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    180 RBCEH, Passo Fundo, v. 9, n. 2, p. 180-192, maio/ago. 2012

    Ceclia Souza Oliveira et al.

    Oficina de memria para idosos: espao para conhecimento,

    socializao e ludicidade

    Ceclia Souza Oliveira*, Sylvio Rogrio Costa**, Ingrid Cristina Santos***,Carlos Eugnio Lemos****

    * Doutora em Neurocincias. Docente da Universidade Federal Fluminense Polo Campos dos Goytacazes.Endereo para correspondncia: Rua Jos do Patrocnio, 71, Centro, CEP: 28010-385, Campos dosGoytacazes - RJ. E-mail: [email protected].

    ** Mestre em Gerontologia.*** Mestra em Psicologia Social. Ps-graduada em Terapia Familiar.****Doutor em Sociologia e Antropologia. Docente da Universidade Federal Fluminense Polo Campos dos

    Goytacazes.

    doi:10.5335/rbceh.2012.017

    Resumo

    Cada etapa da vida do indivduo deve sercompreendida e vivenciada conforme suasparticularidades e considerada com baseem uma gama de vertentes pessoais, so-ciais e cognitivas prprias. Como forma deproporcionar aos idosos um conhecimentomais amplo do envelhecimento normal eda demncia, tm sido realizadas oficinaspara essa populao. Este estudo compre-ende a anlise, desenvolvida com auxliode questionrios, entrevistas e relatos, detrs momentos distintos (incio, meio efim) de uma oficina de memria para ido-sos realizada ao longo de 2011. No inciodo projeto, procedeu-se a uma entrevistasemiestruturada envolvendo temticas re-lacionadas a hbitos de vida e aspectos

    cognitivos. No final do primeiro semestrede 2011, realizou-se o segundo momento,que consistiu na construo de uma auto-biografia, de forma que, pela evocao,pudessem ser estimuladas as lembranasconsideradas mais remotas para serem ex-pressas num livro de memrias. Aps umano de realizao da oficina, aplicou-seaos participantes uma nova entrevista se-

    miestruturada, com o intuito de verificar seo trabalho foi til para esclarecer a respeitodo processo de envelhecimento e das mu-danas cognitivas, especialmente da me-mria. A finalidade primordial da oficinade memria foi pautar-se em trs pilares,

    conhecimento, socializao e ludicidade,visando, ainda, a representar um proje-to de extenso no sentido mais amplo dapalavra, ou seja, objetivando que os par-ticipantes adquirissem os conhecimentosrelativos aos processos da memria e dasparticularidades da terceira idade paraatuar como agentes multiplicadores do co-nhecimento adquirido.

    Palavras-chave: Memria. Idosos. Sociali-zao. Ldico.

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    Introduo

    Cada etapa da vida do indivduo deveser compreendida e vivenciada conformesuas particularidades e considerada

    com base em uma gama de vertentespessoais, sociais e cognitivas prprias.Contudo, de forma geral, do ponto devista cognitivo, o envelhecimento normal caracterizado por deficit na memriaepisdica verbal e prejuzo nas funesexecutivas, bem como pela diminui-o na velocidade de processamentode informaes. (HAMDAM; BUENO,2005). Segundo Mendes et al. (2005), o

    papel social do idoso ser resultado daconjugao de dois principais fatores: amaneira pela qual a sua histria de vidafoi estabelecida e as condies em que elese encontra no atual momento para suasrealizaes pessoais.

    Os autores destacam, ainda, a apo-sentadoria como um marco relevantena vida da pessoa, revelando-se, muitasvezes, dotada de uma funo dupla e

    at mesmo antagnica, pois, ao mesmotempo em que pode oportunizar descansoe lazer, pode significar um rompimentocom aquilo que a representava comoindivduo produtivo na sociedade. Outroaspecto recorrente na literatura relativa terceira idade, o sentimento de soli-do, resultado do isolamento social, emrazo de limitaes fsicas e orgnicas,reduo do nmero de atividades realiza-das fora do ambiente domstico ou mes-mo devido perda das pessoas com ida-des semelhantes que faziam parte de seuconvvio. (GARRIDO; MENEZES, 2002;

    SILVA; CARVALHO; SANTOS, 2007;GUERRA; CALDAS, 2010). Ressalta-seque as vertentes pessoais, sociais e cog-nitivas esto intrinsecamente ligadas, demodo que o prejuzo numa dessas reas

    poder afetar as demais; por exemplo, aperda significativa na memria resultan-te de algum processo demencial poderocasionar, tambm, um maior aumentodas restries sociais e pessoais desseidoso. (SOARES et al., 2010).

    Se, por um lado, h mais de duasdcadas discute-se no meio cientfico oaumento da populao idosa brasileirae mundial (KALACHE; VERAS; RA-

    MOS, 1987; FELICIANO; MORAES;FREITAS, 2004), por outro, verifica-sea persistncia de um grande desconhe-cimento sobre as especificidades dessafase da vida, particularmente no quetange a diferenciar o que seriam carac-tersticas normais do envelhecimentoe o que poderia caracterizar o processodemencial. importante salientar que,apesar de no envelhecimento normal

    ocorrerem prejuzos na memria, nasfunes executivas e na velocidade deprocessamento das informaes, essesdeficit no so suficientes para interfe-rir de maneira significativa na manu-teno das atividades de vida diria edas atividades de vida prtica do idoso.Contudo, observa-se que, muitas vezes,o desconhecimento dessas caractersticastpicas pode levar a que o idoso comecea acreditar que est acometido por umademncia, angustiando-se muito comesse fato. (PINTO et al., 1999).

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    Ceclia Souza Oliveira et al.

    Na demncia, h um comprometi-mento progressivo da memria asso-ciado a prejuzos crescentes quanto capacidade de resoluo de problemas,de orientao, de linguagem, de aten-

    o e de habilidades para realizar asatividades de vida diria. (LUZARDO;GORINI; SILVA, 2006). Nesse sentido,cabe destacar que, na demncia, osprejuzos cognitivos, alm de seremmais severos do que os apresentados noenvelhecimento normal e de afetarem,necessariamente, mais de uma funocognitiva, revelam-se progressivos ecomprometem significativamente a in-

    dependncia do indivduo.Como forma de proporcionar aos

    idosos um conhecimento mais amploacerca do envelhecimento normal e dademncia, tm sido realizadas oficinaspara essa populao. (ARRUDA, 2010).Uma dessas experincias foi descrita por

    Almeida et al. (2007), o qual realizoudez encontros com 45 idosos, abordandotemas referentes a memria, estilos de

    vida, bem como estratgias cognitivaspara melhor enfrentar os prejuzosmnsticos, caso ocorressem. Os autoresidentificaram que a oficina foi til paraoferecer maior conhecimento acercados temas relativos terceira idade e,a partir disso, possibilitar um melhorenfrentamento das situaes dirias.

    Alm desse aspecto, observaram que aoficina possibilitou um aumento da so-cializao e da estimulao mtua entreos integrantes.

    Foi realizada por Souza e Chaves(2005) uma experincia semelhante, de-senvolvida ao longo de oito reunies comum grupo de idosos saudveis, envolven-

    do apresentao de palestras, aplicaode jogos e atividades, de maneira geral,que estimulassem o raciocnio e a resolu-o de problemas. Por meio da aplicaodo teste do Miniexame do Estado Mental

    (MEEM) antes e aps a realizao daoficina, os autores concluram que houvemelhora significativa no seu desempe-nho. Nosso estudo props-se a analisar,com auxlio de questionrios, entrevistase relatos, trs momentos distintos (incio,meio e fim) de uma oficina de memriapara idosos realizada ao longo de 2011.

    Mtodo

    Este trabalho foi aprovado pelo Co-mit de tica em Pesquisa da Universi-dade Federal Fluminense Polo Camposdos Goytacazes, de acordo com o processon 001/2012. Na condio de uma oficinade memria, a proposta foi utilizar es-tratgias que permitissem o registro dasexperincias vivenciadas pelos alunos emsua participao nas atividades realiza-

    das. A estimulao cognitiva, a busca deuma maior autonomia e a sociabilidadeconstituram os eixos que nortearam aorganizao, a execuo e a avaliaocontnua do trabalho. Numa perspectivainterdisciplinar, foi cumprida uma cargahorria anual de 96 horas, sendo 3 horassemanais na oficina e 1 hora em ativida-des extracurriculares. Partindo de umaperspectiva autobiogrfica da memriae considerando-a como um processo, nocomo um fim, o projeto foi desenvolvidoentre os meses de abril e novembro de2011, na sede do PUCG/UFF, s terase quintas-feiras, das 9h s 10h30min.

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    A equipe organizadora e executorafoi composta por cinco profissionais dasreas de psicologia, gerontologia, biolo-gia e sociologia, contando, tambm, coma participao de trs alunos do curso deServio Social, que receberam bolsas detreinamento, financiadas pelo Programade Graduao (Prograd) da UFF. Osparticipantes idosos foram selecionadosno incio do ano a partir de uma listacom sessenta pr-inscritos. Os critriosestabelecidos para a entrada foram: in-teresse dos candidatos, preferncia paraos de mais idade, indicao mdica, terfrequentado a turma anual do Programada Universidade para a Terceira Idade

    desenvolvido no PUCG/UFF. Foramescolhidas 16 pessoas com idade entre60 e 85 anos. Optou-se por trabalharcom um grupo menor, tendo em vista asdiferenas cognitivas e a necessidadede um acompanhamento personalizado.

    No incio do projeto, realizou-se umaentrevista semiestruturada com as te-mticas descritas na Figura 1 e aplicou--se o MEEM a cada um dos ingressantes.

    Figura 1 - Tpicos retratados em entrevistano incio do projeto.

    No final do primeiro semestre, foirealizada uma segunda avaliao, naqual, por meio de um texto escrito, osidosos deveriam expressar o seu nvel desatisfao com as atividades realizadas

    at aquele momento. No final do projeto,procedeu-se a uma avaliao pautadanum questionrio composto de dez per-guntas, conforme o quadro abaixo:

    Questionrio

    1) se comeou a realizar alguma atividade

    domstica que no era feita anteriormente

    participao na ofcina de memria

    2) como ele poderia explicar para um amigo a

    doena de Alzheimer

    3) o que sente ou o que pensa atualmente

    quando se esquece de algo

    4) se capaz de realizar as tarefas do dia a dia

    5) se consegue apanhar nibus, pagar contas,

    ir ao supermercado, ir padaria, contratar

    servios ou sair para passear sozinho

    6) como considera a prpria memria ao

    compar-la com a de pessoas da mesma

    idade7) se existe alguma tarefa que gostaria de

    executar, mas no consegue mais por

    causa da memria

    8) se a ofcina mudou alguma coisa no seu

    conhecimento sobre memria

    9) quais as dicas que daria a um amigo para

    melhorar a memria

    10) se na sua famlia h alguma pessoa com

    prejuzo na memria

    A proposta do projeto foi dividir cadaencontro da oficina de memria em trsmomentos, conforme relatado a seguir.

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    Primeiro momento

    Esse momento foi reservado so-cializao de informaes relevantessobre a memria do ponto de vista da

    educao em neurocincia, pautadas embibliografia especfica, com preocupaoespecial em transmitir o contedo demaneira adequada para a idade e a es-colaridade dos participantes envolvidos(SCHACTER, 2003; IZQUIERDO, 2004;LENT, 2008). Para tanto, foram apresen-tados vdeos, abordando assuntos comofuncionamento do crebro, alimentao,patologias, exerccio fsico, informaes

    educativas de neurocincia, entre outros.Segundo momento

    Nesse momento, trabalhou-se coma memria declarativa episdica. Paratanto, optou-se por utilizar como eixoa construo de uma autobiografia, deforma que, pela via da evocao, aslembranas consideradas mais remotaspudessem ser estimuladas e expressas

    num livro de memria (textos, colagens,desenhos). Assim, a infncia foi o eixosobre o qual se estruturou a abordagemde cada uma das atividades pensadaspara esse momento do curso, tais como:a casa em que se viveu, as brincadeirase as cantigas, a famlia de origem, avizinhana, a escola, as festas, a alimen-tao, os sonhos, entre outras.

    Terceiro momento

    No terceiro momento, voltado parao estmulo ao desempenho da memriaoperacional ou de trabalho, utilizou-seduas estratgias. A primeira constituiu--se de dois cadernos de atividades, o desala de aula, tendo vrios exerccios deincentivo cognitivo a serem realizadosno encontro, e o de casa, destinado aanotaes descrevendo a rotina do dia adia. A segunda estratgia estava baseadanos jogos de natureza cognitiva e de pro-moo da sociabilidade, como o domin,a batalha naval, dama, resta um, de

    formao de palavras e muitos outros.

    Resultados e discusso

    Primeiro momento

    Os dados obtidos por meio do ques-tionrio esto descritos na Tabela 1.

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    Oficina de memria para idosos: espao para conhecimento, socializao e ludicidade

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    Tabela 1 - Dados referentes ao questionrio aplicado aos idosos no primeiro momento da oficinade memria.

    Idade (M, DP) 68,38 (11,83) Utilizam medicao Sim No

    1300

    EscolaridadeEnsino fundamental Ensino mdio Ensino superior

    030901

    Fuma Muito Pouco s vezes Nunca

    00000112

    Dorme bem Sim No

    1201

    Bebe Muito Pouco s vezes Nunca

    00000112

    Utilizao de medicamento paradormir

    Sim No 0706

    Televiso Muito

    Pouco s vezes Nunca

    04

    020700

    ConcentraotimaBoa

    Regular Ruim

    01030900

    Rdio Muito Pouco s vezes Nunca

    05040004

    MemriatimaBoa

    Regular

    Ruim

    010309

    00

    Leitura Muito Pouco s vezes

    Nunca

    030603

    01Nota para a memria de 0 a 10(M, DP)

    6,8 (1,9) Utilizam computador Muito Pouco s vezes Nunca

    01020208

    Problemas de sade Osteoporose

    ArtriteLabirintite

    Hipertenso Diabetes

    Depresso Coluna Problemas com a tireoide Sndrome do pnico Outros

    0602020902

    0308000405

    Utilizam internet Muito Pouco s vezes Nunca

    01010208

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    Ceclia Souza Oliveira et al.

    No incio da oficina de memria, asinformaes dos questionrios indicaramo perfil dos participantes, bem comoos seus hbitos de vida. Com relao escolaridade, observou-se que 69% dos

    idosos estudaram at o nvel mdio eum deles realizou curso superior. Dadosreferentes ao grau educacional tm sidocorrelacionados com variveis distintasem diversos estudos, apontando que onmero de anos que determinada pessoafrequentou a escola pode revelar aspec-tos referentes ao seu perfil social e aosseus hbitos.

    Lima-Costa (2004) concluiu em seu

    estudo que, quanto menor era a escola-ridade dos idosos, maior era o sedenta-rismo, alm de terem uma alimentaomenos saudvel, ao passo que, quantomaior a escolaridade, menores foram astaxas de exposio a alguns fatores derisco como bebida e cigarro. Esses dadoscorroboram os achados do nosso estudo,que indicaram que 92% dos idosos noconsomem bebida alcolica e no fumam.

    Parahyba et al. (2005) discutiram a re-lao entre a incapacidade funcional ealgumas variveis demogrficas em umgrupo de idosos. A partir da definio deincapacidade funcional como uma difi-culdade para realizar atividades tpicase padronizadas, os autores identificaramque, quanto maior a incapacidade fun-cional, maior a idade e menor a escola-ridade dos idosos.

    Com relao aos hbitos do sono,verificou-se que, apesar de 92% dos ido-sos relatarem dormir bem, 54% admiti-ram que utilizam medicao para essefim, ou seja, conseguem ter uma noitesatisfatria de sono somente com o uso

    de medicaes especficas para induzi-lo.Diferentes estudos (GEIB et al., 2003;SOUZA; REIMO, 2004) cada vez maistm destacado a importncia do sonono apenas como um meio de restaurar

    fsica e psicologicamente o ser humano,mas tambm como um momento no qualinmeros processos biolgicos ocorrem,a saber: reteno da memria, manu-teno de uma boa presso arterial e dohumor dos indivduos. Mesmo o envelhe-cimento normal caracterizado por mo-dificaes na quantidade e na qualidadedo sono, atingindo mais da metade dessapopulao. Isso decorre de inmeros

    fatores emocionais, fsicos, ambientaisou da prpria mudana nos padres desono. (SOUZA; REIMO, 2004). Nessesentido, a simples orientao dos idososa respeito dessas transformaes, tpicasda fase em que se encontram, poderiaser til para lidarem com tais questesmais naturalmente e, em muitos casos,reverem se realmente h necessidade douso de medicaes. Estas, apesar de efi-

    cazes, podem gerar dependncia qumi-ca, psicolgica e deixar os usurios maissonolentos durante o dia, interferindo,inclusive, na realizao das atividadesdirias.

    Nosso estudo indicou que 69% dosparticipantes tinham hipertenso arte-rial; 61%, problemas na coluna; e 46%,osteoporose, sendo essas as patologiasmais referidas no questionrio. A pre-sena dessas doenas, muitas vezes,pode limitar a vida social do idoso,comprometendo a sua qualidade devida. Pereira et al. (2006) realizaramum estudo com uma grande amostra depessoas com mais de 60 anos e verifica-

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    ram que os fatores fsicos foram os quemais tiveram relao com a qualidade devida, seguidos de questes ambientais epsicolgicas.

    Mais especificamente em relao aos

    hbitos de vida dos idosos, observou-seque 31% assistiam muito televiso,38% escutavam muito rdio, 46% faziampouca leitura e 61% nunca haviam utili-zado o computador nem a internet. Essesdados indicam que, antes de comear afrequentar a oficina de memria, umaquantidade significativa dessas pessoasdedicava grande parte do seu tempo aatividades restritas ao mbito domstico,

    como assistir televiso e escutar rdio.Em contrapartida, poucos idosos tinhamo hbito da leitura, atividade que temsido mencionada como um dos fatoresprotetores para o aparecimento ou agra-vamento das demncias. (IZQUIERDO,2011).

    Segundo momento

    O segundo momento partiu da ideiade que o acesso memria tem nanarrativa uma de suas estratgias pri-vilegiadas. Nesses termos, planejou-seuma srie de atividades em que os par-ticipantes pudessem, de alguma forma,acionar o que se entende por memriasremotas, assumindo, ento, o papel denarradores de sua prpria histria. Paratanto, foram utilizados alguns gatilhos

    evocativos, ou seja, estmulos para aslembranas, tais como: cantigas de roda,imagens de poca, expresses populares,levantamento de eventos passados, entreoutros.

    A memria o combustvel da auto-biografia, a qual, por sua vez, consiste

    no processo de trabalho em que o indi-vduo seleciona, consciente ou incons-cientemente, os eventos que tem comofundamentais em sua trajetria. Nesseexerccio, aps o estmulo, solicitou-se

    que os participantes puxassem pelamemria e tentassem registrar, porescrito e/ou oralmente, o que lhes vinha mente sobre o passado remoto diantedaquele tema apresentado. Levando emconsiderao as diversas falhas a que asmemrias esto sujeitas (SCHACTER,2003), partiu-se do princpio de que orelatado no correspondia exatamenteao que fora vivenciado no passado, mas

    era resultado de muitos filtros, distra-tores e condicionantes a que qualquerprocesso de memria de longa duraoest sujeito.

    So recorrentes na experincia damemria os marcadores de vivnciassociais, e as narrativas deste estudoesto repletas deles: o grande amor,o nascimento dos filhos, o mundo dosadultos, a casa da infncia, uma viagem,

    a escola, o ambiente de trabalho, apenaspara citar alguns.

    Uma coisa que no saa da minha cabeaquando criana era de que as pessoas comvinte anos estavam velhas. Quando viameus pais conversando, que eles nuncadeixavam ouvir, eu ficava imaginando quetanto assunto importante que gostaria desaber. (Relato de participante da oficina nocaderno de autobiografia).

    Os lugares e eventos resgatados pelamemria estavam, por sua vez, repletosde pessoas, aes e artefatos: o primeirobeijo, o bero, o luto, o quintal, os avs,o carro, a boneca, entre outros.

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    Sou da poca em que o casal no ficavasozinho, estvamos sempre na companhiade mais de uma pessoa. Me lembro do diaem que samos com a minha me e encon-tramos com uma conhecida. Enquanto elasconversavam, conseguimos trocar um beijo

    rapidinho. Hoje, lembro disso e acho muitoengraado. (Relato de participante da ofici-na no caderno de autobiografia).

    Nesse processo, em alguns mo-mentos, tambm foi possvel percebero bloqueio de certos participantes emconstruir essas narrativas e registr--las no caderno de memrias. Porm,quando um colega dava um depoimentosobre a sua experincia de infncia, noraro, os que diziam estar bloqueadosdemonstravam sentir uma melhora emsuas evocaes e passavam a registrar aslembranas, destacando, assim, o papelda sociabilidade que advm do dilogoentre os participantes.

    Se o dilogo um fator de integra-o, o ato de lembrar para o idoso umaporta aberta para se avaliar, compara-

    tivamente, os aspectos qualitativos dasexperincias do passado em relao sdo presente. Em seus relatos autobio-grficos, os participantes, num primeiromomento, tenderam a afirmar que nopassado foram mais felizes. Contudo,no decorrer das narrativas, foi possvelperceber que essa tendncia a imaginaruma idade de ouro no se sustentava,tendo em vista que vrios problemas

    tambm eram trazidos tona: a escassezmaterial, a falta de liberdade, a assime-tria de poder na relao com os adultos,as incertezas em relao ao futuro, entreoutros.

    Terceiro momento

    Aps um ano de realizao da oficinade memria, procedeu-se a uma nova en-trevista semiestruturada, com o intuitode verificar se o trabalho foi til paraesclarecer os frequentadores a respeitodo processo de envelhecimento e dasmudanas cognitivas, especialmente damemria, decorrentes dessa fase da vida.Por meio da entrevista, verificou-se que,aps frequentarem a oficina de memria,uma srie de atividades passou a serrealizada pelos idosos, dentre as quais,destacam-se: o aumento da frequncia

    de leitura, o nmero de vezes que saemde casa, a quantidade de amizades feitase a realizao das atividades cognitivas.Esses novos hbitos foram percebidoscom grande satisfao por toda a equipeexecutora da oficina, pois, em compara-o ao momento inicial, ficam evidentesos ganhos sociais, podendo refletir emuma vida mais saudvel e prazerosa, aooportunizar uma maior interao social,

    a prtica da leitura e o estabelecimentode amizades.Uma das preocupaes iniciais no

    momento de sua montagem foi que aoficina de memria se constitusse numespao til para socializao, trocas deexperincias e transmisso de conheci-mento. Tambm, teve-se o cuidado demencionar que as falhas de memria fa-zem parte do envelhecimento saudvel;

    ou seja, os participantes foram informa-dos de que o fato de ocasionalmente seesquecerem de algo no indicativo dedemncia. Na entrevista, questionadosquanto ao seu conhecimento sobre adoena de Alzheimer, os idosos citaramcomo principais sintomas o esquecimen-

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    to (inclusive de nomes), a alterao decomportamento e a perda da orientao.Com suas respostas, os participantesdemonstraram ter construdo um conhe-cimento adequado sobre o tema. Nesses

    termos, a oficina constituiu-se como umespao til para oferecer a conceituaocorreta e desfazer alguns mitos inicial-mente relatados pelos idosos, como acrena de que qualquer esquecimento jpoderia ser classificado como demncia.

    Quando questionados sobre os senti-mentos e pensamentos presentes no mo-mento em que se esquecem de algo, cincoidosos disseram considerar isso normal,

    trs admitiram ficar com medo de de-senvolver demncia e dois relatarampuxar pela memria. Observa-se que,a despeito do aprendizado construdo aolongo do curso sobre as caractersticasdas demncias, uma parcela de idososainda tem receio de desenvolv-las,enquanto outros passaram a encarar osesquecimentos como algo corriqueiro eat esperado para a idade. Outro aspecto

    a se considerar o fato de os participan-tes terem relatado puxar pela memriaquando se esquecem de algo, de modoa indicar que esto utilizando na suaprtica diria as diversas estratgiascognitivas que foram ensinadas e traba-lhadas na oficina de memria ao longodo ano, tais como: caderno de anotaes,associaes de palavras com imagens econtextualizao de situaes vividas.

    A respeito da capacidade ou node realizar as tarefas do dia a dia, oitoparticipantes referiram ainda ser ca-pazes de executar a maioria delas. Nocaso dos idosos com limitao para rea-lizar algumas atividades, as principais

    queixas remetem a dores e a lentido,consequncia da presena de inmerasdoenas, como osteoporose e problemasna coluna, citadas no questionrio inicialda oficina.

    No que diz respeito s atividadesrealizadas em sua rotina, 50% dos idososentrevistados disseram que, sozinhos,apanham nibus, pagam as contas, voao supermercado ou padaria, contra-tam servios externos (como pedreirosou encanadores, por exemplo) e saempara passear.

    Quando lhes foi solicitado que com-parassem a sua memria atual com a de

    outras pessoas de idade semelhante, cin-co idosos a consideraram razovel; um,ruim; e outros cinco a avaliaram comonormal ou tima. Em estudo desenvol-vido por Almeida (1998), identificou-seque 59,1% dos 220 idosos avaliadosqueixavam-se de problemas com a me-mria e que os idosos possuidores demais queixas apresentaram, com maiorfrequncia, sintomas de depresso ou de

    ansiedade. Alm disso, o autor concluiuque as queixas de memria da populaoda terceira idade estiveram pouco corre-lacionadas com um diagnstico real dedemncia, salientando que as queixassubjetivas no so o principal indicativoda ocorrncia dessa patologia.

    Questionados se h alguma tarefa quegostariam de executar, mas que no con-seguem mais em razo de sua memria,cinco idosos afirmaram que continuamrealizando as mesmas atividades desempre; contudo, trs admitiram que,atualmente, tm dificuldade de recordaro aniversrio de pessoas prximas. Res-salta-se que os esquecimentos apontados

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    190 RBCEH, Passo Fundo, v. 9, n. 2, p. 180-192, maio/ago. 2012

    Ceclia Souza Oliveira et al.

    pelos participantes, somados aos demaisdados da entrevista e observao feitadurante as tarefas, levam a crer que aqueixa relatada configura to somentetraos benignos da terceira idade. De

    acordo com Charchat-Firchman et al.(2003), esses esquecimentos so carac-tersticos de grande parte dos idosos quevivenciam um envelhecimento saudvel,uma vez que nessa etapa da vida umasrie de transformaes cerebrais seprocessa, podendo ter como consequnciafalhas de memria, as quais ocorrem oca-sionalmente e no alteram de maneirasignificativa as atividades de vida diria

    do idoso, nem suas funes cognitivas.Sete idosos expuseram que a oficina

    mudou significativamente o conhecimen-to que tinham a respeito da memria.Esse dado permite concluir que a oficinacumpriu o seu papel, ao transmitir paraos seus participantes conhecimento emrelao terceira idade e demncia.Destaca-se que, para elaborar as pales-tras voltadas a esse pblico, um conjunto

    de aspectos foi considerado: durao deu-se prioridade a falas mais curtas,para no causar fadiga; utilizao derecursos visuais e sonoros grandeparte das palestras foi apresentada emdata-show, com a utilizao de imagensou msicas, visando a favorecer a me-morizao da temtica trabalhada; e lin-guagem acessvel os temas e os termosempregados nas palestras, sempre quepossvel, foram adaptados aos partici-pantes, a fim de otimizar o aprendizado.

    Em relao s dicas que os idososteriam para melhorar a memria, cincorecomendaram a realizao de palavrascruzadas, oito apontaram o hbito da

    leitura e trs, a participao na ofici-na de memria.Assim, as respostasdadas pelos participantes demonstramque eles tm buscado estratgias teispara otimizar os processos de memria.

    Yassuda et al. (2006) verificaram que,aps quatro sesses apenas nas quaiseram ensinadas estratgias cognitivasaos idosos, esses as empregaram maisintensamente na realizao da testagemneuropsicolgica, o que vem ao encontrode nossos achados.

    Concluso

    A oficina de memria teve como in-tuito primordial realmente representarum projeto de extenso no sentido maisamplo da palavra. Seu objetivo, portan-to, foi que os participantes pudessemadquirir os conhecimentos relativos aosprocessos da memria e das particulari-dades da terceira idade, capacitando-separa utiliz-los em sua vida prtica epara atuar como agentes multiplicado-

    res do conhecimento adquirido, na suacomunidade, com seus vizinhos, amigosou parentes.

    Outro objetivo, igualmente relevan-te, da oficina foi o de constituir-se comoespao de socializao desses idosos,oportunizando, ainda, a realizao deatividades ldicas por meio de jogos.Fundamentada em trs pilares, conhe-cimento, socializao e ludicidade, umagama de transformaes por parte dosparticipantes pde ser observada aolongo do ano em que se desenvolveu otrabalho. Algumas dessas mudanaspuderam ser expostas quantitativa e/ouqualitativamente neste estudo; outras,

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    Oficina de memria para idosos: espao para conhecimento, socializao e ludicidade

    191RBCEH, Passo Fundo, v. 9, n. 2, p. 180-192, maio/ago. 2012

    porm, somente podem ser medidaspelos sorrisos testemunhados, pelosabraos carinhosos entre os participan-tes e pelos agradecimentos afetuososdos idosos.

    Memory workshop for seniors: a space for

    knowledge, socialization and recreational

    Abstract

    Each step of functioning must be under-stood and lived according to their partic-ularities and considered from a range ofaspects of personal, social and cognitiveown. In order to provide the elderly a betterunderstanding of normal aging and demen-

    tia, workshops have been conducted in thispopulation. Our study analyzed three times(beginning, middle and end) of a memoryworkshop for seniors held throughout2011, using questionnaires, interviews andreports. At the beginning of the project wascarried out semi-structured interview withthe issues related to lifestyle and cognitiveaspects. At the end of the first half of 2011,there was the second time that consistedof the construction of an autobiography, sothat we could stimulate in evoking memo-ries considered the most remote and theycould be expressed in a memory book. Af-ter a year of holding the workshop memoryperform a new semi-structured interview inorder to verify that the workshop was use-ful for clarifying about the aging processand cognitive changes, especially memory.It should be noted that the ultimate aim ofour workshop was memory be based onthree pillars: knowledge, socialization, andplayfulness. In addition, we aimed that theworkshop was really an extension projectin the broadest sense of the word, ie the

    participants to acquire knowledge regard-ing the processes of memory and the par-ticularities of the elderly and act as multi-pliers of knowledge acquired.

    Keywords: Memory. Elderly. Socialization.Playful.

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