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Page 1: IAC desenvolve variedades de cítricos livres de pragas

Diário Oficial Poder Executivo - Seção Iterça-feira, 1o de dezembro de 2015 São Paulo, 125 (222) – III

IAC desenvolve variedades de cítricos livres de pragas

Trabalho de melhoria genética da unidade de Cordeirópolis do instituto utiliza testes em laboratórios e plantio de árvores matrizes em estufas, sem contato com insetos transmissores de doenças

Estado de São Paulo é o maior pro-dutor nacional de cítricos. Seu pomar soma quase 184 milhões de plantas, indicam os dados da Se -cretaria de Agricultura e Abaste-cimento do Estado. Essas informa-ções têm como base relatórios das inspeções de doenças no fruto, casos do greening (HLB) e cancro cítrico. Esses dados vieram dos pro-dutores no primeiro semestre do ano à Coordenadoria de Defesa Agropecuária, vinculada à secreta-ria. Os maiores números de árvores situam-se nas regiões de Barretos (22,5 milhões), Araraquara (15,2 milhões), Mogi-Mirim (14,3 milhões), vindo a seguir os arredores de São João da Boa Vista, Bauru, Avaré e Botucatu. O Instituto de Economia Agrícola (IEA), também da secreta-ria, estimou no início do ano a safra 2014/15 com 11,60 milhões de tone-ladas de laranja, pouco abaixo dos 11,86 milhões de 2013/14.

O

No entanto, para que São Paulo continue a ser grande produtor e exportador do suco, é necessário controlar as pragas dos citros, prin-cipalmente as duas já citadas, e tam-

bém a clorose variegada (amarelinho), pinta preta e leprose. Algumas só são passíveis de controle com a derrubada da árvore conta-minada. Outras são monitoradas com defen-sivos químicos ou por meio de controle bio-lógico, no qual um inseto combate a praga.

Muda sadia – O agrônomo Rodrigo Rocha Latado, do Centro de Citricultura Sylvio Moreira, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), localizado no municí-pio de Cordeirópolis, afirma que o melhor método de prevenção é plantar mudas sadias e ter a garantia de que elas não car-regam nenhuma praga. “É o trabalho de melhoria genética que desenvolvemos aqui, em laboratórios e estufas”, explica Latado. Ele assegura que mais de 90% das cítricas no Estado saíram de Cordeirópolis. Em 87 anos de atividade, o IAC criou mais de 130 variedades cítricas registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Latado conta que o instituto vende peda-ços de galho da laranjeira que cresceu sadia na estufa do IAC, sem contato com insetos. Desse pedaço, o viveirista ou produtor retira a gema (cabinho da folha), enxerta em um caule e produz a muda em substratos, em vez de terra, para manter a integridade da planta.

A leprose é transmitida por vírus leva-dos à planta por intermédio de um ácaro. O efeito é parecido com o da pinta preta e a doença é tratada com químicos da família dos acaricidas.

Otávio Nunes

Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

O IAC em Cordeirópolis desenvol-veu a laranja sanguínea de mombuca, de polpa vermelha e rica em licopeno, o mesmo componente presente no tomate. A substância é boa para a saúde das pes-soas porque é agente antioxidante e atua no combate a radicais livres. O pesquisa-dor Rodrigo Rocha Latado cita pesquisas dos norte-americanos Rajesh Agarwal e Dominque Michaud, que afirmam que a substância previne contra câncer. Pelas análises, a laranja vermelha tem de 0,5 miligrama a 3,1 miligramas de licopeno por litro de suco, enquanto a laranja-pera nem sequer registra a substância. A mom-buca também é rica em betacaroteno, que produz vitamina A no organismo.

Apesar do nome, a mombuca não faz parte da família das sanguíneas ita-lianas, que possuem polpa roxa, como

a beterraba. “A nossa variedade compõe o grupo das laranjas de interior verme-lho”, ressalva o pesquisador Latado, que trabalhou por vários anos no desenvolvi-mento da variedade, descoberta na cida-de de Mombuca, na região de Piracicaba. Por enquanto, apenas um produtor de Mogi-Guaçu apostou na mombuca, que é de produção precoce, com colheita entre abril e julho, enquanto as demais de polpa amarela são colhidas até outubro.

É laranja, mas vermelha

Todas as árvores serão geneticamente iguais, porque vieram da mesma matriz.

Pragas – O IAC de Cordeirópolis mantém uma Clínica de Fitopatologia (labo-ratório) para detectar doenças em cítricas, utilizando como amostra folha ou outros pedaços da árvore enviados por produtores ou viveiristas. O agrônomo Helvécio Della Coletta Filho explica que o greening é hoje a moléstia mais impactante nos laranjais paulistas. É causada por bactéria, trans-mitida pelo inseto psilídeo, a qual ataca os vasos internos das plantas, análogos às veias do ser humano, reduzindo a fotos-síntese e derrubando frutos e folhas. “As alternativas são eliminação da planta, uso de mudas sadias e controle do inseto trans-missor com químicos ou ataque biológico”, conta Della Colleta Filho.

O cancro é disseminado pelo vento, por respingo de água ou algum material (folha, graveto) contaminado e infiltrado no pomar saudável. Provoca queda de frutos e folhas, e as laranjas restantes ficam machu-cadas, sem valor comercial. A única saída é derrubar a árvore.

A clorose é transmitida pela cigarri-nha – inseto que ataca o vaso chamado xilema, que distribui água e nutrientes para a árvore. A planta não cresce e o fruto fica danificado. O controle é parecido com o do greening. Della Colleta Filho conta que a pinta preta é resultado da ação de um fungo que derruba o fruto ou o deixa com aspecto ruim. É combatida com fungicidas.

O relatório da Coordenadoria de Defesa Agropecuária informa que o cancro e o greening eliminaram 2 milhões de árvores de citros no Estado e, mesmo assim, houve plan-tio de 4,1 milhões. A pesquisa mostra 9.279 propriedades (80,88% do total) formadas com até 10 mil plan-tas. Elas respondem pelo cultivo de 23,6 milhões de árvores. As proprie-dades com mais de 10 mil pés somam 2.193 e são responsáveis pelo plantio de 160,18 milhões de árvores. O rela-tório completo pode ser consultado no link http://bit.ly/1QJWy7C.

Dados estatísticos

SERVIÇOCentro de Citricultura Sylvio Moreira do IAC

Mais informações no site www.centrodecitricultura.br ou

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