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I Encontro do Núcleo Dimensões do Medievo (Translatio Studii)

II Encontro Regional da AssociaçãoBrasileira de Estudos Medievais (ABREM)

eI Encontro do Núcleo Dimensões do

Medievo (Translatio Studii)

CCCCCaderno de Resumos

26 a 28 de Novembro de 2008

http://www.abrem.org.br

II Encontro Regional da Associação Brasileira de Estudos Medievais

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Associação Brasileira de Estudos Medievais (ABREM)

Caderno de Resumos: “II Encontro Regional da Associação Brasileirade Estudos Medievais e I Encontro do Núcleo Dimensões do Medievo(Translatio Studii)” / Andréia Cristina Lopes Frazão da Silva, CarolinaCoelho Fortes, Leila Rodrigues da Silva, Mário Jorge da Motta Bas-tos, Organizadores. Rio de Janeiro: ABREM, 2008. iii, 41 f.

I. História Medieval. II. Interdisciplinaridade. III. Catálogo. IV. BASTOS,Mário Jorge Motta; FORTES, Carolina Coelho; SILVA, Andréia CristinaFrazão da; SILVA, Leila Rodrigues da, orgs. V. ABREM.

II ENCONTRO REGINAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS MEDIEVAIS EI ENCONTRO DO NÚCLEO DIMENSÕES DO MEDIEVO (TRANSLATIO STUDII)

ORGANIZAÇÃO

Andréia Cristina Lopes Frazão da SilvaBruno de Melo OliveiraCarolina Coelho FortesLeila Rodrigues da Silva

Maria do Amparo Tavares MalevalMário Jorge Motta Bastos

PROMOÇÃO

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS MEDIEVAIS - RJTRANSLATIO STUDII - DIMENSÕES DO MEDIEVO

APOIO

Curso de Especialização lato sensu do Instituto de Letras – Língua,Cultura e Literatura Latina (UFF )

Programa de Estudos Galegos – PROEG (UERJ)Programa de Estudos Medievais – PEM (UFRJ)

Núcleo de Estudos Galegos – NUEG (UFF)

PATROCÍNIO

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ)

Rio de Janeiro2008

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I Encontro do Núcleo Dimensões do Medievo (Translatio Studii)

Apresentação .......................................................................................................

Atividades Culturais ............................................................................................

Programação ........................................................................................................

Palestras ...............................................................................................................

Comunicações ......................................................................................................Índice de Autores .................................................................................................

Sumário 4

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II Encontro Regional da Associação Brasileira de Estudos Medievais

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Apresentação

É com grande satisfação que a Associação Brasileira de Estudos Medi-evais (ABREM) e o Translatio Studii – Núcleo Dimensões do Medievo (UFF)reúnem, neste caderno, dando-lhes a conhecer, os resumos das sessenta ecinco comunicações – além daqueles relativos às três palestras – cujas apre-sentações constituirão o nosso encontro. Que esse material vasto, diverso erico em idéias e proposições nos mobilize a todos nos três dias de atividadese debates acadêmicos, gerando frutos que perenizem e reafirmem o direitode cidadania, duramente conquistado, dos estudos medievais desenvolvi-dos no Rio e Janeiro e no Brasil. Carpe diem!

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I Encontro do Núcleo Dimensões do Medievo (Translatio Studii)

Atividades Culturais

DUCTIA - Música Medieval(Lenora Pinto Mendes e Marcio Paes Selles)

Programa

Dança Italiana século XIVManfredina

Troubadours e Trouvères séculos XII e XIIIKalenda maiaCe fue en maiA l’entrada del tens clar

Cantigas de Santa Maria de Afonso X século XIIICantiga 42Ay Santa MariaEntre Av’e Eva

Carmina Burana século XII e XIIIIn tabernaSic mea fataBache bene

DDDDDia 26 de Novembro

II Encontro Regional da Associação Brasileira de Estudos Medievais

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Programação

DDDDDia 26 de Novembro

Inscrições e entrega de material ..............................................................................Cerimônia de Abertura ..............................................................................................Sessões de Comunicação ........................................................................................

Sessão de Comunicação 1A Ordem dos Pregadores no século XIII

Coordenadora: Carolina Fortes (UFF)

1. Mariana do Nascimento Gomes (UGF)Santa Cecília como modelo de feminino no século XIII2. Paulo Ricardo Costa Pinto (UGF)Identidade e Memória: as ordens mendicantes no século XIII e a Legenda Aureade Jacopo de Varazze3. Ricardo Duarte Azeredo (UGF)A representação da imagem do pregador segundo Humberto de Romans em DeEruditione Praedicatorum4. Carolina Coelho Fortes (UFF)As Dominicanas: A Ordem Segunda durante o generalato de Humberto de Romans

Sessão de Comunicação 2Reflexões sobre o cristianismo, o islamismo e o judaísmo na Idade Média

Coordenadora: Maria do Carmo Parente Santos (UERJ)

1. Maria do Carmo Parente Santos (UERJ)O cristianismo bizantino, o islamismo e o papado2. Cristiano Ferreira de Barros (UGF)A Pregação de Urbano II e a visão hebraica das perseguições às comunidadesjudaicas da Alemanha medieval na primeira Cruzada3. Leandro Duarte Rust (UFF)Um inquisidor atrás de seu tempo? O pontificado de Gregório VII e a aplicação dodireito canônico (1073-1085)4. Cláudia Andréa Prata Ferreira (UFRJ)A hermenêutica judaica da Bíblia na Idade Média

14:00h 14:15h 15 às 16:45h

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I Encontro do Núcleo Dimensões do Medievo (Translatio Studii)

Sessão de Comunicação 3Religião e religiosidade na Alta Idade Média

Coordenador: Leila Rodrigues da Silva (UFRJ)

1. Rodrigo Ballesteiros Pereira Tomaz (UFRJ)O uso do milagre como ferramenta na cristianização das populações campesinasno reino visigodo: o caso da Vita Sancti Aemeliano de Bráulio de Zaragoza2. Mariana Monni Nunes (UFRJ)As superstições e práticas pagãs nos Concílios de Toledo3. Ione Miiller Correa (UFRJ)As práticas pagãs nos sermões de Cesário de Arles4. Leila Rodrigues da Silva (UFRJ)As adversidades de um herói: reflexões sobre a Vita Sancti Fructuosi

Sessão de Comunicação 4Relações de poder na Península Ibérica medieval

Coordenador: Bruno de Melo Oliveira (UFF)

1. Rodrigo dos Santos Rainha (UFRJ)As relações de poder e a educação do reino visigodo no século VII: a construçãode um projeto de doutorado2. Bruno de Melo Oliveira (UFF)O reino asturiano nos séculos VIII-IX: disputas pela concentração do poder político3. Marta Silveira Bejder (UFF)O tempo das penalidades: uma análise do tempo no Fuero Juzgo4. Marcelo Pereira Lima (UFF)O projeto de unidade jurídica castelhano-leonês no governo de Alfonso X, século XIII

Coquetel, lançamento de livros e atividade cultural ..............................................Palestra ......................................................................................................................

DDDDDia 27 de Novembro

Sessões de Comunicação ........................................................................................

Sessão de Comunicação 5Santidade e Pecado na Alta Idade Média

Coordenador: Edmar Checon de Freitas (UFF)

1. Edmar Checon de Freitas (UFF)Wulfilaico, Winnoc e o monge desconhecido: o desafio da santidade dos vivospara Gregório de Tours2. Paulo Henrique de Carvalho Pachá (UFF)A Dependência como Dom (Península Ibérica – séculos VI – VII)

17 às 18:20h 18:30 às 20h

14 às 15:45h

II Encontro Regional da Associação Brasileira de Estudos Medievais

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3. Bruno Uchoa Borgongino (UFRJ)Debilidade e pecado nos disciplinamento do trabalho: considerações sobre aRegula Isidori (século VII)4. Paulo Duarte Silva (UFRJ)Ciclo Pascal e fortalecimento da autoridade episcopal no século VI: liturgia ecalendário nos escritos de Martinho de Braga

Sessão de Comunicação 6Relações de poder nos reinos germânicos

Coordenador: Marcus Cruz (UFMT)

1. Marcus Cruz (UFMT)O discurso historiográfico no IV século: rupturas e permanências2. Rita de Cássia Damil Diniz (UFRJ)A perspectiva histórica da elite eclesiástica visigoda e a construção da hegemoniapeninsular3. Adriana Conceição de Sousa (UFRJ)Considerações sobre a caracterização da má realeza na Vita Desiderii, do reivisigodo Sisebuto de Toledo (século VII)4. Danielle Kaeser Merola e Michelle de Oliveira Santos (UFRJ)Modelo feminino no reino visigodo segundo Isidoro de Sevilha

Sessão de Comunicação 7A filosofia de Tomás de Aquino

Coordenador: Paulo Faitanin (UFF)

1. Paulo Faitanin (UFF)O contexto do método de Tomás de Aquino na Escolástica medieval e sua projeçãona atualidade2. Fernanda Lima (UFF)Estudo de caso do método e performance de São Tomás de Aquino e suaatualidade3. Elza Feliciano (UFF)Metodologia de pesquisa em Tomás de Aquino: aplicabilidade nos dias de hoje4. Débora Galvão Santana (UFF)A utilização política da noção de bem comum na literatura baixo medievalportuguesa

Sessões de Comunicação ........................................................................................

Sessão de Comunicação 8A Sociedade Portuguesa entre o Medievo e a Modernidade

Coordenador: Vânia Leite Fróes (UFF)

1. João Cerineu Leite de Carvalho (UGF)O senhorialismo afonsino no Portugal do século XV

16 às 17:45h

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I Encontro do Núcleo Dimensões do Medievo (Translatio Studii)

2. Lívia Claro Pires (UERJ)D. Teresa: representação feminina na crônica Monarquia Lusitana, de frei AntônioBrandão3. Almir Marques de Souza Junior (UFF)Rituais e legitimação do poder da monarquia castelhana em fins do século XIII4. Roberta Valle do Amaral (UFF)Quae uiderunt oculi mei: a visão cristão sobre a peste na Lisboa do século XVI

Sessão de Comunicação 9Literatura e Música no Medievo

Coordenadora: Maria do Amparo Tavares Maleval (UERJ)

1. Maria do Amparo Tavares Maleval (UERJ)Sobre a cristianização da retórica clássica na Idade Média2. Glícia Campos (UERJ)Simbolismo animal: os sermões de Santo Antônio de Lisboa e o bestiário medieval3. André Luis Alves dos Santos (UFRJ)A música no período medieval: principais elementos constituintes4. Clarice Zamorano Cortez (UEM/UERJ)O perfil feminino nas cantigas galego-portuguesas e a simbologia da natureza –fauna e flora – como elementos modificadores nas situações sentimentais

Sessão de Comunicação 10 Cristianismo, apropriações da

natureza e organizações sociais na Alta Idade Média

Coordenador: Mário Jorge da Motta Bastos (UFF)

1. Mário Jorge da Motta Bastos (UFF)A Apropriação Cristã da Natureza na Península Ibérica (séculos IV/VII)2. Renato Rodrigues da Silva (UFF)Breve análise do processo de formação da classe aristocrática na Inglaterra anglo-saxônica (séculos VII-VIII)3. Pedro Vieira dos Santos Peixoto (UFRJ)Cáin Lánamna, a “Lei dos Casais”: repensando o direito medieval irlandês a partirde uma perspectiva comparada com os textos antigos4. Lílian Salaber Souza e Silva (UFF)A atuação dos missionários irlandeses na Gália merovíngia: 590 – 650

Palestra ...................................................................................................................... 18 às 20:00h

II Encontro Regional da Associação Brasileira de Estudos Medievais

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DDDDDia 28 de Novembro

Sessões de Comunicação ............................................................................

Sessão de Comunicações 11 Imagens Medievais

Coordenadora: Gracilda Alves (UFRJ)

1. Gracilda Alves (UFRJ)Carta de perdão: uma análise das situações conflituosas na chancelaria de D. João II2. Carolina Viana Machado (UFRJ)Luzes, ação: descortinando o papel feminino no teatro vicentino3. Manoela do Rosário da Silva Araújo (UFRJ)Um olhar sobre as teudas e manteudas no reinado de D. João II4. Érika Elizabeth Vieira Frazão (UFRJ)Um país maravilhoso: Cocanha5. Rodrigo da Silva Salgado (UFRJ)Entre a coroa e a espada: um estudo da figura guerreira de Afonso Henriques apartir da Guerra da Reconquista

Sessão de Comunicação 12A temática do amor e do maravilhoso na literatura dos séculos XII e XIII

Coordenadora: Delia Cambeiro (UERJ)

1. Anne Caroline Santos e Vinicius Suliano (UERJ)A lírica amorosa medieval nas vozes críticas de André Capelano, Georges Duby,Umberto Eco e Maria do Amparo Maleval2. Cristina Maria Martinho (USS)A “matéria de Bretanha” e seu sincretismo maravilhoso celta-cristão3. Neila Matias de Souza (UEMA)A cortesia e a perfeição: uma cavalaria na Idade Média dos séculos XII e XIII4. Isabela Dias de Albuquerque (UFF)As relações com o passado bretão na Historia Regum Britanniae (século XII)

Sessão de Comunicação 13 Literaturas germânicas e irlandesa

Coordenador: Álvaro Alfredo Bragança Junior (UFRJ)

1. Álvaro Alfredo Bragança Junior (UFRJ)Oralidade e gestualização no mundo germânico-cristão: apontamentos sobre rituaisde cura e bênçãos em fórmulas de encantamento da Alta Idade Média2. Elaine Cristine dos Santos Pereira Farrell (UFF)Conversão cristã e religiosidade popular na Irlanda (séculos VI-VII)

14 às 15:45h

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I Encontro do Núcleo Dimensões do Medievo (Translatio Studii)

3. Tiago Quintana (UFRJ)Uma introdução à produção literária oral e escrita dos nórdicos medievais: poesiaeddatica, poesia skaldica e sagas4. Gabriela da Costa Cavalheiro (UFRJ)Da aventura, do exílio, da disciplina ... Uma discussão sobre a literatura inglesados séculos XIII e XIV: o romance e a Matéria da Inglaterra

Sessões de Comunicação ........................................................................................

Sessão de Comunicação 14Poder e sociedade na Península Ibérica Medieval

Coordenadora: Maria Filomena Coelho (UnB)

1. Katiuscia Quirino Barbosa (UFF)Zurara e a ideologia cruzadística portuguesa2. Maria Filomena Coelho (UnB)Monarquia feudal e propaganda política: as inquirições portuguesas como fonte deestudo (século XIII)3. Flávio F. P. Filho (UFMG)As Ordenações: tentativas de rupturas com práticas e costumes4. Daniel Tomazine Teixeira (UFF)Enquadramento da pobreza e do trabalho na lei das Sesmarias

Sessão de Comunicação 15Reflexões sobre a Igreja, a Sociedade e a Literatura na Idade Média

Coordenadora: Lívia Lindóia Paes Barreto (UFF)

1. Lívia Lindóia Paes Barreto (UFF)O discurso de Heloísa, amante e abadessa, e a questão do domínio masculinonos mosteiros femininos no século XII2. Artur Gonçalo Mota Henriques (UFF)Leonardo Ferreira de Almeida (UFF)A Liturgia como Fonte para os Estudos Medievais3. Flávia Rocha dos Nascimento (UFRJ)O cavaleiro ideal: São Bernardo e o modelo de milícia templária4. Antonio Marcos Gonçalves (UFF)Os contos milesianos gregos e latinos e os fabliaux franceses: coincidências einterseções

16 às 17:45h

II Encontro Regional da Associação Brasileira de Estudos Medievais

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Sessão de Comunicação 16Reflexões sobre a hagiografia e a santidade no medievo

Coordenador: Paulo André Leira Parente (UNIRIO)

1. Andréia Cristina Lopes Frazão da Silva (UFRJ)Os Mártires na vida de Santa Oria de Gonzalo de Berceo2. Ana Paula Lopes Pereira (UERJ)Intellectus e Afectus: a relação entre o conhecimento e a paixão místicos nosrelatos hagiográficos das mulheres piedosas da diocese de Liége no século XIII3. Guilherme Antunes Jr (UFRJ)A Mariologia Medieval em perspectiva Comparada: reflexões acerca do Duelo dela Virgen de Gonzalo de Berceo4. Marcelo Fernandes de Paula (UFRJ)A “Rotonda di Montesiepi”: reflexões sobre um local de peregrinação – UFRJ

Palestra e Encerramento ........................................................................................18 às 19:30h

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I Encontro do Núcleo Dimensões do Medievo (Translatio Studii)

Palestras

II Encontro Regional da Associação Brasileira de Estudos Medievais

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AAAAAlgumas considerações sobre o poder régio na transiçãoda Antiguidade à Idade Média

Renan Frighetto

O termo regnum contempla um conceito que foi fortemente transformado ao longo dosperíodos clássico, helenístico e tardo antigo. Duma caracterização negativa, vinculada a idéia de“poder absoluto” comum entre os “bárbaros” que contrariava as noções idealizadoras da liberda-de política da época republicana romana e preservada durante o Principado, a imagem do “reino”e do poder régio a ele relacionado passou a ganhar contornos positivos a partir do século V. Oselementos mais destacados e que explicam este processo de transformação do conceito de“reino” serão objeto de nossa abordagem.

Dia 26/11

Dia 27/11

AAAAAs transformações políticas e ideológicas na Antiguidade Tardia

Renan Frighetto

A Antiguidade Tardia (séculos III/VIII) é reconhecida como uma época de transformaçõespolíticas e ideológicas com respeito ao precedente período Clássico greco-latino. Contudo,simultaneamente a estas novas perspectivas, a manutenção de vínculos com a tradição clássicarevela-nos a importância e a força do pensamento político e ideológico do passado republicano eimperial romano como elemento legitimador das novas realidades políticas representadas, naAntiguidade Tardia, pelas monarquias romano-germânicas. Este processo de transformaçõespolíticas e ideológicas é analisado no presente estudo através do pensamento político de trêsautores, Marco Túlio Cícero, Aelius Lampridius e Isidoro de Sevilha.

Dia 28/11

AAAAA guerra e os atos de infidelidade nobiliárquica no reino hispano-visigodo de Toledo (século VII)

Renan Frighetto

A monarquia hispano-visigoda, herdeira da tradição política e administrativa do ImpérioRomano nos territórios da Hispania, sofreu, ao longo da sétima centúria, a oposição da instituiçãonobiliárquica detentora duma considerável força regional. Paradoxalmente sobre estes gruposnobiliárquicos é que amparava-se o poder régio, entendido como delegação nobiliárquica àqueleconsiderado como primus inter pares. Contudo, apesar dos juramentos mútuos de fidelidadeque, teoricamente, estabeleciam a reciprocidade no apoio do soberano aos seus nobiles e destesao rex, o incumprimento das atividades nobiliárquicas nos casos de publica utilitas provocou areação de reis enérgicos, como no caso de Wamba (672-680), que acabaram por instituir leisportadoras de pesadas penalizações contra os nobres que deixassem de acorrer à defesa do reie do reino no caso de agressões externas. Leis que posteriormente foram minimizadas no reinadode Ervígio (680-687), denotando a força nobiliárquica como limitadora dos poderes régios. Aspectosque serão analisados à luz dos conceitos de bellum e de infidelitas presentes em duas leis da LexWisigothorum.

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I Encontro do Núcleo Dimensões do Medievo (Translatio Studii)

Comunicações

II Encontro Regional da Associação Brasileira de Estudos Medievais

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CCCCConsiderações sobre a caracterização da má realeza naVita Desiderii, do rei visigodo Sisebuto de Toledo (séc. VII)

Adriana Conceição de Sousa

Este trabalho corresponde a parte das questões desenvolvidas em nossa monografia defim de curso, orientada pela professora Dra. Leila Rodrigues da Silva, no âmbito do Programa deEstudos Medievais da UFRJ.

Nosso objetivo é identificar os elementos que compõem a caracterização da má realeza nanarrativa hagiográfica Vita vel passio Sancti Desiderii, escrita pelo rei visigodo Sisebuto (612-621) em princípios do século VII, bem como a sua relação com a busca de fortalecimento damonarquia visigoda durante o reinado deste monarca.

RRRRRituais e Legitimação do Poder da MonarquiaCastelhana em fins do século XIII

Almir Marques de Souza Junior

O poder não se resume a deter o monopólio da força e dos instrumentos de violência ecoerção. O próprio ato de governar uma população implica, em alguma medida, que se exerciteuma espécie de persuasão ou convencimento para que o governante seja aceito e sua autoridaderespeitada. No caso do reino de Castela do século XIII, o monarca Afonso X (1252-1284) se viudiante de uma dupla necessidade: justificar suas próprias pretensões ao trono do Sacro ImpérioRomano Germânico e afirmar a hegemonia da realeza perante as aristocracias senhoriais dopróprio reino castelhano. Verificaremos, aqui, como o rei utilizou uma das mais notórias obrasproduzidas por seus scriptoria, a Primera Crónica General de Espana, para alcançar estes objetivos.Para isso, valeu-se da construção de uma memória acerca dos rituais perpetrados por seusantepassados, os imperadores hispânicos dos séculos XI e XII.

OOOOOralidade e gestualização no mundo germânico-cristão: apontamentos sobre rituais de cura e bençãos em fórmulas

de encantamento da Alta Idade Média

Álvaro Alfredo Bragança Júnior

O presente trabalho, inserido dentro de uma pesquisa a ser desenvolvida de formainterdisciplinar com foco principal entre História e Lingüística, pretende demonstrar, a partir daseleção, tradução e análise dos corpora, redigidos em antigo-alto-alemão e antigo-inglês, a relaçãoentre oralidade, gestualização e ritualização no tocante aos meios empregados para a cura dedeterminadas enfermidades ou satisfação de determinados desejos do solicitante. Serãocontempladas na pesquisa as fórmulas conservadas entre os séculos VIII e finais do século X,transcritas não apenas no espaço germanófono continental, como também na Inglaterra anglo-saxã. Ponto-chave do projeto centra-se na questão do “encantamento”, em que a raiz cant-,matriz de “cantar”, confere àquele vocábulo uma especificidade que une a elocução à musicalidadee termina em um aparato gestual, que, ritualizado, permeia todo o processo e uma prática de

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I Encontro do Núcleo Dimensões do Medievo (Translatio Studii)

espiritualidade, na qual confluem elementos do paganismo germânico aliados a novas roupagensoriundas do Cristianismo.

IIIIIntellectus e Affectus a relação entre o conhecimento e a paixão místicos nos relatos hagiográficos das mulheres

piedosas da diocese de Liège no século XIII

Ana Paula Lopes Pereira

As vitae de beguinas e monjas cistercienses da diocese de Liège, na primeira metade doséculo XIII, oferecem um vasto material para a pesquisa sobre o comportamento intelectual eafetivo medieval. Buscando dar conta de uma piedade moderna, voluntária (representada pelomovimento beguinal), mas destinada ao controle eclesiástico (a clausura monástica), oshagiógrafos acabam por refletir sobre como essas mulheres simples conhecem os mistérios divinose sentem perfeitamente a Caridade, vivida plenamente como amor do Cristo e amor do próximo.Nessa reflexão sobre os modos de conhecimento e de emoção os textos hagiográficos, escritospor homens imbuídos pela teologia mística cisterciense, mas pertencentes à primeira escolástica,tornam-se um tratado de antropologia cristã. Através de uma análise lexicográfica buscaremosos conceitos de intellectus e de affetus elaborados no discurso hagiográfico, que finalmenteconstroem uma noção de pessoa.

A A A A A música no Período Medieval – principaiselementos constituintes

André Luís Alves dos Santos

O período medieval na Música Ocidental (313 - 1430) caracterizou-se pelo cultivo de algunselementos que se tornaram peculiares à Música Européia: 1) o uso praticamente dominante daconcepção semitonal; 2) a influência dominante da Igreja Católica; 3) o desenvolvimento daconcepção textural polifônica; 4) a criação de um sistema de notação musical acurado, marco daHistória Ocidental e Mundial; 5) o primeiro delineamento seminal da afirmação do artista comopersonalidade no final deste extenso período. A Idade Média Ocidental em Música divide-se nosseguintes períodos: 1) Roma Cristã (313-476); 2) Segundo Período (476 – séc. VII ou VIII); 3)Terceiro Período (séc. VII ou VIII – 1050); 4) Época de Saint-Martial, com os primeiros trovadores(1050 – 1150); 5) Ars Antiqua (1150 – 1320); 6) Ars Nova (1310 – 1390); 7) Ars Subtilior (1380 –1430). Concluindo: o legado medieval cimentou elementos musicais que se tornaram vigentesaté hoje na Música Ocidental: a concepção semitonal, base de nossa música; o primeiro grandedesenvolvimento da polifonia e os primeiros esforços em prol da moderna notação musical.

II Encontro Regional da Associação Brasileira de Estudos Medievais

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OOOOOs mártires na Vida de Santa Oria de Gonzalo de Berceo

Andréia Cristina Lopes Frazão da Silva

Nossa comunicação vincula-se à pesquisa individual A Vida de Santa Oria e o monacatofeminino em La Rioja no século XIII: uma análise a partir da categoria gênero, que desenvolvemos,desde janeiro de 2007, com o apoio financeiro do CNPq. Essa investigação está articulada aoprojeto coletivo Hagiografia e História: um estudo Comparativo da santidade e é realizada juntoao Programa de Estudos Medievais (Pem- UFRJ) e ao Programa de Pós-graduação em HistóriaComparada (PPGHC-UFRJ). Na perspectiva dos estudos de gênero, este estudo objetiva relacionara Vida de Santa Oria, hagiografia que apresenta a biografia de uma reclusa, com textos notariase normativos - eclesiásticos e civis - sobre a vida religiosa feminina, todos datados do século XIII.Nesta comunicação, vamos discutir, a partir da categoria gênero, tal como formulada por JoanScott, como e porquê os mártires figuram na Vida de Santa Oria. Assim, analisaremos quais asfunções que os mártires ocupam na narrativa; como estes personagens se articulam aos demaispresentes na obra, em especial a protagonista, e que diálogo esta Vida estabelece com as tradiçõesreferentes aos martírios que lhe são anteriores.

OOOOOs Contos Milesianos grego e latinos e osFabliaux franceses : coincidências e interseções

Antonio Marcos Gonçalves Pimentel

A essência dos Contos Milesianos, criados por Aristides de Mileto no século II a.C. mostrou-se com fôlego o suficiente para influenciar toda uma história da literatura ocidental: o Asno deOuro, na literatura laitna, os Fabliaux medievais e o Decamerão pré-renascentista são algunsdos exemplos de permanência do estilo e de caracterização do burlesco, do grotesco e do instintivomais profundos e/ou prosaicos do ser humano. Se a essência e a forma do Conto Milesianoperpetuaram-se na história da literatura, suas ideologias mudaram de acordo com os arquétiposculturais das épocas em que foi escrito. Na Idade Média, por exemplo, o Conto Milesianoreconhece-se enquanto forma e essência, mas a ele é acrescida a mentalidade cristã que seconstrói no que a tradição literária convencionou chamar de “a moral da história”. Neste trabalho,pretendemos mostrar precisamente os pontos de coincidência e interseção entre os ContosMilesianos gregos e latinos e os Fabliaux medievais franceses, parentes bastante próximos dosexempla medievais.

OOOOO Reino Asturiano nos séculos VIII-IX:disputas pela concentração de poder político

Bruno de Melo Oliveira

Esta comunicação tem por objetivo analisar a constituição do Reino das Astúrias entre osséculos VIII e IX. A construção de uma entidade política no Norte da Península Ibérica não deveser considerada como um reflexo imediato da invasão muçulmana liderada por Tariq ibn Ziyad,

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I Encontro do Núcleo Dimensões do Medievo (Translatio Studii)

em 711, pelo contrário, tal processo precisa ser compreendido no seio das disputas pelaconcentração de poder político entre os grupos aristocráticos nortenhos. As narrativas que abordameste período (as crônicas do ciclo de Afonso III e a crônica Albeldense) tendem a representá-locom base em uma ideologia monárquica, visando suprimir as tensões políticas ou transformá-lasem rebeliões contra o poder asturiano instituído. A formação da realeza nas Astúrias não foi umprocesso linear, mas sim decorre das lutas pela imposição de um poder hegemônico.

DDDDDebilidade e pecado no disciplinamento do trabalho:considerações sobre a Regula Isidori (século VII)

Bruno Uchoa Borgongino

Isidoro, bispo de Sevilha durante a primeira metade do século VII, escreveu entre os anosde 615 e 633 uma regra monástica destinada a um mosteiro “honoriense”. Nele, estabelecediretrizes para a vida desta comunidade, cabendo ao abade, autoridade maior na hierarquia docenóbio, garantir seu cumprimento pelos monges que a compunham.

Neste trabalho, pretendo analisar um dos aspectos a que o referido documento se propõea disciplinar, o trabalho, visando compreender de que modo estão nele inserido as concepçõesde debilidade física e pecado. Utilizarei, ainda, dois outros documentos do autor como fontes deapoio: o livro IV das Etimologias, o De medicina, e o Livro das Sentenças.

AAAAAs Dominicanas: A Ordem Segunda durante o generalato de Humberto de Romans

Carolina Coelho Fortes

Ao longo do primeiro século de sua existência, a Ordem dos Pregadores, fundada porDomingos de Gusmão em 1216, enfrentou uma série de problemas para se organizar comoinstituição. Um dos mais sérios se relaciona ao acolhimento de mulheres em seus quadros. Osfrades haviam estabelecido, desde muito cedo, a pregação como via para a salvação das almas.E às mulheres, tradicionalmente, era proibido o uso da palavra pública. No entanto, um númerocrescente de casas femininas pedia incorporação à Ordem.

Nessa comunicação trataremos dos meios utilizados por Humberto de Romans, o quintomestre geral dos pregadores, para adequar as necessidades espirituais e materiais das monjasaos objetivos da Ordem.

LLLLLuzes. Ação: Descortinando o papel feminino no teatro vicentino

Carolina Viana Machado

A literatura bem como o teatro muitas vezes são espelhos que refletem uma sociedadecomo um todo ou um traço característico da mesma. Este trabalho tem como objetivo fazer umaanálise da visão acerca da mulher no medievo português, bem como os dois modelos principaisde representação feminina: o de esposa e o de mulher tentadora, á partir das obras de Gil Vicente.

II Encontro Regional da Associação Brasileira de Estudos Medievais

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Serão utilizadas como base par esta análise as personagens Brisída Vaz e Inês Pereira presentesem O auto da Barca do Inferno e A farsa de Inês Pereira, respectivamente. Também será utilizadoo conceito de representação social bem como a construção do imaginário medieval a cerca damulher. Como documentação serão utilizadas as Ordenações Afonsinas mostrando como alegislação acabava muitas vezes por refletir a condição feminina naquela sociedade.

OOOOO perfil feminino nas cantigas de amigo galego-portuguesase a simbologia da natureza – fauna e flora – como elementos

modificadores nas situações sentimentais

Clarice Zamonaro Cortez

O projeto de estudo realizado, em nível de pós-doutorado, sob a supervisão eacompanhamento da Profa. Dra. Maria do Amparo Tavares Maleval (UERJ), versa sobre a poesiamedieval, investigando-se a objetividade/subjetividade nas cantigas de amigo, como por exemplo,a construção do espaço real (geográfico) e do espaço literário (imaginário) num corpus selecionado,com o apoio da Retórica e a Poética. Nessa relação, destaca-se a presença da mulher, queexerce um importante papel na sociedade da época, considerando a hipótese de que a simbologiada natureza – fauna e flora – são elementos modificadores nas variadas situações sentimentaisda donzela.

Os estudos de medievalistas como Duby (1991, 1995), Casagrande (1991), Leclerq (1991),Macedo (1999), Bloch (1995), Pernoud (1993), entre outros, possibilitam-nos o embasamentoteórico-histórico sobre o assunto.

AAAAA hermenêutica judaica da Bíblia na Idade Média

Cláudia Andréa Prata Ferreira

O estudo judaico medieval foi o cenário de uma intensa atividade exegética bíblica. Nãopretendemos esgotar o tema, mas tão somente apresentar alguns pensadores e as característicasda exegese medieval judaica. Dividimos para efeito didático o painel da atividade exegética judaicano período medieval: Séculos IX-X - Saadia Gaon (882-942). A exegese medieval judaica nasceuem ambiente árabe-islâmico com Saadia Gaon. Esta nova exegese estendeu-se pelo norte daÁfrica até alcançar seu esplendor em Sefarad (termo hebraico para designar Espanha). SéculosXI-XIII - A exegese judaica em Sefarad (Espanha): A exegese judaica praticada em Sefaradcaracterizava-se por sua reprodução filológica e literal, conseqüência do contato com a língua ea filologia árabes. Contudo, não deixa de cultivar também a exegese filosófica e figurativa. Cabelembrar que o método filosófico seguiu um caminho anteriormente traçado pela exegese de SaadiaGaon, influenciado pelo neoplatonismo. O estudo da filosofia e da sua aplicação à religião tornou-se um traço característico da cultura judaica em Sefarad Séculos XI-XII - A exegese judaica naEuropa medieval: O perfil da exegese praticada nos demais países da Europa é bem diferentedo que era realizado nos países árabes e em Sefarad. Com um grau de educação em geralinferior, privados do contato com a cultura árabe e de uma formação filológica comparável aosexegetas de Sefarad, a única fonte dos exegetas ashkenazim – judeus que viviam na EuropaCentral e particularmente na Alemanha – eram as versões targúmicas (material em aramaico) eos textos midráshicos e talmúdicos, para cuja interpretação serviam-se do sentido homiléticocomo desenvolvimento do sentido literal.

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I Encontro do Núcleo Dimensões do Medievo (Translatio Studii)

AAAAA ‘Matéria da Bretanha’ e seu sincretismomaravilhoso celta-cristão

Cristina Maria T. Martinho

As diversas representações oriundas do imaginário europeu têm, em Marie de France eChrétien de Troyes, os principais formadores do maravilhoso medieval oriundo das velhascrendices,das lendas e dos mitos e ritos da cultura oral, popular.

Neste trabalho, proponho a discussão deste maravilhoso, tomando como ponto de partidao “Lai de Lanval” e o conto “Lancelot, o Cavaleiro da Carreta”.

Busco abordar a ‘mirabilia’ em seu sincretismo cultural e analisar a simbologia dosparadigmas formadores da ‘Matéria da Bretanha’, uma construção que articula o conceito europeude romance a partir da intersecção entre valores propagados pela Antigüidade clássica, pelamitologia cristã e pelas acepções oriundas da cultura celta/céltica.

AAAAA Pregação de Urbano II e a visão hebraicadas perseguições às comunidades judaicas da Alemanha

medieval na primeira Cruzada

Cristiano Ferreira de Barros

Após a pregação da Cruzada pelo papa Urbano II no concílio de Clermont em 1095,ocorreram perseguições às comunidades judaicas da Região do rio Reno na Alemanha Medieval.Esses cruzados, antes de partir para o oriente e salvar a terra santa dos infiéis, precisavam livrarsuas terras daqueles que crucificaram seu senhor Jesus Cristo. É nesse contexto da pregaçãodo Papa Urbano II e das perseguições aos judeus que se concentra a pesquisa. Buscamosrefletir sobre os acontecimentos do ano mil que se relacionam direta ou indiretamente com apregação do Papa Urbano II no Concílio de Clermont em 1095 e analisar os ataques àscomunidades judaicas da Alemanha medieval na primeira Cruzada, para, a partir disso, traçar arepresentação hebraica dessas perseguições e seus impactos no Judaísmo.

EEEEEnquadramento da pobreza e do trabalho na lei das Sesmarias

Daniel Tomazine Teixeira

Alguns anos antes da Dinastia de Avís assumir o controle da monarquia portuguesa,o Estado lusitano publicava um importante diploma que regulamentava, sob diversos aspectos, aposse e o trabalho da terra: a Lei das Sesmarias, de D. Fernando. Este documento, no que dizrespeito ao enquadramento da pobreza – principalmente a dita ilegítima, merecedora de repressão–, em muitos aspectos, vem complementar as disposições legais estipuladas anteriormente, comoem 1349, no pós Peste Negra. A monarquia feudal, então, dava um importante passo nacentralização do Poder, tornando-se um elemento chave na luta-de-classes do reino portuguêsbaixo medieval – ora atuando como conciliador de conflitos, ora como braço repressor da classeSenhorial. Analisaremos, em especial, as disposições legais anti-vadiagem que vigoram na referidalei das Sesmarias.

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MMMMModelos femininos no reino visigodo segundo Isidoro de Sevilha

Danielle Kaeser MerolaMichelle de Oliveira Santos

A presente comunicação tem como objetivo central analisar os modelos femininos propostospor Isidoro de Sevilha, bispo do reino visigodo no século VII, prescritos em seus “OfíciosEclesiásticos”. Estes, por sua vez, serão considerados a partir da comparação com a normatizaçãoconciliar a respeito da conduta sexual das mulheres consagradas presentes no III e IV Concíliosde Toledo. Tais modelos são sustentados a partir do pressuposto fundamental que considera asautoridades eclesiásticas como formuladoras de um modelo de vida para as mulheres em seusrespectivos estados. Logo, as formulações visam fomentar o ideal de conduta sexual das mulheresem três estados de vida permitidos pela doutrina cristã: a conservação da virgindade, a viuvez eo casamento.

AAAAA Utilização Política da Noção de Bem Comum naLiteratura Baixo Medieval Portuguesa

Débora Galvão de Santana

A idéia de Bem Comum, do modo como foi tecida por Aristóteles, denota a existência deuma comunidade em busca de um mesmo fim, assim como a necessidade de haver um governanteque interprete e promova sua realização. Através principalmente da leitura cristianizadaempreendida por Santo Tomás de Aquino, a idéia de Bem Comum chegou à baixa Idade Médiaportuguesa. Pretende-se mostrar que no Livro da Virtuosa Benfeitoria, do infante Dom Pedro, eno Leal Conselheiro, de Dom Duarte, a idéia foi veiculada comportando significados coerentescom os interesses políticos da Dinastia de Avis.

A A A A A lírica amorosa medieval nas vozes críticas deAndré Capelão, Georges Duby, Umberto Eco e

Maria do Amparo Maleval

Délia Cambeiro (orientadora)Vinicius Suliano

Anne Caroline M. Santos

Essa comunicação objetiva mostrar resultados iniciais de um estudo sobre algumas cantigasamorosas galegas e italianas, dos séculos XII e XIII, sob a mirada de André Capelão, GeorgesDuby, Umberto Eco e Maria do Amparo Tavares Maleval. Para tanto, utiliza-se o método comparado,no que toca ao corpus literário e teórico, constante do Projeto de Iniciação Científica, de caráterinterdisciplinar, intitulado “A LÍRICA AMOROSA MEDIEVAL GALEGA E ITALIANA DOS SÉCULOSXII E XIII EM PERSPECTIVA COMPARADA”, sob a orientação da Profª Drª Delia Cambeiro. Emespecial, o projeto dá ao bolsista meios capazes de expandir o campo dos estudos literários,formular novas indagações sobre o Imaginário Cultural da Idade Média, com o apoio renovadorde autores da chamada História das Mentalidades.

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WWWWWulfilaico, Winnoc e o monge desconhecido:o desafio da santidade dos vivos para Gregório de Tours

Edmar Checon de Freitas

O culto dos santos foi um dos principais componentes do processo de expansão docristianismo do Ocidente medieval. Sua promoção e o controle de cada lugar de culto tornaram-se elementos fundamentais na afirmação do poder episcopal. Nessas condições a definição daprópria santidade assume importância capital. Neste trabalho nos aproximaremos dessa questãopor meio de três episódios narrados por Gregório de Tours (c.538-573) em seus Libri Historiarum,nos quais a fama de santidade de indivíduos vivos é discutida e enquadrada na perspectivaclerical do bispo do Tours.

CCCCConversão Cristã e Religiosidade Popular na Irlanda (Séculos VI-VII)

Elaine Cristine dos Santos Pereira Farrell

O principal objetivo desta comunicação consiste na apresentação de um projeto de pesquisa.Tal pesquisa possui como questão central a análise do processo de conversão ao cristianismodas populações célticas irlandesas durante os séculos VI e VII através do estudo dos PenitenciasIrlandeses. Portanto, almejamos com tal pesquisa compreender através da leitura destesdocumentos, a relação entre o “cristianismo” e o “paganismo celta”, observando seus pontos deconflito assim como os de assimilação na formação de uma religiosidade popular. Logo, durantea nossa comunicação, nos centraremos na apresentação das principais questões, das teorias edos conceitos que norteiam esse projeto bem como da metodologia que acreditamos que facilitaráa sua realização.

MMMMMetodologia de Pesquisa em Tomás de Aquino:aplicabilidade nos dias de hoje

Elza Feliciano

O presente trabalho trata-se de um estudo filosófico do Método de Pesquisa em Tomás deAquino que vem sendo desenvolvida no GESTA – Grupo de Estudos São Tomás de Aquino, queocorre quinzenalmente na Universidade Federal Fluminense sob orientação do professor DoutorPaulo Faitanin.

A partir da análise de obras bibliográficas de autores como: Grabmann, M.; Elders, L.;Gilson, E.; Alarcón, E. entre outros, foi-se levantando questões sobre a possível utilização docitado método acima para um melhor aproveitamento do tempo, uma maior eficiência na leituraetc.

Considerando a grande influência que exerceu o Doutor Angélico na alta Idade Média, esteestudo busca apresentar o método de pesquisa tomista, exemplificá-lo e refletir sobre suaaplicabilidade nos dias de hoje, especialmente para aqueles que desejam estudar Tomás e suasobras.

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UUUUUm país Maravilhoso: Cocanha

Érika Elizabeth Vieira Frazão

Durante meados do século XIII, vemos surgir no norte da França pela primeira vez o nomeCocanha associado a um país imaginário. Neste período, os sucessos materiais, sociais, políticose culturais aguçaram os apetites e fizeram lamentar que a sociedade cristã não tivesse superadoos limites e as repressões que a constrangiam. O país imaginário da Cocanha representa umaforma de protesto contras esses limites impostos para a sociedade. Lá o seu povo vivia feliz echeio de amor, não faltava emprego para ninguém, até por que não era necessário trabalhar,tudo era fácil e de graça, de dia e de noite tudo era festa com muita bebida e comida. Para arealização deste trabalho temos como concepção que o imaginário faz a intermediação entre arealidade psíquica profunda da sociedade e a realidade material externa. O imaginário é vistoaqui não só como formador da sociedade, mas como sendo formado por ela. Desta forma,compreender a Cocanha é de fundamental importância para se compreender a sociedade medievaleuropéia.

EEEEEstudo de caso do Método e performance deSão Tomás de Aquino e sua atualidade

Fernanda Lima

O presente trabalho é um estudo de caso que se propõe a detalhar parte da obra: DePotentia, questão 3, artigo 13 e a estrutura da Suma Teológica. Esta pesquisa vem sendo realizadano Grupo de Estudo São Tomás de Aquino - GESTA - visando a análise da metodologia tomista esua atualidade.

Sendo assim, observando o método que Tomás de Aquino formulou-se, para responderesta e outras questões, que o estudo de caso referente ao método utilizado possibilita-nos percebercerta ordem de exposição dos temas abordados pelo autor seguindo a seguinte disposição:

1. Pergunta-se;2. Propõem-se argumentos contra;3. Propõem-se uma conclusão;4. Responde-se a cada um dos argumentos contrários.

Essas respostas e conclusões são baseadas em estudos filosóficos e teológicos e a estruturautilizada por Tomás de Aquino nos possibilita um melhor entendimento das relações que a teologiamantém com a filosofia e desta com as demais ciências.

Esta ordem de exposição revela-nos uma verdadeira dialética compatível com a performancenos dias de hoje.

OOOOO cavaleiro ideal: São Bernardo e o modelo de milícia templária

Flávia Rocha do Nascimento

A elaboração deste trabalho foi possível a partir de minhas tarefas como bolsista do projetocoletivo “Hagiografia e História: um estudo comparativo da santidade”, coordenado pela Profª.Andréia Cristina Lopes Frazão da Silva, junto ao Programa de Estudos Medievais da UFRJ.Ointuito desta comunicação é apresentar algumas reflexões que visam à redação da monografia

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de final de curso, que tem como um dos objetivos identificar e analisar o perfil considerado comoideal de cavaleiro cristão segundo o cisterciense Bernardo de Claraval, à luz das transformaçõesprocessadas no seio da Igreja sob à liderança de Roma. Nessa comunicação, vamos nosconcentrar no estudo da obra intitulada Elogio à nova milícia, escrita entre 1132 e 1136 pelomonge a pedido de Hugo de Paganis, primeiro grão mestre da Ordem dos Cavaleiros do Templo.

AAAAAs Ordenações: tentativas de rupturas com práticas e costumes

Flávio F. P. Filho

Este artigo tem como objetivo demonstrar como os reis portugueses da 1ª dinastia, D. Dinise, particularmente, D. Afonso IV procuraram, em simultâneo, ampliar e fortalecer o poder régio edisciplinar e submeter os principais Ordines do reino ao seu controlo, mediante uma legislaçãooutorgada com esses propósitos.

D. Afonso IV (1325-57) contava 33 anos ao assumir o trono. Deu continuidade à obragovernativa de seu pai, em especial, inovando, legislando e reforçando a prática da escrita, poisdeterminava que as Leis deveriam ser registradas nas Chancelaria e divulgadas através da leituranas reuniões dos Concelhos. Legislou sobre diversos aspectos de interesse da monarquia. Nasleis afonsinas há alguns aspectos interessantes, tais como, a origem divina do poder real, a pazpública, a salvação eterna dos súbditos, que denotam uma fundamentação teórica e ética dopoder político, bem como a preocupação com o estabelecimento de novos comportamentos sociais.

DDDDDa aventura, do exílio, da disciplina...Uma discussão sobre a literatura inglesa dos

séculos XIII e XIV: o romance e a Matéria da Inglaterra

Gabriela da Costa Cavalheiro

Os romances da Matéria da Inglaterra (séculos XIII e XIV) são desta forma descritos pelacrítica histórico-literária anglo-saxã por recuperarem, resgatarem um tempo passado e elementosculturais anglo-saxões, esboçados como cenário nas narrativas e cujos topoi se configuram nateia imagética de construção das personagens no que tange ao seu comportamento e à suaimagem como figuras femininas e masculinas num universo cortês idealizado. Todavia, aclassificação “Matéria da Inglaterra” surgiu em meados do século XX, a partir da iniciativa de W.H. Schofield (1906). Pensando-a em diálogo com a já consagrada classificação das três grandesmatérias da literatura do baixo medievo europeu, Matéria da Bretanha, da França e de Roma,delineadas pelo poeta francês Jean Bodel (1165-1209), Schofield buscou instituir um lugarpertinente a uma série de romances insulares, dos séculos XIII e XIV, que, por apresentaremcaracterísticas distintas das obras literárias daquelas matérias, não serviam aos parâmetrosclassificatórios e analíticos por elas esboçados.

Desse modo, pensando nas discussões mais atuais acerca dessa classificação, propomo-nos, através da presente comunicação, a problematizar aquela matéria literária, (re)discutindo-ae questionando noções cristalizadas sobre a literatura inglesa do baixo medievo, buscando, ainda,pensar na importância de se reconhecer nesse corpus uma rica documentação para os estudosinterdisciplinares, historiográfico e literário, no tocante ao contexto histórico e à caracterizaçãoliterária das narrativas.

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SSSSSimbolismo animal – os sermões de Santo Antôniode Lisboa e o bestiário medieval

Glícia Campos

Este trabalho propõe-se a traçar um panorama dos Sermões de Santo Antônio de Lisboaque utilizam a alegoria do simbolismo animal presente nos bestiários medievais, considerando-se, sobretudo, a perspectiva literária, fundamentada em aspectos históricos e doutrinários inerentesà obra antoniana. Os sermões de Santo Antônio foram redigidos em um período em que osbestiários encontravam-se no ápice de seu desenvolvimento, fato que pressupõe tanto uma riquezamais ampla de elementos evocados quanto uma maior proximidade do pensamento original dasimbologia animal medieval. As obras que fundamentaram esta pesquisa foram Sermões deSanto António, traduzida e organizada por Henrique Pinto Rema, e Simbolismo animal medieval:os bestiários, de autoria de Maurice van Woensel.

CCCCCarta de Perdão: Uma análise das situaçõesconflituosas na Chancelaria de D. João II

Gracilda Alves

Trabalharemos com as mulheres em situações conflituosas. São aquelas que mantêmrelações sexuais fora do casamento e que cometem um crime segundo a legislação régia e umpecado mortal pela legislação canônica.

AAAAA Mariologia Medieval em Perspectiva Comparada:reflexões acerca do Duelo de la Virgen de Gonzalo de Berceo

Guilherme Antunes Júnior

O presente trabalho analisará a obra conhecida como Duelo de la Virgen, escrito peloclérigo riojano Gonzalo de Berceo no século XIII. Trata-se de uma narrativa da história bíblica daPaixão de Cristo contada por Maria, mãe de Jesus para os cristãos. Nosso objetivo é analisar aobra à luz das relações de gênero. Para tanto, utilizaremos a perspectiva teórica da historiadoraestadunidense Joan Scott. Além disso, trabalharemos com os pressupostos metodológicos dacomparação, desenvolvidos por Jorgen Kocka. Este trabalho faz parte do desenvolvimento dedissertação de mestrado do Programa de Pós-graduação em História Comparada, está vinculadoao Programa de Estudos Medievais da Universidade Federal do Rio de Janeiro e à pesquisacoletiva Hagiografia e História coordenada pela professora Andréia Cristina Lopes Frazão daSilva.

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AAAAAs práticas pagãs nos sermões de Cesário de Arles

Ione Miiller Correa

Neste artigo, busco analisar, considerando a perspectiva eclesiástica, as alusões às práticaspagãs nos sermões do Bispo Cesário de Arles. Este trabalho está associado ao projeto de pesquisada Professora Leila Rodrigues da Silva e se configura como primeira etapa de minha pesquisa.

AAAAAs relações com o passado bretão naHistoria Regum Britanniae (século XII)

Isabela Dias de Albuquerque

A pesquisa em questão consiste em uma análise das influências que a obra Historia RegumBritanniae (História dos Reis da Bretanha), escrita entre os anos de 1135-1139, pelo monge deorigem galesa Geoffrey de Monmouth possivelmente apresenta em relação a outras obras quetambém remontam a história da ilha antes da invasão dos saxões - século V. As obras estudadas,além da Historia, serão: De Excidio Britanniae (século VI), Historia Ecclesiastica Gentis Anglorum(século VIII) e Historia Britonum ( século IX) - que também fazem referência ao mesmo período.

OOOOO Senhorialismo Afonsino no Portugal do século XV

João Cerineu Leite de Carvalho

Afastando-se de interpretações estadualistas acerca das transformações sofridas peloEstado na baixo-medieval, que compreendem como “antinaturais” as conjunturas que possamrepresentar impedimento a um movimento na direção de suas configurações modernas, propomo-nos a analisar as estruturas estatais portuguesa do século XV, no período que compreende aregência do infante D. Pedro e o reinado de D. Afonso V (1438-1481), levando em consideraçãoo pluralismo jurídico e os equilíbrios de força que compunham aquela estrutura. Dessa forma,compreendemos o senhorialismo régio afonsino, apontado por diversas vezes como um “recuoneofeudal”, sob uma ótica que compreende os aquela dinâmica social de acordo com as condiçõesmateriais da reprodução das relações de poder sobre bases nobiliárquicas.

ZZZZZurara e a ideologia cruzadística portuguesa

Katiuscia Quirino Barbosa

É notável a relevância das conquistas portuguesas para o contexto europeu quatrocentista,considerando, sobretudo, as razões ideológicas da empresa africana baseada na noção deexpansão da respublica Christiana . A guerra na África assumiu caráter missionário e cruzadísticona medida em que se constrói uma ideologia onde Portugal passa a ser entendida como a “nação”escolhida a expandir o cristianismo para além dos domínios europeus. Observa-se o esforço da

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dinastia de Avis em construir um universo cultural-simbólico, que servisse como mecanismos delegitimação do seu poder, nesse sentido, a produção cronística foi uma das principais viaspropagandísticas do período. Isto posto, nosso objetivo é a análise da ideologia cruzadísticaportuguesa do século XV, a partir das crônicas de Gomes Eanes de Zurara.

UUUUUm Inquisidor atrás de seu tempo? O Pontificado deGregório VII e a Aplicação do direito canônico (1073-1085)

Leandro Duarte Rust

O pontificado de Gregório VII é freqüentemente descrito pelos historiadores como períodoem que o amadurecimento do “projeto reformador do papado” o teria levado para um modo devaler-se do direito canônico caracterizado por “exigências radicais, austeras e arrogantes”. Movidospela perspectiva de que na década de 1070 a Cúria romana tomou, irreversivelmente, a rota deuma eclesiologia revolucionária, são muitos os que, assim como Harold Berman, afirmam que ogoverno gregoriano ocupou um lugar seminal na criação da tradição legal ocidental, tal qual um“divisor de águas”. Este trabalho tem por objetivo apresentar uma breve reflexão crítica sobreestes postulados historiográficos a partir da análise da documentação referente aos sínodosquaresmais realizados sob a autoridade de Gregório em Roma, entre 1073 e 1085. O focoargumentativo convergirá para a proposta de que a adoção conceitual de uma expressão como“programa reformador” implica em aplicar, sobre o passado do século XI, uma carga extemporâneade princípios-chave do positivismo jurídico oitocentista.

AAAAAs adversidades na construção de um herói:reflexões sobre a Vita Sancti Fructuosi

Leila Rodrigues da Silva

A literatura hagiográfica, em especial as Vidas de Santos, desenvolveu-se amplamente naIdade Média. Marcados pelo caráter edificante e moralizante, tais escritos sublinham, em particular,a conduta irrepreensível dos santos. Sua conduta, via de regra, como lembrou Vauchez, identifica-o também como um herói, já que opera milagres, multiplica alimentos, elimina demônios, entreoutras realizações. Nesta comunicação, interessa-nos analisar a Vita Sancti Fructuosi, escritaem fins do século VII, com destaque para a construção do perfil heróico do hagiografado, ao quese relaciona especialmente o enfrentamento e a superação de adversários e adversidades.

AAAAA Teoria da Referenciação no Liber Ordinum - de Mario Férotin

Leonardo Ferreira de Almeida

Este trabalho tem por objetivo analisar a progressão tópica e as cadeias referenciais emalguns excertos do Liber Ordinum – obra compilada por Mario Férotin – que vão do séc. V ao IX.Tomamos por base, portanto, as recomendações da teoria da referenciação e da sociocogniçãopara demonstrar os processos utilizados pelos autores na elaboração de seus textos. Nosso

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objetivo, antes de tudo, é verificar a aplicabilidade desta teoria em textos latinos e sua utilizaçãopara a compreensão do sentido dos referidos textos.

AAAAA atuação dos missionários irlandesesna Gália merovíngia: 590-650 d.C

Lílian Salaber Souza e Silva

A cultura popular medieval é um tópico relativamente novo, praticamente não desenvolvidopela historiografia. Geralmente quando há referências a ela, estas são feitas mencionando-sereminiscências de antigos mitos e épicos ou sobrevivências de paganismo. Poucos estudos sobrecultura medieval foram publicados recentemente; entretanto, quase todos eles se concentramem fins da Idade Média e começo da Idade Moderna. Por outro lado, o próprio conceito de“cultura popular” aplicado à Alta Idade Média permanece em boa parte indefinido: significa apenasa cultura das classes inferiores, oprimidas pela sociedade? Ou era a cultura de todos os iletrados,como oposição às pessoas educadas? Enquanto ninguém parece negar a existência de algochamado “cultura popular medieval”, ninguém ainda a definiu de forma clara. O trabalho propõedemonstrar as principais posições historiográficas a este respeito.

DDDDD. Teresa: representação feminina na crônicaMonarquia Lusitana, de frei Antônio Brandão

Livia Claro

Na presente comunicação, pretendemos uma análise breve da crônica escrita a respeitoda rainha de Portugal, D. Teresa, por Frei Antônio Brandão, em sua obra Monarquia Lusitana. Ovolume aqui examinado, concernente aos governos de D. Teresa e seu marido Conde D. Henrique,foram publicados no século XVII. Entender a razão pela qual o cronista-mor de Filipe III escolheua representação de uma rainha medieval portuguesa, cuja história encontra-se tão repleta demáculas e contradições - isto em plena União Ibérica – e a forma como este a fez, de maneira arestabelecer a memória de Teresa dentro da história nacional de Portugal, dentre as personagenshistóricas dignas de respeito e reverência, constitui como um dos principais objetivos de nossoestudo inicial.

OOOOO Discurso de Heloísa, amante e abadessa,e a questão do domínio masculino nos

mosteiros femininos no século XII

Livia Lindóia Paes Barreto

Este trabalho tem por objetivo apresentar o discurso de uma monja/abadessa, a apaixonadaHeloísa, e o seu protesto ante a vida que lhe foi imposta. O corpus escolhido para a análise sãoas Epistulae 1,3 e 4 , da correspondência trocada entre a monja/abadessa e o marido, a quemnunca deixou de amar. Nestas cartas “ouviremos” Heloísa, amante ardentemente apaixonada,

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falar dos seus sentimentos que vão da revolta, humilhação e dor pela culpa causada com acastração do amado, até à resignação e à aceitação da vida religiosa, que obrigou-a a renunciarao amor. Heloísa vê, na troca de Epistulae com o marido, uma forma de manter ainda um eloentre os dois e solicita-lhe um projeto de regra para o mosteiro que dirige, o Paracleto, denunciandoveementemente, a inadequação, para as mulheres, da Regra de S. Bento.

O método de análise, baseado nas teorias críticas do discurso, mostra como a abadessadenuncia a questão da dominação masculina sobre a mulher.

UUUUUm olhar sobre as Teudas e Manteudasno reinado de D. João II

Manoela do Rosário da Silva Araújo

Esta pesquisa objetiva a análise e compreensão da condição feminina no Portugal Medievo,referente ao período do reinado de D. João II. Neste sentido analisamos as teudas e manteudas,levando em consideração a justiça laica de Portugal no Quatrocentos, tomando como fio condutoro Livro das Leis e Posturas, Ordenações Del Rey dom Duarte e as Afonsinas. Consideramosportanto que a cultura erudita oficial, discurso feito pelos clérigos, focalizou a ética cristã, formulandodesse modo exemplos como o da filha exemplar, a esposa fértil e a viúva contrita , bem comoentretida em atividades no âmbito do fiar e tecer, no entanto estes modelos não se enquadramao nosso objeto, pois estas mulheres detinham uma personalidade jurídica.

AAAAA “Rotonda di Montesiepi”: reflexõessobre um local de peregrinação

Marcelo Fernandes de Paula

A peregrinação era uma prática, ligada à religião, comum na Idade Média. Entretanto, viajara locais considerados sagrados, como Jerusalém, ou a regiões que conteriam relíquias de santos,não envolvia apenas aspectos religiosos: implicavam, também, em questões econômicas.

Galgano de Guidotti foi um eremita que viveu na Toscana, na Península Itálica do séculoXII. Logo após a sua morte, foi construído em sua honra um edifício em formato circular. Esseprédio conteria uma espada que teria pertencido ao santo. Essa comunicação visa refletir sobreas circunstâncias que envolvem essa construção e sua inserção no âmbito das peregrinações.

OOOOO projeto de unidade jurídica castelhano-leonêsno governo de Alfonso X, século XIII

Marcelo Pereira Lima

Em meados do século XIII, o direito afonsino foi parte de um processo complexo de renovaçãoe invenção de tradições que não dispensou a convergência, contradição e pluralidade de discursosjurídicos e não-jurídicos. Por isso, o programa normativo castelhano-leonês pode ser compreendidoa partir de pelo menos três dimensões interligadas, ou seja, como doutrina

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legal, “ciência” ou meta-saber jurídico, como linguagem comunicativo-pedagógica e como normasregulamentadoras de condutas sociais. O objetivo desta comunicação é apresentar criticamenteo projeto de unidade jurídica afonsina a partir de uma perspectiva fundamentada em umaepistemologia relacional do direito.

OOOOO discurso historiográfico no IV século:rupturas e permanências

Marcus da Silva Cruz

O IV século é um momento particularmente importante na história da Antigüidade Tardia,não somente por marcar a reestruturação do Estado romano, a renovação social e econômica doespaço mediterrâneo como também pelo avanço do processo de cristianização do Império Romanoe pelo crescimento da Igreja.

Como afirma Peter Browm este período é caracterizado pela tensão entre o novo e o antigo,entre a mudança e a conservação. Neste trabalho iremos discutir esta questão no que concerneao discurso historiográfico, isto é, analisar os elementos de ruptura e os fatores de permanênciana historiografia pagã e na historiografia cristã.

SSSSSobre a cristianização da retórica clássica na Idade Média

Maria do Amparo Tavares Maleval

A retórica clássica teve em Santo Agostinho o seu primeiro importante cristianizador.Posteriormente, muitos dos seus postulados foram assimilados pelas artes de pregar, queformavam para o púlpito grande quantidade de clérigos. Pretendemos refletir sobre essacristianização de certos pressupostos da arte de bem dizer, tendo por corpus A doutrina cristãagostiniana e a Ars praedicandi de Frei Alfonso d’Alprãho, separados por séculos mas unidospelo mesmo objetivo catequisador.

OOOOO Cristianismo bizantino, o islamismo e o papado

Maria do Carmo Parente Santos

O desaparecimento do império persa golpeado de morte pelos árabes, acarretou importantesmodificações nas terras banhadas pelo Mediterrâneo. A expansão muçulmana áreas pertencentesao extinto império e também das que outrora se encontravam sob dominação bizantina , levou aconvivência de cristãos e muçulmanos , muitas vezes, no mesmo território. A importância dareligião para as sociedades medievais tanto no Ocidente quanto no Oriente é um fato sobejamentecomprovado, constituindo-se a fé como o elemento de identificação dos povos.

Assim, nosso trabalho constitui-se numa breve reflexão sobra as conseqüências da“contaminação” sofrida pelo cristianismo oriental por algumas idéias do islamismo, o que acaboupor acarretar um acirramento cada vez maior entre o Império Bizantino e o papado.

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MMMMMonarquia feudal e propaganda política.As inquirições portuguesas como fonte de estudo (século XIII)

Maria Filomena Coelho

As inquirições ordenadas pelo rei Afonso III, em 1258, são consideradas por algunshistoriadores como um dos monumentos mais impressionantes legados pela administração régiaportuguesa medieval. Trata-se de uma radiografia dos estragos e das usurpações que os senhoresdo norte de Portugal tinham infligido aos direitos régios no reinado anterior. Para levar a cabo atarefa, a Coroa organizou-se de forma sistemática, revelando uma percepção apurada da questãoadministrativa, seduzindo facilmente os historiadores e empurrando-os a tecer interpretaçõestriunfalistas sobre o sucesso da centralização do poder. E, externando um sentimento de pena,eles chegam à conclusão que, findas as inquirições e após registrar todos os desmandos senhoriaispor escrito, o rei tinha em mãos um instrumento político excepcionalmente favorável ao processode centralização que não utilizou! Como não o fez, parece que os historiadores deveriam repensaralgumas interpretações que sublinham demasiado o papel que estes registros escritos tiverampara a consolidação do projeto político de Afonso III. O exemplo das inquirições de Afonso III éespecialmente interessante para mostrar o quanto o historiador pode se deixar cegar pela auctoritasda fonte escrita. Basta ir além das inquirições para perceber que a política de Afonso III nãodiferiu substancialmente da de seus antecessores ou sucessores. Pensamos que a explicaçãoque mais se adequa à mentalidade política medieval é aquela que vincula a decisão de levar acabo as inquirições ao campo da representação política. Na realidade, as inquirições revelaram-se como mais um instrumento a serviço do afiançamento da monarquia feudal, uma monarquiaque teve que continuar pactando seu poder com todas as outras forças vivas da sociedade.

SSSSSanta Cecília como modelo de feminino no século XIII

Mariana do Nascimento Gomes

Inserido no contexto do século XIII, o trabalho se propõe a analisar o modelo de santidadee mulher baseado em santa Cecília, cuja hagiografia encontra-se compilada na Legenda Áurea.Santa Cecília, apesar de casada, conservou seu ideal de fidelidade a Cristo mantendo suacastidade. Comparando ao gênero de mulher e santidade ideal para a cultura medieval,encontramos na Virgem Maria as características necessárias para se entender santa Cecília.

Procuraremos abordar os atributos de gênero em santa Cecília equivalente ao modelo daVirgem Maria, ideal em características de feminino para os padrões doutrinários da Igreja medieval.

AAAAAs superstições e práticas pagãs nos Concílios de Toledo

Mariana Monni Nunes

Este artigo pretende fazer uma abordagem preliminar das atas dos concílios toledanos,buscando identificar e analisar as referências às superstições e práticas pagãs. Aqui, buscareiuma primeira aproximação específica com o tema, que está vinculado ao projeto de pesquisa da

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Professora Leila Rodrigues da Silva, relacionado à produção intelectual eclesiástica nos reinosgermânicos.

A A A A A Apropriação Cristã da Natureza naPenínsula Ibérica (séculos IV/VII)

Mário Jorge da Motta Bastos

Em sociedades pré-capitalistas nas quais a terra assume a condição de meio de produçãoessencial, a atividade produtiva está ligada essencialmente à natureza e submetida à incidênciade suas forças misteriosas. Quanto às características essenciais dessas economias, Marx (OCapital, vol. I) destacou o vigor dos referenciais religiosos que as informam, expressão da extremaproximidade física que caracteriza as relações estabelecidas pelos homens entre si e com anatureza. Se a representação religiosa do mundo nas sociedades pré-capitalistas se baseia numaprojeção da sociedade sobre a ordem sobrenatural, a prática social da natureza decorre, aomesmo tempo, da percepção que uma sociedade possui de seu meio material, da que possuiacerca de sua intervenção nesse meio, e, também, da percepção de si mesma. A partir de fontesde caráter diverso, propomo-nos à análise da apropriação cristã deste amplíssimo e fundamentalcampo de relações sociais estabelecido no interior da sociedade ibérica do período.

OOOOO tempo das penalidades: uma análisedo tempo no Fuero Juzgo

Marta Silveira Bejder

Diversas concepções de tempo estiveram coexistindo e interagindo na sociedade medieval.Os tempos da Igreja e dos mercadores foram constituídos e se manifestando na vida cotidianados indivíduos que, principalmente no espaço urbano, eram influenciados na forma comodesenvolviam suas mais diversas atividades, ordenando-as de acordo com uma lógica instituída.

Ordenamento é uma palavra chave para os monarcas castelhanos, no séc. XIII, que levarama diante o projeto de promover a unidade dos reinos castelhano e leonês utilizando, dentre outrosmecanismo, a própria lei. Lei que promovia o ordenamento social e a presença do tempo do reimanifesta no cotidiano dos súditos, no que se referia a aplicação das penalidades legais. A fimde promover a análise da instituição do tempo real na lei, utilizaremos como fonte o Fuero Real,código jurídico do séc. XIII.

AAAAA cortesia e a perfeição: uma cavalaria naIdade Média dos séculos XII e XIII

Neila Matias de Souza

Entre tantos aspectos que a Idade Média nos legou, a literatura, própria desse período, foium dos quais nos permitiu analisar a imagem que foi construída acerca do cavaleiro Essaelaboração foi aqui observada a partir de duas fontes pertencentes aos séculos XII e XIII: Lancelot,o Cavaleiro da Charrete e A Demanda do Santo Graal. A primeira diz respeito ao modelo de

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cavaleiro cortês, representado pelo herói que dá título ao romance. Esse tipo de cavaleiro tinhacomo característica a “vassalagem amorosa” e estava em oposição ao modelo de cavaleiro cristãoidealizado na Demanda. Nessa novela de cavalaria, Galaaz expressa o cavaleiro perfeito. Atravésdessas fontes pretendemos analisar como são construídos os modelos de cavaleiros – cortês ecristão – com o objetivo de “civilizar” a nobreza e cristianizar a cavalaria.

CCCCCiclo Pascal e Fortalecimento da AutoridadeEpiscopal no século VI: Liturgia e Calendário

nos escritos de Martinho de Braga

Paulo Duarte Silva

Nesta comunicação, discutimos o processo de organização do calendário litúrgico emandamento na Galiza, na segunda metade do século VI, sob liderança de Martinho de Braga. Talmovimento se associa ao esforço empreendido pelo prelado em um contexto de disputaseclesiásticas entre segmentos eclesiásticos e de conseqüente afirmação da vertente nicênicafrente a arianos e práticas associadas ao priscilianismo.

Assim, examinamos a gestão dos bens litúrgicos ministrados no período pascal, notadamenteo batismo, bem como a datação da Páscoa, instâncias igualmente indispensáveis na afirmaçãointelectual e simbólica da autoridade eclesiástica bracarense, a partir das atas conciliaresbracarenses, sermões e tratados martinianos.

O O O O O contexto do método de Tomás de Aquinona Escolástica Medieval e sua projeção na atualidade

Paulo Faitanin

O método escolástico se pauta especialmente no modelo da lógica aristotélica. Transmitidapor todo medievo, a lógica chega na Escolástica do século XIII, como método de investigação eexposição de temas.

A lógica é a ciência da razão que procura ordenar os próprios atos da razão em suasinvestigações. É neste ‘espírito’ que a lógica é amplamente valida na Escolástica Medieval doséculo XIII.

Tomás de Aquino [1225-1274], filósofo e teólogo medieval, aborda em seu contexto depesquisa filosófica e teológica, o método de investigação baseado na lógica de Aristóteles.

Pode-se dizer que seu método desenvolve-se numa autêntica dialética e apresenta certassemelhanças com o método de pesquisa atual em alguns setores das ciências humanas.

AAAAA Dependência como Dom (Península Ibérica – séculos VI-VIII)

Paulo Henrique de Carvalho Pachá

Em meio aos diversos processos históricos que fundamentam a generalização do modo deprodução capitalista (Marx), destaca-se a dissolução das relações de dependência pessoais queestruturavam a produção na sociedade feudal. Admirada pela suposta ordem e harmonia social

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que lhe dariam o tom, as “trevas”, quando se dissipam iluminam, entre outros aspectos, a vigênciadaquelas relações, essenciais à reprodução social e fundamento de sua organização. Em quepese a diversidade de formas que se atribui à “pessoalidade dos vínculos sociais”, uma emergecomo primordial nas análises mais recentes: o dom. No entanto, a sua função não consistiu, nomedievo, em igualar estatutos e posições sociais díspares, mas, em especial através de suaforma agonística, em aprofundar e perenizar a hierarquização e as desigualdades característicasdaquela sociedade. É esse o tema desta comunicação, centrada na análise das Vitas SanctorumPatrum Emeritensium, da Vita Fructuosi e da Vita Sancti Aemiliani, relatos hagiográficos ibéricosdo contexto em questão.

IIIIIdentidade e Memória: ordens mendicantes noséculo XIII e a Legenda Áurea de Jacopo de Varazze (1240-1270)

Paulo Ricardo Costa Pinto

Neste artigo trabalharemos os conceitos de identidade e memória aplicando-os as Ordensmendicantes surgidas no século XIII. Apresentaremos uma breve contextualização desse períodode florescimento, numa Europa Ocidental que viu o avanço das heresias, em especial destaqueos cátaros ou albigenses, que com sua postura peculiar obtiveram grande sucesso em suaexpansão, principalmente no sul de França. Outro conceito fundamental trabalhado é o deapropriação, definido por Chartier, para entender como as ordens mendicantes apreendem doshereges cátaros formas de contato com a população em geral, em especial das cidades (asordens mendicantes estão intimamente ligadas ao processo de reurbanização da EuropaOcidental), pelas quais passaram a disseminar a fé ortodoxa.

A fonte nos apresenta, através das imagens dos santos fundadores, as características maismarcantes de cada uma das Ordens mendicantes. O caráter relacional das diferenciações e opapel do autor na construção dessas imagens e sua fixação no imaginário também serão objetode nossa análise.

CCCCCáin Lánamna, a ‘Lei dos Casais’:Repensando o direito medieval irlandês a partir

de uma perspectiva comparada com os textos antigos

Pedro Vieira da Silva Peixoto

Poderia haver alguma ligação entre as práticas de casamentos realizadas em diferentesregiões consideradas como tipicamente ‘celtas’? Esta será a questão principal que norteará odesenvolvimento da presente comunicação. Neste sentido, optamos por um estudo que adotauma perspectiva comparada objetivando a identificação de continuidades e de elementos comunsentre as práticas de uniões entre homens e mulheres em diferentes localidades ‘celtas’. O recortedar-se-á então a partir da Gália antiga e a Irlanda durante os séculos V ao X. Por fim, no que dizrespeito à documentação que será analisada, desenvolveremos comparações entre os relatosde César e Ulpiano com o Cáin Lánamna, uma lei medieval irlandesa que trata exclusivamenteda questão das uniões entre homens e mulheres.

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BBBBBreve Análise do processo de formaçãoda classe aristocrática na Inglaterra

anglo-saxônica (séculos VII-VIII)

Renato Rodrigues da Silva

A presente comunicação tem como tema a complexificação e hierarquização social ocorridana Inglaterra anglo-saxônica entre os séculos VII e VIII, investigando, no bojo deste processo, aformação de uma classe social específica, a aristocracia. O recorte cronológico proposto decorreda perspectiva de configurar a ocorrência, no período e na sociedade em questão, de uma profundamodificação na estruturação e dinâmica das relações de poder e dominação sociais. Investiremos,portanto, na tentativa de caracterizar e analisar os processos de diferenciação social, relacionando-os com a paulatina afirmação de uma identidade de classe. Utilizaremos como fontes para talestudo a Historia Ecclesiastica Gentis Anglorum, de Beda, uma compilação legislativa conhecidacomo Anglo-Saxon Dooms, algumas hagiografias e o poema épico Beowulf.

AAAAA representação da Imagem do Pregador segundoHumberto de Romans em De Eruditione Praedicatorum

Ricardo Duarte Azeredo

A Ordem dos Pregadores surge no século XIII como uma das reações da Igreja para deter oavanço das heresias no território da cristandade. Essa Ordem vai atuar como promotora da fécristã, expondo–a através da pregação, com o objetivo de erradicar as interpretações heterodoxasdo cristianismo.

É nesse contexto em que Humberto de Romans - quinto mestre geral da Ordem Dominicana,que exerceu seu generalato entre os anos de 1254 e 1263 - escreve o De Eruditione Praedicatorum.Essa obra tem como objetivo servir como um manual de conduta e de trabalho para os pregadores.É a partir da analise do texto de Humberto que essa comunicação irá trabalhar. Vamos buscarnele a representação da imagem do pregador que é passada pelo autor.

AAAAA perspectiva histórica da elite eclesiástica visigodae a contrução da hegemonia peninsular

Rita de Cassia Damil Diniz

O presente trabalho consiste nas reflexões preliminares de meu projeto de pesquisa, emnível de doutorado, que tem como ponto nevrálgico a utilização político-ideológica do discursoacerca da História desenvolvido pela elite eclesiástica durante o século VII na Peninsula Hispânica.Neste sentido foco minha atenção sobre a estruturação de aspectos como a construção de umaidentidade/alteridade visigoda, de base moral religiosa, e sua relação direta com configuração deum discurso legitimador que garantisse a hegemonia visigoda no âmbito peninsular.

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“QQQQQuae uiderunt oculi mei” – a visão cristãsobre a peste na Lisboa do século XVI

Roberta Valle do Amaral

As sociedades medievais européias conviveram e sofreram com inúmeros cataclismos eepidemias. Dentre essas, merece especial consideração a Grande Epidemia de Peste Negra queatingiu o Ocidente a partir de 1347. Mal aparentemente sem par, ao qual já se atribuiu um peso euma influência consideráveis no quadro crítico generalizado que se teria imposto aos dois últimosséculos medievais, a grande mortandade esteve na origem – faceta sua menos divulgada! – deum novo ciclo epidêmico que promoveria punções demográficas regulares nas grandes cidadeseuropéias até fins do século XVI. E é para este período que se dirige nossa análise, em especialo contexto da epidemia que cobriu a cidade de Lisboa em 1569, impondo à cidade uma sangriade cerca de cento e vinte mil almas! Em conjunturas críticas como essa, proliferam os discursosque tentam explicar as causas do flagelo e os meios de sua superação, como no caso do “Breuesummario da peste que ouue em Lixboa o anno de 69”, obra de autoria anônima, objeto de nossaanálise, e que constitui um importante instrumento de divulgação (e, portanto, de apreensão) daconcepção cristã da doença corrente em fins da Idade Média Portuguesa.

OOOOO uso do milagre como ferramenta na cristianizaçãodas populações campesinas no Reino Visigodo:

o caso da Vita Sancti Aemiliani de Bráulio de Zaragoza

Rodrigo Ballesteiro Pereira Tomaz

Sou estudante de graduação em História e bolsista PIBIC, sob a orientação da professoraLeila Rodrigues. Atualmente encontro-me vinculado à pesquisa geral por ela desenvolvida sobrea produção intelectual eclesiástica nos reinos germânicos. No projeto que desenvolvo, meu focode análise inicial se refere à visão do mal, do pecado, do erro do “paganismo” à luz da ideologiada alta hierarquia cristã da Península Ibérica (VI-VII), a partir das hagiografias produzidas naregião.

Para a preparação desta comunicação, meu primeiro trabalho a ser apresentado em umevento da ABREM, pretendo uma análise preliminar sobre a importância tanto do milagre comodaquele que o executa na cristianização de populações campesinas no âmbito do reino visigododo século VII. Como fonte primária que dá base à minha apresentação utilizo-me da vida de SãoEmiliano (Vita Sancti Aemiliani), de autoria atribuída a Bráulio de Zaragoza.

EEEEEntre a coroa e a espada: Um estudo da figuraguerreira de Afonso Henriques a partir da Guerra de Reconquista

Rodrigo da Silva Salgado

A elaboração desta comunicação está diretamente relacionada com o trabalho que venhodesenvolvendo com a Profª Drª Gracilda Alves no Programa de Pós-Graduação em História

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Comparada (PPGHC-UFRJ). O tema central de nosso trabalho se baseia na análise da construçãoda figura de Afonso Henriques como monarca guerreiro durante o processo de autonomia doCondado portucalense no século XII através da Reconquista cristã.

Consideramos que o principal fundamento de legitimação da primeira realeza portuguesaera considerado como correlativo ao direito de conquista, o qual se demonstrava pela aquisiçãode novos territórios através da guerra contra o muçulmano. Este direito, Afonso Henriques tinhademonstrado amplamente e é, por este motivo, que todos os cronistas que narram sobre suavida ressaltam a sua strenuitas, a sua valentia e seus sucessos guerreiros.

AAAAAs relações de poder e a educação no Reino Visigodono século VII: a construção de um projeto de doutorado

Rodrigo dos Santos Rainha

Nosso objetivo com esta comunicação é apresentar alguns elementos do nosso projeto dedoutorado, ainda em construção, visando a continuidade do trabalho desenvolvido no mestrado:a educação no reino visigodo no século VII e a sua relação com o poder.

Em nossa pesquisa a educação aparece como um tema central no discurso eclesiástico,mas se modificando e se adaptando aos momentos políticos no período que abordamos.

Assim o problema que identificamos vincula-se à análise das relações de poderespecialmente sobre o papel da educação. Em nossa pesquisa notamos que o ensino assumeum papel preponderante no discurso eclesiástico, passando a regular e indicar posições do clerofrente à sociedade.

UUUUUma introdução à produção literária oral e escritados nórdicos medievais: poesia eddaica, poesia skaldica e sagas

Tiago Quinta

A produção literária oral e escrita dos nórdicos medievais consistia da poesia nórdica medievale das sagas. Nelas estão representados, através da palavra literária, diferentes aspectos sociaisdo mundo germânico, em uma perspectiva que integra a Literatura à História. A proposta destetrabalho é a de realizar um estudo introdutório sobre a poesia nórdica medieval, a poesia da corteda Escandinávia, Islândia e demais regiões de cultura predominantemente nórdica, compostaentre os séculos VIII e XIII, e as sagas, histórias sobre deuses, heróis e antepassados da culturanórdica, compostas entre os séculos VIII e XII e transcritas a partir do século XII, na Islândia.

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Índice de AutoresAdriana Conceição de Sousa ...........................................................................................Almir Marques de Souza Junior ..............................................................................................Álvaro Alfredo Bragança Júnior ..............................................................................................Ana Paula Lopes Pereira ........................................................................................................André Luís Alves dos Santos ..................................................................................................Andréia Cristina Lopes Frazão da Silva ..................................................................................Anne Caroline M. Santos ........................................................................................................Antonio Marcos Gonçalves Pimentel ......................................................................................Bruno de Melo Oliveira ............................................................................................................Bruno Uchoa Borgongino .......................................................................................................Carolina Coelho Fortes ...........................................................................................................Carolina Viana Machado .........................................................................................................Clarice Zamonaro Cortez ........................................................................................................Cláudia Andréa Prata Ferreira ................................................................................................Cristina Maria T. Martinho .......................................................................................................Cristiano Ferreira de Barros ....................................................................................................Daniel Tomazine Teixeira ........................................................................................................Danielle Kaeser Merola ...........................................................................................................Débora Galvão de Santana .....................................................................................................Délia Cambeiro .......................................................................................................................Edmar Checon de Freitas .......................................................................................................Elaine Cristine dos Santos Pereira Farrell...............................................................................Elza Feliciano ..........................................................................................................................Érika Elizabeth Vieira Frazão ..................................................................................................Fernanda Lima ........................................................................................................................Flávia Rocha do Nascimento ..................................................................................................Flávio F. P. Filho ......................................................................................................................Gabriela da Costa Cavalheiro .................................................................................................Glícia Campos ........................................................................................................................Gracilda Alves .........................................................................................................................Guilherme Antunes Júnior ......................................................................................................Ione Miiller Correa ..................................................................................................................Isabela Dias de Albuquerque ..................................................................................................João Cerineu Leite de Carvalho ..............................................................................................Katiuscia Quirino Barbosa ......................................................................................................Leandro Duarte Rust ...............................................................................................................Leila Rodrigues da Silva .........................................................................................................Leonardo Ferreira de Almeida ................................................................................................Lílian Salaber Souza e Silva ...................................................................................................Livia Claro ...............................................................................................................................Livia Lindóia Paes Barreto ......................................................................................................Lenora Pinto Mendes ..........................................................................................................Manoela do Rosário da Silva Araújo .......................................................................................

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Marcelo Fernandes de Paula ..................................................................................................Marcelo Pereira Lima ..............................................................................................................Marcio Paes Selles ............................................................................................................Marcus da Silva Cruz ................................................................................................................Maria do Amparo Tavares Maleval ..........................................................................................Maria do Carmo Parente Santos ............................................................................................Maria Filomena Coelho ...........................................................................................................Mariana do Nascimento Gomes .............................................................................................Mariana Monni Nunes .............................................................................................................Mário Jorge da Motta Bastos ..................................................................................................Marta Silveira Bejder ...............................................................................................................Michelle de Oliveira Santos ....................................................................................................Neila Matias de Souza ............................................................................................................Paulo Duarte Silva ..................................................................................................................Paulo Faitanin .........................................................................................................................Paulo Henrique de Carvalho Pachá ........................................................................................Paulo Ricardo Costa Pinto ......................................................................................................Pedro Vieira da Silva Peixoto ..................................................................................................Renan Frighetto ........................................................................................................................Renato Rodrigues da Silva .....................................................................................................Ricardo Duarte Azeredo .........................................................................................................Rita de Cassia Damil Diniz ......................................................................................................Roberta Valle do Amaral .........................................................................................................Rodrigo Ballesteiro Pereira Tomaz .........................................................................................Rodrigo da Silva Salgado .......................................................................................................Rodrigo dos Santos Rainha ....................................................................................................Tiago Quinta ...........................................................................................................................Vinicius Suliano .......................................................................................................................

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