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IDE 2 (Nº27) 2005 1 Informações Dehonianas Boletim Informativo da Província SCJ de Moçambique EDIÇÃO REDUZIDA, Nº 27 CARTA DO PROVINCIAL “Encontraram-se a misericórdia e a fidelidade Abraçaram-se a paz e a justiça A fidelidade vai germinar da terra E a justiça descerá do Céu”. Caros confrades, Estamos ainda contemplando Cristo Jesus ressuscitado e o nosso coração vibra ao experimentar, na fé, a sua presença de Salvador. Somos enviados por Ele a continuar a formar comunidades religiosas e cristãs nas quais se respire a plenitude da paz proclamada no dia da ressurreição Temos ainda nos olhos e no coração a mensagem da manhã da Páscoa, entregue pela Maria de Magdala que procurava o Senhor junto do túmulo vazio, sem conseguir reconhecê-lo no “jardineiro”, até quando o Ressuscitado a chama por nome. Neste ano que a Igreja dedica à Eucaristia, este trecho evangélico tem uma valência particular. Nós também vivemos perto do Corpo transfigurado de Cristo, comemos dele – Pão de vida – podemos correr o risco de não O reconhecer como O Ressuscitado aquele que dá sentido e profundidade à nossa existência. É urgente escutar a sua voz que nos chama. É urgente que nos deixemos tocar pelo seu amor: porque é o seu amor que nos faz filhos de Deus e irmãos entre nós. Então descobriremos como o Ressuscitado, invisível aos nossos olhos, está VIVO no Pão e no Vinho e no rosto de cada irmão. E cada dia será Páscoa! Beatificação do Pe Leão Dehon. Adiada a data da beatificação, continuemos a preparação espiritual, a nível pessoal e comunitário. O Pe. Dehon é um dom de Cristo à sua Igreja. A nós, seus filhos, o dever de viver na Igreja e na sociedade o seu carisma de amor, reparação, oblação, rico e actualíssimo para o nosso tempo. O Pe. Dehon, homem de Mt 28,19 PDF created with pdfFactory trial version www.pdffactory.com

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IDE 2 (Nº27) 2005 1

Informações Dehonianas

Bo let im In f ormat ivo da P rov ín c i a SCJ de Moçamb ique

EDIÇÃO REDUZIDA, Nº 27

CARTA DO PROVINCIAL

“Encontraram-se a misericórdia e a fidelidade

Abraçaram-se a paz e a justiça A fidelidade vai germinar da terra

E a justiça descerá do Céu”.

Caros confrades, Estamos ainda contemplando Cristo Jesus ressuscitado e o nosso coração vibra ao experimentar, na

fé, a sua presença de Salvador. Somos enviados por Ele a continuar a formar comunidades religiosas e cristãs nas quais se respire a plenitude da paz proclamada no dia da ressurreição Temos ainda nos olhos e no coração a mensagem da manhã da Páscoa, entregue pela Maria de Magdala que procurava o Senhor junto do túmulo vazio, sem conseguir reconhecê-lo no “jardineiro”, até quando o Ressuscitado a chama por nome.

Neste ano que a Igreja dedica à Eucaristia, este trecho evangélico tem uma valência particular. Nós também vivemos perto do Corpo transfigurado de Cristo, comemos dele – Pão de vida – podemos correr o risco de não O reconhecer como O Ressuscitado aquele que dá sentido e profundidade à nossa existência. É urgente escutar a sua voz que nos chama. É urgente que nos deixemos tocar pelo seu amor: porque é o seu amor que nos faz filhos de Deus e irmãos entre nós. Então descobriremos como o Ressuscitado, invisível aos nossos olhos, está VIVO no Pão e no Vinho e no rosto de cada irmão. E cada dia será Páscoa! Beatificação do Pe Leão Dehon.

Adiada a data da beatificação, continuemos a preparação espiritual, a nível pessoal e comunitário. O Pe. Dehon é um dom de Cristo à sua Igreja. A nós, seus filhos, o dever de viver na Igreja e na sociedade o seu carisma de amor, reparação, oblação, rico e actualíssimo para o nosso tempo. O Pe. Dehon, homem de

Mt 28,19

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Deus, homem do seu tempo, apaixonado de santidade, atingida ao Coração de Cristo é profundamente fiel no coração, na vida e nos escritos à história humana e civil do seu tempo.

Simpatia e emoção acompanha a celebração deste nosso fundador ao meditar quanto bem suscitou e

suscita na Igreja e no mundo mediante os seus filhos e também mediante os da Família Dehoniana. Obras formativas, missões, edições, obras sociais ainda hoje vivem e evangelizam e nos confirmam a vitalidade do carisma que como filhos devemos sempre reavivar no dia a dia. O espírito profético e a paixão pelo Reino do Pe. Dehon animem também a nossa Província Moçambicana.

Na reunião dos Superiores ( 30\31 de Abril ) e no Conselho saiu forte a vontade de empenhar a nossa Província no campo da formação ( Noviciado e Fomento) e no campo da animação da juventude e família ( Centro juvenil de Alto Molócuè). Respirou – se, é verdade, um clima de timidez e ansiedade, pela fragilidade das nossas actuais comunidades religiosas, devido à falta de pessoal, mas, ao mesmo tempo, retomamos coragem, força e entusiasmo na possível, concreta e real colaboração com a Província Italiana em projectos que estão em movimento para ser realizados. 17 de Abril – 42º dia mundial de oração pelas vocações Vamos rezar ainda mais… Esta oração poderia entrar no livrinho dos Actos de oblação….

Jesus, Filho de Deus, no qual demora a plenitude da divindade, Tu chamas todos os baptizados a lançar-se para frente, percorrendo o caminho da santidade. Suscita no coração dos jovens, o desejo de ser no mundo de hoje, testemunhas do teu amor. Enche-os do teu Espírito de fortaleza e prudência. Salvador nosso, enviado pelo Pai a revelar o amor de misericórdia, concede à tua Igreja o dom de jovens prontos a ir ao longe, jovens que sejam manifestação da tua presença que renova e salva. Maria, Virgem Santa e Mãe do Redentor, Guia segura no caminho para Deus e o próximo, Tu que guardaste no coração as suas palavras, sustenta com a tua intercessão as famílias e as comunidades cristãs para que ajudem os adolescentes e jovens a responder generosamente à chamada do Senhor. Ámen. Unido no Coração de Jesus e na espera da Beatificação do Pe. Leão Dehon, renovo as minhas saudações

e a todos vós um abraço amigo.

Pe. Elio Greselin, Sup. Prov

Quelimane, 17 de Abril de 2005

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DA CÚRIA GERAL

COMUNICADO: A BEATIFICAÇÃO DO PE. DEHON É ADIADA

Roma, 4 de Abril de 2005 Prot. N. 144/2005 Caríssimos Irmãos e Irmãs, unimo-nos neste momento à Igreja universal que está vivendo um momento de graça no qual o mistério pascal de morte e ressurreição se torna mais perceptível na pessoa do Papa João Paulo II. Também ele, como Cristo passou pela cruz e entrou na casa do Pai.

Esta manhã recebemos a confirmação oficial de que, por motivo da sua morte, a celebração da beatificação do Pe. Dehon não será no dia 24 de Abril como estava previsto, mas numa outra data a estabelecer pelo novo Pontífice.

Muitos de vós já tinham decidido participar aqui, em Roma, nesta celebração e até já tinham feito as necessárias diligências para a hospitalidade. Convidamos a todos, na medida do possível e sem excessivos inconvenientes a desdizer tal vinda e fazer o possível para poder participar nas celebrações, na nova data, quando esta for estabelecida. Para quem já não pudesse mudar a sua vinda, a sua presença em Roma será uma oportunidade para viver de um modo especial este momento em que o Espírito guia a sua Igreja suscitando um novo Pontífice. Fazemos saber que não haverá qualquer celebração oficial, nem momentos festivos previstos pela Congregação, mas, juntos, participaremos nas eventuais celebrações da Igreja de Roma.

Para quantos estava prevista a hospitalidade a cargo da Casa Generalícia, sentimo-nos felizes em recebê-los conforme o anteriormente concordado. Só lhe pedimos que reconfirmem a própria vinda entre e não além da quinta-feira 7 de Abril. Não nos será possível garantir a hospitalidade a quem não reconfirma a sua própria vinda.

Para aqueles que entendem vir a Roma, na mesma para o 24 de Abril, quereríamos precisar que a Cúria Generalícia não pode responsabilizar-se pelos custos da sua participação nas celebrações da Beatificação, quando esta se realizar.

A comissão para a Beatificação estará sempre operante e continuará a acompanhar este tempo de preparação que de maneira imprevista se alonga, mas que nos permite um maior aprofundamento da nossa chamada à santidade, sob a inspiração do nosso Venerável Fundador. Saudámo-vos, in Corde Jesu,

Pe. José Ornelas Carvalho, scj Superior Geral

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MORTE DE JOÃO PAULO II E ELEIÇÃO DO NOVO PAPA

Roma, 7 de Abril de 2005

Prot. N. 151/2005

Aos membros da Congregação

dos Sacerdotes do Coração de Jesus Caríssimos confrades

Paz e alegria no Senhor ressuscitado, que, pelo seu Espírito, nos dá a graça de participar da sua vida!

Nestes dias, sentimos de modo muito especial o mistério da Igreja, tendo acompanhado o papa João Paulo II, na última etapa do seu ministério, selado com a entrega da sua vida nas mãos do Bom Pastor, que o colocou à frente da sua casa, ao serviço dos irmãos. No sofrimento e na morte do nosso pastor, revemo-nos, neste tempo pascal, como membros desta Igreja peregrina para o Pai, sujeita à caducidade e à fraqueza da condição humana, mas sustentada pela fiel presença do Espírito do Senhor Jesus, fonte de alegria, de esperança e de vida.

Qualquer que seja o juízo que possamos fazer, das diversas perspectivas deste longo pontificado, não podemos deixar de reconhecer em João Paulo II, um pastor que marcou a história recente, como homem de Deus, totalmente dedicado ao seu ministério eclesial, solidária e corajosamente empenhado na transformação da humanidade, pela reconciliação, a justiça e a paz. Bendito seja Deus por este seu dom à Igreja e ao mundo!

Presidindo à eucaristia em memória do papa, no Colégio Internacional, o nosso confrade, cardeal Stanisław Nagy, deixava-nos um eloquente testemunho da sua convivência pessoal de mais de 40 anos com o defunto papa: um homem de profunda oração, que contagiava aqueles que com ele contactavam; com uma piedade inspirada no Coração do Senhor, cujas ladainhas costumava recitar; e com uma atenção especial pela nossa Congregação, sobre a qual estava bem informado.

Convidamos, pois, todos os dehonianos a participar pessoal e comunitariamente no louvor, no luto e na esperança da comunidade cristã. Segundo o espírito de amor à Igreja e ao sucessor de Pedro, que herdámos do Pe. Dehon e de acordo com as normas da Congregação (cf. DG 69,6), recomendamos que em todas as nossas comunidades se celebre a eucaristia em memória do Santo Padre que o Senhor chamou a si.

Acompanhamos igualmente, em especial sintonia com toda a Igreja, o tempo de discernimento que levará à eleição do novo sucessor de Pedro. Como a Igreja apostólica, reunida com Maria no cenáculo, queremos perseverar na oração, invocando o dom do Espírito, para que guie os cardeais eleitores − entre os quais se encontra o nosso confrade, cardeal Eusébio Oscar Scheid − para que, através deles, Deus conceda à Igreja um pastor segundo o seu Coração.

Recomendamos, por isso, que, até à eleição do novo papa, se faça especificamente a invocação do Espírito Santo, por esta intenção, na oração comunitária e que vivamos pessoalmente em solidariedade orante este momento de graça eclesial que Deus nos concede.

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Que estes acontecimentos, que vieram adiar a programada beatificação do Pe. Dehon, sejam ocasião de um renovado empenho em aprofundar e viver a herança espiritual do nosso Fundador, tão marcada pelo amor à Igreja e pela participação activa na sua vida.

Fraternalmente unidos a todos vós, no Coração do Senhor, P. José Ornelas Carvalho, scj Superior Geral e seu Conselho

O ÚLTIMO “ANGELUS”, PROCLAMADO DO CÉU

“Meus queridos irmãos e irmãs!

1. Ressoa, também hoje, o alegre Aleluia da Páscoa. A passagem do Evangelho de João, que lemos na missa deste domingo, sublinha que o Ressuscitado, na noite do dia de hoje, apareceu aos Apóstolos e ‘lhes mostrou as mãos e o lado’ (Jo. 20,20), ou seja, Jesus mostrou-lhes os sinais da dolorosa paixão, impressos de maneira indelével em seu corpo, também depois da Ressurreição.

Aquelas chagas gloriosas, que oito dias depois o incrédulo Tomé teve que tocar (Jesus o convidou a tocar), revelam a misericórdia de Deus que “tanto amou o mundo que lhe deu o Filho Único” (Jo 3,16). Este mistério de amor está no coração da liturgia de hoje, o Domingo Branco (Dominica in albis), dedicado ao culto da Divina Misericórdia.

2. À humanidade que, em certas ocasiões, parece como que perdida e dominada pelo poder do mal, do egoísmo e do medo, o Senhor Ressuscitado oferece, como dom, seu amor que perdoa, reconcilia e volta a abrir o espírito à esperança. É o amor que converte os corações e dá a paz. Quanta necessidade tem o mundo de compreender e acolher a Divina Misericórdia!

3. A Solenidade litúrgica da Anunciação, que celebraremos amanhã, leva-nos a contemplar com os olhos de Maria o imenso mistério deste amor misericordioso que surge do Coração de Cristo. Com sua ajuda, podemos compreender o autêntico sentido da alegria pascal, que se funda nesta certeza: Aquele que a Virgem levou em seu seio, que sofreu e morreu por nós, ressuscitou verdadeiramente. Aleluia!”.

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NOTÍCIAS DA PROVÍNCIA___________

E N C O N T R O D O S S U P E R IO R E S

30-31 M A R Ç O 200 5

ACTAS

PRIMEIRO DIA

Com a invocação do Espírito Santo e de Maria, às 8 horas deu-se inicio aos trabalhos da reunião. O primeiro ponto da agenda foi a informação sobre as obras de noviciado-enfirmaria e casa de pastoral vocacional de Molócuè. O padre Onorio Matti, depois de ter dado as informações sobre os gastos feitos até hoje e o que falta para concluir a obra, sublinhou que a obra envolve a vida da Província, a nossa vocação e identidade em Moçambique. Apesar das mudanças que se possam registar, as obras estão ligadas a uma identidade dehoniana, que visam a «plantatio» da vida religiosa dehoniana, respondendo aos desafios de hoje.

Em relação às duas obras, foi posto a disposição o material ilustrativo de fotografias e desenhos que ajudaram a ver a prospecção do inteiro projecto.

A nova disposição dos edifícios do

noviciado quer responder à exigência de criar um ambiente unitário que ajude a formação. O edifício conta com 32 quartos. Os trabalhos iniciaram no ano 2003 em sistema de auto gestão para reduzir as despesas. São 23 trabalhadores envolvidos na obra. Em modo geral são dedicados e de competência média. Houve uma certa lentidão nos trabalhos por causa da divergência de orientações, alguns erros por corrigir e por fim, o atraso da chegada de

algum material. A verdade é que o trabalho é vasto. Há o desejo de acabar os trabalhos para o fim do ano.

As despesas económicas da obra foram

disponibilizadas pela IS e pelo fundo FAG tendo sido já aplicados quatro quintos. O resto já seria suficiente para concluir a obra, sem falar dos acabamentos e do recheio interno.

Os trabalhos de Molócuè foram

financiados, em parte, pelo senhor Baccega e o grupo de Trebaseleghe; outra parte pela nossa Província, fruto de benfeitores. Os trabalhos estão a correr bem com doze trabalhadores que recebem como os do Gurúè. Em Agosto chegarão voluntários que farão a instalação eléctrica e hidráulica. NOVIDADES DAS COMUNIDADES

Nampula

A comunidade é constituída por dois membros. Tem Missa diária na igreja paroquial, na parte da tarde. Pe. Emílio é pároco e secretário do Arcebispo dom Tomé. O Pe. Augusto é professor de francês no seminário diocesano. A paróquia conta com mais três comunidade que são assistidas com celebrações e cursos de formação. A antiga capela passou a ser centro de aconselhamento para os doentes de sida. O

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trabalho é feito em colaboração com as irmãs carmelitas. Gilé

O ambiente comunitário é positivo. A comunidade é de três membros, o Pe. Vittorino Biasiolli, por motivos de saúde retirar-se-á por um período na Itália. Nestes últimos meses chegaram 3 irmãs e uma noviça em experiência pos-novicial, de São João Baptista. Uma destas trabalha na pastoral directa, outra na educação, outra na saúde. O trabalho principal é o da formação, feita nos centros pastorais, que depois é difundida pelos animadores. Este trabalho de formação dos ministérios, é estendido também à missão de Molócuè. Molócuè

A composição de Molócuè é de dois

membros, os quais fazem uma pastoral conjunta com a equipa do Gilé. O Pe. Nunzio Leali acompanha os trabalhos pontuais da construção do centro juvenil de Molócuè. Os irmãos de Nivava colaboram na pastoral assim como os monges de Rurupi. Noviciado

O noviciado contava no início do ano com 14 membros: três padres, cinco postulantes e sete noviços. O P. José Alfredo Roubo deixa a comunidade do Noviciado, para participar no curso de formação para formadores, organizado pelo Directivo Geral, em Roma. Ultimamente saíram também dois noviços. O programa diário é típico do ritmo do noviciado. Para além das palestras, há reuniões comunitárias e retiros. A comunidade ajuda na pastoral da missão de Nawela. Milevane

São cinco membros inclusos os dois estagiários brasileiros, recentemente chegados. Há uma boa harmonia comunitária; o Provincial da BM, Pe. Osnildo Klann, na sua recente visita, teve uma impressão muito positiva. A hospitalidade, em Milevane, continua ser ponto de força e procurada cada vez mais, até, incluindo convites feitos para dirigir retiros. Uma dificuldade

com que se debate é de não conseguir com facilidade gerir a vasta machamba que a casa tem. A comunidade tem a ideia de recuperar a secretaria da missão e as antigas escolas. Em cada domingo, são visitadas cinco comunidades. As contribuições das comunidades para a Diocese são muito baixas. Gurúè

A comunidade religiosa é de quatro

membros. O Pe. José Ruffini dá aulas de matemática e se encontra muito empenhado e disponível para a repetição de quem esteja em necessidade. A escola conta também com a presença de duas voluntárias italianas e do Pe. Paulo, diocesano de Nampula, o qual ensina Português e partilha a vida da comunidade. Casa Coração de Jesus

A comunidade é composta por três padres e trinta oito estudantes, dos quais 13 no terceiro ano, 16 no segundo e 9 no primeiro. O clima é sereno e de boa colaboração. A Vida corre normalmente com uma abertura de comunicação recíproca. Na pastoral há colaboração com a paróquia da Sagrada Família e com a Catedral. Centro Dehoniano

A casa provincial conta com quatro padres e com o Ir. Basílio estagiário, o qual se dedica ao atendimento dos pobres, em colaboração com o Pe. Gabriel e o Sr. Marcos. Em Quelimane a questão dos pedidos dos pobres está nos últimos anos a merecer atenção por parte da CIRM-CONFEREMO da diocese de Quelimane, a qual decidiu criar uma comissão para coordenar a ajuda aos pobres. O novo pároco, Pe. Arcanjo, tem vindo a pedir colaboração na acção pastoral. O Pe. Domingos Marcato continua com a formação do grupo da Família do Coração de Jesus. A comunidade está disponível em responder ao pedido de acompanhamento espiritual dos voluntários empenhados nos Projecto SIDA. Padre dehonianos – Fomento

A comunidade é actualmente composta por nove membros, três padre e seis estudantes. Um

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estudante do primeiro ano pediu para fazer uma experiência fora da comunidade: o seu pedido foi aceite pelo Directivo Provincial. A comunidade colabora na catequese da paróquia do Fomento e na comunidade de St. Isabel. A vida da casa procede normalmente com uma visão positiva do seu andamento. O estudo e a formação são a sua actividade principal. Há fidelidade na liturgia das horas, nos retiros, conselhos de família, e encontros de formação. Os padres estão empenhados no seminário médio e ISSMA, como professores, para além das missas nas comunidades religiosas circunvizinhas. Casa Padre Dehon

É uma comunidade de dois membros. Vida litúrgica normal. Em Julho chegará o Pe. Giuseppe Meloni que leccionará no Pio X semestralmente. O padre Francisco Bellini quatro vezes por semana celebra nas comunidades vizinhas. O P. Bellini colabora na CIRM-CONFEREMO, assim como na comunidade do aeroporto, junto aos padres da Boa Nova. INFORMAÇÕES DO P. PROVINCIAL

Participarão como representantes da Província MZ, nas celebrações da Beatificação do Pe. Dehon, os padres Bellini, Toller, Claudino da Piedade, Marcos Lázaro e José Roubo. A nossa Província, por esta ocasião preparou camisolas, opúsculos, e fotografias. Cabe a nós determinar os critérios de distribuição e uso deste material. Foi decidido que todo este material deve ser distribuído gratuitamente, nas paróquias e missões, para favorecer o conhecimento do Pe. Dehon.

O programa em Roma terá a seguinte

agenda: dia 23 Adoração na igreja de Cristo Rei, dia 24 Beatificação, e dia 25 Missa de agradecimento no Cristo Rei. Aqui em Moçambique, celebrar-se-á a missa festiva no domingo, dia 24 de Abril.

Os projectos Marrere e Molócuè, na necessidade de mais clareza, pedem de nós a procura de novas modalidade de resposta em colaboração com a Província IS e os leigos.

A PMO (Projecto Moçambique Onlus) está a procura dum lugar para construir uma casa para acolher os voluntários e pedem uma parte do terreno da nossa propriedade, atrás da Casa

Provincial. Numa troca de opiniões, os participantes manifestaram o parecer positivo.

Em Angola abriu-se uma nova missão em

Luau no dia 14 de Março com uma comunidade composta por dois padres portugueses. Na cerimónia de abertura estava presente o Pe. Provincial LU, Pe. Manuel Barbosa.

O P. Luís Sabini, obrigado pelo seu estado actual de saúde, pensa em ficar na Itália.

O Pe. Marcos Paulo Lázaro e o Ir. Artur Duarte enviaram notícias. Estão contentes e bem dispostos. O Ir. Carlitos Miguel, na Africa do Sul, defronta-se com problemas de saúde.

O P. Claudino da Piedade continua residente na comunidade de Cristo Rei em Roma, enquanto participa nos cursos sobre a Vida Religiosa, no Claretianum. RESPOSTAS DO QUESTIONARIO SOBRE AS OBRAS

As respostas das comunidades sobre a validade da finalidade das obras do Gurue e Molócuè resultaram unânimes para que permaneçam os objectivos iniciais: Gurue é casa do Noviciado e lugar da enfermaria provincial. Molócuè é casa da equipa missionária e centro de animação juvenil e vocacional.

Para a questão do noviciado antes ou

depois da filosofia, as comunidades responderam duma forma mais diversificada, porém a decisão final foi de continuar no caminho que estamos a seguir até agora. Nesta maneira nos integramos na linha das outras Províncias SCJ de África e Madagáscar.

Sobre a obra de Molócuè, uma vez estabelecidos os objectivos, os padres que irão fazer parte da comunidade, escutando os vários organismos da pastoral da Missão e da paróquia da vila, poderão pôr em comum um projecto geral da obra, sem cair na facilidade de transformá-la num lar para estudantes.

SEGUNDO DIA

O segundo dia começou com a leitura das actas do dia anterior. A seguir o Pe. Lázaro Ernesto deu as informações sobre a reunião dos formadores

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que teve lugar nos Camarões (Ngoya) do dia 16 a 18 de Fevereiro de 2005. Participaram nesta reunião formadores que trabalham nos escolasticados da África e Madagáscar. Este encontro tinha como finalidade a de harmonizar os projectos formativos das diferentes casas de formação de África e Madagáscar e também, de partilhar certas preocupações e metodologias para a formação dos candidatos à vida religiosa. No princípio fez-se uma partilha de diversas experiências das diferentes casas de formação. Ao longo da partilha foram levantados os pontos problemáticos, os quais foram a base dos debates. Em seguida discutiu-se também sobre diferentes temas (ver o anexo n.1) ENCONTRO DA COMISSÃO GERAL DA FINANÇAS E DOS ECÓNOMOS DA AFRICA

O encontro teve lugar na África do Sul do dia 28 de Abril até 2 Março de 2005 (ver anexo n.2). BALANCETE DA MZ

Na parte da tarde o Pe. Ezio Toller, ao pedido do Pe. Bellini, Ecónomo Provincial,

apresentou o balancete geral da Província que vai ser enviado à Roma. O balancete é acompanhado por algumas notas explicativas. ASSEMBLEIA PROVINCIAL

A próxima Assembleia Provincial, realizar-se-á nos dias 22-24 de Junho, em Milevane (chegada no dia 21). O Pe. Dehon e a Eucaristia será o tema de reflexão apresentado pelo Pe. Giuseppe Meloni, assim como haverá um retiro no inicio. Nesta mesma assembleia serão apresentadas as respostas do questionário mandado pela Cúria, em preparação da VII Conferência Geral que se realizará na Polónia no mês de Maio de 2006 sobre o tema: “Dehonianos em Missão ad gentes”. Ao terminar, o Pe. Provincial agradeceu a boa participação e colaboração de todos.

Pe. Luís Lázaro Ernesto e Pe. Carlos Lobo Secretários

Anexo Nº 1

REUNIAO DOS FORMADORES SCJ

DE AFRICA E MADAGASCAR

Camarões 16-18 de Fevereiro de 2005

Do dia 16-18 de Fevereiro, a Ngoya, Yaoundé realizou-se uma reunião dos formadores SCJ que trabalham nos escolasticados da Africa e Madagáscar. Estiveram presentes:

P. Cláudio Dalla Zuanna , Conselheiro Geral, encarregado de Africa. P. António Panteghini, Superior Provincial CM P. André Conrath, Superior do Escolasticado de Ngoya –Cameroun P.David Tachago, Mestre dos noviços - Cameroun P. Huisken Alphonse , Superior do seminário propedêutico-Cameroun P.Kuchta Francois , Superior de Lemba – Kinshasa RDC P. Buss Mateus, Superior da Casa Dehon de Kisangani RDC P. Lingwengwe Albert, Mestre dos noviços - RDC P. Musialek Adam, Superior de Dehon House de Scotsville Africa do sul P. Surdel Piot Mestre de noviços em Africa dos Sul P. Capoferri Sandro, formador de Dehon House de Scotsville Africa do Sul

P. Fernandes Coutinho Pedro, Formador da casa Sacré-Coeur , Antananarivo-Madagascar P. Luís Lázaro Ernesto, formador no escolasticado padres dehonianos – Matola Moçambique.

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Serviram de moderador e secretário deste encontro os padres André Conranth e padre António Panteghini respectivamente.

Este encontro tinha por finalidade de harmonizar os projectos comunitários de diferentes casas de formação SCJ da Africa e partilhar certas preocupações e metodologias para a formação dos candidatos a vida religiosa. No principio fez se uma partilha das diversas experiências de vida de cada casa de formação. Ao longo da partilha fomos levantando os pontos problemáticos que pediam uma discussão e partilha de ideias. Em seguida discutimos sobre diferentes temas. Sem entrar nos detalhes das discussões, eis as conclusões de cada ponto. ARGUMENTOS TRATADOS

1. Os ministérios O tema foi longamente debatido e concluiu-se o seguinte: o leitorado será dado no fim do primeiro

ou segundo ano de teologia. O acolitado no ano seguinte. O diaconato será dado depois dos estudos de teologia, quando cada um voltar à sua Província de origem.

2. O dinheiro do bolso Depois de ouvir diversas ideias concluiu-se o seguinte: cada província ou comunidade formativa

encontrará a modalidade de dar a cada jovem em formação aquilo que é necessário para as suas pequenas despesas, tendo em conta o contexto social em que a casa se encontra. Este acto deve ser feito num clima de família e de partilha. E os jovens devem ter claro que isto não é um salário, nem é um direito. Por outra, este dinheiro não é finalizado para fazer projectos pessoais nem fazer ajudas exteriores. Portanto este dinheiro deve ser utilizado com responsabilidade e deve-se dar a prestação de contas detalhada.

3.Hospitalidade e visitas Geralmente, nas nossas casas de formação as visitas são feitas nos domingos.

3. O trabalho manual Mesmo se os estudos são o principal dever nas nossos casas de formação, os jovens devem participar

na manutenção e limpeza das suas casas de formação. Este trabalho ajuda a diminuir as despesas. Por isso deve ser feita uma distribuição de trabalhos para cada um. E cada comunidade encontrará um dia cada semana para fazer o trabalho comunitário. Durante as férias serão programados trabalhos ou estágios. A disponibilidade no trabalho é muito importante para manifestar o amor a sua casa de formação, a comunidade e a congregação.

5 O uso de Mass-Media É preciso formar os nossos jovens a bom uso de Mass-Media, para terem um uso responsável

segundo o dever e o nível de formação para tal uso. A norma geral é o uso comunitário. E a origem destes objectos deve ser bem esclarecida. Na compra dos objectos de Mass-Media é preciso ter sempre em conta o custo, o uso, a necessidade e a sua eficácia pastoral. E estes meios não devem nunca impedir a vida comunitária, o clima de silêncio e de estudos necessários numa casa de formação. Cada comunidade se dará algumas regras para o uso dos mesmos.

6 O estágio Sobre o estágio as ideias não foram unânimes. As Províncias que o fazem deram as seguintes

motivações:

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Congo: depois da filosofia os religiosos farão um ano de estagio com a finalidade de enriquecer a experiência humana e de vida religiosa; e oferecer uma primeira ocasião para exercer uma actividade pastoral de uma maneira seguida antes de um compromisso definitivo da profissão perpetua e do sacerdócio. Este período dará ao jovem uma ocasião de assumir segundo as suas possibilidades e preparação, empenhos específicos e missionários.

Madagáscar: O Estagio ajuda o jovem religioso e futuro padre em três objectivos principais: • Verificar pessoalmente as aptidões práticas da sua vida dehoniana. • Aplicar concretamente, no novo meio, a formação recebida • Fazer uma síntese vital entre actividades educativas e pastorais e os valores da vocação.

O estágio dá a Congregação a possibilidade de verificar nos jovens confrades: • O grau da compreensão da vida religiosa; a pertença efectiva à congregação • A aceitação sincera do carisma dehoniano, a escolha efectiva da castidade consagrada, • A vivência da pobreza, a docilidade a obediência, a estrutura pessoal e autónoma de vida de oração,

a compreensão do sentido da oblação e a capacidade de a viver, a capacidade de colaborar com os irmãos na comunidade, a capacidade activa de colaborar com todos (superiores e confrades). Moçambique: O estágio ajuda os jovens a esclarecer ainda mais as motivações da sua vocação,

ajuda o jovem a fazer uma experiência de vida comunitária, que é diferente daquela de casa de formação. E ainda, ele permite verificar na vida real aquilo que o jovem aprendeu e assimilou. Põe o jovem em contacto com o meio e ao mesmo tempo permite aos formadores de conhecer melhor os jovens. Camarões e Africa do Sul: ainda não têm no seu curriculum de formação o estágio, porém o assunto está em discussão.

7. Filosofia antes ou depois do noviciado O problema foi colocado por Moçambique e Congo por várias razoes, mas por enquanto não foi

tomada nenhuma decisão. Pois, se assim acontecer, criará alguns problemas organizacionais que influem na colaboração formativa entre Congo e Camarões.

8 Férias Cada província organiza as ferias para os seus estudantes segundo as possibilidades dos diferentes

países. Aqueles que fazem os seus estudos no estrangeiro, normalmente não voltam de férias ao país durante todos os estudos.

9. Acompanhamento espiritual O acompanhador espiritual deve ser de preferência um SCJ. Mas existe a possibilidade de escolher

uma pessoa de outra Congregação. Neste caso o formador ou o superior perguntará ao jovem quem é o seu acompanhador e se é fiel aos encontros. O juízo do acompanhador deve ser escrito no pedido de cada etapa formativa (votos, ministérios etc).

10. A oração Todos os formadores constatam que a oração comunitária não é problema. Em cada comunidade ela

é bem feita e cuidada. Certas comunidades fazem lectio divina. O problema está ao nível de oração pessoal. A impressão geral é que este tipo de oração não foi suficientemente assimilado. Os nossos jovens nos têm o hábito de fazer uma oração pessoal. Este ponto deve ser bem trabalhado. O risco é que a oração seja feita só quando está no horário; quando o horário desaparece, desaparece também a oração. O compromisso pessoal neste ponto é muito importante para a perseverança na vida religiosa. Se um irmão não tem um ritmo de oração pessoal não vai longe.

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11 Os testes psicológicos Eles são utilizados de maneiras diferentes nas nossas Províncias. Alguns fazem-nos no princípio da

formação. Outras Províncias não os fazem. Todavia o teste psicológico permanece como um instrumento que pode ajudar o jovem a conhecer melhor a sua personalidade, capacidades e potencialidades, assim como também ajuda o formador a conhecer e trabalhar melhor com o candidato.

12. Orientação no fim dos estudos Durante os últimos anos de estudos é bom fazer um dialogo com o jovem religioso para preparar a

sua inserção no ministério dos trabalhos da província.

13. O Escolasticado Internacional da Africa do Sul É uma casa de formação da Congregação, que tem por finalidade dar aos confrades jovens africanos

a ocasião de fazer uma vida comum, de se conhecerem e prepararem uma colaboração para o futuro. O projecto é de ter dois pólos em África: um em África do Sul de língua inglesa, o outro em Ngoya de língua francesa. Por isso Ngoya espera acolher estudantes que vêm de outras províncias e regiões. A globalização é uma realidade que se impõe e o futuro chama a trabalhar em comum. Os anos de estudos partilhados juntos por estudantes de diferentes países permitirão esta colaboração.

14 Relação com a família A relação com a família é muito importante. Antes de ser de um País, somos de uma família. Mas o

religioso deve-se desapegar da família para ser livre na sua escolha religiosa. E para se libertar (nos Bamilekés) – segundo o Pe. Armand Fessi, o orador do dia –, é preciso fazer um rito que liberta o religioso da família. Pois, depois do rito, ele não será muito importunado com a família pelas necessidades da família. Sem esta libertação, a família estará sempre lá a pedir ajuda. Um religioso não deve ficar dependente da família: deve estar livre para viver as decisões da comunidade.

Porém esta libertação não elimina a sensibilidade familiar do religioso, mas sim ajuda a formar

novas laços com a família do religioso. E, em casos de necessidade, a comunidade pode intervir com liberdade para ajudar a família do religioso. Será a comunidade ou a província que determinará a ajuda a dar à família do confrade segundo a situação. E um confrade encarregado pela comunidade ou pela província fará chegar a ajuda. Enquanto que o religioso deverá evitar fazer-se de «Pai – Natal» na sua família.

OS IRMÃOS COOPERADORES O segundo tema do encontro foi o dos irmãos cooperadores. Os Irmãos das Escolas Cristas e o Pe.

Armand Fessi Superior Regional dos Espiritanos, nos falaram deste assunto em perspectivas diferentes. Os Irmãos das Escolas Cristas sublinharam a dificuldade de aceitação da vocação dos irmãos na cultura africana. Neste ambiente o irmão é confrontado continuamente com a pergunta: “porque tu não és padre”? Por isso é preciso ter uma boa base de fé para sobreviver e continuar com entusiasmo a caminhada religiosa. Apesar disso, a identidade do irmão é clara nas Congregações Laicais. Se a pessoa fez bem a sua escolha vocacional será feliz na sua vida, na sua consagração e no seu serviço a igreja. Por outro lado, os Irmãos das Escolas Cristas sublinharam que existe uma grande dificuldade de identificação dos irmãos nas Congregações Clericais. Porque corre-se com muita frequência de fazer dos irmãos pessoas de segunda categoria, marginalizados pelos padres.

O padre Armand Fessi pôs bem em evidência este problema a partir da experiência da sua Congregação Missionaria e Clerical, que tem também irmãos. Disse ele que a experiência de irmãos africanos não foi bem sucedida na sua Congregação. Pois o ambiente não favorece a compreensão da finalidade da Vida Consagrada. Em África quase toda a atenção é virada para o sacerdócio, por causa dos serviços ligados a esse ministério. O irmão se sente inútil, frustrado, porque muitas vezes lhe são pedidos serviços técnicos nos quais ele não foi preparado. Segundo o Pe. Fessi, é preciso elevar o nível de formação

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técnica dos irmãos, para que eles encontrem satisfação naquilo que eles fazem. Por outro lado, parece que, se eles não estão a vontade, põem toda a comunidade em dificuldade. Em todo o caso, o irmão se sentirá mal, se ele não tiver a fé na base da sua escolha religiosa. O ambiente, em que nos encontramos, favorece o sacerdócio e não valoriza a vida religiosa. E a vida dos irmãos permanece sempre como dificuldade numa Congregação Clerical, mas ao mesmo tempos nós não podemos fechar as portas, porque seria perder a ocasião de pôr em evidência o valor da Vida Consagrada como tal. Em Africa o perigo está em considerar a Vida Religiosa como uma situação de passagem ao ministério mais eficaz, sem pôr em evidência o valor que a Vida Religiosa tem de testemunhar na Igreja e na sociedade. A reunião decorreu num clima de grande cordialidade, num ambiente muito acolhedor da casa “Maison Jean Dehon” de Ngoya.

Pe. Luís Lázaro Ernesto

Anexo Nº 2

SINTESE DO ENCONTRO DA COMISSÃO

GERAL DAS FINANÇAS E DOS ECÓNOMOS DA ÁFRICA

(28.2 05 até 2.3.05)

PARTICIPANTES: Pe. Cláudio Dalla Zuanna (Conselheiro Geral); Pe. Aquilino Mielgo (Ecónomo Geral) Pe. Sérgio Henkemeier (GFC); Pe. Heinz Westendorf (GFC) Diácono David Nagel (GFC); Pe. Francesco Bellini e Pe. Ezio Toller (MZ) Pe. Giovanni Pross (CO); Pe. Luís Ernesto (MAD) Pe. Stanislaw Wawro (CM); Pe. Benno Hansel (AM); Pe. Marek Przybys (Provincial AM); Pe. Alessandro Capoferri (MZ – tradutor e secretario) Pe. Zolile Mpambani (AM – tradutor).

O programa do encontro era este:

• Assuntos económicos da Comissão Geral das Finanças • Orientações do Ecónomo Geral sobre: economia da Congregação, plano trienal nas Províncias e

Comunidades, programa informático para os balanços. • Comunicações das Províncias – Reg. da África: AM, CM, CO, MZ, MAD • Comunidade internacional de formação na África do Sul: propriedade de Hilton e actual residência

em Pietermaritzburg. • Gestão dos fundos e investimentos. • Curso para ecónomos: Julho 2005 em Salamanca.

Pontos mais importantes:

1. Orientações do Ecónomo Geral Ele apresentou as ideias-base para a economia da Congregação, contidas no ponto 2.8. da Carta Programática do Conselho Geral: - partilha das pessoas e dos bens a nível de Congregação;

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- programação da Caixa Comum nas Províncias; - plano trienal para os pedidos ao FAG e para os projectos a nível geral da Congregação. Necessidade de implementar uma forma comunitária de: plano, gestão, verificação dos bens económicos da Congregação. Necessidade da autonomia económica das Províncias e Comunidades. Convite para uma partilha livre e fraterna para as necessidades da Congregação: oferecer 1% da disponibilidade financeira de cada Província. Desafio do momento: além dos campos da formação e da pastoral, é preciso uma preparação específica no campo da economia, como séria procura de pessoas e de bens para as obras da Congregação. Necessidade de aprender a preparar o orçamento anual comunitário, dentro das possibilidades e receitas de cada comunidade: não só exigir da comunidade, mas viver na coresponsabilidade.

2. Comunicações das Províncias: situação económica de cada Província AM: depósito nos USA e na Alemanha. Receitas na AM: pequenas contribuições das Dioceses, algumas reformas, alguns juros bancários… entradas insuficientes. CM: os custos principais são para a formação. As receitas locais são muito limitadas: ministério, vencimentos, hospedagem, criação, rendas. Os fundos de investimentos estão na França e na Itália; foi comprado um grande terreno nos Camarões. MAD: a comissão económica da Região, constituída por todos os ecónomos, examina os orçamentos anuais das comunidades e os balanços finais. Há depósitos em Portugal e Itália e Madagáscar. Receitas: juros de depósitos bancários; contribuição anual da Itália. Há uma universidade SCJ como obra autónoma com 650 alunos em 6 faculdades. CO: fundos na Suiça, em Bruxelas, em USA e Holanda. Tentam chegar à caixa comum. Receitas: intenções de Missas da Europa e dos USA; FAG, juros bancários, acolhimento-pensão com regime de Bed and Breakfast. Custos: formação (90 jovens), construções, apoio à Igreja de Kisangani. MZ: 1974 inicia a caixa comum e tem uma função positiva: coresponsabilidade e partilha. Fundo de rendimento no IOR. Centro Polivalente com administração autónoma. Caixa de solidariedade constituída por 3% dos gastos anuais gerais. Pergunta ao Ecónomo Geral: qual a percentagem a nosso favor nos projectos? O Ecónomo indica como normal 10-12%. Observações do Ecónomo Geral aos relatórios: Ø Caixa Comum: positivo exemplo de MZ e necessária para todas as Províncias. Ø Autonomia financeira das Províncias: missas, benfeitores, hospitalidade, rendas, colégios e escolas,

criação, horta, venda de produtos. Ø Formação dos ecónomos: uma formação permanente por meio de: comissão económica formadas

pelos ecónomos, reuniões frequentes, discussão comunitária dos temas.

3. A casa de formação na AM Dezembro 2003: compra da quinta de 24 hectares de Hilton: 270.000 D USA (investimento bom, valor actual 460.000 D USA). Contribuintes: Cúria SCJ 100.000; MZ: 40.000; CM: 20.000; AM: 113.000. Dezembro 2004: compra de uma grande propriedade em Pietermaritzburg: 750.000 D USA: já pagos 403.000 D USA; contribuintes: MZ: 125.000; CO: 125.000; CM: 125.000; MAD: 5.000; AM: 23.000.

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Por pagar 347.000 D USA mais as taxas = 400.000 D USA. Tudo a cargo da AM, ficando com a propriedade de Hilton, revalorizada (depois de longa discussão…).

4. Orientações para o orçamento trienal (para ser enviado ao Ecónomo Geral O Ecónomo Geral falou da necessidade do orçamento trienal por cada Província, sublinhando o sentido de corresponsabilidade, solidariedade, escolhas partilhadas e escolhas prioritárias; evitar improvisações. O esquema a seguir é o esquema do balancete anual da Província onde se deve realçar: projectos novos, prioridade dos projectos, troca de ajudas entre Províncias e pedidos ao FAG. O orçamento anual é feito na base do último balancete, prevendo receitas e custos conforme os projectos a realizar. Os projectos serão avaliados e poderão ser mandados atrás para melhor estudo e preparação.

5. Gestão de fundos e investimentos (“patrimonium” das Províncias) A Cúria Geral administra fundos próprios e de algumas Províncias. Lugares: USA, Suiça, IOR. Os técnicos das finanças são conhecidos pelo Ecónomo Provincial USA. Na Suiça os fundos são administrados por uma sociedade de investimentos no contexto da KKS, fundação iniciada em 1953. A movimentação destes fundos depende do parecer de: GFC (Comissão Financeira Geral), DG (licença do Directivo Geral), Províncias proprietárias. Os depósitos no IOR são úteis porque facilitam a transferência de dinheiro para as Províncias. Constatações económicas: os investimentos por OBLIGAÇÕES são seguros e de baixo rendimento: 3%. O investimento por ACÇÕES são muito variáveis, porém no prazo de 10 anos há sempre um rendimento médio de 6%. O máximo do depósito a risco em ACÇÕES é 35% do total. Preferência para acções de grandes firmas, porque é mais fácil depois vendê-las. Diversificar os investimentos: diferentes lugares e diferentes moedas. Exemplos: MAD: IOR e Portugal (Ecónomo Provincial) CM: USA (formação), França e compra – terreno nos Camarões. CO: Ecónomo Geral e Bruxelas. MZ: Tudo IOR (Confrade de IS) AM: USA e Alemanha (Ecónomos Provinciais e técnicos). Quelimane aos 30.03.2005

Pe. Bellini Francesco Ecónomo Provincial

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PÁRA… REFLECTE…

À BUSCA DUMA AUTONOMIA ECONÓMICA PARA NOSSA PROVÍNCÍA MZ

(Conferência dada pelo Pe. Damião Nunes no último encontro dos jovens religiosos moçambicanos)

Não há dúvidas que nas nossas vidas de CONSAGRADOS DEHONIANOS, para subsistir a nossa

vocação, torna-se necessária uma organização da nossa vida, segundo uma escala de valores. Somos seres espirituais - "filhos da luz" - como diz São Paulo, logo a primazia na nossa vida é a do espírito. Sim, podemos afirmar sem delongas e justificativas que no nosso caso o espírito é mais importante que a matéria, a alma que o corpo... Dizer isso não é desvalorizar a materialidade, é sim, pura e simplesmente reconhecer que a matéria está no segundo lugar.

Feita essa primeira observação, podemos começar com o nosso tema de hoje que é uma reflexão, sobre os meios, as estratégias e os modos para se conseguir alcançar uma verdadeira AUTONOMIA ECONÔMICA-FINANCEIRA na nossa província dehoniana MZ. Dizer verdadeira autonomia não é o mesmo que dizer autonomia absoluta, a qual pode parecer até antí-cristã, no sentido de querer ser financeiramente auto-suficiente e não precisar de ninguém. Não, não é isso que queremos para nossa vida religiosa, pois ela é confiança na Providência de Deus, é partilha, doação. Na Igreja, dizia Paulo VI, referindo-se à ajuda missionária que deve haver entre as mais diversas comunidades cristãs “ ... é impossível que alguém seja tão pobre que não tenha nada para dar, ou tão rico que não tenha nada por receber...". Essa lógica da partilha é a mesma que buscamos ao falar de Economia na nossa vida religiosa.

O que seria então esta autonomia econômica-financeira? Seria, penso, a capacidade própria ("nossa”) de adquirir recursos financeiros, fontes de renda e administração destes, através de pessoal nosso, para tudo aquilo que ordinariamente necessitamos em todo o conjunto da nossa vida física, religiosa e pastoral. É interessante notar que a nossa autonomia, numa primeira fase, visa os gastos ordinários apenas; se vamos criar projectos, ou quaisquer outras coisas que saem do "ordinário", aqui entrará a ajuda que vamos pedir. Porém, para sermos autónomos não deveríamos pedir para cobrir "gastos ordinários" (alimentação, saúde, transporte, pastoral ... ). E aqui começamos a ver o quanto é simples, e no mesmo tempo profundo, este tema da AUTONOMIA, como abrange toda a nossa vida religiosa, os nossos votos, as opções e estilo de vida.

Esta coisa da economia, não se resolve só criando empresas, indústrias, plantando machambas, colocando um dinheirinho que temos nesta ou naquela acção ou bolsa de valores. A economia toca primeiro os valores da minha vida como religioso. Ora, se autónomo é aquele que consegue prover sozinho às suas necessidades ordinárias, quais são então as minhas necessidades "ordinárias" como consagrado SCJ? Esta não é uma interrogação colectiva, mas sim pessoal, pois não se trata de “igualitarismo"; existe de facto diferenças de serviços prestados à nossa Província, e nesta diversidade de servir existe também diferença de meios... Pois bem, como já foi dito o que então "eu", no concreto da minha vida, preciso para ser um autónomo, livre e sereno SCJ? O quê me falta? Do quê preciso ainda? O quê há demais, e preciso como Zaqueu, devolver “àqueles que roubei”? Falar de economia ou de poder é falar de conversão. Um antigo ditado grego dizia: “Quer conhecer um homem? Dê-lhe poder!" Com o dinheiro ou o poder, pensamos que podemos tudo e agimos "sem barreiras". É preciso então redescobrir o quê não nos serve, o que acolhemos como pseudo-valor nas nossas vidas, quais são as necessidades que "criamos" sem de facto sé-las. A partir daqui, do que somos, podemos continuar, então, para buscar meios para conseguir ser autónomo cada vez mais, se ainda não consegui. Para saber quanto devo ter para o ordinário, devo saber primeiro qual é o "ordinário".

Bom, fazendo mais ou menos assim, conseguiremos superar a primeira fase da autonomia. A

segunda fase então é aquela onde conseguimos guardar algum excedente para futuras surpresas ou projectos. Na primeira fase conseguimos dar contas do ordinário, nesta segunda possuímos "a mais" porque a vida não

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é rectilínea, ou seja haverá momentos de crescimento onde haverá necessidade de dispor a mais (acidentes de todo tipo, surpresas…), e porque não, na lógica da partilha evangélica, ajudar outras províncias e realidades scj, na dinâmica congregacional de ajudar e ser ajudado. Porém esta segunda fase é mais complexa e não nos vamos deter directamente nela, agora, ou seja não a teremos ainda por meta, porém ela é sempre ideal e com certeza queremos alcançá-la um dia. Por agora nos será muito valioso alcançar a primeira fase da AUTONOMIA, a qual alcançada nos dará uma base preciosa para seguir o caminho até a segunda fase.

Para começarmos, ou melhor para seguirmos, pois cremos que o caminho já foi iniciado, é

necessário muita coragem e força para arriscar e não ter medo de errar. Diz um provérbio chinês que “toda a grande caminhada começa pelo primeiro passo”. Pois bem, para isso estamos aqui hoje, e para isso se destina a minha e nossa reflexão: DAR ESTE PRIMEIRO PASSO, conscientes, é claro, que deste primeiro passo dependerá todo o resto da caminhada que vamos fazer para alcançar a AUTONOMIA, tão querida por nós e por tantas vezes falada e exigida pela nossa Congregação nas últimas Conferências e Capítulos Gerais. Quem de nós não se lembra, por exemplo, da última Conferência Geral, feita em Recife no Brasil, no ano 2000 e que teve como tema a "Economia e o Reino de Deus"? Isto para vermos a importância do tal tema e a necessidade de actualizar nas nossas províncias as exigências daquela Conferência Geral, das quais uma delas é esta de que estamos falando, hoje, a autonomia económica.

Somos ainda uma província dehoniana NÃO-AUTÓNOMA financeiramente e talvez teremos que caminhar muito ainda para alcançar esta autonomia. Porém temos a esperança de que um dia o seremos, não abandonaremos a luta e nem pensaremos de que ela é simplesmente impossível: não! Ela é possível e havemos de conseguir um dia, porém grande responsabilidade desta conquista recai sobre nós os jovens moçambicanos, que estamos no auge das nossas forças físicas e intelectuais, do entusiasmo e do dinamismo da vida.

Então, meus irmãos, o quê queremos para nossa Província? Este tema de hoje é um tema que “não

está pronto", não tem respostas prontas e nem receitas feitas. Pura e simplesmente ainda não sabemos bem o quê queremos; devemos formular respostas, buscar meios e caminhos, inventar coisas que ainda não existem e fazer tudo isso sem medo, com a certeza de que está connosco "Aquele que veio fazer novas todas as coisas" e nos ajuda sempre.

Nós não queremos "peixe", mas aprender a pescar. Mas para apreender a pescar é necessário estar

em condições, isto é, estarmos vivos e com saúde, sermos uma “pessoa autónoma”, com desenvoltura, capacidade de expressão, dinamismo, força... E como conseguiremos isso senão através duma abertura gradual e progressiva dos instrumentos de coordenação e autoridade da nossa província, nas nossas mãos, através de capacitação intelectual, de cursos e formação posteriores à formação inicial, acesso a instrumentos que possibilitem crescer em nós um maior senso de responsabilidade e confiança (meios de comunicação social, carteira de habilitação, por exemplo, entre outras coisas)...? Tudo isso para que o discurso “desenvolvimentista" que tantos fazem em relação aos novos, não seja distante da prática, ou seja: nos é dito de sermos melhores para nos desenvolver, mas não nos são dados os meios. O que podemos fazer?

É necessário romper o medo de errar, pois o erro é também pedagógico, muitas vezes com um só

deles, aprendemos muito mais do que com muitos "acertos". Penso que todo "peixe" que recebemos neste momento da nossa história, tem o objectivo de "apreendermos pescar", pois já superámos, (ou já fizemos grande parte), a fase de implantação da Igreja nestas terras em relação a igrejas e estruturas pastorais, formativas e administrativas. Agora é necessário CONSOLIDAR, como nos lembra o documento dos nossos bispos “Consolidar a Igreja local”, é tempo, como nos lembra a palavra de Deus, de sermos audazes e de 1ançar as redes em “águas mais profundas", ou seja desconhecidas; reduzir significativamente o estender da mão, isto é, em palavra lomwe «MUKIVAHE», para fazer o quê até agora ninguém fez, ou mesmo nem pensou. Com os meios recebidos “de fora”, criar, inventar estruturas que produzam novos meios, assim conseguiremos com estes meios “feitos de dentro" cobrir as "ordinariedades" da nossa vida dehoniana e assim cumprir a primeira fase da AUTONOMIA. e daí partir para a segunda fase, que parece fácil, pelo menos no papel.

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Bem, meus irmãos, esta é a linha de reflexão que proponho para respondermos às perguntas com que hoje nos deparamos, perguntas que não são novas; mas que exigem respostas ousadas e novas. Conseguiremos só ser novos nas nossas respostas se nos abrirmos ao novo, olhando para frente, para o futuro, não "desenterrando cadáveres", mas prevendo vida e esperança. Pensemos com abertura à Igreja local e em comunhão com todos os scj que estão no nosso Continente, pedindo também que os "mais velhos" nos ajudem com sua experiência e nos disponham os meios necessários para sermos "motores" e não “atrelados" que outros conduzem para onde querem, mas quando soltados a própria sorte ficam aí paradas, sem conseguir ir para lado nenhum. Queremos e devemos como província dehoniana MZ ser MOTOR e autónomos.

Que Maria nossa mãe nos ajude nesta reflexão, e que o nosso querido pai espiritual, o beato Pe.

Dehon, homem sempre a frente do seu tempo, dinâmico e também sempre preocupado com o "sustento" dos seus filhos e da sua obra, nos ajude a pensar com seriedade e serenidade os caminhos a tomar para conseguir, - como diz São Paulo - a verdadeira liberdade dos filhos de Deus, para as nossas vidas e para as nossas obras.

Para pensarmos:

1)-0 quê é suficiente para mim enquanto "scj" ? 2)-Onde buscar os meios necessários para criar estruturas autônomas na nossa província? 3)-Obtidos estes meios, o que queremos "criar" (concretamente) na nossa província? (aluguer de imóveis, abrir machambas, criar estruturas de lazer e cultura, apostar no mundo editorial - revistas, gravações de trabalhos artísticos - , investir em trabalhos técnicos e profissionais dos membros "scj", investir no magistério, aplicar em fundos ...).

A diálogo está aberta. Todos os que quiserem contribuir,

podem mandar as suas contribuições à secretaria provincial, para serem publicadas no IDE.

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14 DE MARÇO DE 2005:INÍCIO DA MISSÃO DO LUAU

Luau, Diocese de Luena. 14 de Março foi o início oficial da segunda Missão SCJ em Angola. Após

grandes preparativos e longas viagens para aí chegar, a celebração festiva teve início às 9 horas na igreja de Luau, bastante danificada pela guerra. Presidiu à celebração D. Gabriel Mbilingi, Bispo de Luena, o P. Manuel Barbosa, Superior Provincial de Portugal e delegado do Superial Geral para Angola, os confrades P. Domingos (excelente fotógrafo!) e P. Vincenzo, vindos do Km 9, e o P. Joaquim Freitas e P. Jorge Alves, que ficaram ao serviço da Missão do Luau. Estavam ainda o P. Jójó, que acompanhava pastoralmente as comunidades desta missão, e o diácono Lopes, assim como algumas religiosas de várias congregações. Participou ainda um bom grupo de padres e irmãs do Congo, pois Luau fica a 12 Km do Congo. Na igreja foram colocados cartazes alusivos à próxima Beatificação do Padre Leão Dehon, que eu trouxera de Lisboa. A celebração, que durou quatro horas, foi muito festiva e emocionante. A igreja estava superlotada de fiéis que participaram com fé e entusiasmo na celebração. Cânticos lindos e bem ritmados.

Logo no início, o Bispo pediu-me para apresentar o Padre Dehon, a Congregação e a nossa presença em Angola. Expliquei ainda o sentido da data, 14 de Março. O P. Jojó foi traduzindo as minhas palavras na língua local. A liturgia foi em português, excepto os cânticos, na língua local.

Seguiu-se a celebração festiva. Depois da homilia, simples, profunda e interpeladora, foi a tomada de posse do novo pároco, P. Joaquim da Silva Freitas, e do novo vigário paroquial, P. José Jorge de Sousa Alves. O P. Jojó começou por ler a história da Diocese de Luena e da Missão do Luau. Uma longa história, muito significativa, em que os catequistas, na ausência de padre devido à longa guerra, mantiveram viva a fé da comunidade. De seguida, o Bispo deu posse aos novos missionários de Luau, segundo as rubricas

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previstas no cerimonial. A celebração continuou festivamente, com um longo ofertório, pleno de cânticos, danças e ofertas. Terminou com algumas palavras do Superior Provincial, do novo pároco, do responsável anterior da Missão e do secretário da comunidade. Eram 13.00 horas quando terminou a celebração.

A tarde e parte da noite foram ocupadas em refeição e em convívio fraterno, com a participação de muitos convidados. Brindámos ao bom início desta nova etapa da Missão do Luau que, depois de muitos anos, volta a ter missionários residentes. Luau é o segundo município mais importante da Província do Moxico; o primeiro é a capital Luena. De realçar que esta Diocese é quase três vezes o tamanho de Portugal… De Luena a Luau são 350 Km, a serem percorridos num dia de viagem, quando o tempo o permite. Foi um dia em cheio que acompanhei serenamente com toda a intensidade, rezando por esta Igreja local e pelos nossos missionários em Angola, unido a toda a Congregação e à nossa Província que estão em festa, não só pelo aniversário do nascimento do Padre Dehon e outros motivos de acção graças, mas também e particularmente por esta nova Mssão do Luau que é confiada aos Sacerdotes do Coração de Jesus.

Envio esta breve notícia a partir do Bispado de Luena, onde me encontro hoje com os restantes confrades (o P. Madella ficou no Km 9 para assegurar “os serviços mínimos”), depois de uma longa viagem de Luau. O Bispo de Luena, de quem somos hóspedes, tem-nos acompanhado com muita simplicidade e extrema atenção e simpatia. Estar-lhe-emos eternamente gratos pelo desafio que nos lançou de servirmos a Igreja de que é Pastor. Que Deus nos dê ânimo para estarmos generosamente em missão, com o coração aberto a Deus e solidário com os irmãos.

Mais tarde, se possível, enviarei relatos mais pormenorizados deste acontecimento tão relevante para a Diocese de Luena e para toda a Congregação.

Um abraço amigo, em nome pessoal e de todos os confrades que aqui se encontram. Luena, 16 de Março de 2005.

P. Manuel Barbosa, scj

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EM PREPARAÇÃO PARA A BEATIFICÃO DO PE. DEHON A ESPIRITUALIDADE DEHONIANA VIVIDA PELOS LEIGOS

“Pai, animado pelo teu Espírito, hoje me ofereço, em união com o Coração de Jesus, para viver a sua oblação,

como resposta ao teu amor. A ti consagro a minha vida, as minhas acções, as minhas alegrias e sofrimentos,

como sacrifício de amor e de reparação. Eis-me aqui o Pai, para fazer a tua vontade.

Amen”. Uma oração simples e essencial

Este é o início de cada dia em Quelimane: o acto de oblação, uma oração reduzida até demais, diria alguém, mas não se trata da clássica coisa feita para apaziguar a consciência. Creio que quem viu e tocou com mão, possa testemunhar que é verdadeiramente bonito poder começar juntos a jornada com esta oração simples e essencial. Uma oração que é também um pequeno sinal de pertença. Lembro-me que no ano passado, os livrinhos com os actos de oblação dos Dehonianos da Província MZ, com a capa cor rosa, foram dos primeiros objectos presentes na nossa casa, oferecidos pela Casa Provincial. Pe. Daniel o autor, que na nova impressão tinha pensado também em nós, como a uma “comunidade” à qual podia ser oferecida a alegria da comunhão na oração.

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E de facto, este pequeno sinal da manhã, nunca nos abandonou. Procurámos ser fiéis a este encontro entre nós, com Ele e com todos aqueles que em todas as partes do mundo invocam o Pai com as mesmas palavras, porque escolhemos querer pertencer não só a Alguém, mas também a uma família que nos acolhe e nos renova na pertença e na comunhão da missão. O nosso estar aqui em Quelimane, do nós Associação PMO (Projecto Moçambique Onlus), não teria sentido se não estivesse dentro daquele “E” que une a PMO aos Sacerdotes do Coração de Jesus, na Itália e aqui em Moçambique.

Muitas vezes me perguntei por que chegámos aqui a Quelimane, questiono-me sobretudo quando

penso nas diferentes realidades – grupos – ONG, para as quais a problemática do SIDA em Quelimane e sobretudo no DH (Hospital Dia) se torna uma ocasião desejada e ambicionada, por interesses económicos. Questionei-me porque, para nós nunca interessou uma cadeira ou um lugar de prestígio, mas com certeza escolhemos estar presentes aqui e cada dia renovamos esta escolha, quando para bem dizer, mil e uma vez haveria a tentação de deixar tudo e de procurar outros lugares que precisam mais da nossa presença.

Pelo contrário tenho consciência que o nosso estar aqui é porque a nossa história de partilha, de

projecto, de vida, se escreve com duas mãos, as nossas e as da comunidade missionária dehoniana. É graças a eles e com eles que percebemos que o nosso estar aqui não é só para fazer alguma coisa, para estar com a gente moçambicana que nos apanhou o coração nas breves experiências do verão, mas era fruto dum grande desejo de testemunhar aquele amor que jorrou do Coração aberto de Jesus na cruz, que nos encheu totalmente e ao qual desejamos dar um rosto e um corpo, o nosso rosto, as nossas mãos, o nosso coração. Um desejo que se tornou realidade Com certeza, uma coisa são os desejos, outra são as possibilidades e as realizações que se conseguem alcançar. Pensou-se em tudo e ainda mais, do mítico e histórico centro de saúde com a medicina natural em Milevane, à casa de acolhimento para crianças órfãs de pais mortos pelo SIDA, até que nasceu o projecto VIDA SIDÁ, nascido de estranhos jogos da Providência e da vontade determinada dum Padre que nos tomou a sério e que nos empurrou para ficar juntos, lançando na panela comum tudo quanto cada um tinha, para que saísse uma comida gostosa para todos e não só para alguém.

Quem já foi a Quelimane pôde constatar cada dia quanto a nossa vida de todos os dias seja uma coisa

só com a dos Padres, e não só porque estamos sempre a ocupar indevidamente os seus espaços, não só porque invadimos o seu armazém e proximamente fixaremos a nossa tenda no seu terreno, mas porque precisamos deles. Precisamos da chave de leitura que eles têm da história e da vida em Moçambique, como brancos que apesar de tentar ficar mais escuros em Zalala, ficamos sempre caras brancas, logo identificáveis de longe; como cristãos baptizados que gostaríamos com o nosso estar aqui e o nosso trabalhar com e pela gente, tornar visível a atenção especial e privilegiada que Deus tem para com os mais pobres.

È uma graça a presença em casa dum sacerdote dehoniano, com o qual celebrar a Eucaristia

quotidianamente, com o qual poder não só rezar, mas também fazer continuamente ressoar a Palavra de Deus que se torna refrão durante todo o dia. Uma Palavra que juntamente com o Pão Eucarístico nos faz sentir a comunhão profunda que existe com o grande Corpo Místico que é a Igreja. É uma maravilha saber que enquanto eu faço consultas ou peso o milho para o pacote alimentar, há alguém que reza, que não perde um instante na apresentação da oferta de tudo o que fazemos, ao Pai, àquele Senhor que reconhecemos e que queremos possa continuar a ser o único verdadeiro Senhor, ao qual prestar contas daquilo que somos e que fazemos.

Neste período estou relendo nesta chave também as várias presenças que apareceram na nossa vida, algumas verdadeiramente difíceis de compreender, porque não fomos nós a sua procura, mas nos foram oferecidas. Uma entre todas, as monjas da Pequena Família da Ressurreição, uma chama acesa 24 horas sobre 24, em frente do tabernáculo, que leva na adoração a Cristo a nossa acção, cada nosso doente!!! Importante, essencial, sem esta gasolina não se anda, dou-vos a minha palavra. A contemplação do lado trespassado

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Chegamos à Páscoa tensos como elásticos que estão para se partir. O Sábado Santo, dia do sepulcro fechado e do silêncio, eu e Mónica deixámos tudo e todos e nos refugiámos na capela da Sagrada: que lugar cheio de Presença e de presenças, bonito o silêncio partilhado e recebido, bonita a paz que recebemos. Quanto importante foi, a seguir, a conversa com o Pe. Elio, uma conversa de pertença, dum pai que lembra às suas filhas a beleza de ser família e a importância de tomar consciência disso, pelo menos de vez em quando. Sentados nas comodíssimas cadeiras de palha, nos perdemos na contemplação da pintura do Binda, verdadeiramente original na sua maneira indígena de representar os conteúdos que lhe são entregues. A pintura representa o Cristo e o seu Coração trespassado com toda a multidão, envolvida pela luz que sai da transfixão, dirige o seu olhar para Ele, num jogo de cores escuras e claras, num jogo de movimentos, com uma verticalização para a cruz e para o amor doado a todos... resumo duma espiritualidade e dum programa de vida.

Enquanto estávamos a comentar esta a pintura, o Pe. Elio contava-nos como seria a outra que tinha

encomendado para a beatificação do Pe. Dehon, na qual a figura do Fundador estaria inserida entre a multidão, ele, um dos muitos que acolheu o anúncio do ide dizer ao mundo que o Reino dos Céus está perto; ele um dos muitos que debaixo da cruz teve a coragem de ficar e que daquele Coração aberto recebeu a força e a coragem para ir aonde no seu tempo ninguém queria ir, entre os operários das fábricas, ao proletariado mais abandonado e abusado, entre os doentes mais emarginalizados, para dizer que aquele amor jorrado do Coração de Jesus, era também para eles, sobretudo para eles. Um homem como tantos, mas que tomou a sério um convite, sentindo que era dirigido a ele, sentindo que não podia esconder-se atrás das palavras “não sou capaz... haverá com certeza um outro melhor e mais capaz do que eu”. Um homem falador, pelo menos vendo aquilo que escreveu; (beh, neste aspecto, sinto-me um pouco da mesma família). Alegre, mas também homem – denúncia, capaz de manter despertada a atenção não só dos seus, mas também das instituições, para as grandes problemáticas sociais que a França do ‘800 estava vivendo e sofrendo. Um desejo de aprofundar as raízes comuns e de ir para a frente Eu não conheço o Pe. Dehon, mas muitas vezes me propus aprofundar, pelo menos na primeira aproximação. O desejo nasceu-me de maneira especial através do Pe. Duci e do Pe. Perroux, que tive a alegria de os poder seguir nas relações-testemunho que ofereciam a um grupo de leigos desejosos de conhecer mais de perto, não tanto um fundador, mas uma espiritualidade. Depois este desejo ficou como aquelas coisas das quais se percebeu a preciosidade, mas que ficam ali, num canto, na esperança de as retomar quando houver as condições de calma e de serenidade próprias, isto é nunca. Pelo contrário, cada instante que vivo aqui, faz-me dizer que é esta a nascente à qual nós devemos beber, e não somente eu, Lucia, mas “nós Associação”, que encontramos a nossa inspiração no Pe. Dehon.

Já o ano passado quando com Mónica, Rosalba e Pe. Gianni nos oferecemos uma semana de descanso seguindo como cães fiéis o Pe. Geral, o Provincial e o seu conjunto, tínhamos, juntos reflectido sobre quanto pudesse ser bonito tentar aprofundar esta aproximação com os Dehonianos que existe já há muito tempo, desde sempre, para dizer a verdade, mas que sempre usámos sem a tomar nas mãos. Depois, a coisa foi novamente posta de lado, preocupados e ocupados nos tantos trabalhos que nos apertaram pelo pescoço. Nos três meses passados juntos com Mónica, voltámos a este nó, e foi bonito poder nos encontrar juntos. Fiquei comovida quando ontem a noite o Elias me telefonou dizendo-me que tinham passado a tarde falando também deste assunto, da importância do nosso ser em Quelimane com os nossos doentes, não tanto e não só, considerado o número das pessoas que temos em tratamento e que gostaríamos de acrescentar com o projecto FOR.ZA, mas da nossa presença como sinal dum Amor que vem do Coração de Cristo e que a Ele e somente a Ele gostaria de voltar, levando-nos dentro cada rosto, cada pessoa, cada vida que nos foi oferecida.

O nosso sentido está aqui, a nossa força vem do sentir que se aqui estamos e aqui lutamos, se aqui procuramos manter um ESTILO de serviço e de presença que possa ser verdadeiramente gratuita, para todos,

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sem pedir nada em troca a ninguém, e sobretudo dando de mãos cheias tudo aquilo que somos e que temos, não é porque temos muito dinheiro, somos excelentes filantropos e os grandes da generosidade, mas porque somos pobres pecadores que se identificaram com o ladrão que, embora tenha cometido todo tipo de pecado, teve de Jesus crucificado o presente de participar da mesma vida eterna, do mesmo Amor do Pai, que nunca desaparecerá, por toda a eternidade.

Se estamos aqui e se cada manhã encontramos a coragem de entrar no DH e de sorrir, apesar dos

problemas, das incompreensões e dos imprevistos, é somente porque acreditamos neste Deus-Amor que cada dia nos ama e nos convida à união com a oferta do seu Filho, para nos oferecer junto com as nossas vidas, as nossas acções, as nossas alegrias e sofrimentos, como sacrifício de amor e de reparação, no esforço de fazer a sua Vontade.

E então, continuamos a ir para frente, a caminhar, PROCLAMANDO que o Reino dos Céus está

perto, CURANDO os doentes, RESSUSCITANDO os mortos, PURIFICANDO os leprosos, EXPULSANDO os demónios. GRATUITAMENTE... porque gratuitamente recebémos... porque GRATUITAMENTE queremos dar em troca.

Um forte abraço

Lucia De Franceschi

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FORMAÇÃO PERMANENTE_________ Publicamos aqui a 1ª parte do estudo do Pe. Sandro Capoferri sobre a missionariedade em Pe. Dehon, apresentado pelo Pe. Riccardo Regonesi na Assembleia de Janeiro 2005

A MISSIONARIEDADE EM PADRE DEHON

No último Capítulo Geral, o XXI, traçando as linhas para una “refundação” foram confirmados alguns campos preferenciais da nossa missão dehoniana. Entre estes foi inserido a “missio ad gentes” (cfr. Sintese XXI CP n.56).

Isto retoma quanto já é afirmado pelas Constituições, quando falam da orientação dada pelo Pe. Dehon à Congregação: “A actividade missionária constitui para ele uma forma privilegiada de serviço apostólico” (Cst 31 c).

Sem dúvida esta actividade pertence ao caminho e à experiência da Congregação desde o início, sendo um dos primeiros campos em que Pe. Dehon quis inserir os seus confrades e discípulos. Mas Pe. Dehon não codificou este empenho nos seus escritos oficiais como um ponto central da vida da sua Congregação.

Por isso, pareceu-me útil reler alguns escritos do Pe. Dehon, para descobrir de novo a rica herança que ele nos deixou e encontrar de novo (ou ao menos tentar) as motivações que levaram às escolhas missionárias do Fundador.

Penso que somente a partir desta fonte, que é a experiência da fé e de vida do Fundador, a “refundação” poderá verdadeiramente tocar também as escolhas da Congregação hoje, levando-a, mais uma vez, nas estradas do mundo com “coração aberto e solidário”. “O coração nos lembra João Leão Dehon e a necessidade de voltar às fundações da sua experiência de fé, sobre as quais construiu o seu admirável projecto de vida pessoal e o Instituto religioso-apostólico, ao qual pertencemos” (cfr. Síntese CG n.3).

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OS INÍCIOS: UMA SURPRESA

Sem dúvida suscita uma certa admiração, lendo a história da Congregação dos Sacerdotes do S. Coração de Jesus, a maneira como se desenvolveu o que eu chamaria de “filone” missionário da própria Congregação. Passaram somente 10 anos da fundação da Congregação (que é fixada no dia 28 de Junho de 1878, dia da primeira profissão religiosa do seu Fundador Pe. Dehon) e eis que se abre para a jovem Congregação a oportunidade de “varcare i mari”.

Dois confrades do Pe. Dehon embarcam para o Equador. A iniciativa é totalmente do Pe. Dehon, que estava em relação com o Pe. Matovelle, grande apóstolo do Coração de Jesus no Equador. A ida para o Equador era uma tentativa de entrar numa fase de unificação dos dois grupos religiosos, que cada um tinha fundado, e que pareciam ter um mesmo fundo de espiritualidade, de finalidades e obras comuns. Pe. Dehon parecia reconhecer esta igualdade fundamental de finalidades entre as duas diferentes realidades de Institutos que estavam a nascer. De facto, Pe. Dehon escrevia a Pe. Matovelle: “Em relação às obras exteriores temos a mesma maneira de ver: paróquias, seminários e missões. Nós aqui temos também um colégio, mas esta é uma excepção” (Carta de 22-04-1888 a Pe. Matovelle, 501.03 AD: B24/8-B).

A ideia para a fusão das duas sociedades tinha nascido depois de contactos iniciados com a leitura de uma revista. Mais tarde, no dia 21 de Fevereiro de 1888, chegou a Pe. Dehon una carta do Pe Matovelle que acolhia a iniciativa. Mais, ainda antes de receber notícias da parte do Pe. Matovelle, Pe Dehon pensava à possibilidade de ter uma missão para a sua Congregação. Para este fim já tinha dado alguns passos: nas suas Notes Quotidiennes Pe. Dehon apontava no dia 19 de Fevereiro de 1888, dois dias antes de receber a carta do Pe. Matovelle: “Hoje mesmo enviei para Roma o meu pedido para obter uma missão longínqua. Sem dúvida esta data será o início de grandes coisas” (NQT IV/1888,22v.).

A ideia de “varcare i mari” não nasce da possibilidade de unir duas realidades que parecem muito vizinhas. O desejo é bastante anterior. O pedido em questão era para uma missão na Nova Guiné e, sendo uma colónia alemã, era necessário ter padres alemães. Mas, sendo que naqueles anos somente havia estudantes alemães, não se chegou a nenhum resultado.

Tendo preparado os dois primeiros missionários se organiza a viagem. Pe. Gabriel Grison e Pe. Ireneo Blanc deixam a Europa para o Equador no dia 10 de Novembro de 1888. A sua partida foi precedida (o dia 8 de Novembro) por uma cerimónia de despedida, que Pe. Dehon assim lembra: “Adeus comovidos dos nossos missionários... Cerimónia de beijar os pés…Cerimonia dos beijos dos pés. Os nossos alunos estão comovidos é para ele como um segundo retiro (NQT IV/1888,74r).

E no dia da partida Pe. Dehon escreve: “Estes são dias de graça e de emoção” (NQT IV/1888,74r). No entanto, esta presença em América Latina não satisfazia completamente o desejo do Pe. Dehon. O fervor missionário não se tinha esgotado com este envio. O seu espírito missionário exigia alguma coisa a mais. De facto escreve a Pe. Grison: “Quando no próximo inverno irei para Roma procurarei informar-me para ter um verdadeira missão num qualquer país ” (carta do ano 1890; Inv.:500.21; AD: B24/8). A procura de ter uma missão era também motivada pelo desejo de receber uma aprovação de Roma pela sua Obra. E havia motivos para pensar que Roma favorecesse as congregações que se empenhavam no campo missionário. Mas havemos de descobrir que isto não era suficiente para justificar e compreender a tenção missionária do Pe. Dehon.

A história da primeira presença da Congregação no Equador nos conta que a fusão com a Congregação do Pe. Matovelle não chegou a se realizar. Mas, nem por isso, se apagou ou se esgotou a aventura do Equador e da sua presença missionária. A experiência foi interrompida anos depois por razões políticas, devidas à expulsão dos missionários depois de uma revolução “franco-maçónica”. Isto aconteceu no ano de 1896. Os dois padres foram expulsos e voltaram para a Europa. Tudo acabou, depois desta experiência amarga?

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E O SEGUNDO PASSO?

Eis uma outra surpresa. A experiência do Equador é humanamente fracasso. Podia-se ler a desilusão no rosto do Fundador e dos dois zelosos primeiros missionários da jovem Congregação. Mas parece mesmo que dentro do coração do Pe. Dehon arda um fervoroso espírito missionário. Assim, tudo o que aconteceu no Equador, não é um travão para o ideal missionário: Pe. Dehon lança de novo a Congregação nos caminhos da missão. Em fevereiro de 1897 Pe. Dehon escreveu a Propaganda Fide, renovando o pedido, já feito verbalmente, para que uma nova missão fosse confiada à Congregação.

Assim ele escrevia naquela carta: “Eminentíssimos Senhores, tenho a honra de apresentar-vos o sujeito do desejo que a nossa Congregação dos Sacerdotes do S. Coração de Jesus de ter uma missão... Temos dois missionários no Equador, mas a revolução nos obrigou a deixar... Temos três Escolas Apostólicas que contam 300 alunos, mas a metade deles são alemães. A maioria destes jovens são destinados às missões. Nós missionários do Equador demostramos zelo e constância por dez anos. Eles estão prontos para outra missão... Espero que a Santa Congregação de Propaganda Fide nos conceda uma missão. Com todo o coração e com a ajuda da graça do Senhor” (AD: B24/12,Inv.: 507.01, cópia dattiloscritta).

Depois desta carta sabemos que o desejo de ter uma missão concretizou-se num colóquio com o Procurador dos Franciscanos que lhe procurou um providencial encontro com o Secretário do Estado Independente do Congo, o Senhor M. Van Eetvelde. Ele ofereceu a Pe. Dehon de evangelizar a Província Oriental do Congo, a partir de Stanley-Falls. Eis o novo horizonte da Congregação: o coração da África no Congo. E Pe. Dehon comentou este momento: “É a Santa Virgem, o dia da Anunciação, que quis abrir-nos ao grande Continente Africano. Espero que esta missão será abençoada”. (NQT XII/1897,41,24mar.).

A Santa Sé, por meio do Card. Ledochowski, manifestou o seu placet à presença dos Sacerdotes do Coração de Jesus no Congo, com uma carta de 1897: “O Cardeal Prefeito da Propaganda Fide encoraja com gosto os Sacerdotes do S. Coração de Jesus a cooperar na missão do Congo Belga sob a jurisdição de Mgr. o Vigário Apostólico do Congo Belga...” (lettera do 18.05.1897, AD: B83/3,Inv. 1112.04).

Esta nova missão não foi aceite tranquilamente pelos membros da jovem Congregação. Pe. Dehon teve de assumir pessoalmente a responsabilidade de a abrir. O Conselho era contrário, não havia suficiente pessoal para as casas na Europa, existiam dificuldades financeiras. De facto, a desilusão e esta contrariedade a “novas aventuras” missionárias encontra-se registada nas memórias de Dom Phippe que junto notou também como o caso foi tratado pelo Pe. Dehon, quando afirmou que : “Há graças que Deus dá aos fundadores e não aos seus religiosos, certamente não aos conselheiros” (DEHXXV,1996, pag. 29).

Para a missão do Congo os primeiros dois padres foram mesmo aqueles que voltaram do Equador. Em pouco tempo foram preparadas as coisas necessárias para uma primeira viagem de “exploração”, com o bilhete de ida e volta. E os dois missionários estão prontos para partir. Partiram de Anversa no dia 6 de Julho 1897 junto com o Vigário Apostólico do Congo. Pe. Dehon definiu os dois padres como “os nossos dois exploradores” (NQTXII/1897,71). A partir deste momento, o entusiasmo missionário da Congregação foi muito além das fronteiras dos países europeus nos quais tinha nascido.. Mesmo durante a vida do Fundador, a Congregação chegou à Finlândia (1907), Camarões (1912), USA (Sud Dakota 1923), Indonésia (Sumatra, 1923), África do Sul (1923). MAS PORQUÊ? Se estes são alguns dados históricos (mesmo que superficiais, justo para fazer-se uma ideia de como tudo iniciou), fica uma pergunta, a pergunta fundamental à qual seria interessante tentar dar uma resposta: é

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possível descobrir o que havia na base das escolhas missionárias de Pe. Dehon? É possível descobrir o porquê destas escolhas, deste zelo para a missionariedade?

Para descobrir onde brota a missionariedade de Pe Dehon podiam-se ler os textos oficiais, como as constituições ou o Directório Espiritual. Pareceu-me mais interessante procurar entre as folhas escondidas alguma coisa que pudesse iluminar de uma luz nova este aspecto. Assim escolhi fazer uma leitura e tomar em consideração (superficial e rapidamente para a brevidade desta pequena pesquisa) sobretudo os cadernos manuscritos, nos quais Pe. Dehon anotou quase cada dia pensamentos e reflexões, e as cartas escritas, em particular aos missionários.

Os primeiros pensamentos que brotam da leitura desta grande quantidade de documentos referem-se certamente ao caminho espiritual de Pe. Dehon, que, desde os inícios da sua vida, tinha no coração o desejo de ser missionário. Assim escreverá, nas NHV, lembrando os tempos dos seus estudos: “ Com qual interesse eu lia as narrações da Propaganda da Fé e da santa infância! Desde o inicio eu os procurei.... Eu queria ser religioso ou missionário... e nos meus momentos de maior generosidade, aspirava ao martírio” (NHV I,29r).

Esta leitura dos sentimentos que o animavam no início da sua vocação, nos ajuda a entrever o íntimo do Pe. Dehon. Podíamos, desde já, intuir o desenvolvimento da sua Obra numa dimensão apostólica bem clara. Mesmo se desejoso de contemplação e de estudo, nunca há-de perder o aspecto da “pastoralidade” compreendido na sua dimensão espiritual e semeado desde o início do seu crescimento. Este é um aspecto sobre o qual o mesmo Pe. Dehon põe o acento num outro breve texto da mesma página das NHV. Assim escrevia, referindo-se ao início da sua chamada na noite de Natal de 1857: “O que me atraiu à vocação foi a força de atracção de união com Nossa Senhor, o zelo para a salvação das almas e a necessidade de graças abundantes para me salvar” (NHV I,29r).

Uma intuição, uma iluminação sobre os dois campos da espiritualidade profunda e da missão, da mística e da acção. Esta semente é mesmo aquele que depois se desenvolveu na experiência pessoal de Pe. Dehon e que ele mesmo infundiu na sua congregação.

Ainda em Seminário em Roma toma contacto com a correspondência de um mártir da Coreia por meio de um irmão do mártir, seu companheiro de estudos. Pe. Dehon escreve: “M. De Bretenieres é o irmão de Just De Bretenieres, o mártir da Coreia, que um dia será posto nos altares, comunicou-me por meio das cartas do seu irmão e estas cartas davam-me notícias. Eu copiei várias passagens na minha colheita de pensamentos eclesiais. Que amor apostólico! Que ardente amor para a mortificação e do sofrimento! É para admirar que uma alma deste nosso tempo obtenha a graça do martírio!” (NHV IV, 145-146).

Estas leituras o edificavam, mas eram com certeza leituras que estimulavam nele o desejo da missão, do anúncio do Evangelho, do sacrifício de si mesmo para a difusão da mensagem cristã até aos extremos confins da terra. O sonho ou o desejo do jovem seminarista foram, depois, transmitidos à Congregação por ele fundada.

De facto, quando nos escritos do Pe. Dehon encontramos a palavra “missionários” ou “missão”, a encontramos também em relação às missões que os seus confrades pregavam e animavam nas aldeias e cidades da França. O “zelo para as almas”, eis a preocupação maior já manifesta no início da sua vocação e, a seguir, vivida e transmitida a sua Congregação.

Desta atitude escondida aquelas frases que muitas vezes foram tomadas como lemas da acção do Pe. Dehon: “Ir ao povo...”, “Sair das sacristias...”. Eis também o porque daquela frase escrita nas NQT, lembrando a partida dos “seus” missionários: “Cerimónia do beijo dos pés. Nossos alunos estão bem comovidos, é para eles como um segundo retiro”(NQT IV/1888,74r).

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São os pés dos evangelizadores que Pe. Dehon e os seus religiosos beijam, lembrando o grito de Isaías 52,27: “Como são bonitos sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz, que leva uma boa notícia, que anuncia a salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina!”.

Note-se que este gesto parece ser costume nas cerimónias de saudação dos missionários. Como exemplo, o Pe. Dehon escreveu nas NQT de Outubro de 1902: “No dia 18, cerimónia muito sentida de adeus dos nossos missionários em Bruxelas. Na parte da tarde falo a uma numerosa assembleia, abraçamos os pés dos nossos missionários, toda a gente estava em lágrimas” (NQT XVIII/1902,25).

Outro aspecto que podemos encontrar em Pe. Dehon e que, de uma certa forma, é “fundante” do estilo missionário por ele dado à sua Congregação, é a inserção da missão “ad gentes” em situações difíceis e de perigo, mesmo físico, dentro do espírito da oferta e do abandono, ponto central da espiritualidade do Pe. Dehon. Nas numerosas cartas aos seus missionários, em particular na correspondência com o Pe. Grison, encontramos este espírito. Eis alguns exemplos desta espiritualidade missionária que Pe. Dehon comunica a Pe. Grison desde o Equador: “Nunca desanimeis, a imolação é sempre boa, ela vale mais do que os sucessos fáceis. Eu vos abençoo afectuosamente” (carta do 08.07.1889; AD: B24/8,Inv. 500.03).

A missão realiza o espírito de imolação que caracterizava a espiritualidade de Pe. Dehon e que exprimiu nas primeiras Constituições de 1881. “Queridos filhos, a vossa boa disposição é a minha consolação. Sejam cada dia uma pequena vítima do S. Coração... Nunca podeis desanimar... Vós sois os mais velhos, salvai a obra do Equador com a vossa imolação e com o vosso sacrifício. Não vos desanimeis por causa das dificuldades.Nós devemos crescer na morte. “ Quotidie morior” (1Cor 15,31)” (carta de 14.12.1890; AD: B24/8, Inv. 500.04).

Imolação, vítima, sacrifício. Com estas palavras é posto em relevo o que Pe. Dehon encontrava na missão. Partir para longe, deixar o próprio país e a família, viver em situações difíceis, enfrentar riscos e perigos: tudo isto é oblação é ser vítimas. Pe. Dehon via na saída dos seus missionários, nos sofrimentos que suportavam, nas dificuldades que enfrentavam a imagem mais bonita da vítima oferecida ao Coração de Jesus. É ainda ao Pe. Grison no Equador que Pe. Dehon escreve: “Querido amigo, fizeste bem em dar-me notícias. Sejas continuamente uma verdadeira vítima do S. Coração. Abandona-te ao Senhor e deixa que te imole conforme a sua vontade. Trabalha para reforçar a unidade entre vós todos” (carta do ano 1890; AD: B24/, Inv. 500.21).

(Contínua)

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PALAVRA DO PAPA____________

TESTAMENTO DE JOÃO PAULO II

Testamento de 3 de Junho de 1979 (e acréscimos sucessivos) Totus Tuus ego sum ("Estou totalmente em Tuas mãos", em latim) Em Nome da Santíssima Trindade. Amen.

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Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor (Mateus, 24, 42) - Essas palavras lembram-me do chamado final, que virá quando o Senhor escolher. Desejo segui-Lo e desejo que tudo que é parte de minha vida terrena me prepare para esse momento. Não sei quando virá, mas, como tudo mais, esse momento também ponho nas mãos da Mãe de Meu Mestre: Totus Tuus. Nas mesmas mãos maternais ponho Todos aqueles a quem minha vida e vocação estão ligadas. Nessas Mãos deixo, acima de tudo, a Igreja, e também minha Nação e toda a humanidade. Agradeço a todos. A todos peço perdão. Também peço orações, para que a Misericórdia de Deus se sobreponha a minha fraqueza e falta de valor.

Durante exercícios espirituais reflecti sobre o testamento do Santo Padre Paulo VI. Esse estudo me levou a escrever o presente testamento.

Não deixo para trás nenhuma propriedade que precise de destinação. Quanto aos itens de uso diário que utilizei, peço que sejam distribuídos como possa parecer oportuno. Minhas anotações pessoais devem ser queimadas. Peço que Dom Stanislaw supervisione isso e agradeço a ele pela colaboração e ajuda tão prolongada ao longo dos anos, e tão ampla. Todos os outros agradecimentos, no entanto, deixo em meu coração perante o Próprio Deus, porque é difícil expressá-los. Quanto ao funeral, repito a mesma disposição dada pelo Santo Padre Paulo VI (anotação na margem: enterro na terra, não numa tumba, 13.3.92 (13 de Março de 1992)).

´apud Dominum misericordia et copiosa apud Eum redemptio ́("com o Senhor há misericórdia, e com Ele ampla redenção", em latim) João Paulo pp. II Roma 6.III.1979 Depois de minha morte, peço Santas Missas e preces 5.III.1990 ------

Página sem data: Expresso a mais profunda fé que, a despeito de todas as minhas fraquezas, o Senhor conceder-me-á toda graça necessária para enfrentar, segundo Sua vontade, qualquer tarefa, teste e sofrimento que seja exigido deste Seu servo, durante o curso de minha vida. Também tenho fé que jamais será permitido que, por meio de meu comportamento: por palavras, ações ou omissões, venha eu a trair minhas obrigações neste santo trono de Pedro. 24.II -- 1.III.1980 (24 de fevereiro -- 1º de março, 1980)

Também durante esses exercícios espirituais tenho refletido sobre a verdade do Sacerdócio de Cristo na perspectiva daquela Passagem que para cada um de nós é o momento da morte. Deixando este mundo -- para renascer no outro, mundo futuro, sinal eloquente (anotação do Vaticano: acrescentado acima, "decisivo") é, para nós, a Ressurreição de Cristo.

Portanto li a cópia de meu testamento do ano passado, também elaborado durante exercícios espirituais -- comparei-o ao testamento de meu grande Predecessor e Padre Paulo VI, com aquela sublime testemunha da morte de um cristão e de um papa -- e renovei em mim a consciência das questões a que se referem a cópia de 6.III.1979 (6 de Março de 1979), preparada por mim (de modo um tanto quanto provisório).

Hoje desejo acrescentar apenas isto, que cada um de nós deve manter em mente a perspectiva da morte. E deve estar pronto para se apresentar perante o Senhor e Juiz -- e simultaneamente Redentor e Pai. Então, também eu tenho de tomar isso em consideração continuamente, confiando o momento decisivo à Mãe de Cristo e da Igreja -- à Mãe de minha esperança.

Os tempos que vivemos são indescritivelmente difíceis e turbulentos. Difícil e tensa tornou-se a vida da Igreja também, um desafio característico destes tempos -- tanto para os Fiéis, quanto para os Pastores. Em alguns Países (como, p.ex., naquele sobre o qual eu estava lendo durante os exercícios espirituais), a Igreja se encontra em um período de perseguição que não é inferior àqueles dos primeiros séculos; ao contrário, o grau de crueldade e ódio é ainda maior. Sanguis martyrum - semen christianorum (sangue dos mártires, semente dos cristãos, em latim). E além disso -- tantas pessoas desaparecem inocentemente, mesmo neste País, em que vivemos...

Desejo mais uma vez entregar-me totalmente à misericórdia do Senhor. Ele próprio decidirá quando e como devo encerrar minha vida terrena e ministério pastoral. Na vida e na morte Totus Tuum por meio da Imaculada. Aceitando já a morte, espero que Cristo conceda-me graça para minha passagem final, que é (nota do Vaticano: a minha) Páscoa. Espero também que ela se torne útil para esta importante causa a que

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tento servir: a salvação dos homens, a protecção da família humana e de todas as nações e povos (entre esses, refiro-me em particular ao meu País terrestre), útil para as pessoas que de modo especial confiaram a mim as questões da Igreja, para a glória de Deus.

Não desejo acrescentar nada ao que escrevi um ano atrás - apenas expressar esta prontidão e ao mesmo tempo esta fé, para a qual o presente exercício espiritual preparou-me. João Paulo II ---- Totus Tuum ego sum 5.III.1982

Ao longo dos exercícios espirituais deste ano tenho lido (várias vezes) o texto do testamento de 6.III.1979. A despeito de mesmo agora ele dever ser considerado provisório (não definitivo), deixo-o na forma existente. Mudo (por ora) nada, nem acrescento nada, no que diz respeito aos arranjos contidos nele.

O atentado contra minha vida de 13.V.1981 (13 de Maio de 1981) confirmou, de certa forma, a exactidão das palavras escritas no período de exercícios espirituais de 1980 (24.II -- 1.III). Tão mais profundamente sinto-me totalmente nas Mãos de Deus - e me mantenho continuamente à disposição de meu Senhor, confiando-me a Ele e a Sua Imaculada Mãe (Totus Tuus). João Paulo pp. II- 5.III. Março, 1982. Em conexão com a frase final de meu testamento de 6.III.1979 ("sobre o lugar/o lugar, isto é, do funeral/possam o Colégio de Cardeais e os Compatriotas decidir") - esclareço que tinha em mente: o metropolitano de Cracóvia ou o Conselho Geral dos Bispos da Polónia - peço, enquanto isso, que o Colégio dos Cardeais satisfaça, na medida do possível, as eventuais questões dos supra mencionados.

1.III.1985 (durante exercícios espirituais). Novamente - quanto à expressão "Colégio de cardeais e os Compatriotas": o "Colégio de Cardeais" não tem nenhuma obrigação de consultar "os Compatriotas" nessa questão; ele pode, em qualquer caso, fazê-lo, se por alguma razão considerar correcto. JPII Os exercícios espirituais do ano Jubileu 2000 (12-18.III) (Anotação do Vaticano: "para o testamento"). 1. Quando, no dia 16 de Outubro de 1978, o conclave de cardeais escolheu João Paulo II, o Primaz da Polónia, Cardeal Stefan Wyszynski, disse-me: "A tarefa do novo papa será introduzir a Igreja no Terceiro Milénio". Não sei se estou repetindo a frase exactamente, mas pelo menos tal era o sentido do que ouvi dele. Foi dita pelo Homem que passou para a história como o Primaz do Milênio. Um grande Primaz. Fui testemunha da missão, de Sua total entrega de si mesmo. A Suas lutas; a Sua vitória. "Vitória, então, quando vier, será uma vitória por Maria"- essas, as palavras de seu Predecessor, Cardeal Augusto Hlond, o Primaz do Milénio quis repetir. Desse modo fui, até certo grau, preparado para a tarefa colocada diante de mim em 16 de Outubro de 1978. Enquanto escrevo estas palavras, o Ano Jubileu de 2000 já é uma realidade, e em andamento. A noite de 24 de Dezembro de 1999, a Porta simbólica do Grande Jubileu da Basílica de São Pedro foi aberta e, sucessivamente, a de São João Laterano, então Santa Maria Maior na Véspera do Ano Novo; e em 19 de Janeiro, a Porta da Basílica de São Paulo "Fora dos Muros". Este último evento, dado o carácter ecuménico, ficou particularmente gravado na memória. 2. Na medida em que o Ano Jubileu 2000 prossegue, fechando às nossas costas, dia a dia, o século 20, enquanto o século 21 se abre. De acordo com os desígnios da Providência, foi-me dado viver durante o difícil século que está acabando, e agora, no ano durante o qual minha idade chega a 80 anos ("octogesima adveniens") é necessário perguntar se não é a hora de repetir as palavras de Simeão bíblico, "Nunc dimittis" (nota: "Agora, Mestre, deixa teu servo partir"). Em 13 de Maio de 1981, o dia do atentado contra a vida do papa durante a audiência geral da Praça de São Pedro, a Divina Providência salvou-me da morte de modo miraculoso. Ele que é o único Salvador da vida e da morte, prolongou esta vida, e de certo modo deu-me vida nova. Daquele momento, ela pertence a Ele ainda mais. Espero que Ele me ajude a reconhecer a hora até a qual devo continuar este serviço, ao qual me chamou no dia de 16 de Outubro de 1978. Peço (Lhe) que me chame quando quiser. " Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor" ( Romanos 14, 8). Espero que, no tempo que me foi dado para executar o serviço de Pedro na Igreja, a Misericórdia de Deus me conceda a força necessária para este serviço. 3. Como faço todo ano durante exercícios espirituais, leio meu testamento de 6-III-1979. Continuo a manter as disposições contidas nesse texto. O que então, durante sucessivos exercícios espirituais, foi acrescentado constitui uma reflexão na situação geral difícil e tensa que marcou os anos 80. A partir do Outono do ano 1989, essa situação mudou. A última década do século foi livre das tensões prévias; isso não significa que não tenha trazido consigo novos problemas e dificuldades. De modo especial, possa a Divina Providência ser

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louvada por isso, que o período da chamada ´guerra fria´ terminou sem um conflito nuclear violento, o perigo que pesou sobre o mundo no período anterior. 4. Estando no limiar do terceiro milénio "in medio Ecclesiae" ("dentro da Igreja") desejo uma vez mais expressar gratidão ao Espírito Santo pela grande dádiva do Concílio Vaticano II, para com o qual, juntamente com toda a Igreja - e, sobretudo, todo o episcopado - sinto-me em débito. Estou convencido de que por um longo período porvir as novas gerações recorrerão às riquezas que este Concílio do século 20 nos deu. Como bispo que participou do evento conciliar do primeiro ao último dia, desejo confiar esse grande património a todos aqueles que são e serão convocados a conhecê-lo. De minha parte, agradeço ao Pastor eterno que me permitiu servir nessa verdadeira grande causa durante o curso de todos os anos de meu pontificado. "In medio Ecclesiae"... dos primeiros anos de meu serviço como bispo - precisamente graças ao Concílio - fui capaz de experimentar a comunhão fraterna do episcopado. Como padre da arquidiocese de Cracóvia, experimentei a comunhão fraterna entre presbíteros - e o Concílio abriu uma nova dimensão dessa experiência. 5. Quantas pessoas eu deveria citar! Provavelmente o Senhor Deus já chamou para si a maioria delas - quanto às que estão ainda deste lado, possam as palavras deste testamento lembrá-las, todos em toda parte, onde quer que estejam. Durante os mais de 20 anos em que cumpro o serviço de Pedro "in medio Ecclesiae" experimentei a benevolência e mesmo a colaboração fecunda de tantos cardeais, arcebispos e bispos, tantos padres, tantas pessoas consagradas - irmãos e irmãs - e, por fim, tantas, tantas, pessoas leigas, dentro da Cúria, no vicariato da diocese de Roma, bem como fora desse meio. Como poderia não abraçar com grata memória todos os bispos do mundo a quem conheci nas visitas "ad limina Apostolorum"! (nota: referência às visitas obrigatórias dos bispos a Roma). Como poderia não me lembrar de tantos irmãos cristãos não-católicos! E do rabino de Roma e tantos representantes de religiões não-cristãs! E quantos representantes do mundo da cultura, ciência, política, e dos meios de comunicação social! 6. Conforme se aproxima o fim de minha vida, retorno com minha memória ao início, aos meus pais, ao meu irmão, à irmã (nunca conheci, porque ela morreu antes de meu nascimento), à paróquia de Wadowice, onde fui baptizado, à cidade que amo, a meus pares, amigos da escola primária, escola secundária e universidade, até o tempo da ocupação, quando fui trabalhador, e então na paróquia de Niegowic, então em São Floriano em Cracóvia, no ministério pastoral dos académicos, ao meio de... a todos os meios... a Cracóvia e a Roma... às pessoas que foram confiadas a mim de modo especial pelo Senhor. A todos quero dizer só uma coisa: "Possa Deus recompensá-los". ``In manus tuas, Domine, commendo spiritum meum.´´ ("Nas Tuas mãos, Senhor, encomendo meu espírito", em latim). AD 17.III.2000.

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NOTÍCIAS DA CONGREGAÇÃO_______ Da Cúria Geral Volta do Superior Geral No dia 11 de Março voltou a Roma o Superior geral. Ele retorna de visita às Províncias do Chile, Brasil Setentrional e à Região da Venezuela. Não pôde visitar o Equador, como previsto, devido à sua participação nos funerais de D. José De Palma, nos Estados Unidos. Apesar do cansaço provocado por tantas andanças, o Superior geral se demonstra satisfeito pelos contactos que teve com diversas áreas da Congregação, áreas nas quais se verifica vitalidade, apesar das tantas dificuldades económicas deste sub-continente que é a América Latina. Em breve estaremos dando a conhecer a opinião dele a respeito das áreas visitadas. Com seu retorno a Roma, começa um novo ciclo de reuniões do Conselho geral. Um presente ao Santo Padre e à Basílica de São Pedro Nas festas de beatificação era costume dar um presente ao Papa um relicário do Santo na tarde do dia da beatificação. Hoje faz-se a entrega durante a celebração matinal e depois permanece na sacristia papal. Nosso relicário foi confeccionado em Milão, Representa um navio que sulca os mares do mundo com as velas a todo pano, levando na gávea o símbolo do Coração de Jesus, que anima toda a Congregação. Vêem-se ainda nosso emblema, a figura de P. Dehon e os dois lemas: “Sint Unum” e “Adveniat Regnum Tuum”.

Província Europeia Francófona (EF)

- Colaboração inter-provincial A província EF mantém, este ano, dois noviços em Dublin, Irlanda. Ambos são naturais do Vietnã. Recentemente o Provincial da EF, P. Paul Birsens, foi visitá-los. Encontrou-os muito bem, satisfeitos com a formação que recebem, e ficou impressionado com a acolhida que teve, tanto da parte do mestre de noviços, P. John Kelly, quanto do provincial da BH, P. Michael Walshe que foi a Dublin, especialmente para encontrar P. Birsesns. A visita durou três dias, com muita troca de ideias e informações. A Ef tem um outro noviço, este em Aveiro, Portugal. P. Birsens pretende visitá-lo também, em breve. Este é mais um exemplo de colaboração entre várias províncias. A Província EF fica muito agradecida às províncias BH e LU por esta ajuda, e exemplo de "Nós, Congregação". Consagração Episcopal

No dia 13 de Maio 2005, em Comodoro Rivadavia (Patagónia – Argentina) será consagrado Bispo o nosso querido confrade Dom Virginio Bressanelli, que todos conhecemos e apreciámos quando era Geral. A ele vão os nossos Parabéns e orações.

Província Italiana Setentrional (IS) –

EDB em italiano, uma nova biografia de P. Dehon "Un prete con la penna in mano", (Um padre com a caneta na mão) é o título de mais uma biografia de P. Dehon, editada em italiano pela EDB, traduzida do original francês de P. Yves Ledure (EF) "Le Père Léon Dehon: 1843-1925". É um livro com nova, interessante, e, pode-se dizer, apaixonante, abordagem. De fácil e agradável leitura, mostra aspectos inéditos da vida do Fundador. O autor dá ênfase às circunstâncias que envolvem P. Dehon e

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que influíram na moldagem de sua personalidade. P. Dehon é filho de seu tempo e vai descobrindo, aos poucos, em meio a provações e sucessos, o projecto de Deus a seu respeito.

Província Italiana Setentrional (IS) - Paróquia de Cristo Rei

Em preparação para a beatificação do Fundador, dia 13 de março houve ume palestra na igreja de Cristo Rei, em Roma sobre a própria basílica, tão desejada por P. Dehon. Dois leigos, jornalistas, abordaram esta temática e sua influência no bairro onde está situada. Da Cúria Geral: Visita Geral. Visita do Superior geral à América Latina P. José Ornelas Carvalho, Superior Geral e P. Cláudio Weber, Conselheiro, estiveram por dois meses na América Latina, em visita à Região VEN, às Províncias CH e BS, com rápida passagem por Uruguai e Argentina. - Os dehonianos de Venezuela organizaram-se em Região há um ano. Estão em fase de crescimento, com 14 missionários espanhóis e outros 14 dehonianos venezuelanos. Trabalham em seis paróquias, com destaque para o empenho social, particularmente no campo da saúde e da educação, e têm um bom projecto de pastoral vocacional e formativo. Uma Região que traz esperança, com duas casas de formação em Caracas e três noviços na Espanha. - No Chile a Congregação está presente há 60 anos, com missionários europeus, holandeses e luxemburgueses; realizaram um grande trabalho em paróquias e colégios. Atualmente com 9 religiosos chilenos e 14 europeus, desenvolvem sua missão em 4 paróquias e três grandes colégios. Também se dedicam com afinco à pastoral juvenil, missionária e vocacional. Dois jovens fazem o seu ano de noviciado em Jaraguá do Sul, no Brasil. - A Argentina vive um momento de mudanças, com a criação do Distrito Uruguai no ano passado e diminuição de pessoal, por idade, óbitos e a recente nomeação episcopal de P. Virgínio Bressanelli. Assim mesmo a Província AR assumiu no início deste ano um novo Projecto voltado à pastoral juvenil e universitária, na cidade de Jujuy onde o confrade Marcelo Palentini é o bispo diocesano, e reabriu o seminário de Resistência para acolhida de novos candidatos. Mantém a Casa de Encontros de Maciel que, além de ser Casa de Retiros e de formação, acolhe os postulantes. Os escolásticos estudam teologia em Buenos Aires. Os dehonianos destacam-se pelo trabalho em paróquias, com forte acento social e educacional, à assessoria espiritual e teológica, e generosa abertura às Missões, com três confrades nas Filipinas. O Grupo uruguaio dedica-se à pastoral em 4 paróquias, três na periferia de Montevidéu, sendo uma delas um Santuário Nacional conhecido como Gruta de Lourdes. Além disso dedica-se a dois colégios e retomou recentemente, com novo empenho, a pastoral vocacional. Tem significativa presença nos meios de comunicação, especialmente através da Revista “Umbrales”, bem como na Igreja do país e na Vida Religiosa. Constituem uma comunidade internacional formada de italianos, argentinos, brasileiros e um uruguaio. Estão entusiasmados com o novo projecto apostólico que estão desenvolvendo em linha de continuidade com projectos anteriores, que os levaram à criação do Distrito, dependente da Província AR. - A Província BS é a mais antiga presença dehoniana fora da Europa. Missionários europeus, enviados por P. Dehon, iniciaram sua missão em 1893, junto aos operários de uma grande Tecelagem. Hoje 52 religiosos holandeses e brasileiros dedicam-se à pastoral paroquial e educacional, e alguns, ao magistério teológico. Atuam em diversas paróquias em meios populares, em 5 Estados do Nordeste brasileiro. Duas casas de formação e uma pastoral vocacional dinâmica indicam a confiança no futuro da missão dehoniana numa das regiões mais carentes do país.

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- Antes de retornar a Roma, P. Cláudio Weber participou em Taubaté (Província BC), na inauguração da nova ala da Faculdade Dehoniana. As fotos mostram o descerramento da placa comemorativa, com a frase de P. Dehon: "O discípulo de uma educação cristã levará consigo a forte e ardente convicção de que está em condições de unir palavra e acção", e o lançamento de quatro livros escritos por professores da Faculdade, bem como o 6º número da Revista TQ - "Teologia em Questão".

Província Polonesa (PO) - Votos perpétuos Sábado, 2 de Abril, diversos confrades da Província Polonesa emitiram seus votos perpétuos na igreja paroquial de Stadniki, na presença do Superior provincial: Eis os novos professos perpétuos: Włodzimierz Biełokonnyj (Moldavia) Maksym Boczarnikow (Russia) Szczepan Bysiek (Polonia) Grzegorz Gąkiewicz (Polonia) Rusłan Pogrebnyj (Moldavia) Radosław Warenda (Polonia)

A HISTÓRIA DO BAMBU

Era uma vez um belíssimo e maravilhoso jardim. Estava situado a oeste da região, no meio do grande reino. O senhor deste jardim tinha o costume de dar um passeio todos os dias, quando o calor do dia era mais forte.

Havia neste jardim um bambu de aspecto muito gentil. Era a mais bela de todas as árvores do jardim e o Senhor gostava mais deste bambu do que de todas as outras plantas. Ano após ano, este bambu crescia e ficava cada vez mais belo e gracioso. O bambu bem sabia que o seu Senhor gostava dele e sentia-se feliz. Um lindo dia o Senhor, todo pensativo, aproxima-se da sua querida árvore, e esta com grande veneração inclinou a cabeça. O Senhor disse-lhe: “Caro bambu, eu preciso de ti”. Pareceu ao bambu que tivesse chegado o dia de todos os dias, o dia para o qual tinha nascido. Com grande alegria, mas com voz baixa, o bambu respondeu: “Ó Senhor, estou pronto. Faz de mim o que quiseres”.

“Bambu”, a voz do Senhor era séria, “para te usar tenho de te abater”; o bambu ficou assustado, muito assustado: “Cortar-me, Senhor, a mim que me fizeste ser a árvore mais bela do teu jardim?”. “Não, faz-me o favor, não! Usa-me para a tua alegria, Senhor, mas por favor, não me abatas”. “Meu caro bambu” disse o Senhor, e a sua voz era mais séria, “se não te posso abater, também não te posso usar”. No jardim houve então um grande silêncio. O vento já não soprava, os pássaros não cantavam mais. Lentamente, muito lentamente, o bambu inclinou ainda mais a sua cabeça maravilhosa. Depois sussurrou: “Senhor, se não podes usar-me sem me abater, faz de mim o que quiseres e corta-me”. “Meu caro bambu”, disse de novo o Senhor, não devo só abater-te, mas também cortar-te as folhas e os ramos”. “Ó Senhor”, disse o bambu, “não me faças isso. Deixa-me ao menos as folhas e os meus ramos”. “Se não os posso cortar, não os posso usar”.

Então o sol escondeu-se e os passarinhos ansiosos fugiram. O bambu tremeu e, com um fio de voz, disse: “Senhor, corta-os!”. “Meu caro bambu, devo ainda fazer-te mais uma coisa. Devo ainda rachar-te em dois e arrancar-te o coração. Se não posso fazer isto, não te posso usar”. O bambu não pôde mais falar. Inclinou-se até ao chão. Assim o Senhor do jardim abateu o bambu, cortou os ramos, tirou as folhas, rachou-o em dois e arrancou o coração.

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Depois levou o bambu até à fonte de água fresca perto dos seus campos ressequidos. Lá, delicadamente o Senhor estendeu o bambu na terra; uma extremidade do tronco ligou-a à fonte; a outra dirigiu-a para o seu campo árido. A fonte dava água; a água ia para o campo que tanto a tinha esperado. Depois foi plantado o arroz, passaram os dias, a semente cresceu e chegou o tempo da colheita. Assim o maravilhoso bambu se tornou realmente uma grande bênção em toda a sua pobreza e humildade. Quando ainda era belo e gracioso, vivia e crescia só para si e amava a sua beleza e era amado pelo Senhor. Ao contrário, no seu estado pobre e destruído, tinha-se tornado um canal que o Senhor usava para tornar fecundo o seu reino.

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OS NOSSOS DEFUNTOS Elisa Mulumpua: irmã do Pe. Augusto João, natural de Molócuè, filha de MulumpuaTocobi e de Aurora Ribaue, tinha 25 anos, casada com 3 filhos. Estamos unidos ao Pe. Augusto neste momento de grande dor, rezando pela sua irmã, para que o Senhor a acolha no seu Reino de Paz e dê o conforto cristão ao marido e aos seus três filhos.

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