identidade mulheres

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Profa. Dra. Selma Felerico - Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC- SP. Professora de Pós-Graduação em Comunicação na ESPM /SP [email protected] www.selmafelerico.com.br Título do Artigo: Identidade: Mulheres Os modos de consumir e tratar o corpo feminino acima dos 50 anos.

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Pesquisa sobre mulheres da profa Selma Felerico www.selmafelerico.com.br

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Page 1: Identidade mulheres

Profa. Dra. Selma Felerico - Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP.

Professora de Pós-Graduação em Comunicação na ESPM /SP

[email protected]

Título do Artigo: Identidade: Mulheres

Os modos de consumir e tratar o corpo feminino acima dos 50 anos.

Page 2: Identidade mulheres

objetivo avaliar a satisfação das mulheres – acima dos 50 anos, das classes sociais A e B – com a sua aparência e compreender as diferenças e as transformações contemporâneas nas práticas de consumo relacionadas à beleza, ao corpo e categorizar os vários tipos de corpos veiculados,

que contribuem para a construção de novas identidades femininas, por meio da percepção e do discurso das mulheres investigadas.

Page 3: Identidade mulheres

Este artigo é parte de uma

pesquisa em desenvolvimento no CAEPM

– Identidade Mulheres

Fonte: rosaleonor.blogspot.com304 × 400 - Mulheres & Deusas: A “Velhice, isso não existe!

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Objetivo I avaliar a satisfação das mulheres acima dos

50 anos, das classes sociais A e B , com a aparência.

Fonte:http://www.universofeminino.info/corpo/a-idade-da-beleza-feminina

Page 5: Identidade mulheres

Objetivo II

Compreender as transformações atuais nas práticas de consumo relacionadas

à beleza, ao corpo

Page 6: Identidade mulheres

Categorizar os vários tipos de corpos encontrados que contribuem para a construção

de novas identidades femininas.

Page 7: Identidade mulheres

A classificação das identidades femininas resgata os três pilares

corpo

comunicação

consumo

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corpos reeducados: que querem apreender os modos consumir e de tratar o corpo

para mantê- lo jovem e belo

http://www.saudedicas.com.br/dicas/os-melhores-alimentos-para-os-idosos-277713

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corpos renegados: mulheres que sentem-se velhas, gordas e feias,

à margem da sociedade consumidora

http://veja.abril.com.br/blog/acervo-digital/em-dia/4291/

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Corpos renovados: corpos que foram esculpidos em academias, clínicas de

estéticas e intervenções cirúrgicas.

http://divadiz.com/7-dicas-para-um-corpo-sarado

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corpos revisitados: são mulheres que aprendem a conhecer seu corpo, seus limites e convivem com ele de forma segura.

http://ateliemadamecharlott.blogspot.com.br/2010/06/moda-aos-50-60-70-sim-senhora.html

Page 12: Identidade mulheres

Ser bela é ser jovem?

Consumir para não ser velha?

Que marcas e significações corporais no discurso midiático são decodificadas pelas mulheres maduras acima de 50 anos?

Quais são as novas práticas de consumo nos saberes e nos modos de tratar o corpo feminino na maturidade?

Page 13: Identidade mulheres

Hipótese

Há um ideal de beleza predominante no

imaginário feminino imposto pela mídia.

E de acordo com o padrão elegido pela

mulher surgem novos hábitos sociais e

práticas de consumo.

Page 14: Identidade mulheres

Etapas do

projeto

Page 15: Identidade mulheres

1.Levantamento documental

Anúncios publicitários, capas, matérias e/ou editorias veiculados em revistas femininas, no período de 2011/12

Beleza, Juventude e Corpo

O diálogo entre a mídia e a leitora

Page 16: Identidade mulheres

2. Aplicação de uma pesquisa qualitativa

– com vinte e cinco mulheres das classes

A e B, na faixa etária de 50 a 65 anos,

moradoras na cidade de São Paulo –

para conhecer o imaginário estético

feminino e suas práticas de consumo

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Optou-se por um número restrito de mulheres (25) para maior detalhamento.

Entrevistas em profundidade e acompanhamento das mesmas com visitas as suas residências.

/

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Justificativa

Após a pesquisa Corpos em Revista (2011)

desenvolvida pela autora, em 2011, com

mulheres na faixa de 20 a 45 anos, das

classes A e B, notou-se uma crescente

preocupação em manter a beleza na

maturidade e, em alguns momentos, até a

maternidade foi questionada a favor de um

corpo magro, firme e jovem. /

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Mas normalmente na gravidez a mulher se deixa um pouco, eu nunca tive filho. A prioridade é outra. Ela se doa tanto, que ela fala: “a hora que der eu faço”. Eu quero tentar, a hora que eu tiver um filho, pelo menos, aplicar o que falo para todas as minhas amigas: “Quando você conheceu o seu marido você se cuidava bem, agora você tem que se dividir, tem que cuidar do seu marido, do seu filho e de você também”. (CLAUDETE, publicitária, 37 anos).

Não é só na gravidez, os hormônios..., mas são os primeiros anos, mal dormidos, que você se põe em segundo plano, você dorme mal, você come mal, você faz um monte de coisa mal, e isso tem um peso na aparência para sempre. (EMMA, designer, 52 anos).

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Reeducação alimentar, atividade física, tratamentos de prevenção, anti-idade, são palavras que habitam o imaginário feminino, assim como “ser feliz a qualquer preço”, “linda, leve e realizada”, “você é responsável por seu corpo” são algumas mensagens publicitárias que legitimam a mulher brasileira, hoje em dia, e estão presentes no cotidiano.

Destaca-se que as mães, avós e amigas mais velhas também foram citadas em suas práticas e cuidados femininos a serem perseguidos e como símbolo de feiura a serem desprezados, um bom motivo para dar continuidade ao tema Mulher – corpo, comunicação e consumo – estendendo os estudos com mulheres, entre 50 e 65 anos, a fim de compreender os modos de tratar e consumir para o corpo na contemporaneidade.

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De acordo com Wolf (1992), o culto à beleza e à boa forma física é transmitido como um evangelho, “criando um sistema de crenças tão poderoso quanto o de qualquer religião e tomando conta dos hábitos de uma parcela representativa da nossa sociedade” (WOLF,1992, p. 33).

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Ressalta-se que as normas culturais se inscrevem desde sempre no corpo, porém, para Parasoli (2004) na atualidade, com a amplitude do fenômeno e com o reforço dos critérios estéticos e éticos de controle aplicados aos corpos,

a sociedade do consumo promove um ideal de corpo, espelho no qual cada um tenta reconhecer-se, deplorando sempre não assemelhar-se suficientemente a ele, isto é a um ideal completamente asséptico e abstrato.

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Um exemplo adverso desta normatização social é a capa da revista TPM – agosto de 2012

apresenta saberes femininos diferentes do padrão estético ideal e também modos exclusivos de encarar um corpo revisitado

que aprendem a conhecer seu corpo, seus limites e convivem com ele de forma segura – com a imagem sensual da cantora Gaby Amarantos, mostrando suas curvas e seios avantajados

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As manchetes presentes na mesma edição reforçam os pensamentos da psicanalista Joana Vilhena Novaes (2008) que credita ao corpo uma importância maior do que simplesmente um físico a ser construído e assumido pelo indivíduo

. “Ao corpo cabe algo muito além de ocupar um espaço no tempo. Cabe a ele uma linguagem que se institui antes daquilo que denominamos “falar”, que exprime, evoca e suscita uma gama de marcas e falas implícitas.” (NOVAES, 2008, p.19).

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.

Uma das entrevistadas vai além deste questionamento e se indaga sobre a posse do seu próprio corpo.

Uma vez escutei um médico falar que quando você é solteira, advinda da minha geração, o corpo é dos seus pais, quando você casa o corpo é do seu marido e quando você fica viúva e sozinha você fala: E agora? O corpo é meu, o que eu faço? E até você se reconstruir...

Porque é verdade, meu pai não deixava usar minissaia, eu nunca usei biquíni e eu fui magra, fui bonita, fui jovem também, durinha. Ele não deixava. Aí eu casei e o meu corpo foi para o meu marido, tive filhos, fui esposa; então eu fiquei viúva, não tenho pai, não tenho marido e agora?

Preciso me reconstruir, aceitar, rever meu corpo, só que às vezes eu começo a pensar nisso e falo: Mas com 52 anos? Deixa para lá. Não! Não vou deixar para lá! Vou cuidar, não vou. E fico naquela de um pé cá e outro lá. (ROSANA, professora de literatura e tradutora, 52 anos).

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Diferentemente das preocupações atuais advindas das mulheres acima de 50 anos:

Diminui o abdômen, mas depois engordei outra vez. Agora estou fazendo um regime bravo, já emagreci 9 quilos, estou com 20 quilos a mais do que eu deveria. É medicamentoso, pois de forma natural a gente não emagrece. Eu quero emagrecer para depois fazer uma cirurgia plástica na pálpebra, ela está muito caída. (IVANI, professora universitária, 64 anos).

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Na maturidade, de acordo com Novaes (2008, p. 98), a

mulher ao transgredir sua função reprodutora – comum a

sua espécie –, passa a ter que se incluir em um novo lugar

na polis, numa nova posição sedutora e, para tanto, busca

realizar um trabalho psíquico e físico que lhe outorgue

uma abertura ao jogo objetal.

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E as entrevistadas nesse projeto ratificaram essa posição:

É um desaforo porque o que conta é a aparência da mulher. Pois se uma celebridade estiver numa sala junto comigo, é lógico que a outra vai ser sempre mais olhada porque é bonita, então eu acho que para os homens de uma forma geral e para a sociedade, a beleza é o que mais importa. (EMMA, designer, 52 anos).

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Eu me surpreendi na maturidade, achei que ia aceitar melhor a velhice e a minha aparência. Eu sempre me achei uma pessoa esclarecida o suficiente, realizada em termos profissionais, financeiros, familiares.

Eu me olho no espelho e percebo que minha aparência não combina comigo, pois não me sinto velha, pois penso como uma mulher mais nova. (EMMA, designer, 51 anos).

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Considerações finais

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A sociedade cobra um padrão estético no qual a pessoa tem que ser magra. Isso é uma questão da constituição física de cada um. A sociedade cobra isso. As campanhas registram muito isso. (CASSIA, publicitária, 52 anos).

As entrevistadas afirmam existir um padrão de beleza social midiático confirmando a hipótese principal sinalizada no início deste texto, em que há um ideal de beleza predominante no imaginário feminino imposto pela mídia.

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O padrão de beleza é mutante, e que varia de acordo com a temporada. Há épocas e houve épocas em que a mulher mais cheinha foi o auge, depois a mulher magra. Tem perdurado essa ideia da mulher magra por muito tempo, mas eu acho que não existe um ideal de beleza. (ROSANA, professora de literatura e tradutora, 52 anos).

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Corpo é tudo. É tudo, sinceramente, eu, por exemplo, eu já me preocupei muito mais com o meu corpo, até que eu fiz a cirurgia e tudo mais, hoje em dia eu me preocupo menos com o meu corpo, mas eu sei que eu sou cobrada pela minha aparência também. (ANGELA, médica, 54 anos).

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Acima de tudo é saúde, já não me preocupa tanto a questão estética. Eu sou de uma geração em que havia uma divisão entre intelectualidade e beleza, então o intelectual não tinha que se preocupar com o corpo. E nós, justamente, agora, nós estamos vivendo numa fase em que o corpo é importante, então para quem sempre cuidou do intelectual, a gente acaba deixando o corpo para segundo plano. (ROSANA, professora de literatura e tradutora, 52 anos).

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O consumo por meio do corpo é a informação que (re) transforma, (re)significa e (re)decodifica a mensagem.

Registrando as marcas do imaginário da sociedade, busca traçar, ou melhor, “moldar” o processo identitário cultural brasileiro e recontando a história.

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OBRIGADA!!!!!