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B12 | Quarta-feira, 29 de outubro de 2014 Agronegócios Combustíveis Trabalho da Petrobras corrobora o aumento da mistura Gasolina com 27,5% de etanol é aprovada em estudo técnico Cristiano Zaia De Brasília O governo se prepara para dar uma boa notícia ao segmento su- croalcooleiro, de quem enfrentou forte oposição nas eleições. Em mea- dos de novembro, o Palácio do Pla- nalto deverá divulgar que um estu- do técnico conduzido pela Petro- bras comprovou ser possível elevar a proporção de etanol anidro na gaso- lina vendida para 27,5%, medida considerada fundamental para amenizar a crise que afeta as usinas. O Valor apurou que o estudo, realizado pelo Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da Petrobras (Cenpes), já foi concluído e que os testes realizados mostraram que os motores dos automóveis e motoci- cletas movidos exclusivamente a gasolina suportariam perfeitamen- te a nova composição sem perda de eficiência. Atualmente, o percen- tual de mistura está fixado em 25%. “Já sabemos que o aumento da mistura não é maléfico aos motores do ponto de vista de carburação e não aumenta a emissão de gases po- luentes”, afirma uma fonte que par- ticipa há três meses do grupo de tra- balho criado pelo governo para tra- tar do tema. “Os resultados do estu- do foram positivos”, garante. O aumento da mistura para 27,5% do teto do percentual já é permitido por lei sancionada pela presidente Dilma Rousseff no fim de setembro. Mas, como diz a lei, para que seja adotado de fato de- pende do resultado de testes como os que foram feitos pelo Cenpes. Apesar de agradar aos usineiros, a medida enfrenta resistência da in- dústria automobilística. As monta- doras alegam que, com 27,5% de eta- nol anidro, a gasolina pode compro- meter o desempenho dos automó- veis movidos apenas com o combus- tível fóssil, afetando a combustão e gerando maior emissão de gases po- luentes como monóxido de enxofre. Procurada, a Anfavea, entidade que representa fabricantes de veícu- los, preferiu não se posicionar até que o estudo seja oficialmente divul- gado. A associação chegou a anun- ciar um estudo próprio, em junho deste ano, que reprovou um acrésci- mo maior de anidro na gasolina. “O estudo do Cenpes incorpora critérios como resistência e durabili- dade dos motores à adaptação”, afir- ma Roberto Rodrigues, presidente do conselho da União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica). Ele não conhece os resultados finais do tra- balho, mas diz que as informações que tem até agora são “positivas”. Para que o aumento da mistura de etanol na gasolina comece a valer de fato também é necessária a apro- vação do Conselho Nacional de Polí- tica Energética (CNPE), que assesso- ra a Presidência da República. Have- rá reunião do órgão em dezembro, a segunda do ano, quando o baixo ní- vel dos reservatórios das hidrelétri- cas também será discutido. “Esse percentual maior de etanol na gasolina deverá entrar em vigor apenas em meados do primeiro se- mestre de 2015”, diz o deputado fe- deral reeleito Arnado Jardim (PPS- SP), presidente da Frente Parlamen- tar do Setor Sucroenergético. “Mas, de qualquer forma, o aumento já significaria um cenário melhor para o setor e poderia começar a ser preci- ficado, uma vez que as distribuido- ras já estão fechando contratos de compra de combustível para 2015”. O relatório técnico da Petrobras é guardado “a sete chaves” pela Casa Civil, que vem sendo responsável, nos últimos meses, por coordenar as conversas sobre o tema entre os mi- nistérios da Agricultura e de Minas e Energia, o Fórum Nacional Sucroe- nergético, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e entidades empresariais. Paralelamente, o governo avalia outras medidas reivindicadas pelo segmento sucroalcooleiro. No mês passado, foi aprovada a inclusão do açúcar entre os itens financiáveis pelo programa de crédito para ar- mazenagem, e o ministro da Fazen- da, Guido Mantega, tem sinalizado que haverá reajuste nos preços do- mésticos da gasolina. Estima-se que o aumento da mistura de anidro na gasolina de 25% para 27,5% será ca- paz de ampliar em 10% o consumo anual do biocombustível, que hoje é de cerca de 13 bilhões de litros. RUY BARON/VALOR Arnaldo Jardim: aumento da mistura, mesmo só em 2015, melhoraria o cenário IAC revela novas variedades de café com sabores exóticos LUIS USHIROBIRA/VALOR O pesquisador Gerson Giomo, do IAC: cruzamentos levaram a grãos com sabores como alecrim, menta e hortelã Pesquisas Carine Ferreira De São Paulo Você já pensou em beber um café com sabores raros como os de euca- lipto ou alecrim, mas sem a adição dessas substâncias? Pois grãos com essas características naturais foram encontradas por pesquisadores do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), órgão ligado à Secretaria de Agricultura de São Paulo responsá- vel pelo desenvolvimento da maior parte das cultivares de café disponí- veis no mercado brasileiro. Até pouco tempo atrás, quando se falava em café exótico a associa- ção imediata era com algum animal. Afinal, alguns dos grãos mais valori- zados do mundo são o que são de- pois de ingeridos e expelidos por um mamífero, a civeta — base para a produção do conhecido Kopi Luwak —, ou por uma ave popularmente conhecida no Brasil como jacu. Para surpresa dos pesquisado- res, nos trabalhos do IAC voltados à caracterização do perfil sensorial da bebida foram encontrados ca- fés naturalmente exóticos. Além dos sabores de alecrim e eucalipto, menta e hortelã também foram identificados, como explica Ger- son Giomo, pesquisador do IAC. Os grãos com esses sabores úni- cos foram obtidos a partir de cru- zamento de variedades comerciais com outras selvagens que fazem parte banco de germoplasma mantido pelo IAC, que conta com materiais de vários países. Foram encontrados cinco ou seis sabores diferentes desde o ano passado. Segundo Giomo, a propagação do material dependerá do interes- se do mercado e de empresas que queiram patrocinar o andamento da pesquisa para que as plantas se tornem variedades comerciais. Até agora, apenas uma ínfima parte desses “indivíduos” está sen- do multiplicada, etapa necessária para se verificar se os “filhos” des- ses materiais identificados man- têm as mesmas características. Es- se processo, que ainda não tem fins comerciais, consiste em testes complementares para que seja ve- rificada a qualidade do material. A torrefação desses grãos já foi apresentada algumas vezes a degus- tadores e baristas — que, segundo Giomo, gostaram do resultado. Além da variedade, o processamen- to adequado do café permitirá a aplicação desses grãos nos “blends” de cafés exóticos em edições limita- das, acredita o pesquisador do IAC. José Renato Figueiredo, barista e empresário da área de café, já expe- rimentou alguns desses cafés com sabores raros em duas edições da Se- mana Internacional do Café. Para ele, os produtos são muito “exóti- cos” para o mercado brasileiro, mas que, “temperados a alguns blends”, poderão ter boa aceitação nas lojas de cafés especiais em outros países. “Seria um toque diferente”. com maior produtividade e resistên- cia a pragas e doenças, até então o fo- co do melhoramento genético. Agora, entretanto, a demanda internacional por cafés especiais já valoriza bastante grãos que conte- nham diferenciais de aroma e sa- bor. E, em um futuro não muito distante, o IAC poderá também re- comendar qual a melhor combi- nação de cultivares para cada am- biente — o que é “difícil e caro de se fazer”, de acordo com Giomo. Para facilitar o longo processo de pesquisa, uma das linhas do progra- ma de cafés especiais do IAC utiliza híbridos já existentes resultantes do cruzamento de variedades usadas no país com outras importadas. O amplo banco de germoplasma do órgão, considerado o mais completo do país, foi formado por meio da aquisição de sementes de cafeeiros originais de várias partes do mundo. Outra linha da pesquisa, mais de- morada, passa pela identificação de variedades candidatas a uma nova hibridização (cruzamento de varie- dades). Giomo diz que, usando hí- bridos já conhecidos, é possível en- curtar os trabalhos em sete anos. “É um rearranjo, um redirecionamen- to da linha de pesquisa”, afirma. Depois da multiplicação das cul- tivares, é preciso testá-las em campo para depois propagá-las para o uso comercial. Tudo isso demanda tem- po. As cultivares da pesquisa de cafés especiais começaram a ser multipli- cadas entre o fim de 2013 e o início deste ano para verificar quais pode- rão apresentar características dife- renciadas de sabor e aroma. São necessários cerca de dois anos para se fazer a muda da varie- dade. Depois disso, mais dois a três anos para que a muda cultivada comece a produzir. Então, é preci- so ter mais de uma colheita para verificar se a variedade apresenta- rá as mesmas características. Sem parcerias, o processo de- mora mais até que seja obtido fi- nanciamento de governo ou de uma agência de fomento. Giomo observa que é difícil mensurar os recursos necessários para toda a pesquisa — mas são, seguramente, mais de R$ 1 milhão por ano. Cofco passa a controlar Nidera e Noble Agri Tradings Fabiana Batista De São Paulo Em mais um caso de consolida- ção entre as tradings globais de agronegócio, a estatal chinesa Cof- co anunciou ontem que concluiu as duas negociações que já havia anunciado neste ano: a aquisição de 51% Nidera, a maior trading de agronegócio da Holanda com vo- lume de operações de US$ 17 bi- lhões, e de 51% do braço de agrone- gócio da asiática Noble Group, a Noble Agri, que no Brasil tem tam- bém usinas de cana-de-açúcar. Com isso, a estatal estabelece ca- nais de originação de commodi- ties agrícolas na América do Sul e em outros importantes mercados produtores de grãos e fibras. Con- forme comunicado da Cofco, as duas transações são as maiores aquisições internacionais da histó- ria da estatal e do mercado chinês de grãos e óleos vegetais. O investi- mento foi feito pela estatal chinesa e por um consórcio de investidores formado por Hopu Investment, Te- masek, Standard Chartered Private Equity e IFC, braço de desenvolvi- mento do Banco Mundial. A chine- sa contribuiu com 60% do investi- mento e o consórcio, com 40%. A Nidera tem como carro-chefe a originação, processamento, comér- cio, estocagem e embarque de com- modities agrícolas e produtos de bioenergia. Também distribui se- mentes, fertilizantes e defensivos. Já a Noble Agri opera principal- mente como trading agrícola com originação na América do Sul, Aus- trália, Índia, Leste Europeu e África do Sul. Em 2013, a Noble Agri mo- vimentou quase 45 milhões de to- neladas de produtos e gerou ven- das superiores a US$ 15 bilhões. No Brasil, tem quatro usinas de cana- de-açúcar no Estado de São Paulo, que somam capacidade para pro- cessar 17 milhões de toneladas. Com as transações, os ativos da Cofco vão superar US$ 57 bilhões. A capacidade de armazenagem será de 15 milhões de toneladas, a de processamento, de 84 milhões, e a de embarque em portos, de 44 milhões de toneladas. A receita agregada da nova Cofco vai alcan- çar US$ 63,3 bilhões, conforme comunicado da estatal. Ao todo, a chinesa terá condi- ções de movimentar 150 milhões de toneladas de produtos agrícolas por ano. A nova Cofco vai também deter sua própria plataforma de originação e rede de comercializa- ção, envolvendo cultivo, compra, estocagem, logística e terminais portuários ao redor do mundo. Com a operação, a Cofco espera estabelecer um canal de conexão en- tre grandes áreas de produção de grãos, incluindo a América do Sul e as regiões do mar Negro, e grandes áreas de consumo na Ásia, onde está o maior mercado e onde a demanda por alimentos tende a continuar crescendo, afirma a empresa. “Essas aquisições vão permitir à Cofco pe- netrar em plataformas de origina- ção em áreas-chave do planeta e de- finir as bases para tornar a empresa a maior líder global no setor”, disse o executivo da estatal, Frank Ning. Busca por diferenciais costuma levar muito tempo e demanda financiamento do governo ou parcerias Como parte de seu programa de cafés especiais, o IAC está multipli- cando dez variedades de café que podem apresentar características sensoriais distintas, com ênfase em aroma e sabor, incomuns nos cafés tradicionais brasileiros. Pelo menos três dessas variedades pro- duzem cafés raros, afirma Giomo. O pesquisador do IAC explica que a espécie arábica tem algumas ca- racterísticas inerentes. Se o grão for bem produzido e processado, emer- gem os sabores básicos frutado, achocolatado e caramelo. Com o in- cremento do processamento e o uso de determinadas cultivares, é possí- vel obter nuances de sabores, como floral, cítrico, especiarias, frutas se- cas, nozes e castanhas. Mas o princi- pal elemento para que essa diferen- ciação seja obtida é a variedade. Desde a década de 1930 — quan- do começou o pioneiro programa de melhoramento genético de café do IAC —, foram registradas no Mi- nistério da Agricultura 65 cultivares do grão desenvolvidas pelo instituto valor.com.br Agroenergia Receita da Albioma no Brasil vai a 6,9 milhões A francesa Albioma, que no Brasil controla uma unidade de cogeração de energia a partir do bagaço de cana em São Paulo, informou ontem que teve no trimestre encerrado em 30 de setembro uma receita de 90,2 milhões. O montante é 6% menor do que o obtido no mesmo trimestre de 2013. O recuo se deve, em grande parte, ao negócio de biomassa na França. Do total faturado no trimestre, o negócio brasileiro contribuiu com 6,9 milhões. valor.com.br/u/3754020 Trabalho MPT-PR pede interdição de planta da JBS O Ministério Público do Trabalho do Paraná (MPT-PR) informou que ingressou com uma ação civil pública contra a JBS por vazamento de amônia na unidade do grupo em Santo Inácio (PR). O MPT pede interdição da planta e indenização de R$ 16,8 milhões por danos morais e coletivos. A JBS esclareceu que a Justiça paranaense concedeu prazo de cinco dias para adequações na sua unidade, que “seguirá normalmente suas atividades”. valor.com.br/u/3754326

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Reportagem publicada, na edição de 29 de outubro, do jornal Valor Econômico.

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Page 1: IAC revela novas variedades de café com sabores exóticos

Jornal Valor --- Página 12 da edição "29/10/2014 1a CAD B" ---- Impressa por CGBarbosa às 28/10/2014@20:55:13

Enxerto

JornalValor Econômico -CADB -EMPRESAS - 29/10/2014 (20:55) - Página 12-Cor: BLACKCYANMAGENTAYELLOW

B12 | Quarta-feira, 29 de outubro de 2014

AgronegóciosCombustíveisTrabalhodaPetrobrascorroboraoaumentodamistura

Gasolinacom27,5%deetanoléaprovadaemestudotécnicoCristianoZaiaDeBrasília

O governo se prepara para daruma boa notícia ao segmento su-croalcooleiro, de quem enfrentouforteoposiçãonaseleições.Emmea-dos de novembro, o Palácio do Pla-nalto deverá divulgar que um estu-do técnico conduzido pela Petro-brascomprovouserpossívelelevaraproporçãodeetanolanidronagaso-lina vendida para 27,5%, medidaconsiderada fundamental paraamenizaracrisequeafetaasusinas.

O Valor apurou que o estudo,realizado pelo Centro de Pesquisase Desenvolvimento da Petrobras(Cenpes), já foi concluído e que ostestes realizados mostraram que osmotores dos automóveis e motoci-cletas movidos exclusivamente agasolina suportariam perfeitamen-te a nova composição sem perda deeficiência. Atualmente, o percen-tual de mistura está fixado em 25%.

“Já sabemos que o aumento damistura não é maléfico aos motoresdo ponto de vista de carburação enãoaumentaaemissãodegasespo-luentes”, afirma uma fonte que par-ticipa há três meses do grupo de tra-balho criado pelo governo para tra-tar do tema. “Os resultados do estu-doforampositivos”,garante.

O aumento da mistura para27,5% do teto do percentual já épermitido por lei sancionada pelapresidente Dilma Rousseff no fimde setembro. Mas, como diz a lei,para que seja adotado de fato de-pende do resultado de testes comoosqueforamfeitospeloCenpes.

Apesardeagradaraosusineiros,amedida enfrenta resistência da in-dústria automobilística. As monta-dorasalegamque,com27,5%deeta-nolanidro,agasolinapodecompro-meter o desempenho dos automó-veismovidosapenascomocombus-tível fóssil, afetando a combustão egerandomaioremissãodegasespo-luentescomomonóxidodeenxofre.

Procurada, a Anfavea, entidadeque representa fabricantes de veícu-los, preferiu não se posicionar atéqueoestudosejaoficialmentedivul-gado. A associação chegou a anun-ciar um estudo próprio, em junho

deste ano, que reprovou um acrésci-momaiordeanidronagasolina.

“O estudo do Cenpes incorporacritérioscomoresistênciaedurabili-dadedosmotoresàadaptação”,afir-ma Roberto Rodrigues, presidentedo conselho da União da Indústriade Cana de Açúcar (Unica). Ele nãoconhece os resultados finais do tra-balho, mas diz que as informaçõesquetematéagorasão“positivas”.

Para que o aumento da misturadeetanolnagasolinacomeceavalerde fato também é necessária a apro-vaçãodoConselhoNacionaldePolí-tica Energética (CNPE), que assesso-ra a Presidência da República. Have-ráreuniãodoórgãoemdezembro,asegunda do ano, quando o baixo ní-vel dos reservatórios das hidrelétri-castambémserádiscutido.

“Esse percentual maior de etanolna gasolina deverá entrar em vigorapenas em meados do primeiro se-mestre de 2015”, diz o deputado fe-deral reeleito Arnado Jardim (PPS-SP), presidente da Frente Parlamen-tar do Setor Sucroenergético. “Mas,de qualquer forma, o aumento jásignificaria um cenário melhor paraosetorepoderiacomeçaraserpreci-ficado, uma vez que as distribuido-ras já estão fechando contratos decompradecombustívelpara2015”.

O relatório técnico da Petrobras éguardado “a sete chaves” pela CasaCivil, que vem sendo responsável,nosúltimosmeses,porcoordenarasconversas sobre o tema entre os mi-nistériosdaAgriculturaedeMinaseEnergia, o Fórum Nacional Sucroe-nergético, o Instituto Nacional deMetrologia, Qualidade e Tecnologia(Inmetro)eentidadesempresariais.

Paralelamente, o governo avaliaoutras medidas reivindicadas pelosegmento sucroalcooleiro. No mêspassado, foi aprovada a inclusão doaçúcar entre os itens financiáveispelo programa de crédito para ar-mazenagem, e o ministro da Fazen-da, Guido Mantega, tem sinalizadoque haverá reajuste nos preços do-mésticos da gasolina. Estima-se queo aumento da mistura de anidro nagasolina de 25% para 27,5% será ca-paz de ampliar em 10% o consumoanual do biocombustível, que hojeé de cerca de 13 bilhões de litros.

RUYBARON/VALOR

ArnaldoJardim:aumentodamistura,mesmosóem2015,melhorariaocenário

IACrevelanovasvariedadesdecafécomsaboresexóticos

LUISUSHIROBIRA/VALOR

O pesquisador Gerson Giomo, do IAC: cruzamentos levaram a grãos com sabores como alecrim, menta e hortelã

PesquisasCarine FerreiraDeSãoPaulo

Você já pensou em beber um cafécom sabores raros como os de euca-lipto ou alecrim, mas sem a adiçãodessas substâncias? Pois grãos comessas características naturais foramencontradas por pesquisadores doInstituto Agronômico de Campinas(IAC), órgão ligado à Secretaria deAgricultura de São Paulo responsá-vel pelo desenvolvimento da maiorparte das cultivares de café disponí-veisnomercadobrasileiro.

Até pouco tempo atrás, quandose falava em café exótico a associa-çãoimediataeracomalgumanimal.Afinal, alguns dos grãos mais valori-zados do mundo são o que são de-poisdeingeridoseexpelidosporummamífero, a civeta — base para aproduçãodoconhecidoKopiLuwak—, ou por uma ave popularmenteconhecidanoBrasilcomojacu.

Para surpresa dos pesquisado-res, nos trabalhos do IAC voltadosà caracterização do perfil sensorialda bebida foram encontrados ca-fés naturalmente exóticos. Alémdos sabores de alecrim e eucalipto,menta e hortelã também foramidentificados, como explica Ger-sonGiomo,pesquisadordo IAC.

Os grãos com esses sabores úni-cos foram obtidos a partir de cru-zamento de variedades comerciaiscom outras selvagens que fazemparte banco de germoplasmamantido pelo IAC, que conta commateriais de vários países. Foramencontrados cinco ou seis saboresdiferentesdesdeoanopassado.

Segundo Giomo, a propagaçãodo material dependerá do interes-se do mercado e de empresas quequeiram patrocinar o andamentoda pesquisa para que as plantas setornemvariedadescomerciais.

Até agora, apenas uma ínfimaparte desses “indivíduos” está sen-do multiplicada, etapa necessáriapara se verificar se os “filhos” des-ses materiais identificados man-têm as mesmas características. Es-se processo, que ainda não temfins comerciais, consiste em testes

complementares para que seja ve-rificada a qualidade do material.

A torrefação desses grãos já foiapresentada algumas vezes a degus-tadores e baristas — que, segundoGiomo, gostaram do resultado.Além da variedade, o processamen-to adequado do café permitirá aaplicação desses grãos nos “blends”de cafés exóticos em edições limita-das,acreditaopesquisadordoIAC.

José Renato Figueiredo, barista eempresário da área de café, já expe-rimentou alguns desses cafés comsaboresrarosemduasediçõesdaSe-mana Internacional do Café. Paraele, os produtos são muito “exóti-cos” para o mercado brasileiro, masque, “temperados a alguns blends”,poderão ter boa aceitação nas lojasde cafés especiais em outros países.“Seriaumtoquediferente”.

commaiorprodutividadeeresistên-ciaapragasedoenças,atéentãoofo-codomelhoramentogenético.

Agora, entretanto, a demandainternacionalporcafésespeciais jávaloriza bastante grãos que conte-nham diferenciais de aroma e sa-bor. E, em um futuro não muitodistante, o IAC poderá também re-comendar qual a melhor combi-nação de cultivares para cada am-biente—oqueé“difícil ecarodesefazer”,deacordocomGiomo.

Para facilitar o longo processo depesquisa,umadas linhasdoprogra-ma de cafés especiais do IAC utilizahíbridos já existentes resultantes docruzamento de variedades usadasno país com outras importadas. Oamplo banco de germoplasma doórgão,consideradoomaiscompletodo país, foi formado por meio daaquisição de sementes de cafeeirosoriginaisdeváriaspartesdomundo.

Outra linha da pesquisa, mais de-morada, passa pela identificação devariedades candidatas a uma novahibridização (cruzamento de varie-dades). Giomo diz que, usando hí-bridos já conhecidos, é possível en-curtar os trabalhos em sete anos. “Éum rearranjo, um redirecionamen-todalinhadepesquisa”,afirma.

Depois da multiplicação das cul-tivares, é preciso testá-las em campopara depois propagá-las para o usocomercial. Tudo isso demanda tem-po.Ascultivaresdapesquisadecafésespeciais começaram a ser multipli-cadas entre o fim de 2013 e o iníciodeste ano para verificar quais pode-rão apresentar características dife-renciadasdesaborearoma.

São necessários cerca de doisanos para se fazer a muda da varie-dade.Depoisdisso,maisdoisa trêsanos para que a muda cultivadacomece a produzir. Então, é preci-so ter mais de uma colheita paraverificar se a variedade apresenta-ráasmesmascaracterísticas.

Sem parcerias, o processo de-mora mais até que seja obtido fi-nanciamento de governo ou deuma agência de fomento. Giomoobserva que é difícil mensurar osrecursos necessários para toda apesquisa — mas são, seguramente,maisdeR$1milhãoporano.

CofcopassaacontrolarNideraeNobleAgriTradingsFabianaBatistaDeSãoPaulo

Em mais um caso de consolida-ção entre as tradings globais deagronegócio, a estatal chinesa Cof-co anunciou ontem que concluiuas duas negociações que já haviaanunciado neste ano: a aquisiçãode 51% Nidera, a maior trading deagronegócio da Holanda com vo-lume de operações de US$ 17 bi-lhões,ede51%dobraçodeagrone-gócio da asiática Noble Group, aNoble Agri, que no Brasil tem tam-bémusinasdecana-de-açúcar.

Comisso,aestatalestabelececa-nais de originação de commodi-ties agrícolas na América do Sul eem outros importantes mercadosprodutores de grãos e fibras. Con-forme comunicado da Cofco, asduas transações são as maioresaquisições internacionaisdahistó-ria da estatal e do mercado chinêsde grãos e óleos vegetais. O investi-mento foi feitopelaestatal chinesaeporumconsórciode investidoresformadoporHopuInvestment, Te-masek, StandardCharteredPrivateEquity e IFC, braço de desenvolvi-mentodoBancoMundial.Achine-sa contribuiu com 60% do investi-mentoeoconsórcio, com40%.

A Nidera tem como carro-chefe aoriginação, processamento, comér-cio, estocagem e embarque de com-modities agrícolas e produtos debioenergia. Também distribui se-mentes, fertilizantesedefensivos.

Já a Noble Agri opera principal-mente como trading agrícola comoriginaçãonaAméricadoSul,Aus-trália, Índia, Leste Europeu e Áfricado Sul. Em 2013, a Noble Agri mo-vimentou quase 45 milhões de to-neladas de produtos e gerou ven-dassuperioresaUS$15bilhões.NoBrasil, tem quatro usinas de cana-de-açúcar no Estado de São Paulo,que somam capacidade para pro-cessar17milhõesde toneladas.

Com as transações, os ativos daCofco vão superar US$ 57 bilhões.A capacidade de armazenagemserá de 15 milhões de toneladas, ade processamento, de 84 milhões,e a de embarque em portos, de 44milhões de toneladas. A receitaagregada da nova Cofco vai alcan-çar US$ 63,3 bilhões, conformecomunicado da estatal.

Ao todo, a chinesa terá condi-ções de movimentar 150 milhõesde toneladasdeprodutosagrícolaspor ano. A nova Cofco vai tambémdeter sua própria plataforma deoriginação e rede de comercializa-ção, envolvendo cultivo, compra,estocagem, logística e terminaisportuáriosaoredordomundo.

Com a operação, a Cofco esperaestabelecerumcanaldeconexãoen-tre grandes áreas de produção degrãos, incluindo a América do Sul eas regiões do mar Negro, e grandesáreasdeconsumonaÁsia,ondeestáomaiormercadoeondeademandapor alimentos tende a continuarcrescendo, afirma a empresa. “Essasaquisições vão permitir à Cofco pe-netrar em plataformas de origina-ção em áreas-chave do planeta e de-finirasbasesparatornaraempresaamaior líder global no setor”, disse oexecutivodaestatal,FrankNing.

Busca por diferenciaiscostuma levarmuitotempo e demandafinanciamento dogoverno ou parcerias

Como parte de seu programa decafés especiais, o IAC está multipli-cando dez variedades de café quepodem apresentar característicassensoriais distintas, com ênfaseem aroma e sabor, incomuns noscafés tradicionais brasileiros. Pelomenos três dessas variedades pro-duzemcafés raros, afirmaGiomo.

Opesquisadordo IACexplicaquea espécie arábica tem algumas ca-racterísticas inerentes. Se o grão forbem produzido e processado, emer-gem os sabores básicos frutado,achocolatado e caramelo. Com o in-cremento do processamento e o usode determinadas cultivares, é possí-vel obter nuances de sabores, comofloral, cítrico, especiarias, frutas se-cas, nozes e castanhas. Mas o princi-pal elemento para que essa diferen-ciaçãosejaobtidaéavariedade.

Desde a década de 1930 — quan-do começou o pioneiro programade melhoramento genético de cafédo IAC —, foram registradas no Mi-nistério da Agricultura 65 cultivaresdogrãodesenvolvidaspelo instituto

valor.com.br

AgroenergiaReceita da Albioma no Brasil vai a € 6,9 milhõesAfrancesaAlbioma,quenoBrasilcontrolaumaunidadedecogeraçãodeenergiaapartirdobagaçodecanaemSãoPaulo, informouontemqueteveno trimestreencerradoem30desetembroumareceitade90,2milhões.Omontanteé6%menordoqueo

obtidonomesmotrimestrede2013.Orecuosedeve, emgrandeparte, aonegóciodebiomassanaFrança.Dototal faturadonotrimestre, onegóciobrasileirocontribuiucom6,9milhões.

valor.com.br/u/3754020

TrabalhoMPT-PR pede interdição de planta da JBSOMinistérioPúblicodoTrabalhodoParaná (MPT-PR) informouqueingressoucomumaaçãocivilpública contraaJBSporvazamentodeamônianaunidadedogrupoemSanto Inácio (PR).OMPTpede interdiçãodaplanta eindenizaçãodeR$16,8milhõespor

danosmorais e coletivos.AJBSesclareceuqueaJustiçaparanaense concedeuprazodecincodiasparaadequaçõesna suaunidade, que “seguiránormalmente suasatividades”.

valor.com.br/u/3754326