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IDENTIFICAÇÃO DE PARÂMETROS PARA A ESTRATÉGIA DE SEGMENTAÇÃO DE MERCADOS: UM DIRECIONAMENTO AOS MODELOS VOLTADOS À INDÚSTRIA, ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DE CONFECÇÕES DE PORTE MÉDIO Manoel Carlos de O. Jr (UFAM) [email protected] Luiza Maria Bessa Rebelo (UFAM) [email protected] Tornar sistêmico o processo de definição das estratégias consiste em uma tarefa prioritária para o ambiente organizacional, entretanto o estabelecimento das mesmas em geral obedece a procedimentos empíricos. As estratégias nascem das perceppções gerais dos gestores empresariais estando assim sujeitas a riscos e a maiores possibilidades de insucesso. Neste sentido, o objetivo desta dissertação é identificar e classificar parâmetros que norteiem a estratégia de segmentação de mercado, especificamente para os mercados industriais, bem como relacionar a segmentação como uma estratégia organizacional. Pretendeu-se ao final a identificação dos principais critérios para aplicação da segmentação em termos mercadológicos no ambiente industrial de confecção de roupas profissionais, bem como variáveis que influenciam o processo. O estudo foi balizado no levantamento bibliográfico de artigos científicos e livros que destacam o processo de segmentação industrial como estratégia mercadológica e organizacional. A abordagem também se configurou como um estudo de caso através da análise do fenômeno no objeto de estudo. Envidou- se também um levantamento primário de dados junto a uma empresa do segmento industrial de confecção de roupas profissionais, através da aplicação de questionário junto à informante-chave da organização referida. Os resultados mostraram como a empresa se utiliza da estratégia de segmentação e através da utilização dos modelos teóricos apresenta-se um modelo possível para a empresa pesquisada. Palavras-chaves: Segmentação, Estratégia, Mercados Industriais XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente. São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.

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IDENTIFICAÇÃO DE PARÂMETROS

PARA A ESTRATÉGIA DE

SEGMENTAÇÃO DE MERCADOS: UM

DIRECIONAMENTO AOS MODELOS

VOLTADOS À INDÚSTRIA, ESTUDO DE

CASO EM UMA EMPRESA DE

CONFECÇÕES DE PORTE MÉDIO

Manoel Carlos de O. Jr (UFAM)

[email protected]

Luiza Maria Bessa Rebelo (UFAM)

[email protected]

Tornar sistêmico o processo de definição das estratégias consiste em

uma tarefa prioritária para o ambiente organizacional, entretanto o

estabelecimento das mesmas em geral obedece a procedimentos

empíricos. As estratégias nascem das perceppções gerais dos gestores

empresariais estando assim sujeitas a riscos e a maiores possibilidades

de insucesso. Neste sentido, o objetivo desta dissertação é identificar e

classificar parâmetros que norteiem a estratégia de segmentação de

mercado, especificamente para os mercados industriais, bem como

relacionar a segmentação como uma estratégia organizacional.

Pretendeu-se ao final a identificação dos principais critérios para

aplicação da segmentação em termos mercadológicos no ambiente

industrial de confecção de roupas profissionais, bem como variáveis

que influenciam o processo. O estudo foi balizado no levantamento

bibliográfico de artigos científicos e livros que destacam o processo de

segmentação industrial como estratégia mercadológica e

organizacional. A abordagem também se configurou como um estudo

de caso através da análise do fenômeno no objeto de estudo. Envidou-

se também um levantamento primário de dados junto a uma empresa

do segmento industrial de confecção de roupas profissionais, através

da aplicação de questionário junto à informante-chave da organização

referida. Os resultados mostraram como a empresa se utiliza da

estratégia de segmentação e através da utilização dos modelos teóricos

apresenta-se um modelo possível para a empresa pesquisada.

Palavras-chaves: Segmentação, Estratégia, Mercados Industriais

XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente.

São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.

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1. Introdução

As estratégias organizacionais têm sido percebidas como fator relevante para o fortalecimento

e crescimento das empresas, pois é a partir delas que são direcionados esforços e as

organizações alcançam seus objetivos e metas. Estas estratégias têm como elementos

essenciais a identificação de pontos fortes e fracos existentes nas empresas bem como as

ameaças e oportunidades inseridas no ambiente mercadológico no qual a empresa se encontre

(ZACARELLI, p.16, 2003). Posteriormente a estas etapas dá-se a definição de ações que

venham permitir o alcance de uma nova situação desejada.

Ainda que muitas das estratégias estejam consolidadas nas gestões através de ferramentas

como o Planejamento Estratégico e sejam adaptadas conforme peculiaridades de cada

empresa, percebe-se que ainda há organizações alheias ao estabelecimento de maneiras e

respectivos métodos para o alcance de seus objetivos. A estratégia é, portanto, um conceito

não totalmente inserido no cotidiano organizacional.

A segmentação de mercado se enquadra como uma das estratégias possíveis de utilização com

vistas ao aumento da competitividade, posto que oriente a abordagem mercadológica das

empresas frente aos mercados em que atuam. Assim, a inexistência de parâmetros de

segmentação pode levar as organizações a explorarem o mercado de maneira aleatória,

aumentando esforços de venda, de produção, de logística, e em alguns casos diminuindo a

rentabilidade e o atendimento satisfatório dos consumidores (SIQUEIRA, p.17, 1999).

Considerando estas premissas citadas anteriormente a identificação de parâmetros para a

segmentação de mercado consiste em uma problemática a ser resolvida, pois permite uma

exploração mercadológica mais eficaz, reduzindo os pontos críticos supramencionados

principalmente para o setor industrial visto que mesmo a literatura aborda esta questão

prioritariamente para o mercado de consumidores finais.

É no contexto da dimensão estratégica que a segmentação de mercado se revela importante

para o planejamento de marketing, principalmente na elaboração e implantação de estratégias

de marketing voltas a mercados específicos (TOLEDO e SIQUEIRA, p.53, 2001).

Assim, este artigo tem por objetivo identificar e classificar parâmetros de segmentação de

mercados industriais, levando em consideração suas características e a literatura existente

sobre o tema, além de relacionar a segmentação como atividade de cunho estratégico.

Pretende ainda, através de um estudo de caso em uma empresa do setor industrial de

confecções, demonstrar um modelo que, pautado nos parâmetros identificados e classificados

neste estudo, permitirá às organizações do setor industrial de confecção de uniformes

estabelecerem suas estratégias de segmentação, norteadas por uma metodologia balizada em

etapas que identifiquem e permitam a priorização de segmentos para o referido setor.

No que tange ao método de pesquisa utilizou-se o levantamento bibliográfico para coleta de

informações conceituais sobre o tema segmentação mercadológica e mais especificamente

acerca da segmentação em mercados industriais e as abordagens conceituais sobre estratégias

empresariais e mercados industriais. No que se refere à pesquisa de campo, aplicaram-se

questionários e entrevistas estruturadas junto aos informantes-chaves da empresa Bicho da

Seda Confecções de Uniformes e analisaram-se qualitativamente os dados obtidos. A partir da

aplicação do questionário foi possível entender a concepção da empresa em relação ao

processo de segmentação de mercados, bem como, concomitantemente, elaborar um modelo

adequado ao segmento industrial de confecção de uniformes. O método de pesquisa se

3

caracterizou como um estudo de caso considerando que o fenômeno estudado é

contemporâneo dentro de um contexto de vida real que ao mesmo tempo é pertinente ao

objeto de estudo. Para corroborar a validade do estudo utilizou-se da tática onde um

informante-chave revisa o relato do estudo de caso (YIN, p.137, 2005).

2. Estratégias empresariais

As organizações constituem-se de pessoas e recursos dos mais variados que tem um ou mais

objetivos a serem alcançados. O direcionamento destas pessoas e destes recursos depende, em

grande parte, das decisões tomadas pelos níveis hierárquicos mais elevados e da capacidade

dos mesmos em fazer com que os demais componentes da organização aceitem este

direcionamento como pressuposto para o alcance dos objetivos organizacionais. Nestas

decisões estão contidas, muitas vezes, estratégias a serem utilizadas.

Kotler (p. 278, 2000) aponta estratégias para atuação no mercado afirmando que a realização

de um melhor trabalho de atendimento e satisfação das necessidades dos clientes seria a

melhor delas. Afirma que somente empresas centradas no cliente serão capazes de construir

clientes, e não apenas produtos, estando aptas a serem consideradas boas engenheiras de

mercado e não apenas em engenharia de produtos. O mesmo autor cita orientações pelas quais

as empresas se dirigem ao mercado: a orientação de produção, baseada na disponibilização

fácil de produtos e a um baixo custo; a orientação de produto centrada na qualidade e

desempenho dos produtos disponibilizados; a orientação de vendas que pressupõe que os

consumidores não compram por vontade própria e assim as empresas devem empreender

esforços maciços de vendas e promoções; orientação de marketing, focada na efetividade

maior que a da concorrência em criar, entregar e comunicar valor para o cliente em seus

mercados-alvos selecionados.

Gôuvea, Toledo e R. Filho (p.2, 1998) citam ainda a estratégia mercadológica dos 3p’s que

abrangem a partição ou segmentação do mercado, a priorização ou escolha de uma

estratégia e o posicionamento de mercado.

Dibb e Simkin (p.10, 1996) afirmam que muitas empresas acreditam que o sucesso de

marketing está relacionado em quão eficazmente a base de clientes está segmentada. Isto

porque a segmentação de mercado auxilia as empresas a satisfazer as diversas necessidades

dos clientes enquanto mantém certa economia de escala.

A estratégia de segmentação pode ser considerada ainda mais premente considerando a

afirmação de Toledo e Siqueira (p.54, 2001) ao observarem que as estratégias de liderança de

custo e diferenciação de produto já não são tão eficientes, sendo estas vantagens temporárias e

com forte tendência a serem superadas.

3. Segmentação de Mercado

Atender aos mercados de maneira homogênea é tarefa praticamente impossível no ambiente

mercadológico atual. Mesmo levando-se em consideração a existência dos consumidores de

bens de consumo e o de compradores corporativos, com suas características distintas, a forma

de abordá-los requer das empresas um pensamento estratégico e diferenciado para os

segmentos existentes nestas duas classes de compradores.

4

Os clientes potenciais e os consumidores já atendidos por uma empresa configuram o

mercado que a ela interessam, incluindo-se neste conjunto os consumidores que adquirem

produtos de organizações concorrentes que ofertam bens ou serviços similares. Desta forma a

identificação e classificação deste grupo de clientes tornam-se tarefa imperiosa não só para o

marketing, mas para outras funções organizacionais, visto que as estratégias mercadológicas

acabam por influenciar sobremaneira os demais departamentos existentes nas empresas,

sobretudo no que se refere à logística, finanças, recursos humanos e produção.

Neste sentido, Siqueira (p.17, 2000) afirma, corroborando para este contexto, que um produto

não pode ser tudo para todos os consumidores. Assim, dificilmente uma empresa poderá

dispor de todos os recursos necessários para atender todo tipo de consumidor ou a todas as

empresas existentes.

Segundo Kotler (p.278, 2000) um segmento de mercado consiste em um grande grupo que é

identificado a partir de suas preferências, poder de compra, localização geográfica, atitudes de

compra e hábitos de compra similares.

Dibb e Simkin (p.3, 1996) observam que a segmentação é um processo analítico que coloca os

clientes como prioridade, auxilia a maximização dos recursos e enfatiza as forças do negócio

em relação aos competidores. Além disso, constitui-se em uma rota para tornar mais efetivo

os programas de marketing, diminuindo o embate direto com concorrentes e trazendo maior

satisfação aos usuários dos produtos das empresas que se utilizam desta técnica.

4. Modelos de Segmentação Industrial

Grande parte da literatura e das aplicações práticas das empresas no que se refere à

segmentação são voltadas aos consumidores finais dos mais variados produtos. Entretanto no

que tange aos mercados industriais, empresas comercializando com outras empresas tanto a

literatura quanto a efetiva aplicação da ferramenta são escassas ou quase inexistentes.

Desta forma apresentam-se a seguir alguns modelos clássicos de segmentação industrial. Tais

modelos baseiam-se nos elementos principais que devem ser analisados para se efetivar uma

estratégia de segmentação.

Siqueira (p.105, 2000) demonstra o modelo de Wind e Cardozo ou de dois estágios (Figura 1)

que abrange duas etapas distintas: a macrossegmentação e a microssegmentação, a primeira é

norteada pelas características da organização compradora e na situação de compras. A

segunda consiste no detalhamento destas características. Caso a primeira etapa seja

satisfatória no sentido de trazer respostas que possam balizar as estratégias de marketing, não

se faz necessário passar ao segundo estágio de microssegmentação.

O resultado da aplicação deste modelo é dependente da variável-chave escolhida ou ainda

denominada base de segmentação e do relacionamento com as outras variáveis escolhidas

para encontrar clientes com características homogêneas. Observando a figura percebe-se que

devem ser avaliados parâmetros tais como: tamanho da empresa, localização, taxa de uso do

produto, aplicação do produto, classificação industrial, bem como a estrutura de compra das

empresas existentes no mercado e se a empresa faz a primeira compra ou se já realiza

compras repetidamente. Assim, se o agrupamento dos clientes nestes parâmetros for

insuficiente abrange-se a micro segmentação que aborda critérios mais específicos.

5

Figura 1 Modelo de segmentação de Wind e Cardozo

Fonte: Siqueira (2000)

Um modelo alternativo, elaborado por Bonoma e Shapiro ou modelo dos estágios múltiplos, é

uma proposta metodológica para identificar quais e quantas bases são relevantes para

segmentação industrial. Esta modelagem consiste em cinco camadas divididas em três níveis

(Figura 2). Cada nível tem variáveis de segmentação próprias. O nível exterior compreende

três variáveis de segmentação: demográficas, operacionais e relativas à abordagem de

compras. O nível intermediário abrange variáveis relativas a elementos situacionais de

compra e o interno avalia características especificas dos compradores.

O nível interno caracteriza-se pela analise de características individuais dos compradores das

empresas-alvo e requerem maior dispêndio de tempo para coleta de informações junto às

fontes.

6

Figura 2 Modelo dos estágios múltiplos

Fonte: Siqueira (2000)

Um modelo mais prático de segmentação é apresentado por Binghan Jr. e Raffield III, pois se

utiliza dos elementos mais utilizados pelo marketing no processo de segmentação (Figura 3).

Figura 3 Modelo de Segmentação em árvore

Fonte: Siqueira, 2000

No modelo de segmentação em árvore utilizam-se cinco basilares: tipo de atividade

econômica das empresas componentes do mercado, tamanho da organização, localização

geográfica, uso do produto, estrutura da função compras. Estes basilares se decompõem em

NÍVEL EXTERNO

NÍVEL EXTERNO

NÍVEL EXTERNO

NÍVEL INTERMEDIÁRIO

NÍVEL INTERNO

7

mais variáveis de segmentação, que podem ser novamente decompostas até se chegar ao nível

de segmentação ideal.

5. Contextualização da empresa Bicho da Seda – BDS

Segundo Soares, Rocha, Buren e Oliveira Jr. (p.78, 2007) no segmento corporativo, as

empresas usuárias de uniformes profissionais apresentam características comportamentais que

as diferenciam de outros segmentos. Observa-se que, em geral, as pessoas não gostam de usar

uniforme e, normalmente, quem compra uniforme não o usa e quem o usa não o compra. A

preocupação com a redução de preços é uma característica do segmento. A venda para os

clientes se dá através de equipes de vendas que, em muitas empresas, são representadas pelos

sócios ou por uma estrutura de vendas pequena, com, no máximo, quinze pessoas. A venda

corporativa é realizada, em geral, por visitas da equipe de vendas ao cliente usuário, com a

forma de relacionamento, variando, conforme a empresa e necessidades do cliente.

A BDS Confecções Ltda., empresa industrial, privada, com sua sede em Manaus, Estado do

Amazonas, constituída em dezembro de 1989, iniciou suas atividades em instalações

residenciais e, desde então, tem crescido significativamente. Desde 1999, a taxa média de

crescimento anual de faturamento é de aproximadamente 30% ao ano. Em 2001, atingiu o

segundo lugar no mercado brasileiro de roupas profissionais, dentre as empresas de confecção

homologadas pela Santista Têxtil S/A. Conta com pouco mais de 200 funcionários e não usa

terceirização para nenhuma parte de sua atividade fim.

A BDS, no ano de 1999, atingiu o segundo maior volume de produção no Brasil como fabricante de Roupas Profissionais, dentro da carteira

de Empresas Homologadas para confecção deste tipo de produto pela Santista Têxtil. Isso permite afirmar que a BDS é a empresa número 2

no Brasil neste segmento de mercado. Nesta mesma avaliação a BDS é a número 1 das regiões Norte e Nordeste. Complementarmente foi a

primeira empresa homologada Santista a obter o certificado ISO 9002. A empresa possui representantes em diversas regiões do Brasil e atua

de maneira intensa na Zona Franca de Manaus. Todos os representantes são Consultores em Uniformização, estando fortemente treinados

para identificar necessidades e oportunidades de melhorias nos clientes.

Com vistas a identificar como é realizada a interação entre a BDS e o mercado em que ela

atua foi aplicado instrumento de coleta junto ao Gerente de Tecnologia que, informalmente, é

o responsável pela equipe comercial da empresa. A entrevista foi realizada em 14 de maio de

2009 nas dependências da BDS Confecções.

Em relação ao direcionamento da equipe comercial para o mercado o entrevistado descreveu

que existe um colaborador responsável por gerar as bases de clientes a serem trabalhados,

sendo estes pessoas físicas ou jurídicas. A divisão dos clientes entre os consultores é realizada

inicialmente tendo como foco a definição de uma rota geográfica que torne eficiente o

processo de visitas, esta primeira divisão considera ainda o perfil do cliente e do próprio

consultor. O quadro 1 apresentado a seguir mostra quais os parâmetros que o Sistema de

Informação Gerencial da empresa consegue informar de maneira sistemática, os parâmetros

que a empresa efetivamente utiliza para segmentar e quais parâmetros tem maior importância

no que tange ao processo de segmentação.

PARÂMETROS SISTEMA DE

GESTÃO

CONTROLA

SIM

SISTEMA

DE GESTÃO

CONTROLA

NÃO

EMPRESA

UTILIZA

ORDEM

DE

IMPORTÂNCIA

a. Localização Geográfica X X A1

b. Taxa de uso X M14

8

c. Aplicação do Produto X X A6

d. Classificação Industrial X X B18

e. Estrutura de Compra X X B17

f. Características do comprador X X A10

g. Atitudes em relação aos vendedores

da empresa X

X M12

h. Regras de decisão X X A8

i. Comprador Usuário x Não usuário X X B20

j. Capacidade financeira da empresa X M13

l. Política geral de compras X X M15

m. Critérios de compras X A7

n. Urgência dos pedidos X M11

o. Tamanho do pedido X A2

p. Atitude com relação aos riscos X X B19

q. Lealdade - tempo como cliente X B16

r. Numero de empregados X A3

s. Numero de estabelecimentos X A9

t. Volume de vendas ao cliente X A4

u. Volume de entregas ao cliente X A5

Quadro 1 – Quadro comparativo de parâmetros de segmentação, controle do sistema, utilização e importância.

Fonte: desenvolvido pelo autor

As letras ao lado dos números correspondem a: A – Alta importância/M – Média

importância/B – Baixa importância. O cruzamento das informações permite visualizar quais

parâmetros são possíveis de serem obtidos e quais são efetivamente utilizados. Desta maneira

percebe-se que dentre os parâmetros informados pelo SIG apenas um é utilizado para

segmentar o mercado da empresa, todos os outros critérios utilizados não são informados pelo

SIG, o que mostra a necessidade de adequações no sistema de informações da organização.

6. Comparação do processo de segmentação utilizado pela BDS com os

modelos teóricos de segmentação existentes

9

Após o levantamento dos dados junto à empresa apresenta-se uma comparação dos

parâmetros de segmentação mais importantes para a referida empresa e os modelos teóricos

apresentados. Para fins de comparação serão utilizados os modelos de Bonoma e Shapiro,

Wind e Cardoso e Segmentação em Árvore. Desta forma para esta primeira comparação

(Quadro 2) se consideram apenas os parâmetros de maior importância para a empresa:

Item Importância

Bonoma e Shapiro Windy e

Cardoso

Segmentação em

Árvore

a. Localização

Geográfica

A1 Nível externo – variável

demográfica

Macro

segmento

Variável

localização

geográfica

o. Tamanho do

pedido

A2 Nivel intermediário –

variável fatores

situacionais

Macro

segmento

Variavel uso do

produto

r. Numero de

empregados

A3 Nível externo – variável

demográfica

Macro

segmento

Variavel tamanho

da organização

t. Volume de

vendas ao cliente

A4 Nivel intermediário –

variável fatores

situacionais

Macro

segmento

Variavel tamanho

da organização

u. Volume de

entregas ao cliente

A5 Nivel intermediário –

variável fatores

situacionais

Macro

segmento

Variavel tamanho

da organização

c. Aplicação do

Produto

A6 Nivel intermediário –

variável fatores

situacionais

Macro

segmento

Variavel uso do

produto

m. Critérios de

compras

A7 Nivel externo –

abordagem de compras

Micro

segmento

Variavel estrutura

da função de

compras

h. Regras de

decisão

A8 Nivel externo –

abordagem de compras

Micro

segmento

Variavel estrutura

da função de

compras

s. Numero de

estabelecimentos

A9 Nivel Externo Variaveis

demograficas

Macro

segmento

Variavel tamanho

da organização

f. Características

do comprador

A10 Nivel Interno

Caracteristicas pessoais

Micro

segmento

Variavel estrutura

da função de

compras

10

Quadro 2 – Quadro comparativo entre importância dos parâmetros para a empresa e modelos existentes.

Fonte: desenvolvido pelo autor

Considerando todos os dados obtidos e a peculiaridade do setor de confecções de roupas

profissionais apresenta-se a seguir um esquema com uma proposta de modelo de segmentação

voltada a BDS. Este modelo baseia-se na matriz AB e nas particularidades dos esquemas

teóricos de segmentação, bem como nas informações coletadas junto à empresa. Para a

elaboração deste modelo foram considerados os parâmetros de maior importância para a BDS

e estabelecidas subdivisões, parâmetros de ressegmentacão, dentro de cada um deles. A partir

daí para cada parâmetro e subdivisão são indexados pesos e cada empresa analisada obterá

uma valoração conforme sua inserção nestes parâmetros. O quadro a seguir demonstra a

relação entre critérios e pesos, levando em consideração a infra-estrutura da empresa

analisada, no que tange as suas próprias instalações, localização, capacidade de atendimento,

interesses empresariais.

Parâmetros Fator de

multiplicação

Parâmetros de ressegmentacao Peso

a. Localizacao

Geografica

10

Região Regiao Norte 50

Regiao Centro-Oeste 45

Regiao Sul 30

Regiao Sudeste 35

Regiao Nordeste 40

Cidade Capital 50

Demais Cidades 25

o. Tamanho do pedido 9

1-100 unidades 20

101-500 unidades 25

501-1000 unidades 30

1001-5000 unidades 35

5001-10000 unidades 40

10001-15000 unidades 45

15001-... unidades 50

r. Numero de empregados 8

1-100 funcionários 20

101-500 funcionários 25

501-1000 funcionários 30

1001-5000 funcionários 35

5001-10000 funcionários 40

11

10001-15000 funcionários 45

15001-... funcionários 50

t. Volume de vendas ao

cliente 7

1-100 unidades ao ano 20

101-500 unidades ao ano 25

501-1000 unidades ao ano 30

1001-5000 unidades ao ano 35

5001-10000 unidades ao ano 40

10001-15000 unidades ao ano 45

15001-... unidades ao ano 50

u. Volume de entregas ao

cliente 6

1-100 unidades ao ano 20

101-500 unidades ao ano 25

501-1000 unidades ao ano 30

1001-5000 unidades ao ano 35

5001-10000 unidades ao ano 40

10001-15000 unidades ao ano 45

15001-... unidades ao ano 50

c. Aplicação do Produto 5

Vestimenta 40

Equipamento de Proteção

Individual

45

Vestimenta de atuação nas

atividades de trabalho

50

m. Critérios de compras 4

Qualidade 50

Prazo de Pagamento 40

Forma de Pagamento 45

Preço 20

Tempo de entrega 35

Flexibilidade de Produção 15

Urgência 30

Descontos concedidos 25

h. Regras de decisão 3 Centralizada 40

12

Descentralizada 35

Tempo Maior 30

Tempo Menor 50

Flexivel 45

Inflexivel 25

s. Numero de

estabelecimentos 2

1-3 25

4-7 30

8-11 35

12-15 40

16-19 45

19-.... 50

f. Características do

comprador 1

Receptividade 35

Cortesia 30

Flexibilidade 40

Tempo de atendimento 45

Tempo de resposta 50

Quadro 3 – Parâmetros de segmentação BDS

Fonte: desenvolvido pelo autor.

Desta forma uma empresa que esteja localizada em Manaus, com um pedido que varie entre

1001-5000 unidades, com numero de funcionários entre 501 e 1000, com volume de vendas

acima de 15000, com o mesmo volume de entregas, que aplique o produto apenas como

vestimenta, tenha como principal critério de compras o preço, decisão de compras

centralizada, possua de 1 a 3 estabelecimentos e principal característica do comprador seja a

flexibilidade, obterá um escore final de 2195 pontos.

Importante se faz salientar que a ferramenta se dispõe a auxiliar o processo de planejamento

estratégico da empresa, não se configurando desta forma em uma ferramenta de resposta

rápida ou de uso diário. A inserção das informações necessárias e atualização constante dos

dados permitirão a empresa visualizar os principais mercados a serem atendidos, ou ainda

priorizar os de maior importância estratégica. Desta maneira entende-se que os modelos

teóricos de segmentação estarão inseridos no contexto estratégico e ao mesmo tempo

adequados as peculiaridades do setor de confecções de roupas profissionais. Finalmente,

evidencia-se a aplicabilidade da ferramenta segmentação como apoio ao processo estratégico

da empresa para que as decisões sejam tomadas de maneira mais acurada e orientadas ao

mercado em que atua.

13

7. Considerações finais

O presente artigo evidenciou os modelos teóricos de segmentação ressaltando sua importância

para o setor industrial como ferramenta estratégica necessária para o planejamento das ações

empresariais. Também correlacionou os modelos teóricos a uma empresa sediada em Manaus

alinhavando o que é praticado pela mesma e o que é preconizado pelos autores do tema.

As questões conceituais do tema emergem de maneira relevante no cenário atual,

considerando as dificuldades cada vez mais recorrentes para conquista e desenvolvimento de

mercados e pela insipiência do empresariado de nossa região em utilizar-se de ferramentas

cientificas.

A pesquisa também se torna importante por permitir que futuramente se elaborem novos

estudos sobre o tema em outros setores industriais ou que se façam comparações dentro do

segmento têxtil. Para a empresa estudada considera-se como uma base de reflexão para o

estabelecimento da segmentação de uma forma mais consolidada nas ações estratégicas da

mesma.

Sugere-se a partir do que é praticado pela empresa e pelos levantamentos conceituais aqui

mostrados o desenvolvimento de uma ferramenta em programa que em conexão com o

sistema de informação da empresa e com a alimentação de outros dados relevantes possa

indicar quais segmentos atender prioritariamente, levando em consideração os aspectos de

maior importância para a empresa, tais como lucratividade, rentabilidade, possibilidade de

crescimento dentro dos segmentos escolhidos, dentre outros aspectos. Desta forma, entende-se

finalmente que os resultados propostos foram alcançados e contribuiu-se para o

desenvolvimento do tema escolhido.

Referências

DIBB, S. & SIMKIN L. The Market Segmentation. Routledge, 1996. London.

KOTLER, P. Administração de Marketing. Prentice Hall, 10. Ed. 2000. São Paulo.

YIN, R. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. Ed. Porto Alegre, Bookman, 2005.

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análise de clientes em vendas corporativas: Aplicação em Segmento de Roupas Profissionais. Revista Martha

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TOLEDO, G. L e SIQUEIRA, A. C. Bases de segmentação de mercado no marketing industrial: um estudo de

caso na indústria de elevadores. Revista de Administração, São Paulo, Vol. 36, N. 34, pag. 52-63, Out/Dez

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ZACARELLI, S. Estratégia e sucesso nas empresas. Saraiva, São Paulo. 2003.