identificação de armas de fogo

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7/25/2019 Identificação de Armas de Fogo http://slidepdf.com/reader/full/identificacao-de-armas-de-fogo 1/161  Identificação de Armas de Fogo Carga horária- 60h Crédito – Celso Nenevê Apresentação do curso Prezado(a) aluno(a), Você está começando o curso de identificação de armas de fogo. Este curso, destinado aos profissionais de segurança pública em geral, contempla os principais aspectos da balística técnica, principalmente, aqueles ligados à identificação direta das armas de fogo. Nesse intuito, você estudará algumas das definições propostas pela legislação específica; as principais partes ou conjunto de peças e os princípios de funcionamento das armas de fogo; o calibre; as munições; o significado do número de série... Enfim, todas as características que possibilitam, de forma inequívoca, identificá-las, classificá-las e, sempre que necessário rastreá-las. Esperamos que o curso atenda a sua expectativa e possa lhe ser útil em sua vida profissional. Bom estudo! Objetivos do curso  Ao final do estudo desse curso, você será capaz de: Compreender os principais aspectos conceituais, históricos e legais relacionados à balística e arma de fogo;  Identificar armas de porte, armas portáteis, cartuchos, calibres e munições; Classificar armas de fogo considerando a alma do cano, carregamento, inflamação, funcionamento, uso e mobilidade;  Contribuir com a identificação e o rastreamento das armas de fogo;  Reconhecer a importância da identificação da arma de fogo na investigação criminal.  Atualizar-se sobre arma de fogo, reforçando a importância do conhecimento teórico antes do emprego prático e manuseio.

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Identificação de Armas de Fogo

Carga horária- 60h

Crédito – Celso Nenevê

Apresentação do curso

Prezado(a) aluno(a),

Você está começando o curso de identificação de armas de fogo.

Este curso, destinado aos profissionais de segurança pública em geral, contempla os

principais aspectos da balística técnica, principalmente, aqueles ligados à identificação

direta das armas de fogo. Nesse intuito, você estudará algumas das definições

propostas pela legislação específica; as principais partes ou conjunto de peças e os

princípios de funcionamento das armas de fogo; o calibre; as munições; o significado

do número de série... Enfim, todas as características que possibilitam, de forma

inequívoca, identificá-las, classificá-las e, sempre que necessário rastreá-las.

Esperamos que o curso atenda a sua expectativa e possa lhe ser útil em sua vida

profissional.

Bom estudo!

Objetivos do curso

 Ao final do estudo desse curso, você será capaz de:

Compreender os principais aspectos conceituais, históricos e legais

relacionados à balística e arma de fogo;  

Identificar armas de porte, armas portáteis, cartuchos, calibres e munições; 

Classificar armas de fogo considerando a alma do cano, carregamento,

inflamação, funcionamento, uso e mobilidade;  

Contribuir com a identificação e o rastreamento das armas de fogo; 

Reconhecer a importância da identificação da arma de fogo na investigação

criminal. 

 Atualizar-se sobre arma de fogo, reforçando a importância doconhecimento teórico antes do emprego prático e manuseio.

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Estrutura do curso

Módulo 1- Conceitos básicos sobre arma de fogo

Módulo 2 – Armas de porte

Módulo 3 – Armas portáteis

Módulo 4 - Cartuchos

Módulo 5 – Calibre das armas

Módulo 6 – Rastreamento de armas

Nota

 As armas retratadas em algumas imagens deste curso fazem parte do acervo

do Museu de Armas da Academia de Polícia Civil do Distrito Federal. Essas

imagens foram registradas pelo próprio conteudista e pertencem, portanto, ao

arquivo pessoal do mesmo.

Módulo 1  – Conceitos básicos sobre arma de fogo

Apresentação do módulo

Muitos séculos já se passaram desde a aparição e emprego das armas de fogo

e, de lá até hoje, elas sofreram significativas modificações, surgiram novos

modelos e novos sistemas de operações. Evoluíram de uma máquina térmica

simples para artefatos bem mais complexos e precisos. A grande variação de

espécies, modelos, dimensões, sistemas operacionais, “poder lesivo”,

existentes hoje, são variáveis que impactam diretamente na tarefa de

classificação.

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Há ainda que se considerar as armas atípicas - frutos de combinações de

espécies de armas diferentes, de sistemas operacionais distintos - que acabam

por tornar essa tarefa de classificá-las e descrevê-las mais árdua (FIG. 1).

Figura 1 – Revólver de sistema Lefaucheaux.

 A arma é um revolver de armação fixa, tambor

fixo e municiamento por meio de janela lateral,

cujo cano raiado forma uma peça única com

uma faca.

Fonte: arquivo do conteudista

 As tarefas de classificação e descrição tornam-se mais fáceis com adoção de

alguns critérios que você estudará nesse curso. Mas, para compreendê-los,

faz-se necessário que você estude nesse primeiro módulo os conceitos básicos

relacionados a armas de fogo, à balística1 e aos aspectos legais descritos no

Decreto nº 3665, de 20 de novembro de 2000.

1 Ramo da ciência que estuda essas armas.  

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Objetivos do módulo

 Ao final do estudo desse módulo, você será capaz de:

Definir balística e arma de fogo;

 Analisar os aspectos históricos relacionados à balística e a armas defogo;

Classificar as armas de acordo com as características que imprimem naslesões; Inverter a ordem desses dois objetivos.

Classificar armas de fogo considerando os seguintes critérios: alma do

cano, carregamento, inflamação, funcionamento, uso e mobilidade, com

base no Decreto nº 3665 de 20 de novembro de 2000 (R-105);

Estrutura do módulo

 Aula 1 – Balística

 Aula 2 – Armas

 Aula 3 – Armas de fogo

Aula 1 – Balística

 A pólvora2  , elemento principal sem o qual não existiria arma de fogo, é uma

invenção atribuída aos chineses. No entanto, o seu emprego como agente paraimpulsionar um projétil através de um cilindro oco, surgiu muito tempo depois.

 Atribui-se aos árabes, que foram os grandes comerciantes da idade média, a

utilização e difusão deste invento.

2 http://www.brasilescola.com/quimica/polvora.htm 

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Para alguns autores as primeiras armas de fogo, ainda que de forma precária,

apareceram nas cruzadas e na expansão do Império Otomano utilizada por

algum dos povos mulçumanos.

No estudo da arma de fogo, torna-se fundamental o estudo da balística, em

especial da balística forense, pois são elas que estabelecem parâmetros e

procedimentos para a identificação e classificação das armas de fogo.

1.1. O que é balística e como se divide

Balística, por definição, é parte da física que estuda o impulso, o movimento eimpacto dos projéteis, entendendo-se por projétil qualquer sólido que se move

no espaço, após haver recebido um impulso.

 A balística estuda o movimento de corpos lançados ao ar livre, como uma

pedra lançada no ar, mas geralmente está relacionada ao estudo dos disparos

de projéteis de armas de fogo.

 Ao se estudar um projétil disparado por uma arma de fogo, divide-se o seu

movimento em três partes distintas: a balística interior, balística exterior e a

balística terminal. Logo, a balística é subdividida em:

(aumentar a fonte dos textos no quadrante. Não colocar número, pois não há

uma ordem. Substitua o número por marcadores)

Balística interior - A balística interior estuda o que ocorre desde o

momento do disparo até o instante em que o projétil abandona a arma. É

a parte da balística relativa a estrutura, mecanismo, funcionamento das

armas, da carga de projeção e dos fenômenos que ocorrem no processo

da propulsão dos projéteis. Compreende, portanto, o estudo das armas

e munições até o momento em que o projétil é expelido através do cano.

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Balística exterior   - Estuda o movimento dos projéteis no ar, desde o

momento em que este abandona a boca do cano da arma até o primeiro

impacto. Por conseguinte, estuda a influência do ângulo e da velocidadede saída, da resistência do ar, da força de gravidade, da velocidade e

sentido do vento, entre outros fatores.

Balística terminal - Estuda o movimento do projétil desde o primeiro

impacto até a dissipação total de sua energia cinética, ou seja, até o seu

repouso final. Estuda, por conseguinte, os efeitos dos impactos dos

projéteis com o alvo (ricochetes, as lesões e as características deixadasnos suportes pelos impactos dos projéteis). A balística das lesões é um

ramo da balística terminal que estuda os efeitos dos projéteis em tecidos

vivos.

1.2. Balística forense

Nas investigações vinculadas a armas de fogo sempre surgem perguntas cujasrespostas têm como fundamento os princípios da balística. Estes princípios

permitem responder questões como qual o tipo de arma utilizada, qual a

distância do atirador, dentre outras dúvidas de interesse da justiça. Essa é a

área de atuação da Balística forense 3. 

Balística forense é a parte da balística de interesse da justiça. O professor e

Perito Criminal Eraldo Rabello, no livro "Balística Forense", a define como:

"É aquela parte do conhecimento criminalístico e médico legal que tem por

objeto, especial, o estudo das armas de fogo, das munições e dos fenômenos e

efeitos próprios dos tiros destas armas, no interesse da justiça, tanto penal

como civil" . (RABELLO, Eraldo. 1995)

 A palavra forense advém do adjetivo latino forenses, que significa “relativo aofórum” 

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1.3. Aspectos históricos

 A balística forense é uma das áreas precursoras da criminalística. Em 1835, na

Inglaterra, Henry Goddard notou um defeito num projétil retirado do cadáver de

uma vítima. Nesta época, as armas eram de antecarga (carregadas pela boca)

e os projéteis eram produzidos artesanalmente em moldes (coquilhas) próprios.

Na casa de um dos suspeitos ele encontrou um molde para projéteis que

produzia defeito semelhante em projétil padrão nele moldado. Esta prova fezcom que este suspeito fosse condenado por homicídio.

O professor Lacassagne (Lyon - França, 1889), o químico forense Paul

Jeserich (Alemanha 1898), entre outros, foram experts  que conseguiram

identificar armas pelos exames de projéteis incriminados, por técnicas

diferentes.

Balthazard, em 1912, publicou dois artigos que demonstravam as bases

científicas do tema, intitulados “Identificação de projéteis de armas de fogo” e

“Identificação de estojos de pistolas automáticas”.

Outros cientistas forenses no mundo inteiro também apresentaram inovações

na balística forense até a invenção do microscópio comparador balístico, por

Gravelle, em 1925. Gravelle, juntamente com Waite, Fisher e Goddard, fazia

parte do “Bureau of Forensic Ballistics”  e desenvolveram inúmeros trabalhos e

inventos para a balística forense.

Em 1929, Goddard fundou o “Scientific Crime Detection Laboratory”, que em

quatro anos investigou 1400 casos envolvendo armas de fogo.

 As armas de fogo e suas munições continuaram a ser aprimoradas e, com elas,

a área de balística, principalmente, a balística técnica, responsável pelo

desenvolvimento dessas armas e munições, bem como a balística forense.

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Aula 2 – Armas

Desde os primórdios, ainda na pré-história, o homem utilizou-se de

instrumentos que marcaram a evolução das civilizações e das culturas. As

armas, desde a sua aparição, têm sido um desses instrumentos, que exerceu e

continua exercendo um papel de destaque na história da evolução humana.

2.1. O que são armas

De forma geral, é possível entender armas como:

“todo instrumento, máquina ou meio utilizado pelo homem para ofender ou

defender-se”. (BARBERA & TUREGANT, 1998)

Na legislação brasileira, o Decreto Lei N.º 3665, de 20 de novembro de 2000 -

(R105)4, apresenta, em seu Anexo, no inciso IX, do art. 3º, a definição de

armas como sendo:

“artefato que tem por objetivo causar dano, permanente ou não, a seres vivos

e coisas”. (BRASIL. 2000.)

É importante explicar a diferença entre armas próprias e armas impróprias.

 Armas próprias são entendidas como aqueles instrumentos criados com a

função específica de ataque e defesa.

4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3665.htm 

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 As armas impróprias são aqueles instrumentos que não foram criados com

intenção lesiva, mas que, de forma imprópria podem ser empregados para esse

fim, a exemplo dos tacos de beisebol etc.

2.2. Classificação das armas de acordo com as características que

imprimem nas lesões.

Inúmeros métodos para a classificação de armas têm sido utilizados. Dentre

eles, aquele que apresenta maior interesse para a justiça e a criminalística é a

classificação por força motriz (energias), principalmente, as ocasionadas pelosmeios mecânicos de acordo com as características que imprimem nas lesões.

Esse método classifica as armas, em:

-  Perfurantes - a exemplo dos pregos, agulhas, floretes, furadores de gelo.

-  Cortantes - como os bisturis, navalhas ou mesmo as facas quando agem

pela pressão ou deslizamento do gume.

-  Contundentes - como as mãos e pés quando desferrem socos e chutes,

paus, pedras, bengalas.

-  Perfuro-cortantes - quando exercem, ao mesmo tempo, a ação de

perfurar e cortar, como, por exemplo, as facas, quando são utilizadas

com as ações de perfurar e cortar.

-  Perfuro-contundentes - como os dentes dos ancinhos, os projéteis de

armas de fogo.

-  Corto-contundentes - a exemplo dos machados facões.

No campo da balística forense, os que apresentam interesse são os

instrumentos perfuro-contundentes, ou seja, aqueles instrumentos que

apresentam simultaneamente a ação de perfurar e contundir que é a ação

exercida pelos projéteis das armas de fogo.

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Importante!

 As ações de perfurar e contundir não são exclusivas dos projéteis de armas defogo, a exemplo de chaves de fenda, projéteis de carabinas de pressão, entre

outros. No entanto, os projéteis de armas de fogo são os principais

instrumentos perfurocontundentes.

Aula 3 - Armas de fogo

3.1. O que são armas de fogo e quando surgiram

Conforme o inciso XIII, do art. 3º do Anexo do Decreto Lei N.º 3665, de 20 de

novembro de 2000 – (R105), armas de fogo são:

“armas que arremessam projéteis empregando a força expansiva dos gases

gerados pela combustão de um propelente confinado em uma câmara que,

normalmente, está solidária a um cano que tem a função de propiciarcontinuidade à combustão do propelente, além de direção e estabilidade ao

 projétil.”  (BRASIL, 2000 )

Embora a definição acima possa parecer complicada, não é. Acompanhe!

 As armas de fogo são aquelas que utilizam a força dos gases, gerada pela

queima da pólvora, para lançar um projétil. As armas de fogo são máquinas

térmicas, como os motores dos carros e as caldeiras, ou seja, utilizam a

transformação em gás da pólvora, do combustível, ou ainda, da água para

realizarem as suas funções. Elas receberam esse nome pelas labaredas que

saiam da boca do cano no momento do disparo.

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Não existe consenso entre os historiadores sobre quando surgiram as armas

de fogo bem como sobre seu emprego. Segundo Barbera & Turegant (1998),existem relatos do emprego de armas de fogo, pelos mouros, na defesa de

Zaragoza, em 1118. Para outros historiadores, o emprego das armas de fogo

começa em 1257, quando os mouros uti lizaram, na defesa de Niebla,

pequenos canhões que empregavam pólvora negra como propelente.

Há inúmeros relatos, entre 1300 e 1400,como as crônicas da cidade de Gant

(Bélgica – 1313) e as Armas de Guerra de

 Augusto Demmim (1869), sobre a utilização

de armas de fogo (TRUENOS e TRUENOS

de mão) por países como França, Inglaterra,

 Alemanha e Espanha, entre outros. A FIG. 2

mostra um trueno de mão, um dos

primeiros exemplares de armas de fogo,

dotado de gancho de abordagem.

Figura 2 – Truenos de mão.

Fonte: arquivo do conteudista 

3.2. Classificação das armas de fogo

 A grande variação das armas de

fogo, nos projetos e nas

características, faz com que existam

armas extremamente diferentes,

como a arma dotada de inúmeros

canos vista FIG. 3. O objetivo aqui é

que você conheça os princípios da

classificação geral das armas de

fogo. Figura 3 – Arma dotada de inúmeros canos

Fonte: arquivo do conteudista 

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Classificação é o ato ou a ação de organizar os objetos ou seres por classes,de dividi-los em grupos com características comuns. Obviamente, para

classificar faz-se necessário um método e a definição das características a

serem observadas.

O interesse de classificar as armas de fogo reside em identificá-las tomando-

se por base critérios que vão do geral para o particular e que contemple

objetivamente as especificidades de cada uma. Especialmente, para armas defogo, poderiam ser adotados inúmeros critérios. Entretanto, recomenda-se que

esses critérios obedeçam a requisitos técnico-científicos e contemple

características intrínsecas da própria arma. Eraldo Rabello (1995) propôs a

classificação das armas de fogo quanto à alma do cano, conforme você

estudará a seguir.

3.2.1 Classificação quanto à alma do cano

Os canos de armas de fogo são uma das principais peças de todo e qualquer

armamento.

Os canos, assim como as câmaras de combustão, são submetidos a pressões

elevadas.

O processo de produção dos canos de armas de fogo é diferente conforme o

tipo de arma a que se destina (revólveres, espingardas, pistolas, carabinas,

etc). Passa por diversas fases, tais como a perfuração de barras de aço, o

polimento, a confecção do raiamento5 ou do choque6 dentre outras. As etapas

variam com o tipo de arma e o modelo para as quais os canos são produzidos.

5 Raias são sulcos helicoidais e paralelos produzidos por brocas especiais, de forma que com a

passagem forçada do projétil através do cano ele acompanha esses sulcos e adquire omovimento de rotação que lhe garante maior estabilidade, maior precisão e alcance.  

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Os primeiros canos de armas de fogo tinham o seu interior liso e o diâmetro

ligeiramente maior que os projéteis que admitiam. Esses projéteis eram, nasua maioria, confeccionados de ligas de chumbo e, geralmente. apresentavam

o formato esférico.

Como o alcance desses projéteis era reduzido, em face da resistência do ar,

na tentativa de se obter maior velocidade inicial e maior alcance, mudou-se o

seu formato, de maneira que, com a mesma massa, ele passou a ter menor

seção transversal, ou seja, projeteis mais alongados e com menor diâmetro.

Para evitar trajetórias erráticas e irregulares, surgiram as armas de alma

raiada, capazes de imprimir um movimento de rotação ao projétil em torno do

seu eixo.

De acordo com o art. 3º , LXXI, do Anexo do Decreto 3.665, de 20 de

novembro de 2000, (R105), raias são:

“sulcos feitos na parte interna (alma) dos canos ou tubos das armas de fogo,

geralmente de forma helicoidal, que têm a finalidade de propiciar o movimento

de rotação dos projéteis, ou granadas, que lhes garante estabilidade na

trajetória.”  ( BRASIL. 2000 ) 

6 Mecanismo de redução ou afunilamento do cano na direção da câmara para a boca do cano.  

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Dessa forma, as armas de fogo são classificadas quanto à alma do cano em:

canos de alma lisacanos de alma raiada.

Importante!

É extremamente importante observar o número de raias e seu sentido de giro,

porque esses dados serão fundamentais para rastrearmos uma arma de fogo,como discutiremos em um próximo módulo.

Você sabia que...

armas   mistas   ou armas comb inadas são armas que apresentam um ou

mais canos de alma lisa e um cano de alma raiada ou, ao contrário, dois

canos de alma raiada e um ou mais canos de alma lisa.

Um exemplo desse tipo de arma é a espingarda de dois canos sobrepostos da

indústria ROSSI, Apache, que teve o início de produção em 1953, a qual

apresentava o cano superior de calibre .22 L.R. (alma raiada  – 6D) e o cano

inferior de calibre 36 ou 40 (alma Lisa). (TOCHETTO & WEINGAERTNER,

1981)

Estude a seguir outros critérios.

3.2.2 Classificação quanto ao sistema de carregamento

Para que as primeiras armas de fogo estivessem em condições de efetuar um

disparo, era necessário introduzir, pela extremidade anterior do cano (boca do

cano), a pólvora e a carga de projeção. Para tanto, era necessário utilizar

ferramentas para socar a pólvora (vareta de soca) e as buchas. Embora

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obsoleto, ainda encontram-se armas de fabricação artesanal que utilizam esse

processo de carregamento. Os exemplos mais conhecidos no Brasil foram as

espingardas Taquari e Lazarina, ambas da indústria Rossi. Nessas armas, ocarregamento é feito pela boca do cano (armas de antecarga ) .

O processo de carregar uma arma de

antecarga é lento. Maior celeridade no

carregamento foi obtida com a

invenção do cartucho por Clement

Pottet e o aperfeiçoamento deste porCasemir Lefaucheux (FIG. 4). O

cartucho é a unidade de munição

completa - contendo, no mesmo

recipiente, a espoleta, a pólvora e o

projétil,- que pode ser introduzido na câmara localizada na parte posterior do

cano. Surgiram, então, as armas de retrocarga, que persistem até os dias de

hoje.

Dessa forma, as armas de fogo são classificadas quanto ao sistema de

carregamento em:

armas de antecarga

armas de retrocarga.

Figura 4 – Cartucho Lefaucheux

Fonte: arquivo do conteudista 

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3.2.3 Classificação quanto ao sistema de inflamação

 A classificação quanto aos sistemas de inflamação considera o conjunto de

elementos utilizados para dar início à queima da pólvora.

Você perceberá que o estudo dessa classificação oferece uma visão da

evolução histórica das armas de fogo, desde os primórdios até os sistemas

atuais.

Nas primeiras armas de fogo, ainda

na Idade Média, para realizar o

disparo, era necessário utilizar uma

haste de ferro incandescente, carvão

em brasa ou outros meios de chama

direta que era introduzida num

orifício na câmara de combustão

(ouvido) (FIG. 5). Como o sistema

por haste de ferro  não era prático

para as armas portáteis, ele foi

substituído por uma mecha que

conduzia a chama para a câmara de

combustão e, assim, iniciava-se a

queima da pólvora. (Fig. 6)

Denominado sistema de mecha,

esse sistema, totalmente obsoleto,

apresentava enormes dificuldades

tanto em relação ao controle do

tempo de queima da mecha e,

consequentemente, do disparo,

Figura 5 – Sistema por Haste de Ferro

Fonte: arquivo do conteudista  

Figura 6 – Sistema de Mecha

Fonte: arquivo do conteudista  

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quanto em relação às condições de

armazenamento das mechas para

protegê-las da umidade, além deoutros fatores de ordem prática e,

ainda, os que ofereciam sérios riscos

aos atiradores.

Esse sistema foi substituído pelo

sistema de feche de roda,  que

utilizava o atrito como iniciador da

queima de propelente. O sistema de

roda, originário dos relógios de

Nüremberg (Alemanha), consistia em

uma roda na qual se dava corda e, ao

acionar o gatilho, produzia o atrito de

uma pedra de pirita com o metal

causando chispas que, por sua vez,

incendiava a pólvora, produzindo a

deflagração da pólvora e o disparo da

arma. (FIG. 7)

Variações desse sistema de roda

surgiram em toda a Europa, como o

sistema holandês Snaphause,; o

sistema Flintlock   que apareceu no

centro da Europa; e, na Espanha, o

Figura 7 – Sistema de Roda

Fonte: arquivo do conteudista  

Figura 8 – Sistema Miguelete

Fonte: arquivo do conteudista 

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sistema Miguelete , que utilizava

sílex (mistura mineral a base de

sílica) para obter a fagulha (FIG. 8). 

 A descoberta da espoleta é atribuída

ao reverendo escocês Alexander

John Forsyth que, em 1807, obteve

a patente de um engenho de

percussão que utilizava uma mistura

detonante (fulminato de mercúrio,descoberto em 1779, por Haward),

que iniciava a queima da pólvora

(propelente).

Em 1815, Joshua Shaw desenhou a

espoleta em cápsula, com fulminato

contido em um pequeno cálice de

metal, geralmente de cobre, em

virtude de sua maleabilidade,

surgindo assim, o sistema de

percussão, que significa choque

violento.

Nesse sistema, uma pequena

quantidade de explosivo é depositada

no fundo de um objeto metálico, de

formato semelhante a um pequeno

copo, o qual é colocado sobre a

extremidade de um pequeno tubo que

se comunica com câmara, por meio

de um pequeno orifício (ouvido). O

impacto do percussor comprime a

Figura 9  –  Revólver Colt de percussãoextrínseca

Fonte: arquivo do conteudista

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cápsula de espoletamento contra as

paredes do tubo (chaminé) gerando a

detonação do explosivo e,consequentemente, levando para o

interior da câmara uma quantidade de

gases aquecidos, calor e chama que

geram a deflagração do propelente.

Como essa espoleta é uma peça

isolada, separada do cartucho, as

armas que a utilizam são depercussão extrínseca. (FIG. 9)

Com o aparecimento do cartucho, surgiu também, o sistema de percussão

intrínseca. Mesmo transcorridos muitos anos, esse sistema permanece atual e

é largamente utilizado nos nossos dias. O sistema de percussão intrínseca

admite duas subdivisões:

-  1ª. Subdivisão: armas de percussão radial e armas de percussão

central.

 As armas de percussão radial são armas de retrocarga em que os cartuchosapresentam a mistura iniciadora depositada por centrifugação na orla do estojo,

sem a utilização da espoleta propriamente dita.

As armas de percussão central  são armas de retrocarga que utilizam

cartuchos em que a espoleta apresenta-se montada no centro da base do

cartucho.

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Nota:

Na realidade, essa classificação é própria para os cartuchos e, por extensão, éempregada também, para as armas que uti lizam esses cartuchos.

-  2ª subdivisão: armas de percussão direta e armas de percussão

indireta

Nas armas de percussão direta   o percussor está montado no cão ou opercussor é um prolongamento do cão.

Nas armas de percussão indireta, o percussor é uma peça independente que

recebe o impacto do cão ou do martelo para, após esse impacto, ser projetado

e atingir a espoleta.

Há ainda outros sistemas de inflamação.

O sistema de percussão intrínseca

empregado nos cartuchos Lefauchex

(FIG. 10) é diferente dos

supramencionados, pois pino lateral

é o percussor, fazendo parte do

cartucho e não da arma.

Figura 10 – Cartucho LefauchexFonte: arquivo do conteudista

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De emprego restrito às armas militares, existe também, o sistema de

inflamação elétrico empregado nas bazucas e algumas peças de artilharia.

Dessa forma, as armas de fogo são classificadas quanto ao sistema de

inflamação em:

sistema por haste de ferro

sistema de mecha  

sistema de atrito ou feche de roda 

sistema de percussão (extrínseca e intrínseca) 

O sistema de percussão intrínseca se divide em: o  1ª subdivisão: radial ou central

o  2ª subdivisão: percussão direta ou percussão indireta

3.2.4. Classificação quanto ao funcionamento

Podem-se classificar as armas quanto ao sistema de funcionamento em:

Armas de tiro unitário;

Armas de repetição;

Armas semiautomáticas;

Armas automáticas.

Estude, a seguir, sobre cada um deles.

-   Armas de tiro unitário : são armas de carregamento manual e,

conforme o próprio nome diz, dotadas de carga para um único tiro.

 Após o disparo, nas armas de retrocarga, é necessário fazer a retirada

manual do estojo deflagrado e a introdução de um novo cartucho para

um próximo tiro e, nas armas de antecarga, um novo carregamento. Os

exemplos mais comuns do nosso dia a dia são as espingardas de um

cano e as pistolas de um cano (Pistolet).

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São também classificadas como armas de tiro unitário as armas

dotadas de dois ou mais canos, com as câmaras respectivas e com

mecanismos de disparos próprios para cada câmara, independente deserem do tipo monogatilho ou não. As armas de tiro unitário múltiplas

como as espingardas de dois canos, paralelos ou sobrepostos,

funcionam como se fossem duas ou mais armas de tiro unitário,

montadas em uma só coronha ou que utilizem uma mesma

empunhadura.

-  Armas de repetição: Segundo o Decreto nº 3665, art. 3º, inciso XVI,

anexo, são armas “em que o atirador, após a realização de cada

disparo, decorrente da sua ação sobre o gatilho, necessita empregar

sua força física sobre um componente do mecanismo desta para

concretizar as operações prévias e necessárias ao disparo seguinte,

tornando-a pronta para realizá-lo”   (BRASIL, 2000). Os exemplos mais

corriqueiros são os revólveres, alguns tipos de fuzis e carabinas.

-  Armas semiautomáticas:  Segundo o Decreto nº 3665, art. 3º, inciso

XXIII, anexo, são armas “que realizam, automaticamente, todas as

operações de funcionamento com exceção do disparo, o qual, para

ocorrer, requer, a cada disparo, um novo acionamento do gatilho”  

(BRASIL, 2000). Nas armas semi-automáticas, como a maioria das

pistolas, aproveita-se a força de expansão dos gases, gerados com a

queima do propelente para a extração e ejeção do estojo e, com o

retorno do ferrolho, a introdução de um novo cartucho na câmara,

deixando em condições de efetuar um novo disparo.

-  Armas automáticas: Segundo o Decreto nº 3665, art. 3º, inciso X, anexo,

são armas “em que o carregamento, o disparo e todas as operações de

funcionamento ocorrem continuamente enquanto o gatilho estiver sendo

acionado (é aquela que dá rajadas)”   (BRASIL, 2000). O exemplo mais

comum das armas automáticas são as metralhadoras.

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3.2.5 Classificação quanto ao uso e a mobilidade

Quanto ao uso, as armas podem ser classificadas em:

armas de uso coletivo  e

armas de uso individual.

Essa classificação está condicionada à quantidade de pessoas necessárias

para o funcionamento regular da arma.

 A arma é de uso coletivo  quando requer a participação de duas ou mais

pessoas para a sua utilização, a exemplo de algumas peças de artilharia.

É de uso individual quando, para a sua utilização, necessitar de apenas uma

pessoa, como pistolas, fuzis, espingardas, entre muitos outros exemplos.

Quanto à classificação em relação à mobilidade, existem diferenças conforme

a interpretação dos diferentes autores. Entretanto, para os profissionais da

área de segurança pública é importante que se adote as definições contidas

no Decreto Lei N.º 3665, de 20 de novembro de 2000  –  (R105), que é a

referência legal para este tema, transcrito a seguir:

-  Arma não-portátil: “arma que, devido às suas dimensões ou ao seu

 peso, não pode ser transportada por um único homem”.  (BRASIL, 2000

 – Anexo, art. 3º - inciso XX ) Os exemplos mais comuns são as peças

de artilharia.

-  Arma de porte: “arma de fogo de dimensões e peso reduzidos, que

 pode ser portada por um indivíduo em um coldre e disparada,

comodamente, com somente uma das mãos pelo atirador; enquadram-

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se, nesta definição, pistolas, revólveres e garruchas ”.  (BRASIL, 2000  – 

 Anexo, art. 3º - inciso XIV) 

-  Arma portátil: “arma cujo peso e cujas dimensões permitem que seja

transportada por um único homem, mas não conduzida em um coldre,

exigindo, em situações normais, ambas as mãos para a realização

eficiente do disparo”   (BRASIL, 2000  –  Anexo, art. 3º - inciso XXII ). Nessa

definição, enquadram-se os fuzis, carabinas e espingardas, entre outros.

Dessa forma, as armas de fogo são classificadas quanto à mobilidade em:arma não-portátil

arma de porte  

arma portátil 

Nota

Em relação ao critério da mobilidade, Eraldo Rabello, as dividem em: fixas,

móveis, semiportáteis e portáteis.

Como você estudou anteriormente, seriam inúmeros os critérios que

permitiriam classificar uma arma de fogo. Além das formas de classificação

apresentadas nesta aula 3 do Módulo I, as armas de fogo podem ser

classificadas pelo seu calibre, pelo tipo de acabamento, entre outros fatores.

Entretanto, os policiais diariamente classificam as armas quanto ao aspecto

legal de seu uso em:

-  Arma de uso permitido:  “arma cuja utilização é permitida a pessoas

físicas em geral, bem como a pessoas jurídicas, de acordo com a

legislação normativa do Exército”  (BRASIL, 2000  –  Anexo, art. 3º -

inciso XVII).

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-  Arma de uso restrito: “arma que só pode ser utilizada pelas Forças

 Armadas, por algumas instituições de segurança e por pessoas físicas

e jurídicas habilitadas, devidamente autorizadas pelo Exército, deacordo com legislação específica”.  (BRASIL, 2000  –  Anexo, art. 3º -

inciso XVIII)

Esse é o critério proposto pela legislação brasileira que apresenta importância

extrema para a tipificação penal e o agravamento da pena. As características

a serem observadas para essa classificação estão listadas nos artigos 16º e

17º do Decreto Lei N.º 3665, de 20 de novembro de 2000 (R 105).

Importante!

É importante você conhecer o Estatuto do Desarmamento, que é uma lei

ordinária no 10 826 de 22 de dezembro de 2003, que regulamenta questões

como o registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição, sobre

o Sistema Nacional de Armas (Sinarm), dentre outros aspectos. Sobre ela

estudaremos em módulo futuro.

Finalizando...

Nesse módulo, você estudou que:

Balística é parte da física que estuda o impulso, o movimento e impacto

dos projéteis, entendendo-se por projétil qualquer sólido que se move no

espaço, após haver recebido um impulso.

 A balística pode ser dividida em: balística interior, balística exterior e

balística terminal.

Balística forense é a parte da balística de interesse da justiça.

Conforme o anexo do Decreto Lei N.º 3665, de 20 de novembro de

2000  –  (R105), armas de fogo são: “armas que arremessam projéteis

empregando a força expansiva dos gases gerados pela combustão de

7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3665.htm 

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um propelente confinado em uma câmara que, normalmente, está

solidária a um cano que tem a função de propiciar continuidade à

combustão do propelente, além de direção e estabilidade ao projétil.”  Dentre os inúmeros critérios para a classificação armas de fogo, podem

ser destacados alguns como: alma do cano, carregamento, inflamação,

funcionamento, uso e mobilidade;

Os aspectos legais relacionados aos conceitos e os aspectos de

classificação de arma de fogo estão descritos no Decreto nº 3665, de 20

de novembro de 2000 (R-105).

Exercícios

1) O ramo da balística que estuda os movimentos dos projéteis no ar, antes doseu primeiro impacto é:

a) ( ) Balística internab) ( ) Balística exteriorc) ( ) Balística terminald) ( ) Balística identificativa

2) Os projéteis expelidos por armas de fogo são geralmente classificadoscomo:a) ( ) Instrumentos perfurantesb) ( ) Instrumentos perfuro-cortantesc) ( ) Instrumentos perfuro-contundentesd) ( ) Instrumentos contundentes

3) As armas de antecargas que uti lizam espoletas podem ser classificadas em:a) ( ) Percussão extrínsecab) ( ) Percussão intrínsecac) ( ) Percussão radiald) ( ) Percussão central

4) As armas nas quais o carregamento e o disparo ocorrem continuadamenteenquanto a arma contiver cartuchos no seu receptáculo de munição e ogatilho continuar premido são denominadas:a) ( ) Armas de repetiçãob) ( ) Armas de tiro unitárioc) ( ) Armas semi automáticas

d) ( ) Armas automáticas

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5) Qual das características abaixo não é função do raiamento:a) ( ) maior precisãob) ( ) maior alcance e melhor estabilidade da trajetória

c) ( ) movimento de rotação do projétild) ( ) menor dispersão dos balins (projetis de chumbo para espingardas e

armas congeneres)

6) As armas classificadas, quanto à alma do cano, em armas mistas ou armascombinadas:a) ( ) Necessariamente apresentam no mínimo um cano de alma raiada e

um cano de a lma lisa.b) ( ) Apresentam somente dois canos que podem ser paralelos ou

sobrepostosc) ( ) Apresentam dois canos sendo que um deles possui a funcão detubo carregador 

d) ( ) São de tiro unitário dotadas de dois canos raiados

7) Considerando a definição de arma de fogo como “armas que arremessam

 projéteis empregando a força expansiva dos gases gerados pela combustãode um propelente confinado em uma câmara que, normalmente, estásolidária a um cano que tem a função de propiciar continuidade àcombustão do propelente, além de direção e estabilidade ao projétil.”,

informe qual das armas abaixo pode ser classificada como arma de fogo:a) ( ) espingardas de ar comprimidob) ( ) Zarabatanac) ( ) thaser d) ( ) espingardas artesanais de antecarga

8) Para efeito de classificação das armas de fogo, elas podem ser classificadas:a) ( ) Quanto ao sistema de inflamação

b) ( ) Quanto à alma do canoc) ( ) Quanto à mobilidade e ao usod) ( ) todas as anteriores

Gabarito: 1- B ; 2-C ; 3-A ; 4-D ; 5-D ; 6-A ; 7-D ; 8-D

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Módulo 2 – Armas de porte

Apresentação do Módulo 

Como você estudou no módulo 1, “as armas de porte são armas de fogo de dimensões e peso

reduzidos, que podem ser portadas por um indivíduo em um coldre e disparadas,

comodamente, com somente uma das mãos pelo atirador; enquadram-se, nesta definição,

 pistolas, revólveres e garruchas”. (Decreto nº 3.665, art. 3º, inciso XIV, anexo)

As armas de porte, pelas características de peso e dimensões reduzidas e pela facilidade de

manejo e porte, são as armas comumente utilizadas na prática de crimes, e, por conseguinte,de maior interesse para a polícia, especificamente para a criminalística e para a balística

forense.

A análise preliminar das armas envolvidas em crimes ocorridos no DF e na grande maioria

dos estados brasileiros mostra que elas apresentam, em sua grande maioria, algumas

características comuns, ou seja:

• Trata-se de armas de porte, de origem nacional; são usualmente pistolas e

revólveres produzidos, na sua grande maioria, pelos produtores de armas de nosso

 país;

• Em relação aos calibres nominais dessas armas, a maior incidência verifica-se

entre os pertencentes à família .38, com especial destaque ao .38 Special e ao .380

Auto ou .380 ACP (9mm Browning), que, dentro daquelas armas consideradas de

uso permitido, são as que apresentam maior potencial energético e maior alcance

máximo e útil. Logo, são os de maior potencial lesivo;

• Usualmente são armas seminovas (menos de dez anos de uso) que apresentam seus

mecanismos operando de forma satisfatória.

Diante disso, entre as armas de porte, o maior interesse reside no estudo dos revólveres e

 pistolas, os quais serão objeto de estudo neste módulo.

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Objetivo do Módulo 

Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de:

•  Classificar armas de porte;

•  Identificar a origem, o histórico, os principais componentes, mecanismos e sistemas de

operação dos revólveres e pistolas;

•  Identificar os aspectos legais contidos no Decreto nº 3.665, de 20 de novembro de

2000, relacionados ao conteúdo do módulo.

Nota 

Mesmo sendo consideradas armas de porte, não serão estudadas neste curso as garruchas e

derringers, dando prioridade ao revólver e à pistola.

Estrutura do Módulo 

Aula 1 – Revólveres

Aula 2 – Pistolas

Aula 1 – Revólveres 

1.1.  O que é um revólver

O nome revólver origina-se da palavra da língua inglesa revolve, que significa girar, dar

voltas.

O revólver, pela definição encontrada no Decreto nº 3.665, de 20/11/20001, é uma “arma de

fogo de porte, de repetição, dotada de um cilindro giratório posicionado atrás do cano, que

serve de carregador, o qual contém perfurações paralelas e equidistantes do seu eixo e que

recebem a munição, servindo de câmara.” (art. 3º, inciso LXXIV, anexo)

A principal característica de um revólver é a presença de um tambor ou cilindro giratório

com várias câmaras (perfurações paralelas e equidistantes do seu eixo destinadas a receber a

1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3665.htm 

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munição), o qual executa um arco de revolução, alinhando câmara, percussor e cano em

consequência da ação mecânica de armar o cão, ou de acionar o gatilho.

Outra característica do revólver é possuir um só cano com calibres variados. Embora

houvesse experimentos anteriores, a invenção do revólver é atribuida a Samuel Colt, que em

1835/36 patenteou uma arma com sistema de tambor com várias câmaras que, ao serem

giradas, alinhavam-se com um único cano.

1.2.  Principais partes de um revólver

São quatro as partes essencias de um revólver: armação, tambor, cano e mecanismos.

Estude, a seguir, cada uma delas.

1.2.1. Armação 

A armação de um revólver apresenta três funções principais. A primeira delas é a de permitir

a empunhadura, fazendo com que o revólver seja comodamente sustentado e com fácil

visada. Em segundo lugar, a armação tem a função de alojar todos os mecanismos de disparo

e segurança e, ainda, de sustentação do tambor e do cano. E, por último, a de possibilitar a

identificação da arma, pois geralmente é nessa peça que são gravados os números de série,

logomarca dos fabricantes, entre outros dados.

As primeiras armações dos revólveres de

retrocarga eram rígidas, ou seja, o acesso ao

tambor era feito por meio de uma janela de

obturação lateral (corte na culatra), por onde

eram introduzidos os cartuchos, câmara a

câmara – com o giro do tambor – e, da mesma

forma, extraíam-se os estojos deflagrados, com

o auxílio de uma vareta de extração situada abaixo e próxima ao cano (a posição exata da

vareta de extração variava conforme o fabricante e modelo do revólver).

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Ainda hoje são produzidos revólveres de armação rígida, como alguns modelos dos

revólveres da indústria Ruger.

Em 1870, a indústria Smith & Wesson – fundada por Horacio Smith e Daniel B. Wesson –

criou o revólver basculante, que se caracteriza por possuir um sistema de fechamento e

abertura na parte alta da armação e um eixo no

 ponto médio inferior da arma. Uma vez que o

sistema de fechamento estivesse liberado, o cano

e o tambor giravam em torno desse eixo, e uma

 peça, em formato semelhante ao de uma estrela

(extrator), era impulsionada pela ação de uma

mola e extraía todos os cartuchos ou estojos

deflagrados de uma única vez. Essa foi a

 primeira arma de armação articulada (basculante), e diversas indústrias no mundo passaram

a produzir revólveres com esse tipo de armação.

O outro tipo de armação articulada é a de tambor reversível. Nesse tipo de armação, o

tambor é sustentado por um suporte, peça que

 permite o deslocamento dele de sua posição

normal (do espaço retangular onde é encaixado

na armação) para as operações de carregar,

descarregar e retirar estojos deflagrados. De

modo diverso dos revólveres de armação

articulada, para descarregar os cartuchos ou

 para retirar os estojos deflagrados, é necessário

apertar a vareta do extrator obtendo-se a

retirada de todos os cartuchos ou estojos das câmaras de uma única vez. Para abrir o tambor,

 basta pressionar o dedal serrilhado (chaveta de abertura do tambor), que deslocará o ferrolho,

liberando a haste central do seu encaixe (eixo que fixa o tambor à armação, em torno do qual

o tambor gira.).

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1.2.2 Tambor 

O tambor é a peça mais característica de um revólver, pois remete ao próprio conceito de

revolver, de girar. Em um revólver, o tambor é a peça dimensionada para resistir às elevadas

 pressões geradas pela deflagração do cartucho, e foi desenhada para acondicionar a munição

em câmaras com dimensões compatíveis aos cartuchos de calibre correspondente.

A câmara é uma perfuração que apresenta diâmetros diferentes ao longo do eixo longitudinal

e varia em quantidade conforme o modelo do

revólver, sendo dispostas paralelas ao eixo da arma

e equidistantes do centro do tambor. Essa variaçãotambém pode ser verificada quanto ao sentido de

giro do tambor (como nos revólveres Colt, que

apresentam o giro no sentido horário enquanto a

maioria das marcas, entre elas a Taurus, Rossi e

Smith & Wesson, no sentido anti-horário). Essa

informação muitas vezes é de extrema importância na elucidação da dinâmica dos fatos. As

câmaras apresentam um pequeno estrangulamento em sua parte anterior (headspace) que

trava o estojo, permitindo apenas a passagem do projétil. As câmaras, na sua parte posterior,

são recortadas de modo a permitir o encaixe da orla do estojo e da coroa do extrator.

 Nos revólveres de armação articulada – quer basculante, quer de tambor reversível –, no

centro do tambor trabalha o sistema de extração, composto de diversas peças, principalmente

do extrator. A coroa do extrator é uma parte denteada (cremalheira) do extrator, na qual age

o impulsor do tambor fazendo-a girar e permitir o perfeito alinhamento entre cano, câmara e

 percussor.

Os tambores apresentam em sua parte posterior externa recortes que permitirão o encaixe do

retém do tambor, peça que tem por função travá-lo, impedindo o giro, de forma a garantir o

alinhamento já mencionado. Os tambores de revólveres podem apresentar em sua parte

anterior recortes chamados de caneluras, que têm por função facilitar a pega e o giro manual

do tambor durante o processo de carregamento. Como essa função não é essencial, existem

também tambores de revólveres sem caneluras – são denominados de tambores lisos.

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1.2.3. Cano 

Da mesma forma que o tambor, o cano é uma peça sujeita a elevadas pressões e, por isso, foi

dimensionado para resistir a elas. Durante toda a sua extensão, o projétil é acelerado pela

força expansiva dos gases oriundos da queima do propelente e adquire velocidade2. A ação

dos gases sobre a parede do cano é o que acarreta a pressão elevada.

O cano não só é responsável pela energia cinética e velocidade do projétil, mas também – e

 principalmente – pela direção que imprime a ele. A ação dos gases sobre o projétil faz com

que ele adquira velocidade e energia cinética; entretanto, a direção e o sentido que o projétil

apresenta é a mesma do local para onde o cano está voltado, tanto que parte do sistema de

 pontaria (massa de mira) está montada sobre ele. Os canos geralmente apresentam uma

 pequena inclinação para diminuir o efeito da gravidade sobre o projétil nas distâncias para as

quais o sistema de pontaria está aferido.

Eles são responsáveis ainda pela velocidade angular

que o projétil adquire em consequência de sua

 passagem forçada através do raiamento do cano.

Esse movimento rotacional do projétil em relaçãoao seu eixo longitudinal é extremamente importante

 para sua estabilidade e alcance. O número de raias,

a inclinação e sentido de giro delas, profundidade e

outros valores variam conforme o fabricante e até o modelo do revólver.

O cano é ligado à armação geralmente por rosca, podendo apresentar um pino de segurança

que garante o seu travamento.

 No processo de produção dos canos dos revólveres, as duas etapas mais conhecidas são a

perfuração e a confecção do raiamento; entretanto, os canos apresentam na sua extremidade 

 posterior o cone de forçamento ou cone de pressão. Esse cone tem a função de facilitar a

entrada do projétil no cano, uma vez que o diâmetro do cano é menor que o diâmetro do

 projétil e, sem ele, as deformações por fricção e impactos que o projétil sofreria seriam

grandes.

2 Para um mesmo cartucho, guardadas as devidas proporções, quanto maior for o comprimento do cano,

maior será a velocidade com que o projétil o abandona, porque permitirá a queima total do propelente. 

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 No pequeno espaço entre o final do tambor e o início do cone de pressão (gap), o projétil

descreve um voo livre. Quanto menor for esse espaço, maiores serão os valores de precisão e

estabilidade do projétil. Na extremidade anterior, verifica-se a coroa ou crista, que tem por

função permitir uma saída uniforme dos gases pelo cano. Sem a uniformização realizada pela

crista, esse escape diferenciado dos gases, que aconteceria em decorrência do raiamento,

 poderia gerar um desvio na trajetória do projétil.

 Na região externa dos canos dos revólveres é comum encontrar gravações que identificam o

calibre nominal da arma, o fabricante, o país de produção, entre outros dados. O cano pode

apresentar reforços, que geralmente caracterizam o modelo da arma. Em sua parte inferior,

 pode haver uma presilha de fixação da vareta do extrator e indiretamente da haste central

(aferrolhamento duplo).

1.2.4. Mecanismos 

Os mecanismos dos revólveres são compostos de três sistemas básicos, que funcionam de

forma interligada:

-  

Sistema de disparo e percussão;

-   Sistema de repetição;

-   Sistema de segurança.

Sistema de disparo e percussão 

Embora funcionando de forma integrada, o sistema de percussão é composto principalmente

 pelo gatilho e impulsor do gatilho, cão, percussor, alavanca de armar e mola real, todas essas

 peças com as suas respectivas molas e pinos.

Considerando o tambor do revólver carregado, pode-se ter o disparo a partir de duas ações,

que acabam por classificar os mecanismos de disparo em:

-   Ação simples – Caracteriza-se por requerer o engatilhamento manual da arma 

 por meio do recuo do cão até a posição de armado (travado à retaguarda),

momento em que o tambor gira, promovendo o alinhamento da câmara com ocano para posterior acionamento da tecla do gatilho. Acionando o gatilho,

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obtém-se, com o impacto do percussor sobre a espoleta, a detonação desta e a

deflagração do cartucho.

As armas que só funcionam em ação simples, sem o engatilhamento prévio do

cão, não disparam.

Nota 

Como curiosidade, vale lembrar que essas armas caracterizaram os filmes sobre a conquista

do oeste americano, onde o cão apresentava um prolongamento bem mais acentuado

(“orelha” do cão maior) com a finalidade de facilitar o engatilhamento. Nesses filmes, o

atirador usa a palma de uma das mãos para chocar-se com o prolongamento do cão,aumentando a velocidade da sequência de disparos.

-   Ação dupla – Caracteriza-se por promover automaticamente o recuo do cão e o 

giro do tambor à medida que se pressiona a tecla do gatilho, até a posição em que

o cão é liberado e, ao avançar pela pressão da mola real, gera o impacto do

 percussor sobre a espoleta, a detonação desta e a deflagração do cartucho.

Nota 

Diversos modelos de revólveres apresentam-se com o cão oculto ou embutido – a exemplo

do revólver Taurus, modelo 85H – ou sem o cão (hammerless).

A maioria dos revólveres atuais pode operar tanto em ação simples quanto em ação dupla,

conforme as definições acima. Dessa forma, para alguns autores essas armas são de ação

dupla, enquanto para outros essas armas são de movimento duplo.

Os revólveres atuais apresentam dois sistemas diferentes de percussão, que consideram,

 basicamente, a montagem do percussor: percussão direta e percussão indireta.

-   Percussão direta  –   O percussor é parte integrante do cão, podendo ser um  

 prolongamento do cão (fixo), ou estar afixado por um pino (oscilante);

-   Percussão indireta  –  O percussor se encontra em espaço próprio, na armação, e 

recebe o impacto do cão de forma indireta. Com o desenvolvimento de sistemas

de segurança, como o sistema Irwing Jonhson (em que o cão irá impactar-se

contra a sua alavanca e ela, por sua vez, contra ele), e por causa dessa segurança,

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esse tipo de percussão passou a ser adotado por inúmeros fabricantes com as

respectivas modificações.

Nota 

 Nos modernos revólveres Taurus, o sistema de segurança é semelhante ao mencionado: o cão

irá colidir com a barra de transferência e ela, por sua vez, contra o percussor.

Os primeiros revólveres eram de

 percussão extrínseca, uma vez que ainda

não existia a figura do cartucho, como

 pode ser observado no tambor do

revólver Remington New Army, na foto

ao lado.

Sistema de repetição 

O sistema de repetição é composto principalmente pelo conjunto do extrator (cuja função

 principal é a extração dos estojos deflagrados) do impulsor do tambor (que juntamente com a

coroa ou cremalheira do extrator fazem o tambor girar e permitem o alinhamento do cano,

câmara e percussor) e do retém do tambor (peça que encaixa nos recortes próprios do tambor

de forma a garantir o alinhamento supramencionado).

Nota 

O sistema de segurança será discutido em item próprio.

1.3.  Classificação dos revólveres

 Nos Estados Unidos, Espanha, Argentina e outros países, a principal classificação dosrevólveres refere-se ao sistema de municiamento, classificando-os, pelo processo de acesso

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ao tambor, em: obturador lateral (armação rígida) e basculantes ou oscilantes (armação

articulada).

 No Brasil, classificamos os revólveres quanto à(ao):

-   Armação;

-   Sistema de Disparo;

-   Percussão;

-   Extração;

-  

Funcionamento.Estude sobre cada um deles!

1.3.1  Quanto à armação

Quanto à armação, os revólveres dividem-se em:

-   De armação rígida  –  Pode ser inteiriça (Ruger Single Six) ou desmontável (caso do 

obsoleto revólver Remington New Army).

-   De armação articulada  –   Subdividida em revólveres  basculantes ou de  tambor

reversível. 

1.3.2. Sistema de Disparo 

Quanto ao sistema de disparo, os revólveres são de movimento simples quando o revólver

opera somente em ação simples ou somente em ação dupla. Quando opera nos dois sistemas,

são classificados como de movimento duplo.

1.3.3. Percussão 

Quanto à percussão, são classificados como:

- Percussão extrínseca  (obsoleta);

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-   Percussão intrínseca –  Subclassificada em percussão direta e indireta3.

Nota

Existe ainda o sistema obsoleto de

percussão perpendicular do sistema 

 Lefaucheux, como o revólver que 

 pertenceu ao Duque de Caxias (foto

acima).

1.3.4. Extração 

Quanto à extração, os revólveres são classificados em:

-   De extração simples (armação rígida) e  simultânea ou  automática (no caso dos 

revólveres de tambor basculante);

-  

Manual (no caso dos revólveres de tambor reversível). 

1.3.5. Sistema de funcionamento

Quanto ao sistema de funcionamento,

classificam-se os revólveres em:

-   Revólveres de repetição  (caso

geral);

-   Revólveres semiautomáticos  –

raros casos de revólveres (foto

ao lado).

3

 As classificações em fogo central ou fogo radial são próprias para os cartuchos utilizados nessas armas.Embora indiquem a posição de incidência do percussor no cartucho, e por isso sejam também empregadasnas armas de fogo, são próprias para as munições. 

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Aula 2 – Pistolas 

2.1. O que é pistola 

O termo pistola é um termo genérico que já

designou diversos tipos de armas, desde pequenos

 punhais ou adagas no século XV – que eram

escondidos entre a roupa –, passando por armas

auxiliares da cavalaria, no século seguinte, até

todas as armas de fogo curtas, que poderiam serempunhadas com uma mão no século XVIII.

 Normalmente, quando nos referimos a pistolas nos dias de hoje, geralmente estamos nos

referindo a pistolas semiautomáticas, ou seja, a armas de porte, que aproveitam a força

expansiva dos gases para operar o mecanismo que irá extrair da câmara o estojo deflagrado,

ejetá-lo, e, com o retorno do mecanismo à posição de disparo, introduzir um novo cartucho

na câmara, deixando-a em condições de efetuar um novo disparo.

Pistolas são armas em que, enquanto existir munição no carregador, a introdução de um novo

cartucho na câmara é realizada de forma automática após o disparo ter sido efetuado, sendo

necessário acionar a tecla do gatilho para todo o disparo que se deseje fazer – embora

existam pistolas automáticas, como a pistola Glock, modelo G18 C, que realiza rajadas de

três tiros, ou outras capazes de efetuar disparos automáticos.

2.2. Breve histórico As pistolas semiautomáticas desenvolveram-se a partir da metralhadora criada por Hiram

Maxim em 1883, que usava a ação dos gases no

momento do disparo para retirar o estojo deflagrado

e colocar outro cartucho na câmara. As experiências

de Maxim desenvolveram-se a partir de carabinas

Winchester 1866, calibre .44-40. O primeiro

modelo de pistola semiautomática foi criada pelo

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armeiro alemão Hugo Bochardt em 1894. Segundo diversos autores, era uma arma volumosa,

frágil, incômoda, tendo sido produzidos poucos modelos dela. Em 1896 surgiu o modelo C-

96, criada por Paul Mauser, que foi utilizada em diversas revoluções e guerras, a exemplo da

guerra dos bôeres na África do Sul. No mesmo ano, surgiu a pistola Luger, criada por George

Luger e adotada pelo exército alemão em 1908, no calibre 9mm Luger.

O cantor e compositor Lenine, em uma das estrofes da música Candeeiro encantado cita:

“(...) Já foi-se o tempo do fuzil papo amarelo pra se

bater com poder lá do sertão, mas Lampião disse

que contra o flagelo tem que lutar com parabelo na

mão (...)” 

Lenine cita duas armas que foram muito populares

no Brasil e muito utilizadas, quer no cangaço, como

relata a música, quer em quase todos os estados.

Sobre o fuzil papo amarelo, que foi uma das armas presentes na história do nosso país, você

estudará mais tarde, mas o termo “parabelo” era a designação da pistola de George Luger,

adotada pelo exército alemão em 1908 com o nome de P08 ParaBellum-Pistole , que vem daexpressão latina “Si vis pacem para bellum” que quer dizer: “Se queres a paz, prepara-te

 para a guerra”, para dar a ideia que era uma arma de guerra.

Um dos principais armeiros que trabalharam com pistolas foi John Browning, que, a partir de

1900, desenvolveu pistolas para a Colt e FN – desde a clássica Colt, modelo 1911, até a

Browning High Power , comercializada em 1935, que foi a primeira pistola com carregador

 bifilar. Browning foi o responsável pelos cartuchos mais conhecidos de pistola, como o 25

ACP ( Automatic Colt Pistol) (6,35 x 16mm), o .32 ACP (7,65 x 17mm) e o .380 ACP (9 x

17mm). A primeira pistola de ação dupla foi a Walter PP, desenhada em 1929 para uso

 policial. Assim, como diversas outras melhorias, que vêm aperfeiçoando as pistolas até os

dias de hoje.

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2.3. Partes principais de uma pistola 

As principais peças de uma pistola são: cano, ferrolho, armação e carregador.

Estude, a seguir, cada uma delas.

2.3.1. Cano 

O cano das pistolas tem as mesmas funções e apresenta as mesmas características já

estudadas por você em revólver. Como na maioria das armas, nas pistolas semiautomáticas o

cano e a câmara são uma mesma peça, e a câmara localiza-se na parte posterior do cano.

Como ela destina-se a receber a munição, geralmente apresenta em sua porção inferior uma

rampa que facilita a introdução do cartucho, e, nas pistolas dotadas de extrator, apresenta um

recorte para o encaixe dessa peça, tanto na câmara quanto no aro do estojo. A quantidade e

orientação das raias do cano irão variar conforme o fabricante e o modelo da arma.

Os canos podem ser fixos (presos à armação) ou móveis, dependendo do sistema de

funcionamento da arma. As pistolas com cano fixo normalmente operam pelo sistema de

recuo direto ( Blowback  simples), em que o recuo do ferrolho é controlado pelo peso, inérciado ferrolho e resistência da mola recuperadora. É muito usado para os calibres menores,

como o 7,65mm e o .380 ACP.

O termo “Blowback” vem do inglês e significa “sopro à retaguarda” ou “sopro para trás”.

Quando se dispara uma pistola, os gases gerados pela queima da pólvora não só impulsionam

o projétil; impulsionam também o conjunto do ferrolho à retaguarda, permitindo a extração

do estojo percutido e, em consequência do retorno do ferrolho, a introdução de um novo

cartucho na câmara. Como dito, o recuo do ferrolho e a pressão dentro da câmara sãocontrolados pela massa deste – que é muito maior do que a do projétil – , pela inércia de

movimento do ferrolho – que também é muito maior do que a do projétil – e, ainda, pela

resistência da mola recuperadora, não permitindo que o conjunto do cano/ferrolho se separe

enquanto a pressão é alta, o que poderia causar danos à arma e lesões no atirador. Esse

sistema é chamado de  Blowback  simples, recuo direto ou massa inercial e é empregado em

armas de calibres menos potentes.

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 No sistema de operação por recuo curto ( Blowback  com trancamento), o cano e o ferrolho

são móveis, ficando interligados no momento inicial do disparo e depois recuam juntos por

uma curta distância até que o cano é detido e o ferrolho é liberado, continuando seu

movimento à retaguarda até a expulsão do estojo deflagrado e a introdução de um novo

cartucho na câmara. É o sistema usado para armas de calibre 9mm Luger, .40 S&W e .45

ACP, entre outros, pois, devido à maior potência desses calibres, faz-se necessário esse

trancamento inicial, no qual o cano e o ferrolho recuam juntos até que haja a diminuição da

 pressão dos gases no interior da câmara.

Para que você entenda melhor o sistema de operação por recuo curto, veja o exemplo das

 pistolas da marca Colt, modelo 1911. A ilustração abaixo foi extraída do livro  Herida por  

arma de fuego, de Vincent J. M. Di Maio

(ediciones  La Rocca, Buenos Aires, 1999).

 No momento do disparo, o cano e o ferrolho

estão unidos formando uma única peça, por

meio de saliências e ressaltos que formam

um sistema de engate (culatra aferrolhada).

Após o disparo, no momento em que a

 pressão diminui e o projétil praticamente

abandona o cano, o conjunto do ferrolho e

cano começa a se deslocar à retaguarda, em consequência da ação dos gases. Após um

 pequeno deslocamento, a parte posterior do cano sofre um pequeno deslocamento vertical

(queda), soltando-se do sistema de engate e sendo detido por uma peça específica. O ferrolho

continua seu deslocamento à retaguarda, extraindo o estojo da câmara, que, ao impactar-se

contra o ejetor, é expelido pela janela de ejeção. O ferrolho, ao regressar pela ação da molarecuperadora, coleta um novo cartucho no carregador, introduz esse cartucho na câmara,

facilitado pela inclinação da parte posterior do cano e da rampa da câmara, e empurra o cano

até o conjunto ferrolho e cano travarem-se novamente nos engates, o que deixa a arma pronta

 para um novo disparo.

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Outras formas de operação surgiram, como o sistema a gás das pistolas HK P-7 e da Desert

Eagle. Nesse sistema, parte dos gases oriundos da queima do propelente são conduzidos por

um pequeno orifício situado no cano e trabalham com um êmbolo, de forma a exercer pressão

 para que o ferrolho seja

movimentado, de maneira

semelhante aos modernos fuzis.

2.3.2. Ferrolho 

O ferrolho é uma peça móvel que

realiza deslocamentos no sentido do

eixo longitudinal da arma, em canaletas ou guias próprias para isso, promovendo a ação de

retirar o estojo deflagrado e carregar um novo cartucho. A placa obturadora, parte do

ferrolho que fica em contato com a base do cartucho, é rebaixada para garantir um melhor

encaixe do cartucho, câmara e ferrolho e a estanqueidade do conjunto. No ferrolho

encontram-se o percussor e o extrator (para os modelos que utilizam essa peça), asrespectivas molas e pinos de fixação, bem como uma série de outras peças que irão variar

conforme o sistema de percussão e o projeto da arma.

2.3.3. Carregador 

O carregador tem por função acondicionar a munição. Normalmente, os carregadores são

 produzidos em chapas de aço e apresentam o formato de caixa, apresentando a muniçãodisposta em uma fila (unifilar) ou em duas filas (bifilar). O carregador geralmente é

composto pelo corpo, mesa transportadora, mola e base. Algumas pistolas apresentam

carregadores do tipo caracol, que apresentam maior capacidade, e outras pistolas (a exemplo

da pistola Mauser, modelo C 96, calibre 7,63mm) têm o carregador como parte integrante da

arma.

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2.3.4. Armação 

A armação, da mesma forma que o revólver, apresenta as funções de:

-   Empunhadura;

-   Acondicionar o ferrolho (geralmente o cano, quando for uma peça independente) e a

mola recuperadora com a sua guia;

-   Conter os mecanismos de disparo;

-   Compor o mecanismo de segurança (dependendo do modelo);

-   Portar os dados de identificação da arma.

 Na armação, verifica-se ainda o ejetor, sendo que na maioria das pistolas é em sua

empunhadura que está alojado o carregador.

As armações são confeccionadas em diversos materiais, como aço, alumínio e suas ligas, e em

 polímeros, como a pistola H.K., modelo VP70Z (Heckler & Koch), uma das precursoras em

armação de polímeros.

2.3.5. Mecanismos 

Assim como você estudou sobre os revólveres, as pistolas também possuem de três sistemas

 básicos de mecanismos:

-   Sistema de disparo e percussão;

-   Sistema de repetição;

-   Sistema de segurança.

Sistema de disparo e percussão 

Os mecanismos de disparo são compostos pelo gatilho, tirante do gatilho ou peça semelhante

 – responsável por levar os movimentos do gatilho ao cão (percussão indireta) ou ao próprio

 percussor (percussão direta) –, armadilha ou peça semelhante que trava e libera o cão da

 posição de armado.

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Nota 

O cão e o próprio percussor, bem como as molas e respectivos pinos, constituem-se nas

 principais peças que trabalham de forma interligada.

Sistema de repetição 

Da mesma forma que os revólveres, as pistolas podem funcionar em ação simples, o que

requer que o atirador, para efetuar o primeiro disparo, engatilhe manualmente o cão, puxando-

o para trás. Após o primeiro disparo, pela ação do ferrolho (no seu ciclo de extrair o estojo e

alimentar a arma), o cão é armado sem a necessidade de qualquer outra operação manual.

 Nas pistolas de ação dupla, como a pistola Taurus 24/7, o tirante do gatilho atua diretamente

sobre o percussor, comprimindo a sua mola. Após pequeno percurso, o percussor é liberado,

incidindo contra a espoleta; obtém-se, então, a consequente deflagração do cartucho.

Nota 

Sistemas de funcionamento parecidos são os que operam nas pistolas Glock, HK P7-M8 e

M13, que requerem que o gatilho seja armado previamente pela ação do ferrolho e não podemser classificadas como de ação dupla simples.

 Nas pistolas de dupla ação (movimento duplo), desde que carregadas, o primeiro disparo pode

ser efetuado apertando o gatilho, não sendo necessário o engatilhamento manual do cão. Os

disparos seguintes são efetuados como nas pistolas de ação simples, com o cão sendo

naturalmente armado pelo movimento do ferrolho após o disparo.

As pistolas de dupla ação modernas, como algumas pistolas Beretta e Taurus, possuem ainda

uma tecla (alavanca), localizada em seu ferrolho ou armação, que, ao ser acionada, permite

que o cão seja desarmado, abaixando-se para sua posição habitual (desarmador do cão). A

grande vantagem desse tipo de trava é a possibilidade de se desarmar o cão após ser colocado

um cartucho na câmara, ou após terem sido efetuados alguns disparos com maior segurança.

Nota 

O sistema de segurança será discutido em item próprio.

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2.4. Classificação das pistolas semiautomáticas 

As pistolas semiautomáticas são classificadas principalmente quanto à (ao):

-   Cano;

-   Percussão;

-   Sistema de disparo;

-   Funcionamento.

Estude sobre cada um deles!

2.4.1. Cano 

Quanto ao cano, as pistolas são subdivididas em:

-   Fixas – (à armação ou ao suporte do ferrolho);

-   Móveis – (canos flutuantes).

Nota 

Algumas pistolas, como as pistolas Taurus PT 51 e PT 53, apresentam o cano basculante, o

que consiste apenas na variação do sistema de cano fixo.

2.4.2. Percussão 

Quanto à percussão, são classificadas em pistolas de percussão direta e de percussão indireta.

2.4.3. Sistema de disparo 

Quanto ao sistema de disparo, as pistolas subdividem-se em:

-   Movimento simples – Quando opera somente em ação simples;

-   Ação dupla.

Quando opera nos dois sistemas, são classificadas como de movimento duplo.

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2.4.4. Funcionamento 

Quanto ao sistema de funcionamento, as pistolas são classificadas em:

-   Recuo direto ( Blowback  simples);

-   Recuo curto ou longo ( Blowback  com trancamento);

-   Sistema a gás.

Nota 

Outros sistemas, como o sistema Blow up (sopro para cima), utilizado na pistola Luger, estãototalmente em desuso.

Finalizando... 

•  O revólver, pela definição encontrada no Decreto nº 3.665, de 20/11/2000, é uma

“arma de fogo de porte, de repetição, dotada de um cilindro giratório posicionado

atrás do cano, que serve de carregador, o qual contém perfurações paralelas eequidistantes do seu eixo e que recebem a munição, servindo de câmara.” (art. 3º,

inciso LXXIV, anexo);

•  São quatro as partes essencias de um revólver: armação, tambor, cano e mecanismos;

•  Pistolas são armas em que, enquanto existir munição no carregador, a introdução de

um novo cartucho na câmara é realizada de forma automática após o disparo ter sido

efetuado, sendo necessário acionar a tecla do gatilho para todo o disparo que se

deseje fazer;

•  As principais peças de uma pistola são: cano, ferrolho, armação e carregador.

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Exercícios 

1) As principais características que definem uma arma como arma de porte são:

a. ( ) Dimensões e peso reduzidos

 b. ( ) Facilidade de manejo (Ex.: Pode ser disparada comodamente com uma das

mãos.)

c. ( ) Facilidade de porte (Ex.: Pode ser carregada em um coldre.)

d. ( ) Todas as alternativas anteriores

2) A armação de um revólver pode ser:

a. ( ) Rígida

 b. ( ) Articulada do tipo basculante

c. ( ) Articulada com tambor reversível

d. ( ) Todas as alternativas anteriores

3) Podemos atribuir à armação do revólver as funções de:

a. ( ) Empunhadura, a qual permite que o revólver seja facilmente sustentado e facilite

a visada.

 b. ( ) Alojar todas as peças e os mecanismos de disparo e segurança.

c. ( ) Portar os sinais identificadores da arma, como o número de série, logomarca e

outros dados.

d. ( ) Todas as alternativas anteriores

4)  A peça que tem por função travar o tambor do revólver de modo que fique em

alinhamento o cano, câmara e percussor é o (a):

a. ( ) Impulsor do tambor

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 b. ( ) Retém do tambor

c. ( ) Haste central

d. ( ) Coroa do extrator

5)  Podemos afirmar que a “mola real” e o “impulsor do gatilho” fazem parte do:

a. ( ) Sistema de percussão

 b. ( ) Sistema de repetição

c. ( ) Sistema de segurança

d. ( ) Sistema de extração

6) Pode-se afirmar do sistema de operação Blowback  com trancamento que:

a. ( ) Nele o cano está totalmente fixo.

 b. ( ) O ferrolho recua após vencer a inércia de movimento e a força da mola

recuperadora de forma totalmente independente do cano.

c. ( ) O cano é basculante.

d. ( ) O cano recua juntamente com o ferrolho no qual está acoplado por alguma forma

de trancamento e, após a liberação desse trancamento pela ação de uma ou mais peças ou

encaixes, o cano permanece e o ferrolho continua seu movimento à retaguarda sob a ação

dos gases até a expulsão do estojo deflagrado e a introdução de um novo cartucho na

câmara, onde o cano estará novamente acoplado ao ferrolho.

7) Podemos dizer que nas pistolas de dupla ação (movimento duplo) com o cão externo que:

a. ( ) O primeiro disparo necessariamente é efetuado em ação simples, desde que as

 pistolas estejam carregadas.

 b. ( ) O primeiro disparo pode ser efetuado tanto em ação simples como em ação dupla

e a arma estará em condições de efetuar os disparos subsequentes em ação simples.

c. ( ) Necessariamente efetuará o primeiro disparo em ação dupla e os demais em açãosimples.

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d. ( ) É necessário a ação do atirador em qualquer situação para realizar disparos em

ação simples.

8) O ferrolho exerce diversas funções em uma pistola semiautomática, promovendo a ação

de retirar o estojo deflagrado da câmara geralmente através do extrator e de introduzir um

novo cartucho na câmara. Para exercer suas funções, ele aloja diversas peças. Podemos

dizer que não está inserido no ferrolho:

a. ( ) O percussor 

 b. ( ) A trava do percussor 

c. ( ) O ejetor 

d. ( ) A placa obturadora

9) Assinale, entre as afirmativas abaixo, qual delas não é função ou consequência direta do

raiamento do cano de um revólver.

a. ( ) Promover a rotação do projétil, conferindo-lhe uma velocidade angular.

 b. ( ) Melhorar o alcance máximo e a direcionabilidade do projétil.

c. ( ) Auxiliar a queima do propelente durante a passagem do projétil através do cano.

d. ( ) Melhorar a estabilidade do projétil em sua trajetória exterior, impedindo que ele

adquira movimentos erráticos como o tombamento e outros.

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Módulo 3 - Armas portáteis

Apresentação do módulo

Neste módulo você estudará as armas portáteis: espingardas, carabinas,

fuzis, metralhadoras e submetralhadoras.

Essas armas estão presentes no cotidiano do profissional de segurança

pública, sendo, inclusive, cada vez mais utilizadas na prática de crime,

especificamente os mais violentos, como assaltos a carros-fortes, roubos a

bancos, entre outros exemplos. Por outro lado, devido a sua eficiência e

confiança que esse armamento oferece, o seu emprego nas diversasunidades policiais vem aumentando a cada dia, sendo comumente encontrada

nas viaturas policiais e empregadas em diversos tipos de operações. Em

função desse crescente uso, mais do que nunca, você deve conhecer sobre

essas armas de fogo, para melhor estabelecer a dinâmica do fato delituoso,

bem como conhecer dentre os vestígios por elas deixados, os que possam ser

encontrados na cena de crime.

Objetivos do módulo

 Ao final do estudo desse módulo, você será capaz de:

Identificar e classificar as armas portáteis;

 Analisar o histórico das armas portáteis;

Identificar os principais componentes, peças e sistemas de operação

das armas portáteis. 

Nota:

Neste módulo, não será trabalhado um armamento específico, mas o que é

comum a todas as forças policiais. Acredita-se que, desta forma, você estará

apto a descrever e melhor entender as armas portáteis que dispõem para uso,

além de conhecer alguns detalhes de armas congêneres aqui.

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Estrutura do módulo

 Aula 1 – Armas portáteis

 Aula 2 - Espingardas

 Aula 3 – Carabinas

 Aula 4 – Fuzis, Metralhadoras e Submetralhadoras

Aula 1 – Armas portáteis

1.1. O que são armas portáteis

Como você já estudou, a legislação específica (art. 3º, inciso XXII do Anexo do

Decreto Nº 3.665, de 20 de novembro de 2000) traz a seguinte definição de

arma portátil:

“ arma cujo peso e cujas dimensões permitem que seja transportada por um

único homem, mas não conduzida em um coldre, exigindo, em situações

normais, ambas as mãos para a realização eficiente do disparo”.  (BRASIL,

2000)

Observe que a definição acima permite depreender que nas armas portáteis

podem ser relacionadas às armas longas, tais como as espingardas,carabinas, fuzis, entre outras que apresentam a característica de uso

individual.

1.2. Classificação geral das armas portáteis

 As armas portáteis são classificadas quanto:

à alma do cano;à percussão;

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ao sistema de funcionamento.

Veja, a seguir, cada um deles.

Quanto à alma do cano são subdivididas em:

-  Alma lisa, como todas as espingardas;

-  Alma raiada, como as carabinas e fuzis;

-  Mistas - armas que apresentam pelo menos um cano de alma

lisa e pelo menos outro de alma raiada.

Quanto à percussão são classificadas em:

-  Percussão direta;

-  Percussão indireta.

Quanto ao sistema de funcionamento são classificadas em:

-  Tiro unitário ou simples, como as espingardas ou fuzis de um

único cano;

-  Tiro unitário múltiplo (espingardas ou fuzis de dois canos), de

repetição, semiautomática ou automática.

Aula 2 –

 Espingardas

2.1 O que é uma espingarda

Espingarda pela definição da legislação específica, Decreto nº 3.665 de 20 de

novembro de 20001, (art 3º-, inciso XLIX do Anexo), é uma arma de fogo

 portátil, de cano longo com alma lisa, isto é, não-raiada2 . 

1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3665.htm 

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 As espingardas são armas de fogo com emprego que varia desde a práticadesportiva até a utilização em combate.

2.2. Peças da espingarda

Basicamente, as principais peças de uma espingarda de modelo simples, como

as espingardas de um só cano e de tiro unitário, são:cano com a câmara e o extrator;

telha e a coronha;

caixa de mecanismos com gatilho, percussor, cão, molas e os pinos de

fixação, bem como o sistema de abertura do cano.

 A seguir, você estudará sobre elas.

2.2.1 Cano com câmara e

extrator

O comprimento do cano

varia com as

características do projeto e

com a destinação que é

dada à arma,

apresentando, geralmente,

variações compreendidas

entre 500 mm e 800mm.

2 Existem algumas espingardas modernas com alma raiada, a exemplo da espingarda da

Mosberg , calibre 12, modelo “trophy sluger” , com raiamento dextrogiro, pensados

especialmente para disparos com projéteis singulares ou “Slug ”. Muitas espingardas após ocalibre apresentam a palavra “Gauge”  que pode ser traduzida como calibre ou dimensão.  

Espingarda CBC, monocano, modelo 199-2

Figura 27 – Cao de espingarda.

Fonte: arquivo pessoal do conteudista 

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Importante salientar que, conforme o inciso VI do art 16 do R 105, são de uso

restritos “armas de fogo de alma lisa de calibre doze ou maior comcomprimento de cano menor que vinte e quatro polegadas ou seiscentos e dez

milímetros”  (BRASIL, 2000 )

Nas espingardas de retrocarga, na parte posterior do cano, encontra-se a

câmara, destinada a alojar os cartuchos (FIG. 27).

 As câmaras, nas espingardas modernas, apresentam comprimentos que

podem ser de 70mm ou de 75mm. As câmaras mais extensas são para autilização de cartuchos Magnum, naturalmente mais potentes.

Importante!

É importante observar que, nas espingardas, os cartuchos não ocupam toda a

extensão da câmara, pois os cartuchos com fechamento em “estrela” - sobre o

qual estudará mais a frente - necessitam desse espaço para a abertura do

estojo.

Junto à parte posterior da câmara encontra-se o extrator, peça que promove a

retirada do estojo deflagrado com a abertura do cano. Na parte anterior dos

canos, geralmente verifica-se o choke  que é uma pequena diminuição

(estrangulamento) do diâmetro interno do cano, com vistas a melhorar o

agrupamento dos projéteis (balins).

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2.2.2. A telha e a coronha

Como as espingardas são

projetadas para efetuarem disparos

utilizando-se as duas mãos e

apoiadas no ombro, a coronha

consiste em uma de suas peças

fundamentais, sendo estudadas o

seu comprimento, altura e a suacurvatura. Na parte posterior da

coronha encontra-se a chapa da

soleira que, além de proteger a

coronha, podem dar maior aderência ao ombro e diminuir o impacto provocado

pelo recuo. A telha serve de suporte para uma melhor pegada e posição de tiro.

2.2.3. Caixa de mecanismos

 A caixa de mecanismo irá conter

todos os mecanismos de disparo e

abertura do cano, sendo que as

principais peças nelas montadas

são: gatilho, percussor, cão, molas

e os pinos de fi xação.

Nota

 Alguns modelos de espingardas de um cano e tiro unitário apresentam

sistemas de segurança contra disparo acidental.

Figura 28 – Coronha de espingarda.

Fonte: arquivo pessoal do conteudista

Figura 29 – Caixa de mecanismo de espingarda.

Fonte: arquivo pessoal do conteudista

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Os principais modelos de espingardas de tiro unitário são as espingardas de

cano único, de canos duplos paralelos e de canos duplos sobrepostos.

2.3. Informações sobre outros modelos de espingardas

No Brasil, ainda é comum à utilização de espingardas de antecarga

(espingardas de soca) e percussão extrínseca, a maioria delas de produção

artesanal. Nesse modelo de arma, a pólvora é introduzida pela boca do cano e,

posteriormente, a bucha e os balins. A iniciação da pólvora acontece peladetonação de espoleta colocada em uma peça, comumente chamada de

“ouvido”, que permite que a chama e os gases aquecidos da detonação da

espoleta atinjam o interior da câmara, iniciando a queima do propelente.

Nos modelos de espingardas de repetição, o sistema mais comum é o sistema

Pump Action  ou sistema de corrediça, que foi utilizado nas espingardas da

Winchester - modelo 1897., Outro exemplo desse sistema é o da espingarda

Pump CBC 12., Nesta arma, a telha que, naturalmente, é o apoio da mão do

atirador apresenta também a função de movimentar o mecanismo do ferrolho,

pela ação deslizante da telha e das hastes da corrediça, retirando o estojo

vazio ou o cartucho que se encontra na câmara e a introdução de um novo

cartucho. Nessa arma, os cartuchos são armazenados em um tubo de

depósito, localizado abaixo do cano.

Nota

Em outros modelos de diversos fabricantes, os cartuchos são armazenados no

carregador do tipo cofre ou caixa (SPAS 15), ou em depósito localizado no

corpo da arma.

Outro sistema de espingarda de repetição é por “ação mauser ”, onde uma

alavanca ligada ao ferrolho promove a extração e introdução de um novo

cartucho.

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Com as novas tecnologias, surgiram as espingardas semi-automáticas, como a

“Browning A-5”, e as que operam em sistema de repetição ou semi-automáticocomo as espingardas “Benelli M3”  e “M4 super 90”, apresentando ainda o

ferrolho de cabeça rotativa para o trancamento deste na câmara, tecnologia

empregada nos “fuzis Colt”, “modelo M 16” entre outros.

2.4. Classificação das espingardas

 Alguns autores classificam as espingardas em:

Espingardas de 1.ª geração –São as espingardas de tiro unitário, de um

único cano ou de canos duplos dispostos paralelamente um ao outro ou

sobrepostos.

Espingardas de 2.ª geração  –  Nessa categoria classificam-se as

espingardas de repetição como a pump CBC 12, ou Mosberg  590.

Espingardas de 3.ª geração - São as espingardas semiautomáticas,

como a espingarda Browning  A-5.

Espingardas de 4.ª geração  –  São as espingardas que podem atuar

tanto no sistema semiautomático quanto no sistema de repetição, como

a Benelli  M3 Super 90.

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Nota!

Vale relembrar que ainda há as armas mistas ou conju gadas,  aquelas que

apresentam um ou mais canos de alma lisa e um cano de alma raiada.

Exemplo: as espingardas do tipo Drilling,  que possuem três canos, onde se

combinam, geralmente, dois canos de alma lisa paralelos com um cano de

alma raiada conectados em um mesmo sistema de disparo.

Entre as armas de dotação das forças armadas de diversos países estão

espingardas que operam em sistema automático, ou seja, estão aptas para

efetuarem rajadas, a exemplo da espingarda AA-12 que apresenta a opção de

usar um carregador do tipo caixa com 8 cartuchos ou um carregador tipo

tambor ou caracol com 20 ou 32 cartuchos (como aqueles empregados nas

primeiras submetralhadoras Thompson, de calibre .45 ACP, imortalizado pelos

filmes policiais como “Os Intocáveis”.  Esta arma, que já aparece em uso em

filmes recentes, possui seletor de tiro com a opção da posição “travado”; “tiro

intermitente”  e “automático”. A cadência de disparo teórica em sistema

automático é de 360 tiros por minuto, o que acarreta uma grande dispersão de

balins sobre o alvo.

2.5. Alcance útil

O alcance útil em tiro produzidos com espingardas é a distância limite do tiro

eficaz, isto é, a distância além da qual os chumbos não possuem mais energia

capaz de causar lesões consideráveis.

 A distância efetiva de utilização das espingardas é relativamente pequena, em

função do formato desfavorável dos grãos esféricos (balins) (fazer hint:,

conjunto de esferas que são expelidos quando do disparo). que causam uma

grande diminuição na velocidade e, consequentemente, na redução da energia

cinética. Desta forma, o tamanho dos grãos de chumbo são de fundamental

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importância na determinação do alcance útil e no grau das lesões ou danos por

eles produzidos.

O alcance útil, nas armas de alma lisa, é determinado pela dispersão dos balins

e pelas possibilidades práticas de sua utilização pelo atirador. Nas

espingardas, o diâmetro do círculo de dispersão ou agrupamento é controlado

pelo choque (FIG. 30). Assim, o alcance útil teórico (na prática, esses valores

são menores) é:

o choque pleno (full  choke) usado para tiros entre 44,5m e 54,5m (45 e

55 jardas);

o choque modificado (modified choke) para tiros entre 24,75m e 44,5m

(25 a 45 jardas);

o choque cilíndrico modificado (improved cylinder) é usado para tiros até

34,65m (35 jardas);

o choque cilíndrico apresenta alcance útil da ordem de 30 metros.

Figura 30 – Tipos de choque.

Fonte:http://static.hsw.com.br/gif/shotgun-chokes.gif  

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Estas são as distâncias que, de acordo com o choque do cano de uma

espingarda, a mesma ainda possui alcance útil. 

Com a utilização de projéteis singulares, o alcance útil é da ordem de 100 a

110 metros.

Aula 3 - Carabinas

3.1. O que é uma carabina

 A Carabina, pelo Decreto nº 3.665 de 20 de novembro de 2000 3(Artº 3, inciso

XXXVII, Anexo) , é uma “arma de fogo portátil semelhante a um fuzil, de

dimensões reduzidas, de cano longo - embora relativamente menor que o do

fuzil - com alma raiada” (BRASIL. 2000).

O termo carabina apresenta relatos diferentes quanto a sua origem, entretanto,

no século XVII, era empregado para designar os arcabuzes e mosquetes de

dimensões reduzidas e, por isso, de mais fácil manejo e transporte, utilizada

pelas tropas montadas.

O comprimento do cano das

carabinas é o que as caracterizam

como tal.

3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3665.htm 

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 Alguns autores destacam que mede até 20

polegadas,(508 milímetros), para outros, deve

ser menor que 22 polegadas (558.8 milímetros).

3.2. Sistemas utilizados pelas carabinas

O maior destaque das carabinas acontece com as produzidas pela Winchester

(Winchester Repeating Arms Company ), calibre .44-40, nos modelos 1866 e

1873, devido ao papel que desempenharam na colonização americana e

imortalizadas pelo cinema. Essas carabinas eram armas de repetição, com

acionamento por alavanca (lever action) localizada abaixo da caixa de

mecanismo ction). Essa alavanca, graças ao seu desenho, exercia também a

função de guarda mato. Essas armas apresentavam outra inovação que era autilização de um sistema de alimentação por depósito tubular. Com o

movimento semicircular da alavanca, indo à frente e retornando a posição de

origem, eram realizadas as seguintes operações descritas a seguir:

1. Desbloqueio do ferrolho da câmara;

2. Recuo do ferrolho - com o movimento a frente da

alavanca, recuava-se o ferrolho e promovia a extração do

estojo ou do cartucho que se encontrava na câmara e

armava o cão;

3. Introdução do cartucho na câmara de forma propícia - ao

final do curso do ferrolho, a mesa transportadora,

 juntamente com um cartucho oriundo do tubo de depósito,

inclinava-se, deixando o cartucho em inclinação propícia

para ser introduzido na câmara. Com o retorno da

gura 31 – Exemplo de carabina (AKMS 47).

AKMS 47, produzido no Iraque, destinado aopas aerotransportadas. O comprimento do

ano, as características de dimensões reduzidasmenor peso permitem caracterizá-lo como

arabina. Entetanto, essa mesma arma poderáer classificada como fuzil de assalto, uma vez

ue essas classificações não são excludentes.

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alavanca, o ferrolho avançava e introduzia na câmara o

cartucho que se encontrava na mesa transportadora;

4. Travamento do ferrolho, cartucho e câmara perfeitamentealinhados - impedindo a abertura do conjunto, no momento

do disparo.

Esse sistema permanece atual e é utilizado por diversos fabricantes, a

exemplo da indústria Rossi que produzia as carabinas “pumas”  (sistema lever

action) nos calibres: .38 Special, .357 Magnum e .44 Special, dentre outros

calibres. Hoje, estas carabinas são produzidas pela indústria Taurus e

também por diversos fabricantes no mundo inteiro.

Outro sistema de repetição utilizado nas carabinas é o sistema de corrediça ou

sistema pump action4 No nosso país, a indústria Rossi, produziu as carabinas

Gallery , de calibre .22 que utilizavam cartuchos .22 Short   (curto), .22 Long  

(longo) e .22 Long Rifle (L.R.) ou no calibre .22 Magnum.

 As carabinas da Winchester com acionamento por alavanca tiveram papel

importante não só na colonização americana mas, também, na nossa história,

sendo utilizadas no Cangaço, na Coluna Prestes e em diversas emboscadas

feitas na luta por terra e outros motivos. Eram vendidas em mercearias no

interior do Brasil, como lembra da música do Lenine “Já foi -se o tempo do fuzil

 papo amarelo (...)”  . Um dos primeiros modelos de carabinas da Winchester foi

o modelo 1866, cuja caixa de mecanismo apresentava partes de latão (liga

metálica5 constituída de cobre6 e zinco7, por isso ficou conhecida como Yellow

4 O sistema no qual a telha, além de ser o apoio da mão tem a função de movimentar o

mecanismo do ferrolho, pela ação das hastes da corrediça, retirando o estojo vazio ou ocartucho que se encontra na câmara e a introdução de um novo cartucho  

5 http://pt.wikipedia.org/wiki/Liga_met%C3%A1lica 

6 http://pt.wikipedia.org/wiki/Cobre 

7 http://pt.wikipedia.org/wiki/Zinco 

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Boy  (Rapaz Amarelo). Já o rifle da Winchester, modelo 1873, calibre .44 – 40 8 

cano octagonal, embora tivesse a caixa de mecanismo de liga de ferro e

tivesse poucas peças e chapa confeccionadas em latão ou bronze, ficouconhecido no Brasil como rifle papo-amarelo por herança do seu antecessor o

WINCHESTER 66. 

Nota

O winchester 73 foi produzido com comprimento de cano de 15, 20, 24 ou 30polegadas. Por isso, é correto afirmar que o Brasil teve tanto carabinas comofuzis papo amarelo, com diferentes capacidades do tubo carregador.

Uma arma semiautomática por

ação de gás, com características

modernas, que revolucionou a

época pelo sistema de operação,

pelo desenho e também pelo

projeto do cartucho, foi a “carabina

M1, calibre .30 Carbine”,

desenvolvida nos Estados Unidos,

em 1941. Essa carabina foi

desenvolvida como uma arma

leve para as unidades de

comunicação, blindados, artilharia, oficiais de intendência, entre outros, dotadade cano com comprimento de 457,2 mm (18 polegadas). Posteriormente foi

modificada para o modelo M2, com carregador de maior capacidade e,

principalmente, com sistema de tiro semiautomático e automático através de

seletor. Foi uti lizada na 2.ª Guerra Mundial, Guerra da Coréia e Guerra do

8 : Embora você estudará sobre calibres mais tarde, o calibre . 44  – 40, significa que o diâmetro

do projétil tinha 44 centésim os de polegada (11.17 mm) e 40 grains de pólvora negra (2,56gramas) 

Figura 32 – Arma semiautomárica por ação de gás.Fonte: arquivo pessoal do conteudista

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Vietnã, além de ter sido arma de dotação das forças armadas e policiais de

diversos países.

Entre as armas modernas, que podem ser classificadas como carabinas,

destacam-se as versões “M16A1 Carbine”  e “M16A2 Carbine”, do “Fuzil Colt

M16”, adotadas pelas forças armadas de muitos países. Essas armas são

produzidas no calibre 5,56 NATO, e opera tanto no sistema semiautomático

quanto no sistema automático por ação de gás. Possui cano com comprimento

de 14,5 polegadas (368,3 mm) e apresentam como inovação uma coronha

retrátil, o que reduz ainda mais o seu tamanho. Seu comprimento total, com a

coronha retraída, pouco maior que 750 mm.

 As carabinas permeiam o universo policial desde as antigas carabinas Pumas

da Rossi.

Nos dias atuais, surgiram novas

armas a exemplo da indústria

Taurus  que produz carabinas

policiais, no calibre .40 S&W

semiautomática pelo sistema Blow

Back , cujo cano possui 410

milímetros de extensão, e ainda, a

carabina no calibre .30 Carbine

semiautomática por sistema à gás ,

na qual o cano têm 260 milímetros

de extensão. Ambas apresentam peso na ordem de 3,3 quilogramas e se

destinam à utilização policial com as características de serem armas

relativamente pequenas - o que permitem o uso urbano -, leves para armas de

porte e de excelentes características balísticas.

Figura 33

Fonte: arquivo pessoal do conteudista

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Nota

 A carabina “MAGAL”  (Micro Galil ), no calibre .30 Carbine, de origem

Israelense, adotada pela Secretaria de Segurança do Estado do Pará, e as

carabinas da “IMBEL Ca MD97LM”  e “Ca MD97LC”, com comprimento de

cano da ordem de 330 milímetros, no calibre 5,56 x 45, regime de tiro

semiautomático, ou conforme o modelo semiautomático ou buster   (rajada

curta) de 3 tiros e automático por sistema à gás e peso, também na ordem de

3,3 quilogramas, utilizada pela Força Nacional, são outros exemplos dapresença dessas armas no nosso dia a dia.

3.3. As carabinas de pressão

 As carabinas de pressão não são classificadas como armas de fogo, pois a

impulsão dos projéteis não se dá pela queima de propelente. Nessas, aimpulsão dos projéteis se dá pelo emprego de gases comprimidos que podem

estar armazenados em um reservatório ou por ação de um êmbolo solidário a

uma mola. Entretanto, as carabinas de pressão são também objetos de estudo

da balística forense, pois trata-se de arma e a ação dos seus projéteis pode

causar lesões graves ou, em determinadas situações, até a morte.

Aula 4 – Fuzis, Metralhadoras e Submetralhadoras

4.1. Fuzis, Rifles e Mosquetões

4.1.1 O que é um fuzil

Pela definição do Decreto n.º 3.665 (art 3º, inciso LIII, Anexo), fuzil é uma“arma de fogo portátil, de cano longo e cuja alma do cano é raiada” (BRASIL,2000).

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Nota

Embora os vocábulos Fuzil e Rifle tenham origens diferentes, nos dias de hoje,ambos são empregados como sinônimos.

O termo Rifle  tem origem na palavra inglesa Rifling , relativo às raias,responsáveis pelo movimento rotacional do projétil. É utilizado nos países delíngua inglesa para designar as armas longas, portáteis, com canos de almaraiada, de uso individual e projetadas para serem usadas apoiadas ao ombro,destinadas a uso militar ou desportivo.

O termo Fuzil, de origem francesa, apresenta o mesmo significadoanteriormente descrito, nos países de línguas de origem latina. Como visto, nãohá padronização entre os países, nem de nomenclatura, nem de definição.

Nota

Nos Estados Unidos, por lei federal, os fuzis (rifles) devem ter, no mínimo,406,4 mm (19 polegadas) de comprimento de cano. (Di Maio, 1999, pg 40).Quando possuem comprimento de cano inferior a este valor, os fuzis são

classificados como carabinas.

4.1.2 Classificação

Os fuzis são classificados quanto ao funcionamento em: tiro unitário; de

repetição; semiautomáticos e automáticos.

Tiro unitário  –  as operações de carregar a arma, introduzindo

diretamente o cartucho na câmara e a extração do estojo deflagrado sãorealizadas manualmente, após cada disparo. Os exemplos mais comuns

são os fuzis com um único cano ou de canos paralelos ou sobrepostos,

que foram utilizados para caças de animais de grande porte na África.

Dentre os principais fabricantes desses fuzis, destaca-se Holland &

Holland , Gibbs e Lancaster, em calibres como o .700 Nitro Express, .470

Nitro Express, .458 Winchester Magnum, .416 Rigby, .375 Holland&

Holland  Magnum, etc. 

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De repetição - a arma é recarregada por ação do atirador por intermédio

de mecanismo da arma, para esse fim específico, que promove o

destravamento do conjunto do ferrolho, a retirada do estojo deflagrado

ou cartucho da câmara, a introdução de um novo cartucho na câmara e

o travamento do ferrolho. Diversos são os mecanismos para tal fim,

como o sistema  pump action, o sistema de alavanca utilizado pelo

Winchester , entretanto, o mais conhecido é o sistema Mauser,

patenteado pelos irmãos Paul e Wilhem Mauser, em 1898. Nesse

sistema, uma alavanca incorporada ao ferrolho realiza dois movimentos

básicos. O primeiro movimento consiste na rotação que promove o

destravamento (giro no sentido anti-horário) e travamento (giro no

sentido horário) do ferrolho. O segundo movimento consiste no

deslocamento à retaguarda, em relação ao eixo longitudinal da arma,

promovendo a retirada do estojo deflagrado e à frente, conduzindo o

cartucho do depósito para a câmara, deixando o percussor na posição

armado e permitindo acionar o sistema de segurança a ele incorporado.

O sistema Mauser, pela segurança

e praticidade continua a ser

utilizado nos dias de hoje, a

exemplo do Fuzi l .308 IMBEL

 AGLC que é um fuzil de precisão,

ou o Fuzil de repetição da

Remington (FIG. 34). Outro

exemplo comum de fuzis de

repetição são os mosquetões.Figura 34 – Fuzil de repetição da RemingtonFonte: arquivo pessoal do conteudista

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Nota

De acordo com o Decreto nº 3.665, de 20 de novembro de 20009, o termo

mosquetão significa “fuzil pequeno, de emprego militar, maior que uma

carabina, de repetição por ação de ferrolho montado no mecanismo da culatra,

acionado pelo atirador por meio da sua alavanca de manejo” (BRASIL. 2000). 

Semiautomáticos   –  são fuzis que recarregam automaticamente,

aproveitando a expansão dos gases após o disparo para realizar todo o

ciclo de destravar o ferrolho, extrair o estojo, recarregar a arma e travarnovamente o ferrolho, deixando-a pronta para novo disparo. O exemplo

mais conhecido de fuzil semiautomático é o Fuzil AR-15, da Colt, pela

divulgação que a mídia deu a essa arma e, claro, pela grande utilização

dela por narcotraficantes e outros grupos criminosos. Este fuzil é uma

versão civil do Fuzil militar

M 16, do mesmo

fabricante.

Automático  - são fuzis

que, além de recarregarem

automaticamente,

aproveitando a expansão

dos gases após o disparo,realizam disparos

contínuos enquanto o

gatilho continuar

pressionado (rajada).

Geralmente são armas de

uso militar, dotadas de seletor de tiro, podendo geralmente optar-se por

9 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3665.htm 

Figura 35 – Fuzil AKMS 47

O Fuzil AKMS 47 possui, ao mesmo tempo,características de carabina e de fuzil de assalto,assim como os rifles Colt M16 Carabine.Fonte: arquivo pessoal do conteudista

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tiro automático (rajadas), rajadas curtas de três ou cinco tiros, ou ainda,

tiro intermitente (semiautomático). Os mais comuns são os fuzis de

assalto, utilizados pelas forças policiais e militares de diversos países.Com o fim da guerra de trincheiras, surgiram os fuzis de assalto que

apresentam as características de poderem efetuar disparos no sistema

automático ou intermitente, possuírem uma grande capacidade de

armazenar munições, comportando maior número de cartuchos no seu

carregador, de serem de calibres intermediários o que implica em

redução de peso e, principalmente, de grande maneabilidade, inclusive

em ambientes de pequenas dimensões. Exemplos mais conhecidos sãoo AK 47 e o Fuzil Colt M16 (FIG. 35).

Nota

No sistema a gás - utilizados nos fuzis modernos, quer semiautomáticos ou

automáticos -, existe diversas variações conforme modelo e geração. De forma

simples funcionam assim:

1º) parte dos gases oriundos da queima do propelente que impulsiona o projétil

durante seu deslocamento pelo interior do cano é desviada para um orifício

(geralmente chamado de evento) próximo à boca do cano - espaço no qual a

pressão está ligeiramente menor; e pela

2º) a pressão exercida por essa coluna de gases desviada movimenta um

pistão ou êmbolo, ligado ao ferrolho por uma haste que, por sua vez,

impulsiona o ferrolho para trás, movimentando o mecanismo e conseguindo a

extração e a introdução de novo cartucho na câmara realizando o ciclo

completo do mecanismo da arma.

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4.2. Metralhadoras e Submetralhadoras

4.2.1 O que é uma metralhadora 

O inciso LXI, do art. 3º do Anexo do Decreto nº 3.665, de 20 de novembro de

2000 , define  metralhadora como “arma de fogo portátil, que realiza tiro

automático”   (BRASIL. 2000)  e o inciso LXVIII define pistola-metralhadora,

como: “ metralhadora de mão, de dimensões reduzidas, que pode ser utilizada

com apenas uma das mãos, tal como uma pistola.”  (BRASIL. 2000)

Pistola-metralhadora, submetralhadora ou metralhadora de mão, são nomes

dados para armas automáticas de tamanho reduzido para uso de mão, que

podem atuar em regime de tiro semiautomático, normalmente desenvolvidas

nos mesmos calibres10  usados nas pistolas11, como os calibres 9 x 19 mm 12 e

o .40 S&W 13. A utilização mais adequada é em tiro instintivo a pequenas

distâncias, visto que sua precisão é prejudicada pela elevada cadência de tiro

que variam, teoricamente, na ordem de 500 tiros por minuto a 1200 tiros por

minuto.

Importante:

 A utilização de armas no sistema automático (rajada) foi desenvolvida como

“fogo de cobertura”  , nos casos onde era necessário a proteção para a retirada

de tropas ou contra o avanço de tropas inimigas.

Na atividade de segurança pública, o sistema automático não é utilizado em

ambientes urbanos, onde transeuntes podem ser atingidos, mesmo distantes

do local do fato.

10 ://pt.wikipedia.org/wiki/Calibre 

11 : http://pt.wikipedia.org/wiki/Pistola 

12 http://pt.wikipedia.org/wiki/9mm_Luger  

13 http://pt.wikipedia.org/wiki/.40_S%26W http://pt.wikipedia.org/wiki/.40_S%26W 

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Com o avanço da tecnologia, os treinamentos policiais passaram a utilizar os

sistemas de rajadas curtas (burst ) que oferecem maior controle sobre o

armamento. No entanto, no ambiente urbano, sua utilização não érecomendável.

É possivel que você nunca tenha

ouvido o termo "pistola-metralhadora",

pois é mais empregado na Europa. No

Brasil, a denominação

"submetralhadora" é mais comum.

Uma das submetralhadoras mais

empregadas pelas unidades de

operações especiais do mundo, como

a SWAT, BOPE COT, DOE, dentre

outras, é a “HK MP5”.  A “MP5”  é

fabricada pela empresa alemã Heckler & Koch.  As “MP5”  atuais disparam

basicamente em três tipos de regime de tiro: automático (rajadas), semi-automático (um tiro a cada vez que o gatilho é pressionado), bursts (pequenas

rajadas de 2 e 3 tiros a cada vez que o gatilho é pressionado). Possuem

modelos com diferentes tamanhos e, ainda, com diversos acessórios como

supressores de ruído, miras e lanternas. É uma arma muito segura,

relativamente leve e versátil. Por isso, a “MP5”  é uma arma empregada em

quase todo o tipo de situação.

4.2.2 Outros exemplos de submetralhadoras

Outros exemplos de submetralhadoras, muito utilizadas no meio policial, são a

Taurus “Mt 12” e “MT 12 A”, que é o mesmo projeto da “Beretta 912” utilizada

pelo Exército Brasileiro. Elas são dotadas de carregadores do tipo caixa, bifilar,

com capacidade para 30 cartuchos no calibre 9 X 19 mm, da mesma forma que

a “HKMP5”. Em relação ao tamanho e peso, também são armas práticas.

 Apresentam a característica de serem submetralhadoras de ferrolho aberto,como a “UZI” e as submetralhadoras mais antigas.

Figura 36 – Submetralhadora HK MP5.Fonte: arquivo pessoal do conteudista

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Nesse sistema, o ferrolho permanece aberto sem introduzir o cartucho na

câmara, ao acionar o gatilho da arma, o ferrolho coleta o cartucho no

carregador, transporta e o introduz na câmara, efetua o disparo e, com oretorno do estojo, ejeta o estojo percutido e permace aberto se estiver

trabalhando no regime de tiro semiautomático, ou repete todas as operações

anteriores, enquanto o gatilho permacer pressionado ou acabar a munição.

Este sistema diferente da MP5 que trabalha com o ferrolho fechado (funciona

como uma pistola). No sistema de ferrolho aberto acontece com maior

frequência disparos acidentais e

involuntários o que a torna uma arma maisinsegura.

 A submetralhadora “Turus/FAMAE”, que

também opera no sistema semiautomático,

bursts (pequenas rajadas de dois tiros a

cada vez que o gatilho é pressionado) e

automático, de calibre.40 S&W, Blowback,

ferrolho fechado, com carregadores do tipo

caixa, bifilar, com capacidade para 30

cartuchos é outro exemplo de submetralhadoras de uso policial.

Nota

 A grande maioria das submetralhadoras trabalham no sistema Blowback   de

massa inercial, ou seja, sem trancamento. Por isso, o ferrolho dessas armas,

para resistir à pressão dos calibres .45 ACP, 9 x 19mm, .40 S&W, é pesado,

de grande massa e utiliza-se ainda molas reuperadoras, com maiores

resistências. As marcas de culatra e do percussor deixadas sobre o estojo

passam a ser extremamente característicos. Os principais exemplos são: a

“Beretta 912”, “ UZI”, “MAC 10”, “Taurus MT 12” dentre muitas outras.

Figura 38Fonte: arquivo pessoal do conteudista

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Finalizando...

Nesse módulo, você estudou que:

o  De acordo com a legislação específica (Decreto Nº 3.665 de 20de novembro de 2000), entende-se por arma portátil a  “ arma

cujo peso e cujas dimensões permitem que seja transportada porum único homem, mas não conduzida em um coldre, exigindo,em situações normais, ambas as mãos para a realização

eficiente do disparo”.  (BRASIL, 2000); 

o   As armas portáteis são classificadas quanto: a alma do cano, apercussão e ao sistema de funcionamento;

o  Espingarda pela definição da legislação específica, Decreto nº

3.665 de 20 de novembro de 2000, (art 3º, inciso XLIX, Anexo), éuma “arma de fogo portátil, de cano longo com alma lisa, isto é,não-raiada” ; (BRASIL, 2000) 

o   As espingardas são armas de fogo com empregos que variamdesde a prática desportiva até a utilização em combate;

o   As principais peças de uma espingarda de modelo simples, comoas espingardas de um só cano e de tiro unitário, são: cano com acâmara e o extrator; telha e a coronha; caixa de mecanismos comgatilho, percussor, cão, molas e os pinos de fixação, bem como osistema de abertura do cano;

o   A Carabina, pelo Decreto nº 3.665 de 20 de novembro de 2000(artº 3, inciso XXXVII, Anexo), é uma “arma de fogo portátilsemelhante a um fuzil, de dimensões reduzidas, de cano longo -

embora relativamente menor que o do fuzil - com alma raiada” . (BRASIL, 2000) 

o  Pela definição do Decreto n.º 3.665 (art 3º, inciso LIII, Anexo),fuzil é uma “arma de fogo portátil, de cano longo e cuja alma docano é raiada” . (BRASIL, 2000) 

o  Os fuzis são classificados quanto ao funcionamento em: tirounitário; de repetição; semiautomáticos e automáticos;

o  O Decreto nº 3.665, de 20 de novembro de 2000 (art. 3º, incisoLXI, Anexo), define  metralhadora como “arma de fogo portátil,

que realiza tiro automático”   (BRASIL, 2000)  e, ainda, no incisoLXVIII, pistola-metralhadora, como:  “metralhadora de mão, dedimensões reduzidas, que pode ser utilizada com apenas uma

das mãos, tal como uma pistola.”  (BRASIL, 2000).

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Exercícios

1)  As espingardas de terceira geração são aquelas que:

a.  ( ) São dotadas de tubo carregador e a extração do estojo deflagraado e

a introdução de um novo cartucho na câmara são frutos de operações

manuais sobre a telha e esta sobre o ferrolho;

 b.  ( ) São espingardas dotada de câmaras de 75 mm capazes de utilizar

cartuchos Magnum;

c.  ( ) São espingardas que funcionam no sistema de repetição e no sistema

automático, a exemplo da AA 12;

d.  ( ) São espingardas que só funcionam no sistema semiautomático.

2)  O que caracteriza as carabinas em relação às demais armas portáteis é:

a.  ( ) possuir o cano de alma lisa;

 b.  ( ) O comprimento do cano maior que quinhentos e sessenta milímetros

(560 mm);c.  ( ) Principalmente por possuir coronha retrátil;

d.  ( ) Principalmente pelas dimensões reduzidas, conforme preconiza o

Decreto  Nº 3.665 

3)  Os Fuzis em relação ao seu funcionamento são classificados em:

a.  ( ) tiro unitário;

 b.  ( ) de repetição;

c.  ( ) semi-automáticos ou automáticos ;

d.  ( ) todas as anteriores

4)  Pode-se dizer que pistolas metralhadoras são:

a.  ( ) armas que só atuam no sistema automático, por isso o seu nome;

 b.  ( ) armas que pela característica de portabilidade, necessariamente,

 possuem baixa cadência de disparos;

c.  ( ) armas destinadas a serem usadas com apoio de bipé ;

d.  ( ) armas que também são designadas de metralhadoras de mão ou

submetralhadoras

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5) Assinale a única afirmativa falsa dentre as afirmativas abaixo:

a) ( ) O alcance útil de balins de uma espingarda é definido como a

distância entre a boca do cano da arma, até o ponto em que estes balins estejamainda animados com energia cinética suficiente para causar lesões de certa

gravidade.

 b) ( ) O alcance útil é a máxima distância que um balim pode atingir,

independente por tanto da energia cinética final que ele apresente. 

c) ( ) O alcance útil varia, entre outros fatores, com o comprimento do

cano da arma e também com a munição utilizada, e por conseguinte a sua

energia cinética.

d) ( ) O alcance útil das espingardas varia conforme o seu calibre e com

6) Os fuzis semi-automáticos, com operação através de sistema a gás:

a) ( ) São aqueles que aproveitam a força expansiva dos gases resultantes

da queima do propelente , que atuam sobre um pistão ou êmbolo, para promover

o recuo do ferrolho, a extração do estojo deflagrado, e com o retorno do ferrolho

a nova alimentação. 

 b) ( ) São aquelas que enquanto a tecla do gatilho for pressionada pelo

atirador elas continuarão a disparar, até o ultimo cartucho do carregador.

c) ( ) Necessitam da intervenção do atirador, após cada disparo, para

 promover a retirada do estojo deflagrado e a consequente realimentação.

d) ( ) Atuam somente em ação dupla, logo são sempre de percussão

direta.

Gabarito: 1 D 2D 3D 4D 5B 6A

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MÓDULO 4 - Cartuchos

Apresentação

Cartucho é uma palavra de origem italiana cartoccio que por sua vez deriva da

palavra latina charta que significa papel.

Um pouco de história...

Embora possa parecer que não há relação para as armas de antecarga, os

atiradores dos séculos XV e XVI, principalmente, quando em ação militar,

tinham o costume de levar a carga de pólvora suficiente para um disparo,

envolta em folha de papel. Agiam assim com o objetivo de facilitar a recarga,

agilizando o processo e diminuindo os riscos de uma carga excessiva, pois

tinham a certeza de estarem utilizando a quantidade adequada de pólvora.

Com o passar do tempo, esses atiradores não carregavam apenas a pólvora;

passaram a colocar junto os projéteis, todos embrulhados no mesmo papel.

Os princípios de facilitar a recarga, acelerar o intervalo de tempo entre os

disparos e de conter a unidade completa de munição acabaram por dar

origem aos cartuchos de armas de fogo como os dos nossos dias.

Um dos primeiros cartuchos a existir foram os cartuchos para os fuzis de

agulha ou “Fuzil Dreyse”   utilizados na Guerra do Paraguai. Nesse cartucho,

embrulhado como num cilindro de papel, era depositado o projétil, em contato

com a sua base, a espoleta e, por último, a pólvora. Quando do disparo, a

agulha percussora furava o papel, atravessa a camada de pólvora, chocava-se contra a espoleta detonando-a e iniciava a queima da pólvora.

Logicamente, não se pode pensar em arma de fogo sem pensar na munição 1 

empregada nessas armas. Existem muitos tipos de cartuchos diferentes, com

componentes diferentes e que se destinam a empregos distintos. Neste

módulo, você estudará os cartuchos de armas  de fogo e seus principais

componentes.

1  A palavra munição é empregada como a designação genérica de um conjunto

de cartuchos

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Objetivos do módulo

 Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de:

Identificar os cartuchos de armas de fogo, seus componentes e

emprego;

Compreender a interação dos componentes dos cartuchos durante o

disparo.

Estrutura do módulo

 Aula 1 - Cartuchos

 Aula 2 – Projéteis de armas de fogo raiadas

 Aula 3 – Cartuchos de armas de alma lisa

Aula 1 – Cartuchos

1.1. O que é um cartucho

Cartucho é a designação genérica das unidades de munição utilizadas nasarmas de fogo de retrocarga. Segundo o inciso LXIV, do art. 3o do Anexo do

Decreto nº 3665, de 20 de novembro de 2000, pode-se entender munição

como: “artefato completo, pronto para carregamento e disparo de uma arma,

cujo efeito desejado pode ser: destruição, iluminação ou ocultamento do alvo;

efeito moral sobre pessoal; exercício; manejo; outros efeitos especiais”  

(BRASIL, 2000)

1.2. Modelos de cartucho

Como existem diversos modelos de armas de retrocarga, logicamente, existem

diversos modelos de cartuchos que variam no formato, na quantidade e no tipo

de seus componentes. Os cartuchos mais conhecidos e empregados, hoje em

dia, são:

cartuchos para armas raiadas de percussão central;

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cartuchos para armas raiadas de percussão radial; e,

cartuchos para armas de alma lisa de percussão central.

1.3. Componentes do cartucho e suas funções

Em quase todas os tipos de

cartuchos, verifica-se a utilização

de alguns componentes

essenciais como o estojo, a

espoleta, o propelente (pólvora) e

o projétil (FIG. 39 e 40).

Figura 39 – Visão interna de um cartucho

Fonte: www.epaubelblogspot.com 

Nota

 As diferenças entre os cartuchos devem-se ao emprego dado aos mesmos,

como por exemplo, os cartuchos de festim e lançadores de granadas que não

têm projéteis e os cartuchos de manejo que não são dotados de espoleta ativa

e pólvora. Especificamente, para os cartuchos destinados às armas de alma

lisa, utiliza-se ainda outros componentes como a bucha e, em alguns modelos,

discos de papelão com finalidades específicas.

Estude a seguir as principais funções de cada um desses componentes.

 projétil

estojo

 pólvor aespoleta

Cartucho

Figura 40 – Componentes do cartucho.

Fonte: arquivo pessoal do conteudista

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1.3.1. Estojo

O estojo é o componente que integra os demais elementos do cartucho. Apesar

de algumas armas de fogo praticamente obsoletas (armas de antecarga)

dispensarem o seu uso, trata-se de um componente indispensável às armas

modernas. O estojo possibilita que todos os componentes necessários ao

disparo fiquem unidos em uma peça, facilitando o manejo da arma e

diminuindo o intervalo entre cada disparo. Além disso, permite a padronização

dos cartuchos e determina as dimensões das câmaras onde esses cartuchos

são empregados.

 Atualmente, a maioria dos estojos é construída em metais não-ferrosos,

principalmente, o latão (liga de cobre e zinco), dada a facilidade de serem

trabalhados (trabalhabilidade), ou seja, pela propriedade que têm de se

expandirem e não permitirem o escape de gases pelas paredes da câmara e

recuperarem, em parte, a forma original, após cessar a pressão, facilitando a

extração e permitindo a recarga de munição. Encontra-se, também, alguns

estojos de alumínio como os cartuchos do tipo BLASER da CCI..

Nota

Também são encontrados estojos semimetálicos construídos com a base

metálica (geralmente latão) e o corpo em diversos tipos de materiais como

plásticos (munição de treinamento e de espingardas), papelão

(espingardas), dentre outros. 

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Forma do estojo

Figura 41 – Formas de estojos

Fonte: ZANOTTA, Creso M. Identificação de munições. Volume 1.  Editora Magnum. São

Paulo. 1992.  

 A forma do estojo é muito importante, pois as armas modernas são construídas

de forma a aproveitar as suas características físicas. Classificam-se os estojos,

em relação à forma do corpo, como (FIG. 41):

Cilíndrico: o estojo possui diâmetro uniforme por toda sua extensão, é o

caso da maioria dos estojos usados em armas de porte, como os

cartuchos de calibre “.38 SPL”, “.40 S&W”, “.45 ACP” . Alguns

fabricantes produzem um ligeiro estreitamento na terça parte próxima à

boca, com o objetivo de garantir a inserção do projétil na altura correta

do estojo. Na prática, não existe estojo totalmente cilíndrico, sempre há

uma pequena inclinação para facilitar a extração.

Cônico ou tronco-cônico:  o estojo tem o formato do corpo como um

segmento de cone, com diâmetro menor na boca do que na base,. É um

formato de estojo em desuso, próprios para alguns rifles antigos como

os calibres “8 x 72Rmm”, “9,3 x 48Rmm” e “ 7 x 72Rmm” ; e

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Garrafa:  o estojo apresenta

basicamente dois diâmetros,um de maior dimensão junto

ao aro ou base, o que

permite conter grande

quantidade de pólvora, seguido de uma redução no diâmetro

(estrangulamento), em formato cônico, seguido de um diâmetro  menor

 junto a boca, que facilita a inserção de projéteis de pequeno diâmetro. É

comumente utilizado em cartuchos de fuzis como o “7,62 x 39 mm” , “ 5,56 x 45

mm” e “.308 Wimchester”. 

Formato da base do estojo

Figura 43 – Formato da base do estojos

ZANOTTA, Creso M. Identificação de munições. Volume 1.  Editora Magnum. São Paulo.

1992. 

Outro aspecto importante sobre os estojos refere-se ao formato da base. Ele

determina como será a ação do extrator sobre o estojo percutido e facilita o

carregamento. A sua forma (FIG. 43) define algum dos pontos de apoio do

cartucho na câmara (headspace), o que garante a percussão. Os tipos de

formato de base mais empregados são:

Figura 42 – Estojo com formato de garrafa.

Fonte: arquivo pessoal do conteudista

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Com aro: com ressalto na base (aro ou gola) que permite o travamento

do estojo na arma. Exemplo: “.38 SPL”  e da maioria dos cartuchos

destinados a revólveres;Com semi-aro: com ressalto de pequenas proporções e uma ranhura ou

virola, para encaixe do extrator. Exemplo: “.32 Winchester Self Loading”

(Self Loading é apenas uma referência que a arma era

semiautomática);

Sem aro: a base apresenta o mesmo diâmetro do corpo do estojo, tem

apenas a ranhura ou virola, para encaixe do extrator, como a maioria

dos calibres de pistola. Exemplo: “.45 ACP”, “.40S&W” ;Rebatido: a base tem diâmetro menor que o corpo do estojo, como o

calibre “.41 Ation Express”.

Cinturado:  apresenta um aro de maior diâmetro que a base, situado

logo à frente dessa, empregado em cartuchos com maior energia. Este

aro tem por finalidade aumentar os pontos de apoio do cartucho na

câmara. Exemplo: o “.300 Winchester Magnum”. 

Tipo de iniciação

Outra forma de descrevermos um estojo é quanto ao tipo de iniciação, que

pode ser:

Fogo circular ou radial: a mistura detonante é colocada no interior do

estojo, dentro do aro, e detona quando este é amassado pelo percursor;

Fogo central: a mistura detonante está disposta em uma espoleta,

fixada no centro da base do estojo.

Nota

 Alguns tipos de estojos não foram citados por serem obsoletos como os de

papel dos “Fuzis Dreyse”, utilizados pelo Exercito Brasileiro durante a Guerra

do Paraguai ou outros muito pouco comuns.

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1.3.2 Espoletas 

 As espoletas têm por função iniciar a queima da pólvora (propelente). Trata-se

basicamente da combinação de um explosivo com outros componentes

depositados no fundo de um pequeno receptáculo metálico de latão (liga de

cobre “Cu” e Zinco “Zn” ), cuja iniciação se dá por percussão (choque violento),

o qual gera a detonação desse explosivo. Na detonação ocorre a

transformação abrupta do explosivo em gases, com extraordinária rapidez(velocidade da ordem de 5000 m/s), geração de calor, chama e elevadas

pressões, o que irá agir sobre os grãos do propelente causando agitação,

aquecimento e ignição.

Mistura iniciadora

 A mistura iniciadora de uma espoleta para cartucho é composta de materiais

diversos, com as funções específicas de:

Um explosivo iniciador;

Materiais oxidantes;

Materiais redutores;

 Atritante;

 Aglomerante.

Diversas composições destes materiais são utilizadas por diferentes

fabricantes. A composição mais comum, utilizada pela Companhia Brasileira de

Cartuchos, do início da década de 70 até a atualidade, tem por base o

estifinato de chumbo (Trinitroressorcinato de chumbo).

Composição Estifinato de chumbo:

Trinitroressorcinato de chumbo;

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Figura 44 – Cartucho de fogo circular  

Fonte: Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)

Espoletas de fogo central

 As espoletas para cartuchos de fogo central são constituídas por um pequeno

receptáculo de latão, semelhante a um copo, denominado de cápsula, com

espessura, dureza e tamanho compatíveis com o tipo de arma e com a pressão

gerada pela detonação do explosivo. No interior da cápsula é depositada

determinada quantidade de explosivos (escorva ou mistura iniciadora) que

varia em função das características balísticas do cartucho e da pressão gerada

pela detonação deste, quando da percussão.

 A percussão acontece em função do

choque violento entre dois corpos: o

percutor que é parte integrante da

arma e a bigorna. A bigorna é uma

peça metálica, geralmente

confeccionada em latão,

manufaturada através de estamparia,

cuja função é garantir a percussão.

Figura 45 – Espoleta tipo boxer

Fonte: Site da Companhia Brasileira de

Cartuchos (CBC)

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Figura 46 – Espoleta tipo berdan

Fonte: Site da Companhia Brasileita de

Cartuchos (CBC) 

 A bigorna, por ser uma peça

independente, pode estar montada na

espoleta (espoletas do tipo boxer)(FIG. 45) ou encontrar-se montada no

estojo (espoletas do tipo berdan) (FIG.

46). Como a bigorna pode estar

montada, quer no estojo, quer na

espoleta, a transmissão dos gases,

chama e calor resultante da detonação

da mistura iniciadora para o interior doestojo onde se encontra o propelente

se dá através de orifícios chamados de

eventos. Os eventos nas espoletas do

tipo boxer são um único orifício central

de maior diâmetro (FIG. 45), e nas

espoletas berdan, os eventos podem

ser constituídos em número de dois

(grande maioria dos casos), quatro ou

mais. (FIG. 46)

 Após a transferência do explosivo para o fundo da cápsula da espoleta, é

colocada uma fina lâmina de papel que permite a compressão do explosivo,

acarretando uma distribuição uniforme no fundo da cápsula, sem que haja

contato da punção de compressão e o material explosivo.

1.3.3 Propelentes (pólvora)

Propelentes são substâncias que queimam de forma progressiva. Por essa

carcaterística as pólvoras são chamadas de propelentes.

 As pólvoras são misturas ou compostos químicos que quando queimam geram,

em velocidade muito alta (da ordem de 400m/s), uma grande quantidade degases. Obviamente, os gases resultantes dessa queima, pela característica de

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expansividade inerentes aos mesmos, ocupam um volume muito maior que o

dos sólidos que o geraram e acarretam um aumento de pressão.

No estudo da balística e das munições, como a pólvora está acondicionadadentro de um cartucho, esse aumento de pressão pode até acarretar a

explosão da arma, o que só não ocorre por dois fatores:

Fator 1: A queima da pólvora não é instantânea. As pólvoras possuem

uma velocidade de queima muito alta, mas o tempo necessário para a

sua queima permite um aumento da pressão de forma gradual. O tempo

de queima será um dos principais critérios para definir em que tipo dearma será empregada determinada pólvora (quanto menor o

comprimento do cano, mais veloz deve ser a sua queima).

Fator 2:  A pressão é exercida em todas as direções (princípio de

Pascal) e, à medida que a pressão aumenta, ela suplanta a força de

engastamento do projétil ao estojo, o que propicia o deslocamento do

projétil através do cano. Com o aumento gradual do volume de

confinamento do propelente em combustão, a pressão gerada diminui e

a mantém dentro dos limites para os quais a arma foi projetada. (A

pressão é inversamente proporcional ao volume.)

O projétil é acelerado durante todo o seu percurso pelo cano em decorrência

da pressão exercida pela expansividade dos gases resultantes da queima do

propelente. A pressão atinge um valor máximo, chamado de pico de pressão, a

partir do qual começa a decair até a pressão atmosférica local, após a saída do

projétil pelo cano.

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Figura 47  – Gráfico de disparo de um cartucho

de calibre .30 carabine.

Fonte: sem fonte

 A FIG. 47 representa o gráfico de

disparo de um cartucho de calibre“.30 carabina na primeira curva do

gráfico temos a pressão exercida

versus o comprimento do cano. Note

que, logo após o disparo, a pressão

na câmara é da ordem de 45.000

libras por polegada ao quadrado, ou

seja, em torno de 1.500 vezes a

pressão mais usada em pneus de

automóveis. Quando o projétil já se

deslocou até a saída do provete3 de

25 polegadas de comprimento, a

pressão é de cerca de 12.000 libras

por polegada ao quadrado e a

velocidade do projétil (vista na outra

curva do gráfico) de 2.700 pés por

segundo.

Nota

Como os comprimentos dos canos variam de forma significativa das armas

curtas raiadas para as armas longas raiadas, o controle de tempo de queima é

demasiadamente importante porque, ao possuir maior ou menor espaço de

cano para a queima do propelente, a velocidade de queima é fundamental para

fornecer as características balísticas de velocidade e energia cinética ao

projétil, mantendo os valores de pressão de projeto da arma dentro dos limites.

3 provetes são canos de armas de fogo uti lizados em laboratórios, para ensaios

balísticos, onde é poss ível controlar as variáveis 

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Composição química das

pólvoras.

Existem dois tipos básicos de

pólvoras:

Tipo 1 - As negras, ou com fumaça, que são basicamente a mistura de

75% de nitrato de potássio, 15% de carvão vegetal e 10% de enxofre.

(FIG. 48)

Nota

 A proporção acima apresenta pequenas diferenças dependendo dos

fabricantes. O controle da velocidade de queima neste tipo de propelente é

exercido em função do tamanho dos grãos. Sua produção é destinada ainda aarmas de antecarga, a fogos de artifícios ou outros fins pirotécnicos. Não é

utilizada em cartuchos modernos, dada a necessidade de pressões

estabelecidas pela SAAMI para os calibres e demais características balísticas.

Quando do disparo, este tipo de pólvora, gera uma grande quantidade de

fumaça e grande quantidade de resíduos sólidos que pode chegar até a 55%

do peso de pólvora original.

Tipo 2 - As pólvoras químicas, ou

pólvoras sem fumaça, são assim

chamadas dada a pequena quantidade

de fumaça gerada na sua queima

quando comparada com as pólvoras

negras. (FIG. 49) Podem ser dividas

em dois grandes grupos:

Pólvora Negra

Pólvora de Base

Figura 48 – Pólvora negra

Fonte: arquivo pessoal do conteudista

Figura 49 – Pólvora de base

Fonte: arquivo pessoal do conteudista

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a) Pólvora propelente de base simples  –  constituída basicamente por

nitrocelulose, componentes químicos para sua estabilidade e controle de

velocidade de deflagração.b) Pólvora propelente base dupla - apresenta em sua constituição

Nitrocelulose e Nitroglicerina como principais compostos ativos, e ainda,

componentes químicos para sua estabilidade e controle de velocidade

de deflagração.

Aula 2 - Projéteis de armas de fogo raiadas

2.1. O que é um projétil ?

Projétil, pela conceituação física, consiste em qualquer sólido abandonado ao

seu movimento após ter recebido um impulso inicial; o que pode ser ou foi

lançado. Para a balística forense, o projétil é...

 A parte do cartucho que foi ou que pode ser   lançada através do cano, sob a

ação dos gases resultantes da queima do propelente.

Em todo o disparo, o trabalho realizado pela munição - entendendo-se por

trabalho a diferença de energia cinética transmitida - que resulta em destruição

ou dano tecidual, é devido à ação do projétil sobre o suporte do disparo.

Os projéteis modernos, destinados a cartuchos de projéteis únicos para armas

raiadas, apresentam seu diâmetro ligeiramente maior que o diâmetro do cano

da arma. Dessa forma, impedem o escape de gases e, ao se engajarem com oraiamento, adquirem o movimento rotacional que lhes garante maior

estabilidade, maior alcance máximo e útil por uma melhor performance

aerodinâmica frente à resistência do ar.

Os projéteis podem ser divididos em três grupos distintos:

Os projéteis de chumbo (projeteis nus);

Os projéteis jaquetados ou projéteis encamisados (total ou

parcialmente);

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Os projéteis especiais.

 A seguir, estude sobre cada um deles.

2.1. Projéteis de chumbo

O chumbo - por ser barato e de fácil obtenção; pelo alto peso específico e

baixo ponto de fusão; pela fácil trabalhabilidade e grande maleabilidade - é o

elemento ideal para os projéteis de arma de fogo, tendo sido o material

utilizado desde os primeiros informes de disparos de armas de fogo até os diasde hoje.

O projétil do tipo esfera foi inicialmente a escolha natural por ser a forma que

apresentava, a princípio, a menor perda de gases. Porém, devido a problemas

com o alcance útil 4  e a resistência, eles foram gradativamente sendo

substituídos, nos cartuchos destinados a armas raiadas, pelos projéteis de

formato pontiagudo, semelhante às setas. Em sua evolução, procurou-se

resolver problemas quanto a sua trajetória, resistência do ar, movimentos

erráticos dos projéteis e problemas que advinham das características dos

materiais, tais como vedação correta dos gases da pólvora e a diminuição do

atrito com o cano.

O moderno projétil é de liga de chumbo, isto é, chumbo endurecido com

antimônio e / ou estanho, e contém todos os elementos de sua evolução.

Um projétil é fundamentalmente dividido em três partes:

4 os projéteis esféricos utilizados no início apresentavam alcance útil de cerca de 50 metros 

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PONTA - CORPO - BASE

Quanto à ponta, os projéteis apresentam os seguintes formatos mais comuns:

ogival, canto vivo, semicanto vivo, cone truncado, ponta plana, cada um com

objetivos específicos. (FIG. 50)

Figura 50 – Formatos mais comuns de projéteis

Fonte: Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)

Os corpos dos projéteis destinados a armas raiadas são sempre cilíndricos e

recebem uma graxa lubrificante colocada em canaletas apropriadas, ou em

áreas recartilhadas e aplicadas por pressão, banho ou por spray. A função

desta graxa é diminuir a possibilidade de “chumbamento” do cano. A parte

cilíndrica é a responsável pelo engajamento dos projéteis com o raiamento do

cano.

Embora os principais componentes dos projéteis de chumbo sejam o próprio

chumbo, o antimônio e o estanho, os projéteis de chumbo são fabricados em

diversas ligas, de diferentes durezas e, consequentemente, de diferentes

pontos de fusão, podendo ser produzidos através de dois processos:

estampagem ou fusão.

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Você sabia que... A estampagem é um processo de fabricação no qual o projéti l é produzido

através de corte e deformações em operação de prensagem a frio. Devido às

suas características, este processo de fabricação apresenta vantagens, tais

como: bom acabamento, custo reduzido e alta produção. Os projéteis frutos

deste processo face ao encruamento que sofrem são mais resistentes.

2.2. Projéteis encamisados  

São projéteis construídos por um núcleo recoberto por uma capa externa

chamada camisa ou jaqueta. A camisa é normalmente fabricada com ligas

metálicas como:

cobre e níquel;

cobre, níquel e zinco;

cobre e zinco;

cobre, zinco e estanho ou aço.

O núcleo é constituído geralmente de chumbo praticamente puro, conferindo o

peso necessário e um bom desempenho balístico.

Os projéteis encamisados podem ter sua capa externa aberta na base e

fechada na ponta (projéteis sólidos) ou fechada na base e aberta na ponta

(projéteis expansivos). Nos projéteis sólidos, destaca-se sua maior capacidade

de penetração e alcance. Os projéteis expansivos destinam-se à defesa

pessoal pois, ao atingir um alvo, são capazes de se deformar e aumentar seu

diâmetro, obtendo maior dissipação da energia cinética, logo, maior capacidade

lesiva.

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Nota

O projétil expansivo teve seu uso proibido para fins militares pela Convenção

de Haia, em 1899. São usados na ação policial uma vez que, quanto maior a

área de contato do projétil com o tecido, maior será a degradação da energia

cinética. Desta forma, um projétil do tipo expansivo pode apresentar uma maior

degradação da energia cinética que outro de calibre maior que não permita a

expansividade de sua ponta. E quanto mais energia for transferida maior será o

potencial lesivo e menor a possibilidade de transfixar.

Os projéteis expansivos podem ser classificados em totalmente encamisados

(a camisa recobre todo o corpo do projétil) e semi-encamisados (a camisa

recobre parcialmente o corpo, deixando sua parte posterior exposta). Os tipos

de pontas são basicamente os mesmos que os anteriormente citados para os

projéteis de chumbo, com a adição de projéteis de ponta oca e outras formas

de projéteis expansivos.

2.3. Projéteis especiais

São projéteis desenvolvidos com finalidades específicas, como os projéteis

traçantes, incendiários, explosivos, projéteis de borracha para controle de

tumultos, entre outros.

Considerando a grande quantidade de projéteis especiais, e a impossibilidade

prática de relacionar todos eles, você estudará, a seguir, apenas alguns destes:

GLASER: este projétil, além de apresentar reduzida possibilidade de ricochete,

possui uma grande capacidade de transferência de energia cinética e remota

possibilidade de transfixação, o que lhe garante um grande poder traumático. É

constituído de camisa metálica, em cujo interior são colocados um grandenúmero de balins, selado com teflon.

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NYCLAD: trata-se de um núcleo revestido com náilon. A associação do náilon

com o chumbo garante, em primeiro lugar, uma maior expansão das pontas doque os outros tipos de revestimentos comumente utilizados nas camisas

convencionais. Além deste fato, garante um menor atrito do projétil com o cano

e menor quantidade de partículas de chumbo no ar.

BAT: este projétil associa uma pequena massa com uma altíssima velocidade

e uma grande deformação com o único intuito de apresentar uma ação

traumática instantânea.

ARMOUR PIERCING e METAL PIERCING:  trata-se de projéteis perfurantes,

constituídos com núcleos especiais para garantir a perfuração, em muitos

casos, até dos equipamentos de proteção balística.

PMC ULTRA MAG: este projétil é constituído unicamente de um cilindro oco de

bronze o que, associado a elevada velocidade e energia cinética que

apresenta, resulta em uma grande cavidade temporária e permanente quando

do seu impacto contra tecidos biológicos.

BLACK TALON:  este projétil, além da expansividade normal de seu núcleo

(em forma de cogumelo - comum a maioria dos projéteis expansivos), a sua

 jaqueta rompe em locais pré-estabelecidos gerando pontas afiladas e

cortantes, capazes de gerar um grande dano tecidual e dilacerações .

COMPOUND PLASTIC são projéteis com pequena massa, da ordem de 2,92

gramas (45 grains), para os “calibres .38”  comuns, o que resulta em uma

munição de alta velocidade o que, a distâncias menores. apresenta um grande

dano tecidual em função da energia cinética resultante da elevada velocidade.

Estes, dentre muitos outros, se constituem em alguns exemplos de projéteis

especiais, com fins específicos.

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Muitos projéteisapresentam um

código de cores

para definir a sua

utilização,

principalmente nos

fuzis e

metralhadoras.

(FIG. 53)Figura 53 – Projéteis Especiais

Fonte: Site da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)

Este sistema permite ao atirador o emprego

adequado da munição para o fim esperado(FIG. 54) desde as munições comuns até o

caso das munições perfurantes, armour

piercing (AP), traçante, incendiária, munição

de ponta mais pesada, munições para

disparos de precisão (ETPT Match).Figura 54 – Utilização de munição em

função do código de cores

Fonte: arquivo pessoal do conteudista

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Aula 3 – Cartuchos de armas de alma lisa

3.1 Elementos essenciais dos cartuchos

Os cartuchos destinados a armas de alma lisa apresentam os seguintes

elementos essenciais (FIG. 55):

1. Estojo;

2. Espoleta;

3. Pólvora;4. Projéteis (projéteis singulares, balins ou projéteis especiais)

5. Buchas e discos de papelão

.

Figura 55 – Elementos essenciais dos cartuchos

Fonte: arquivo pessoal do conteudista

 A seguir, estude sobre cada um deles. 

3.1.1 Estojo

Os estojos destinados às armas de alma lisa são confeccionados em diversos

materiais como metal (normalmente latão), plástico ou papelão. Esses dois

últimos, geralmente, apresentam uma base metálica.

1

2

3

4

5

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Os estojos em papelão estão em desuso, pois a absorção de umidade gera um

aumento de volume, dificultando a sua introdução na câmara. Os estojosmetálicos, devido ao custo de produção, não são empregados na confecção de

cartuchos comerciais, sendo utilizados na recarga artesanal de munição.

Os estojos confeccionados em tubos de plástico, por não absorverem umidade,

por permitirem um considerável número de recargas e um melhor fechamento

são os mais empregados atualmente.

Normalmente os estojos confeccionados em tubo de plástico ou papelão

apresentam uma base metálica (alta ou baixa), com a função de aumentar a

resistência e, principalmente, de formar o aro de travamento da câmara

(headspace). Nesses estojos, é empregada uma bucha interna, confeccionada

em papel ou plástico para afixar o tubo à base.

Foto 1 Foto 2 O fechamento dos estojos

pode ser do tipo orlado (FIG.

56  –  Foto 1, ou em estrela

de seis ou oito pontas (FIG.

56 – Foto 2).

Figura 56 – Fechamento de estojosFonte: Site da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)

Nos cartuchos dotados de projéteis singulares (balote), o fechamento é orlado.

Para a utilização do fechamento orlado em cartuchos com carga de balins é

necessário o emprego de um disco de papelão sobre esta carga o que não

acontece para o fechamento em estrela.

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3.1.2 Espoletas

 As espoletas  têm por função a iniciação do propelente (pólvora). Quando do

acionamento do gatilho, o percutor comprime a mistura iniciadora contra a

bigorna, Isso causa a sua detonação que gera calor, chama e gases que

passam para o interior do estojo onde se encontra a pólvora através de orifícios

chamados eventos.  A ação do calor, chama e gases sobre os grãos do

propelente agitam, aquecem e levam à queima do propelente o que irá gerar

uma grande quantidade de gases e a expulsão da carga de balins.

Figura 57 - Espoleta do tipo bateria

Fonte: Site da Companhia Brasileira

de Cartuchos (CBC)

 As espoletas utilizadas em cartuchos

destinados a armas de alma lisa são do tipo

bateria (FIG. 57), possuem um copo externo

no qual se aloja a bigorna e a misturainiciadora contida em um recipiente em

formato de copo. A utilização deste copo

externo deve-se à pouca resistência da base

metálica do estojo e da bucha interna. Desta

forma, garante-se a percussão e uma

montagem adequada.

Nos estojos de cartuchos metálicos utilizados para recarga artesanal, as

espoletas empregadas são do tipo Berdan.

 As espingardas apresentam muito pouca resistência ao deslocamento dos

projéteis (singular ou balins) quando comparadas às armas de alma raiada. A

inexistência de raiamento faz com que os projéteis abandonem o cano

rapidamente. Este fato associado a maior ou menor capacidade de expansão

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das buchas torna obrigatória a utilização de pólvoras de queima rápida nos

cartuchos para armas de alma lisa, do mesmo modo, daquelas utilizadas em

armas curtas.

3.1.3 Pólvoras

 As pólvoras  utilizadas nos cartuchos comerciais são de base simples

(Nitrocelulose), em formato de disco, a exemplo das pólvoras nº 216 e 219 da

Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC). Essas mesmas pólvoras são as

utilizadas em revólveres.

Nota

 A empresa Condor utiliza pólvora negra na produção de cartuchos dotados de

projéteis de borracha, de carga lacrimogênea e de efeito moral.

 As pólvoras uti lizadas em espingardas apresentam pequenos valores de

Densidade Gravimétrica 5 e também menor tempo de queima.

Nota

 As pólvoras que apresentam maior densidade gravimétrica são as que

apresentam maior tempo de queima (queima mais lenta). São destinadas as

armas longas raiadas, pela necessidade de maior espaço para sua queima, as

quais permitem a colocação de maior quantidade de propelente (em peso),

para um mesmo volume do estojo, de forma que se possam atingir as altas

velocidades previstas para os projéteis dessas armas. Quando, por exemplo,

acontece um disparo de espingarda e a vedação não é boa, faz-se necessário

utilizar pólvoras de queima rápida e logo, menor densidade gravimétrica.

5 é o parâmetro que indica qual a quantidade de pólvora em peso que pode ser colocado em

uma mesma unidade de volume  

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3.1.4 Projéteis ou balins

Os projéteis ou balins  (chumbos) utilizados para carregar cartuchos variam,

normalmente, de 1,25 a 5,50 mm de diâmetro, sendo usados, ainda, balotes:

um único projéti l de chumbo de diâmetro equivalente ao calibre da espingarda.

Os balins são designados por números ou letras e cada número ou letra indica

um diâmetro nominal específico. A numeração é arbitrária e não segue o

mesmo critério nos diversos países. O critério adotado pela Companhia

Brasileira de Cartuchos é o mostrado a seguir (FIG. 58):

Figura 58 – Critérios para designação dos Balins adotados pela CBC

Fonte: Site da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) 

3.1.5 Buchas

 As buchas apresentam a função de, ao se

expandirem, selarem o cano, não

permitindo o escape de gases oriundos da

queima da pólvora. Desta forma, fazem

com que a distribuição da energia seja

uniforme sobre a carga de balins. Realizam

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ainda a tarefa de manter a pressão em nível adequado, tanto na câmara

quanto no cano durante o deslocamento

da carga de balins. 

 As buchas são constituídas de diversos materiais como papel, papelão cortiça,

prensadas (serragem e parafina), feltro ou buchas pneumáticas (plásticas).

É comum a utilização de discos de papelão quando da utilização de buchas

prensadas para separar a bucha dos grãos de pólvora e ainda para separar dacarga de balins, ou com a função de tampa nos cartuchos de fechamento

orlado.

Nota

 As buchas e os discos de papelão, quando encontrados em locais de crime ou

na área lesionada podem definir o calibre da arma utilizada.

3.2 Vida útil dos cartuchos guardados na embalagem original

Segundo a Companhia Brasileira de Cartuchos, a vida útil de cartuchos marca

CBC, armazenados em sua embalagem original, é de cerca de 5 (cinco) anos.

Isso se a munição for estocada em condições adequadas, ou seja, em local

bem ventilado, protegido de raios diretos do sol, e à temperatura ambiental

normal (20 a 25.ºC). Se a temperatura for mantida uniforme, ao redor de 15.ºC,a vida útil dos cartuchos CBC pode ser prolongada de 3 a 4 vezes. A umidade

relativa do ar ideal para a conservação dos cartuchos é de 40 a 60%.

 Após os cinco anos, inicia-se um processo lento de decomposição da pólvora

resultando numa deterioração, também lenta, mas progressiva, das

características balísticas da munição. Na maioria das munições militares, o

cartucho é considerado ainda em condições de uso, mesmo que a velocidade

média de uma série de 10 tiros esteja 5% abaixo do valor médio de fabricação.

Figura 59 – Buchas plásticas

Fonte: arquivo pessoal do conteudista

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Este percentual é aumentado para munições destinadas ao uso civil, cujos

critérios de avaliação não são tão rígidos.

Finalizando...

Neste módulo, você estudou que:

Cartucho é a designação genérica das unidades de munição utilizadas

nas armas de fogo de retrocarga. Segundo o inciso LXIV do art. 3º do

 Anexo do Decreto nº 3665, de 20 de novembro de 2000, pode-seentender munição como: “artefato completo, pronto para carregamento e

disparo de uma arma, cujo efeito desejado pode ser: destruição,

iluminação ou ocultamento do alvo; efeito moral sobre pessoal;

exercício; manejo; outros efeitos especiais”  (BRASIL, 2000);

Os cartuchos mais conhecidos e empregados, hoje em dia, são:

Cartuchos para armas raiadas de percussão central; Cartuchos para

armas raiadas de percussão radial e Cartuchos para armas de alma lisa

de percussão central;

Em quase todas as espécies de cartuchos, verifica-se a utilização de

alguns componentes essenciais como o estojo, a espoleta, o propelente

(pólvora) e o projétil;

Para a balística forense, o projétil é a parte do cartucho que foi ou que

pode ser  lançada através do cano, sob a ação dos gases resultantes da

queima do propelente;

Os projéteis podem ser divididos em três grupos distintos: os projéteis de

chumbo (projeteis nus), os projéteis jaquetados ou projéteis

encamisados (total ou parcialmente) e os projéteis especiais;

Os cartuchos destinados a armas de alma lisa apresentam os seguintes

elementos essenciais: estojo, espoleta, pólvora, projéteis (projéteis

singulares, balins ou projéteis especiais) e buchas e discos de papelão.

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Exercícios

1) Dado o enunciado, assinale a única alternativa correta:

Um cartucho de fogo circular é caracterizado pela utilização:

a) de espoletas extrínsecas

b) de espoletas do tipo berdan

c) de espoletas do tipo boxer

d) do explosivo iniciador ser depositado nas bordas do estojo, não se

verificando as configurações de bigorna, comumente encontradas nas espoletas de

fogo central.

2) Assinale, do material abaixo relacionado, aquele que não faz parte do cartucho:

a) Propelentes

b) Espoletas

c) Percursor

d) Buchas

3) Dentre as quatros alternativas apresentadas, assinale a falsa:a) As buchas quebradiças, como as buchas de cortiças, não atrapalham a

distribuição dos balins, mesmo que parte dela se misture ou venha a se aderir aos

balins.

b) As buchas realizam a tarefa de manter a pressão em nível adequado, tanto

na câmara quanto no cano durante o deslocamento da carga de balins.

c) As buchas apresentam a função de, ao se expandirem, selarem o cano, não

permitindo o escape de gases oriundos da queima da pólvora, desta forma, fazendo

com que a distribuição da energia seja uniforme sobre a carga de balins.d) As buchas são constituídas de diversos materiais como papel, papelão

cortiça, prensadas (serragem e parafina), feltro ou buchas pneumáticas (plásticas).

4) As espoletas utilizadas em cartuchos destinados a armas de alma lisa são:

a) espoletas extrínsecas

b) espoletas do tipo berdan

c) espoletas do tipo boxer

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d) espoletas do tipo bateria

5) A mistura de nitrato de potássio ou salitre, carvão vegetal e de enxofre, formam

uma pólvora empregada até hoje que é chamada de:.

a) pólvora negra

b) pólvora propelente de base simples

c) pólvora propelente de base dupla

d) nenhuma das anteriores

6) Assinale com (V) as alternativas verdadeiras e com (F) as falsas:

a) ( ) Para a balística forense, o projétil é a parte do cartucho que foi ou que

pode ser lançada através do cano, sob a ação dos gases resultantes da

queima do propelente.

b) ( ) Os projéteis modernos, destinados a cartuchos de projéteis únicos para

armas raiadas, apresentam seu diâmetro igual ao diâmetro do cano da arma.

c) ( ) O projétil do tipo esfera foi inicialmente a escolha natural, por ser a forma

que apresentava, a princípio, a menor perda de gases, porém dado a

problemas com o alcance útil e a resistência do ar, eles foram gradativamentesendo substituídos nos cartuchos destinados a armas raiadas, pelos projéteis

de formato pontiagudo, semelhante às setas.

d) ( ) Os projéteis encamisados são projéteis construídos por um núcleo

recoberto por uma capa externa chamada camisa ou jaqueta.

e) ( )Os projéteis encamisados podem ter sua capa externa aberta na base e

fechada na ponta (projéteis sólidos) ou fechada na base e aberta na ponta

(projéteis expansivos).

f) ( )Os corpos dos projéteis destinados a armas raiadas são cônicos e recebemuma graxa lubrificante colocada em canaletas apropriadas.

Gabarito: 1D 2D 3A 4D 5A 6 a) V b) F c) V d) V e) V f) F

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Módulo 5 –  Calibre das armas

Apresentação do Módulo

Observe a definição a seguir:  

“Calibre: medida do diâmetro interno do cano de uma arma, medido entre os fundos do

raiamento; medida do diâmetro externo de um projétil sem cinta; dimensão usada para definir

ou caracterizar um tipo de munição ou de arma.” (Decreto nº 3.665, art. 3º, inciso XXXV,

anexo).

Você percebeu que na definição acima calibre é uma terminologia aplicada tanto às armas de

fogo como à munição empregada nestas armas?

De forma geral, o termo calibre é usado para indicar o diâmetro interno do cano da arma, a ser

medido de acordo com critérios específicos, mas também é empregado para designar um tipo

 particular de munição. Nesse caso, não traduz somente o diâmetro do projétil, mas também

detalhes da interação do estojo à câmara da arma, como o seu comprimento e a forma de

extração quando deflagrado. Normalmente as terminologias sobre os calibres das armas e munições são empregadas

erroneamente, o que pode levar a erros de interpretação, principalmente sobre a

compatibilidade de determinada munição com alguma arma suspeita. Outro fator importante

são as diversas denominações para o mesmo calibre, o que pode levar o policial a pensar que

se trata de calibres diferentes quando são apenas denominações diferentes para o mesmo

calibre.

Determinar o calibre de uma arma de alma raiada ou de uma arma de alma lisa envolvequestões e nomenclaturas próprias. Para melhor compreensão sobre esse assunto, você

estudará, nas aulas deste módulo, os conceitos básicos que permitirão nominar de forma

correta os calibres das armas e munições.

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Objetivos do Módulo

Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de:

Identificar e classificar os diversos calibres das armas raiadas e de alma lisa, bem

como das munições;

Compreender as diversas nomenclaturas e o significado de cada dígito utilizado para

designar os calibres;

Decodificar os dígitos utilizados para designar os calibres e estabelecer a correlação

entre eles com a utilização das tabelas e dados apresentados no módulo;

Identificar os choques utilizados nas armas de alma lisa, a sua importância e emprego.

Aula 1 –  Calibre de armas de alma raiada

1.1.  Calibre real

A alma do cano de uma arma raiada é formada

 por cheios e cavados ou raias. As raias você já

sabe que são sulcos helicoidais que fazem com

que o projétil, ao se engajar a eles (raiamento),

adquira a rotação necessária para a

estabilização de sua trajetória e um maior

alcance máximo e útil.

O calibre real é uma grandeza medida na boca

do cano da arma e corresponde ao diâmetro

interno entre os cheios diametralmente

opostos (land diameter). É sempre uma medida exata, dentro de escassos limites de

tolerância. Nos casos em que o número de raias for par, haverá sempre pares de cheios em

oposição a outro, e o calibre real será a medida entre eles. Entretanto, quando o número de

raias for ímpar, cada cheio fica em oposição a uma raia. Nesse caso, a medida deve ser

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tomada entre a superfície de um cheio e a delimitação entre o cheio e a raia, em posição

oposta.

O calibre real é sempre menor que o diâmetro do projétil; dessa forma, não há perda dos gases

que o impulsionam e fazem com que o projétil, ao acompanhar o giro do raiamento, adquira o

movimento rotacional que permite a estabilização de sua trajetória.

O calibre real é expresso em milímetros ou fração de milímetros nos países que adotam o

sistema métrico e em fração de polegada nos que ainda usam o sistema inglês de medidas.

1.2. 

Calibre nominal

O calibre nominal é usado para designar um tipo particular de munição. Também é utilizado nas armas nasquais este tipo de munição é empregado.

O calibre nominal, de forma diferente do calibre real, nãose refere apenas ao diâmetro do projétil, Apresenta,também, uma série de outras informações, como : 

comprimento do estojo;

a forma de travamento desse estojo na câmara,indicando assim se este estojo é com aro ou sem aroou se é do tipo garrafinha, cinturado ou apresentaainda outras formas construtivas;

o sistema de percussão, se de fogo central ou defogo circular.

Desta forma, quando é citado o calibre nominal “.32 S&WL” ou “.32 Colt New Police”, sabe-se que o estojo é cilíndrico e com aro, o tipo de iniciação é por fogo central, que o diâmetro

do projétil é de cerca de 7,92mm, podendo apresentar pequenas variações dentro de limites detolerância pré- estabelecidos. O comprimento do estojo é de 23,37mm, dentre outrasinformações. Este cartucho foi desenvolvido pela Smith & Wesson e pela Colt, para seusrevólveres, sendo a única diferença a época o formato da ponta do projétil.

A FIG. 61 é bem representativa, pois os dois cartuchos são de “calibre .50”. O maior e

 primeiro cartucho é o “.50 BMG” (Browning Machine Gun) e o outro cartucho é o “.50 AE”

(Action Express) utilizado em pistolas semiautomáticas mas, no entanto, excetuando-se o

diâmetro do corpo cilíndrico do projétil, as demais características são muito diferentes

Figura 61  – Calibre nominal

Fonte: arquivo pessoal do conteudista

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1.2.1. Representação do calibre nominal

Para representar o calibre nominal, expresso em frações de polegada, convencionou-se

colocar um ponto na frente do número que representa a fração de polegada, com a supressão

da representação gráfica de polegada. Por exemplo, em vez de escrever 0,38" (trinta e oito

centésimos de polegada), escreve-se .38 , seguido do tipo de arma para o qual se destina o

cartucho: .38 Special, .357 Magnum , .40 S&W.

1.2.2. Nomenclatura dos calibres nominais

 Na nomenclatura adotada para os calibres nominais encontram-se designações agrupadas em

três sistemas:

Sistema americano;

Sistema inglês;

Sistema europeu.

A seguir, você estudará cada um deles.

Sistema americano

Os Estados Unidos não só é um dos maiores produtores de arma, como também um dos

maiores mercados consumidores de armas de fogo. No seu sistema, é comum a utilização de

dois números significando o diâmetro do projétil em centésimos de polegada seguido de

letras, palavras ou números com significados como:

1.  Uso de letras para designar tipos de arma a que se destinam: .380 ACP ( Automatic

Colt Pistol ), .45 ACP ( Automatic Colt Pistol ). (Cartuchos destinados a pistolas, logo o

estojo é sem aro com a virola para encaixe do extrator.)

2.  Uso de adjetivos indicando o tamanho do cartucho: .22 Short (pequeno ou curto);

.22 Long (longo); .22 LR - Long rifle (rifle longo)

3.  Uso de adjetivos identificando o tamanho e a identificação do fabricante que o

produziu: .41 Long Colt , .38 Long Colt

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4.  Uso de logomarcas ou dos nomes, identificando os fabricantes: .38 Smith &

Wesson, .223 Remington, .308 Winchester

5.  Uso de nomes de marcas indicando as armas a que se destinam: .30 Luger; .30

Mauser

6.  Uso de expressões de efeito publicitário: .22 Hornet ; .357 Magnum ; .44 Magnum

7.  Uso de expressões de efeito publicitário associado ao nome do fabricante: .38

S&W Special, .44 S&W Russian, .22 Remington Jet

8.  Uso de números indicando: .30-03 (calibre oficial dos EUA, adotado em 1903),

.30-06 (alteração do calibre .30-03, adotada em 1906)

9.  Uso de números indicando características técnicas: 250-3000 Savage (indica que o

 projétil tem uma velocidade de boca de 3000 pés por segundo). É interessante notar a

designação de muitos calibres, como o calibre .45 –  70 Springfield ou .45  –  70 –  405,

adotado pelo governo americano em 1873, em substituição ao calibre .50  –  70 –  450.

 Neles o diâmetro do projétil era de 0,45 centésimos de po legada, ou seja, 11,4mm, 70

grains de pólvora negra, equivalente a 4,5 gramas e o peso do projétil de chumbo de

405 grains equivalente a 26,2 gramas. Esse mesmo princípio era seguido pelas

designações dos cartuchos .32  –   20, 38  –   40, etc., comuns nas armas utilizadas na

conquista do oeste americano.

Sistema inglês

O sistema inglês é muito similar ao usado na América do Norte. Nele o calibre é definido a

 partir de geralmente três números indicando o diâmetro do projétil em milésimos de polegadas (algumas vezes em centésimos de polegadas) e acrescenta nomes para facilitar a

identificação de quem o produziu. Exemplos: .280 Jeffery, .375 Holland & Holland, .505

Gibbs e .275 Rigby.

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Nota

A palavra " Express"  foi muito utilizada pelos fabricantes ingleses para efeito publicitário,

como sinônimo de cartuchos de potências maiores utilizados, no século XIX, para caças nos

continentes: africano, asiático e americano.

Com a substituição da pólvora negra pelas pólvoras de base simples  –   sem fumaça, de

nitrocelulose –  o termo passou a ser “ Nitro Express”, como os cartuchos .600 Nitro Express e

.577 Nitro Express.  Com o lançamento de cartuchos mais potentes (de maior energia

cinética), surgiu o nome "Magnum Nitro Express". 

Importante!

O termo "Magnum" é empregado nos dias atuais para indicar cartuchos com maior quantidade

de pólvora (estojos com maior capacidade volumétrica), do que os normais ou similares, tanto

 para armas curtas (.357 Magnum, .22 Magnum, etc.) quanto para armas longas (.300

Winchester Magnum, 7mm Remington Magnum, etc.)

Sistema europeu

Esse sistema é por muitos considerado o melhor sistema, pois permite a maior obtenção de

dados sobre o cartucho sem a consulta de manuais ou outros informativos.

Observe os detalhes do sistema:

As dimensões do projétil e do estojo são dadas em milímetros e são apresentadas em

dois grupos de números, podendo apresentar ou não letras como sufixo;

O primeiro grupo de números identifica o diâmetro do projétil (calibre) e o segundo, ocomprimento do estojo;

A ausência de qualquer letra após o calibre significa que o estojo é sem aro (caso da

grande maioria das pistolas);

Se o estojo não for desse tipo, é usado, após o conjunto de números, algumas letras

como sufixo como: a letra R para estojos com aro, as letras SR para semiaro, B para

cinturado e RB para rebatido.

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Exemplos: 5,56 x 45mm, 7,62 x 51mm, 8 x 60mm, 9.3 x 72 R, 9,3 x 80 Rmm.

1.2.3. Observações sobre os vários sistemas dos calibres nominais

Com o passar do tempo, como alguns calibres ficaram muito conhecidos, o segundo grupo de

números foi omitido, a exemplo dos conhecidos 6,35mm e o 7,65mm.

O uso de nomes com ou sem o segundo grupo de números também é comum. Exemplos:

7,65mm Parabellum, 9mm Parabellum, 5,5mm Velodog.

Devido à existência de diferentes sistemas, um cartucho pode ser conhecido ou

comercializado com diferentes nomes, como os listados a seguir:

-  22 Hornet 5,6 x 35 Rmm

-  25 ACP 6,35mm

-  32 ACP 7,65mm

-  30 Luger 7,65mm Parabellum

-  9mm Luger 9mm Parabellum (9 x 19mm)

-  30 Nato 7,62 x 5 1mm Nato  

-  7mm Mauser 7 x 57mm

-  30-30 WCF 7,62 x 5 1 Rmm

-  30 Mauser 7,63mm Mauser ou 7,63 Militar

-  380 ACP 9 mm Browning Short (Kurtz)

-  30-06 7,62 x 63mm

1.2.4. Calibres nominais X calibres reais

Quando uma arma é destinada a consumir um determinado tipo de munição, deve ser

designada por um calibre nominal específico. A utilização de cartuchos não apropriados pode

ser prejudicial ao rendimento e à conservação da arma, bem como à integridade física do

atirador.

1 O termo Nato é uma s igla na língua inglesa para OTAN –  Organização do T ratado do Atlântico Norte.

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 Normalmente, o calibre da arma é designado pelo calibre nominal da munição a ela

correspondente, e esse calibre é gravado no cano dos revólveres e, nas pistolas, em uma das

faces laterais do ferrolho.

NOTA

 Na prática, o que determina numa arma o calibre nominal é a configuração interna da câmara

na qual será a lojado o cartucho.

Para um mesmo calibre real podem existir vários calibres nominais, como ocorre, por

exemplo, com armas de calibre real 8,9mm, que possuem, entre outros, os seguintes calibres

nominais: .38 Short Center Fire, .38 Smith & Wesson (.38 S&W), 38 Smith & Wesson Long(.38 S&WL), .38 Special e .38 Special Smith & Wesson, entre outros.

NOTA

 Na Argentina as pistolas de calibre .45 ACP normalmente são conhecidas pelo seu calibre

real, ou seja, 11,25mm.

Como você já estudou anteriormente, diferentes nomenclaturas podem gerar equívocos.

Sendo assim, pode-se estabelecer, para os calibres nominais americanos das armas raiadas,expressos em centésimos de polegada, a seguinte relação com seus equivalentes convertidos

em milímetros e os respectivos calibres reais.

Calibres nominais

americanos

Calibres equivalentes

convertidos em milímetrosCalibres reais

.22 5,59mm 5,6mm

.25 6,35mm 6,35mm

.30 7,62mm 7mm

.32 8,13mm 7,65mm

.38 9,65mm 8,9mm (9mm)

.44 11,18mm 10,8mm (11mm)

.45 11,43mm 11,25mm

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Aula 2 –  Calibre das armas de alma lisa

Da mesma forma que as armas de alma raiada, as armas de alma lisa também apresentam

calibres reais e calibres nominais e ainda possuem um estrangulamento da boca do cano

chamado choque (choke).

O seu conhecimento é muito importante para que você possa identificar de forma precisa uma

arma de alma lisa.

2.1. Calibre real

O calibre real das armas com canos de alma lisa é a medida que corresponde ao diâmetro

interno do cano, tomada em sua região mediana.

Importante!

 Não deve ser tomada essa medida na boca do cano, pois, dependendo do tipo de choque,

 podem-se obter medidas diferentes para um mesmo calibre real.

2.2. Calibre nominal

O sistema utilizado para definir os calibres das armas de alma lisa é um sistema arcaico e tem

sua origem, segundo consta, em Londres no ano de 1868. Nesse sistema, o calibre nominal é

um número que indica a quantidade de esferas de chumbo com diâmetro igual ao da alma do

cano da arma (calibre real), necessárias para formar o peso de uma libra (massa de 453,6g).

Assim, o calibre 12 significa que são necessárias 12 esferas de chumbo com diâmetro de

18,5mm para formar 453,6 gramas.

2.3. Calibre nominal X calibre real

Os calibres nominais são expressos por números inteiros, cujos valores variam na razão

inversa dos calibres reais respectivos. Pode-se estabelecer a seguinte relação entre os calibres

reais e os respectivos calibres nominais:

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Calibre nominal Calibre real

40 9,1mm

36 10,4mm

32 12,2mm

28 13,0mm

24 14,3mm

20 15,9mm

16 16,2mm

12 18,5mm

10 19,7mm

8 21,2mm

O calibre nominal 36, cujo calibre real é de 0,410 polegadas, 10,4mm, é designado como:

.410, especialmente fora do Brasil. O calibre nominal 40 é também designado como calibre

9,1mm, que é seu calibre real.

A fórmula ao lado permite calcular o

diâmetro do cano em relação ao

calibre:

-  A letra d  representa o diâmetro;

-  A letra n  representa o número

significativo do calibre.

Importante!

Para alguns calibres, como o 36 e o 40, a designação não seguiu a regra geral da

denominação dos calibres das espingardas, por isso a fórmula não apresenta, para esses

calibres, resultado correto.

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2.4. Choque

Choque (choke) é um estreitamento da alma do cano, junto de sua boca, com a finalidade de

 produzir melhor agrupamento dos chumbos (balins), visando a obtenção de maior alcance e

 precisão do tiro.

O choque normalmente é precedido de uma rampa de formato cônico, com dimensão que

varia de indústria para indústria, cujo menor diâmetro coincide com a do choque. Esse tipo de

choque é denominado de choque convencional.

2.4.1. Denominações do choque

Cada cano possui um determinado tipo de choque. Os choques recebem as seguintes

denominações:

1.  Full  (F) ou choque pleno ou cheio

2.  Improved Modified  (IM) ou modificado melhorado (3/4 de choque)

3.  Modified  (M) ou modificado (1/2 choque)

4.  Improved cylinder  (IC) ou cilíndrico melhorado (1/4 de choque)

5.  Cylinder  (CL) ou cilíndrico (sem choque)

2.4.2. Representação do choque

A representação do choque, segundo a simbologia americana, é feita com o emprego da(s)letra(s) inicial(is) do nome do respectivo choque (F, IM, M, IC e CL). Na Europa, a indicação

do choque é feita com estrelas ou asteriscos (*), com o seguinte significado: uma estrela para

o choque full ; duas estrelas para o modified ; três estrelas para o improved cylinder .

O tipo de choque de cada cano é gravado, através do seu símbolo (letra ou estrela), sobre o

cano e na altura da câmara.

As espingardas de um cano possuem como regra geral o choque  full (F).

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 Nas armas de dois canos, a indicação dos choques é feita individualmente, como M/F, por

exemplo. Essa indicação significa que o cano com o qual é dado o primeiro tiro possui o

choque modified  (modificado) e o outro tem o choque full  (choque pleno).

A figura ao lado mostra

a dispersão dos balins

em relação aos

diferentes choques e à

distância.

Fonte: CBC 

O choque pleno ( full ) é o de menor diâmetro, isto é, o que dá maior estrangulamento da alma

do cano, garantindo, em consequência, menor dispersão, maior e melhor grupamento e a

 possibilidade de tiro a maior distância. Por esse motivo, em espingardas de dois canos, o

choque do cano com o qual é dado o segundo tiro é sempre menor, mais estreito do que o

choque do cano usado para o primeiro tiro.

A tabela a seguir apresenta a redução no diâmetro ou o estrangulamento relativo para cada

choque e calibre:

Choque/calibre 12 16 20 28 32 36

Pleno 1,00 mm 0,85 mm 0,75 mm 0,65 mm 0,55 mm 0,45 mm

¾ 0,75 mm 0,65 mm 0,55 mm 0,45 mm 0,45 mm 0,30 mm

½ 0,50 mm 0,45 mm 0,35 mm 0,30 mm 0,20 mm 0,20 mm

¼ 0,25 mm 0,25 mm 0,20 mm 0,15 mm 0,10 mm 0,10 mm

Skeet 0,20 mm 0,17 mm 0,15 mm 0,10 mm 0,10 mm -

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Modernamente, adotou-se o uso de choques cambiáveis, o que permite ao atirador usar, num

mesmo cano, mais de um tipo de choque, podendo optar pelo mais adequado para

determinada caça ou esporte. O choque cambiável é constituído de uma peça com rosca

externa, a qual é parafusada na boca do cano da arma. Esse tipo de choque é fabricado e

comercializado pela indústria E.R. Amantino & Cia. Ltda., fabricante das armas da marca

Boito, Era e Gaúcha-IGA, e é usado em vários calibres.

Nota

As espingardas de uso policial, por comportarem projéteis de borracha, lacrimogêneo e

munições explosivas, não podem apresentar estreitamento da boca do cano, ou seja, não

usam choque (choque cilíndrico).

2.4.3. Grupamento 

Os choques dos canos controlam o grupamento dos balins de chumbo e são usualmente

determinados pela procentagem de balins que atingem um alvo (placa) de 75 cm de diâmetro,

a uma distância convencional de 35 metros (27 metros para os calibres 28, 32 e 36). Essa

 porcentagem pode variar muito pouco com uma mesma arma, dependendo, em linhas gerais,

do tamanho do cartucho, da carga de pólvora e do tamanho e número de balins de chumbo

usados no carregamento do cartucho.

A tabela a seguir mostra a correspondência entre o choque e grupamento.

Estrangulamentos (choques)  Grupamento 

Total (choke pleno) 70 - 75 %

¾ 60 - 65 %

1/2 (meio choke) 50 - 60 %

¼ 40 - 45 %

Cilíndrico 35 - 40 %

Skeet 60 % (a 20 m)

Os resultados com uma arma de qualidade e cartuchos de boa procedência são normalmenteos assinalados na tabela e devem apresentar uma distribuição (dispersão) uniforme.

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 Num cano cilíndrico, a dispersão do chumbo inicia-se na saída. No choke pleno, a carga de

chumbo sai comprimida e a dispersão será menor. Como lançam a carga a uma distância um

 pouco maior do que as outras formas de estrangulamento do cano para o mesmo calibre,

conclui-se que o grau do choke determina o alcance máximo da arma. O grupamento do cano

de choke  pleno a 35 metros também pode ser conseguido com o cano de meio choke  a 30

metros e pelo de 1/4 de choke a 25 metros.

Nota

Mais importante do que a porcentagem de chumbos que atingem o alvo é a distribuição

uniforme deles dentro da área de impacto (alvo), chamada de  rosada do tiro.

Um cartucho Velox (CBC), calibre 20, carregado com 22,5 g de chumbo no 7 (diâmetro de

2,5mm) comporta aproximadamente 248 balins. Portanto, se disparado de um cano de choke

 pleno à d istância de 35 metros, de acordo com as normas adotadas, teria que contar de 171 a

186 impactos dentro do círculo de 75 cm de diâmetro. Se o cano usado for de 1/2 choke, serão

aproximadamente 136 impactos (55%). O mesmo deve ocorrer se usados outros tamanhos de

grãos de chumbo.

Esse fato permite explicar por que normalmente não é possível determinar o calibre da

espingarda pelo número de balins que atinge uma superfície suporte.

Finalizando...

 Neste módulo, você estudou que:

Calibre é a medida do diâmetro interno do cano de uma arma, medido entre os fundos

do raiamento; medida do diâmetro externo de um projétil sem cinta; dimensão usada

 para definir ou caracterizar um tipo de munição ou de arma. (Decreto nº 3.665, art 3º,

inciso XXXV, anexo);

 Nas armas de alma raiada, o calibre real é uma grandeza medida na boca do cano da

arma e corresponde ao diâmetro interno entre os cheios diametralmente opostos (land

diameter ), e o calibre nominal é usado para designar um tipo particular de munição e

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também é utilizado nas armas nas quais esse tipo de munição é empregado  –  por isso

devemos descrever com maior detalhe o calibre nominal;

O calibre real das armas com canos de alma lisa é a medida que corresponde ao

diâmetro interno do cano, tomada em sua região mediana;

 Nas armas de almas lisas, o calibre nominal é designado por um sistema arcaico que

tem sua origem, segundo consta, em Londres no ano de 1868. Nesse sistema, o calibre

nominal é um número que indica a quantidade de esferas de chumbo, com diâmetro

igual ao da alma do cano da arma (calibre real), necessárias para formar o peso de uma

libra (massa de 453,6g). Assim, o calibre 12 significa que são necessárias 12 esferas

de chumbo com diâmetro de 18,5mm para formar 453,6 gramas;

Choque (choke) é um estreitamento da alma do cano, junto de sua boca, com a

finalidade de produzir melhor agrupamento dos chumbos (balins), visando a obtenção

de maior alcance e precisão do tiro;

Os choques dos canos controlam o grupamento dos balins de chumbo e são

usualmente determinados pela porcentagem de balins que atingem um alvo (placa) de

75 cm de diâmetro a uma distância convencional de 35 metros (27 metros para os

calibres 28, 32 e 36).

Exercícios

1) Considerando o que foi estudado sobre calibre, assinale a afirmativa falsa abaixo:

a) O calibre nominal é designativo de um tipo particular de munição.

 b). O calibre nominal em uma arma cujo o cano é dotado por um número ímpar de

raias é a distância entre dois cheios diametralmente opostos.

c) O calibre real é uma grandeza medida diretamente na boca do cano da arma.

d) O calibre real em uma arma cujo o cano é dotado por um número par de raias é a

distância entre dois sulcos (raias), diametralmente opostas.

2) O calibre 12 utilizado em espingardas:

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a) É o equivalente em milímetros ao diâmetro interno do cano dessa arma, ou seja, seu

diâmetro interno mede 12 milímetros.

 b) É o equivalente em centésimos de polegada ao diâmetro interno do cano dessa

arma, ou seja, seu diâmetro interno mede 12 centésimos de polegadas.

c) Refere-se à quantidade de esferas de chumbo com o mesmo diâmetro do cano, as

quais juntas pesam uma libra (453,59 gramas). 

d) Não apresenta relação nenhuma com o diâmetro do cano, quer externo ou interno.

3) Assinale (V) para as sentenças verdadeiras e (F) para as falsas:

a) ( ) Para um mesmo calibre real podem existir vários calibres nominais.

 b) ( ) No sistema americano é comum a utilização de três números significando o

diâmetro do projétil em centésimos de polegada, seguidos de letras, palavras ou números com

significados distintos.

c) ( ) Para representar o calibre nominal, expresso em frações de polegada,

convencionou-se colocar um ponto na frente do número que representa a fração de polegada.

d) ( ) O calibre real é sempre maior ou igual que o diâmetro do projétil.

4) Sobre o calibre .45  –   70  –   405, adotado pelo governo americano em 1873, podemos

afirmar que:

a) O segundo grupo de números (70) identifica o comprimento do estojo.

 b) O primeiro grupo de números identifica o diâmetro do projétil (calibre) expresso em

milímetros.

c) O terceiro grupo de números representa o peso do projétil de chumbo de 405 grains,

equivalente a 26,2 gramas. 

d) Nenhuma das anteriores.

5) Assinale a alternativa falsa:

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a) O calibre real é uma grandeza medida na boca do cano da arma e corresponde ao

diâmetro interno entre os cheios diametralmente opostos.

 b) O calibre real é expresso em milímetros ou fração de milímetros nos países que

adotam o sistema métrico e em fração de polegada nos que ainda usam o sistema inglês de

medidas.

c) O calibre real é sempre menor que o diâmetro do projétil; dessa forma não há perda

dos gases que o impulsionam.

d) Nos casos em que o número de raias for ímpar, a exemplo das armas 5D, há sempre

raias diametralmente opostas a outra, e o calibre real será a medida entre elas.  

6) O calibre real das armas com canos de alma lisa é a medida que corresponde ao diâmetro

interno do cano e deve ser tomada:

a) Na câmara de combustão

 b) Na boca do cano

c) Em sua região mediana

d) Nenhuma das anteriores

7) Considerando o que estudou sobre choque, assinale a alternativa falsa: 

a) O choque pleno ( full ) é o que dá maior estrangulamento da alma do cano,

garantindo, em consequência, menor dispersão dos balins.

 b) Os choques dos canos controlam o grupamento dos ba lins de chumbo, que é

usualmente determinado pela porcentagem de balins que atingem um alvo (placa) de 75 cm de

diâmetro a uma distância convencional de 35 metros (27 metros para os calibres 28, 32 e 36).

c) O grau do choke determina o alcance máximo da arma.

d) As espingardas de uso policial, por comportarem projéteis de borracha,

lacrimogêneo e munições explosivas, utilizam choques que apresentam estreitamento da boca

do cano. 

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9) O choque que apresenta a menor redução do diâmetro interno da boca do cano é:

a) Full  (F) ou choque pleno ou cheio

 b) Modified  (M) ou modificado

c) Cylinder  (CL) ou cilíndrico

d) Choque Skeet 

Gabarito : 1-B ; 2-C ; 3-V/F//V/F ; 4-C ; 5-D ; 6-C ; 7-D ; 8-C  

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Módulo 6  – Rastreamento de Armas

Apresentação do módulo

 A maioria dos crimes contra a vida e de outros crimes violentos, em nosso país,

ocorre com o emprego de uma arma de fogo. Conhecer as rotas, as formas, os

mecanismos que propiciaram o emprego dessa arma de fogo em um crime

específico permite investigar um crime “sem rosto”  que é o tráfico de arma.

Na Rede EAD há um curso específico que trata sobre as Ações para o Controle

de Armas de Fogo1. Contudo, nesse módulo você estudará informações

sistematizadas que facilitarão a identificação de uma arma, a sua busca em

banco de dados, quando necessário, o rastreamento e a investigação policial.

Objetivos do Módulo

 Ao final do estudo desse módulo, você será capaz de:

Identificar os elementos contidos no Registro de Armas de Fogo;

Compreender o processo de gravação de maneira geral, em especial os

números de série das armas, as marcas de prova, logomarcas e as

gravações das bases de munições;

Contribuir para as ações de rastreamento de armas e munições, bem como

para a investigação policial.

Estrutura do Módulo

 Aula 1- Identificação Direta: aspectos práticos

 Aula 2 – Número de Séries das Armas de Fogo

1 O conteúdo programático do curso es tá dividido em 6 módulos: “armas de fogo hoje”; “estoques e

controle de armas no Brasil”; “apreensão e identificação de armas ilegais”; “des vio, contrabando evitimização de armas”; “us o de armas de fogo: prós e contras”; e, “estatuto, recadastramento,

desarmamento e destruição de armas”  

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 Aula 3 – Outros Sinais Identificadores

 Aula 4 – Rastreamento de Munição

Aula 1  – Identificação Direta 1: aspectos práticos

1.1. O que é Identificação?

Não importa a função que você desempenhe, de forma mais ou menoscorriqueira, boa parte dos policiais terá que descrever alguma arma de fogo em

relatórios, ocorrências ou qualquer outra forma de registro, com o objetivo de

identificar, de forma inequívoca, esta arma. Nessa descrição deve contar as

suas características e detalhes particulares para evitar qualquer confusão com

outra semelhante.

Considerando que o objetivo da aula é identificar, é importante saber quesignifica identidade. Sendo assim, identidade é:

 A qualidade de cada ser, ou coisa, de se manifestar como algo único e distinto,

por características que lhe são próprias e exclusivas, impedindo a sua

confusão com outros.

 A identificação  é o ato, ou o conjunto de atos praticados, com vista aestabelecer a identidade. Qualquer identificação pode se processar de forma

direta, ou seja, quando diante do próprio objeto, ser ou coisa em geral, através

do exame do conjunto dos elementos que lhe são próprios e exclusivos,

estabelece-se a sua identidade.

Você já estudou os principais aspectos relacionados às características de

classificação das armas de fogo. Essas informações são as que você utilizará

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II - nome ou sigla do País;

III - calibre;

IV - número de série impresso na armação, no cano e na culatra,quando móvel; e

V - o ano de fabricação quando não estiver incluído no sistema de

numeração serial.”  

Os aspectos legais auxiliam a ordenar as informações e representam um

método a ser seguido. Você deve buscar, sempre que possível, ordenar as

informações partindo das características gerais para as características

específicas e por fim para as características individuais.

Outra possibilidade é adotar, quando possível, os dados e a ordem seguida nos

registros de arma de fogo, pois esses registros são para as armas o que a

identidade civil é para uma pessoa e, consequentemente, a maior fonte de

informações sobre elas.

Todas as informações sobre armas

de fogo devem estar contidas no

Sistema Nacional de Armas  – 

SINARM e desta forma o maior

banco de dados sobre este assunto.

1.2.1 Descrição com Base nos Elementos do Registro de Armas de Fogo

Espécie

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 A primeira informação é a espécie. Revolver, pistola, espingarda, carabina são

espécies de armas de fogo. Nas aulas anteriores você estudou as informações

necessárias para proceder a classificação de espécie.

Marca

Outra informação fundamental refere-se a marca do fabricante. A grande

maioria das armas de fogo brasileiras são ou foram produzidas pelas Forjas

Taurus S.A., Amadeo Rossi S.A.,

IMBEL - Indústria de Material Bélico do

Brasil, CBC  – Companhia Brasileira de

Cartuchos ou E.R. Amantino & Cia Ltda

produtora das espingardas Boito, Era

etc. Embora esses sejam os principais,

pode-se encontrar armas da Industria

Nacional de Armas (INA), Castelo,

Beretta, Chapina, Uru entre outras,

sem falar nas centenas de produtores

de armas de origem estrangeiras.

NOTA

 A gravação de informações que permitem a identificação direta como: a marca

do fabricante, logomarca, número de série, calibre nominal, modelo e arsenais

de prova onde foram testadas, geralmente, podem ser encontradas na

armação, ferrolho, cano ou caixa de mecanismo.

Modelo, Calibre e Número de Série

Modelo, calibre e número de série

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 As informações do modelo, calibre  e

número de série,  quando disponíveis, são

dados que permitem a individualizaçãodessa arma. O número de série nas armas

de fogo apresenta a sequência cronológica

da ordem de produção das armas de fogo,

e, também, pode demonstrar a data de produção (mês e ano), calibre, modelo

entre outras informações. Como exemplo veja a FIG. 65. Nela observa-se o

número de série de uma Pistola Taurus, modelo 101: a primeira letra identifica

o calibre .40 S&W representado pela letra S, a segunda letra T significa o anode produção (ano 2000) e a letra J significa que o mês de produção foi

outubro.

Capacidade de Tiros

 A quantidade de munições que uma arma comporta e o seu sistema de

municiamento são informações essenciais que devem ser descritas. Isso

significa informar sobre:

a capacidade de tiros  que

comporta os carregadores unifilar

ou bifilar das pistolas,

submetralhadoras ou fuzis;

a quantidade de câmaras do

tambor de um revólver;

a capacidade do tubo carregador

das carabinas e espingardas de

repetição, ou mesmo nos casos

das armas de tiro unitário;

Figura 65  –  Número de série de umapistola TaurusFonte: arquivo pessoal do conteudista

Figura 66  –  Capacidade de tiro de umcarregador de pistola marca Taurus.Fonte: arquivo pessoal do conteudista

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ou ainda, quando a arma apresentar um compartimento de munições

como parte integrante da arma.

 A FIG. 66 mostra um carregador bifilar de uma pistola da marca Taurus. Neleobserva-se, sobre o último orifício, o número 11, representando a capacidade

original deste carregador.

Mas, não só a capacidade de munição que deve ser descrita. Deve-se

descrever todo o sistema de municiamento, como por exemplo, “municiamento

 por tambor reversível com cinco câmaras de municiamento” ou “municiamento por carregador do tipo caixa, bifilar com capacidade de onze cartuchos.”  

NOTA:

No caso do registro de arma apresentado anteriormente, o carregador também

é dotado de prolongador que permite a introdução de mais dois cartuchos no

carregador, além do limite do fabricante, passando a comportar não mais onze

cartuchos e sim treze cartuchos.

Sistema de Funcionamento

Deverá ser descrito o sistema de func ionamento 2da arma, ou seja, se a arma

é de tiro unitário, de repetição, semiautomática, automática e, ainda, como se

processa esse funcionamento3.

Acabamento

Outro subitem necessário na descrição de uma arma é o acabamento . O

acabamento é um tratamento superficial que é dado na estrutura de uma arma.

De forma simples, o acabamento consiste no processo de aplicação de

compostos químicos, geralmente por banhos, no intuito de proteger a arma de

2

 Acessar o arquivo (Anexo) “Para Recordar 1” .  3 Acessar o arquivo (Anexo) “Para Recordar 2” .  

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intempéries, ação abrasiva ou oxidação, além de proporcionar melhor

apresentação. Um dos principais acabamentos é o niquelado que é um

tratamento no qual se aplica uma fina camada de níquel, por meio de banhoeletrolítico. Processos semelhantes formam o acabamento oxidado, cromado,

fosfatizado ou entintado. Armas confeccionadas em aço inoxidável não

apresentam acabamento, todas as peças da arma são confeccionadas nessa

espécie de aço que apresenta boa resistência a corrosão e ferrugem.

 A arma ao lado teve o acabamento

superficial suprimido.

Quantidade de Canos

 A quant idade de cano s   de uma arma,

principalmente, nas espingardas,

garruchas, é uma informação essencial,

e não só a quantidade de canos , mas a

disposição deles, ou seja, como os canos

se apresentam: paralelos ou sobrepostos.O importante lembrar que no caso de armas mistas, com um cano de alma lisa

e outro com cano de alma raiada, detalhar essas características é fundamental.

Comprimento do Cano

Os dados necessários sobre o cano vão além da quantidade, também são

essenciais o compr imento do cano , ele diferencia de carabina ou fuzil, pode

determinar se uma determinada espingarda é de uso restrito ou permitido, além

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de ser um fator que determina a velocidade máxima do projétil disparado por

aquela arma.

Tipo de Alma

O próximo passo é definir o t ipo de alma  deste cano, se raiada ou alma lisa.

Quantidade de raias

No caso das almas raiadas é fundamental também relatar a quant idade deraias.  Só para relembrar Raias, de acordo com o R105, são: “sulcos feitos na

 parte interna (alma) dos canos ou tubos das armas de fogo, geralmente de

forma helicoidal, que tem a finalidade de propiciar o movimento de rotação dos

 projéteis, ou granada, que lhes garante estabilidade na trajetória;” .

Não é uma tarefa muito fácil, para alguns, contar o número de raias de um

cano, no entanto, com um pouco de experiência, usando um sistema de

iluminação que pode ser uma lanterna, ou a luz solar, fica mais fácil definir os

ressaltos e as raias ou cavados, e uma vez definida as raias, contar.

Sentido das Raias

Mas não acaba por aí, é necessário definir o sent ido de g i ro  dessas raias, ou

seja se giram para direita ou, dextrogira , ou seja, giram no sentido horário ou

se giram para esquerda ou, sinistrogira, o giro das raias acontece no sentido

anti-horário. A grande maioria das armas apresenta o sentido de giro para a

direita, caso das armas da Taurus, Smith & Wesson, Rossi, etc. O sentido de

giro à esquerda é usado pela Colt, entre outros fabricantes. Na prática, o giro

do projétil tem fator primordial no alcance máximo, no alcance com precisão, na

estabilidade do projétil e em outras características balísticas, mas o sentido de

giro não faz diferença alguma para os aspectos balísticos acima, sua

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importância se dá somente para a identificação direta e indireta das armas de

fogo.

Extensão da câmara

Nas armas de alma lisa é importante

definir a ex ten são da câmara

(compr imento)  e Choque  (choke) 4 que é um estreitamento da alma do cano,

 junto de sua boca, com a finalidade de produzir melhor agrupamento dos

chumbos, visando a obtenção de maior alcance e precisão do tiro.

País de Produção

Outro subitem refere-se ao País de pro dução .

É importante lembrar que muitos produtores

possuem fábricas em diversos países e, quando

possível, definir o país onde foi produzida certa

arma ajuda a rastreá-la.

1.2.2 Outras Informações Importantes para a Descrição das Armas

Embora a descrição realizada a partir das informações contidas no registro de

armas auxilie a sistematização da descrição, outras informações devem ser

relatadas em casos específicos, como por exemplo, nos casos de armas de

alumínio, titânio, zamack ou outras ligas, onde essa informação passa a ser

essencial, pois a grande maioria das armas de fogo é constituída em aço (liga

de ferro e carbono), por isso, geralmente, não

são descritas.

4 Acessar o arquivo (Anexo) “Para Recordar 3” .  

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O mesmo procedimento é adotado com as armas que apresentam, por

exemplo, ferrolho e cano em aço e, armação em polímeros ou alumínio, como

é o caso das pistolas Glock e Taurus. A grande maioria das armas é deretrocarga, então somente se a arma for de antecarga deve-se mencionar. O

mesmo acontece com dispositivos do sistema de inflamação, ainda sendo

muito comum o uso de espoletas extrínsecas.

Outra informação importante refere-se aos sistemas de segu rança , ou seja, se

a arma apresenta alguma tecla externa para acionar o sistema de segurança. A

maioria das pistolas possuem estas teclas. Travas de segurança automáticas,como as que estão presentes na tecla do gatilho das Pistolas Glock, na

empunhadura da submetralhadora MT12, na empunhadura das pistolas Colt,

modelo 1911 ou similares, também devem ser descritas.

Não é necessário desmontar uma arma para descrever o seu sistema de

segurança como, por exemplo, o caso dos revólveres, basta descrever o

externo. Da mesma forma é usual relatar sobre a percussão se direta ou

indireta; sobre as placas da coronha, se são confeccionadas de madeira ou

material sintético, lisas ou recartilhadas, chapa da soleira, coronha, telha, tudo

mais.

Outro fator fundamental, na identificação

direta das armas de fogo são os acessórios.

Nas armas modernas é muito comum

encontrar a utilização de quebra-chamas; lanternas, miras especiais, desde

miras óticas a miras a laser de diversos tipos; “funis”, gatilhos, supressores de

ruído e compensadores de recuo, quer por câmaras ou compensadores do tipo

mag-na-port, como o da fotografia acima, entre outros.

1.2.3. Exemplos de Descrição de Armas de Fogo

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Veja, a seguir, alguns exemplos de descrição de armas de fogo:

a)Pistola marca Taurus, modelo PT 24/7 PRO, calibre .40 S&W, númerode série Sxx xxxxx, semi-automática, com sistema de operação do

tipo blow back, de dupla ação, armação inteiriça em material

sintético de cor preta (da qual faz parte a empunhadura), ferrolho e

cano oxidados, percussão direita, municiamento realizado por meio

de carregador do tipo bifilar, cano e câmara medindo cento e oito

milímetros de comprimento, de alma raiada (6D), sistema de

segurança acionado por alavanca localizada na lateral esquerda posterior da armação. Apresenta o brasão das “Armas Nacionais”

gravado na lateral esquerda mediana do ferrolho.

b)Pistola marca Glock, modelo 23, calibre .40 S&W, número de série xxx

 xxx, semi-automática, sistema de operação do tipo “blow back”, de

ação simples, armação em polímero, cano e ferrolho em aço com

acabamento oxidado, percussão direta, municiamento através de

carregador bifilar, com capacidade nominal para doze cartuchos,

dotada cano e câmara com cento e quinze milímetros (115 mm) de

comprimento, de alma raiada (6D), sistema de segurança acionado

 por alavanca localizada no gatilho.

c) Revólver marca TAURUS, calibre .38 SPECIAL, modelo ULTRA-LITE,

número de série adulterado, lendo-se na lateral anterior direita da

armação os dígitos xxxxx, acabamento de tonalidade acinzentada

(fosco), armação em alumínio, tambor e alma do cano em aço,

 percussão indireta, cabo revestido por capa de material sintético de

cor preta, tambor reversível dotado de sete câmaras de

municiamento, cano medindo cinquenta e dois milímetros de

comprimento, de alma raiada (5D).

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d)Submetralhadora identificada por suas características como sendo da

marca Beretta, modelo 972, calibre 9mm Luger (9 x19 mm), número

de série xxxxx, com acabamento na cor preta (com desgastes),semi-automática/automática através de seletor do tipo botão, situado

na parte superior (região à frente da empunhadura posterior),

funcionamento através do sistema de operação do tipo blow back  e

ferrolho aberto, dotada de coronha metálica retrátil, municiamento

realizado por meio de carregador bifilar, do tipo caixa, cano e

câmara medindo duzentos milímetros de comprimento, de alma

raiada (6D), com duas travas de segurança, sendo uma localizadana parte frontal da empunhadura posterior, acionada através de tecla

(trava automática), e a outra através de botão (trava manual),

localizado na região acima da referida empunhadura. Apresenta

gravados em sua lateral esquerda a inscrição “EXÉRCITO

BRASILEIRO” e o brasão das Armas Nacionais. 

e)Espingarda de fabricação artesanal, de antecarga e tiro unitário, coronha

e telha em madeira inteiriça, soleira em material sintético de cor

 preta, percussão extrínseca desenvolvida através de cão de puxar e

travar à retaguarda no prolongamento do gatilho, o qual incide sobre

o ouvido, cano e câmara medindo setecentos e oitenta milímetros de

comprimento, doze milímetros de diâmetro interno (medido na boca

do cano), de alma lisa, com um compartimento na parte inferior da

coronha dotado de tampa metálica basculante (contendo oito

espoletas metálicas, do tipo extrínseca), portando vareta de recarga

alojada na região inferior do cano e parte interna da telha, com um

segmento de cordão de tonalidade esverdeada amarrado a guisa de

bandoleira. Apresenta fixado na região inferior do cano um

dispositivo de mira a laser.

f) Espingarda marca BOITO, modelo PUMP, calibre 12, número de série

 xxxxx, de repetição, acabamento misto (caixa do mecanismo

niquelada, cano e tubo carregador oxidados, com desgastes),

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 percussão indireta, empunhadura do tipo pistol grip em material

sintético de cor preta, telha em madeira, alimentação por meio do

sistema pump action (bomba), municiamento através de tubocarregador, cano de alma lisa medindo juntamente com a câmara

quinhentos e trinta milímetros de comprimento, com dezoito

milímetros e quatro décimos de milímetro de diâmetro interno

(medido na boca do cano), sistema de segurança acionado por tecla

deslizante localizada na parte súpero-posterior da caixa do

mecanismo. Repare que o Perito que promoveu a descrição por não

encontrar a gravação do choque, utilizou-se da medida da boca docano, com a qual pode-se caso seja necessário, inferir sobre o

choque 

g) Fuzil marca HK, modelo 33, apresentando os caracteres xxxxxx

gravados na lateral esquerda do alojamento do carregador, calibre

5,56 x 45mm (.223 Remington), acabamento entintado de preto,

semi-automático/automático através de seletor do tipo alavanca

(trava de segurança com acionamento através da alavanca de

 posição de tiro), percussão indireta, sistema de operação a gás, alça

de mira regulável, massa de mira fixa do tipo aparelho fechado,

coronha retrátil, empunhadura em material sintético rígido de cor

 preta, chapa de soleira em material emborrachado de cor preta,

dotado de bandoleira, municiamento por carregador tipo bifilar, cano

dotado de quebra-chama medindo, juntamente com a câmara,

quatrocentos e oitenta milímetros de comprimento (420mm) de

comprimento, de alma raiada (6D).

Aula 2 - Número de Série das Armas de Fogo

Nessa aula você terá acesso a mais informações sobre o número de série das

armas de fogo, no entanto, o enfoque não será sobre a posição e a

profundidade em que estão gravados, nem o método de gravação e

conformação dos dígitos, muito menos quais são os reagentes adequados para

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regenerar uma numeração suprimida. As informações a seguir o auxiliarão a

entender as codificações nele contidas e saber interpretá-las.

2.1 Número de Série 

O número de série é o principal elemento, é a chave para identificar o

comprador e o movimento da arma em termos de rastreamento.

O número de série nas armas de fogo pode não traduzir apenas a seq uência

cronológica da ordem de produção daquele modelo de arma de fogo. Emmuitos tipos pode demonstrar também a data de produção (mês e ano), calibre,

modelo entre outras informações. O número de série pode ser constituído por

dígitos formados apenas por algarismos, ou por dígitos compostos de

algarismos e letras.

NOTA

Cada indústria adota o seu critério de composição do número de série. A

forma, o processo de gravação e o tamanho dos dígitos que formam os

números de série podem mudar com o passar dos anos dentro de uma mesma

fábrica e de uma fábrica para outra.

 Atenção especial deve se ter com o país de produção, pois podem existir

armas com o mesmo número de série. Veja um exemplo:

Exemplo: Os fuzis do modelo “ AK 47”  são produzidos em dezenas de países

como Afeganistão, China, Rússia, Egito, Líbano, Marrocos, Síria, Hungria,

Congo etc. Tendo sido produzido mais de 50 milhões de exemplares desta

arma, então é de se esperar que possam existir fuzis modelo “ AK 47”, calibre

7,62 x 39, com o mesmo número de série.

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2.2. Gravação do Número de Série

Como você estudou anteriormente, devido a importância do rastreamento dasarmas de fogo, a legislação brasileira instituiu por meio da Portaria no 07, de 28

de abril de 2006, do Departamento Logístico do Exército Brasileiro/Ministério da

Defesa, gerando a obrigatoriedade de inscrições, conforme descrito a seguir:

“Art. 5 ° As armas fabricadas no país deverão apresentar as

seguintes marcações:

IV - número de série impresso na armação, no cano e naculatra, quando

móvel; e

V - o ano de

fabricação quando

não estiver incluído

no sistema de

numeração serial.”  

 Algumas indústrias, antes dessa determinação, já apresentavam esses dados

gravados em suas armas. Veja algumas a seguir:

2.2.1 Taurus

Nos revólveres Taurus, o número de série inicialmente era composto apenas

por algarismos, indicando apenas a ordem cronológica de produção. A partir do

mês de maio de 1981, foi introduzido o número de série alfanumérico,

incorporando na numeração de série, de forma codificada, a data de produção

da arma através de duas letras gravadas no início da numeração de série. O

critério de correspondência das letras com o ano (1.ª letra e 1.º dígito da

numeração) e mês (2.ª letra e 2.º dígito da numeração) de fabricação é o

apresentado na tabela a seguir:

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A 1981 M 1993 Janeiro A

B 1982 N 1994 Fevereiro B

C 1983 O 1995 Março C

D 1984 P 1996 Abril DE 1985 Q 1997 Maio E

F 1986 R 1998 Junho F

G 1987 S 1999 Julho G

H 1988 T 2000 Agosto H

I 1989 U 2001 Setembro I

J 1990 V 2002 Outubro J

K 1991 W 2003 Novembro K

L 1992 X 2004 Dezembro L

 A sequência acima, representativa do ano, termina no ano de 2006 com a letra

“Z”. Iniciando novamente com a gravação da letra A para as armas produzidas

no ano de 2007 e continuando de forma sequencial, até o ano de 2032 quando

será gravada a letra  Z.

 A mudança significativa ocorre na codificação representativa do mês de

produção. No período compreendido entre os anos de 2007 a  2009, a letra

representativa do mês de janeiro foi a letra M e assim de forma sequencial atéa letra Y para o mês de dezembro, como apresentado na tabela a seguir:

M Janeiro N Fevereiro O Março

P Abril R Maio S Junho

T Julho U Agosto V Setembro

W Outubro X Novembro Y Dezembro

Nas gravações das letras representativas do mês para o período de 2010 à

2032, nova mudança foi adotada. Da mesma forma que a letra Q não tinha sido

utilizada pra não gerar enganos de interpretação com a letra O, deixou de ser

utilizada a letra V pela possibilidade de erros de interpretação com a letra U,

como mostrado na tabela abaixo:

M Janeiro N Fevereiro O Março

P  Abril R Maio S Junho

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T Julho U  Agosto W Setembro

X Outubro  Y Novembro Z Dezembro

Outra observação importante é que esta indústria adotou o sistema

alfanumérico, composto de duas letras e cinco números  para os revólveres

com armação pequena, a exemplo dos revólveres Taurus, calibre .38”Special,

com tambores de cinco câmaras (modelo 85) e seis algarismos  para os de

armação média e grande (revolveres Taurus com tambores de seis, sete ou

mais câmaras).

 A Forjas Taurus S.A, após ter adquirido a patente dos revólveres Rossi, em

 junho de 1998, passou a fabricar revólveres marca Rossi, tendo adotado

nestes revólveres toda a codificação do número de série igual aos dos

revólveres  com a marca Taurus, isto é, As mesmas letras de prefixo e duas

letras e cinco algarismos para os revólveres de 5 tiros (tambor com cinco

câmaras) e duas letras e seis algarismos para os revólveres de 6 tiros (tambor

com seis câmaras).

Nas Carabinas e também nas submetralhadoras Taurus/Famae, calibre “.40

S.&W”, produzidas a partir de 2001, a codificação do número de série é a

mesma utilizada nos revólveres, no tocante as letras que são utilizadas como

prefixo sendo utilizados também cinco dígitos numéricos para ordem

cronológica de produção. O mesmo

critério de prefixo é o utilizado para as

carabinas de calibre .22 LR ou .22

Magnum da Taurus, sendo utilizado

apenas quatro algarismo para a ordem

cronológica de produção.

Nas pistolas Taurus foi introduzido o número de série alfanumérico, a partir do

mês de outubro de 1987, composto por três letras e cinco algarismos. Para as

pistolas a primeira letra indica o calibre da pistola, e as outras duas indicam o

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ano e mês de fabricação seguindo a mesma correspondência das letras

usadas nos revólveres. As letras que indicam calibre são as apresentadas a

seguir:A Calibre nominal .22 L.R. B Calibre nomianl .400

Corbon

C Calibre nominal .41 AE D Calibre nominal

6,35mm Browning

F Calibre nominal 7,65mm

Browning

J Calibre nominal .357

SIG

K Calibre nominal.380 ACP L Calibre nominal.38Super Auto

N Calibre nominal .45 ACP S Calibre nominal .40

S&W

T Calibre nominal 9mm Luger

2.2.2. Beretta

Codificação extremamente semelhante é utilizada pela Indústria Beretta. Nessa

Indústria as letras que compõem o prefixo indicam o país de produção,

geralmente, são utilizadas duas letras para compor o prefixo, seguidos de

números que fornecem a ordem cronológica de produção para aquele modelo e

calibre e por fim uma letra como sufixo que indica o calibre da arma, como

segue na tabela abaixo:

T Calibre nominal .22 Short. U Calibre nominal .22

L.R.

V Calibre nominal 6,35mm

Browning

 Y Calibre nomianl.380

 ACP

W Calibre nominal 7,65mm

Browning

Z Calibre nominal 9mm

Luger

2.2.3 Rossi

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 A indústria Rossi foi a primeira das fábricas de armas nacionais a introduzir as

numerações de série alfanumérica, todavia com significado diferente do

utilizado pela indústria Taurus. Nas gravações da Rossi as letras basicamente

referem-se ao modelo. Nas armas mais antigas o número de série era apenas

numérico, mas a partir de junho de 1974, foi introduzido o número de série

alfanumérico, composto por uma ou duas letras e cinco ou seis algarismos.

Cada letra que antecede os algarismos corresponde a um modelo de arma. Em

 janeiro de 1990 iniciou, de forma progressiva, o uso de duas letras no início do

número de série. Recebem a(s) mesma(s) letra(s) os revólveres que têm omesmo acabamento, calibre e tamanho de armação. Por exemplo, todo

revólver em aço inoxidável, calibre “.38 Special”, e com armação pequena, tem

gravada a letra W como primeiro dígito de seu número de série antecedendo os

seis algarismos que compõem o resto da numeração. No caso de revólveres de

em aço inoxidável, calibre “.38 Special” e com armação grande, a letra gravada

é J como seu primeiro dígito.

Para determinar a data de produçãonos revólveres Rossi pode-se

verificar no lado esquerdo da região

inferior da empunhadura, sob a placa

de revestimento, uma gravação,

através da qual é possível identificar

o mês e ano de fabricação. A

gravação relativa ao mês defabricação é em algarismos romanos e a relativa ao ano de fabricação é

representada por dois algarismos arábicos que correspondem aos dois dígitos

finais do ano. Por exemplo, o revólver, da fotografia acima, que apresenta a

gravação V.85, foi fabricado no mês de maio do ano de 1985. Em dezembro de

1995, o mês de fabricação passou a ser marcado com algarismos arábicos.

 As letras que antecedem os algarismos, no número de série dos revólveres damarca Rossi, indicativas do calibre, acabamento e modelo, bem como das

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espingardas Rossi indicativas do modelo, bem como dos rifles e carabinas

podem ser encontrados em literatura própria ou junto com a Industria. A data

de produção das espingardas está gravada de forma codificada em seu cano.

2.2.4 CBC

 As armas da CBC, a partir do ano de 2001, apresentaram o seu número de

série composto de três letras como prefixo, sendo que a primeira delas é

representativa do modelo, como a letra A para espingarda “Pump action calibre

12”, a letra E para os rifles de repetição “calibre.22 modelos 7022! e a letra Fpara as espingardas “modelo 199”. Importante observar que como a utilização

da letra representando o modelo é anterior a 2001, mesmo armas que não são

mais produzidas irão apresentar gravações de letras codificando o modelo. A

segunda letra e segundo dígito na numeração de série é sinal representativo do

ano, sendo utilizada a letra A para o ano de 2001, B para 2002, C para 2003 e

assim por diante, não sendo utilizado a letra K. Da mesma forma que outros

fabricantes, a terceira letra e terceiro dígito codifica o mês de produção,

começando com a letra A para o mês de janeiro, B para fevereiro e assim por

diante até a letra L para o mês de dezembro. Os demais dígitos eram seis

dígitos numéricos e a partir de 2009 sete algarismos.

2.2.5 Boito, Era, Gaucha da industria E. R. Amantino & Cia Ltda

 As armas da marca Boito, Era, Gaucha da industria E. R. Amantino & Cia Ltda,

utiliza depois da gravação dos algarismos representativos da produção

sequencial dois algarismos, separado por traço de ligação que significam os

dois últimos algarismos do ano de produção, a exemplo de 02 para 2002, 03

para 2003 e assim por diante. Este processo teve início no ano de 2000 e, pelo

menos no número de série, a princípio, não existe nenhum dígito

correspondente ao mês de produção.

2.2.6 IMBEL

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No caso da IMBEL (Indústria de Material Bélico do Brasil) o número de série é

composto por uma série de letras como prefixos que identificam o calibre, tipo,data de produção cujas letras indicam o ano e mês de fabricação. Neste

número de série a primeira letra indica o tipo de arma e calibre conforme

codificação do produtor, a segunda letra o modelo e tipo de aço, enquanto a

terceira e quarta letra indicam a data de produção Para a terceira letra a

gravação A corresponde ao ano de 1986 e assim sucessivamente (embora,

com exceção da “carabina .22 L.R.”, modelo MD1, a gravação teve seu início

em 1992 e começou com a letra G), e a quarto dígito é usado para codificar omês. Para decodificar o mês, a letra A corresponde ao mês de janeiro, B ao

mês de fevereiro e em sequência até a letra M para o mês de dezembro, não

sendo utilizado a letra K.

Esta indústria a partir do ano de 2010 iniciou um processo de gravação para o

ano por dezenas a exemplo de 1P = 2010, 1Q = 2011, 1R = 2012 até 1Y para

2019 e 2P para 2020, quando começa uma nova dezena, e assim por diante.

Importante salientar que existe um grande número de exceções, de letras que

são usadas como sufíxos e prefixos de datas comemorativas e outras séries

especiais que não estão aqui contempladas.

NOTA

Os dados das indústrias são importantes na identifiação e podem ser obtidos

 junto ao fabricante de forma rápida.

Aula 3  – Outros Sinais Identificadores

Na identificação direta de armas de fogo muitas vezes você se deparará com

marcas e inscrições, principalmente, em armas mais antigas. Normalmente

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essas marcas são apostas por arsenais que adotaram esses modelos após

uma série de ensaios que garantiam a sua funcionalidade e segurança. A

importância dessas marcas nos dias de hoje é que elas permitem rastrear opaís de origem e muitas vezes a data de produção, além de permitir contar a

história daquele modelo. Tais marcas, quando presentes, são de fundamental

importância para a análise e para definir se uma arma é ou não obsoleta.

Os sinais identificadores referem-se as variações no decorrer dos anos das

logomarcas de um fabricante. Essas variações podem determinar um período

em que a arma foi produzida e, muitas vezes, asseverar sobre a originalidadeou não de uma arma de fogo.

3.1. Marcas de Prova

 As marcas de prova, quando presentes servem para indicar o país de origem

da arma e foram gravações comumentes encontradas em armas provenientes

de países europeus como a França, Alemanha, Espanha, Inglaterra,

Checoslováquia, etc. No entanto, em alguns modelos de armas, encontram-se

gravações de marcas de prova de duas ou mais nações diferentes. Isto

acontecia quando uma arma era produzida num país, logo portava as marcas

de prova do seu país, mas ao mesmo tempo, também era adotada como arma

de uso militar de outro país, o qual imprimia sua marca de teste. Nestes casos

a arma acabava por ostentar duas ou mais marcas de prova.

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Na fotografia ao lado este

revóver Colt, de ação simples,

modelo 1850/1 ostenta amarca de prova da Definitive

Black Power Prof da Hungria,

representada pelo símbolo

com as letras PN.

 As marcas de prova eram estampadas em varias partes de sua estrutura, quer

durante a sua produção ou após a ela. Com tais marcas pretendia-se

demonstrar aos usuários que a arma era segura, desde que se empregasse as

munições que lhe eram indicadas. A ideia era atestar que aquele modelo de

arma havia passado por rigorosos testes e se tratava de uma arma segura para

uso. Nos tempos atuais, essa ideia pode parecer desnecessária, mas os

arsenais começaram a imprimir suas marcas de testes antes do século XV,quando as armas apresentavam sérios problemas em termos de projetos,

dimensionamento e segurança, em face da pressão gerada quando do disparo.

Basicamente, havia três tipos de prova, sendo que, na mais importante delas,

se realizava uma série de disparos, com cartuchos que geravam pressões de

30 a 50 % superiores que a pressão prevista para disparos com aquele calibre.

Literatura especializada e sites apresentam as logomarcas e símbolos destas

marcas de prova, por arsenais ou cidades como pode ser visto na figura a

seguir que apresenta as marcas de prova de origem espanhola.

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Fonte: Handbook of Firearms and Ballistics; de Brian J. Heard, 2ª ed, Wiley BlackOxford; U. K. 2008. 

Para o policial e mais especificamente para o perito criminal, as marcas de

prova fornecem informações sobre a idade da arma, sobre a sua história e

principalmente sobre o país de origem. Estes aspectos são importantes quandose pretende caracterizar uma arma como obsoleta, ou seja, entre outros

fatores, com mais de cem anos. Importante observar, que muitas réplicas

reproduzem, ainda hoje, exemplares de armas antigas e obsoletas (cópias) só

que dimensionadas e adaptadas as pressões das munições atuais e aptas para

efetuarem disparos, como algumas réplicas do revólver Colt, de ação simples,

modelo 1873.

3.2. Logomarcas

Os logotipos ou logomarcas impressos na estrutura da arma podem constituir-

se na única forma de identificação do fabricante, principalmente no caso de

armas mais antigas e, como já comentado é um dos elementos essenciais

para o rastreamento de uma arma de fogo. Um mesmo fabricante pode

apresentar diferentes logomarcas no decorrer do tempo. Este fato constitui-se

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logomarcas constituídas a partir das letras iniciais do nome da empresa, as

quais se apresentavam sobrepostas como a logomarca da indústria Orbea

Hermanos de origem espanhola, onde a letra H e a letra O estilizadasapresentavam-se como que entrelaçadas. Caso semelhante é o da famosa

indústria Smith & Wesson onde as letras apresentam-se sobrepostas e

entrelaçadas e na foto abaixo gravada na caixa de mecanismo, do lado

esquerdo. Outras indústrias apresentavam suas letras separadas, como no

caso da INA, cuja letras constituíam-se na abreviação de Industria Nacional

de Armas, como demonstra as fotos a seguir:

Diversos livros e sites tratam do assunto das logomarcas de armas de fogo,

suas variações com o tempo, a sua localização nos diversos modelos e

período de produção, de forma

que a análise dessas gravaçõespode esclarecer duvidas sobre a

originalidade de uma arma, sobre

a idade dessa arma, se ela pode

ser considerada obsoleta ou não, entre outras informações. Muitas industrias

usam nomes ou pelo menos parte dele na sua identificação e logomarca caso

da Beretta, Rossi, etc. Um cuidado a ser tomado são as datas de registros que

não significam a idade da arma, que podem estar gravados en logotipos comoa logomarca da pistola de bolso (“derringer”) empresa Sharps, cuja a data de

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25 de janeiro de 1859, refere-se a data de registro desse modelo. Fato

semelhante são as armas registradas com a marca do fabricante “Trade

Mark” sendo que da tradução do Inglês obtemos justamente a frase marcaregistrada.

Aula 4 - Rastreamento de munição

 A presença de estojos de cartuchos em locais de crime é fato comum e, muitas

vezes, esses estojos de cartuchos deflagrados podem determinar a data de

sua produção e sua origem, dessa forma, passam a ser indícios fundamentais

que apontam para uma linha de investigação. Normalmente, são vestígios

desprezados, pois poucos são aqueles que buscam interpretar as inscrições de

base, na maioria das vezes por desconhecimento. Nessa aula você estudará

algumas dessas gravações, o seu significado e o grande potencial de

informações que representam.

4.1.Inscrições Base

Na identificação de estojos de cartuchos ou de cartuchos intactos pode-se

determinar o fabricante, o calibre, ano de produção por meio das inscrições

gravadas pelos fabricantes nas bases dos estojos.

Existem no mercado registro de mais de 800 tipos de cartuchos militares e ao

redor de 400 tipos de cartuchos comerciais de praticamente todos os paísesdo mundo, o que faz com que as inscrições de base sejam gravadas em

diversas línguas. As inscrições de base são compostas por nomes, letras,

números, calibres, logotipos, emblemas, símbolos e suas combinações, que

geralmente estão cunhadas ao redor da base do cartucho no caso de

cartuchos de fogo central ou em seu centro, quando este for de percussão

lateral.

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Conforme o fabricante e da utilização da munição, costuma-se gravar de um a

cinco elementos de informações distintas. No entanto, poucos são os

fabricantes que costumam gravar os lotes de produção que é uma dasinformações mais importantes para rastreá-la, como é o caso da INDUMIL

colombiana. Esses itens de informação, apresentam-se dispostos na base dos

cartuchos, como no mostrador de um relógio analógico, dessa forma, ao s

descrever que a identificação do fabricante está disposta as seis horas e o

calibre as 12 horas está se informando que a sigla ou logomarca do fabricante

está localizada na parte inferior da base do estojo de cartucho, enquanto o

calibre na parte superior .

O cartucho, ao lado, é de “calibre .44

 – 40”, também conhecido como “ .44

Winchester”, produzido pela

Companhia Brasileira de Cartuchos

(CBC) e a letra "V" gravada na

espoleta tem por função diferenciar

esta munição de munições de

recarga, garantindo ser uma munição

original de fábrica. No caso dos

cartuchos de calibres “.357 Magnum”,

“.454 Casul” e “.500 S&W” a letra

gravada em sua espoleta é a letra

“C”, conforme informativo Número 43

da CBC.

Geralmente as munições comerciais comumente encontradas apresentam

apenas a identificação do fabricante, geralmente por meio de sigla ou o

emblema e raramente através do seu nome, e a identificação do calibre do

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cartucho. A identificação do calibre do cartucho permite o emprego correto do

cartucho na arma que lhe é própria, uma vez que cartuchos que podem ser

intercambiados ou de cartuchos de maior potência, como os cartuchos decalibre .38 SPL+P+, quando empregados em armas para as quais este

cartucho não é próprio, pode acarretar incidentes ou mesmo acidentes de tiro

pela explosão da arma, ou parte dela e

ainda, facilita sua comercialização.

Na fotografia ao lado, o cartucho

comercial foi produzido pela CCI ou sejaCascade Cartridge CO. cuja a origem é

dos EUA. As letras N e R significam “No

Reloadable” que pode ser traduzido

como Não Recarregável do calibre .38

SPL com maior pressão por isso a sigla

+ P. Esse cartucho utilizava espoletas

do tipo Berdan em estojos de alumínio, por isso a sua recarga pode ser

extremamente danosa. É importante observar que embora as letras N e R

apareçam uma em cada metade da base referem-se a uma única informação.

 Apenas como curiosidade a fotografia acima é de um cartucho original da CCI

e foi usada para comparar com outro explodido, fruto de recarga de munição,

que acarretou um acidente de tiro e terminou por lesionar outros policiais na

linha de tiro, pelo desconhecimento do significado das letras NR.

 Alguns fabricantes de munições comerciais

além da identificação do fabricante e do

calibre da munição, gravavam ainda o ano

de fabricação e em alguns casos mês e

ano de fabricação, como pode ser

observado na fotografia abaixo. O cartucho

da Arms Corporation of the Philippines,

Manila, de calibre .38 SPL apresenta a

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inscrição 97 referente ao ano de produção deste cartucho, ou seja, 1997. É

possível encontrar ainda, cartuchos que apresentem gravado o mês de

produção seguido do ano, a exemplo de 912 referindo-se ao mês de setembrode 1912 ou em uma posição o número 3 referindo-se ao mês de março e em

outra posição o ano a exemplo de 47.

Na munição destinada ao uso militar, por questão de segurança, aidentificação do fabricante, pode estar totalmente oculta; pode se apresentar

codificada ou estar estampada de forma clara. Informação comum neste tipo

de cartucho são as inscrições de base mostrando o ano de fabricação (ou o

mês e o ano), de forma que que possa existir um controle que evite o uso de

munições vencidas, podendo ou não apresentar gravações referentes a

identificação do calibre do cartucho.

Na fotografia ao lado o cartucho é de

calibre 9 x 19 mm ou o 9 mm luger,

produzido pela Companhia Brasileira de

Cartuchos, no ano de 2002. Note que a

seta aponta para uma das três

deformações existentes na base do

estojo, que tem por função manter a

espoleta fixa no bolão que lhe é próprio (espoleta crimpada). Este

procedimento evita que em disparos realizados em sistema automático

(rajada), a espoleta se prenda ao percutor e trave a arma. No caso específico

de não portar identificação do calibre, e o estojo for encontrado na cena de um

crime, o calibre pode ser determinado pelas características da forma do estojo,

do seu comprimento e da medida interna da boca do estojo, tomadas com

paquímetro ou micrometros.

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Porém, em se tratando de rastreabilidade de munições um dos maiores

avanços em nosso país, foram recepcionados pela Lei No  10.286 de 22 de

Dezembro de 2003 que estabelece nos parágrafos 1 e 2 do seu artigo 23 o

que está abaixo transcrito§ 1o  Todas as munições comercializadas no País deverão estar

acondicionadas em embalagens com sistema de código de barras, gravado na

caixa, visando possibilitar a identificação do fabricante e do adquirente, entre

outras informações definidas pelo regulamento desta Lei.

§ 2 o Para os órgãos referidos no art. 6 o, somente serão expedidas

autorizações de compra de munição com identificação do lote e do adquirente

no culote dos projéteis, na forma do regulamento desta Lei .Os órgãos tratados no artigo

são todas as policias, forças armadas,

guarda municipal, ABIN, enfim todos os

agentes e agências de segurança.

Dessa forma, é de se esperar que a

maioria dos cartuchos de maior

potencial energético, quer para armas

de porte ou de armas portáteis, estejam

NOTA

Diversos manuais e sites

apresentam a disposição e o

significado dos elementos deidentificação dos cartuchos do

mundo inteiro e, essas informações

podem ser muito úteis na solução

de crimes, permitindo restringir

hipóteses, como pode ser visto na

figura ao lado.

Fonte: Handbook of Firearms and Ballistics; deBrian J. Heard, 2ª ed, Wiley Black Oxford; U. K.2008. 

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sobre controle e seja restrita a possibilidade destes cartuchos serem utilizados

pelo crime organizado. No entanto, quando utilizados, que seja rastreada a

sua origem e procedida de forma rápida a investigação desse crime. Essesdados ajudam a elucidar os crimes contra a vida. Nas fotografias acima e ao

lado, as informações sobre o lote e sobre o comprador estão codificadas pelos

sinais gráficos AAB42 ou SZZ 85, e podem ser obtidas junto ao fabricante.

Finalizando...

 A identificação é o ato, ou o conjunto de atos praticados, com vista a

estabelecer a identidade.

 A legislação brasileira estabelece, de acordo com seu Artº 5º. por meio

da Portaria no 07, de 28 de abril de 2006, do Departamento Logístico do

Exército Brasileiro do Ministério da Defesa, determina a obrigatoriedade

de inscrições dos elementos de identificação.

Todas as informações sobre armas de fogo devem estar contidas no

Sistema Nacional de Armas  – SINARM e desta forma o maior banco de

dados sobre este assunto.

O número de série é o principal elemento, é a chave para identificar o

comprador e o movimento da arma em termos de rastreamento.

Cada indústria adota o seu critério de composição do número de série. A

forma, o processo de gravação e o tamanho dos dígitos que formam os

números de série podem mudar com o passar dos anos dentro de uma

mesma fábrica e de uma fábrica para outra.

 As marcas de prova, quando presentes servem para indicar o país de

origem da arma e foram gravações comumentes encontradas em armas

provenientes de países europeus como a França, Alemanha, Espanha,

Inglaterra, Checoslováquia, etc.

Os logotipos ou logomarcas impressos na estrutura da arma podem

constituir-se na única forma de identificação do fabricante.

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Na identificação de estojos de cartuchos ou de cartuchos intactos pode-

se determinar o fabricante, o calibre, ano de produção por meio das

inscrições gravadas pelos fabricantes nas bases dos estojos.

Exercícios

1)  São mais eficientes para a função do raiamento

a)  ( ) Os sulcos helicoidais com sentido de giro a esquerda

 b)  ( ) Os sulcos helicoidais com sentido de giro a dire ita

c)  ( ) Os sulcos não helicoidais

d)  ( ) nenhuma das anteriores

2)  Considerando o número de série original de arma da Taurus TUK23759, podemos

afirmar que:

a)  ( ) Trata-se de arma de uso restrito

 b)  ( ) Trata-se de pistola de calibre .40 S&W

c)  ( ) Consiste em arma de dotação única e exclusiva das forças Armadas, pois

trata-se de calibre restrito da OTAN.

d)  ( )Trata-se de arma de uso permitido

3)  Assinale falso ou verdadeiro para as afirmativas abaixo

a)  ( ) Nos dias atuais poucas são as industrias que informam o ano de fabricação

de suas armas

 b)  ( ) A industria Taurus adota o número de série composto de duas letras e cinco

números para os revólveres com armação pequena

c)  ( ) Nas submetralhadoras Taurus/Famae, calibre .40 S.&W, a codificação do

número de série é a mesma utilizada nos revólveres.

d)  ( ) Para as pistolas da Taurus a primeira letra do número de série indica o

calibre da pistola

4)  Assinale a única afirmativa falsa dentre as afirmativas abaixo:

a)  ( ) Na identificação de estojos de cartuchos ou de cartuchos intactos pode-se

chegar a determinar o fabricante, o calibre, ano de produção por meio das

inscrições gravadas pelos fabricantes nas bases dos estojos.

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 b)  ( ) A letra "V" gravada nas espo letas dos cartuchos Companhia Brasileira de

Cartuchos (CBC)  tem por função garantir que este cartucho é uma munição

original de fábrica.c)  ( ) A letra “C” gravada nas espoletas da CBC significa tratar -se de espoletas

destinadas a recarga de munições.

d)  ( ) Todas as munições comercializadas no País deverão estar acondicionadas

em embalagens com sistema de código de barras, gravado na caixa, visando

 possibilitar a identificação do fabricante e do adquirente

5)  Assinale a única afirmativa falsa dentre as afirmativas abaixo:

a)  ( ) Os logotipos ou logomarcas impressos na estruturas da armas podem

constituir-se na única forma de identificação do fabricante, principalmente no

caso de armas mais antigas

 b)  ( ) Os logotipos ou logomarcas impressos na estruturas da armas podem

constituir-se na única forma de identificação do fabricante, principalmente no

caso de armas mais antigas

c)  ( ) Um fabricante apresenta a mesma logomarca no decorrer do tempo.

d)  ( ) Localizações diferentes da gravação da logomarca na estrutura da arma

serve de referência sobre a idade dessa arma.

6)  A utilização de seis algarismos como sufixo dos revólveres Taurus, precedida de

duas letras como sufixo permite afirmar que:

a)  ( ) Que trata-se de um revólver produzido depois de 1980 e que o tambor é

dotado de seis ou mais câmaras

 b)  ( ) Foi produzida depois de 2007. Pois é fruto da mudança que ocorreu no

ano de 2007, quando o número de algarismos representativos da sequência

númerica passou de cinco para seis dígitos.

c)  ( ) Que trata-se de um revólver produzido em aço carbono e não em aço

inoxidável, cuja produção é menor.

d)  ( ) A adição de um algarismo a mais no número de série foi implementada para

indicar o calibre da arma

7)  Para rastrearmos uma arma de fogo, qual do conjunto de informações básicas, não

consiste em informação importante.

a)  ( ) A presença de compensador de recuo

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 b)  ( ) A capacidade de cartuchos que a arma comporta

c)  ( ) A identificação do importador.

d)  ( ) O tamanho do cano

8)  A gravação relativa ao mês de fabricação em algarismos romanos e a relativa ao

ano de fabricação representada por dois algarismos arábicos que correspondem aos

dois dígitos finais do ano, que era adotada pela indústria Rossi

a)  ( ) Estaria em desacordo com a legislação brasileira por não estar contida no

número de série

 b)  ( ) É a mesma adotada pela Industria E. R. Amantino & Cia Ltda, produtores

das espingardas Boito, Era entre outras.

c)  ( ) Eram gravadas no lado esquerdo da região inferior da empunhadura, sob a

 placa de revestimento.

d)  ( ) Eram gravadas na região inferior do cano da arma

9)  Assinale a afirmativa falsa

a)  ( ) Por convenção costumamos descrever e são gravados os itens de

informação na base dos cartuchos, como se estivessem dispostos no mostrador

de um relógio analógico.

 b)  ( ) Muitas das industrias de armas adotaram logomarcas constituidas a partir

das letras iniciais do nome da empresa dispostas de forma entrelaçadas.

c)  ( ) A obrigação de gravação da identificação do lote e do adquirente no culote

dos cartuchos destina-se a todos os cartuchos produzidos no território nacional.

d)  ( ) Nos disparos em ação simples   é necessário engatilhar o cão, puxando-o

 para trás, antes do acionamento da tecla do gatilho

10) Considerando o número de série FKJA 332476 aposto na armação de uma pistola

Taurus Calibre .380 ACP, podemos afirmar que:

a)  ( ) A númeração de série apresenta indícios de não ser original de fábrica pois

apresenta seis números como sufixo.

 b)  ( ) A númeração de série apresenta indícios de não ser original de fábrica pois

apresenta quatro letras como prefixo

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c) ( ) A númeração de série apresenta indícios de não ser original de fábrica pois

inicia pela letra F que não corresponde ao calibre .380 ACP.

d) ( ) Todas as anteriores

Gabarito : 1-D ; 2-A ; 3-F/V/V/V ; 4-C ; 5-C ; 6-A ; 7-A ; 8-C ; 9-C ; 10-D