i seminÁrio de pesquisas do laboratÓrio de estudos sobre … · 2013-04-30 · 2 a pesquisa...

21
1 I SEMINÁRIO DE PESQUISAS DO LABORATÓRIO DE ESTUDOS SOBRE AS RELIGIÕES E AS RELIGIOSIDADES (LERR): ABORDAGENS SOCIO-HISTÓRICAS RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES ORAIS QUINTA-FEIRA, 18/04/2013 – 14:00 hs - 17:30 hs MESA 1 – Religião, Política e Novas Sociabilidades Religiosas I (SALA 433 – CESA) A BUSCA DA RELIGIOSIDADE PENTECOSTAL EM LONDRINA Denice Barbosa de Souza (Graduada em Serviço Social – UEL) O número de pessoas que se denominam membros de uma igreja de natureza pentecostal cresceu significativamente no Brasil a partir da segunda metade do século XX, trazendo um novo cenário para o campo religioso. Na década de 1970, esse crescimento se aprofundou, pois, se inicialmente a presença das igrejas evangélicas pentecostais era mais visível entre os segmentos de baixa renda, logo se fez notar entre a classe média, que vai à busca de igrejas que oferecem serviços e respostas para suas necessidades. A partir dessa constatação, surgiu o interesse de entender as motivações que levam os fiéis a buscar os movimentos pentecostais, especialmente na cidade de Londrina. O objetivo da pesquisa é entender as razões que fazem com que as pessoas, independentemente de classe social, idade, etnia, entre outras características, busquem as igrejas pentecostais, e também o porquê da migração que se verifica no interior das mesmas. Por meio de observações das celebrações religiosas e de entrevistas com os membros das igrejas pentecostais, é possível verificar que a religião está cada vez mais forte. Palavras-chave: Religião, Religiosidade, Modernidade, Movimento Pentecostal. A DITADURA MILITAR (1964-1985) EM LONDRINA - PR: ANÁLISES DOS DISCURSOS- ORAIS DE LIDERANÇAS CATÓLICAS E PROTESTANTES Franciele Rodrigues Bolsista PIBID-CAPES; subprojeto Ciências Sociais da UEL desde julho de 2011 José Wilson Neves Participante do Projeto de Pesquisa “Religião e Política em Londrina” (2010/2012) e do Projeto de Pesquisa “Estudos sobre Religiosidades e Mídia Religiosa” (2012/2013) Luana Rodrigues de Carvalho Bolsista PIBID-CAPES; subprojeto Ciências Sociais da UEL (07/2011-03/2013) Vivian Matsumoto da Silva Bolsista IC - Fundação Araucária desde agosto 2012 e participante do Projeto de Pesquisa “Religião e Política em Londrina” (2010/2012). Prof. Dr. Fabio Lanza (Orientador - UEL)

Upload: hoangtruc

Post on 09-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1

I SEMINÁRIO DE PESQUISAS DO LABORATÓRIO DE ESTUDOS

SOBRE AS RELIGIÕES E AS RELIGIOSIDADES (LERR):

ABORDAGENS SOCIO-HISTÓRICAS

RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES ORAIS

QUINTA-FEIRA, 18/04/2013 – 14:00 hs - 17:30 hs

MESA 1 – Religião, Política e Novas Sociabilidades Religiosas I (SALA 433 – CESA)

A BUSCA DA RELIGIOSIDADE PENTECOSTAL EM LONDRINA

Denice Barbosa de Souza (Graduada em Serviço Social – UEL)

O número de pessoas que se denominam membros de uma igreja de natureza pentecostal

cresceu significativamente no Brasil a partir da segunda metade do século XX, trazendo um novo

cenário para o campo religioso. Na década de 1970, esse crescimento se aprofundou, pois, se

inicialmente a presença das igrejas evangélicas pentecostais era mais visível entre os

segmentos de baixa renda, logo se fez notar entre a classe média, que vai à busca de igrejas

que oferecem serviços e respostas para suas necessidades. A partir dessa constatação, surgiu o

interesse de entender as motivações que levam os fiéis a buscar os movimentos pentecostais,

especialmente na cidade de Londrina. O objetivo da pesquisa é entender as razões que fazem

com que as pessoas, independentemente de classe social, idade, etnia, entre outras

características, busquem as igrejas pentecostais, e também o porquê da migração que se

verifica no interior das mesmas. Por meio de observações das celebrações religiosas e de

entrevistas com os membros das igrejas pentecostais, é possível verificar que a religião está

cada vez mais forte.

Palavras-chave: Religião, Religiosidade, Modernidade, Movimento Pentecostal.

A DITADURA MILITAR (1964-1985) EM LONDRINA - PR: ANÁLISES DOS DISCURSOS-

ORAIS DE LIDERANÇAS CATÓLICAS E PROTESTANTES

Franciele Rodrigues

Bolsista PIBID-CAPES; subprojeto Ciências Sociais da UEL desde julho de 2011

José Wilson Neves

Participante do Projeto de Pesquisa “Religião e Política em Londrina” (2010/2012) e do Projeto

de Pesquisa “Estudos sobre Religiosidades e Mídia Religiosa” (2012/2013)

Luana Rodrigues de Carvalho

Bolsista PIBID-CAPES; subprojeto Ciências Sociais da UEL (07/2011-03/2013)

Vivian Matsumoto da Silva

Bolsista IC - Fundação Araucária desde agosto 2012 e participante do Projeto de Pesquisa

“Religião e Política em Londrina” (2010/2012).

Prof. Dr. Fabio Lanza (Orientador - UEL)

2

A pesquisa analisou e interpretou o discurso oral de membros do clero católico da Arquidiocese

de Londrina e lideranças protestantes sobre a Ditadura Militar (1964-1985). Foram dez

entrevistas realizadas com roteiro semiestruturado em 2009/2010. As interpretações qualitativas

das fontes orais, por meio das categorias de análise, partiram da sociologia das religiões e das

contribuições teórico-metodológicas da análise do discurso e conteúdo. Os resultados permitem

afirmar que ainda existe uma barreira para se falar da repressão instituída com o Golpe Militar

em 1964, não há pronunciamentos abertos sobre a temática. Segundo os depoentes os

acontecimentos dessa época resumem-se em boatos fora do contexto vivido por eles, mas

reconhecem que o regime político era autoritário. Nos relatos é possível perceber que

especificamente na cidade de Londrina-PR, a Igreja Católica e Protestante não estava “tão

envolvida” como nas regiões metropolitanas, tomando desse ponto de vista, entende-se que o

regime militar era repressivo, porém muito mais rígido com os sujeitos que tinham alguma

participação política; que mil que militavam ou expressavam algum desacordo ao governo dos

militares e pudessem desestabilizar a moral conservadora.

Palavras-chave: Sociologia das Religiões; Ditadura Militar (1964-1985); Arquidiocese de

Londrina.

CONCEPÇÃO DA TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO NO PROTESTANTISMO LONDRINENSE

Luiz Ernesto Guimarães

Mestre em Ciências Sociais pela UEL

[email protected]

Este estudo busca estabelecer uma análise do protestantismo em Londrina durante a ditadura

militar (1964-1985) a partir da compreensão que seus líderes possuíam sobre a Teologia da

Libertação – movimento religioso que fez oposição à ditadura nessa época. Embora não tenha

sido difundida amplamente nas igrejas protestantes nesse momento histórico, a pesquisa busca

analisar como tal segmento religioso foi assimilado no protestantismo e seus efeitos na cidade.

Para tanto, a presente pesquisa se fundamenta na sociologia compreensiva de Max Weber.

Durante sua elaboração, foram realizados depoimentos com lideranças protestantes que viveram

em Londrina nessa época ou que possuíam conhecimento sobre o tema: Carlos Jeremias Klein,

Julio Zabatiero, Gerson Araújo (presbiterianos); Luiz Caetano Grecco Teixeira e Almir dos

Santos (anglicanos). Pode-se perceber que a Teologia da Libertação em Londrina alcançou

segmentos mais elitizados da religião protestante, se fazendo presente mais entre lideranças e

professores de seminários, não atingindo a maior parte dos fiéis, diferente do catolicismo que,

especialmente por meio das CEBs, os fiéis recebiam formação e eram organizados em

intervenções políticas.

Palavras-chave: Teologia da Libertação; protestantismo; Londrina-PR.

3

GRUPOS DE ESTUDANTES QUE EXERCEM SUA RELIGIOSIDADE NO INTERIOR DA UEL

Murilo Ziegler Samuel

Graduando em Serviço Social / Bolsista UEL

Professora Dra. Claudia Neves da Silva (Orientadora)

A Religião está presente na vida dos estudantes da UEL e observa-se que nos últimos anos

houve um aumento dessa presença da Religião na vida dos estudantes, e para compreender

este aumento, surge a pesquisa sobre Religiosidade e Juventude. O objetivo do projeto de

pesquisa é entender o aumento de pessoas que frequentam alguma igreja ou movimento

religioso e são estudantes da Universidade Estadual de Londrina; realizaremos observação das

celebrações religiosas e participação nas reuniões dos grupos religiosos, leitura de textos

voltados ao tema, aplicação de questionários junto aos estudantes e entrevistas. Esperamos ao

final da pesquisa entender se esse aumento da religião na vida desses estudantes interfere ou

não na pratica profissional.

Palavras-chave: Serviço Social; UEL; Religião; Estudantes.

RELIGIÃO E MODERNIDADE: UMA ANÁLISE DA PRESENÇA RELIGIOSA NO MEIO

ESTUDANTIL DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA (2011-2012)

Pedro Vinicius Rossi

Graduando em Ciências Sociais – UEL

A presente investigação teve como objetivo criar um estudo que relacionasse os processos de

secularização e proselitismo no espaço público correspondente a Universidade Estadual de

Londrina nos anos de 2011 e 2012. A pesquisa aqui elaborada tencionou questionar,

compreender e analisar como os valores religiosos são reproduzidos dentro do meio acadêmico

aos graduandos dos diversos cursos ofertados pela universidade. Por meio de pesquisa

bibliográfica, observação de campo e coleta de materiais de origem proselitista, foi possível

desenvolver a reflexão acerca da relação entre o individuo e os ideais religiosos contrapostos

aos valores modernos dentro da esfera acadêmica. Como resultado final, a pesquisa possibilitou

a percepção de como ideais e valores religiosos encontram dentro dos muros da universidade –

no individuo e nos aspectos modernos de sua interação social – meios que permitem a

propagação de uma moral apaziguadora, sólida, e como os meios para essa difusão agem direta

e abertamente para com os indivíduos presentes na investigação.

Palavras-chave: Sociologia das Religiões. Religiosidade. Religiões e modernidade.

Secularização e proselitismo.

4

A POLÍTICA RELIGIOSA (EVANGÉLICA): O COMPORTAMENTO DAS LIDERANÇAS

PROTESTANTES E SEU ENGAJAMENTO NO PROCESSO POLÍTICO ELEITORAL NAS

ELEIÇÕES DE 2010.

Rogério da Costa (Mestrando em Ciências Sociais – UEL)

A presença de representantes religiosos (evangélicos) no cenário político nacional em diversos

estados demonstra a força desse segmento junto à população e reforça a sua posição de ator

político considerável na atual conjuntura política. Esse segmento em suas tipologias e

interpretações de mundo apresenta um quadro não mais espiritual somente. Partindo desta

constatação, este trabalho se propõe a realizar uma reflexão do atual contexto político e social

referente à relação entre os religiosos na política, buscando compreender: a que ponto estes em

sua práxis movida pela sua visão de mundo, pelo discurso de seus líderes religiosos e segundo

seus interesses particulares, corrobora para a conquista ou não de um representante político em

determinado pleito. Tomaremos por base, o ocorrido nas eleições de 2010, onde, houve um

grande levantamento de religiosos (evangélicos e Católicos) demonizando a postulante Dilma

Rousseff ao pleito de presidente do Brasil por uma série de posicionamentos que, segundo eles;

ferem os ensinamentos bíblicos. As principais questões em debate foram: “a legalização do

aborto” e a “união civil entre homossexuais”, pontos amplamente discutidos e divulgados pela

mídia e que nos dias atuais o debate esta em pleno desenvolvimento. Motivados por estas

questões, a eleição de 2010 ficou profundamente marcada por razões morais religiosas e

acabaram por mudar o discurso dos candidatos no segundo turno das eleições. Parece haver

nesses uma “guerra” declarada entre os políticos representantes do segmento religioso

buscando seu espaço num estado laico contra aqueles que defendem de fato um estado laico e

os representantes dos movimentos minoritários da sociedade. A pesquisa esta em andamento e

pode no seminário levantar questões relevantes para seu desfecho.

Palavras-chave: religião, política, estado.

MESA 2 – Religiosidades no Mundo Antigo I (SALA 434 – CESA)

PAPÉIS DE GÊNERO NA IGREJA CRISTÃ PRIMITIVA: AS MULHERES NA

COMUNIDADE CORÍNTIA (SÉC. I D.C.)

Amanda Cristina Martins do Nascimento

Licenciada em História – UEL

Especializanda em Religiões e Religiosidades – UEL

Orientador: Prof. Dr. Julio Cesar Magalhães de Oliveira

A presente pesquisa tem como objetivo analisar a presença e o papel social da mulher nas

primeiras comunidade cristãs, pertencentes ao século I d.C. Para tal empreendimento optamos

por analisar a I Carta aos Coríntios do apóstolo Paulo e a I Carta de Clemente aos Coríntios.

Apesar de encontrarmos nesse período um mundo social que atribui uma posição submissa à

mulher, observamos conflitos de papéis que se desenvolveram por meio da grande

heterogeneidade de culturas e povos nesse mundo helenístico. Diferenças étnicas, sociais,

5

culturais, entre outras devem ser levados em consideração nessa complexidade que constituem

o lugar social (FEITOSA, 2008, p. 125). Paulo e Clemente escreveram a uma mesma localidade,

porém não a uma mesma comunidade cristã. Corinto se revelou (e ainda se revela), um estudo

de caso distinto de outras igrejas primitivas. Mais do que estereótipos e normas, os papéis

femininos passam por relações de poder, embates cotidianos, tanto no espaço da comunidade

cristã como fora dela. Ao realizar uma análise profunda nos textos cristãos antigos vislumbramos

relações mais complexas e dinâmicas.

Palavras-chave: Mulheres – comunidade cristã – Corinto.

O HISTORIADOR E SUAS FONTES:

O CASO DA CARTA DE PAULO AOS CORÍNTIOS

Camila Karina Marcelo da Cruz

Mestranda em História Social – UEL

Orientadora: Dra. Monica Selvatici

A história, escrita do passado com suas tramas, seu conteúdo, seus agentes e sujeitos se

apresenta ao deleite ao historiador; figura esta que ao tomar seu lugar na mesa do banquete

historiográfico considera-se o mais abastado e o mais pobre ser humano, capaz de apropriar-se

do vivido e incapaz de contemplar o vivido. O historiador inicia essa empreitada quando se

apossa de modelos teóricos e inicia sua investigação. As fontes, os vestígios do passado, a

matéria prima da operação historiográfica ocupam o papel central desta trama. A análise da

fonte de nosso trabalho: a Carta de Paulo à comunidade de Corinto no primeiro século, aqui

entendida como parte do patrimônio cultural da época nos auxilia na reinterpretação deste

período da história.

Palavras-chave: fontes – 1 Coríntios – cristianismo antigo.

A LEGITIMAÇÃO DO PODER REAL POR MEIO DA RELIGIÃO:

UMA ANÁLISE DO RITUAL DO SAGRADO CASAMENTO NA ANTIGA MESOPOTÂMIA NO

PERÍODO DO TERCEIRO E SEGUNDO MILÊNIO A.C.

Keila Fernandes Batista

Pós-graduanda no curso lato sensu de Religiões e Religiosidades – UEL

Orientadora: Profª Drª Monica Selvatici

O presente trabalho visa discutir a interação entre a religião e o poder político na antiga

Mesopotâmia no período entre o terceiro e segundo milênio a.C, por meio do ritual do Sagrado

Casamento. Para isso é feita a análise de duas fontes de origem suméria. A primeira fonte

analisada é um poema chamado ‘A Corte de Inanna e Dumuzi’, traduzido do sumério por Samuel

Noah Kramer. O poema narra o casamento, datado de meados do terceiro milênio a.C. de

Inanna e Dumuzi, rei de Uruk, e, como após o casamento, a deusa concede bênçãos a ele e sua

terra. A segunda fonte se trata de um hino do segundo milênio a.C. chamado ‘A Alegria da

6

Suméria’, também traduzido por Kramer. Essa fonte descreve o ritual do Sagrado Casamento no

qual Inanna se casa com o rei da Suméria, que representa Dumuzi, e também decreta bênçãos

sobre ele e sua terra. As fontes são analisadas de forma a apontar a importância do casamento

do rei com a deusa Inanna para a legitimação do poder real, mostrando como a religião e o

poder político estavam intrinsecamente ligados na antiga Mesopotâmia.

Palavras-chave: poder real – religião – Mesopotâmia – Sagrado Casamento.

UMA ANÁLISE DO TERMO “HIPOCRISIA” NO QUADRO DA RETÓRICA ANTIJUDAICA DO

CRISTIANISMO ANTIGO

Kettuly Fernanda Silva Nascimento

Licencianda em História – UEL

Orientadora: Dra. Monica Selvatici

Este trabalho se insere num quadro de estudos que tem por finalidade analisar o termo

“hipocrisia” e a menção aos “hipócritas” que se encontram nas obras do Novo Testamento, como

por exemplo, o Evangelho de Lucas, Atos dos Apóstolos e a Epístola de Paulo aos Gálatas e

obras produzidas já no final do século I e o início do século II d.C. como o livro da Didaqué. O

objetivo deste trabalho é analisar o desenvolvimento da relação entre as comunidades cristãs e o

judaísmo na antiguidade, levantando questões sobre atitudes negativas a cristãos judaizantes

que estariam dentro do movimento de Jesus. Estes cristãos judaizantes seriam convertidos à fé

em Jesus como Messias que estariam retornando a práticas judaicas que já teriam sido

abandonadas pelos cristãos e exigindo dos novos convertidos, obediência aos rituais da Lei

Mosaica, como: a circuncisão, guardar o sábado e cuidados com a alimentação. Portanto, a

partir das obras mencionadas acima deverei analisar a retórica antijudaica desenvolvida em

reação à prática judaizante.

Palavras-chave: hipocrisia – retórica antijudaica – judaizantes.

MAGIA NO MUNDO ROMANO:

REPRESENTAÇÕES EM “O ASNO DE OURO” DE APULEIO

Lahís Moreno Gibelato

Licenciada em História – UEL

Especializanda em Religiões e Religiosidades – UEL

Orientador: Dr. Julio Cesar Magalhães de Oliveira

De uma forma geral, na Antiguidade a magia era mal vista e condenada, e o uso dos termos que

caracterizassem magia ou feitiçaria era sempre depreciativo. Apesar dessa condenação existia

uma distinção entre a magia boa e má. Essa “magia boa” era associada aos deuses e à religião

oficial romana. Se por um lado era ligada ao conhecimento místico, por outro tinha uma base

considerada científica e fundamentada no que o antropólogo inglês James Frazer posteriormente

chamaria de Teoria da Simpatia Universal. Essa magia que mesclava elementos religiosos e

7

especulações filosóficas foi chamada de teurgia. A “magia má” era chamada de goetéa e eram

práticas populares, consideradas maléficas e charlatãs e, consequentemente, condenadas. As

duas formas de magia eram consideradas opostas, mas não havia uma demarcação nítida entre

elas. A diferenciação do fenômeno estava mais ligada à intenção do indivíduo praticante da

magia do que à prática em si. Não se trata exatamente da reprovação do uso de práticas

mágicas, mas das consequências que poderiam trazer. Mesmo dentro da narrativa de Apuleio

em O Asno de Ouro encontramos a distinção entre duas concepções de magia uma de prática

obscura, feita no meio da noite e da escuridão, e outra que prática que acontece junto com uma

festa ao culto de uma deusa que apesar de ser estrangeira, tinha sido aceita e adaptada à

religião romana.

Palavras-chave: Apuleio – magia – mundo romano.

RELIGIÃO HITITA

Leonardo Candido Batista

Licenciando em História – UEL

Orientadora: Profa. Dra. Monica Selvatici

O presente trabalho irá focar os principais aspectos da religião hitita, mostrando como o campo

religioso desse povo era aberto a diversas influências, já que a sociedade hitita era um

verdadeiro melting pot de culturas. É importante destacar que o âmbito da religião hitita

demarcava a fertilidade das colheitas, a domesticação de animais e o povo. O panteão hitita era

diverso, sendo que a maioria dos seus deuses era adotada de outras sociedades com as quais

os hititas haviam tido contato. Os principais deuses desse panteão eram o Deus da tempestade

e a Deusa do sol. Na filosofia religiosa não havia uma separação restrita entre deuses e seres

humanos, sendo que eles viviam em completa interdependência. Assim, nesse pensamento, os

desejos e as vontades dos deuses eram similares aos da camada soberana, os templos

pertencentes a essas divindades eram compostos por armazéns e oficinas. No campo eram

cultivados enormes extensões de terra para a devoção dos deuses em seus determinados

templos. Neste sentido, o trabalho procura preencher esses aspectos cruciais da religião hitita,

mostrando como a religião dessa sociedade era flexível e sempre aberta a novas inspirações.

Palavras-chave: hititas – divindades – interação cultural.

A EPÍSTOLA DE FILEMOM NO CONTEXTO DA ESCRAVIDÃO NA ROMA IMPERIAL

Silvia Domingos de Oliveira

Licencianda em História – UEL

Orientadora: Profa. Dra. Monica Selvatici

Este trabalho tem como finalidade analisar a epístola de Filemom inserida no Cânon da Bíblia

sagrada. A fonte será analisada a fim de compreender como se dava a relação Senhor e escravo

entre os adeptos do movimento cristão nos domínios da Roma imperial, visto que Filemom era

senhor de Onésimo que havia fugido e possivelmente também roubara seu senhor. Também

8

será analisada a postura do Apóstolo Paulo diante de tal instituição. Serão ainda investigadas as

condições deste escravo perante a lei do império romano. Para entender esse assunto no

contexto imperial romano, se faz necessário examinar os mecanismos de dominação e de

submissão na relação entre senhor e escravo, pois a fonte do trabalho trata deste assunto, nela

está a narrativa de Paulo endereçada a Filemom, que era um cristão convertido por intermédio

do apóstolo e que, entre a fé cristã e a lei romana, teria que decidir o futuro de seu escravo

foragido.

Palavras-chave: escravidão – cristianismo antigo – império romano.

MESA 3 – Religiosidades, Imagem e Arte (SALA 435 – CESA)

IMAGENS DA MORTE, IMAGENS DE VIDA: A REPRESENTAÇÃO FOTOGRÁFICA DE

CRIANÇAS NAS REPRESENTAÇÕES DE CAPELAS CATÓLICAS DO CEMITÉRIO SÃO

PEDRO – LONDRINA/PR

Danilo Meira Leite

Graduando do 3º ano do curso de História – UEL

Bolsista PROIC/CNPq

A representação fotográfica surge nos idos de 1832, advento este que busca perenizar num

tempo e espaço alguns poucos que detinham este meio de produção. Porém, ainda no século

XIX com o cartão de visita – retrato – de Eugène Disdéri, esta tecnologia populariza-se. A

fotografia busca a criação de uma identidade e/ou identificação, seja individual, coletiva, familiar,

entre outras. Esta mentalidade de representação culminará em última instância no campo

cemiterial no qual se observam representações das mais diversas configurações de grupos.

Entre estes grupos refiro ao infantil e/ou de crianças. Não é possível demarcar a origem –

embora este não vem a ser o fator mais relevante – deste processo de representação e de

anseio pela perenização da criança, que segundo a mentalidade católica, ao falecer passa a

interceder pela família, por ser pura e inocente se estabelece na morada celeste. O advento da

capela neste campo de estudo, um museu a céu aberto, álbum de família, entre outras

designações, tem por finalidade a representação da igreja no espaço público cemiterial

propriamente dito, devido às políticas médico-higiênicas no transcurso temporal dos séculos XIX-

XX as pessoas não puderam mais ser enterradas dentro do espaço destinado ao culto, à fé.

VISÕES SOBRE O FEMININO E O CORPO NA IDADE MÉDIA

João Davi Avelar Pires

Mestrando em História Social – UEL

Orientadora: Profª Drª Ana Heloísa Molina

Neste trabalho, pretendemos discutir as visões sobre o corpo e o feminino presentes na Idade

Média, período marcado pelo predomínio da religião cristã em todas as esferas sociais e

cotidianas, e que influenciou profundamente a construção da imagem da mulher ao longo do

9

tempo. Para isso, discutiremos também, ainda que de forma sucinta, a Inquisição, enquanto um

sistema ou instituição que perseguiu, por vários séculos, entre outros grupos, milhares de

mulheres, fundamentada numa visão e interpretação do corpo e do feminino relacionados ao mal

e à figura do demônio. Para isso, nos utilizaremos da obra Malleus Maleficarum, escrita em 1484

pelos inquisidores Heirich Kramer e James Sprenger, cujo teor é perpassado por uma intensa

misoginia, apoiada em ideias de didáticos cristãos como São Tomás de Aquino, Santo Agostinho

e na interpretação das Escrituras e de autores clássicos. Tratamos também brevemente da

oposição criada entre as mulheres santas e as pecadoras, Ave e Eva.

Palavras-chave: Feminino – Malleus Maleficarum – Corpo – Idade Média.

O PROIBIDO É MAIS GOSTOSO: A ALIMENTAÇÃO NO SÉCULO XVI PRÓPRIA PARA O

PERÍODO DE QUARESMA SUGERIDA NO LIVRO DO COZINHEIRO (1525)

Julianna Morcelli Oliveros Mestranda em História (UEM) e membro do Laboratório de História, Ciências e Ambiente – UEM

Christian Fausto Moraes dos Santos (Orientador-PPH-UEM)

A alimentação no continente Europeu teve profundas transformações ao longo do século XVI. A

invasão dos produtos de além-mar modificou sabores tradicionais e proporcionou uma série de

novas receitas. O açúcar, um produto até então caro e de difícil acesso, foi protagonista nessas

mudanças culinárias já que a sua produção teve um aumento significativo no período com o

surgimento da nova colônia. Paralelamente, surgiram obras especializadas no assunto,

destinadas aos comensais de plantão. O presente trabalho tem como objetivo destacar as

receitas prescritas para o período de quaresma apresentadas no Livro do Cozinheiro (1525), do

mestre Robert de Nola. A partir de um contraponto feito com as receitas do período carnal, serão

analisados os ingredientes utilizados, bem como as técnicas e o modo de preparo indicados para

o período de resguardo, apontando para o fato de que, mesmo em um período no qual o açúcar

era considerado algo extraordinário e essencial em qualquer prato, seu consumo já representava

um perigo, devido sua ligação direta com um dos pecados da alma, a gula.

GEORGE HARRISON: UM DEVOTO DE KRISHNA

Marcelo Henrique Violin

Especializando em Religiões e Religiosidades – UEL

O tema dessa pesquisa é a relação do músico George Harrison com a milenar cultura espiritual

da Índia: a cultura védica. Analisarei letras de algumas composições de George Harrison em sua

carreira solo após o fim dos Beatles. Nas letras identificarei sua devoção por Krishna e a

influência da filosofia do movimento Hare Krishna presente nos livros do mestre Prabhupada. A

tradição Gaudiya-Vaishnava, conhecida popularmente como Movimento Hare Krishna, foi

disseminada nos países ocidentais por A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, que foi aos

Estados Unidos em 1965 com a missão de propagar o conhecimento védico e a tradição

Vaishnava. O movimento Hare Krishna foi inaugurado por Caitanya Mahaprabhu, que espalhou o

10

canto congregacional do mantra Hare Krishna por toda a Índia no século XVI e restabeleceu a

sucessão discipular que se segue até os dias atuais. Prabhupada visitou os quatro continentes

do globo, iniciou muitos discípulos, escreveu cerca de setenta obras de traduções e comentários

da literatura védica e fundou a ISKCON, a Sociedade Internacional para Consciência de Krishna.

George Harrison conheceu Prabhupada e foi instruído espiritualmente por ele, o que mudou

profundamente sua jornada existencial.

ILUMINURAS MARIANAS E DEVOÇÃO MEDIEVAL

Pamela Wanessa Godoi (Mestranda em História Social – UEL)

Angelita Marques Visalli (Orientadora – UEL)

Neste trabalho apresentamos a análise de duas miniaturas representando Maria e o menino

Jesus. As miniaturas, ou também chamadas de iluminuras, são imagens pintadas nas margens

ou centro das folhas dos livros. As imagens marianas analisadas estão em códices utilizados na

região de Reims, nordeste da França. Buscamos compreender com a comparação das imagens

como suas diferenças podem apontar para as mudanças que a devoção mariana e a

espiritualidade sofreram nessa região. A primeira iluminação está em um Lecionário produzido

pelo mosteiro de Saint Remi de Reims, no ano de 1096. A segunda é uma imagem feita em um

Livro de Horas utilizado na região de Reims, no século XV. Dentre as produções de iluminuras

marianas da região, as duas figuras se destacam como sendo as únicas que encontramos entre

as que foram utilizadas durante a grande distância temporal que as separam. A comparação dos

signos das duas imagens e o relacionamento delas com o que a historiografia atual tem

apresentado sobre a devoção mariana, insere nosso trabalho no campo de pesquisas marianas

e imagéticas, que buscam compreender através da linguagem visual, o pensamento e as

práticas cristãs medievais.

Palavras-chave: iluminuras; devoção mariana; imagem.

A RELIGIOSIDADE MEDIEVAL NAS OBRAS DE VAN EYCK

Rafael Fernandes Speglic (Graduando em História – UEL)

Angelita Marques Visalli (Orientadora – UEL)

Jan Van Eyck, um dos maiores pintores do Renascimento do norte Europeu, nos deixou

importantes documentos, no que se refere à religiosidade medieval. As obras selecionadas neste

trabalho são particularmente especiais, pois contém uma representação da Virgem Maria, além

da presença dos doadores e da religiosidade privada. Todos estes são movimentos

importantíssimos para a compreensão da cultura religiosa do Medievo. Importante ainda

ressaltar a importância de se estudar o Medievo, a partir da perspectiva imagética. Em uma

sociedade onde apenas os mais privilegiados podiam ler e escrever, é essencial voltarmos nossa

atenção para as imagens produzidas no período. A historiografia ainda não se desenvolveu

muito dentro deste prisma, justificando assim o esforço deste trabalho.

11

Palavras-chave: Van Eyck; religiosidade medieval; imagem.

A REPRODUÇÃO CINEMATOGRÁFICA BRASILEIRA DO ESPIRITISMO

Vivian Matsumoto da Silva

Graduanda em Ciências Sociais – UEL Bolsista de iniciação científica da Fundação Araucária

O objetivo da pesquisa é salientar a trajetória do Espiritismo no Brasil, porém considerar a

origem europeia da doutrina, para que seja possível entender a instauração na sociedade

brasileira, tendo em vista as diferenças, entre ambas as nações. Com isso será abordado: as

origens, a trajetória, os conflitos e legitimação da doutrina. E com base nisto, utilizar as

perspectivas sociológicas considerando os momentos históricos e efeitos de cada época tratada.

A partir desta articulação, será exposta analises de quatro filmes que possuem como abordagem

o espiritismo: As Mães de Chico Xavier; Bezerra de Menezes, Diário de um Espírito; Chico

Xavier O Filme; e Nosso Lar. Por fim, dar enfoque as estas reproduções cinematográficas diante

das noções de cura, mediunidade, elevação espiritual e substituição de dogmas.

Palavras-chave: Sociologia das religiões, Reprodução cinematográfica, Espiritismo.

SEXTA-FEIRA, 19/04/2013 – 14:00 hs - 17:30 hs

MESA 4 – Religião, Política e Novas Sociabilidades Religiosas II (SALA 433 – CESA)

A GUERRA SANTA, A MANIFESTAÇÃO RELIGIOSA MARGINAL E A COMUNICAÇÃO

SEXUAL NO CONTEXTO UNIVERSITÁRIO

Andréia Cristina da Cruz

Graduanda em Ciências Sociais – UEL

Silvia Caroline Vieira Alves

Graduanda em Ciências Sociais – UEL

Villenon Edlon de Oliveira de Almeida

Graduando em Ciências Sociais – UEL

A presente investigação propõe uma análise e interpretação que compõem o cenário religioso

brasileiro. Os estudos enveredam sobre os processos de sociabilidade e comunicação, direta e

indireta, com teor religioso e os seus conflitos sexuais nos ambientes restritos das cabines dos

banheiros públicos do Centro de Letras e Ciências Humanas (CLCH) da Universidade Estadual

de Londrina (UEL) que se dão por meio dos inscritos em portas em paredes destes locais.

Busca-se questionar quais as intenções dos usuários que deixam este tipo de registro, verificar

qual a frequência e se há o que chamaremos de “nova guerra santa” ou proselitismo nesse tipo

comunicação; pretende-se assim entender o perfil do comunicador e seus objetivos. Para tanto,

será feita discussão teórica; registro das imagens e transcrição das mesmas; diário de campo;

aplicação de questionário e entrevista com roteiro semiestruturado e análise.

12

Palavras-chave: Sociologia das Religiões; sexualidade; comunicação.

SOCIOLOGIA DAS RELIGIÕES E A PERSPECTIVA DAS RELAÇÕES POLÍTICAS

Edson Elias de Morais

Mestrando em Ciências Sociais - UEL (sob a orientação do prof. Dr. Fabio Lanza)

Bacharelado e licenciatura em Ciências Sociais – UEL

Bacharel em Teologia pela Faculdade Teológica Sul-Americana

Neste artigo propomos discutir acerca da religião enquanto fenômeno social que se manifesta

dialeticamente com a sociedade, isto é, mantém uma relação de influência permanente com a

sociedade e suas instituições, bem como é influenciada por elas. Desta forma, propomos uma

compreensão sociológica da religião que considera tanto os aspectos subjetivos do indivíduo

(coletivizado), quanto os objetivos, que se manifestam na política e na sociabilidade. Buscamos

refletir sobre as “funções políticas” da religião e religiosidades propostas por Pierre Bourdieu,

bem como da definição de religião apresentada por Otto Maduro, que avança, desde a

perspectiva crítica, além de descrições e generalizações essencialistas do fenômeno. A partir

desta discussão entendemos que ao analisar as religiões e religiosidade na contemporaneidade

desde a perspectiva sociológica se faz necessário perceber as singularidades dos diversos

grupos e suas respectivas manifestações políticas referentes ao status quo.

Palavras-chave: Sociologia das Religiões; Sociedade capitalista; Mercado religioso.

A CONCORRÊNCIA RELIGIOSA NA TELEVISÃO

Ivan Cordeiro da Silva Filho

Mestrando em Ciências das Religiões pela Faculdade Unida de Vitória – ES.

Graduado em Administração (Faculdade Juvêncio Terra), Teologia (Faculdade Teológica Sul

Americana), e MBA em Liderança Cristã (Faculdade Teológica Sul Americana)

O fenômeno religioso brasileiro tem experimentado uma nova relação com o campo midiático, o

que tenciona, por assim dizer, uma nova configuração religiosa. Na contemporaneidade, o

desempenho e os bens simbólicos da religião experimentam uma maior visibilidade, alterando

consideravelmente as relações entre as instituições religiosas e também com os fiéis. Por

conseguinte, a atividade religiosa presente na mídia, sendo dependente de espaços de

legitimação e afetada pela lógica de mercado, provoca um acirramento entre as instituições até

então desconhecido. A partir deste cenário, e com a abordagem teórica de John B. Thompson

sobre o processo de midiação da cultura moderna, o presente texto propõe uma reflexão crítica

sobre o processo da concorrência religiosa na televisão e as suas implicações para o campo

religioso.

13

ANÁLISE DA CONDUTA DA JUVENTUDE CRISTÃ DA IGREJA BOLA DE NEVE DE

LONDRINA

Maryana Marcondes

Graduanda em Ciências Sociais – UEL

A presente pesquisa encontra-se em fase inicial, pretende discutir as práticas de atração de fiéis

exercidas pela comunidade Bola de Neve, esta denominação se caracteriza pelo fato de ser

voltada para o público jovem, contudo este estudo consiste em verificar se além das práticas de

abordagens diferenciadas, há uma alteração na conduta ético/moral entre seus fiéis comparada

as igrejas pentecostais clássicas e quais as influências recebidas do movimento neopentecostal,

como são trabalhadas na referida comunidade religiosa de Londrina as questões

tradicionalmente vivenciadas em juventude como iniciação da sexualidade, substâncias ilícitas,

álcool e conflitos familiares, estamos realizando pesquisa bibliográfica que será complementada

a observações de campo e entrevistas semiestruturadas com fiéis.

Palavras-chave: Sociologias das Religiões, Pentecostalismo, Juventude e religião.

RELIGIÃO E RELIGIOSIDADE E SUA RELAÇÃO COM O ASSISTENTE SOCIAL

Regiane Renata de Souza

Graduanda em Serviço Social – UEL

Bolsista Fundação Araucária

Claudia Neves da Silva (Orientadora)

O Serviço Social surge relacionado ao seio das atividades caridosas, tendo como base principal

uma ideologia cristã. Mesmo com as mudanças gerais – desde 1970, com o início do movimento

de reconceituação, até os dias de hoje, com o projeto ético-político – a ideia inicial ainda pode

marcar a realidade deste século; a prática do assistente social ainda pode apresentar vertentes

de religiosidade em sua ação. Partindo disso, desenvolvo esse trabalho com o foco nos

assistentes sociais da cidade de Londrina e região, afim de, primeiramente investigar a

quantidade destes profissionais na cidade, a população que se concentra nela, analisando o

perfil socioeconômico geral e sua renda per capita, para verificar se tais fatores interferem nas

manifestações religiosas, mais especificamente nos profissionais da área de Serviço Social; e

num segundo momento descobrir se a religiosidade ou a religião se faz presente na prática

profissional atual do assistente social. Inicialmente iremos realizar o levantamento de dados (por

meio de sites, telefones, e etc.) sobre número de assistentes sociais em Londrina e região e a

presença de igrejas nas cidades, para em seguida dar continuidade a investigação e por fim

descobrir se há interferência religiosa na atuação, ou seja, entender como, porque e se isso

acontece, no cotidiano profissional.

Palavras-chave: Serviço Social, presença religiosa, prática profissional, Assistente Social,

Londrina e região.

14

A PRESENÇA E A INFLUÊNCIA DA RELIGIÃO ENTRE OS ESTUDANTES DO CURSO DE

SERVIÇO SOCIAL DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

Susana Kobayasi

Graduanda em Serviço Social – UEL

Bolsista CNPq

Profa. Dra. Claudia Neves da Silva (orientadora)

A inserção no curso de Serviço Social pode derivar da influência religiosa, principalmente de

motivações do âmbito caritativo. No entanto, a profissão não está vinculada à proposta de

caridade ou religiosidade, portanto a pesquisa investiga quali-quantitativamente a ligação dos

discentes do curso de Serviço Social com grupos religiosos. O objetivo é analisar a presença da

religião e da religiosidade dos estudantes durante o curso. A metodologia é baseada na

aplicação de questionários junto aos estudantes e professores de todos os anos vigentes, com

intuito investigativo de analisar e compreender como a religiosidade do estudante pode interferir

na futura atuação profissional como assistente social. Ademais, temos a preocupação de

entender como o tema está sendo abordado em sala de aula para esclarecer que a prática

profissional não pode incluir manifestações religiosas e como os alunos absorvem tais

compreensões.

Palavras-chave: Serviço Social; Estudantes; Religião; Religiosidade.

A PRESENÇA DA RELIGIOSIDADE ENTRE OS ESTUDANTES DO CURSO DE SERVIÇO

SOCIAL DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

Vanessa Tiemi Mori

Graduanda em Serviço Social – UEL

Profa. Dra. Claudia Neves da Silva (orientadora)

O presente estudo tem por objetivo investigar a presença da religião e da religiosidade entre os

estudantes do curso de Serviço Social da Universidade Estadual de Londrina. Como natureza

desta pesquisa, optou-se pela quali-quantitativa, por meio de aplicação de questionários, análise

dos agradecimentos e dedicatórias dos trabalhos de conclusão de curso e, como instrumento de

coleta de dados, utilizou-se do levantamento do perfil do aluno ingressante, realizado pela Pró-

Reitoria de Planejamento da Universidade Estadual de Londrina. A partir da pesquisa,

apresentam-se reflexões acerca da relação entre a religião e o Serviço Social, considerando os

aspectos históricos da profissão, além da análise e compreensão das motivações para a ida dos

estudantes do curso a celebrações religiosas, e, por fim, a análise de princípios religiosos como

fator influente na escolha do curso.

Palavras-chave: Serviço Social. Religião. Religiosidade. Estudantes.

15

MESA 5 – Religiosidades no Mundo Antigo II (SALA 434 – CESA)

CULTO IMPERIAL EM ROMA: MOS MAIORUM, ESTOICISMO E A DIVINIZAÇÃO DO

PRINCEPS NO PANEGÍRICO DE TRAJANO DE PLÍNIO, O JOVEM

Alex Aparecido da Costa (PPH/UEM-CAPES)

Renata Lopes Biazotto Venturini (Orientadora-PPH/UEM)

Esta comunicação objetiva analisar alguns aspectos relativos ao culto imperial e à divinização

dos imperadores romanos durante o Alto Império a partir da análise do Panegírico de Trajano de

Plínio, o Jovem. Condição especial para a divinização dos imperadores era a posse do imperium,

um poder recebido do deus Júpiter e que estava presente no pensamento romano por meio da

noção de mos maiorum, os costumes ancestrais, para indicar uma força capaz de criar e ordenar

agindo sobre a realidade de acordo com a vontade de seu detentor. Ao lado desse aspecto

tradicional da religião cívica romana a teologia do pensamento estoico também concorreu para

que o culto imperial atingisse uma expressão importante no panorama social e político da Urbs

na época do Principado e, assim, desse respaldo à posição dos césares. Na obra de Plínio, na

qual este celebra a figura de Trajano, o imperador é ilustrado com características do sábio

estoico, possuidor de qualidades divinas, e é apresentado também como um legado do deus,

encarregado de administrar o mundo enquanto Júpiter governa o céu. Estas qualidades

atribuídas a Trajano, sob a ótica da religião cívica, do culto imperial e do estoicismo, lhe

permitiria agir em todos os campos com justiça, razão e onisciência em favor da manutenção do

bem-estar do Império romano.

Palavras-chave: Religião, Principado, filosofia, política.

OS GRUPOS DE JOVENS NA ANTIGUIDADE TARDIA, A PARTIR DAS CONFISSÕES DE

SANTO AGOSTINHO

Alex Lucas Vilas Boas

Licenciado em História – UEL

Especializando em Religiões e Religiosidades – UEL

Orientador: Prof. Dr. Julio Cesar Magalhães de Oliveira

Este trabalho trata-se de um estudo sobre os jovens na Antiguidade Tardia, principalmente seus

modos de organização dentro da sociedade, seus conflitos e suas formas de solidariedade,

tendo sempre como pano de fundo os testemunhos de Santo Agostinho. O objetivo desse

trabalho é de estudar os jovens no campo da história e buscar uma visão mais ampla no campo

histórico-cultural, procurando entender qual o local que os jovens ocupam na sociedade e como

que eles se organizam, indo além das classificações por faixas etárias ou regras jurídicas, para

que assim possamos entender as relações que os jovens estabelecem ente si, na formação de

grupos, buscando estabelecer uma identidade e formas de sociabilidade, vamos nos ater a

analise de alguns trechos da obra Confissões escrita por Santo Agostinho, para isso utilizaremos

diversos trechos nos quais ele trata de seu testemunho quando jovem.

Palavras-chave: Santo Agostinho. Antiguidade Tardia. Jovens. Grupos.

16

SIGNIFICADO DA PALAVRA PARRHESIA NO EVANGELHO DE JOÃO

Caroline Camila Batilane

Licencianda em História – UEL

Orientador: Prof. Dr. Alfredo dos Santos Oliva

A análise do capítulo sete do evangelho canônico de João parte do debate sobre o conceito de

parrhesia, termo que se encontra na ultima fase do pensamento do filósofo francês Michel

Foucault. Na ocasião Foucault analisava como os sujeitos eram capazes de moldar a si mesmos

através de técnicas e exercícios, o que denominou como “o cuidado de si”. Procuro investigar se

os significados da palavra parrhesia são similares ou muito distintos daqueles que o filósofo

encontrou em sua análise de textos filosóficos gregos antigos. Em uma definição simples,

parrhesia poderia ser caracterizada como “prática do dizer a verdade”, ou “franqueza no falar”. A

palavra designava um individuo na sua relação com outro, especialmente entre uma pessoa que

possuía um status superior e outra que ocupava uma posição inferior na escala social. Utilizo

como base teórica os três últimos cursos ministrados pelo filósofo francês na Collège de France,

A hermenêutica do sujeito (1982), O governo de si e dos outros (1983) e A coragem da verdade

(1984).

Palavras-chave: Parrhesia; Michel Foucault; Evangelho de João.

MARTÍRIO E IDENTIDADE CRISTÃ EM TERTULIANO DE CARTAGO

Jair Henrique Ferreira Sueki

Licenciando em História – UEL

Orientadora: Profa. Dra. Monica Selvatici

A pesquisa que estamos iniciando gira em torno de duas problemáticas centrais: a construção da

identidade cristã em Cartago dos séculos II e III e o martírio nas considerações de Tertuliano,

bispo da cidade em questão. Em meio a uma sociedade receptiva às demais crenças, os cristãos

tendem a se aproximar e estabelecer contatos com outras religiões pagãs e o próprio judaísmo.

Vê-se assim a necessidade de se separar as práticas cristãs das demais. Tertuliano, assim como

muitos outros clérigos de seu tempo, empreende todo um esforço de “proteger” os cristãos

dessas práticas consideradas inaceitáveis para a doutrina de Cristo. Assim, dialogando com os

autores que recentemente têm se debruçado sobre o fenômeno das identidades no mundo

antigo, procuraremos em Tertuliano pistas para refletir sobre esse movimento tão importante

para a Igreja nascente que ocupou muitas horas de púlpito por parte de muitos pregadores da

antiguidade.

Palavras-chave: Tertuliano – martírio – identidade cristã.

17

O MODELO DE DISCIPULADO CRISTÃO ATRAVÉS DO MARTÍRIO ANALISADO A PARTIR

DAS CARTAS DE INÁCIO DE ANTIOQUIA

João Geraldo dos Santos

Licenciado em História – UEL

Trataremos de uma análise das sete cartas do Bispo Inácio de Antioquia confeccionadas por

volta de 110 d.C. durante o processo que culminou com seu martírio, em que o clérigo foi preso

e levado de sua cidade natal até Roma, onde, por fim, foi julgado e morto pelas autoridades

romanas. Quanto ao conteúdo das cartas, elas seguem um padrão começando pela saudação

inicial, elogio às comunidades e recomendações quanto à manutenção de uma fé “correta”, em

relação à origem a paixão, aquela que afirmava o seu status humano e divino de Jesus Cristo,

ressuscitado na sua própria carne. Os preceitos inacianos foram analisados dentro do contexto

de um cristianismo policêntrico em que cada vertente busca sua legitimação e sobrevivência na

sociedade politeísta romana. Sendo que a retórica inaciana estimula primordialmente a unidade

e a submissão da comunidade em torno da hierarquia do Bispo e seus auxiliares diáconos e

presbíteros, juntamente com a prática da caridade, mansidão frente à maioria que os cerca e o

respeito mútuo entre os membros da comunidade, como a preservação das relações

matrimoniais e educação dos filhos, visto o predomínio dessa herança judaica.

Palavras-chave: cristianismo – martírio – Inácio de Antioquia.

ANTIGUIDADE TARDIA, VIOLÊNCIA E CONFLITOS RELIGIOSOS:

UMA PERSPECTIVA HISTORIOGRÁFICA

Juliana Marques Morais

Mestranda em História Social – UEL

Orientador: Prof. Dr. Julio Cesar Magalhães de Oliveira

Os estudos sobre a violência coletiva e os conflitos religiosos na Antiguidade Tardia conheceram

nas últimas décadas um amplo desenvolvimento ligado à revalorização geral do período. Desde

os anos 1970, com efeito, os trabalhos de Peter Brown (1972) e outros têm enfatizado que as

transformações religiosas do período deveriam ser vistas de um modo mais positivo e

compreensivo do que supunham as antigas concepções sobre a decadência, a irracionalidade e

a superstição no Império Romano Tardio. Muitos desses trabalhos mais recentes sobre a

violência na Antiguidade Tardia, sobretudo aqueles que se referem aos conflitos religiosos, mais

do que analisar a violência pela violência, parecem estar mais preocupados com a busca pelo

significado de tais ações. No entanto, embora distanciando- se da visão proposta pelos

historiadores que tendem a ver o período com “decadente”, e que justificam o aumento da

violência coletiva como uma consequência da desestruturação política do império, algumas das

novas pesquisas sobre o tema também não partilham da ideia dos que, acreditando numa

“Longa Antiguidade Tardia”, tendem a esvaziar os impactos das violências coletivas para o

período. Tais abordagens não só enriqueceram o debate sobre o tema, como trouxeram à luz

novas questões sobre a maneira como compreendemos a violência no passado e no presente.

Tendo isso em vista, essa comunicação tem o objetivo de discutir as possibilidades de trabalho

18

no campo específico dos debates sobre os conflitos religiosos que se estabeleceram no Império

Romano Tardio.

Palavras-chave: Antiguidade tardia – conflitos religiosos – violência.

AMBIENTE RURAL E DIVERSIDADE DE PRÁTICAS NO CRISTIANISMO ANTIGO:

UM ESTUDO DE CASO DO LIVRO DA DIDAQUÉ

Rafael Juvenal Eugenio

Licenciado em História – UEL

O artigo tem por objetivo analisar a presença de cristãos judaizantes no documento cristão

primitivo chamado Didaqué ou Doutrina dos Doze Apóstolos do final do século I e início do II.

Entendemos por cristãos judaizantes, aqueles de origem não judaica que haviam retornado as

práticas judaicas e que pregavam para que os irmãos da comunidade também seguissem tais

práticas. Através da análise da Didaqué podemos reconstruir o contexto sócio histórico da

comunidade rural próxima de Antioquia na região da Síria em que possivelmente a Didaqué

tenha sido escrita. Ao analisarmos a relação entre a identidade cristã e a judaica, não devemos

levar em consideração a noção moderna e delimitada de identidade que conhecemos, pois no

mundo antigo as identidades são bastante fluidas e também as práticas tanto no cristianismo

como no judaísmo eram diversas, não havendo apenas uma única prática e crença à qual todos

seguiam. Essa diversidade, encontramos em outros documentos cristãos antigos, como as

cartas de Inácio de Antioquia, que revelam estruturas diferentes às da comunidade da Didaqué,

porém o mesmo “problema”, que são os judaizantes, chamados de hipócritas pela Didaqué.

Palavras-chave: Didaqué – identidade – judaizantes.

MESA 6 – Identidades e Religiosidades no Brasil (SALA 435 – CESA)

KUIÃ “IN” (RE)CONFIGURAÇÕES/ RESISTÊNCIA: TRANSFORMAÇÕES DO COMPLEXO

RELIGIOSO KAINGANG

Anderson José de Melo

Graduando em Ciências Sociais (UEL)

Tendo em vista contribuir, sem nenhuma presunção, com a temática central do seminário e de

algum modo com as discussões sobre religiões e religiosidades, contemplando os conceitos

chaves de (re)configurações, (re)significações e metamorfoses do campo do sagrado e das

instituições que contemplam tal, o presente projeto propõem através de recursos visuais,

evidenciar tais discussões a partir do discurso nativo. O vídeo Kuiã “in” (re)configurações/

resistência (em modelo curta metragem) é fruto de entrevista gravada com a Kuiã kaingang

Dna. Maria e Jesus, residente na Terra Indígena Apucaraninha, evidenciando múltiplas

inquietações/abordagens teóricas no que diz respeito, a nível macro, as novas (re)configurações

19

do sagrado como também, não menos importante, sobre as particularidades da contextualização

do complexo religioso/ cosmológico/ ritual Kaingang em tal discussão.

Palavras-chave: Religiosidades; complexo xamânico; Kaingang.

UMA ANÁLISE SOBRE A COSMOLOGIA KAINGANG PELA PERSPECTIVA DO CONTATO

INTERÉTNICO E A PARTIR DE SUAS PRÁTICAS DE MANUTENÇÃO À SAÚDE

Eduardo Tardeli de Jesus Andrade

Mestrando em Ciências Sociais – UEL

Este ensaio pretende apresentar aspectos da cosmologia dos índios Kaingang expressas

atualmente pelos habitantes da Terra Indígena (TI) Apucarana, apreendidos a partir de pesquisa

de campo e de um olhar sobre suas práticas de manutenção a saúde. Suas concepções de

saúde e enfermidade refletem diretamente sua visão de cosmos, decorrente de um processo

histórico de contato interétnico que estabelecem com outras etnias indígenas e com a sociedade

nacional. O sistema de saúde Kaingang se caracteriza por ser um sistema dinâmico, ou seja,

formado por elementos culturais não estanques e construídos de forma histórica por meio de

estratégias criativas e ações destes índios. Este sistema de saúde pode ser entendido como um

complexo formado por práticas em que estão presentes elementos culturais atribuídos ao tempo

antigo, pela presença do sistema médico oficial e pelas práticas e influências exercidas pelas

religiões dentro da TI. Diante desta pluralidade de sistemas médicos, nos interessa o como

resistem e têm sido reelaboradas suas práticas relacionadas à saúde e com isso apreender as

transformações histórico-culturais com relação à cosmologia Kaingang.

A TREZENA NA CONSAGRAÇÃO DE UM TAUMATURGO

Élen Ângela Silva

Mestranda – Unesp/Marília

Bolsista Capes

Esse trabalho apresenta parte das reflexões tecidas a partir da etnografia da festa de Santo

Antônio das Tabocas em Abaeté, na região do Alto São Francisco, em Minas Gerais. O objetivo

é pensar a identidade religiosa focando a análise no fazer festivo e na constante reatualização

da consagração de Santo Antônio e, para tanto, delinear a especificidade da devoção em pauta

através do olhar para os eventos, materiais informativos e jornalísticos, personagens e

calendário que a constitui. No Brasil, a fé não eliminou, mas antes reforçou seu parentesco com

formas mágicas e festivas, junto com a pompa no uso das rendas, dos vestidos, sedas e coroas

nos trajes, o esplendor dos fogos de artifício e dos gigantescos estandartes, as dramatizações

jocosas com muita música e dança, os suntuosos cortejos de irmandades com seus oragos e

reinados que interpretam o mundo como um drama teatral de rua, carnavalizando, em muitos

aspectos, as relações de poder eclesiásticas e do Estado recriando “sociedades de corte” ao seu

modo. Minas Gerais, dentro desse contexto, foi um dos estados brasileiros com forte presença

20

do barroco, formando desde o seu período de mineração até os dias atuais uma espécie de

“projeto social da festa”.

PENSAMENTO IMIGRANTISTA E SUAS RELAÇÕES COM A LAICIZAÇÃO DO ESTADO

BRASILEIRO

Filipe dos Santos Vieira

Mestrando em História – UEM

Ao estudar o século XIX no Brasil, podemos observar que a imigração europeia esteve presente

entre os principais assuntos discutidos pelos homens que decidiam o futuro do país, sobretudo

no Segundo Reinado. Desta forma, este trabalho analisará por meio de discursos parlamentares

e obras contemporâneas, como o clamor de intelectuais, políticos e fazendeiros do Império a

favor da imigração europeia, sobretudo protestante - vista como solução mais adequada pela

elite dirigente para substituição do trabalho escravo, já fadado ao fracasso a partir da proibição

do tráfico em 1850 - contribuiu para acelerar o processo de democratização da legislação

referente à liberdade religiosa no Brasil, que até o fim do período imperial assegurava

constitucionalmente os direitos civis e políticos apenas aos que professavam o catolicismo,

religião oficial do estado.

MEMÓRIAS DE CURA: O PAPEL DA IMAGEM RELIGIOSA NO UNIVERSO DAS

BENZEDEIRAS

Gabriela Cristina Maceda Rubert

Mestranda em História Social - UEL

Orientadora: Dra. Cláudia Eliane Parreiras Marques Martinez

Este trabalho pretende problematizar as relações entre as memórias das benzedeiras e as

imagens religiosas organizadas por elas em altares. A partir de entrevistas com senhoras

benzedeiras do município de Cambé, percebemos que a prática de construção de altares no

espaço onde são realizados os benzimentos é constante. Os significados, a simbologia e a

origem das imagens variam, por isso procuramos compreender as imagens a partir dos relatos

dessas senhoras. Para além da devoção, as imagens religiosas representam testemunhos de

histórias de cura, pois em muitos casos são presentes de pessoas benzidas em agradecimento a

benzedeira pela graça alcançada. Dessa forma, é pertinente refletir as inúmeras ressignificações

presentes nesses espaços de benzimento, relacionadas com a fé, com a cura e com o

agradecimento.

21

TOPOGRAFIA RELIGIOSA DE APUCARANA:

AS QUESTÕES IDENTITÁRIAS DURANTE OS ANOS DE 1943 A 2011

Guilherme Alves Bomba

Especializando em Religiões e Religiosidades – UEL

Orientador: Prof. Dr. Marco Antônio Neves Soares

O presente trabalho propõe a análise das relações sociais e identitárias da população da cidade

de Apucarana no norte do Paraná, diante da presença do templo católico enquanto símbolo

oficial do municipio no brasão e na bandeira. Diante disto, analisa-se aqui as construções

identitárias forjadas nas relações religiosas no espaço público laico, dando assim um caráter

normativo às práticas sociais. Utilizamos para tal, os relatos de moradores e políticos que

participaram do desenvolvimento da cidade e de suas identidades. A partir dos relatos, das

imagens e dos documentos analisados, podemos perceber o papel desempenhado pela Igreja

Católica, simbolizada em sua Catedral Nossa Senhora de Lourdes, sendo mais do que uma

igreja ou símbolo municipal, ela passou a ser local de encontro e trocas sociais, onde os

individuos mais do que simplesmente passam, eles vivem diante do monumento. Os católicos e

não católicos, estão colocados diante de um mesmo símbolo, que não deixa de ser religioso,

mas passa a ser político e também cultural. Sendo assim, podemos compreender que as

relações de trocas entre os individuos e o meio, criam e ressiginificam as relações sociais,

criando e desfazendo mitos e personagens da cidade.

O “JEJUM DE DANIEL” NO ÂMBITO DO NEOPENTECOSTALISMO:

TRANSFORMAÇÕES RECENTES DA SUBJETIVIDADE

(1977 – 2013)

Marina Fazani Manduchi

Mestranda em História Social – UEL

Orientador: Prof. Dr. Alfredo dos Santos Oliva

O presente trabalho visa analisar de que modo as subjetividades de frequentadores da Igreja

Universal do Reino de Deus são construídas. No primeiro capítulo, realizo uma trajetória

historiográfica mostrando a ascensão da história cultural, em específico, a relação conturbada

entre história cultural e o filósofo Michel Foucault. Tomo emprestadas algumas ferramentas

elaboradas por este pensador francês, entre elas, o discurso, o poder e o cuidado de si.

Empreendo um diálogo com concepções da antropologia para explicar o uso de um diário de

campo que produzi ao realizar o “Jejum de Daniel”. No segundo capítulo, exponho, baseada em

dados estatísticos, uma breve análise do campo religioso brasileiro, com ênfase nos dados do

censo do IBGE de 2010. A partir dessa visão dos fenômenos religiosos no Brasil, apresento e

contextualizo uma sucinta história da Igreja Universal do Reino de Deus. No terceiro e último

capítulo, apresento o objeto central dessa pesquisa, a campanha designada de “Jejum de

Daniel”, em que a Igreja Universal do Reino de Deus propõe aos seus fiéis que realizem um

jejum midiático durante 21 dias, ou seja, que não consumam nenhum “alimento” midiático,

exceto os produzidos pela própria Igreja, com o objetivo de serem batizados no Espírito Santo.