos das oficinas temáticas com órgãos de governo tiveram amplo efeito multiplicador. Em fevereiro de 2004, a Oficina Nacional de Formação de Gestores envolveu 65 pessoas. Já em 2005 foram realizadas atividades junto aos órgãos do governo federal dirigidas a 75 gestores e agentes sociais vinculados ao Ministério do Trabalho e Emprego, 300 coordenadores e gestores regionais do Ministério da Previdência Social, 20 gestores e servidores do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 100 gestores e representantes Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) e os Conselhos Estaduais dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Atividades nacionais iniciadas nos projetos pilotos foram replicadas nas regiões do Grande ABC (SP), São Paulo (SP), Mesorregião do Vale do Jequitinhonha e

Mucuri (que abrange um conjunto de municípios de Minas Gerais, do Espírito Santo e da Bahia) e Salvador (BA).

Na região do ABC paulista os seminários envolveram cerca de 100 pessoas. O assistente social e gestor da Prefeitura de Diadema Marcos Amâncio da Silva, que participou de seis oficinas do GRPE no segundo semestre de 2005, cita alguns efeitos do programa. “A partir da capacitação desenvolvemos um ciclo de formação interna com servidores de várias secretarias e palestras para cerca de 1700 participantes”, explica. Também foram realizadas palestras sobre diversidade nas escolas, oficinas de brinquedos e tambores e formado um Centro de Referência de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.

Na cidade de São Paulo, no segundo semestre, a Seppir e a OIT assinaram com a Prefeitura Municipal de São Paulo a renovação do Protocolo de intenções de implementação do GRPE, que amplia sua duração até 2008. Na ocasião, foi instalada a Comissão Intersecretarial de Monitoramento e Gestão da Diversidade (CIM-Diversidade). O presidente da Comissão, Dojival Vieira, acrescenta que está em curso um Plano de Ação e Trabalho que, além da sensibilização dos gestores, inclui o lançamento do Prêmio Diversidade “Cidade de São Paulo”, com o selo – Esta empresa respeita e valoriza a diversidade”, a ser entregue as empresas e instituições que se destacarem em políticas afirmativas de valorização de negros e mulheres.

cidadaniaEducação e

“O Ministério da Educação tem uma série de ações voltadas para a promoção da igualdade racial. Na educação básica, temos várias ações pedagógicas voltadas para implementar a legislação que torna obrigatório o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira nas escolas públicas. Já no ensino superior são mais de 30 programas, com destaque para o Programa Universidade para Todos (ProUni), que permite a entrada de mais de 40 mil estudantes negros em universidades particulares todos os anos”.

Fernando Haddad, ministro da Educação

Lei promove democratização do ensinoPublicada em janeiro de 2003, a Lei 10.639 instituiu a obrigatoriedade de inclusão da temática “História e Cultura Afro-Brasileira” no currículo da rede de ensino. Em 2005 o MEC, destinou R$ 2,5 milhões ao desenvolvimento de projetos de educadores, pesquisadores e docentes negros que atuam nos Núcleos de Estudos Afro Brasileiros (Neabs) e na Associação Brasileira de Pesquisadores Negros, com o intuito de contribuir para implementação da lei.

Samba patrimônio da humanidade - Foi lançado em 2004 o projeto “Samba, Patrimônio da Humanidade”, a partir de parceria da Seppir com a Fundação Cultural Palmares, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Centro Cultural Cartola. Em 2005, realizou-se a exposição “Simplesmente Cartola”, na quadra da escola de samba Mangueira, no Rio de Janeiro, e foi iniciado um inventário sobre o samba carioca com dados colhidos com as velhas guardas das tradicionais escolas de samba. A perspectiva é nacionalizar o projeto ao estender o inventário para outros estados e proclamar o samba patrimônio do Brasil.

A história afro-brasileira chega às escolasO projeto A Cor da Cultura, lançado em agosto de 2004, viabilizou a produção de cinco séries de audiovisuais, com 56 programas sobre história afro-brasileira, a partir de uma parceria entre a Seppir, a Petrobrás, o Centro Brasileiro de Informação e Documentação do Artista Negro (Cidan), a Rede Globo, a Fundação Roberto Marinho, o Canal Futura, com o apoio do Ministério da Educação e do Ministério da Cultura.

Os programas são base para atividades de mobilização e formação presencial de professores e compõem o kit de capacitação: fitas VHS, um livro, três cadernos metodológicos, um dicionário de línguas africanas e um jogo educativo. O material foi distribuído a dois mil profissionais de ensino das redes pública e privada, nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Maranhão e Pará. As produções também foram veiculadas pela TV Globo, Canal Futura, TVE e por meio de um website.

“Tivemos um retorno incrível dos municípios que receberam o material, muitos estão reproduzindo e outros solicitam mais kits e mais encontros”, afirma a coordenadora do projeto, Ana Paula Brandão. O principal mérito, segundo ela, foi produzir um material de qualidade que amplia a visibilidade da temática racial.

A professora de História da África Mônica Lima, consultora que acompanhou o conteúdo dos três cadernos integrantes do kit e autora do texto de um deles, relata que teve de fazer sua especialização no México 20 anos atrás. “Não havia pós-graduação nessa área no Brasil”, diz. O projeto A Cor da Cultura é um claro sinal de que as coisas estão mudando.

Gênero e Diversidade - O Programa Gênero e Diversidade na Escola – Formação de Profissionais de Educação nas temáticas de Gênero, Orientação Sexual e Relações Étnico-Raciais foi lançado em 24 de maio, com a presença do presidente da República. Destinado à capacitação de professores das escolas públicas brasileiras, o programa é coordenado pela Secretaria de Políticas para Mulheres, em parceria com a Seppir, a Secretaria Especial de Direitos Humanos, o MEC e o British Council (Conselho Britânico). O objetivo é formar 1.200 educadores e multiplicar o curso para mais 30 mil professores a partir de setembro.

ProUni integra negros e indígenas ao ensino superiorO programa Universidade Para Todos é uma iniciativa do MEC destinada a facilitar o ingresso da população de baixa renda nos cursos de graduação de instituições privadas. Desde 2005 foram ofertadas 200 mil vagas e semestralmente são repassadas bolsas de estudo a estudantes das escolas públicas, considerando a presença de afrodescendentes e indígenas. Até o momento 40 mil negros e indígenas receberam o benefício.

O estudante negro de Sistemas de Informação da Faculdade Campo Grande (RJ) Luiz Henrique Martins afirma que o ProUni é muito importante, pois não poderia sequer ter entrado no curso sem a bolsa integral que começou a receber a um ano e seis meses. “Estou desempregado há dois anos e faço um sacrifício muito grande para me manter estudando, pagar o transporte e me alimentar”, afirma.

Esse também é o caso da aluna de Ciências Contábeis da Faculdade São Salvador (BA) Antônia Cássia Cerqueira dos Santos, de 21 anos. Ela tentava desde 2002 ingressar em universidades públicas sem sucesso e começou a receber a bolsa integral desde o início do curso.

Criado em 2003 e lançado em maio de 2004, o Fórum Intergovernamental de Promoção da Igualdade Racial (Fipir) é coordenado pela Seppir. Por meio de adesão, os governos estaduais e municipais juntam-se ao federal para desenvolver políticas de igualdade racial. Inicialmente, contava com 36 governos municipais e 10 estaduais. Em 2006, o número de integrantes expandiu-se para 437 – 23 estaduais e 414 municipais – dos quais 177 possuem órgãos específicos para tratar do tema.

O trabalho é desenvolvido com gestores responsáveis pela política de igualdade racial, por meio de reuniões nacionais ou seminários regionais. Em junho do ano passado foi realizada a 1a Reunião Nacional de Conselhos da Comunidade Negra, com 33 organismos estaduais e municipais de promoção da igualdade racial, para intercâmbio de experiências entre gestores e coordenadores dos conselhos. Em 2006, ocorreram seminários regionais no Centro Oeste, Sudeste, Sul, Nordeste e Norte com participação de todos os estados.

Ação

A partir de uma parceria da Seppir com o Ministério da Educação, foram selecionadas para firmar convênio, até junho deste ano, 50 localidades integrantes do Fippir, com o objetivo de capacitar professores.

Em uma combinação da política de quilombos com a lei 10.639, foi possível selecionar outras 118 localidades que abrigam comunidades quilombolas com o intuito de firmar convênios para capacitar professores, elaborar material didático e construir ou reformar equipamentos escolares.

A Seppir assinou Termos de Cooperação Técnica com estados brasileiros e o Distrito Federal, seguidos proposta de repasse de R$ 50 mil (cinqüenta mil reais) aos que firmassem convênios para viabilizar a construção dos Planos Estaduais. Em 2005, foram conveniados os Estados do Acre, Maranhão, Santa Catarina, Tocantins e Distrito Federal. Em 2006 está prevista a conclusão de mais uma dezena de convênios.

Em novembro de 2005 foi firmado convênio com o Coletivo de Empresários e Empreendedores Afro-Brasileiros – Ceabra/SP, que mantém parceria com o Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UNB), com o objetivo de elaborar uma avaliação técnica do alcance das políticas de promoção da igualdade racial de alguns estados que aderiram ao Fipir: Maranhão, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Acre e Rio Grande do Sul.

A integrante do Fipir pela Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Governo do Mato Grosso do Sul, Ana Sena, destaca como contribuições determinantes em seu estado a capacitação de gestores e os convênios firmados por intermédio do governo federal. “Tentávamos há cinco anos editar cadernos pedagógicos para implantação da lei 10.639, que determina o

ensino de história afro-brasileira nas escolas. A partir de um convênio editamos 10 mil exemplares para distribuição na rede estadual de ensino. Também iniciamos um Fórum Estadual que incentiva a criação de organismos para promoção da igualdade racial e prioriza os locais que abrigam comunidades quilombolas”, relata.

No município de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, a partir do Fipir foi constituída a primeira coordenadoria do negro do estado. Entre outras atribuições, o órgão desenvolve políticas para comunidades quilombolas.

Plano Estadual - O representante do governo do Maranhão no Fipir, Dionílio Almeida Mercês, afirma que a principal contribuição do Fórum é a sensibilização dos governos e da sociedade para o tema da desigualdade racial.

A partir da ação do Fipir e o convênio com o governo federal, o Estado do Maranhão foi o primeiro a lançar o Plano Estadual de Promoção da Igualdade Racial, em 26 de maio deste ano. Estiveram presentes na cerimônia autoridades e gestores locais, representantes negros e indígenas e a ministra Matilde Ribeiro.

Pacto pela Igualdade Racial - O “Pacto pela Igualdade Racial” será realizado no período de 19 a 21 de junho de 2006, em Brasília, como um desfecho das ações em curso. O evento será combinados ao combinado “VI Encontro Nacional – Fórum Intergovernamental de Promoção da Igualdade Racial”. Na ocasião, serão anunciados projetos conjuntos de órgãos do governo federal, assinados convênios com estados e municípios e haverá uma apresentação do Plano Nacional de Promoção da Igualdade Racial.

Convênios beneficiam estados e municípios

Reunião do Fipir realizada em Brasília

descentralizada“A atuação do Fórum levou a uma ampla aglutinação de todos os segmentos da cidade e da região para resgatar a história do negro e investir na promoção da igualdade”.

Valdeci Oliveira, prefeito de Santa Maria

A partir de uma ação conjunta com a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação foram realizadas atividades para implementação da Lei 10.639/03 (que obriga o ensino de história afro-brasileira nas escolas), no período de 2004 e 2005, por meio de “Seminários Técnicos de Promoção da Igualdade Racial”, combinados com “Fóruns Estaduais de Educação”.

UmagestãodemocráticaUm dos mecanismos para a gestão democrática das ações do governo federal é o Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR), órgão colegiado composto por 17 ministros, 20 integrantes da sociedade civil organizada, entre eles representantes de indígenas, ciganos, árabe-palestinos e judeus, e três personalidades notoriamente reconhecidas no âmbito das relações raciais.

De acordo com o conselheiro Oliveira Silveira, “a vivência da diversidade se estampa a cada reunião ordinária no trato das questões negras e indígenas, de árabes, palestinos e judeus ou do povo cigano”.

Para Claudio Domingos Ivanovitchi, presidente da Associação de Preservação da Cultura Cigana (Apreci), o grande avanço possibilitado pelo Conselho foi dar voz a um povo calado por várias perseguições. “Criaram-se mecanismos que geram conhecimento e possibilitam o desenvolvimento de políticas”,

afirma.

Já o conselheiro Emir Mourad, da Confederação Árabe Palestina do Brasil, afirma que o Conselho cumpriu um grande papel na realização da 1a Conferência. “O Brasil precisa de um órgão articulador como a Seppir”, diz.

Para a representante da Confederação Israelita do Brasil, Anita Schuartz, as parcerias que ora se desenvolvem sob a inspiração da Seppir têm servido para aproximar setores da sociedade. “Nós, da comunidade judaica, estaremos sempre junto daqueles que lutam contra o preconceito, a discriminação de qualquer natureza e a violência”, afirma.

Diversidade é valorizada

• A partir de uma resolução da 1a Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, foi formada uma comissão de cinco conselheiros da sociedade civil para fazer um estudo da conjuntura e registrar notícias de violação de direitos humanos na Palestina, com o intuito de elaborar um relatório a ser concluído em agosto.

• Em 2006, o dia 24 de maio foi instituído Dia Nacional do Cigano pelo presidente da República, como forma de dar visibilidade e valorizar a cidadania desse grupo étnico. Os ciganos somam 600 mil no Brasil. Foi criado um Grupo de Trabalho sobre políticas para ciganos.

• A comunidade judaica ofereceu apoio ao tratamento de doença falciforme por meio do Hospital Albert Einstein. Por intermédio da Seppir, a proposta foi levada ao sistema único de saúde e passa por um processo de entendimento para viabilizar sua incorporação ao sistema.

• A Seppir integrou um grupo de trabalho interministerial que promoveu debate interno no governo federal e com representações indígenas, o que possibilitou conformar um rol de sugestões de ações para elevar a condução da política indigenista a um patamar digno de política de Estado.

O reconhecimento de que a discriminação étnico-racial é uma das principais causas da desigualdade e exclusão social apontou a necessidade de criar uma Ouvidoria na Seppir. Em 2005, o órgão recebeu 55 denúncias e reclamações por meio de atendimento pessoal, carta, mensagem eletrônica e telefônica. Constituíram-se ainda quatro comissões especiais por meio de portarias da Seppir, publicadas no Diário Oficial da União, com a participação do ouvidor, de representantes da sociedade civil e da secretaria executiva do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial para acompanhar processos penais relativos à prática de racismo. Foi celebrado Termo de Cooperação Técnica com o Ministério Público do Trabalho para acompanhar casos de racismo nesta área, o que motivou a elaboração de convênios, em fase de formulação, com a Faculdade de Direito da Universidade de Brasília, tendo em vista o atendimento jurídico em apoio às denúncias de discriminação racial e racismo. Assistência ao imigrante - Desde 2004, a Seppir estimulou a criação do projeto de Assistência Humanitária aos Imigrantes Irregulares, que se concretizou a partir de convênios com organizações não-governamentais e consolidou parcerias com universidades. Na primeira fase estabeleceu cooperação com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e parcerias com a Associação Nacional dos Advogados (Anaad) e o Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert).Em sua segunda fase, a Seppir estabeleceu um convênio com o Centro de Promoção da Saúde Baixada Santista (Cedaps/BS), no intuito de elaborar um diagnóstico da situação do imigrante negro regular ou na iminência de regularizar sua situação. Segundo representante do Acnur no Brasil, Luis Varese, o principal mérito do projeto é orientar organizações da sociedade civil a diferenciar imigrantes de

refugiados. “Quando alguém chega ao Brasil para pedir refúgio é fundamental que seja atendido por pessoas que saibam essa diferença”, diz. E acrescenta que um resultado concreto das propostas de políticas públicas é o seminário realizado em Santos neste ano, com envolvimento de nove prefeituras vizinhas, com o objetivo de sensibilizar gestores a não discriminar os estrangeiros e incluí-los no sistema de apoio que é oferecido à população. Revisão da ordem jurídica – O Projeto Revisão da Ordem Jurídica para Igualdade Étnico-Racial é voltado à sensibilização, difusão, estímulo e articulação entre os estudiosos e profissionais de direito. Para tanto, foi firmada uma parceria com a Fundação Ford, com o apoio da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, cujo objetivo é realizar a revisão do sistema normativo nacional, para eliminação de anacronismos, inadequação terminológica, bem como o preenchimento de lacunas legislativas que impedem a promoção da igualdade racial, o combate ao racismo e à discriminação.Segundo o consultor jurídico do Conselho do Sesi e ex-secretário-adjunto da Seppir, Douglas Martins de Souza, o projeto oferece os instrumentos para a adequação das leis brasileiras a compromissos do estado de respeito à diversidade. “Trata-se de um estudo inédito do conjunto da legislação, efetuado por pareceristas não ligados ao governo, e que, portanto, é profundamente pautado pelo respeito à democracia”, afirma.A partir da primeira fase do projeto foi elaborado o livro intitulado Ordem Jurídica e Igualdade Étnico-Racial, a ser lançado em junho, quando também começam as oficinas para operadores de direito em âmbito nacional, que envolverão instituições da área jurídica.

Ouvidoria estimula ações anti-racismo

A política internacional brasileira fortalece as relações com os países desenvolvidos e também com os países do Hemisfério Sul, com o intuito de contribuir para o desenvolvimento da África e América do Sul. Dessa forma, consolida perspectivas como a “Declaração de Nova York sobre a ação contra a Fome e a Pobreza”, que apontam novas iniciativas rumo ao desenvolvimento econômico e social.

Em conjunto com o Ministério das Relações Exteriores, a Secretaria acompanhou em novembro o trabalho do relator especial vinculado à Comissão de Direitos Humanos do Alto Comissariado das Nações Unidas, Doudou Diène, encarregado de monitorar as ações de governo em relação a “Formas Contemporâneas de Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerâncias Correlatas”. Após visitas aos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco, o relator foi recebido pelo presidente da República e outras autoridades do governo.

com países do SulPolítica brasileira fortalece relação

África e Brasil separados apenas por um oceanoO presidente da República em cinco visitas ao Continente Africano percorreu 17 países - África do Sul, Angola, Argélia, Benin, Botswana, Cabo Verde, Camarões, Egito, Gabão, Gana, Guiné Bissau, Moçambique, Namíbia, Nigéria, São Tomé e Príncipe, Senegal e Saara, o que gerou dezenas de acordos bilaterais nas áreas de educação, saúde, cultura, agricultura, ciência e tecnologia, comércio e indústria entre outros. Também foram recebidos no Brasil chefes de Estado, ministros, gestores e servidores desses e outros países africanos. Além de ter feito parte das visitas, a Seppir esteve presente em outros três países – Etiópia, Quênia e Mali.

Em especial, a Seppir participou de dois eventos: a I Conferência de Intelectuais Africanos e da Diáspora – CIAD, no Senegal, em 2004, e do Fórum Social Africano, em Mali, em 2006. A Secretaria representou o presidente a República nas posses dos presidentes de Moçambique e de Guiné Bissau, e nas “Comemorações dos 30 anos de Libertação de Angola”.

Irmanados pela história - A América Latina possui aproximadamente 150 milhões (29%) de afrodescendentes e 40 milhões (8%) de indígenas. Nos

últimos anos foram mantidos contatos permanentes com setores de governo e a sociedade civil da America Latina - Argentina, Bolívia, Chile, Equador, México, Peru, Uruguai e Venezuela; América Central, Caribe - Costa Rica, Haiti e Trinidad Tobago; e América do Norte – Estados Unidos, Canadá e México.

O Brasil ampliou sua atuação junto à Organização dos Estados Americanos (OEA), que abriga a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Foi o principal articulador e apoiador financeiro da criação, em fevereiro, da Relatoria Especial, vinculada à CIDH, com a missão de monitorar a atuação dos países membros da OEA para combater o racismo, bem como estudar a elaboração de instrumentos legais regionais para tratar do tema.

No Caribe, o foco do trabalho voltou-se ao Haiti. Desde 2004, a Seppir integra a missão de paz e solidariedade, integrada à ação para segurança e contribuição ao processo de reconstrução do país. Foram ainda realizados a campanha “Reze pelo Haiti, Zele pelo Haiti” e a exposição “Olhares Cruzados”, que reúne fotos de fotógrafos brasileiros e haitianos, sob curadoria da artista brasileira Dirce Carrion.

Duas grandes conferências serão realizadas neste anoNo período de 26 a 28 de junho, será realizada a Conferência das Américas: “Avanços e desafios para implementação do Plano de Ação contra Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerâncias Correlatas”, que deve atrair os olhares da opinião pública para a construção da justiça racial e social em todo o continente.

A Conferência realiza-se sob coordenação da Seppir e em parceria com outros órgãos de governo e a sociedade civil brasileira e internacional. O evento deve reunir cerca de 400 delegados dos 35 países da região das Américas, considerando representantes dos Estados, da sociedade civil e de organismos multilaterais.

Segundo a integrante do Comitê de Articulação Internacional e fundadora do Parlamento Negro das Américas Epsy Campbell, a importância fundamental é que vai pôr em primeiro plano os temas racismo e discriminação racial para que as autoridades dos vários países adotem medidas em nível nacional. “Será o momento para ver o que foi feito e o que há ainda a fazer em relação a esse problema. Para a sociedade civil e os Estados envolvidos, o mais importante é que deve estabelecer um espaço de coordenação internacional e regional”, afirma.

Para o representante do Comitê Intertribal Marcos Terena, que também integra o Comitê, será uma ocasião inédita para o reconhecimento do protagonismo indígena na busca de um plano de ação que respeite os conhecimentos

tradicionais, a cultura e a inserção desse segmento como parte importante da sociedade nacional.

II CIAD – A II Conferência de Intelectuais Africanos e da Diáspora será realizada em Salvador (BA), de 12 a 14 de julho, sob responsabilidade do governo brasileiro, em parceria com o governo de Senegal e da União Africana. Considera-se que o evento será uma oportunidade ímpar para o fortalecimento dos laços de amizade e cooperação do Brasil com o continente africano e a diáspora.

A ministra Matilde Ribeiro considera que a II CIAD será um mecanismo de congraçamento entre formadores de opinião e lideranças políticas. “Além de sua dimensão de política externa, reveste-se de um caráter profundamente simbólico, que aponta para o resgate e valorização das raízes africanas na sociedade brasileira e no mundo”, conclui.

Essa é também a expectativa da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN): uma efetiva aproximação com intelectuais da África e da Diáspora, que, embora tardia, acontece num momento muito especial. “No Brasil, ainda temos muito que aprender, trocar, reformular sobre os países africanos e a diáspora. Além disso, estamos em um momento ímpar na sociedade brasileira que é a implementação das políticas de Ações Afirmativas”, afirma Eliane Borges, da Associação.