igreja luterana 1983 nº1

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Z~) L1BER UL ••• 1IIIIlli~ml!I~~~ 11111 U o Cristo glorificado deu presentes à sua igreja" IGREJA UTERIND I TRIMESTRE 1983

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oficio real de Jesus Cristo

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Page 1: igreja Luterana 1983 nº1

-

Z~) L1BERUL •••

1IIIIlli~ml!I~~~ 11111

U o Cristo glorificadodeu presentes

à sua igreja"

IGREJAUTERIND

I TRIMESTRE

1983

Page 2: igreja Luterana 1983 nº1

EXPEDIENTE

IGREJA LUTERANA

Revista Teológico-Pastoralda Igreja Evangélica Luterana do BrasilDepartamento de Comunicação

"Uma revista para os adultos em Cristo"Ano: 43

Número: I Trimestre de 1983

Assinatura anual:Cr$ 1.500.00 para 1983No exterior US$ 11Número avulso: Cr$ 400,00Tiragem: 650

REDAÇÃO CENTRAL

Rev. Leopoldo Heimann, DiretorCaixa Postal 202, 93.000 São Leopoldo. RS eCaixa Postal 3019. 90.000 Porto Alegre, RS.Fone 92-4188, a quem devem ser remetidos osmanuscritos. cartas, críticas e sugestões.

CONSELHO REDATORIAL

Johannes RottmannVilson ScholzAcir RaymannNestor L. BeckLeopoldo Heimann

QUADRO DE COLABORADORES

Rudi ZimmerAri LangeCurt Albrecht

EXPEDiÇÃO E ENCOMENDAS:

Concórdia Ltda.Av. São Pedro. 639Cx. Postal 323090.000 Porto Alegre. RS

APRESENTANDO

Não haverá grande mestrutura gráfica e filosof~2 __da Igreja Lutérana em 192;'3 ~manecerá com a mesma id~:-~:com os mesmos objetivos,

Considerando, porém, c __"histórico -em que vive a ~g::-;::aa matéria, embora presa 2. :': Ivariável das Sagradas Esc::-:~~::­tará sendo preparada para : ~que vive em 1983. Como =-- ::

dade, particularmente oestará comemorando o 5 __.. ,'do nascimento de LuterG. 25 ;:

edições trarão matéria aIu.::>,·",fformador.

Na edição do 19 trime.::::-eleitor está recebendo i11fo:TC::.:5bre a programação/83 da E-=-:EpIa recensão bibliográfica 2 -::5que exig-em pesquisa, reIle:o:s:mada de posição.

Lutero pergunta: "Onde.: .:jpapel e tempo suficientes ~:2.:-",

merar todo o proveito e f,_.:_ ~palavra de Deus produz"-

Que a l-eitura da Igreja Luupossa servir como instnune:', :.:o leitor conhecer melhor :':'~:iverdades fundamentais que a -::a.de Deus transmite: -

- O justo viverá por fé,

Page 3: igreja Luterana 1983 nº1

APRESENTANDO

Não haverá grande mudança naestrutura gráfica e filosofia editorialda Igreja Luterana em 1983. Ela per­manecerá com a mesma identidade ecom os mesmos objetivos.

Considerando, porém, o contextohistórico em que vive a igreja, todaa matéria, embora presa à fonte in­variável das Sagradas Escrituras, es­tará sendo preparada para o homemque vive em 1983. Como a cristan­dade, particularmente o luteranismo,estará comemorando o 5Q centenáriodo nascimento de Lutero, as quatroedições trarão matéria alusiva ao Re­formador.

Na edição do 19 trimestre/83, oleitor está recebendo informações so­bre a programação/83 da IELB, am­pla recensão bibliográfica e estudosque exigem pesquisa, reflexão e to­mada de posição.

Lutero pergunta: "Onde buscariapapel e tempo suficientes para enu­merar todo o proveito e fruto que apalavra de Deus produz?"

Que a leitura da Igreja Luteranapossa servir como instrumento parao leitor conhecer melhor uma dasverdades fundamentais que a palavrade Deus transmite:

- O justo viverá por fé.

L.

EDITORIAL

CONCÍLIO NACIONAL DEOBREIROS DA IGREJA

O apóstolo Paulo afirma:- E ele mesmo concedeu uns para

apóstolos, outros para profetas, outrospara evangelistas, e outros paTa pas­tores e mestres, com vistas ao aper­feiçoamento dos santos para o desem­penho do seu s,erviço, para a edifica­ção do corpo de Cristo, até que todoscheguemos à unidade da fé e do plenoconhecimento do Filho de Deus, àperfeita varonilidade, à medida daestatura da plenitude de Cristo(Ef 4.11-13).

- É necessário, portanto, que obispo seja irrepreensível, esposo deuma só mulher, temperante, sóbrio,modesto, hospitaleiro, apto para en­sinar (1 Tm 3.2).

- T.endo, porém, diferentes donssegundo a graça que nos foi dada: seministério, dediquemo-nos ao minis­tério (Rm 12.6,7).

- Prega a palavra, insta, quer sejaoportuno, quer não, corrige, repreen­de, exorta com toda a longanimidadee doutrina ... cumpre cabalmente oteu ministério (2 Tm 4.2,5).

Instruí-vos e aconselhai-vosmutuamente em toda a sabedoria(C1 3.16).

As Confissões Luteranas afirmam:- Ensina-se também que sempre

haverá e permanecerá uma únicasanta igreja cristã, que é a congre­gação de todos os crentes, entre osquais o evangelho é pregado pura­mente e os santos sacramentos sãoadministrados de acordo com o evan­gelho (Confissão de Augsburgo, Art.VII).

1 3

Page 4: igreja Luterana 1983 nº1

- Mas a igreja não é apenas so­ciedade de coisas externas e ritos,como acontece em outros governos,senão que é, principalmente, socie­dade de fé e do Espírito Santo noscorações, sociedade que possui, con­tudo, notas externas, para que possaser reconhecida, a saber: a pura dou­trina do evangdho e a administraçãodos sacramentos de acordo com oevangelho de Cristo (Apologia daConfissão, Art. VII e VIII, 5).

- Ora, o ministério do Novo Tes­tamento não está preso a lugares epessoas como o ministério levítico,porém está disperso pelo mundo in­teiro ·e está onde Deus dá os seusdons, apóstolos, profetas, pastores,doutores (Tratado sobre o Poder e oPrimado do Papa).

- E, infelizmente, muitos pastoressão de todo incompetentes e incapa­zes para a obra do ensino (PrefácioCatecismo Menor).

- Por isso rogo a todos vós, peloamor de Deus, meus queridos senho­res e irmãos que sois pastores ou pre­gadores, que vos devoteis de coraçãoao vosso ofício, vos apiedeis do povoconfiado a vós e nos ajudeis a incul­car o catecismo às pessoas, especial­mente à juventude (Prefácio Catecis­mo Menor).

- Portanto, atentai nisso, pastor€se pregadores. Nosso ofício agora setornou coisa diversa da que foi sobo papa. Agora tornou-se sério e sa­lutar. Razão por que agora envolvemuita fadiga e trabalho, perigo e ten­tação, e, além disso, pouca retribui­ção e gratidão no mundo. Mas opróprio Cristo qu€r ser nossa recom­pensa, se trabalharmos com fide]ida­de (Prefácio Cate2Ísmo Menor).

Os Estatutos da Igreja EvangélicaLuterana do Brasil (IELB) afirmam:

2

- A IELB aceita todos os livroscanônicos das Escrituras Sagradas ...como única exposição correta da Es­critura Sagrada aceita ela os livrossimbólicos da Igreja Evangélica Lu­terana, reunidos no Livro de Concór­dia ... (Art. 39).

- A igreja tem por fim propagaro evangelho de Jesus Cristo por meioda palavra, do livro, do jornal, dorádio e outros meios condignos(Art. 49).

- Para cumprir com sua finalida­de, a IELB formará pastores, profes­sores, diáconos, evangelistas e outrascategorias de obreiros; organizará emanterá escolas de todos os níveis,instituições missionárias, e promove­rá cursos de treinamento (Art. 59 a)e b».

Estes e outros assuntos similaresserão abordados no primeiro CONCí­LIO NACIONAL DE OBREIROS daIELB, que acontecerá de 26 a 31 demaio d·e 1983, no Hotel Itaguaçu, emFlorianópolis, Santa Catarina.

O CONCíLIO é um dos muitos pro­gramas especiais que a IELB estápreparando para este ano em que oluteranismo comemora o 59 centená­rio do nascimento de Martinho Lu­tero.

Os objetivos deste CONCíLIO ·es­tão claramente definidos: os pastorese professores da IELB querem "seinstruir e aconselhar mutuamente emtoda a sabedoria"; querem fazer umaanálise e avaliação de seus ministé­rios; querem fazer uma análise eavaliação da dinâmica administrativada IELB; querem fazer uma análisee avaliação do compromisso confes­sional da igreja no contexto históricode ontem e de hoje - dimensão teo­lógica e diretrizes práticas.

Sob o lema ;,,=-õ. ::

1983 "o justo Yiyeri fi1.17) e sob a t'Ô':-:'."'.::;"Igreja e Ministério H~mação do CONCL:: __meditações, culto:: 'Ô' -=

Os estudos, meeI:-:f.Ç :-::-_

como fontes bási:::c= ::::crituras - espec-~,,~::-:'.::--.'as Epístolas Past:-:".o: .sões Luteranas - ::.:::::de Concórdia - ao: :::- :.os Estatutos e R2L:':::::bem como outros 2=. __:é

Sob três grand'Ô's _õ.~

apresentados doze 2::.:tulo "O Obreiro e se;;: ium enfoque mais dOU:llógico; em "O Obreiro;o destaque será de ==-:2e administrativo: e=-=- __ .

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nho e a proclamaçã(] ±Dentro do possÍc;e_. :;'3

senvolvidos os seg'_::2,:2:-:

1 - O Obreiro e seu

1.1 - O Ministérie,:Chamado ·e Autorid",::,:,denaçãoe Instalaçã.:

1 .2 - O Ministro: ? :"=

lificações e ConsagI'~ç~:ditação e Oração.

1.3 ~ O Homem: ::::Cidadão; Família. C: =-. z:ciedade. -

2 - O Obreiro e sue:; i2.1 - A Dinâmica f

IELB: EstrutuE ~;:,:_::e Congregacional: ::::.;.::Jretoria, Conselhos. D-::.=~C . - Pl .omlssoes; aneJs.:-::-:-:-.:tivas e Metas da I.=:

Page 5: igreja Luterana 1983 nº1

: ~o livros';;.:.zradas ...

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Sob o lema geral da IELB para1983 "O' justO' viverá pO'r fé" (Rm1.17) e sob a temática especial de"Igreja e MinistériO' HO'je" a progra­mação do CONCÍLIO inclui estudos,meditações, cultos e uma noite coral.Os estudos, meditações e cultos terãocomo fontes básicas as Sagradas Es­crituras - especialmente Romanos eas Epístolas Pastorais - as Confis­sões Luteranas - inseridas no Livrode Concórdia - as Obras de Lutero,os Estatutos e Regimento da IELB,bem como outros escritos.

Sob três grandes capítulos, serãoapresentados doze estudos. No capí­tulo "O ObreirO' e seu Deus" haverá

um enfoque mais dO'utrináriO' e teO'­lógicO'; em "O Obreir,o e sua Igreja"o destaque será de ordem estruturale administrativO'; em "O ObreirO' eseu MundO''' a ênfase será o testemu­

nhO' e a prO'clamaçãO' da mensagem.

Dentro do possível, serão, pois, de­senvolvidos os seguintes estudos:

1 - O ObreirO' e seu Deus

1.1 - O MinistériO': Instituição,Chamado e Autoridade; Vocação, Or­denação e Instalação .

1.2 - O MinistrO': Formação, Qua­lificações e Consagração; Estudo, Me­ditação e Oração .

1.3 ~ O HO'mem: Esposo, Pai eCidadão; Família, Congregação e So­ciedade.

2 - O ObreirO' e sua Igreja

2.1 - A Dinâmica FunciO'nal daIELB: Estrutura Nacional, Distritale Congregacional;Organograma Di­retoria, Conselhos, Departamentos eComissões; Planejamento com Obje-

.tivos e Metas da Igreja.

2.2 _. ACoO'rdenaçãO' entre as Ba­ses e a DireçãO' da IELB: Formação,Informação e Orientação Recíprocas;Filiação, Relatórios e Programas Lo­cais e Nacionais; Fortalecimento dasCongr·egações "Matrizes", Estímuloaos Novos Campos, Literatura.

2.3 - Os OfíciO's ReligiO'sos: OConteúdo dos Sermões, Estudos Bí­blicos e Mensagens Radiofônicas;Cultos e Liturgia Luteranos Onteme Hoje; Unidade Doutrinária e Prá­tica Pastoral. Especial: A IELB e asEscolas .

2 .4 - A EscO'la CO'mO'InstrumentO'da Igreja Através dO's TempO's: NoMundo Antigo, Europa e Novo Mun­do; a Legislação Brasileira e o Pro­fessor, a Escola e o Salário-Educação;Convênios e Mobral.

2.5 - Um PrO'grama de FilO'sO'fiaCristã de EducaçãO': Lutero e a Es­cola; Objetivos da Educação Cristã;Currículo de Ensino Religioso paraTodos os Graus.

2.6 - A AçãO' Educacional na CO'n­gregaçãO': A Congregação, o Pastor,o Professor e as Escolas; a Escola,uma Agência Missionária; o Prof.es­sor "Sinodal" diante da Constituiçãoda IELB .

3 - O ObreirO' e seu MundO'

3.1 - A IELB nO' CO'ntextO' Reli­

giO'sO': As Organizações LuteranasNacionais, Continentais e Mundiais;Fenômeno Religioso Oriental, Afri­cano, Carismático e da Libertação;Confessionalismo, Ecumenismo, Unio­nisrtlo e Sincr·etismo .

3.2 - A IELB nO' CO'ntextO' PO'lí­ticO' e EconômicO': Realidade Presen­

te e as Tendências Ideológicas Na­cionais, Continentais e Mundiais;Relação e Diferenciação entre as Or-

Page 6: igreja Luterana 1983 nº1

dens Igreja e Estado; Reflexões So­ciais, Étícas e Morais no Comporta­mento Individual e Coletivo; Meiosde Comunicação de Massa.

3.3 - A IELB e sua Presença naSociedade: Contribuições em Pro­gramas Culturais, Cívicos e Religio­sos; Direitos Legais e InfluênciaJunto às Autoridades Constituídas;Pareceres e Pronunciamentos Oficiaisem Órgãos Públicos.

O CONCÍLIO NACIONAL DEOBREIROS da IELB quer iniciar e

concluir seus trabalhos com a oração(Fórmula de Concórdia, Livro deConcórdia, pág. 536) que muito bemtraduz o objetivo primordial da igre­ja cristã:

- Que o Deus todo-poderoso e Paide nosso Senhor Jesus nos conceda agraça de seu Espírito Santo, para quetodos sejamos unidos nele e constan­temente permaneçamos nessa unida­de cristã, que lhe é agradável. Amém.

L.

ESTUDOS

«SINAIS})

LUTERO E O CATECISMO

No que toca à minha pessoa, digo o seguinte: 'eu tambémsou doutor e pregador, e, na verdade, tão erudito e experimentadoquanto possam ser todos aqueles que tanta coisa de si presumem etêm aquela segurança. Não obstante, faço como uma criança a quese ensina o Catecismo: de manhã, e quando quer que tenha tempo,leio € profiro, palavra por palavra, o Pai-Nosso, os Dez Mandamen­tos, o Credo, alguns salmos, etc. Tenho de continuar diariamentea ler e estudar, e ainda assim não me saio como quisera, e devopermanecer criança e aluno do Cat'ecismo. Também me fico pra­zerosamente assim. E esses camaradas delicados e descontentadiços.com uma leiturinha querem de plano ser doutores acima de todos osdoutores, já saber tudo e de nada mais precisar. Ora, isso tambémé sinal certo de que desprezam seu ofício e as almas do povo, e, amais disso, a Deus e sua palavra. Não precisam cair primeiro; jácaíram de modo horrendo demais. Têm necessidade, isto sim, dese tornarem crianças e começarem de aprender o a-bê-cé, coisa hámuito tempo liquidada por eles, segundo pensam.

- Livro de Concórdia, 388

-4

1 - Relação entre Ü5

Me 16.9-20 e os -dons J

de 1 Co 12-1

Tese 1 - Mesmo "7nhecido como "conc~~"Si

Evangelho de Marco3g,enuíno e autênticotível - cf."Anot2ç5~.:­"sinais" nela enume:-::.:'::eser equiparados ccrr.1 Co 12-14.

Tese 2 - Mesmo .:= ­

16.9-20 for genuinc e­pode ser citado com: __manência destes -3:,-" '­apostólica.

E isto pelas razê;f;" .:~~1.1 - O termo ":.;,,2::'0

de texto em MarcC32 5""

de uma autoridade ex:,;:.{NT especialmente :2:"':;sença do Filho de De.".

O termo usado Dor :>::.~12-14 é eharísmata:::c::;dados aos que recete:'~

Page 7: igreja Luterana 1983 nº1

(SUBSíDIOS PARA UMA DISCUSSÃO DO PROBLEMA)

«SINAIS» E «DONS CARIS~1ÃTICOS)}

Johannes H. RottmannProL no Seminário Concórdia

Santo; portanto, reflexo de uma forçadada a homens que pertencem ao"corpo de Cristo".

Note-se: Paulo usa o termo semêionquando fala do "dom de línguas" co­mo sendo "sinal" para os incrédulose não para os membros do "corpo deCristo" - 1 Co 14.22 -, enquantoos "sinais", mencionados em Mc 16.17,expressamente são citados como taisque acompanham os que "chegarama cr-er" (tois pistéusasin: particípiodo aoristo).

1.2 - Jesus, segundo Mc 16.14,15,está falando com os "onze". A pro­mess'a do "acompanhamento" de si­nais segue à ordem dada aos onze:"Tendo ido (poreuthéntes: part. aor.de poréuomai = ir) em todo o mundo(eis ton kosmon hápanta - "hineinin die ganz€ Welt"), pregai o evan­gelho a toda a criação" (ktísei).Aliás, é este o único texto nos evange­lhos em que ktísis é objeto da evan­gelização. Paulo conhece o termo de"nova criatura", pensando no fruto

ESTUDOS

Tese 1 - Mesmo se o texto, co­nhecido como "conclusão maior" doEvangelho de Marcos (16.9-20), forg·enuíno e autêntico (o que é discu­tível - cf. "Anotações" no fim!), os"sinais" nela enumerados não podemser equiparados com os "dons" em1 Co 12-14.

Tese 2 - Mesmo se o texto de Mc16.9-20 for genuíno e autêntico, nãopode ser citado como prova da per­manência destes "sinais" na era pós­apostólica.

E isto pelas razões seguintes:1.1 - O termo usado pelo autor

de texto em Marcos é semêia: sinaisde uma autoridade extraordinária, noNT especialmente referente à pre­sença do Filho de Deus.

a termo usado por Paulo em 1 Co12-14 é charísmata: dons de graça,dados aos que receberam o Espírito

1 - Relação entre os "sinais" deMc 16.9-20 e os "dons carismáticos"

de 1 Co 12-14

L.

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Page 8: igreja Luterana 1983 nº1

do renascim€11to do homem: 2 Co5.17; GI 6.15. - C1 1.23 é a passa­gem que· relembra a ordem de Cristo,quando o apóstolo escreve: " ... doevangelho que recebestes e que foianunciado a toda criatura (ktísei).- Excepcional Rm 8.19: a criação"em expectativa anseia pela revela­çãodos filhos de Deus". Importanteé que neste contexto os "sinais""acompanharão" os que "chegarama crer" entr-e os apóstolos, a saber,aqueles apóstolos que não creraminicialmente na sua ressurreição eque, por isto, foram seriamente cen­surados: "Finalmente, el€ se mani­festou aos onze, quando estavam àmesa, e censurou-Ihes a incredulida­de· e a dureza de coração, por quenão haviam dado crédito aos que otinham visto ressuscitado" (Me 16.14). - E Jesus pross·egue: " ... Estessão os sinais que acompanharão aosque chegaram a ter fé" no ressusci­tado, isto é, àqueles que inicialmentenão tinham crido no ressurreto. Do­ravante, porém, quando cheios de féno Cristo ressuscitado pregam-no, te­rão essa pregação sendo acompanha­da por sinais operados pelo próprioCristo.

É evidente, portanto, que a promes­sa dos "sinais" foi dada aos onze enão a esmo ou a qualquer um.

1.3 -. Destes "sinais", enumeradosem Mc 16.17,18, realmente nenhumé mencionado também como "domcarismático" (chárisma) em 1 Co 12­14:

a) "expulsar demônios" é limita­do aos apóstolos e não mencionadoentre os "dons carismáticos";

b) "falar em novas línguas"(glóssais kaináis), isto é, línguas no­vas, desconhecidas, porém línguasreais.' Essa promessa cumpriu-se

6

gloriosament€ no dia de Pentecostes,quando os peregrinos de muitas ter­ras e línguas ouviram os apóstolos,atônitos, "falar, cada um em nossaprópria língua materna" (At 2.8). -­I Co 12-14- nunca fala em "outras"ou "novas" línguas, mas simplesmen­te "em línguas.";

c) "pegar em serpentes" nos é re­latado somente em At 28.1-6: Paulo,na ilha de Malta;

d) "beber veneno mortífero" ­~em registros no Novo Testamento(histórias fantásticas por alguns dospais eclesiásticos (Papias) e nos li­vrosapócrifos, são claramente len­das);

d) "curar enfermos" - demons­trado várias vezes pelos apóstolos eregistrado em Atos, é só mencionadoem 1 Coríntios, sem receber qualquerdestaque. Não se tem conhecimentodo exercício deste dom na igreja pós­apostólica, a não ser como conseqüên­cia da oração e com emprego de"óleo" como remédio e com a impo­sição das mãos da parte de irmãos:

Tg 5.14: "Alguém dentre vós'estádoente? Mande chamar os. presbíte­rosda igreja para que orem sobre ele,ungindo-o com óleo em nome do Se­nhor.

15: A oração da fé salvará o doente(o sozein neste texto não significasalvar do pecado, da morte 'e do dia­bo, mas sim, curar, restaurar saúde,etc. como em Mt 9.21,22; Mc 5.23,28.34; 6.56 e muitos outros textos)e o Senhor o porá de pé; e se tivercometid.o pecados, estes lhe serãoperdoados.

16: Confessai, pois, uns aOs outros,os vossos pecados e orai uns pelosoutros, para que sejais curados."

Nota: Tiago, sem dúvida, foi me­lhor psiquiatra do que todos os das

escolas de psiqc..::,,-::-:;:conhecia que c....·,.:,~psicossomáticas . .:::::,.parece que so "';:-?: ­curadas de acorco ::~:velho "irmão do :::::'.:c:

Nota: 80br-2 e',·~:':.3.lagrosas" postericr:::do do prof. O. A. C:-:-::"Iagres (ConcórÓ2.. ~~-;

Portanto: Me;::-,:: "::Mc 16.9-20 for 2"2:: .. :::":

todavia não pode ~::prova de permaL;:::: "­na erapós-apostóli::c

2 - Caracterizaç2.'Jcarismáti,:,:;~

Em contraposiçi'.: =

onde se fala dos "',,:~.;que acompanhariar::-: :.~chegaram a crer ,': C:

tado, Paulo, em 1 C ~."dons carismáticü" ,.designação que ';err. =2

- ·d'd''e que sao a 1'.'8.:". ;=.por graça .. Em Ei .; ?

descreve a origerr. = ~ ~ ~~

graça foi concedia=..,. :::0

segundo a propOl"c}.. = =­

to. Por isso diz: ..::..:às alturas, levou ::=~.-'e concedeu dons .'C.~::',':

Sobre estes de::" : =- .... E

1 Co 12-14 em p.:-::: .:~,mera todos os dc"~::,-=:pois existem ceIe,,-:"'::~mencionados nesces: =. 5

dons dados a me:::'::- '"Cristo, por exemp::de cantar, da poes:'C.::'.':vez destacamos o :2:nunca se fala de -~_=manifestações de 2.:~:Espírito Santo no :: :~,'2mem que crê. - ~ -

Page 9: igreja Luterana 1983 nº1

> ?entecostes,_-:-:,~uitas ter­

-, apóstolos,-:-_em nossa

_-'.t 2.8). ­:::~1"outras"õ:-nplesmen-

- -::õ" nos é re­~-6: Paulo,

-------i:ero" --=-estamento",ls::unsdos

e nos li­--_ente len-

- demons­c::)stolos e

- - =- :lcionado:::-qualquer_-_l~ecimento_~reja pós­: :.nseqüên­

::::~::1'e go de__:,~ a impo­

- c -: e irmãos:- -:-e vós está

, presbíte­-=-Te -obre ele,

:me do Se-

- :.:-i o doentesignifica

-:c -:: do dia­:"ê1' saúde,

::: 5.23,28.'" textos)e se tiverlhe serão

3']S outros,uns pelos

-,-,ados."

:oi me­- ~s os das

escolas de psiquiatria de hoje. Eleconhecia que muitas doenças sãopsicossomáticas. Estas doenças - eparece que só estas - podem sercuradas de acordo com o conselho dovelho "irmão do Senhor".

Nota: Sobr·e eventuais "curas mi­lagrosas" posteriores, veja-se o estu­do do prof. O. A. Goerl Curas e Mi­lagres (Concórdia, 1979).

Portanto: Mesmo se o texto deMc 16.9-20 for genuíno € autêntico,todavia não pode ser citado comoprova de permanência destes sinaisna era pós-apostólica.

2 - Caracterização de "donscarismáticos"

Em contraposição a Mc 16.17,18,onde se fala dos "sinais" (semêia)que acompanhariam os apóstolos quechegaram a crer no Cristo ressusci­tado, Paulo, em 1 Co 12-14, descreve"dons carismáticos" (charísmata),designação que vem de charis, graça,'2 que são dádivas, presentes dadospor graça. Em Ef 4.7,8 o apóstolodescreve. a origem destes "dons": "Agraça foi concedida a cada um de nóssegundo a proporção do dom de Cris­to. Por isso diz: Quando ele subiuàs alturas, levou cativo o cativeiro,e concedeu dons aos homens."

Sobre €stes dons o 'apóstolo fala em1 Co 12-14 em particular. Não enu­mera todos os dons dados a crentes,pois existem certamente além dosmencionados nestes capítulos outrosdons dados a membros do corpo deCdsto, por exemplo, o dom de orar,d€ c1:lntar,da poesia, etc. E mais umavez destacamos o fato de que aquinunca se fala de "sinais", mas emmanifestações de algo operado peloEspírito Santo no homem e pelo ho­mem que crê. - 1 Co 12.8-11:

V.8 - a) "Palavra de sabedoria"(Iógos sofías). Cf. Lc 21.15; At 6.3,10;Ef 1.8; C1 2.3. É o dom d·e, com umapalavra da Escritura, poder decidirquestões em situações difíceis; o domda teologia; "Weisheit".

b) "Palavra de conhecimento"(Iógos gnôseos). É o dom de comu­nicar conhecimentos da Bíblia emgeral; expor as verdades elementa­res; catequizar (d. Hb 6.1); "Er­kenntnis" .

V.9 - c) "Dom da fé". Fé numamedida extraordinária - "fides he­roica" " ... tamanha fé ao ponto detransportar montes" (1 Co 13.2).

d) "Dom de curas". Note-se o plu­ral: charísmata iamáton: dons decurar; d. as curas apresentadas emAtos; não se tem notícias d·e umaúnica cura feita em Corinto.V.IO- e) "Poder de fazer milagres"

(energêmata dynámeon). Não se temnotícia de algum milagre realizadoemCorinto; d., no entanto, o que édito dos apóstolos: At 4.29,30; 19.11;9.36-42; 20.7-12;16.18; 19.12; 28.3.

f) "Dom da profecia" (profetéia).Na terminologia de Paulo, em geralo dom de pregar, testificar, anunciara Boa Nova. O termo nesta pass1:lgemacertadamente traduzido pela "Bíbliana Linguagem de Hoje" por" ... domde anunciar a mensagem de Deus".

g) "Dom de discernir espíritos"(diakríseis pneumáton). A capaci­dade de distinguir entre forças divi­nas, humanas e diabólicas; d. At5.34ss. - Gamali·el.

h) "Dom de falar em línguas"(gene glossôn). Numa espécie de lín­guas - nota: nenhum adjetivo. Essa"língua" não pode ser especificadacomo língua falada.

i) "Dom de interpretar 83 línguas":" ... a capacidade de explicar o qu~

7

Page 10: igreja Luterana 1983 nº1

essas línguas querem dizer" (Bíbliana Linguagem de Hoje). Esse domdeve sempre acompanllar o dom an­terior quando em exercício em pú­blico (1 Co 14.13,14).

3 - Os "dons carismáticos"em exercício

3.1 - Origem: O Cristo glorificadodeu presentes, dons de graça, à suaigreja. Ef 4.1-8: algo dado, um pre­sente de graça; cf. também Mt 7.11- gratuitamente;

dados à igreja - cf. o contexto deEf 4! - Portanto, a fonte deste domnunca no homem; a manifestaçãosomente no contexto da igreja; nuncaobtido por esforço, mérito ou digni­dade da pessoa.

3.2 - Modo de atuar: O orgulhoé um dos maiores perigos no €xercí­cio dos dons carismáticos: Rm 12.3;

dados para a diaconia (diakonia,de diá e konía: através do pó: traba­lho de escravos, de servos: 12.4.Dons carismáticos são, portanto, pre­sentes para servir e não para domi­nar.

Devemos exercer os dons dados co­mo dôuloi Jesôu Kristôu. Por isso aadmoestação de Paulo a Timóteo, 2Tm 1.6: anazopyrêin to chárisma toutheôu: "conservar vivo o dom queDeus deu".

3.3 - Resultado dos dons em exer­cício: 1 Co 12.6,10 - energêmata:energia gerada por força que se ma­nifesta no exercício dos dons.

O cristão, ao exercer seu dom(dons), age como um dos múltiplosmembros do corpo de Cristo, do qualse fala no contexto de 1 Co 12-14.

Importante aqui a fórmula trinitá­ria na caracterização dos dons e desua fonte: 12.4-6 " ... diversidade dedons, mas o Espírito é o mesmo; di-

8

versidade de mmlstel'lOS. mas oSenhor é o mesmo; diversos modosde ação, mas é o mesmo Deus querealiza tudo em todos".

3.4 - O alvo: Servir para o bemcomum: pros to symféron (12.7). ­A forma verbal dídotai! (pass. ind.pres.) indica a continuidade dos donsdados; sua manifestação não ocorresó uma vez, mas continua enquantoo Espírito Santo nele habita pela fé.

Os dons não foram dados para quefiquem "encaixotados"; também nãodevem servir somente para a edifi­cação do indivíduo que o recebeu;sua finalidade fundamental é a edi­ficação do corpo de Cristo - Ef 4.11-16.

3.5 - Portanto: Os seguintes cri­térios devem nos guiar na avaliaçãodos dons individualmente:

a) São dádivas imerecidas deDeus;

b) devem ser postos para servir- e não para dominar;

c) devem ser postos em exercíciopara o bem comum.

4 - O caso específico do "dom defalar em línguas"

Dos dons enumerados por Pauloem 1 Co 12-14, dois nos preocupamna situação atual: o dom de curar eo dom de falar em línguas.

Sobre as curas milagrosas já pode­mos apontar para a exposição doprof. O. A. Goerl (Curas e Milagres,Concórdia, 1979), que aceitamos emsua íntegra. Queremos ainda refor­çar a posição tomada neste trabalho

a) pela colocação em dúvida dagenuinidade e 'autenticidade deMc J 1).9-20;

b) peL limitação daquela passa­gem aos "sinais" dados aos e

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Page 11: igreja Luterana 1983 nº1

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2

operados pelos apóstolos e seuscolaboradores diretos.

Com respeito a "línguas", podemosconstatar que na enumeração dosministérios e dons dados ao corpo deCristo, existe uma classificação fixados "ministérios", a saber:

"em primeiro lugar, os apóstolos(prôton);

em segundo (déuteron), pregadores(profetas) ;

e em terceiro (tríton), os mestresda igreja" (12.28).

Depois de desta maneira ter das­sificado os ministérios, o apóstoloprocede, sob a indicação épeita (de­pois, em seguida), com a enumeraçãodos dons e, entre estes, também géneglossôn, isto é, um dom duma espécie(génos) de línguas. (Génos significaespécie indefinida de qualquer coisa).- Lendo a enumeração dos dons, sesente uma certa dificuldade e hesi­tação da parte do apóstolo em definiro que esse chárisma realmente foi.Notável também é que - diferindonisto nitidamente dos relatórios dofalar em outras línguas em Atos 2 ­não usa qualquer adjetivo que ca­raterizaria essa glôssa. A promessade Cristo em Mc 16.17 tem glossaiskainais (novas línguas). Atos temhétera (outras) (A t 2.4) e hemeté­rais (nossas próprias línguas) (At2.11) .

Seguindo estas enumerações e clas­sificações dos ministérios e dons emgeral, o apóstolo procede, em 1 Co14 .1-25, com uma exposição extensadas relações que existem entre o domde línguas e o dom de pregar e tes­tificar (profetizar). E isto, depois deter ainda posto no s·eu trono o caris­ma por excelência, o agape (amorfraternal) em 1 Co 13.

Que o dom de "profetizar", segun­do a terminologia de Paulo, significa"pregar, testificar, anunciar o evan­gelho", foi amplamente demonstradona coletânea "Dons Carismáticos",ed. Concórdia, 1975. Paulo afirma:" ... Façam todo o possível para teros dons espirituais, especialmente ode pregar a mensagem do evangelho"(profetéuete) (14.1).

Não queremos entrar em pormeno­res exegéticos na avaliação do domde "falar em línguas", visto que istojá foi feito várias vezes em nossomeio. Aqui só queremos, à base dotexto, indicar alguns pontos com res­peito a este dom - tanto positivoscomo negativos.

Primeiro uma breve definição:"O carisma das línguas ou 'glosso­

1alia' é o dom de louvar a Deus, pro­ferindo, sob a açã,o do Espírito Santoe em estado mais ou menos extático,sons ininteligíveis." (Anotação da"Bíblia de Jerusalém" para 1 Co12.10)

Pontos positivos:

a) O "falar em línguas" é "domde Deus": "A um o Espírito dá ...o dom de falar em línguas" (12.8,10).O Espírito Santo, portanto é o autordeste dom.

b) "Aquele que tem o dom de fa­lar em línguas não fala aos homens,mas a Deus" (14.2). - "Se oro emlínguas, o meu espírito está em ora­ção" (14.14). - Paulo diz que háduas espécies de oração: uma emque o cristão, pelo Espírito, fala comDeus de maneira incompreensível aoshomens. - Rm 8.26,27: " ... não sa­bemos o que pedir como convém;mas o próprio Espírito intercede pornós com gemidos inefáveis ... " -

Na outra, o cristão ora "com a in­teligência": "Orarei com o meu es-

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Page 12: igreja Luterana 1983 nº1

pírito, mas hei de orar também coma minha inteligência. Cantarei como meu espírito, mas cantarei tambémcom a minha inteligência" (14.15) .- O "falar em línguas" pert.ence àvida devocional particular ("Gehets­leben") do cristão.

c) "Aquele que fala em línguasedifica a si mesmo" (14.4) aparececomo terceiro ponto positivo. - Opróprio apóstolo tinha este dom:"Dou graças a Deus por falar em lín­guas mais do que todos vós" (14.18);e "quisera que todos falásseis em lín­guas" (14. 5) .

Como podemos solucionar a apa­rente contradição do apóstolo, quan­do em 12.30 põe em questão de que"todos falam línguas", e em 14.5, po­rém, deseja que todos falem? A so­lução parece ser a seguinte: O após­tolo deseja para todos os cristãos odom de línguas para sua oração par­ticular, e que seja tão intensivo co­mo possível. Paulo nega, no entanto,este dom em manifestações públicaspara todos. Existe a possibilidade doexercício do dom de línguas no co­lóquio particular do cristão com seuDeus.

O apóstolo não nega que esse dompossa ter seu -eventual lugar nas reu­niões de culto: "Quando estais reu­nidos, cada um de vós pode cantarum cântico, proferir um ensinamentoou uma revelação, falar em línguasou interpretá-Ias." - Paulo coloca,porém, uma ressalva muito importan­te: " ... mas que tudo se faça para aedificação! Se há quem fale em lín­guas, falem dois ou, no máximo, três,um após o outro. E um deve inter­pretar" (imperativo do presente: kaihêis diermeneuéto) (14.26,27).

A ·edificação nas reuniões de culto,portanto, limita-se às ocasiões em

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que um intérprete está presente:"Aquele que prega (profetiza) émaior do que aquele que fala em lín­guas, a menos que este as interprete,para que a assembléia seja edificada"(14.5). - "É por isto que aqueleque fala ·em línguas deve orar parapoder interpretá-Ias" (14.13).

Pontos negativos:

a) Falar em línguas na igreja semhaver quem interprete, não tem sen­tido, pelo menos não, se no culto pú­blico ninguém que tem o dom de in­terpretação esteja presente.

Assim escreve Paulo (tradução, emparte, segundo a "Bíblia de Jerusa­lém):

"Supondo agora, irmãos, queeu vá ter convosco, falando em lín­guas: Como vos serei útil, se a mi­nha palavra não vos levar nem reve­lação, nem conhecimento, nem profe­cia, nem ensinamento? - O mesmose dá com os instrumentos musicais,como a flauta ou a harpa: se nãoemitirem sons distintos, como reco­nhecer o que toca a flauta ou a har­pa? E se a trombeta emitir um somconfuso, qu-em se preparará para aguerra? - Assim também vós: sevosso falar não se exprime em pala­vras inteligíveis, como se há de com­preender o que dizeis? Estareis fa­lando ao vento. Existem no mundonão sei quantas espécies de lingua­gem e nenhuma é destituída de sen­tido. Ora, se não conheço a força dalinguagem, serei como um bárbaro(um que não -entende grego) paraaquele que fala, e aquele que falaserá como bárbaro para mim"(14.6-11) .

A interpretação destas palavras tãodaras torna-se desnecessária!

b) Falar em ".. .c,,",

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Page 13: igreja Luterana 1983 nº1

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b) Falar em línguas s·em inter­pretação não edifica ,os ouvintes, aocontrário, leva-os a tédio e frustração .

Diz Paulo:

"Com efeito, se deres graça (eáneulogês) somente com teu espírito,como pod·erá o ouvinte não iniciado(idiôtes, isto é, um analfabeto nocristianismo, um catecúmeno; Jesuschama estes em Mt 18 de "pequeni­nos" que não devem ser escandaliza­dos) dizer 'amém' à tua ação de gra­ças? Sem dúvida, tua ação de graçasé valiosa, mas o outro não se edifica"(14.16,17) .

E mais forte ainda:"Se, por exemplo, a igreja se reu­

nir e todos falarem em línguas, ossimples ouvint·es (idiôtai) ou os in­crédulos (ápistoi) que entrarem nãodirão que estais loucos?" (máinesthede máinomai que significa ter mania)(14.23).

Não parece como se o apóstolo ti­vesse participado de uma destas reu­niões dos pentecostais radicais dehoje? - Sem dúvida, a gente que"fala em línguas" parece ter umamania de se impor sem perguntar pe­la reação dos que esperam uma men­sagem que os edifique. O vereditode Paulo é que nem o cristão nem oincrédulo serão edificados pelo falarem línguas na igreja, sem interpre­tação.

a incrédulo que - por acaso oupor convite - participa de um talculto, certamente não pode ser leva­do a crer, porque não entende a men­sagem ("a fé vem pelo ouvir" ­Rm 10.17); ao contrário, ·ele possi­velmente nunca mais retorna. E ocristão simples que espera ser edifi­cado por uma mensagem de consoloe ensinamento, nem &epode unir ao"mensageiro" em oração. - Daí, de

novo, o apóstolo, desaprovando estaforma de culto, chega à conclusãocontundente e aterradora:

"Na igreja (no culto público:ekklesía) prefiro dizer cinco palavrasinteligíveis paIra instruir também ou­tros, a dizer dez mil palavras 'emlínguas' (en glôsse)" (14 .19) .

c) Falar em línguas no culto pú­blico pode causar desordem.

Diz Paulo:

"Se há quem fale em línguas, fa­lem dois ou, no máximo, três, umapós o outro. E que esteja lá alguémque as interprete. Se não há intér­prete, cale-se o irmão no culto públi­co da igr-eja; fale a si mesmo e aDeus" (em oração) (14.27,28).

Paulo proíbe, portanto, que duran­te o culto público se fale em línguas,a não ser que um intérprete estejapresente. E assim mesmo, nuncamais do que um deve falar.

a apóstolo, como se vê, não nega aexistência do dom de "falar em lín­guas, e também não que seja vedadoeste dom, pois diz: " ... não impeçaisque alguém fale em línguas" (14.39).Ele aconselha, no entanto, que se usea máxima cautela no seu uso em pú­blico.

5 - Conclusão

Não podemos, à base do estudo dostextos, negar a existência do dom de"falar em línguas". Questiona-se,contudo, a validade do mesmo parao culto público, mesmo que haja umintérprete presente. Perde-se, na prá­tica, tempo valioso com a interpreta­ção dos sons ininteligíveis daqueleque "fala em línguas", morment-e seeste, como pregador e pastor, tem odom de "profetizar" (pregar, testifi­car) a Boa Nova da salvação em Je-

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sus Cristo em palavras inteligíveis eclaras.

Portanto, apesar de não querer,nem poder impedir o exercício do"dom de falar em línguas" dado peloEspírito Santo eventualmente tam­bém na igreja de hoje, é, todavia,somente permitido s·eu uso intensivona vida devocional particular docrente. Desta maneira se evita es­cândalo e frustrações de almas pre­ciosas. Seja recomendado s·eu usointensivo ao crente, possuidor destedom, na sua vida devocional parti­cular.

Se um determinado crente recebeuou não este dom misterioso, foge aojulgamento de outros cristãos, a nãoser alguém que possa provar ter odom "de discernir os espíritos"(1 Co 12.10). Tal cristão tem queprestar ~ontas dos dons recebidos aos·eu e nosso Senhor.

Se pelo abuso deste dom for vio­lada a bo::!ordem prescrita pelo NovoTestamento, este abuso deve ser tra­tado no exercício da admoestação fra­ternal na disciplina cristã: Mt 18 €Rm 16.17-20.

6 - Anotações a Mc 16.9-20

1 - A conclusão do Evangelho deMarcos, por nós conhecida e colocadaem colchetes duplos nos textos gre­gos em uso hoje, não parece ter sidoparte do original. Na verdad-e exis­tem hoje três conclusões diferentes:

a) O texto conhecido: Mc 16.9-20b) Uma conclusão breve em con­

tinuação do v.8: "Eles narravambrevemente aos companheiros de Pe­dro o que lhes tinha sido anunciado.Depois, o mesmo Jesus os encarre­gou de levar, do Oriente ao Ociden­te, a sagrada e incorruptív·el mensa­gem da salvação eterna."

12

c) O assim denominado "FreeI'Logion" que se acha incluído numdos grandes textos unciais (W ­Washingtonianus/Freer - 59 século),intercalado entre os vv.14 e 15 daconclusão conh-ecida. Seu texto é oseguinte: "E aqueles alegaram emsua defesa: 'Este tempo de iniqüi­dade e de incredulidade está sob odomínio de Satanás, qu-enão permiteque quem está debaixo do jugo dosespíritos imundos apreenda a verda­de e o poder de Deus; revela, pois,desde agora tua justiça.'Foi o quedisseram a Cristo. E ele lhes respon­deu: 'O fim do tempo de poder deSatanás está no auge; e, entretanto,outros acontecim-entos terríveis seaproximam. E eu fui entregue àmorte por aqueles que pecaram, afim de que se convertessem à verda­de, -e para que não pequem mais, afim de que recebam a herança daglória da justiça espiritual e incor-'ruptível que está no céu ... " (Trad.da Bíblia de Jerusalém).

2 - A situação dos três textos é aseguinte:

O texto conhecido (Mc 16.9-20)não s·eacha nos mais antigos manus­critos: Alef; B; syr .sin.; arm; aeth.;georg; - não o reconhecem: Cle­mente Alex., Orígenes, Eusébio, Je­rônimo; muitos minúsculos tem otexto com um asterisco crítico; Eu­sébio atesta que os manuscritos aC€i­tos terminam com o v. 8; J erônimoachou o texto só em alguns manus­critos.

No mais antigo dos textos da VetusLatina da áfrica do Norte (k) acha­se, em lugar da conclusão longa, aconclusão breve; Tertuliano e Cipria­no não conhecem a conclusão longa,mas parecem conhecer a conclusãobreve.

O "Freer LogioT.~brir a incerteza c.c -::c~

uma desculpa dos:"~ ==

didos nele.

3 - A conc1us§.=,=::Jção ocid·ental, e'.-:6",_ clC, e muitos min'':'sc-..:>"tiga atestação tex::.:.::.·•quinto século.

4 - A condus2-: :omanuscritos armê:'_~=:sAristião, o presbi:2:-­este título como ecoc=:;

tu ação verdadeira: C ':=:tião, mencionado ~:"à base das apariçc.::s "';'João, Mateus e L~c':::spara dar ao torso d:Marcos uma concL:~_~=,

5 - Já a leituT'2::clusão cria dificuld s i~

o OFíCli

INTRODUÇAO

"JESUS CRISTC) E j

Em torno da pessoa '"Jesus Cristo tem se

cussões que se re~~stimas variadas noculos, atingindo nproporções tais que _ma aula sobre m(;de::-~rou: "Basta modiflc::idatas e a história dserá a do moderI1is'é~Gele, o século Vlnt,;o d,1prenúncio da ress:;rr=1nismo.

Page 15: igreja Luterana 1983 nº1

o OFíCIO REAL DE JESUS CRISTO

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Jerônimo:: . Z""': tIS manus-

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.: 3.) longa, a.::-.) e Cipria­:~·..:.sãolonga,

:- :: conclusão

o "Freer Logion" parece tentar co­brir a incerteza do texto longo comuma desculpa dos discípulos repreen­didos nele.

3 - A conclusão longa é de tradi­ção ocidental, evidenciada por D, A,C, e muitos minúsculos; a mais an­tiga atestação textual é, portanto, doquinto século.

4 - A conclusão longa tem nosmanuscritos armênicos o título "DeAristião, o presbítero". Zahn aceitaeste título como explicativo da si­tuação verdadeira: O presbítero Aris­tião, mencionado já por Papias, fezà base das aparições registradas emJoão, Mateus e Lucas, um resumopara dar ao torso do Evangelho deMarcos uma conclusão digna.

5 - Já a leitura do texto da con­clusão cria dificuldades. Não só o

INTRODUÇÃO

"JESUS CRISTO Ê O SENHOR".Em torno da pessoa e da obra deJesus Cristo tem se travado dis­CUssões que se revestiram de for­mas variadas no decorrer dos sé­culos, atingindo no século vinteproporções tais que A. Kuyper, nu­ma aula sobre modernismo, decla­rou: "Basta modificar nomes edatas e a história do arianismoserá a do modernismo."l Segundoele, o século vinte aparece comoprenúncio da ressurreição do aria­nismo.

vocabulário em si, a fraseologia eoutras considerações lingüísticas fa­lam contra a genuinidade do texto,mas sim, também o conteúdo, queparece colocar tudo o que é recor­dado num e no mesmo dia, o dia daPáscoa (também a Ascensão); tam­bém Maria Madalena, da qual já sefala no v.1, é introduzida no v. 9como se fosse desconhecida.

6 -- A explicação mais provávelparece ser de que Marcos, quandochegou na composição do seu Evan­gelho a este ponto (v.8 termina comuma conjunção efobôunto gar) , foiinterrompido e, por uma ou outra ra­zão, não conseguiu concluí-Io. Umanônimo (Aristião?), já bem cedo,acrescentou -então o texto da conclu­são longa, que já foi conhecida porIreneu e Taciano, ambos da segundaparte do segundo século.

Ari ThomaPastor em Esquina Gaúcha,

Santo Angelo, RS

A questão capital na cristologiatem se concentrado na busca deuma ou de novas respostas à per­gunta: "Que pensais vós do Cris­to?" (Mt 22.42). Diferentes foramas respostas dadas desde o dia emque a pergunta foi feita pelo pró­prio Filho de Deus a seus discí­pulos até os dias de hoje. Já nosdias de Cristo corriam diferentesopiniões a seu respeito. Uns viamnele João Batista, outros Elias, Je­remias, ou algum dos profetas.

Quem se aventurar num estudode história da teologia perceberálogo que nomes e datas foram mu-

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dando e conceitos cada vez maisconfusos foram surgindo, e, queneste século tornaram-se famososmuitos nomes, com destaque tal­vez para Rudolf Bultmann (1884­1976) com sua "Entmythologiesie­rung". Segundo ele, os relatos dosevangelhos estão cheios de mitos,isto é, o transcendente é descritosob vestes humanas, em que o mun­do é concebido como um edificiode três andares: céu, terra, infer­no.2 Com isto, chegou à conclusãoque a maior parte dos aconteci­mentos relacionados com a vida deCristo são fruto de linguagem mi­tológica, especialmente os milagres,a morte e ressurreicão. Demitizarsignifica, pois, interpretar esta lin­guagem mitológica através da filo­sofia existencialista, isto é, utilizara auto-compreensão que o homemmoderno tem de si mesmo, do mun­do e do que é transcendente, paratrazer assim a mensagem (kéryg­ma) da palavra de Deus ao homemde hoj e. Na teologia de Bultmannpouco se sabe de seguro sobre Je­sus à base dos evangelhos, pois es­tes são produto da "Gemeindetheo­logie ". E a ressurreição corporalde Jesus Cristo é negada, sob o ar­gumento de que ela se fundamentana fé dos discípulos e não a fé dosdiscípulos que se fundamenta naressurreição de Cristo.

"Quem dizeis vós que eu sou?"A resposta de Pedro não foi o re­sultado de especulação racional.Foi o Pai que revelou (Mt 16.7)."Tu (Jesus) és o Cristo, o Filho doDeus vivo ". Estava lançado o fun­damento inabalável da igreja, quenem as portas do inferno conse­guem abalar: Jesus Cristo, verda­deiro Deus e verdadeiro homem.Sempre que esta confissão é dimi-

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nuida, traz resultados muito nega­tivos que se refletem especialmentena consciência missionária. "Quan­do os professores hindus pergunta­rem por que vós, cristãos, afirmaisque só Jesus Cristo é o Salvador,devemos ter uma resposta perfeita­Inente clara".3

A resposta clara foi dada porLutero na explicação do SegundoArtigo: "Creio que Jesus Cristo,verdadeiro Deus e verdadeiro ho­mem, é meu Senhor, pois me remiua mim com seu santo e preciososangue". E, respondendo a Zwin­glio, que entendia como força deexpressão dizer algo da divindadede Cristo que pertença a humani­dade ou vice-versa, Lutero decla­rou: "Se creio que somente a na­tureza humana sofreu por mim,então Cristo me é um Salvador pre­cário, e ele mesmo precisaria nestecaso de um Salvador ... porquantoa divindade e humanidade em Cris­to é uma só pessoa, a Escritura porcausa dessa união pessoal, atribuitambém à divindade tudo o quesucede à humanidade e vice-ver­sa.4

Ao nos propormos estudar o ofí­cio real de Jesus Cristo, é necessá­rio que nos dediquemos antes aexaminar a relação existente entreas duas naturezas em Cristo paraentão vermos em que consiste osenhorio do Filho de Deus, cornoele o exerce e o que isto significapara a vida do cristão.

Entendemos a tarefa que nos éconfiada neste estudo como um pri­vilégio de servirmos ao Rei, falan­do dele, a fim de nos fortalecermosmutuamente em nossa fé, aprimo­rando-nos mais e mais na tarefaque o Rei a todos nós confiou, deajudarmos a outros para serem tra-

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zidos para o seu reino da graçapela pregação do evangelho, assimque possam, como nós, alcançar naeternidade o reino da glória.

I - A PESSOA DE CRISTO

1. As grandes decisões ecumênicas

Importantes decisões teológicasprecisaram ser tomadas pela igrej anos primeiros séculos, expressandoem palavras claras os artigos de féatacados por diversas heresias.

O século IV marcou decisivamen­te a história da igreja com a rea­lizacão de três concílios ecumêni­cos:· Nicéia (325) que condenou oarianismo; Constantinopla (351)que condenou a Apolinário; Calce­dônia (451) que condenou as here­sias de Nestório e Êutiques.Nicéia

O bispo Ário negava ser Cristoco-eterno e consubstancial ao Pai,não passando de criatura. "O Fi­lho tem uma origem, enquantoDeus não tem comeco", era a tesede Ário, que apela~a para textosbíblicos como Dt 6.4; Pv 8.22; Jo14.28. O Pai, segundo Ário, é in­criado, mas o Filho foi gerado;aliás, gerado apenas da vontade enão da substância do Pai. Devidoa sua relação privilegiada comDeus, Cristo merece o nome de Fi­lho de Deus, sem que ele de fatoseja Deus segundo a natureza di­vina.

O imperador Constantino convo­cou o concílio de Nicéia para o ano325 onde o problema do arianismofoi tratado. Foi um conclave pom­poso, presidido em parte pelo pró­prio imperador. Participaram 318bispos. O ambiente era solene e

emocionante, pois havia dentre osparticipantes não poucos que tra­ziam ainda no corpo as marcas dasperseguições.

Depois de muitos debates em Ni­céia os pais chegaram à seguintefórmula: "Cremos em um só Se­nhor Jesus Cristo ... de uma sósubstância com o Pai".

Jesus é consubstancial com o Pai- "homo - ousios", verdadeiroDeus e verdadeiro homem. Usan­do o termo "consubstancial" a igre­ja traduzia e declarava o que oapóstolo João escrevera anos antes:" ... Seu Filho Jesus Cristo. Este éo verdadeiro Deus e a vida eterna"(1 Jo 5.20).

Constantino pIa

A igrej a vislumbrou sério perigoquando pouco depois de Nicéia,Apolinário de Laodicéia, tomandoJo 1.14: "O verbo se fez carne",levantou a pergunta: como podemdois seres se unirem para forma­rem um só ser? E respondeu:Cristo não foi homem genuíno, istoé, não tinha verdadeira naturezahumana igual a nós.

No concílio de Constantinopla,em 381, a igreja condenou o apo­linarianismo e ensinou que Cristonos é igual em tudo, menos no pe­cado. Com isto a igreja reafirmouo Credo de Nicéia ao mesmo tem­po que estabelecia a doutrina daverdadeira humanidade de Cristo.

Calcedônia

o problema da inter-relação dasduas naturezas em Cristo renasceude novo quando Nestório começoua ensinar que as duas naturezasde Cristo se confundiam com duas

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perigos ameaçadores dos dois la­dos.5 O Concílio não disse como sedeve explicar e entender a uniãodas duas naturezas em Cristo, mas,disse como nãO a devemos enten­der. Jamais se conseguirá pene­trar o mistério da encarnacão. Épreciso, pois, "estacionar ein Cal­cedônia" e, em profunda adoraçãoconfessar: "Evidentemente, grandeé o mistério da piedade (cristia­nismo, religião cristã): Aquele quefoi manifestado na carne, foi jus­tificado em Espírito, contempladopor anjos, pregado entre os gentios,crido no mundo, recebido na gló­ria" (1 Tm 3.16). A confissão deque o Filho de Deus é verdadeiroDeus e verdadeiro homem não de­ve ser um ponto de partida, masum ponto final.

pessoas. Com isto Maria não po­de ser chamada de "mãe de Deus"(Theotokos), mas apenas mãe danatureza humana de Jesus. Nega­va assim a união pessoal e a co­municação dos atributos. O errode Nestório foi mais tarde advo­gado por Zwínglio que ensinou a"allóiosis" - "sempre onde a Es­critura diz ter padecido o Cristo,temos de ler: somente a naturezahumana padeceu".

A igrej a condenou o nestorianis­mo afirmando no concilio de Cal­cedônia que as duas naturezas emCristo não e.Tistem separadas e quea união hipostática (união das na­turezas) é real e não simples uniãomoral semelhante a união de duaspessoas pelos laços de amizade.

A luta continuou quando Êuti­ques disse que uma vez acontecidaa união das naturezas só se podea partir daí falar em uma única 2. De Calcedônia ao século vintenatureza (monofisismo). Vale di-zer, aconteceu em Cristo mistura Nem todos estacionaram em Cal­das duas naturezas pela conversão cedônia. Muitas vezes o ponto fi­de uma n~t.ureza na oub:a ... nal foi levantado e homens pro-

O ConcIlIO de ~alc~d011la, a~Ir- curaram de novo desvendar o "mis­mou que Jesus .CrIsto e verdadeIro tério da piedade". E, de novo aDeus e verdadeIro homem. Segun- .. t 'd h 'do a natureza divina é consubstan- IgreJa, a raves e omens de fe ecial ao Pai; segundo a natureza cora?em, e ~través de co.nfissõeshumana é consubstancial a nós. A preCIsas reafIrmou a doutrma ver­relacão entre ambas as naturezas dadeira sobre a pessoa e obra deé d~ perfeita união, sem mistura, Jesus Cristo.sem mo,,?ificação, sem divisão, sem Passamos por cima dos séculosseparaçao, . conservando ~ada qual que seguiram aos grandes concilios,s~a.s proprIedades ~at.uraIs e es~en- para nos determos em algumas rá-CIaIS. Os 4 adverbIOs negatIvos .. '." " f' h '1 pIdas pmceladas, em dOIS grandesselll - expressam a e e a uml - .' ,.dade da igreja cristã diante da moment~s da teologIa blblIca quesublimidade da pessoa do Filho de repercutI~am pr~f~ndamente, q.uerDeus. Estes advérbios "asseme- de maneIra pOSItIva ou negatIva,Iham-se a um alinhamento de bóias· na cristologia: a Reforma e as Con­cercando o estreito canal navegá-" fissões Luteranas, e a Teologia Mo­vel e alertando os navios contra Oe ~~', Jerna.

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A Reforma e as Confi5s'~'"Luteranas

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A Reforma e as ConfissõesLuteranas

É bem conhecido o princípio her­menêutico de Lutero: "A Escrituradeve interpretar-se a si mesma.A Escritura deve ser interpretadaa partir do seu centro, Cristo". OCristo de que o reformador fala éaquele que descobriu na carta aosRomanos na mensagem da justifi­cação. É o Cristo, o qual "segundoa carne veio da descendência deDavi, e foi poderosamente demons­trado Filho de Deus, segundo o Es­pírito de Santidade, pela ressurrei­ção dos mortos, a saber, JESUSCRISTO, nosso Senhor" (Rml.3,4).Lutero aprendeu daqui a explica­ção do 29 Artigo: "Creio que JesusCristo, verdadeiro Deus ... e tam­bém verdadeiro homem".

Lutero estava ciente das dificul­dades que surgem da afirmação deque Cristo é verdadeiro Deus e ver­dadeiro homem numa mesma pes­soa. Como pode Deus ser crucifi­cado e morrer? Como pode oCristo como homem ser o Criadordo mundo? Lutero recorre à dou­trina da "comunicacão dos atribu­tos", segundo o qual tudo o que seafirma da natureza divina, deve serafirmado também da natureza hu­mana e vice-versa. Este príncípioé fundamental no ofício real deCristo.

Os sacramentários, liderados porCarlstadt e Thomas Münzer, cedoquestionaram o princípio de Lute­1'0. Contra eles se deu então a con­trovérsia sacramental na década de1520. Depois os zwinglianos (comZwínglio, Oecolampadio, Bucer)objetaram contra Lutero que o"corpo de Cristo não poderia sergenuíno e verdadeiro corpo huma-

no, e na santa ceia estivesse pre­sente simultaneamente no céu ena terra. Pois tal maj estade seriaprópria a Deus somente, dela nãosendo capaz o corpo de Cristo".6

Com a morte de Lutero ocorre­ram uma série de dez controvér­sias doutrinárias que duraram 30anos. Uma destas controvérsias"entre os teólogos da Augsburgo"7,foi sobre a pessoa de Cristo.

A Fórmula de Concórdia, elabo­rada para solucionar as controvér­sias, redigida por seis teólogos(Chemnitz, Andreae, Selnecker,Musculus, Kôrner e Chytraeus) eassinada pelos mesmos em 29 demaio de 1577, dedicou o Artigo8 - Da Pessoa de Cristo - "paraexplicar essa controvérsia de ma­neira cristã, em harmonia com apalavra de Deus ... e com a graçade Deus resolvê-Ia inteiramente".8Este Artigo, bem como toda a Fór­mula de Concórdia, constitui-senum "testemunho de como Deussocorreu a igreja luterana num pe­ríodo de extremo abatimento, e lheconcedeu o inestimável tesouro daunidade de fé, alicerçada sobre arocha da verdade eterna".9

O Artigo 8 lembra que JesusCristo é verdadeiro e perfeito Deuse que no tempo assumiu tambéma natureza humana, de modo queagora Cristo Jesus é uma só pes­soa. " Agora" significa: tambémdepois de subir ao céu.

Na pessoa do Filho de Deus estãounidas, sem mistura e sem mudan­ça de substância, duas naturezas:a divina, que é desde a eternidade,e a humana, que foi assumida notempo. Ambas estão unidas de ma­neira que constituem uma únicapessoa. Cada natureza retém suaspropriedades naturais para toda

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eternidade. Pela glorificação doFilho de Deus a natureza humanafoi exaltada à destra da majestade(Fp 2.9-11). Esta majestade, o Fi­lho de Deus a possuía já nos diasda humilhação, desde que assumiua natureza humana na concepção.Na humilhação não fez uso semprede Sua majestade.

Os. pais explicavam a união dasduas naturezas como a uníão docorpo com a alma, ou do ferro efogo; tem comunhão entre si, sen­do qUe cada qual retém suas pro­priedades naturais. Não é umaunião como de mel com água, que,misturados, formam uma terceirasubstância, o hidromel.

Esta explicação da Fórmula deConcórdia é altamente significati­va para entendermos que não ape­nas a natureza hUInana sofreu, mas,"o Cristo, o Filho de Deus, verda­deiramente sofreu, todavia segundoa natureza humana assumida".

Depois da ressurreição, o Filhode Deus retém para sempre a na­tureza humana, a qual assumira naconcepção. Está sentado à direitado Pai também segundo a naturezahumana. Gracas a isto está real­mente presente na Santa Ceia.Assim, Jesus é Rei também segundoa natureza humana, pois, ao serexaltado, sua natureza humana re­cebeu "prerrogativas e excelênciasespeciais, elevadas, grandes, sobre­naturais, inescrutáveis, inefáveis,celestes, em majestade, glória, for­ça e poder acima de tudo quantose possa referir, não só no presentemundo, senão também no vindou­ro ".10

Após condenar os erros surgidosreferentes à pessoa de Cristo, aFórmula de Concórdia conclui comuma recomendação salutar: "E

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desde que a Sagrada Escritura: cha­ma a Cristo de mistério (CI 1.27)em que todos os hereges rebentama cabeca ... admoestamos todos oscristão~ a que não lucubrem imper­tinentemente com a razão sobre es­te mistério, mas creiam simples­mente com os diletos apóstolos,cerrem os olhos da razão, levemcativo seu pensamento à obediên­cia de Cristo, consolem-se, e, por­tanto, sem cessar se alegrem como fato de que, em Cristo, nossacarne e sangue foram colocados atão grande altura, à destra da ma­jestadee onipotente força de Deus.Dessa maneira seguramente encon­trarão consolo permanente em to­da adversidade e ficarão bem pro­te.gidos contra os erros pernicio­SOS".l1

A Teologia Moderna

Quem examinar a história da teo­logia verá que nem todos semprecreram simplesmente, levando ca­tivo fl pensamento. Passada a épo­ca da ortodoxia (com seus nomesfamosos, J. Gerhardt, D. Hollaz,J.A. Quenstedt) e do pietismo, omundo teológico experimentou tal­vez os maiores e mais violentosataques à pessoa e obra de JesusCristo por parte do iluminismo(Aufklãrung), o qual nUm impulsoracionalista assaltou a teologia pro­testante.

Não tardou a surgir o programade "pesquisa histórico-crítica" emque os escritos do NT começarama ser vistos como documentos his­tóricos do passado, e não comopalavra para o tempo presente. Oresultado não se fez esperar, e logoa pessoa de Jesus Cristo foi subme­tida a este programa. Surgiu a

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Surgiu a

pesquisa em torno do "Jesus His­tórico" em que se dizia: quem quercompreender a pessoa histórica deJesus precisa abandonar o Catecis­mo e explicar a ação de Jesus apartir de seu meio ambiente judeu.

O programa da pesquisa históri­co-crítica da Escritura, iniciado porLessing com a publicação (1774 a78) das "Fragmente Eines Unbe­kannten ", em que expunha asidéias do falecido orientalista Sa­muel Reimarus, fez surgir poste­riormente nomes que ficaram fa­mosos, como Albert Schweitzer comsua "Geschichte des Leben-J esu­Forschung" (1906); \Vilhelm Bous­set com sua monografia "KyriosChristus" (1913), onde já transpa­recem os claros sintomas do quelogo mais será considerado "Ge­meinde Theologie", segundo a qualBultmann explicará a ressurreiçãode Jesus. "As palavras humanasdo evangelho são dogmática da co­munidade" (Bousse).

Um pequeno protesto surgiu daparte de Martin Kiihler(1835-1912)na sua obra "DerSogennante Ris­toriche Jesus und der Geschichtli­che Biblische Christus", na qualprocura estabelecer uma diferençaentre Historie e Geschichte, a fimde poder separar o Jesus históricodo Cristo da fé. Historie é o pas­sado, constituído de acontecimen­tos particulares sobre os quais po­de ser realizada a pesquisa cientí­fica. Nem sempre interessam à fé.Geschichte são os fatos passadosque interessam no presente, poisnão perderam sua eficácia opera­tiva no momento de seu cumpri­mento. Assim, apenas a Geschich­te é autêntica história. Ecom isto,Kiihler está mais interessado notestemunho da Escritura sobre o

Cristo; ,do que com a figura histó­rica de Jesus .

A primeira guerra mundial podeser considerada um marco limitedentro da teologia. Houve umamudança de rumo após o términoda mesma. Esta mudança surgiucom o nome de Karl Barth (1886­1968). Era uma reação contra oliberalismo teológico, também cha­mada a época da "neo-ortodoxia".Barth procurou, especialmente noseu grande comentário "Der Rô­merbrief" (1919), mostrar que o NTnão pode ser visto apenas como do­cumento histórico. E Barth procu­ra estabelecer a contemporaneida­de entre o que Paulo disse e o quenós precisamos ouvir. A Escrituraquer transmitir palavra da parte deDeus, a qual Barth chama "fogos".Infelizmente Barth atentou muitopouco para o fato que isto ocorrena carne (em Cristo) sob formahistórica (através da encarnação deCristo) .

Rudolf Bultmann (1884-1976)procurou estabelecer a relação en­tre o aspecto histórico da Escriturae o seu canHer de fogos (palavra),interpretando o segundo como "ké­rigma" - pregação. Para tantolancou mão da filosofia existencia­list~ de M. Heiddeger, e assim che­gou ao seu famoso princípio herme­nêutico da "Entmythologiesierung"(desmitologização), que se refletiuprofundamente em seu "cristolo­gia ".

Uil1 exemplo: Jesus anunciou avinda eminente do reino de Deus.Em explicação histórica o fim viriaem breve. Como não veio, esseanúncio é, na Nerdade, um mitoapocalíptico. Então, o que queriaJesus de fato dizer? O dito de Je­sus deve ser interpretado existen-

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cialmente. Em outras palavras,que concepção da existência huma­na deduzimos do dito? Jesus quermostrar (kérigma) ao homem, quesua situação atual (o momento queo ,homem vive) é a hora de se de­cidir por Deus!

Seguindo esta linha, Bultmannprocurou estabelecer o que nosevangelhos é história e o que é ké­rigma. E chegou à triste conclusãoque, dos evangelhos, pouco sabemosdo Jesus histórico. E o ataque de­cisivo foi dado na ressurreição cor­poral de Jesus, a qual Bultmannnegou. Para ele a ressurreição deJesus se fundamentou na fé dosdiscípulos, e não a fé dos discípu­los se fundamentava na ressurrei­ção.

Um teólogo católico fez um tristecomentário que, se não no todo, aomenos em parte expressa a verda­de: "No século 20 assistimos nateologia protestante à progressivae, depois, total liquidação da essên­cia do cristianismo, que não só, nofim das contas, não se distinguemais das outras religiões, comotambém deixa mesmo de ser umareligião. "12

II - O OFiCIO REAL DE JESUSCRISTO

o quadro que acabamos de tra­çar desde Nicéia até o século 20,colocou diante de nós as grandesdeclarações doutrinárias da igrejasobre a pessoa e obra de Jesus Cris­to. Igualmente, pudemos ver quãolonge da verdade cristã homenstêm chegado, ao lançarem mão darazão e da filosofia existencialistapara explicarem aquele "em quemtodos os tesouros da sabedoria edo conhecimento estão ocultos" (CI

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2.3); "o mistério de Deus, Cristo"(CI 2.2). Esta visão histórica nosajudará a compreender a impor­tância da doutrina bíblica sobre oofício real de Jesus Cristo.

Ao pesquisarmos diversas teolo­gias do NT, obras dogmáticas, arti­gos teológicos que tratam de Cris­to, observamos que a maior partenão contém um capítulo especificosobre o ofício real de Cristo. Asdogmáticas luteranas, ao contrário,dedicam um capítulo especial nacristologia sobre o assunto.

"O reino dos céus é semelhantea um homem nobre que partiu pa­ra uma terra distante, com o fimde tomar posse de um reino e vol­tar" (Lc 19.12). Esta figura da pa­rábola nos mostra o pensamento doNT sobre o senhorio de Jesus Cris­to. Declarado publicamente Rei,pela ressurreição da morte, já estáinstalado no seu trono no céu, doqual governa todo universo. Mo­mentaneamente exerce o seu reina­do invisivelmente. Mas irá voltar,a qualquer momento, visivelmentea este mundoP Em outras pala­vras, ele reina desde agora em gló­ria, embora só o reconheçam os quecrêem nele; mas, na parusia tudoserá manifesto. O SI 110.1, "assen­ta-te à minha direita" nos lembrao arranjo de uma antiga corte realoriental, onde o grão vizir se assen­ta em lugar de honra, à destra domonarca. Cristo se assenta na úni­ca posição de dignidade e honra,à destra de Deus para exercer aautoridade real recebida do Pai.H

Os apóstolos presenciaram suasubida ao céu, a entronizacão doFilho de Deus. Como testeriiunhasda sua ressurreição e ascensão, re­ceberam também a promessa deque ele voltará (At 1.11). Começa-

ram, pois, logo a testem::-:::'este Jesus que vós i:-r:

Deus o fez Senhor e - -~~­2.36).

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Page 23: igreja Luterana 1983 nº1

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ram, pois, logo a testemunhar: "Aeste Jesus que vós crucificastes,Deus o fez Senhor e Cristo" (At2.36).

O que os apóstolos anunciaramé o que a Escritura declara commuita ênfase: que a Cristo, comoSalvador da humanidade, tambémfoi dado domínio, senhorio sobretodo universo, e não apenas domí­nio parcial ou territorial. "Tudome foi entregue por meu Pai" (Mt11.27); "Toda autoridade me foidada no céu e na terra" (Mt 28.18;cf. SI 8.7; Ef 1.22; 1 Co 15.27; Hb2.8). No Antigo Testamento foradi to o que engloba o "tudo" e"toda autoridade". Em Dn 7.13,14:"Domínio sobre os povos, nações ehomens de todas as línguas",. SI8.7-9: "Animais do campo, as avesdo céu. Os peixes do mar",. SI110.2: "Os inimigos".

Cristo, como verdadeiro Deus,sempre teve este senhorio, este do­mínio junto com o Pai e o EspíritoSanto. Mesmo nos dias de sua hu­milhacão não deixou de ser Rei.Apenà's "não fez uso sempre e in­teiramente de sua majestade di­vina comunicada à sua naturezahumana". O que os apóstolos noPentecoste e, depois, em todo o NTafirmam, é que o Filho de Deus éSenhor e Rei agora segundo ambasas naturezas, Ef 1.20-23; 4.10; Fp2.9-11. Pentecoste é prova que Je­sus reina. Ele cumpre a promessa:"Rogarei ao Pai. .. " (Jo 14.16,17).O resultado são os quase três milbatizados que se tornam súditos doRei pela fé.

Em que consiste, pois, o senhoriode Jesus Cristo? Como ele o exer­ce? Qual seu significado e valorpara a vida do cristão?

O senhorio de Jesus Cristo sobre ouniverso e as criaturas - reino dopoder.

Nossos dogmáticos costumam fa­lar em reino do poder, da graça eda glória, procurando assim des­crever diferentes aspectos de umaúnica e mesma realidade: JesusCristo é Rei! Os três aspectos doreinado de Cristo já são exercidosagora. Até mesmo o reino da gló­ria não é um estágio futuro, masrealidade presente, pois Moisés eElias já estão nele. E, cf. Hb12.22,23: no reino da glória tam­bém já estão os santos anjos.

Na parusia se dará a proclama­ção pública, final e inquestionávelde Jesus Cristo como "Rei dos reise Senhor dos senhores" (Ap 19.6).Este dia ainda não chegou. Aindaexistem poderes e inimigos' quebuscam impedir o avanço do reinode Cristo até a parusia. Sobre to­dos estes poderes e inimigos, eleexerce domínio pelo seu poder oni­potente (Ef 1.22; cf. Jo 16.33; 1 Co15.25; Hb 2.8) .

Domínio sobre as potestades

O NT ensina que Jesus Cristovenceu os poderes maus que domi­nam o mundo (cosmos) sob a li­deranca de Satanás. Como o maisforte, ·0 Filho de Deus entrou noreduto de Satanás, amarrou-o e lhedividiu os despojos (Lc 11.22). Aoexpulsar demônios durante o seuministério, Jesus não o fez comoinstrumento, mas como vencedorde Satanás. É o prenúncio da vin­da de um novo aeon. O Filho deDeus proclama assim antecipada­mente sua vitória, a qual aconte­cerá na cruz (CI 2.15). Sua desci-

21

Page 24: igreja Luterana 1983 nº1

da ao inferno veio a confirmar odomínio sobre os demônios.

É verdade que se discute a iden­tidade dos" espíritos em prisão" (1Pe 3.18-22). Serão os anj os caídosde Gn 6, como 2 Pe 2.4 parece su­gerir? Ou deve "prisão" ser en­tendido como "reino dos mortos"(hades)? Ou Cristo foi pregar oevangelho aos que "nlorreram senlouvir a pregação de Cristo, semoportunidade de arrependimento efé ?"l5

A teologia católica, devido a suadoutrina do purgatório, precisaráexplicar o verbo "pregar" (kerys­sein) como "evangelizar" (euange­lidzein). "Pregação aqui deve serinterpretado não como anúncio decastigo, mas da mensagem de sal­vação. A geração de Noé é aquirepresentante dos homens mortosque estão no reino dos mortos, aosquais foi proclamada na pregaçãodo hades a redenção que se operouna morte de Jesus na CTUZ. "l6

A teologia luterana ensina queJesus Cristo desceu ao inferno paramostrar-se Vencedor "aos espíritosmalignos e aos homens condena­dos ".17

Mesmo que vencidas e subjuga­das pelo Filho de Deus, as potes­tades ainda não estão aniquíladascompletamente. Foram subjugadas,mas ainda atuam. Concentram seusataques aos discípulos de Cristo,pois sabem que "pouco tempo lhesresta" (Ap 12.12). A vitória deCristo sobre os poderes do mal tor­na os cristãos participantes da mes­ma pelo batismo (Rm 6.3; cf. Ef2.5ss). Esta vitória dos discípulossó poderá ser mantida enquantopermanecerem ligados como corpo,com a cabeça, Cristo. Por isso, oscristãos são exortados a tomarem

22

a anl1adura de Deus, pois a lutaque precisam sustentar é contra"as forças espirituais do mal" (EfG.10-17).

Jesus Cristo anuncia para breveo fim total das forças do mal,quando "o diabo e o falso profetae a besta serão lançados para den­tro do lago do fogo pelos séculosdos séculos" (Ap 20.10). Terá en­tão raiado o dia eterno quando osredimidos estarão na companhia doCordeiro (reino da glória) que foimorto, mas vive e reina pelos sé­culos dos séculos (Ap 1.18).

Diante desta promessa os segui­dores de Jesus Cristo são conela­mados a implorar: "Amém, vemSenhor Jeslls" (Ap 22.20).

o Rei e seu povo - O reino dagraça

A morte redentora de Jesus Cris­to veio restaurar a ordem originalda criação que fora abalada pelopecado. O propósito de Deus ago­ra é reunir "todas as coisas emCristo" (Ef 1.10: anakephalaiósas­thai ta panta en tô Christô).

Este reunir (Almeida: convergir,Ef 1.10) indica que em Cristo acon­tece a criacãode uma nova huma­nidade, qu~ recebe também um no­vo nome: IGREJA. Esta nova hu­manidade é atraída para Cristopela sua palavra (Jo 5.24-39; 6.68;8.31,32; 8.51). É integrada em Cris­to, como corpo de Cristo, pelo ba­tismo (GI 3,27). A partir dai tudose torna novo (kainós = novo emqualidade): nova criação (2 Co5.17); nova vida (Rm 6.4); novoespírito (Rm 7.6).

É, pois, pela Palavra que o Reiconquista pessoas para o seu reino.Também é pela Palavra que oRei

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Page 25: igreja Luterana 1983 nº1

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exerce o domínío sobre os que lhepertencem. É o que o NT chamade "Cristo em vós" (Rm 8.10; 2Co 13.5; Cl 1.27; Ef 3.17; Cl 3.16;J o 14.23). Assim, o reino da graçaé um reino invisível (Lc 17.20; cf.1 Pe 2.5: "casa espiritual"). Eleestá presente ali onde a Palavra éproclamada (Is 55.10,11). No en­tanto, podemos dizer que o reinoda graça é visível, quanto aos re­sultados que dele decorrem. Tra­taremos disto adiante, ao referir­mos algumas conclusões.

A pamsia - O reino da glória

A glória que Cristo possui desdea eternidade (como Deus); a gló­ria à qual sua natureza humanafoi exaltada pela ressurreição (Ap2.9), eis que Jesus Cristo a mani­festará publicamente na parusia.

Parusia tem dois sentidos: pre­sença e chegada. No período hele­nista, era usado para designar afestiva entrada na cidade dos so­beranos. Em sentido religioso, erausado para descrever a presença,ou manifestação, de uma divinda­de .

Este sentido festivo de parusiaé usado por Paulo ao descrever oencontro dos resgatados com Cris­to (1 Ts 4.14-18). Quando os tes­salonicenses perguntaram sobre odestino dos seus mortos por oca­sião da parusia de Cristo, o após­tolo traça um quadro cheio de vida,alegria e esperança sobre a vindade Cristo e o encontro com os seus,vivos e mortos. É o início do reinoda glória para os crentes. "Estare­mos para sempre com o Senhor"(1 Ts 4.17). Na parusia Cristo es­tará visível em toda a sua glóría(Mt 25,31; Ap 1.7).

Em 1 Co 15 temos uma descricãomagistral da pamsia como o triun­fo final e completo sobre a morte.É como um drama em três atos: oprimeiro, ato do triunfo sobre amorte, foi a ressurreição de Cristo:Adão causou a morte; Cristo cau­sa o triunfo da vida (v. 22). O se­gundo ato será a ressurreição detodos os mortos e a transformacãodos vivos na imagem do Cristo ;es­suscitado (v. 12,51,52). O terceiroato será o fim (v. 24-28), quandoterá chegado o clímax, o fim oumeta a que todas as coisas estãodestinadas e são conduzidas.

"Pois é necessário que ele reineaté que haja posto todos os inimi­gos debaixo dos seus pés" (v. 25),é o domínio de Cristo que come­çou com o "está consumado", adescida ao inferno, a ressurreição,e conseqüente libertação dos ho­mens dos poderes demoníacos. Naparusia a vitória e o domínio deCristo serão manifestos publica­mente; as potestades serão apri­sionadas para sempre (Ap 22.10);a morte será aniquilada, deixaráde existir; e uma multidão queninguém pode enumerar (Ap 7.9)entrará para o reino da glória. En­tão se cumprirá o que diz o após­tolo: "Quando, porém, todas ascoisas lhe estiverem sujeitas, entãoo próprio Filho também se sujeita­rá aquele que todas as coisas lhesujeitou, para que Deus seja tudoem todos" (1 Co 15.28) .

É, sem dúvida, uma passagem di­fícil, na qual os exegetas encontramdificuldade em conciliar o conceitotrinitário de Deus, com a idéia deum membro da trindade sujeitar-seao outro. Devemos entender a pas­sagem a partir da grande verdadepara a qual se encaminha toda his-

23

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tória: "Deus seja tudo em todos"(" All in an" - "panta in pasin").Para que isto possa acontecer, istoé, o Deus triúno reinar na unidadedas três pessoas com toda glóriamanifesta em toda plenitude, o Fi­lho encarnado realizou a obra dareconciliação: morreu, ressurgiu,controla os inimigos de Deus, temos inimigos sob seus pés, dominaas criaturas com seu poder, dirigea igreja com sua palavra. Isto sechama "reino" (v. 24). Na parusia,o Filho, por assim dizer, fará pres­tação pública de contas da sua obra,ao exercer o juízo derradeiro sobreos condenados e ao devolver a Deuscomo Deus tríúno a multidão dosresgatados. Aí termina literalmen­te a obra redentora de Cristo, coma entrega do resultado da obrarealizada. A partir daí Jesus Cris­to reinará como Deus triúno, e nãomais se fala no reino de Cristo co­mo pessoa. Aí Deus é "tudo e emtodos". É como dizemos no CredoNiceno: "Cujo reino não terá fim".

CONCLUSÃO

Qual o significado do senhoriode Jesus Cristo para a vida docristão?

1. No fato de Jesus Cristo serRei é que reside o fundamento doculto cristão. Sempre que a igrejase reúne para celebrar o culto, es­tá proclamando o fim e o "fracas­so" do mundo e dos poderes domundo. O mundo tem a pretensãode fornecer aos homens uma ra­zão de vida, mas a igreja, quandose reúne em culto, renuncia aomundo, e porque ela é formada sódos batizados, afirma que a vidasó adquire sentido após a mortepara este mundo, o que acontece

24

pela ressurreição com Cristo no ba­tismo (Rm 6.4) .18

O culto proclama que Jesus Cris­to é Rei. Constata-se isto nas do­xologias (Ap 5.12; 7.10); no Glo­ria Patri e no Gloria in Excelsis.Ora, quando o culto proclama que.Tesus Cristo é Rei, está com isto ex­cluindo e eliminando todos os cul­tos não cristãos. Vale dizer, quemproclama e adora a Jesus Cristocomo Senhor e Rei, precisa renun­ciar à celebração dos cultos pagãos.É verdade que Cristo triunfou nacruz sobre os poderes demoníacos,mas estes mesmos poderes aindanão estão mortos, apesar de despo­j ados de sua força. Brincar comeles, como por exenlplo no carna­val, onde pessoas se vestem comenfeites de figuras mitológicas, éuma espécie de nostalgia do tempoda servidão. A Bíblia chama istode adultério, mesmo que só com os01hos.19

Daí concluímos que o culto, fun­damentado no fato que Jesus Cris­to é Rei, não se resume ao que sepassa dentro da igreja. O cultoabrange também a vida nos demaisdias da semana, em que todo aque­le que no templo confessou que.Tesus Cristo é Rei, agora o servecomo sacerdote (1 Pe 1.8,9) redes­cobrindo e proclamando a intençãoprimeira e última com que foramcriados os hnmens, a saber, a cele­bração da ",lória de Deus (1 Co15.28).

2. O fato de Jesus Cristo serHei, é o fundamento da celebra­ção regular da santa ceia. Sempreque falamos na ressurreição de J e­sus Cristo procuramos comprová-Iacom as evidências documentadasnos evangelhos e no restante do NT.Mas, o principal argumento em fa-

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vor da ressurreicão de Jesus Cristo,bem como de q·ue ele é o Senhor(Fp 2.11), está naquilo que a igrej afaz (ou deveria fazer) cada domin­go: a celebração da santa ceia.Quando a igreja se reúne para par­tir o pão, segundo o mandamentodo Senhor, ela não somente pro­clama sua morte, mas também dátestemunho de sua ressurreição (1Co 11.26: "anunciais a morte ... atéque ele venha"; d. Mt 26.29: "atéaquele dia ... no Reino de meuPai") .

A celebracão dominical da mortede um Senh~r que continuasse mor­to, não seria ocasião de alegria eações de graças. Lembrar simples­mente a noite tenebrosa em que elefoi traído, seria uma triste lem­brança, pois foi justamente nestanoite que o Senhor tomou o pão edeu graças e falou de sua ressur­reição (Mt 26.31,32). Isto se cum­priu de fato: "Fora por eles reco­nhecido no partir do pão" (Lc24.35).

A partir daí, os apóstolos "par­tiam o pão de casa em casa, toma­vam as suas refeições com alegriae singeleza de coração, louvandoa Deus" (At 2.46) e "persevera­vam ... no partir do pão" (At 2.42).

A Ílnportância da celebração do­minical da santa ceia para o fatode Jesus Cristo ser Rei, reside noseguinte:

1) Na santa ceia a igreja faz"anámnese" (lembrança) de Cris­to. Não se trata de uma meralembrança de fatos passados ocor­ridos na Galiléia e Jerusalém, eque envolveram a Jesus Cristo.Anámnese é a possibilidade de par­ticipar da história que se recorda.20É recordar um fato passado (mortee ressurreição de Cristo), cujos re-

sultados são presentes e dos quaisse participa.

Ao fazer na santa ceia anámne­se de Jesus (Lc 22.19) proclama-sea morte de Jesus Cristo (1 Co11.26). Portanto, trata-se dumaanámnese da cruz. Em At 20.7 es­ta anámnese acontece, não no diaem que a morte se deu, mas nodomingo. Com isto se evidenciaque no NT não se lembra a mortede Cristo sem que se comemoretambém a sua ressurreição!

2) Sempre que um grupo decristãos, por menor que ele seja,se reúne para celebrar e participarda santa ceia, Cristo, como Rei,está presente com eles, não apenasatravés daquela presença geral pro­metida por ele após a ressurreição(Mt 28.20), mas também através dapresença real, quando seu corpo eseu sangue são recebidos pelo quecomunga.

Foge ao propósito do estudo adiscussão detalhada da doutrina dapresença real de Cristo na santaceia. Seja dito apenas que a pre­senca real não se fundamenta nafé de quem comunga, e sim, napalavra de Cristo antes de suamorte: "Isto é o meu corpo; istoé o meu sangue". Quando Moisésquis contornar a sarça ardente ever como funcionava a maravilhaque via, Deus o chamou à adora­ção, mostrando que a sarça nãoera objeto de curiosidade (f;x 3.2).Assim precisa aproximar-se dasanta ceia todo comungante, paraexperimentar e sentir "o quanto oSenhor é bom ".21

O quanto o Senhor é bom, ele omostrou naquela noite terrível emque foi trai do e condenado. Aoinstituir a santa ceia, "marcou um

no futuro com todos os

25

Page 28: igreja Luterana 1983 nº1

seÚs seguidores: "Aquele dia emque o hei de beber, novo, convoscono Reino de meu Pai" (Mt 26.29).

3) Isto faz com que a santa ceiatenha caráter escatológico. Ela pro­clama e torna presente não apenaso passado, mas também o futuro.Os cristãos sãoconclamados a des­frutar já agora aquilo que Cristoalcançou para eles com sua mortee ressurreição: perdão, vida e sal­vacão. As bêncãos do futuro sãoda~las aos que ócrêem já, aqui eagora. Na santa· ceia ·os fiéis rece­bem o sinal de sua participação noreino vindouro.

Diante disto tudo, deveríamosvoltar urgentemente aos dias emque a santa ceia era celebrada do­minicalmente. Na igrej a primiti­va não encontramos indício de umdomingo sem a santa ceia. "Umculto sem a eucaristia é como umministério de Jesus sem a sexta­feira santa. A santa ceia não nosdá algo diverso do que a pregaçãodo evangelho. Ela nos dá o evan­gelho, e com ele a vida. Na prega­ção ouvimos que Jesus Cristo é Rei.Na eucaristia mostramos que oaceitmnos COlno Rei ".22

Assim, a melhor proclamação deque Jesus Cristo é Rei é a celebra­ção e participação, domingo apósdomingo, da ceia do Senhor!

3. A confissão de que JesusCristo é Rei implica profundo ze­lo para com a mordomia e amissão. A ressurreicão de JesusCristo é o aconteeirrí'ento ao quala igrej a deve sua existêneÍa. Pelaressurreição, Cristo trouxe ao mun­do presente a vida do mundo vin­douro. Pela fé temos acesso a estavida. Ressuscitamos com Cristopara que andemos em novidade devida (Rm 6.24). Ou, como disse

'<26

Luteio: "para que eulhe pertençae o sirva ... assim como ele res­suscitou dos mortos, vive e reinaeternamente ".

A certeza de que Cristo vive dáao cristão o incentivo, a força, oestínnHo para colocar tudo a ser­viço do Rei. Ha um empenho emrestaurar todas as áreas da vida(tempo, capacidade, bens) para co­locar tudo a serviço do seu legiti­mo Senhor, Jesus Cristo. Nestesentido, a mordomia cristã torna-seum trabalho feito para o Senhor,.oqual tem futuro, não sendo em vão,1 Co 15;58. E, há um galardão re­servado para todo servo fiel; umgalardão que foge a qualquer ex­pectativa de recompensa terrenaimediata, porque esta baseado nasoberania da graça, e precisa serencarado na perspectiva da eterni­dade (Mt 25.21) .23 Servir a Cristona vida de cada dia já traz em sia recompensa, pois a vida é vividaem comunhão com Cristo.

4. Confessar Jesus Cristo comoRei desperta o zelo e fervor paracom a missão. A soberania de Je­sus Cristo se estende sobre toda acriacão. Todos se encontram sob odominio de Cristo, quer o reconhe­çam, quer não (reino do poder).A "multiforme sabedoria de Deus"(Ef 3.10) deseja que todos os ho­mens conheçam "o evangelho dasinsondáveis riquezas de Cristo" (Ef3.8) para que sej am desta formatrazidos para o "reino do Filho doseu amor" (CI 1.13) - reino dagraca.c AÓ importâne.ia da missão reside,pois, no fato de que todos os queexperimentaram o amor de Cristo,investem tudo para que outros se­jam trazidos a Cristo e o confes­sem como Senhor e ReL

Como será execu:2::: ",;missionária? Fala:.::l: cc=de igreja, deveria ';':' 2: C~l:

() culto litúrgico t,a~: __,,,menos por vezesl, cc ,,-~tuma liturgia voltada fSsão? Não será nos:" __ ,gico tradie.ional um ;:,i:' ':c _ .:

~onquistar outros? :t ­todo arranj o li túrglcuto de fornia que \ei a _,_vel aos que vêm a,- ,"-'~von Allmen chama Ci

fato de que o culto i: c;'.Deus.24 Não tem, p(}I-ts.~

lidod e de conquistar os ,~ra Cristo pela simple,;:: 1do culto. O culto relu", éij1'0 dia da semana aqu2l20dos) que a igreja 2lc2=~demais dias da seman2:llho pessoal). Ela os he..::.Jpalavra e santa ceia. e ;: ~volta ao mundo, para c: ,",

forcem por atingi-Io. i"~,',cura dele pelo esforço c,'aco, para trazê-Io e reun'-Iracão, louvor e acão <:2-= .;:J:

culto da igreja. ·Chacc,s-'sdiástole da igrej a que se 'c

ra o mundo, e a sisro>dque se volta para Deu"_

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Page 29: igreja Luterana 1983 nº1

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Como será executada esta tarefamissionária? Falando em termosde igrej a, deveria ser abandonadoo culto litúrgico tradicional (aomenos por vezes), e partir parauma liturgia voltada para a mis­são? Não será nosso culto litúr­gico tradicional um empecilho paraconquistar outros? É evidente quetodo arranjo litúrgico deve ser fei­to de forma que seja compreensí­veI aos que vêm ao culto. J _J .von Allmen chama a atencão aofato de que o culto é dirigido aDeus.24 Não tem, portanto, a fina­lidade de conquistar os homens pa­ra Cristo pela simples celebraçãodo culto. O culto reúne no primei­ro dia da semana aqueles (batiza­dos) que a igreja alcançou nosdemais dias da semana (testemu­nho pessoal). Ela os habilita pelapalavra e santa ceia, e os envia devolta ao mundo, para que se es­forcem por atingi-Ia, indo à pro­cura dele pelo esforço evangelísti­co, para trazê-Ia e reuni-Io em ado­ração, louvor e ação de graças noculto da igrej a. Chama-se isto adiástole da igreja que se volta pa­ra o mundo, e a sistole da igrejaque se volta para Deus.

É inegável o valor evangelísticodo culto. Mas não se deve fazerdele o instrumento missionário. Épreciso que o povo de Deus, os ba­tizados, se congreguem dominical­mente, celebrando o culto e parti­cipando da santa ceia. Depois,nos demais dias da semana, mostreao mundo pelo testemunho pessoalde cada cristão, que em CristoDeus se revela, consumando a re­denção de todos os homens, a qualagora oferece a cada um, transfor­mando pela obra do Espírito Santo,a criação em nova criação," A FIM

DE SERMOS PARA LOUVOR DASUA GLóRIA" (Ef 1.12).

Assim, sempre mais línguas se­rão "desimpedidas" (Me 7.35) paraconfessarem e adorarem a JESUSCRISTO COMO SENHOR!

NOTA

JCitado por G. C. Berkouwer, A Pes­.':0(1 de Cristo, trad. A. Zimmermann eP. G. I1olJandcrs. São Paulo, ASTE, 1964,j). 10.

2Battista lVIondin, "Rudolf Bultmann:Demitização da Revelação e TeologiaExish-neialista". Os Grandes Teólogosdo Século Vinte. Volume 2, trad. JoséFernandes. São Paulo, Edições Paulinas,1980. D. 131.

3BerÍwuwer. A Pessoa de Cristo, p. 15.4Livro de Concórdia. Trad. Arnaldo

SchüIcr. São Leopoldo, Editora Sinodal;Porto Alegre, Concórdia Ltda., 1980, p.6"12.

5I3erkouwer, A Pessoa de Cristo, p. 68.6LiuI'0 de Concórdia, p. 634.7Ibid., p. 634.8Ibid., p. 635.9Qtto A. Goerl. Cremos, Por Isso Tam­

bém Falamos: Fórmula de Concórdia.Porto Alegre, Concórdia Ltda., 1977, p.3G.

lOLiuI'o de Concórdia, p. 644.llIbid., p. 653.12Mondin. Os Grandes Teólogos do Sé­

culo Vinte, p. 12.13Lucien Cerfaux. Cristo na Teologia

de São Paulo. Trad. Monjas Beneditinasda Abadia de Santa Maria. São Paulo,Edições Paulinas, 1977, p. 71.

14Alan Richardson. Introdução à Teo­logia do Novo Testamento. Trad. JaciC. l\Iaraschin. São Paulo, ASTE, 1956,p. 200.

15Ibid., p. 211.16J. Kuerzinger. "Descida aos Infer­

nos", in Dicionário de Teologia Bíblica.Ed. Johanncs B. Bauer, trad. HelmuthAIfredo Simon. São Paulo, Edições Loyo­Ia, 1972, L p. 520.

17John T. Mueller. Dogmática Cristã.Tradução de Martinho L. Hasse. PortoAlegre, Casa Publicadora Concórdia,1957, I, p. 307.

IBJ. J. von Allmen. O Culto Cristão.'Irad. Dil'son Glenio Vergara dos Santos.

27

Page 30: igreja Luterana 1983 nº1

A A:çÃO DE DEUS ENTRE OS HOMENS ATRAVÉSDO SEU ESPíRITO

São Pau1o, ASTE, 1968, p. 73.19Ibid., p. 84.20J. J. von Allmen. Estudo Sobre a

Ceia do Senhor. Trad. por uma equipede professores e alunos da Faculdadede Teologia da Igreja Metodista do Bra·silo São Paulo, Editora Duas Cidades,1968, p. 29.

Onde, como e por que o Espíri­to de Deus se manifesta na vida daigreja? Seriam os movimentos pen­tecostais e carismáticos verdadeirosfenômenos da atuação do Espírito?Não se assemelhariam mais a sim­ples esforços humanos sob disfarcesreligiosos? Não se estaria procuran­do achar o Espírito Santo onde elenão pode ser encontrado? Neste ar­tigo, queremos trazer mais clarezaao tema muitas vezes tão polêmico.Cremos e confessamos a doutrina doEspírito Santo.

O ESPÍRITO DE DEUS E AMISSÃO DA IGREJA

Deus sempre é e foi aquele quese revela em ação. Ao examinarmosa Escritura Sagrada, conhecemos oDeus que age: criando o mundo, cha­mando Abraão, libertando o povo daescravidão do Egito, guiando o po­vo de Israel pelo deserto à terra deCanaã, trazendo de volta os exila­dos da Babilônia, enviando seu Fi­lho para salvar o mundo, ordenan­do proclamar o seu evangelho como "Ide" e "Sereis minhas testemu­nhas".

28

21Ibid., p. 27.22J. J. von AlImen. O Culto Cristão,

j). 181.23T. A. Kantonen .• 4 Teologia da Mor­

domia Cristã. Trad. João Bentes. SãoPaulo, Editora Luterana, 1965, p. 159.

24J. J. von Allmen. O Culto Cristão,p. 86.

Rubens SchwalembergPastor em Capanema, PR

Quão diferente é o nosso Deusem comparação com as divindadesdo mundo grego. As divindades sãoestáticas, alheias a este mundo; nãoconhecem este mundo porque o con­tato com o qUe é imperfeito lhesmacularia a santidade; o mundo éque precisa dirigir-se às divindades.Com Deus é diferente! Deus, o Deusúnico e verdadeiro cria, preserva esalva o mundo através da palavra.E esta ação de Deus nos homensrealiza-se através do Espírito. Oshomens tocados pelo Espírito con­fessam Jesus como Senhor. "Nin­guém pode dizer Senhor Jesus senãopelo Espírito Santo" (1 Co 12.3).Assim o Espírito não age indepen­dentemente de Cristo. O Espíritopelo batismo incorpora os quecrêem, através de Cristo, no corpode Cristo; somos batizados para den­tro de Cristo, tornando-nos seusmembros. E neste corpo vivo não hámembros mortos. Cristo diz: "Eusou a videira, vós os ramos. Quempermanece em mim, e eu nele, essedá muito fruto; porque sem mimnada podeis fazer" (Jo 15.5).

É Deus quem nos dá a vida. Éele quem nos envia o seu Espírito

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Page 31: igreja Luterana 1983 nº1

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Santo para crermos em sua santapalavra. E é ainda ele quem deter­mina as razões da atividade do Es­pírito no mundo e entre os homens.O Espírito de Deus não "desce" parase tornar posse da Igreja ou parasimplesmente excitar com dons ex­traordinários os sentimentos de al­guns cristãos. Acima de tudo o Es­pírito, através da palavra e sacra­mentos, vem para ficar com a igre­ja na sua missão de anunciar o evan­gelho a todos os homens, de fazerdiscípulos de todas as gentes.

O ESFORÇO DO HOMEMPARA SE APOSSARDO CÉU

Em se tratando da ação do Es­pírito de Deus na vida da igreja edos cristãos, convém desde já apon­tar para a realidade de uma :"gera­ção incrédula e perversa" que pro­cura somente sinais miraculosos,que quer "sentir" Deus em suas vi­das, rejeitando o maior sinal dapresença e atuação de Deus: a men­sagem do Cristo crucificado e res­suscitado·.

Deseja-se ardentemente recebersinais visíveis da ação do Espíritopara se certificar da graça de Deusem sua vida. Querem provas "palpá­veis". Demonstram com isso a ín­dole dos pagãos que ensinam que ohomem pode, através do próprio es­forço, desvendar o mistério de Deuse apossar-se do céu. No entanto, sealgum tipo de espírito é capaz de"descer" sob a influência dos dese­jos humanos e obras humanas, nãohaverá de ser o Espírito Santo. Oque existe na realidade é uma cari­catura da obra do Espírito e que ou­tra coisa não é do que o esforço doespírito humano sob um disfarce re-

ligioso. E, apesar de todo cresci­mento do pentecostismo, não se ve­rifica na prática a presença dos ver­dadeiros frutos do Espírito. Provadisto é o insistir das seitas de que ohomem deve procurar o EspíritoSanto através da exacerbação dasemoções. Assim busca-se o Espíritoonde não é possível encontrá-Ia.Quando nos esquecemos de que nemsempre o Espírito opera a fé, se­não só onde e quando a Deus aprou­ver, e acharmos que ele deve viratravés da nossa pregação; procurá­10 em revelações particulares; rece­bê-Ia por meio de preparativos, pen­samentos e obras próprias, sem a pa­lavra externa do evangelho, é pro­curar o Espírito onde ele não querser encontrado.

OS DONS DO ESPÍRITO

O Espírito Santo deseja que oprocuremos na palavra e sacramen­tos. Ali ele se nos revela como Deus,verdadeiro Deus, doador da fé, san­tificado·r, capacitador de dons e di­namizador do trabalho da igreja. Eé isto que nós queremos. Que o Es­pírito nos faça confessar sempre Je­sus como Senhor e Salvador; quenos faça perseverar na doutrina dosapóstolos, na comunhão, no partirdo pão e nas orações.

Poderíamos classificar os donsdo Espírito em dons gerais e parti­culares.

Confessar o nome de Jesus é umdom geral. Quando estudamos o ter­mo bíblico "estar cheio do EspíritoSanto" vemos que se refere a umdom de Deus relacionado sempre denovo a alguém que demonstra suafé, que proclama o nome de Jesuscom uma ousadia toda especial.

29

Page 32: igreja Luterana 1983 nº1

Trata-se da promessa' de Cristo deque receberíamos poder para teste­munhar. Portanto, estar cheio doEspírito, em si, não quer dizer rea­lizar obras miraculosas, mas é tera alegria, ousadia e plena convicçãono coração para testificar de Cristoe da nossa fé aonde estivermos, emmomentos favoráveis ou adversos,"Não podemos deixar de falar dascoisas que vimos e ouvimos" confes­saram os apóstolos Pedro e João.Que Deus também nos aumente ofervor para cumprirmos o nosso de­ver de proclamar o seu evangelhopela pregação do mesmo e testemu­nho de boas obras. "Nós que conhe­cemos brilhante luz da fé, nas tre­vas deixaremos aquele qUe não. crê?Sem mais demora vamos falar-lhe doperdão, que por Jesus gozamos: aeterna salvação".

Com respeito aos dons parti­culares, o apóstolo Paulo nos falaacerca do assunto em 1 Co 12. Aliconsta uma série de dons particula­res. Mas são só estes? Não. Tudo oque o cristão recebe de Deus, comoconforto da mensagem de Cristo, opróprio ofício do pastor, o ser salvodos perigos de morte poderiam tam­bém ser caracterizados como donsdivinos.

OS DONS PARTICULARES

Serviço (diaconia) - CristoJesus revoluciona o conceito de ser­viço.Cristo mesmo considera a suaatividade salvadora de serviço. As­sim, todo serviço autêntico na igre­ja deve ser feito na intenção deCristo, a de servir. E isto pode serrealizado de muitas maneiras. "Masvós não sois assim; pelo contrário, omaior entre vós seja como o menor;

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e aquele que dirige como o que ser­ve" (Lc 22.26).

Palavra da sabedoria e do co­nhecimento - seria tanto a sabedo­ria prática na vida cristã, como oprofundo conhecimento de Deus emsua palavra.

Fé - significa confiança naspromessas de Deus. Poderíamos fa­lar de fé que Se apropria da salva­ção, e a fé como dom particular navida cristã, podendo se apresentarcom diversas intensidades. A fé é umdom continuamente exercido. pelopovo de Deus, não para espetáculos,e sim para o bem, a salvação domundo e dos homens. A fé a quese refere Paulo. acontece tambémnos dias de hoje. Na realidade, omundo é sustentado pela igreja deDeus, quer se reconheça isto ou não.

Dons de curar e operações demilagres - Este dom se manifestana eliminação do mal, na expulsãodos demônios, na restauração domundo. Também neste caso estesdons devem relacionar-se com o mi­nistério de Cristo. Jesus, nos diasda carne, não eliminou a doença, ador e a morte. Esperar, simplesmen­te, que o Espírito de Deus nos cureas enfermidades corporais, como se,num ato de magia, descesse sobrenós em virtude de nossas insistentesorações, seria desvirtuar completa­mente o minitério de Cristo.. Os si­nais por ele operados eram exempla­res esporádicos daquilo que um diase ofereceria em toda plenitude, ouseja, a esperança de um mundo res­taurado, a bem-aventurança eternaonde não haverá sofrimentos, nemdor, nem morte, nem prantos. Narealidade, a igreja e os cristãos têmos dons de operação de milagres ede cura quando repelem as trevas e

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Page 33: igreja Luterana 1983 nº1

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todO'o mal, bem como' a sentença demorte eterna da lei divina com amensagem do Cristo crucificado eressuscitado. E Lutero nos diz quea boa e misericordiosa vontade deDeus sucede quando ele desfaze im­pede por sua palavra todo mau con­selho e vontade dos que não nos que­rem deixar santificar o seu nome,nem permitir que venha o seu rei­no, tais como a vontade do diabo, domundo e da nossa carne.

Profecia - Toda a proclamaçãodo plano da salvação de Deus é pro­fética. Proclamamos aquilo queCristo Jesus fez e ainda fará pornós e pela sua igreja! Profetizamosda salvação obtida pelo cordeiro deDeus uma vez por todas; do futuroem que se aguarda com expectativaa sua segunda vinda, a ressurreiçãoda carne, o juízo e a restauração detodas as coisas. Esta é a mensagemda profecia; tudo que ultrapassa es­te limite não é de origem divina.

Discernimento do Espirito ­Na sua etimologia, significa a capa­cidade de distinguir b bem e o mal.O dom ao que parece se referir oapóstolo Se relaciona a se observara qualidade da mensagem pregada.O nome de Deus é santificado entrenós quando a palavra de Deus é en­sinada clara e puramente.

variedade de linguas - O ter­mo "línguas" aqui não designa idio­mas falados ou estruturados. Mes­mo assim, as seitas chegam ao cúmu­lo de comparar estas línguas (indi­viduais, não destinadas, a transmitirmensagens a outros, necessitam dodom especial de interpretação) como que aconteceu no Pentecostes. Le­do engano. Lá aconteceu a divulga­ção da mensagem de Cristo nas lín­guas conhecidas dos povos, aqui o

inverso: Emsl1a· carta; o . apóstoloimpÕe muitas restrições· a este dom,chegando a confessar qUe preferiafalar na igreja cinco palavras como seu entendimento para instruiroutros, a falar dez mil palavras emoutras línguas (1 Co 14.19), Infeliz­mente, .o pentecostalismo trata des­te dom como um sinal de se ter ounão a habilitação do Espírito San­to. Muito cuidado! Quando este .dompassa a ser ostentação como sinalde se receber o Espírito; quando le­vaà discórdia, ao egoísmo, ao espí~rito sectário; quando faz pensar quese é mais santo do que os outros,não mais se trata do dom do Espí­rito, mas de qualquer outro espíri­to L Vai se tornar perigo para a pre­gação do evangelho, pois será sinalde heresia e de um "espiritualismo"não bíblico!

O amor - O mais excelente dosdons - O maior dos dons. Transfor­ma os demais dons em meios atra­vés dos quais servimos ao mundo naproclamação da mensagem salvíficade nosso Deus, Um dos meios a ser­viço do amor é o' dom de falar. Porisso, ainda que se fale em· línguasdos homens e dos anjos, se não ti­ver amor, as minhas palavras serãocorno o barulho do gongo ou o som,do sino. Se não. ,tiver amor, mesmoa fé, no exemplo daquele que tem opoder de transportar montes ou rea­lizar feitos espetaculares, nãO bene­ficia ninguém, senão aquele que osrealiza. Se não tiver amor, mesmoo distribuir dos bens aos pobres pOrode evidenciar apenas a generosida­de do doador do qUe visar ao bemestar dos beneficiados. Se não tiver­mos amor nada seremos, O amorprocura servir para o bem do pró­ximo. É o maior dos dons É o pri-

31

Page 34: igreja Luterana 1983 nº1

meiro a ser pracurada. lt a caminhasabremada excelente para a edifica­çãa da igreja e das cristãas.

UMA PALAVRA FINAL

Quanda a igreja, quanda nós,servos de Cristo, pudermas dizer:"Senhor, nós te ha vemos glorifica­da, e não a nós mesmas; fizemas aabra que nas canfiaste, e não a quepracuramas para nós mesmos; nósmanifestamos a teu nome aas ho­mens, e nãa a name de nassa igre-

ja" - entãa se tarnará realidade apramessa:

"Pedirei ao Pai e ele vos man­dará o Consolador, a fim de que eleesteja para sempre convosco, o es­pírito da verdade, que o mundo nãopode receber, porque não o vê, nemo conhece; vós, porém, o cOnheceis,porque ele habita convosco e estaráem vós" (Jo 14.16,17).

Cremos no Espírito Santo. Cre­mos que Jesus é o Senhor.

LUTERO, 500 A

LCT

LUTERO E O ESPÍRITO SANTO

Porque nem tu nem eu jamais poderíamos saber algo a res­peito de Cristo ou crer nele e conseguir que seja nosso Senhor, seo Espírito não no-lo oferecesse e presenteasse ao coração pela pre­gação do evangelho. A obra foi feita e está completada; poisCristo nos obteve e conquistou o tesouro por sua paixão, morte,ressurreição, etc. Se, porém, a obra ficasse oculta, de forma queninguém soubesse dela, seria vã € perdida. Ora, para que esse te­souro não ficasse sepulto, mas fosse aplicado e fruído, Deus envioue fez proclamar a palavra, e nela nos deu o Espírito Santo, a fimde fazer-nos ver tal t'esouro e redenção e torná-Io propriedade nossa.Santificar, por isso, outra coisa não é que conduzir ao SENHORJESUS, para receber esse bem, ao qual não poderíamos chegar pornós mesmos.

- Livro de Concórdia, 452

32

Ao falar de Lutero C'~~'

sua importante contri:'~;2no de religião atra\'és decatecismos é logo lem"-:::-::.,porém, quer·emos corl~7 2,numa outra perspecti-.·s 'siderado o grande ÍL:::d::.d

cola pública municipa:..Lutero propôs que s:: 2­

conventos católicos TOS:: C"1

das por um sistema de e7:,

cas que tivesse uma ed·...:.:3.,nista compulsória, i::c:~:~';gião. Suas idéias educ2,.::;tram-se espalhadas ;'7>dência que manteve cc~.mo Bugenhagen. _""~'7~:::""Brenz e Hesz. Este::::. ",,,"dor,es constantememe :::':"conselho de LuteI'o. t:: :2~,,,experiências. Nesce 2':'~_':::J_transcrever o que L'.:.~'":":,seu" Sermão aos Se~'.:-.::2=

ros de Todas as C:::::.:::es

Page 35: igreja Luterana 1983 nº1

LUTERO~ O EDUCADOR

__ : :-:-. ::.:-á realidade aI.~

- -. e ele vos man­~ a fim de que ele

~:::::~~ convosco, o es­=- ue o mundo não

"-~. ..:.enão o vê, nemx ,~~ o conheceis,

:c'm"osco e estará

=- ';:;'Lrito Santo. ere­: : Senhor.

algo a res­:" Senhor, se

",-:~:' pela pre­- ,""~:2.da; pois

: ":~ão, morte,-~ :orma que'- : ~e esse te­

=2U5 enviou':::.nto, a fim.~::2.denossa.

: SENHOR- :: :negar por

452

LUTERO, 500 ANOS

Ao falar de Lutero como educador,sua importante contribuição ao ensi­no de religião através de seus doiscatecismos é logo lembrada. Aqui,porém, quer·emos conhecer Luteronuma outra perspectiva. Ele é con­siderado o grande fundador da es­cola pública municipal.

Lutero propôs que as escolas dosconventos católicos fossem substituí­das por um sistema de escolas públi­cas que tivesse uma educação huma­nista compulsória, inclusiv€ de reli­gião. Suas idéias educacionais encon­tram-se espalhadas pela correspon­dência que manteve com líderes co­mo Bugenhagen, Amsdorf, Jonas,Brenz e Hesz. Estes e outros educa­dor·es constantemente procuraram oconselho de Lutero, trocando idéias eexperiências. Neste artigo, queremostranscrever o que Lutero falou emseu "Sermão 'aos Senhores Conselhei­ros de Todas .as Cidades e Terras

Ari GuethsPastor no Rio de Janeiro, RJ.

Alemãs, Para Que Criem EscolasCristãs e as Mantenham", sermãoproferido em 1524. Os textos que ci­tamos são extraídos da obra O QueLutero Realmente Disse, de GottfriedFitzer (tradução de Ernesto J.Bernhoeft e Marcos Santarrita. Riode Janeiro, Civilização Brasileira S.A, 1971).

Em 1524, Amsdorf fundou a primei­ra escola lut·erana na cidade de Mag­deburg. Iniciou-se, assim, a criaçãode uma série de escolas elementareqque contribuíram decisivamente parao sUcesso da Reforma na Alemanha.Porém os leigos da igr-eja não esta­vam convencidos de que valesse a pe­na despender grandes somas na edu­cação. Por esta razão, Lutero partiuem defesa das escolas, dizendo:-. Há grandes receios de turcos, guer­ras e enchentes, pois nestes casos secompreende bem qual é o prejuízo eo .que dá lucro. O que, porém, o

·33

Page 36: igreja Luterana 1983 nº1

diabo tem em mente aqui, ninguémvê nem teme; e ele toma posse, si­lenciosamente. Seria bom e justo, dequalquer forma, que sempre que sedê um florim para a luta contra osturcos, se dêem cem para a educação.Mesmo que os turcos já estiv€ssemàs portas, devíamos ao menos dar edu­cação a um rapaz, a fim de fazer deleum bom cristão, porque um bom cris­tão traz mais proveito do que todosos demais homens sobre a face daterra. Por esta razão, peço-vos, meusqueridos senhores e amigos, que peloamor de Deus e por esta pobre ju­ventude, não menosprezeis este as­sunto, como fizeram tantos que nãopercebem o que o Príncipe das Tre­vas tem em mente. Pois se trata d,eum assunto de grande importância,pelo qual Cristo e todo o mundo mui­to se interessam - que se ajude àgente jovem e a acons·elhe. Comisto, também nós nos ajudamos.Amados senhores, já que precisamosdespender. anualmente, tanto com ca­nhões, estradas, passagens, diques einúmeras outras coisas idênticas, pa­ra que a cidade goze, por algum tem­po, de paz e não seja incomodada,por que não deveríamos despendermuito mais, ou pelo menos a mesmaimportância, em favor de nossa ju­ventude necessitada, mantendo um oudois homens capazes como mestres?(pág. 165).

Havia bons professores e grandeparte das crianças não tinha umainstrução adequada. Por que nãoaproveitar estes dons que Deus con­cedeu à igreja e suprir necessidadestão pr·ementes? Lutero falou:

""'"Já que Deus tão ricamente nosagraciou, e nos deu um bom númerode homens idôneos para ensinar ànossa gente jovem e educá-Ia reta-

34

mente, necessário se faz que não dei­xemos escapar, com o vento, tão ma­ravilhosa graça de Deus, e que nãodeixemos o Senhor bater em vão ànossa porta. Ele está à porta, e ben­ditos seremos se abrirmos. Ele nossaúda; bem-aventurados os que res­ponderem. Se deixarmos passar estaoportunidade, quem poderá fazê-Ioretornar? " aproveitai a graça -e apalavra de Deus, já que estão aces­síveis. Uma coisa deveis saber: apala vra e a graça de Deus são comoum aguaceiro, que não volta paraonde já caiu uma vez (pág. 166, 167).

Lutero -e seus colaboradores adap­taram os currículos das escolas hu­manistas de então às necessidadesespecíficas da Reforma. A escola foidividida em três níveis:

1Q nível - EJementarien - ondeo aluno ficava três anos estudando·especialmente o latim. Quase nãohavia instrução formal de gramática,mas o aluno sabia ler e escrever emlatim regularmente. Também deco­rava partes do Catecismo e algunsSalmos. Recebia alguma instruçãomusical.

2Q nível - Secunda - onde já -es­tudava autores latinos. ~nfase espe­cial era dada à gramática, à compo­sição em prosa e verso, e à música.

3Q nível - Summa - onde as prin­cipais disciplinas eram a composição,a oratória e a música.

Normalmente, os três níveis tinhamsuas aulas numa mesma sala. Asaulas iniciavam às 5h30min no ve­rão e às 6h30min no inverno. Todoo ensino era em latim, sendo quemuito tempo era dedicado à instru­ção de religião. Havia um culto diá­rio na igreja com a participação detodos os alunos. Também estudava­se matemática e ciências.

Lut.ero sempre ' .. 'tância ao aprendi;:';."c:go e hebraico. O l~:::-:-, ,,:-:0 ,

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Page 37: igreja Luterana 1983 nº1

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Lut-ero sempre deu muita impor­tância ao aprendizado do latim, gre­go e hebraico. O latim era a línguaintemacion:Üda época. Todos o es­tudavam com prazer. Os dois outrosidiomas eram ensinados apenas nos\Últimosanos da escola pública e eramdisciplina essencial nos cursos de ní­v-eI superior. Diz Lutero:

_ Vamos abrir aqui os olhos, rendergraças a Deus pela fina jóia e segu­rá-Ia bem, para que ninguém nospossa roubá-;a, e que o diabo sofrapor sua maldade. Porque uma coisanão podemos negar: mesmo que oevangelho só venha através do Espí­rito Santo, -2 ic.'so diaricmente, dequalquer forma vem por meio da lín­gua, e por ela aumenta sua influên­cia, e tem de ser mantido em açãopor ela ... Quanto mais amarmos oevangelho, tanto mais deveremosater-nos às línguas. Pois não foi emvão que Deus mandou escrever suaEscritura somente em duas línguas,o Velho Testamento em hebraico e oNovo em grego. Essas línguas queDeus não despreza, mas elegeu aci­ma de todas as outras, nós teremosde honrá-Ias perante todas as de­mais _.. E vamos gravar bem o quefoi dito: que o evangelho jamaisserá mantido sem as línguas. As lín­guas constituem a bainha dentro daqual se guarda a navalha do EspíritoSanto. São o cofre onde se depositaa jóia. São como a vasilha ondoeseguarda a bebida. São a despensa on­de se guarda essa comida ... Poristo, é certo: onde não permanece­rem as línguas, periclitará, por fim,o evangelho (pág. 169).

A escola luterana, além de investirem recursos humanos e aprimorar oseu currículo, procurou aparelhar-sesempre da melhor forma possível.Lutero insistiu em que as escolas ti-

vessem salas e materiais didáticosadequados. Falou também sobre anecessidad-e de terem bibliotecas.Ele afirmou:

c" Devemos dar atenção ainda, comtodos os que por isso sintam amor esatisfação, a que tais escolas sejamcriadas e mantidas ... sendo neces­sário não pouparmos trabalho e des­pesas, pois precisaremos de boas bi­bliotecas e livrarias, particularmentena:; grandes cidades, que para issopossuem recursos. Porque, se quiser­mos que o evangelho e as diversasciências sobr-evivam, livros e escrito­res têm de ser editados (pág. 171,172).

Lutero revolucionou o sistema edu­cacional vigente em diversos aspec­tos. Um dos mais relevantes, talvez,foi sua ênfase na educação r-egularnão apenas de rapazes, mas tambémdas moças. Desde 1520, falou sobreo assunto apelando para que a edu­cação delas não fosse negligenciada.Quando, em 1524, pregou sobre a ne­cessidade da criação de escolas, disse:- Isso já constituiria motivo suficien­te para criar as melhores escolas, tan­to para rapazes como para moças, emtoda parte, a fim de que o mundo,para poder preservar melhor, exte­riormente, seu -estado profano, suprasua necessidade de homens e mulhe­res capazes. Precisamos fazer algu­ma coisa para a boa educação e ins­trução dos rapazes e moças, a fim decons-2guirmos homens capazes de go­vernar país e povo, e que as mulheresestejam aptas a assumir a responsa­bilidade da casa, dos filhos, dos em­pregados, da educação e da ori-entação(pág. 170).

As idéias educacionais de Luterolevaram tempo para serem assimila­das. Só em 1533 temos notícia da

35

Page 38: igreja Luterana 1983 nº1

DATAS HISTóRICAS DO SÉCULO DE LUTERO

criação de uma escola especial paramoças em Wittemberg. Esta -escolacaracterizou-se pelo tratamento cor­tês dedicado a elas, com puniçõesbem menos sev-eras que nas escolasdos rapazes.

Outro aspecto inédito das escolasque seguiram a orientação de Luteroé que, em algumas cidades, não semalguma resistência, os cofres públi­cos passaram a providenciar bolsasde -2studo para alunos carentes. As­sim, a educação deixou de ser privi­légio de uma minoria abastada.

Encontramos, porém, um outro as­pecto singular no pensamento de Lu­tero como educador. Ele preocupou­sé '2m providenciar educação "doberço ao túmulo" para todos, ind'is­tintamente. Assim, preleções espe­ciais para adultos foram criadas soba sua orientação. Estes cursos foramdados por advogados, médicos, pasto-

1483 10/11

1484

1488

1492

1497

1497 16/2

res, e tiveram grande aceitação. Fo­ram recebidos sempr-e com muito en­tusiasmo.

O impacto do excelente sistemaeducacional que Lutero organizou foilogo sentido no grande crescimentodo movimento da Reforma. A lide­rança de leigos, senhoras, jovens ecrianças que passaram por suas es­colas, resultou em congregações for··tes e hem enraizadas no evangelho.Lembremo-nos desta herança deixa­da por nosso Reformador ao discu­tirmos os muitos problemas que en­frentamos em nossas congregações.Lutero reconheceu na criança -em de­senvolvimento o futuro homem adul­to. Com o apoio de uma sólida edu­cação cristã e secular recebida naescola luterana, esta criança passou aservir a seu Deus -e Salvador e tor­nou-se, depois, um cidadão que con­tribuiu significativamente para obem-estar de sua igreja e sua nação.

- Nascimento de 149929/5 - Nasce Catarina deLutero, em Eisleben,

Bora, .futura esposaAlemanha; pais:

de LuteroHans e Margarethe 150022/4 - Descobrimento do- Pais de Lutero

Brasil, por Pedramudam para

Alvares CabralMansfeld 1501maio- Lutero estuda em- Lutero entra na

Erfurt, 1<1contactoescola em Mansfeld

com a Bíblia- Descobrimento da

150229/9 - Lutero recebe oAmérica por

título de BacharelCristóvão Colombo

em Artes- Lutero, aos 14 anos,

15057/1 - Lutero recebe oestuda em

título de Mestre

Magdeburg

em Artes

- Nasce Filipe

15052/7 Lutero decide serMelanchthon,

mongeamigo e auxiliar de

150517/7 - Lutero entraLutero

no mosteiro dos

1507 2/4

1508

out.

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9/10

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6/8

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Páscoa

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31/10

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4-14/7

1520

agosto

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6/10

1520

10/10

1521

27/1

1521

16/4

1521

17/4

1521 18/4

saceri::::~ ":;,­1~?- :'.!:=--~:.

Lut.e:r: =::-:::ProL e= .,~

- Lutero :.=-:~licões s:'::~

- Lute:'c -~':;'_~

- Lut~r: :e:~de Do::::: ~Teolcg';~

- Lute:r.: ,=-,-,-.5

SalnlCS

- Luter: ,o:c:;i

Roma::::- Luterc e:;:-:.

Gálat3.s

- LuterG f:;:~Hebre'.:.s

- Erasm: -õ±Novo 1"",,:',;;;Grego

- Lutem =:3~teses:: i!::::.,:Refor:::.,,-

- LutercHeidel":::",,:;

Luter: ::::.:;Dr . .t.c:: ,:

- Lutero s~jcarta. ê. ::,

Alemã

- Escre"';'e:: ~"Du Cs.:::·;''S:Babilôr .. : :-

- Queí=2.i"

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- Lute:-: '=:::;::

Worrr..s

- r~t~·~;:2~:~imDer2.;:"= .~em w:::-::::::::;

- 2" 2.:::':'~".::::::Lute:: ~'O'

Diet::::'e ~

36

Page 39: igreja Luterana 1983 nº1

1531-45

1523 Pent.

1522 1-613

- Lutero deixa Worms- Lutero é "raptado"

e escondido nocastelo de Wartburg

- Lutero deixa ocastelo de Wartburge vai a Wittenberg

- Lutero edita o NovoTestamento emlíngua alemã.

- Lutero edita: "DaOrdem do Culto".

- Guerra dos colonos- Lutero casa com

Catarina de Bora- Lutero compõe o

hino "Castelo Forte"(1528? )

- Lutero edita, emjaneiro, o CatecismoMenor, e em abril, oCatecismo Maior

- Disputa comZwínglio

16/4-4/10 - Lutero em Coburg20/1-19/11 - Dieta de Augsburgo25/6 - Leitura da Confissão

de Augsburgo-- Lutero escreve o

comentário sobreGálatas

- Melanchthonescreve a Apologiada Confissão deAugsburgo

- Edição da Bíbliacompleta em. línguaalemã, tradução deLutero

- Lutero lança osArtigos deEsmalcalde

- Concílio de Trento- Morte de Lutero- Edição do Livro de

Concórdia, quecontém todas asConfissõesLuteranas;traduzido e lançadono Brasil em25/6/1980.

sei.

1534

1537

1546-63

1546 18/2

1580 25/6

1531

1530

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1530

1529 1-3/10

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1525 13/6

1522

1521 26/4

1521 4/5agostinianos emErfurt

- Lutero comosacerdote, oficia1'> MissaLutero torna-seProf. em Wittenberg

- Lutero inicia suaslições sobre a Biblia

- Lutero vai a Roma- Lutero recebe título

de Doutor emTeologia

- Lutero expõe osSalmos

- Lutero expõeRomanos

- Lutero expõeGálatas

- Lutero expõeHebreus

- Erasmo edita oNovo TestamentoGrego

- Lutero fixa as 95teses; inicio daReforma

- Lutero disputa emHeidelbergLutero disputa comDr. Eck, em Leipzig

- Lutero se dirige, emcarta, à NobrezaAlemã

- Escreve o tratado"Do CativeiroBabilônico"

- Queima da BUlapapal: "ExsurgeDomine"

- Abertura da Dietade Worms

- Lutero entra emWorms

- 1', audiência deLutero diante doimperador Carlos V,em Worms

- 2', audiência deLutero diante daDieta de Worms

H>21 18/4

1507 2/4

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out.

1509 15101512

9/10

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Páscoa

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Páscoa

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agosto

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6/10

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27/1

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16/4

1521

17/4

,·_:2 aceitação. Fo·:-~ com muito en-

- ~;3.sceCatarina de:::Jra, futura esposa:= Lutero:escobrimento do:::::-asil,por PedroL·;·ares Cabral

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Page 40: igreja Luterana 1983 nº1

ATUALIDADES

PROGRAMAÇAO IELBJ83

Sobre a programação nacional daIgreja Evangélica Luterana do Brasil(IELB) para 1983- ano do 59 cente­nário de nascimento de Lutero - al­guns lembretes:

1 - Lema do Ano: "O justo viverápor fé" - Romanos 1.17

2 - Culto de Abertura: O iníciooficial das comemorações do "Ano deLutero" acontec-eu no dia 2 de janei­ro/82, com um Culto Festivo em to­das as congregações da !ELB.

3 - Concurso: O "Concurso 500Anos de Lutero" continuará ao longode 83, com as categorias: 1) Poesia;2) Crônica; 3) Ensaio.

4 - Livretos: No folheto "Lutero:500 Anos - Programa Nacional 1983"- que foi enviado a todos os pastorese professor·es, congregações e escolasda IELB - encontram-se amplas in­formações sobre o lema, Lutero, igre­ja, concílio, objetivos, metas, diretri­zes do concurso, oferta especial, lite­ratura e calendário das comemora­ções/83.

O folheto "Lutero: 500 AnosConcílio Nacional de Obreiros"

38

que foi enviado a todos os pastores eprofessores - apresenta as informa­ções e agenda do encontro, qu·e acon­tecerá de 26 a 31 de maio de 1983,emFlorianópolis, SC. O folheto "Devo­ções Domésticas" fala sobre a neces­sidade e importância do culto no lar,como também apresenta uma série desugestões práticas para que o "emcada lar um altar" possa ser umarealidade,

5 - Culto de Encerramento: O en­cerramento oficial das comemoraçõesde 59 centenário de Lutero deveráacontecer, em todas as congregações,no dia 01 de janeiro de 1984.

6 - Convenção Nacional - Acon­tecerá em janeiroj84. Será o encer­ramento oficial das programações emtorno do 59centenário do Reformadorpela IELB. Os estudos doutrináriosterão por fundo as palavras do lema:"O justo viverá por fé".

7 - Informações: S.e você quer re­ceber maiores detalhes sobre toda aprogramaçãoj83 da !ELB alusiva ao5'1centenário de Lutero, dirija-se aospastores -e professores das congrega­ções e escolas, ou escreva para a

Comissão 3CC ;.":: =-;

Caixa Post~ ::_93.000- São L,:::_::I

OBJETIVOS E MEIAS DiIGREJA EM 83

A Igreja Evangélic.::. :L __

Brasil (!ELB) colocou.alguns objetivos gerais e =:e,cíficas neste ano do 5 <2':: - ',-=

nascimento de Lutem ~~(guintes:

Objetivos

1 - Conhec-er a obra q',:,::"-'lizou na igreja a::-~.,=0

tero2 - Analisar a histór-:::, :.;;

de ontem e hoje3 - Examinar a Pala','::-~:

exposta nos escrHc: =-E

e nas Confissões L.:~-:-::-;4 - Mostrar a urgência ::0

cumprir a ordem ::--~dora de Cristo

5 - Sublinhar a impoc~:',::-:da um investir do:c::.~3

vocações no reino:;:; :6 - Orientar o justific.::::

na prática da mal':':=:da oferta

7 - Buscar a participa~=': jprofessores e pastc::-::omica administra:i"~ ":nária da igreja

8 - Aperfeiçoar meios,:: '::::1

para levar o evange::'.to a todos brasile il:::

9 - Definir prioridads:: ::-,~de missão, educaçA- "';1

sistência soci~. :::i:-,=';municação

10 - Agradecer a,: 5;:;:-,:-.:::- dpelas bênção.s :-'2:;:;':::"

Page 41: igreja Luterana 1983 nº1

_ -: :~s os pastores eo:~:--_ta as informa­

o _: :rJro, qu·e acon­. o_aio de 1983,em

= :folheto "Devo-::::'. sobre a neces­

=_io culto no lar,~~ ta uma série de_?ra que o "em

-cassa ser uma

=-~-:2 rramento: O en­-:s comemorações--:-Lutero deverá

::: ?_scongregações,::2 1984.

'-'3.donal - Acon­Será o enC€r­

. :"Jgramações em_' do Reformador

. _:::-s doutrinários:<avras do lema:

::;~você quer re­::-.-:-3 sobre toda a:ELB alusiva ao

=-_"~:J, dirija-se aos. -:-3 das congrega­

s: ::2-;a para a

Comissão 500 Anos de LuteroCaixa Postal 20293.000-- São Leopoldo, RS

OBJETIVOS E METAS DAIGREJA EM 83

A Igreja Evangélica Luterana doBrasil (IELB) colocou diante de sialguns objetivos gerais e metas espe­cíficas neste ano do 59 centenário denascimento de Lutero. São os se­guintes:

Objetivos

1 - Conhecer a obra que Deus rea­lizou na igreja através de Lu­tero

2 - Analisar a história da igrejade ontem e hoje

3 - Examinar a Palavra de Deusexposta nos escritos de Luteroe nas Confissões Luteranas

4 - Mostrar a urgência de a igrejacumprir a ordem evangeliza­dora de Cristo

5 - Sublinhar a importância de ca­da um investir dons, talentos evocações no reino de Deus

6 - Orientar o justificado pela féna prática da mordomia cristãda oferta

7 - Buscar a participação de leigos,professores e pastores na dinâ­mica administrativa e missio­nária da igreja

8 - Aperfeiçoar meios e estratégiaspara levar o evangelho de Cris­to a todos brasileiros

9 - Definir prioridades nas áreasd,emissão, educação, ensino, as­sistência social, finanças e co­municação

10 - Agradecer ao Senhor da igrejapela::; bênçãos recebidas.

M€'tas

1 - Devoções Domésticas em todasfamílias

2 - Cultos em todos templos, todosos domingos

3 - Estudos bíblicos em todas con­gregações

4 - Ensino religioso em todas es­colas

5 - Todos obreiros no Concílio Na­cional da Igreja

6 - Todas congr'egações formandoequipes de líderes

7 - Todos trazendo oferta especialem favor do projeto Obras deLutero em Português

8 - Todos jovens, senhoras e leigosparticipando dos congressos na­cionais

9 - Bibliotecas em todas paróquias10 - Mensageiro Luterano em todos

lares.

CONCÍLIO NACIONAL DEOBREIROS

O primeiro Concílio Nacional deObreiros recebe um destaque muitopeculiar no Programa Nacional/83que a IELB estará desenvolvendo aolongo do ano em que o luteranismocomemora o 59 centenário do nasci­mento do Reformador .

É esperada a presença de todos osobreiros, isto é, pastores e prof€sso­res, quer sejam ativos, aposentadosou licenciados temporariamente.

Acontecerá no Hotel Itaguaçu, Flo­rianópolis, Santa Catarina, de 26 a31 de maio de 1983.

O Culto de Abertura será celebradoàs 16h do dia 26, quinta-feira; o Cultode Encerramento está previsto paraas llh do dia 31.

39

Page 42: igreja Luterana 1983 nº1

Será um encontro de análise e ava··liação, de reflexão e aconselhamento,de estímulo e fortalecimento, de in­formação e orientação, de oração emeditação, de louvor e gratidão peloque temos, somos e desejamos pelagraça de Deus.

Tendo por lema as palavras "O jus­to viverá por fé", sob a temática ge­ral "Igreja e Ministério Hoje" serãodesenvolvidos os seguintes estudos:

h PARTE:O OBREIRO E SEU DEUS

1 .- O Ministério2 - O Ministro3 - O Homem

2~ PARTE:O OBREIRO E SUA IGREJA

1 - A Dinâmica Funcional da IELB2 - A Coordenação entre as Bases e

a Direção da IELB3 - Os Ofícios Religiosos4 - A Escola como Instrumento da

Igreja Através dos Tempos5 - Um Programa de Filosofia Cris­

tã de Educação6 - A Ação Educacional na Con­

gregação

3~ PARTE:O OBREIRO E SEU MUNDO

1 - A IELB no Contexto Religioso2 - A IELB no Contexto Político e

Econômico3 - A IELB e sua Presença na So­

ciedadeL.

DEVOÇÕES DOMESTICAS

A Igreja Evangélica Luterana doBrasil (IELB), em sua 48" Convenção

AO

Nacional, realizada em janeiro de1982, resolveu:

"Promov·er uma campanha de cultono lar em toda a IELB, nos moldesde "Em cada lar um altar", utilizan­do e envolvendo especialmente os lei­gos que vão de casa em casa, commaterial e cartazes que proporcionamampla divulgação. A mesma iniciaráde imediato e será intensificada du­rante o 29 semestre de 1982. Em 1983teremos como alvo colocar um devo­cionário em cada lar da IELB e cadacongregação dará constante incentivonesse sentido a todos os seus mem­bros, para que o assunto não morraou '2sfrie após a campanha."

A IELB preparou e enviou a todasas famíliasluteranas o folheto Devo­ções Domésticas, que apresenta a se­guinte matéria:- Lutero e as Devoções Domésticas- A Igreja e as Devoções Domésticas- Devoções Domésticas em todos 03

Lares- Um Modelo de Devoções Domésti­

cas- Livros para Devoções Domésticas.

A IELB (em co-edição com IECLB,coordenação da CIL), editou o devo­cionário Castelo ForteV83 com textosdevocionais de Lutero para que todasas famílias possam realizar seus cul­tos no lar.

A grande meta da IELB continuasendo: EM CADA LAR UM ALTAR.

39 ESTAGIARIOS EM TEOLOGIA

Um ano antes de sua formatura,todos os candidatos ao santo minis­tério fazem um ano de estágio. Apartir de 1983, todos os estagiáriostrabalham, em princípio, junto de um

dos 36 Conselheiros J,-'"".~;;j1983, a Faculdade de -=- e:: :minário Concórdia. ?=~= ."'..e

preparou o maior n',:;;.-:-.:sua história. São c;8 eO:.ê.;-;1

São os seguintes os :=.==s-stagiários e o local ce ::--:õ:' =.

1 . Gerson IurkErexim, RS

2. Amo Schmidt"Concórdia", Pcr:: --"

3. Natalício OsvaIdPato Bragado, PR

4. Gerson Luís Lin.c e=-.

Cascavel, PR5. Avelino Vorpage:

Vila Hauer, Curitic2. . .-6. Rudi Thoma

Joinville, SC7. Adolfo Neumann

Rincão dos Cabrais. 3,38 . Alcione Eidam

Dom Pedrito, RS9. Adalberto José Grüs.õ

Taquara, RS10. Eri Enar Borstmarc.

Assis Chateaubria:::'. -11. Sérgio Renato FIer

Ponta Grossa, PR12. Rubin Brehm

Itaguaçu, ES13. Amildo Adair SÓ;::.::':

Peabiru, PR14. Ricardo E. SandeI'

"São Paulo", Pore::'15. Egídio Valdir GrÜ..-.

Goiânia, GO16. Ingo Dieter Pietz.3c:-.

Caxias do Sul, RS17. Nereu Rui '\Veter

Campina Grande.18. Ari Grützmann

Mondai, SC19. Irving Ivo Hcpr:~

"Cristo", Portü .-=:"lee.e.20. Alindo Buss

Novo Hamburgo . __

Page 43: igreja Luterana 1983 nº1

c 2m janeiro de

'.o::-.Danha de culto=:::L3, nos moldes

. ,~: altar", utilizan-, : ,-;;::almente os lei­

'c ,,, em casa, com:, '':'2 proporcionam.':"mesma iniciará:::tensificada du­

:- :2 1982. Em 1983: )locar um devo­

,~: da IELB e cada: :::stante incentivo, :::3 os seus mem­:::'.lnto não morra: :.:npanha."

e enviou a todas-:, o folheto Devo­= ~e apresenta a se-

. " . :ções Domésticas::::-"Jções Domésticas-- ,,:::cas em todos 03

~ =>,':oções Domésti-

::: :- . = ções Domésticas.

·:-:':ção com IECLB,:::=Li, editou o devo­F:'rtej83 com textos

_ :2:'0 para que todas, '-:'. :ealizar seus cul-

:a IELB continuaLAR UM ALTAR.

.' ~ EM TEOLOGIA

::2 sua formatura,-:: ao santo minis-

- é..::l:} de estágio. A, : :05 os estagiários'.:. :ipio, junto de um

dos 36 Conselheiros Distritais. Para1983, a Faculdade de Teologia do Se­minário Concórdia, Porto Alegre, RS,preparou o maior número de todasua história. São 39 estagiários.

São os seguintes os nomes dos es­tagiários e o local de trabalho:1. Gerson Iur'k

Erexim, RS2. Amo Schmidt

"Concórdia", Porto Alegre, RS3. Natalício Osvald

Pato Bragado, PR4. Gerson Luís Linden

Cascavel, PR5. Avelino Vorpagel

Vila Hauer, Curitiba, PR6. Rudi Thoma

Joinville, SC7. Adolfo Neumann

Rincão dos Cabrais, RS8. Alcione Eidam

Dom Pedrito, RS9. Adalberto José Gross

Taquara, RS10. Eri Enar Borstmann

Assis Chateaubriand, PR11. Sérgio Renato Flor

Ponta Grossa, PR12. Rubin Brehm

Itaguaçu, ES13. Amildo Adair Schmidt

Peabiru, PR14. Rical'do E. Sander

"São Paulo", Porto Alegre, RS15. Egídio Valdir GI1Ün

Goiânia, GO16. Ingo Dieter Pietzsch

Caxias do Sul, RS17. Nereu Rui Weber

Campina Grande, PB18. Ari Grützmann

Mondai, SC19. Irving Ivo Hoppe

"Cristo", Porto Alegre, RS20 . Alindo Buss

Novo Hamburgo, RS

21. Walter Daniel de OliveiraJoaçaba, SC

22. Ivan Otto MatterTrês Vendas, RS

23 . Dieter J oel J agnowVitória, ES

24 . Cleydes KlossRiozinho, RO

25. Emir WagnerCachoeirinha, RS

26. Cláudio KurtzVideira, SC

27. Martinho F. VossIpatinga, MG

28. Neuri Eliezer SengerLinhares, ES

29. Lauro Amo PietzschMontenegro, RS

30 . Celso W ottrichBelém, PA

31. Armindo MuchCuiabá, MT

32. Renato ReschkéRio Bonito, SP

33 . Alfredo BischoffPavão, ES

34. Günther Martinho Pfluck"São Paulo", Porto Alegre, RS

35. Vilmar Ric. WagnerSalvador, BA

36. Ilvo AugustinGiruá, RS

37. Lauro Pinz WilleDomingos Martins, ES

38. Luisivan Ve. StrelowGuarapuava, PR

39. Irmo Amaldo HübnerItaguai, RJ.

MAIS 24 NOVOS PASTORES

Além dos 39 estagiários, mais 24jovens concluíram seu Curso de Teo­logia na Faculdade de Teologia doSeminário Concórdia, Porto Alegre,RS. Portanto, são mais 63 mensagei-

41

Page 44: igreja Luterana 1983 nº1

ros d'eCristoque estarão anuncian­do a palavra de Deus ao povo brasi­leiro. São os seguintes os nomes dosnovos pastores e os lugares para ondeforam chamado1S~

Samuel TimmPiedade, SP

Dari Trish KnewitzVacaria, RS

Waldir Léo SahkaTubarão, se

José Júlio BauerCandelária, RS

Aldino BorthYpacaray, Paraguai

Guido Wanderlei TommAmambai; MS

Marcos SchmidtSão Borja,RS

Donato PfluckMoinho Velho, SP

Ronaldo M. ArndtBelo Hori:zonte, MG

Paulo Zenkner ~Guaianases, SP

Mário RostItuporanga, .SC

42

AldairGundDois Vizinhos, PR

Selson PotinFortaleza, CE

Jonas FlorItacibá, ES

ErniKrebsAlto Rolante, RS

Ronaldo HoldorffAracajú, SE

Cláudio Nicolau WiltkeriArabutã, SC

Martin Kre bsMundo Novo, MS

Herberto MuchBoa União, RS

Rudi SjlenderVilhena, RO"

Edgar ZügeLeme, SP

Abílio Dias de SouzaAIvorada, RS

Otomar Walier Schlender'Governador Valadares,. MG

Elmer Teodoro J agnowPorto. Lucena, RS.

L.

VOCÊ JA LEU LUTERO"

Estamos comemora,',:::nário de nascimento de :,::

Lutero (1483-1983). :;\2::::-'-=raçÕ'2S a doutrina, o hC:~:~,:c=-:las circunstâncias e ds]v c:,:

mentos indispensáveis "-:C=~.

teranismo estão ao se'" -'-::"

vés de nossas public2J;::2' ,cam obras acerca de L '-:-::'de autoria do próprio Fé'~

1.1 - Escritos de Lê",,?

LUTERO, M. D3 Lih",:-:'.",;:

(48 páginas 13x17 .5::--:', ~Um dos mais ",'." - =

tos do Reformadc' :-:-,'= - ~'.

peja fé, somos 1i,:::-:::: ::::

pelo amor somos ::2=-' ,'oEscrito em 1520.

LUTERO, M. Da Autor:d2d(80 páginas 13x175::-' -

Page 45: igreja Luterana 1983 nº1

3:hlender:,"s.ladares,.MG~,:Qnow

=,. RS.L.

VOCÊ JA LEU LUTERO?

Estamos comemorando o 59 cente­nário de nascimento do ReformadorLutero (1483-1983). Nessas comemo­raçÔ2s a doutrina, o homem, a época,as circunstâncias e demais conheci­mentos indispensáveis acerca do lu­teranismo estão ao seu alcance atra­vés de nossas publicações. Elas abar­cam obras acerca de Lutero e obrasde autoria do próprio Reformador.

1 - OBRAS DISPONíVEIS

1.1 - Escritos de Lutero

LUTERO, M. Da Liberdade Cristã.(48 páginas 13x17,5cm) Cr$ 350,00

Um dos mais importantes escri­tos do Reformador, mostrando que,peja fé, somos livres de todos, maspelo amor somos servos de todos.Escrito em 1520.

LUTERO, M. Da Autoridade Secular.(80 páginas 13x17,5cm) Cr$ 525,00

VocêJáLeu?

o Reformador enfoca o tema sobtrês ângulos: A respeito do direitoda autoridade secular; sobre os limi­tes da autoridade secular; a respeitodo desempenho cristão do encargoda autoridade secular. Escrito em1523.

LUTERO, M. Do Cativeiro Babilônicoda Igreja. (142 páginas 13x17,5cm)Cr$ 590,00

Lutero expõe a doutrina bíblicados santos sacramentos e refuta osensinos errôneos da igrej a romana..Escrito em 1520.

LUTERO, M. As 95 Teses de Lutero.(24 páginas 8xll,5cm) Cr$ 42,00

São as 95 proposições que Luteroafixou, em 31 de outubro de 1517, àporta da igr,eja de Wittenberg, con­tra os abusos das indulgências. É oinício da reforma luterana.

LUTERO, M. Catecismo Menor.(168 páginas llx15cm) Cr$ 530,00

Um livro que ensina através deperguntas e respostas. Escrito no ano

43

Page 46: igreja Luterana 1983 nº1

de 1529, contém as partes principaisda doutrina cristã. Inclui, também,a exposição de Schwan. É o manualmais usado na instrução dos confir­mandos.

LUTERO, M. Crescendo em Cristo.(296 páginas 15x20cm) Cr$ 1.200,00

Contém as seis partes principaisda doutrina cristã do Catecismo Me­nor. Apresenta também histórias eversículos bíblicos, bem como oraçõese um vocabulário de todas as pala­vras empregadas. Cada lição é ilus­trada.

LUTERO, M. Noções Elementares doCatecismo. (104 páginas 11,5x16cm)

Apresenta, de forma concisa, osensinamentos básicos do CatecismoMenor, mais 40 histórias bíblicas,tanto do Antigo como do Novo Tes­tamento.

LUTERO, M. Castelo Forte/83.O Castelo Forte/83 é uma edição

especial, em comemoração ao 59 cen­tenário de Lutero. São 365 textos de­vocionais do Reformador. Cr$ 430,00.

1.2 - Biografia de Lutero

HASSE, R. Frei Martinho, Restau­rador da Verdade. (142 páginas 13x21cm) Cr$ 480,00

Um livro que fala da vida e obrade Lutero, analisando o contexto his­tórico, religioso e político do séculoXVI. É a obra mais conhecida e di­vulgada nos meios luteranos.

MELANCHTHON, F. Lutero Vistopor um Amigo. (54 páginas 13x21cm)Cr$ 350,00

Amigo e principal colaboradorde Lutero, Melanchthon traça osprincipais dados biográficos, faz·endo,

44

também, uma análise da atividade doReformador. É um documento his­tórico. É um escrito de alguém queviveu e lutou com Lutero. Muitasilustrações.

LESSA, V. T. LuteroTraz os principais dados sobre a

vida e a obra do Reformador, emlinguagem simples e clara. É umadas biografias mais completas emlíngua nacional.

LAU, F. Lutero. (116 páginas 15x21cm) Cr$ 880,00

Não é uma simples biografia deLutero. Além de fazer uma análisecriteriosa do mundo religioso na épo­ca da Reforma, o Autor comenta apropriedade das doutrinas ensinadaspor Lutero. É um estudo crítico.

TEITZEL, J.H. Um Homem de Gran­de Fé em Deus. (12 páginas 13x18cm) Cr$ 120,00

A vida e os ensinamentos deMartinho Lutero em quadrinhos co­loridos. É próprio para as crianças.É um livreto muito lindo.HASSE, R. Quem é Lutero. (34 pági­nas 8xll,5cm) Cr$ 42,00

O Reformador e seus objetivos,suas lutas pela preservação da igrejacristã e sua sã doutrina .. É um li­vr·eto de fácil e agradável leitura.

HASSE, R. Lutero, Um Sinal Con­traditado. (24 páginas 8xll,5cm)Cr$ 42,00

Apontando um único caminhopara a salvação do homem, Luterochocou-se com o papado da época,tornando-se um sinal contraditado. Éo homem de Deus que abalou o mun­do com a palavra de Deus.

1.3 - Confissões Luteran"C"

Livro de Concórdia (6=-=

16,5x24cm) Cr$ 4.800,00Traz os credos ecumê:, . .:I

dos os documentos conI'2::::::Igreja Luterana, bem corr:: 3'

duções às mesmas. Foi 2='-t1580, traduzido e lançad:em 1980.

MELANCHTHOó, F. AI>:~;:Confissão de Augsburgo.nas 16x23cm) Cr$ 450,00

Texto da Apologia "'::: '::~gra, sem comentários.

1.4 - Estudos sobre LuteConfissões

MUELLER, J. Th. / REH?::=IL. As Confissões Luteranasginas llx18cm) Cr$ 280,'Y

Por que, quem, onde, ~';'como foram escritas as :±"-~C'j

fissões da igreja luteran" .fvro que deve ser lido :_,.~~:3Livro de Concórdia, pois :'"fundo histórico e uma ,,''';""T,

doutrinas de cada doc1..Lm::-:-_~3sional. A segunda pan:: ::::la importância e atualids::'::- ­fissões luteranas.

PREUS, R. / WARTE. :3BOHLMANN, R. Fórmu.l3Concórdia. (79 página:: ~':Cr$ 370,00

Apresenta três im;:::-:::::saios teológicos: "A Ba::'2 -:::.....córdia", "O Caminho ::s.:=.córdia", a "Celebraçã,=" .:,d· "Ia' .

HEIMANN, L. Ed. ConD<:<:b;;

perança. (194 páginas ~:::c:~2Cr$ 250,00

Page 47: igreja Luterana 1983 nº1

.>::2 da atividade do- ..~~':documento his­

·~:o de alguém que':-:. Lutero. Muitas

.. ':ero::::3.is dados sobre a:::' Reformador, em

. -:c: e clara. É uma. ~is completas em

: 16 páginas 15x21

:.:::ples biografia de..e fazer uma análise

..:) religioso na épo­. .:;'utor comenta a::: '.\trinas ensinadas:-:'.estudo crítico.

- " 'il Homem de Gran­12 páginas 13x18

ensinamentos de"m quadrinhos co­

:. -. para as crianças..:: lindo.

o' é Lutero. (34 pági­~: 3 -i2,00

_ e seus objetivos,:'"õervação da igreja:':·.:.trina.. É um li­.' z:'adável leitura.

=-.·:-ro. Um Sinal Con­';:nas 8xll,5cm)

. .2:, único caminho::.::homem, Lutero

: ::apado da época,:.:.3.1contraditado. É

:;:le abalou o mun­:.e Deus.

1.3 -' Confissões Luteranas

Livro de Conc,órdia (684 páginas16,5x24cm) Cr$ 4.800,00

Traz os credos ecumênicos e to­dos os documentos confessionais daIgreja Luterana, bem como as intro­duções às mesmas. Foi editado em1580, traduzido e lançado no Brasilem 1980.

MELANCHTHOó, F. Apologia daConfissão de Augsburg,o. (214 pági­nas 16x23cm) Cr$ 450,00

Texto da Apologia em sua ínte­gra, sem comentários.

1.4 - Estudos sobre Lutero IConfissões

MUELLER, J. Th. / REHFELDT, M.L. As Confissões Luteranas. (60 pá­ginas llx18cm) Cr$ 280,00.

Por que, quem, onde, quando ecomo foram escritas as diversas con­fissões da igreja luterana? Ê um li­vro que deve ser lido junto com oLivro de Concórdia, pois apresenta ofundo histórico e uma súmula dasdoutrinas de cada documento confes­siona1. A segunda parte fala sobrea importância e atualidade das con­fissões luteranas.

PREUS, R. / WARTH, M.C. IBOHLMANN, R. Fórmula para aConcórdia. (79 páginas 13x23cm)Cr$ 370,00

Apresenta três importantes en­saios teológicos: "A Base para a Con­córdia", "O Caminho para a Con­córdia", a "Celebração da Concór­dia" .

HEIMANN, L. Ed. Confissão da Es­perança. (194 páginas 16x22cm)Cr$ 250,00

Apresenta os textos dos 28 arti­gos da Confissão de Augsburgo e umestudo sobre cada um dos artigos.Considerando o fundo hi'stórico, osautores fazem uma aplicação para onosso século. Além da leitura indi­vidual, é apropriado para estudo nosdepartamentos da congregação. AConfissão de Augsburgo é documen­to que mostra o que crê, ensina econfessa a igreja luterana .

GOERL, O. A. Cremos, Por issoTambém Falamos. (120 páginas 16x23cm) Cr$ 500,00

Uma exposição doutrinária dosartigos da Fórmula de Concórdia.Também faz amplo e profundo estu­do de todas as controvérsias teológi­cas do séc. XVI. Ê um dos melhoresestudos, sobre esta confissão de 1577.Também aponta para as "controvér­sias" de nosso século.

HASSE, R. (Trad.) Sejamos Lutem­nos Militantes. (8 páginas 8xll,5cm)Cr$ 25,00

A igr·eja luterana não é fruto deinovações e rebeldia. Lutero funda­mentou todos seus ensinos na Sagra­da Escritura. O privilégio de perten­cermos a esta igreja nos chama à lutae ao testemunho.BOHLMANN, R. A. Princípios deInterpretação Bíblica nas ConfissõesLuteranas. (84 páginas 16x23cm)Cr$ 370,00

Mostra que as Confissões Lute­ranas não são um padrão doutrinárioao lado da Sagrada Escritura, massão aceitas e possuem autoridadeapenas porque são uma exposição esúmula da mesma.

BOUMANN, H. J. A. A Doutrina doMinistério Segundo as Confissões Lu-

45

Page 48: igreja Luterana 1983 nº1

teranas (46 páginas 13,5x17,5cm)Cr$ 270,00

Uma pesquisa sobre o que Lute­ro escreveu e o que dizem as Confis-'sões Luteranas a respeito da doutri­na do ministério pastoral.

MONTGOMERY, J. W. Hermenêu­tica Luterana. (66 páginas 13,5x17,5em) Cr$ 260,00

Obra que analisa a maneira cor­reta de s·e interpretar as Escrituras;apresenta e comenta os grandes di·lémas de interpretação de textos bí­blicos.

REHFELDT, M. L. O Desenvolvi­mento do Conceito de Igreja Lutera­na até 1521. (52 páginas 13,5x18cm)

O autor, como professor de his­tória eclesiástica, traça o desenvolvi­mento' e a linha de transformação daigreja até 1521.

FORREL, G. Fé Ativa no Amor.(188 páginas 11,5x17,5cm) Cr$ 920,00

Trata da ética social de Lutero,o qual vivia sua fé em amor. O au­tor mostra a ética social de Luterocomo ·exemplo de conduta cristã eque, através do cristão, o evangelhopenetra na ordem social.

WARTH, M.C. A Justificação pela Fé(52 páginas 13x21cm) Cr$ 350,00

O autor faz um aprofundado es­tudo do IV Artigo da Apologia daConfissão de Augsburgo, apontandopara a capacidade teológica de Me­lanchthon, amigo e colaborador deLutero. Estudo, especialmente indi­cad'o neste ano do 59 centenário deLutero, quando a IELB escolheu co­mo lema as palavras: "O justo viverápor fé" (Rm 1.17).

46

-"••o••,_._"_._._- ,",,_=.__,._- -------------- ..----.----"

2 - OBRAS EM PREPARO

Além das obras apresentadas, sãomais de 12 títulos novos que constamno programa editorial. Alguns ·estãoem fase de tradução, outros em re­dação, e outros em revisão. Antes dofim do ano, os leitores poderão adqui­rir os mesmos.

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LU

Dificilmente r,= :::-~e da vida cristã em - __-:-:3para Jesus Cristo.assim pode haver =-- .C:-. ::,

outra. Quando se~' ..=~Lutero em seu n:s~= .:­Jesus Cristo e sua "":~- :::S

isso, ou s!eja, o q:'ce C:-::~,se confessava par:: õ::_ :;

uma ,expressão. par: .__é :

de nos. Com ISSO 1-',,::-:-:,:)

esse sofrimento e a :E:. 2'

sem a nossa partic~f::'; .:.Dpor nosso pecado, l:2::': ppensar nosso pecadc. :::':.5nós tivéssemos paz e s:-:2"que ele vive perante =:-:-]

nos considera justos -=:-:­

ricórdia divina se l·ei.~..:::-:

de Deus é fato, e :c.~,. .'c::

extra nos, o fora d~ :-:. .' 2

"Fez isso tudo em :::2"um hino de Natal c.e .::....:.;

de Lutero coloca hOJ2 - c·i"pertence o pro nob~s: -.",muita reserva e pre:.::.~;com algo que peIC2l'_,::õõ2porém, ainda faz p"':--:-:- _

obra de misericórd~2 2~.

Page 49: igreja Luterana 1983 nº1

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L.i\U SOBRE LUTERO

Dificilmente haverá algum personagem do pensamento cristãoe da vida cristã em quem todo pensamento e fé não esteja orientadopara Jesus Cristo. Todo ser-cristão é confissão de Cristo, e aindaassim pode haver mundos a separar uma confissão de Cristo da

-outra. Quando se quer dizer por fIm,·e é necessário dizê-Io, queLutero em seu mais profundo íntimo estava é preocupado comJesus Cristo e sua justiça, precisa-se esclarecer como se quer dizerisso, ou seja, o que Cristo representava para Lutero eç<;>rp.oLuterose confessava para seu Senhor, Cristo. Lutero utiliza amplamenteuma expressão para nÓs não facilmente inteligível: extra, nos, forade nÓs. Com isso Lutero quer dizer: Cristo é aquele que realizouesse sofrimento ea redenção decorrente do seu sofrimento, e issosem a nossa participação. Não fomos nÓs que tivemos de sofrerpor nosso pecado, nem provocamos nenhum sofrirpento para com­pensar nosso pecado, mas ele sofreu solitário na cruz a fim de quenÓs tivéssell10spaz e alegria. A justiça cie Jesus Cristo é uma justiçaque ele vive perante Deus, e nÓs nos tornamos justos porque Deusnos considera justos por causa de Cristo. A grande opra da mise­ricÓrdia divina se realizou' fora de nós, em Cristo. 'A' misericórdia

de Deus é fato, e não sem mais nem ,menos uma experiência. Oextra nos, o forad·e nÓs, se transforma'num pro nobis, um para nÓs."Fez isso tudo em nosso bem; vede quantoanior nos tem!", dizum hino de Natal de Lutem., Uma influente corrente da pesquisade Lutero coloca hoje todaêrifas-a no extra nos, ao qual naturalmentepertence o pro nobis; mas esse Último sÓ pode ser confessado com

muita reserva e precaução diante, de toda e qualquer identificaçãocom algo que pertencesse.<!: nÓs. Da fé Teal de ,Lutero em Cristo,porém, ainda faz parte o outro'lado: Esse Cristo que realizou suaobra de misericórdia em nós fora' de nós se torna todo nosso, nosso

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47

Page 50: igreja Luterana 1983 nº1

irmão, nossa posse, nossa salvação; Cristo também é um Cristoin nobis, em nós. Esse é o sentido da doutrina da Santa Ceia deLutero que hoje é de difícil compreensão para muitos. O fato deLutero ter-se agarrado tão teimosamente às palavras da instituição- "isto é meu corpo" -, sobretudo em Marburgo, aconteceu apenasporque ele queria e tinha que confessar que Cristo se dá inteira­mente aos seus na Santa Ceia. O mesmo Cristo que por nós morreusolitário a morte salvífica em Gólgota, numa época que não é anossa, chega perto de nós, faz da sua época a nossa época, se tornacontemporâneo nosso e s€ associa intimamente conosco. Nesse sen­tido a fé de Lutero é fé em Cristo, e a confissão de Lutero é con­fissão em Cristo. É nesse sentido que Lutero se deparou com umapalavra que se encontra em lima de suas prédicas: "Nada deveajudar senão unicamente Cristo".

A história da vida de Lutero ainda precisaria ser completadaem vários aspectos. A teologia de Lutero naturalmente poderia serapresentada com muito mais minúcias. Mas sobre o tema Luteronada há a dizer que exceda o que acabamos de constatar.

- Franz Lau, Lutera, pág. 112, 13;Editora Sinodal

f N D I C E

APRESENTANDO

EDITORIAL

L- Concilio Nacional de Obreiros da Igreja I 1ESTUDOS

- ·Sinais" e ·Dons Carismáticos· I 5- O Otrclo Real de Jesus Cristo I 13- A Ação de Deus entre os Homens através de. seu

Espírito I, 28

LUTERO: 500 ANO - (18/11/1483 -18/0211546-

11 TRIMESTRE

1983IE

U1

48

- Lutera, o Educador / 33- Datas Histórioas do Século de Lutero / 36

ATUALIDADES

- Programação IELB/83 / 38i-- Objetivos e Metas da Igreja em 83 / 39- Concílio Nacional de Obreiros I 39- Devoções Domésticas / 40- 39 Esagiários em Teologia I 40- Mais 24 Novos Pastores / 41

VOC~ JÁ LEU LUTERO? I 43

- Como invocar-iü ,

- Como ClddQ :E

- Como Oê),; ir

- Comu