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nheiro para ter foco no risco. Claro que antes havia uma gestão disto, até porque o Banco Central sem- pre teve um controle muito forte sobre os bancos. Estamos trabalhando nas adaptações de sistemas para coletar informações e saber trabalhar com elas, o que não fazíamos no passado. Além desses controles de Basileia, o Banco Central e a Receita Federal não aceitam mais o papel e não dão mais 40 dias para a instituição financeira passar uma informação do arquivo morto. Agora, o prazo de entrega de dados são 48 horas ou paga- mento de multa. Diante disso, a TI ainda precisa estar alinhada com o negócio, preocupada em ganhar dinheiro, conquistar clientes, se adequar as novas mídias, estar atenta a competitividade, tudo ao mesmo tempo. O setor financeiro no Brasil é uma refe- rência mundial devido às exigências regulatórias impostas pelo Banco Cen- tral e pelo contexto mundial, como a Basileia. Como você vê esse cenário de contro- le e até que ponto a TI entra nesse contexto? A Basileia é um conjunto de regras para normati- zar a forma de gerenciamento do risco e trata-se de uma gestão num grau de profundidade muito grande. Nos últimos 30 anos, os bancos construíram seus sistemas pensando em automação e eficiência com foco no cliente e a preocupação de proporcio- nar o melhor atendimento. Agora, nossos investi- mentos vão além disso. Desde 2000 estamos gastando um monte de di- Para onde caminha a TI nos bancos Na opinião de Gilberto Rodrigues, CIO do Banco Rendimento, a TI não faz nada sozinha. Acompanhe os melhores trechos da entrevista exclusiva em que o executivo fala dos desafios, dos riscos e da governança de TI no setor financeiro Entrevista: Gilberto Rodrigues CIO do Banco Rendimento

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Economy & Finance


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Para onde caminha a TI nos bancos

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Page 1: IFRS News Logica

nheiro para ter foco no risco. Claro que antes havia uma gestão disto, até porque o Banco Central sem-pre teve um controle muito forte sobre os bancos. Estamos trabalhando nas adaptações de sistemas para coletar informações e saber trabalhar com elas, o que não fazíamos no passado.

Além desses controles de Basileia, o Banco Central e a Receita Federal não aceitam mais o papel e não dão mais 40 dias para a instituição financeira passar uma informação do arquivo morto. Agora, o prazo de entrega de dados são 48 horas ou paga-mento de multa. Diante disso, a TI ainda precisa estar alinhada com o negócio, preocupada em ganhar dinheiro, conquistar clientes, se adequar as novas mídias, estar atenta a competitividade, tudo ao mesmo tempo.

O setor financeiro no Brasil é uma refe-rência mundial devido às exigências regulatórias impostas pelo Banco Cen-tral e pelo contexto mundial, como a

Basileia. Como você vê esse cenário de contro-le e até que ponto a TI entra nesse contexto?

A Basileia é um conjunto de regras para normati-zar a forma de gerenciamento do risco e trata-se de uma gestão num grau de profundidade muito grande. Nos últimos 30 anos, os bancos construíram seus sistemas pensando em automação e eficiência com foco no cliente e a preocupação de proporcio-nar o melhor atendimento. Agora, nossos investi-mentos vão além disso.

Desde 2000 estamos gastando um monte de di-

Para onde caminha a TI nos bancosNa opinião de Gilberto Rodrigues, CIO do Banco Rendimento, a TI não faz nada sozinha. Acompanhe os melhores trechos da entrevista exclusiva em que o executivo fala dos desafios, dos riscos e da governança de TI no setor financeiro

Entrevista: Gilberto RodriguesCIO do Banco Rendimento

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Com tudo isso acontecendo, como você avalia esse es-tágio de adaptação dessas regulamentações?Desde 1995, uma série de regras foi criada e tudo que fazíamos passava pelo Banco Central. Eu coloco o setor financeiro brasileiro em um nível mui-to bom de controle onde a adaptação para outros modelos e níveis não é muito complicado, o que é compli-cado são os volumes que a coisa co-meça a tomar. O desafio é incorporar o controle no dia a dia para, de fato, fazer uma gestão de risco e não só reportar dados para o Banco Central.

Não adianta comprar um sistema só para gerar informação e não incorpo-rar isso no seu cotidiano e trabalhar a cultura de risco nas pessoas, princi-palmente risco operacional. Tudo é muito importante, mas o risco opera-cional é muito complicado. E erro de TI vai acontecer sempre, TI é falha. Ela nunca vai conseguir entregar o backlog dos negócios, da área de risco, do compliance. O backlog de desenvolvimento da TI é tão grande que ela não consegue executar, ela precisa de ajuda e isso para mim é começar a adotar paco-tes. Acredito que vamos ver muita gente comprar as coisas prontas substituindo as antigas. Governança de TI

Com esse cenário traçado, a TI já vem trabalhando em sua governança. Mas até que ponto esse movimento pode evoluir a fim de dar suporte ao negócio?TI, por ser uma tarefa crítica, tem que ter uma metodologia, regra e controle para todas as tarefas. O nosso desafio é ter uma organização atendendo todas as regulamen-tações, pois somos auditados por tudo que fazemos. Tanto auditoria interna quanto externa, além da au-ditoria do Banco Central que segue

um script meio COBIT meio ITIL. Os bancos trabalham muito com troca de informações e elas precisam ser tratadas como missão crítica, o que justifica a necessidade de uma gestão forte. Na minha opinião, está cada vez mais difícil fazer os quebra-galhos que a TI fazia antigamente para acele-rar as linhas de negócios. Temos que fazer tudo isso sem perder a flexibili-dade e a agilidade. Então essa governança de TI seria uma ferramenta para auxiliar os CIOs de bancos a enfrentarem esse cenário de alguma maneira?A governança é importantíssima porque ela obriga a TI a se estrutu-rar, se compreender e melhorar. As regulamentações dão à Tecnologia da Informação a governança necessária, mas ao mesmo tempo, se ela não for aplicada de uma maneira correta o resultado pode engessar o negócio.

O desafio está exatamente nessa medida?Sim. É aí que surge o “alinhar a TI ao negócio”. A regra é essa e temos que adequar os dois lados para traba-lhar nesse cenário. Antes tudo era permitido, mas essas regras também vão chegar até as áreas business para que a TI não fique sozinha com a gestão do risco e que não só ela seja responsabilizada por qualquer problema operacional.

O Brasil é referência na parte de controle e governança?Eu acho que estamos num patamar muito bom. Com todas essas normati-zações e o controle do Banco Central realmente nos deixa em uma situação confortável. Existem riscos, mas eles são controlados com uma boa gestão. Acredito que isso faz parte do DNA do sistema financeiro do Brasil, que no passado precisou inovar e criar uma solução para controlar uma inflação de 1000% ao ano. Para mim o País sempre foi referência. Agora ele está

na mídia e todo mundo descobriu que o B do BRIC era o Brasil.

TI não faz nada sozinha

A saída seria uma nova postura da TI? Buscar pacotes e/ou es-tabelecer parcerias seria uma solução, mesmo não sendo a cultura dos bancos?É a nossa realidade. Na verdade, ela entrega muito mais se compararmos aos últimos anos, só que a demanda aumentou mais ainda. Além disso, tem uma gama enorme de canais eletrônicos, cada dia sai um novo equipamento e temos que adaptar nossas aplicações para rodar nos novos dispositivos, browsers, tablets e smartphones.

Imagina a legislação do Banco Central. A cada 45 dias manda uma circular informando as mudanças para uma nova versão de software, temos que falar de riscos e controles, de Basileia, de lucro e o CIO ainda precisa se preocupar em ganhar dinheiro e vencer a concorrência. A vida da TI ficou difícil e realmente precisa de ajuda. E como superar esses desafios?Alguns bancos vão fazer parcerias es-colhendo 3 ou 4 fornecedores nacio-nais/mundiais para tentar tirar algum pacote de soluções. Mas tudo isso tem que ser bem pensado para não adotar tecnologias que causam dor de cabe-ça ao invés de sanar o problema. Por isso acho que haverá um conjunto de parceiros e dali vai sair o apoio para resolver essas soluções. A partir desse cenário, qual é a lição de casa do CIO?Eu acho que é analisar as principais demandas e tentar decidir o que ele pode fazer por meio de pacote, o que é crítico e precisa manter em casa, o quanto ele vai pagar por uma solução. Fora isso tem toda a parte de infraestrutura com um forte movi-

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mento na terceirização para cuidar do operacional, que é o coração do banco. Mas a adoção não será radical, tudo que estou falando é feito com análise para ver por onde começar, a mensagem principal é que não dá para fazer tudo sozinho.

Conformidade

E na sua visão de adaptação às conformidades, como será esse cronograma do IFRS?Na minha visão o IFRS ainda nem começou. Falando do mercado em geral, os grandes bancos já tiveram que entregar seus balanços com o IFRS. Mesmo pra eles, que tiveram um apoio financeiro e condições de capital para desenvolver um bom trabalho, estão atrasando as entregas porque os resultados precisam ser avaliados e entendi-dos. É necessário interpretação das informações, ou seja, estamos num período de maturação.

Eu vejo o cronograma assim: os bancos grandes já fizeram, os médios com capital aberto estão implemen-tando neste ano e os pequenos e médios de capital fechado vão fazer logo em seguida, acredito que o prazo seja 2013. O importante é que existe um aprendizado de um para o outro, tanto do regulador quanto por parte dos bancos. O regulador também precisa olhar e aprender, entender as dificuldades de cada um para uma melhor aplicação.

No fundo, acredito que os primeiros foram os pioneiros, para os peque-nos e médios o desafio é maior porque não tem o capital intensi-vo para fazer as modificações no sistema, coletar dados que antes não eram solicitados, uma série de investimentos necessários. Essas modificações precisam ser feitas, depois o sistema precisa rodar essas mudanças para coletar as informa-ções para só então gerar o dado.

A Logica é uma empresa de serviço de negócios e tecnologia. Sediada no Reino Unido e com mais de 41 mil colaboradores ao redor do mundo, oferece serviços de consultoria, integração de sistemas e outsourcing de TI para clientes do mundo inteiro. Com forte presença na Europa, a Logica cria valores para os seus clientes ao integrar tecnologia, pessoas e processos. A companhia se destaca pelo comprometimento em manter parcerias a longo prazo com seus clientes, aplicando conhecimento para criar respos-tas inovadoras para as necessidades de negócio das companhias. A Logica está listada nas bolsas de Londres, Stock Exchange e Euronext. Mais informações estão disponíveis em: www.logica.com.br

E os benefícios, são inquestionáveis?São? Há muitos desafios, pois a mudança não é só contábil, é você começar a mostrar seus números de forma diferente, entender os resultados de maneira diferente, é mudar seu processo operacional que existe há anos. E o pior é que nada do trabalho anterior é desfei-to, se tratando de governo brasi-leiro o que vale é o atual modelo, só em 2016 é que eles pretendem convergir os sistemas. Mas uma coisa eu acho bom: ter uma norma única de avaliar os bancos, isso me parece útil. Torna mais justo e mais claro o que está se fazendo nas instituições. Mas se essa regulamentação é a melhor, já não sei dizer. Às vezes a regulamen-tação é descabida, não é conversa-da, não é explicada. Mas tudo isso é só começo e para tudo precisamos dar o primeiro passo. zz