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109Ficha de EstudoFicha de EstudoFicha de Estudo 109109

Tema

Dinâmica do Espaço Geográfico

Tópico de estudoTécnicas e Tecnologias na apropriação do espaço

Entendendo a competênciaCompetência 4 – Compreender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produ-ção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social.

Como sabemos, o mundo está em constante processo de transformação decorrente dos avanços na ciência, na téc-nica e na informação. Os meios de comunicação são responsáveis pela difusão das inovações ocorridas em todos os campos do saber e, gradativamente, são incorporadas na vida dos homens. Durante séculos, as diferentes partes do mundo estavam separadas e não havia relações significativas entre os diversos povos. Atualmente, podemos afirmar que o espaço mundial é global devido à internacionalização do comércio e das culturas, fato relativamente recente se considerarmos a história da humanidade.Compreender tudo isso e identificar as repercussões desse processo na vida cotidiana é fundamental para sermos plenamente cidadãos do mundo contemporâneo, cujo espaço se caracteriza por relações de interdependência e de desigualdade. É fundamental perceber que diferentes atores atuam nesse espaço, através da formação de redes sociais, políticas e econômicas, que disseminam as transformações técnicas e tecnológicas.

Desvendando a habilidadeHabilidade 19 – Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.

Esta habilidade implica a apropriação das noções de técnica e tecnologia, de modo que o estudante possa estabele-cer relação entre elas e as diferentes formas de uso e apropriação do espaço. Será preciso perceber que se trata de um processo histórico que ocorre nos espaços rural e urbano.

Situações-problema e conceitos básicosAs transformações no espaço geográfico estão associadas aos modos como eles são produzidos ao longo da

história. Você já pensou como o espaço pode ser produzido? E como essa produção se relaciona com as técnicas e as tecnologias?

Comecemos por esclarecer o significado desses dois conceitos, técnica e tecnologia. Os textos a seguir ajuda-rão nessa tarefa.

Texto 1

Em linhas gerais, a economia feudal se desenvolveu graças ao processo de ruralização desencadeado pela crise do Império Romano. Sem poder usufruir de baixos custos de produção obtidos pela grande mão de obra escrava disponível, os grandes proprietários começaram a arrendar as suas terras com o objetivo de, ao menos, garantir as condições necessárias para o próprio sustento. Ao mesmo tempo, a desvalorização das atividades comerciais por parte dos povos germânicos também foi de grande importância para a consolidação de uma eco-nomia predominantemente agrária.

Nos feudos, o desenvolvimento de técnicas agrícolas de baixa produtividade impedia a obtenção de exceden-tes possivelmente utilizados na realização de atividades comerciais. Ao mesmo tempo, os instrumentos de arado

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e a qualidade das sementes impediam colheitas expressivas. As terras férteis eram dividias entre os mansos senhoriais, pertencentes ao senhor feudal; os mansos servis, destinados à produção agrícola das populações camponesas; e o manso comum que era utilizado por todos habitantes do feudo.

A disponibilidade de terras férteis era preocupação constante entre os camponeses. Dessa forma, para pro-longarem o tempo útil de uma área agrícola, realizava-se um sistema de rotação de culturas. Nesse sistema, um campo tinha dois terços de sua área ocupado por duas diferentes culturas agrícolas. A outra parcela era deixada em descanso, recuperando-se do desgaste das colheitas anteriores. A cada ano, as parcelas trabalhadas e pre-servadas revezavam-se entre si, aumentando o tempo útil de um determinado campo.

Disponível em: http://www.brasilescola.com/historiag/economia-feudal.htm Acessado em: 24/05/12

2 – Retome o texto e responda: Quais as principais técnicas e tecnologias empregadas nesse exemplo de sociedade feudal?

É possível observar o uso de arado e da alternância das terras como formas de uso das terras e que se relaciona-vam diretamente à quantidade e qualidade daquilo que se produzia. Apesar de usarmos um exemplo da sociedade feudal, estamos tratando de uma realidade ainda comum nos dias atuais. Dessa forma, as técnicas e tecnologias podem ou não se alterar ao longo do tempo e sociedades na produção do espaço geográfico. O que podemos destacar é que ao longo da história o espaço geográfico tem sido habitado e modificado pelo homem.

Nesse cenário, pensando no espaço rural e suas modificações, a agricultura até o século XII se apresentava de modo rudimentar e após a Revolução Industrial (XVIII) ela se desenvolveu sob o aspecto técnico e científico. Vejamos como as técnicas de intervenções no espaço geográfico podem alterar o espaço rural. Leia sobre suas principais etapas de desenvolvimento da agricultura:

Agricultura arcaica: corresponde à agricultura mais antiga, de subsistência e de baixa produtividade, que em-prega técnicas, recursos e instrumentos rudimentares de cultivo.

Agricultura moderna: caracteriza-se pelo aperfeiçoamento de instrumentos agrícolas como o arado de aço, pelo uso de adubos e corretivos do solo.

Agricultura contemporânea: apresenta elevado grau de integração com a indústria, com capitais ou investimen-tos e com a ciência. O emprego é cada vez maior de máquinas e de produtos industriais.

Fonte: Adaptado de Coelho, Marcos Amorim & Terra Lygia. Geografia Geral e do Brasil. São Paulo: Moderna, 2003.

Os textos nos apresentam relações entre modos de produção, economia, técnicas e produção do espaço. À medida que as relações de produção foram se alterando, também se modificaram as formas de uso e apropriação do espaço. Ou seja, a maneira como a sociedade se organiza economicamente interfere nos modos como o espaço é produzido. Dentro dessa organização econômica, as técnicas e tecnologias utilizadas alteravam os modos de produção e apropriação do espaço geográfico. Você sabe o que são técnicas e tecnologias? Veja o que diz a esse respeito o geógrafo Anselmo Lázaro Branco.

As técnicas, num sentido amplo, são o conjunto de métodos e processos aplicados a uma determinada ativi-dade humana.

As técnicas são uma consequência da capacidade de pensar e criar. O geógrafo Ruy Moreira define as téc-nicas, como “as práticas de disciplinar a maneira de o homem lidar com o mundo que o rodeia”. O mesmo ge-ógrafo afirma que ao tocar um violão, expor uma ideia, plantar trigo, estamos desenvolvendo uma habilidade, uma técnica. [...]

Disponível em: http://grupo2011.pbworks. com/w/page/38503875/Sistemas%20Agr%C3%ADcolas, acesso em 25/05/12

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Ao longo da história, os seres humanos foram adquirindo habilidades e conhecimentos – métodos e proces-sos – para produzir uma infinidade de coisas e realizar uma grande variedade de atividades. Isso lhes possibili-tou, entre outros aspectos, adaptarem-se aos mais diversos ambientes que existem em nosso planeta. O homem consegue sobreviver e desenvolver atividades nos mais variados recantos da Terra. [...]

Para se adaptar a lugares diferentes os seres humanos precisaram desenvolver técnicas, ou seja, habilidades e conhecimentos para a produção de bens materiais e para a realização de atividades. [...]

Segundo Ruy Moreira, “o conjunto dos princípios que orientam a criação das técnicas de uma civilização é a tecnologia”. Atualmente, grandes empresas multinacionais, que produzem ou desenvolvem atividades de servi-ços em diversos lugares da Terra, e países desenvolvidos econômica e socialmente concentram centros de pesqui-sas nos quais trabalham cientistas e pesquisadores responsáveis pela criação de tecnologia avançada.

É ela que permite a fabricação de sofisticados produtos eletroeletrônicos e de informática, satélites artificiais, medicamentos, equipamentos utilizados na realização de exames médicos, aviões. Esses países e empresas reú-nem variedade e quantidade significativa de conhecimento tecnológico – dominam tecnologia avançada e, com isso, produzem mercadorias de alto valor.

O trabalho, por sua vez, depende das técnicas e da tecnologia desenvolvidas para retirar recursos da nature-za, para produzir bens materiais e para realizar uma série de serviços.

Assim, as técnicas, a tecnologia e, ao mesmo tempo, o trabalho vão intermediando o relacionamento das pessoas com a natureza e vão determinando as modificações que ocorrem nas paisagens.

Disponível em: http://educacao.uol.com.br/geografia/tecnica-e-tecnologia-como-o-homem-construiu-o-conhecimento.jhtm Acesso em 24/05/12

Com base no texto de Anselmo Lázaro Branco, técnica é criar um manejo, um conhecimento que possa facili-tar um determinado trabalho. Com as relações sociais ocorre a evolução das técnicas, que formam um acúmulo de conhecimento sobre as formas de trabalho.

Os avanços tecnológicos, por sua vez, permitem criar inovações na produção de bens e serviços. Na medicina, por exemplo, a tecnologia revolucionou tratamentos, criou vacinas, descobriu a cura de doenças e com tudo isso melhorou a qualidade e elevou a expectativa de vida.

No entanto, é preciso notar que essas alterações não ocorrem no mundo de forma homogênea, em razão das disparidades tecnológicas decorrentes do grau de desenvolvimento econômico dos países.

Você entendeu o que são técnicas e tecnologias? Dê um exemplo do modo como elas podem influenciar a produção do espaço geográfico?

Observando as principais técnicas e tecnologias utilizadas em diferentes etapas da agricultura, é possível iden-tificarmos instrumentos e métodos de trabalho, mas como essas diferentes formas influenciam o uso do espaço geográfico?

As mudanças técnicas, a submissão ao grande capital, o aumento e aperfeiçoamento da produção e as mudan-ças nas relações de trabalho interferem no modo como as paisagens rurais se alteram. Imagine duas situações:

1o) Uma família que possui uma pequena propriedade onde cultivam o que consomem e criam alguns animais para consumo de seus derivados ou para comercializarem com os vizinhos.

2o) Um grande empresário do agronegócio que possui grandes latifúndios onde sua produção é elevada devido aos seus altos investimentos no setor.

Reflita como cada um desses atores sociais usa e se apropria do espaço rural. Quais as possíveis alterações que eles podem gerar nas paisagens rurais? Descreva como seriam as características, alterações e impactos gerados em cada um desses espaços.

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Mas essas alterações só se referem ao espaço rural? O processo de urbanização se refere às transformações ocorridas nos espaços urbanos e rurais. Hoje pensamos os dois como espaços interligados que possuem relações de interdependência.

O campo e cidade no Brasil passaram por intensa metamorfose, houve uma mudança nos seus conteúdos e nas suas formas, devido às possibilidades novas que foram se constituindo de estabelecimento de vínculos e de influência de um sobre a outra, ou vice-versa. (Disponível e adaptado de: http://www2.fct.unesp.br/nera/revistas/10/suzuki.pdf, acesso em 25/05/12)

Na atual etapa informacional do capitalismo, a rede e a hierarquia urbana se estruturaram em escala mundial, de forma muito mais densa do que em períodos históricos anteriores. A Revolução Técnico-científica viabilizou um aumento na velocidade dos transportes e das telecomunicações, reduzindo o tempo de deslocamento de pes-soas, mercadorias e informações sobre os lugares. (Moreira, João Carlos & Sene, Eustáquio. Geografia geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2004, p.482). Essa velocidade de interação altera significativamente as formas de uso do espaço geográfico. Observe a imagem.

4 – Explique e relacione a imagem com o tema de nosso estudo:

Templos para o consumoLuiz Fernando Janot

Com a consolidação da sociedade industrial, a partir da segunda metade do século XIX, diversas cidades europeias passaram por um processo radical de urbanização para se adequarem às transformações econômicas e sociais que ocorriam naquela época. Paris foi a cidade que melhor representou esse momento com a constru-ção de um espetacular conjunto de avenidas, praças, parques, monumentos, belos edifícios residenciais e uma grande variedade de lojas e magazines sofisticados. Até hoje essa valiosa imagem se mantém conservada e des-pertando admiração nos que lá vivem ou que visitam a cidade. Trata-se, sem dúvida, de uma época significativa para a evolução urbana das cidades e a valorização das suas áreas centrais.

Com o passar do tempo, novos modelos de ocupação urbana começaram a aparecer, especialmente nas cida-des americanas. Nova York, durante a primeira metade do século XX, se tornou o paradigma da cidade verticali-zada e símbolo de uma modernidade renovadora. No entanto, com a popularização do automóvel e a construção de autoestradas, uma parte considerável da próspera classe média americana optou por morar em aprazíveis bairros residenciais na periferia e se locomover diariamente para trabalho localizado no centro da cidade. Essa tendência levou grupos empresariais a construírem, às margens das rodovias, diversos supermercados e cen-tros comerciais para atender à demanda cotidiana dessa população itinerante. Da mesma forma surgiram os primeiros shoppings periféricos. Em geral, eram edificações desprovidas de qualquer preocupação estética que se assemelhavam a grandes caixas retangulares fechadas enfatizando apenas o caráter utilitário do empreendi-

Disponível em: http://meioeconews.blogspot.com.br/2011/05/mundo-globalizado-povo-atrapalhado.html, acesso em 25/05/12

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mento. Com o passar dos anos, esse despojamento inicial foi sendo substituído por projetos mais aprimorados para atrair novos consumidores.

No Rio, essa tipologia de estabelecimento comercial despontou, nos anos 1980, na Barra da Tijuca, onde o planejamento urbano privilegia os grandes espaços privados de uso coletivo como alternativa aos espaços públicos tradicionais. À medida que esse modelo foi se incorporando aos hábitos de vida da população, os em-preendimentos se multiplicaram e aquele vasto território se transformou na maior concentração de shoppings da cidade. Do dia para a noite, esses equipamentos deixaram de ser exclusivos para compras e se tornaram, também, espaços para o lazer e o entretenimento.

É verdade que, nos últimos anos, a noção de cidade vem passando por uma radical transformação. Hoje, já existe um contingente significativo de pessoas que consideram absolutamente normal viver enfurnadas em shoppings e em megacondomínios multifuncionais sem contato direto com a cidade. São pessoas que, além de adotar um comportamento segregacionista, não medem as consequências negativas que a privatização dos espaços públicos causa nas cidades brasileiras. Todavia, não se pode negar que a proliferação dos shoppings se deve, também, à paranoica procura por segurança e a sua caracterização como uma espécie de território prote-gido dos conflitos da cidade.

Atualmente, no Rio, se nota a presença de grandes shoppings em bairros pobres que sequer possuem rede de esgoto e ruas asfaltadas. O contraste perverso entre esses locais sem infraestrutura e os bem cuidados ambientes dos shoppings contribui para a valorização dos espaços privados e a desvalorização dos espaços públicos. Para os moradores dessas áreas da periferia, os shoppings são vistos como verdadeiros templos para o consumo.

Disponível e adaptado de: http://sergyovitro.blogspot.com.br/2012/05/templos-para-o-consumo-luiz-fernando.html, acesso em 25/05/12

O mapa a seguir mostra a localização dos “shopping-centers” no Brasil, em 1999. Relacione com o texto acima.

Disponível em: http://www.puc-rio.br/vestibular/repositorio/provas/

interativas/geografia/geo_obj_1.html. Acesso em 25/05/12

Registre aqui sua conclusão a respeito dos shoppings no Brasil.

Com essa temática vimos os diferentes modos de apropriar do espaço em momentos diversos da história. Vimos sobre esses usos no feudalismo, no espaço agrário e no urbano. Agora, fique com mais algumas questões para refletir e responder.

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5 – Quais os diferentes usos do espaço que o texto nos aponta? Os shoppings centers são para todos? Pense num grande centro urbano, todos o consomem da mesma forma? Quais lugares você costuma frequentar em sua cidade? Quais você não frequentaria? Justifique suas respostas.