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1 Influência do Fator-G nos custos de produção no processo de retificação centerless de passagem ALESSANDRO RASCALHA, UNILAVRAS, [email protected] SÉRGIO LUIZ MONI RIBEIRO FILHO, Universidade Federal de São João del Rei, [email protected] LINCOLN CARDOSO BRANDÃO, Universidade Federal de São João del Rei, [email protected] JULIANO APARECIDO DE OLIVEIRA, Universidade Federal de São João del Rei, [email protected] Resumo: Retificação é o principal processo de fabricação usado em operações de acabamento. Em particular, a retificação centerles, é amplamente utilizada para produzir os mais diversos produtos, como por exemplo, rolamentos de rolos, haste da válvula e haste dos amortecedores. Retificadoras centerless são utilizadas na produção de grande escala devido ao menor tempo de produção e uma elevada flexibilidade. No entanto, a configuração deste equipamento é complexa, lenta e depende da habilidade dos operadores. Portanto, a escolha correta dos parâmetros do processo é importante para definir exatamente a estratégia de corte e para permitir a otimização do processo. Este trabalho mostra a análise dos parâmetros de entrada, taxa de alimentação e tipo de materiais sobre as respostas Fator-G, rugosidade, e erro de cilindricidade. Dessa forma, hastes dos amortecedores foram usados como corpos de prova no chão de fábrica. Os parâmetros de entrada foram a taxa de alimentação e o tipo de material (aços SAE 1020 e 1045). As respostas foram a rugosidade, o erro de cilindricidade, e o Fator-G. Os resultados mostraram que o material da peça é o parâmetro que tem mais influência sobre o Fator-G e a rugosidade. Além disso, a taxa de alimentação teve pouca influência sobre o acabamento das peças, principalmente sobre o erro de cilindricidade. Finalmente, observa-se que o tipo de material tem grande influência nos custos de produção podendo atingir até 11% com a variação do tipo de material. Palavras-chave: Retificação, Fator-G, Retificação centerless, Custos de Produção. 1. Introdução A preparação de retificadoras centerless é muito complexa e demanda várias ações para proporcionar um condicionamento perfeito e um bom funcionamento durante a operação de retificação. As principais atividades desenvolvidas na preparação do rebolo, antes do início da produção de peças, são a dressagem e a limpeza. A operação de limpeza tem o objetivo de limpar, afiar, e corrigir o formato do rebolo de corte (WEGENER et al., 2011).Durante o processo de retificação centerless é essencial estabelecer um setup para definir exatamente o controle e o movimento da peça no vão de retificação. A instalação de setup perfeito é necessária para garantir a rigidez do processo sem grandes mudanças nos parâmetros de entrada (WU et al. ,2005). Durante o processo de retificação, carregamentos térmicos, químicos e mecânicos estão presentes e são aplicados sobre o rebolo de corte. O principal efeito destes carregamentos é o desgaste do rebolo que modifica a topografia do rebolo e conjuntamente da peça. O macro desgaste ocorre com degradação da macro geometria pela troca de perfil,

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Influência do Fator-G nos custos de produção no processo de

retificação centerless de passagem

ALESSANDRO RASCALHA, UNILAVRAS, [email protected]

SÉRGIO LUIZ MONI RIBEIRO FILHO, Universidade Federal de São João del Rei,

[email protected]

LINCOLN CARDOSO BRANDÃO, Universidade Federal de São João del Rei, [email protected]

JULIANO APARECIDO DE OLIVEIRA, Universidade Federal de São João del Rei,

[email protected]

Resumo: Retificação é o principal processo de fabricação usado em operações de

acabamento. Em particular, a retificação centerles, é amplamente utilizada para produzir os

mais diversos produtos, como por exemplo, rolamentos de rolos, haste da válvula e haste dos

amortecedores. Retificadoras centerless são utilizadas na produção de grande escala devido

ao menor tempo de produção e uma elevada flexibilidade. No entanto, a configuração deste

equipamento é complexa, lenta e depende da habilidade dos operadores. Portanto, a escolha

correta dos parâmetros do processo é importante para definir exatamente a estratégia de

corte e para permitir a otimização do processo. Este trabalho mostra a análise dos

parâmetros de entrada, taxa de alimentação e tipo de materiais sobre as respostas Fator-G,

rugosidade, e erro de cilindricidade. Dessa forma, hastes dos amortecedores foram usados

como corpos de prova no chão de fábrica. Os parâmetros de entrada foram a taxa de

alimentação e o tipo de material (aços SAE 1020 e 1045). As respostas foram a rugosidade, o

erro de cilindricidade, e o Fator-G. Os resultados mostraram que o material da peça é o

parâmetro que tem mais influência sobre o Fator-G e a rugosidade. Além disso, a taxa de

alimentação teve pouca influência sobre o acabamento das peças, principalmente sobre o

erro de cilindricidade. Finalmente, observa-se que o tipo de material tem grande influência

nos custos de produção podendo atingir até 11% com a variação do tipo de material.

Palavras-chave: Retificação, Fator-G, Retificação centerless, Custos de Produção.

1. Introdução

A preparação de retificadoras centerless é muito complexa e demanda várias ações

para proporcionar um condicionamento perfeito e um bom funcionamento durante a operação

de retificação. As principais atividades desenvolvidas na preparação do rebolo, antes do início

da produção de peças, são a dressagem e a limpeza. A operação de limpeza tem o objetivo de

limpar, afiar, e corrigir o formato do rebolo de corte (WEGENER et al., 2011).Durante o

processo de retificação centerless é essencial estabelecer um setup para definir exatamente o

controle e o movimento da peça no vão de retificação. A instalação de setup perfeito é

necessária para garantir a rigidez do processo sem grandes mudanças nos parâmetros de

entrada (WU et al. ,2005). Durante o processo de retificação, carregamentos térmicos,

químicos e mecânicos estão presentes e são aplicados sobre o rebolo de corte. O principal

efeito destes carregamentos é o desgaste do rebolo que modifica a topografia do rebolo e

conjuntamente da peça.

O macro desgaste ocorre com degradação da macro geometria pela troca de perfil,

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produzindo erros de forma e erros de batida. Além disso, o micro desgaste ocorre ao mesmo

tempo e é responsável por duas diferentes situações que são o arrancamento de grãos e a

quebra destes grãos gerando novas arestas de corte (KLOCKE e KÖNIG, 2005).Estes

fenômenos ocorrem simultaneamente e são correlacionados aos parâmetros do processo, tipo

de máquina e operação de dressagem. A dressagem é usada para reconstruir a topografia do

rebolo e melhorar a qualidade do rebolo de corte, além de, proporcionar um pequeno desgaste

do rebolo de corte e não ter influência no consumo.

O consumo do rebolo de corte é chamado de Fator-G e corresponde ao volume do

material removido dividido pelo volume de rebolo de corte desgastado. O Fator-G é

influenciado pela dureza do material do corpo de prova e o tipo de rebolo de corte.

Geralmente, material de baixa dureza são retificados com rebolos de corte duros e materiais

endurecidos por rebolos de corte mais macios, como os rebolos super abrasivos.

Considerando o processo de retificação tradicional o Fator-G varia de 20:1 a 80:1 (BIANCHI

et al., 2003).

O Fator-G é influenciado por diversos parâmetros durante o processo de retificação,

principalmente na retificação centerless de passagem. Apesar de apresentar propriedades

pobres considerando a refrigeração do processo, óleos emulsionáveis são comumente usados

para baixas velocidades de corte para ajudar na diminuição do desgaste do rebolo. O

desempenho do processo de retificação melhora com o uso de óleos integrais e semi-

sintéticos. Yoon e Kruger (1999) testaram 45 tipos diferentes de fluidos de corte integrais e

semi-sintéticos e mostraram que estes fluidos podem melhorar em até 10 vezes o Fator-G em

comparação com os óleos emulsionáveis.

As forças de corte são outro fator importante que modifica o Fator-G atuando em

paralelo com os fluidos de corte. A aplicação de óleos com enriquecidos com concentrações

de MoS2 (Bissulfeto de Molobidênio) e vazão de 5ml/h pode reduzir as forças de retificação

em mais de 27% e aumentar o Fator-G e mais de 46% quando comparado com óleos

emulsionáveis tradicionais.Diversos autores têm proposto metodologias para aperfeiçoar o

processo de retificação. Algumas técnicas geraram um número de soluções para cada

parâmetro de entrada tais como; propriedades do material, parâmetros do rebolo, velocidade

do corpo de prova, velocidade de alimentação e condições de dressagem. De acordo com os

autores, a velocidade de alimentação é o parâmetro mais promissor porque ela tem uma

interferência direta no Fator-G, no tempo de retificação e na qualidade superficial (SHEN et

al. 1999).

O Fator-G pode variar na faixa de 31,7 a 52,3 dependendo do setup definido para a

velocidade de avanço no processo de retificação. Além disso, a dureza do corpo de prova tem

uma grande influência no Fator-G porque o arrancamento de grãos e/ou a quebra de grãos está

diretamente relacionada com o carregamento da estrutura do rebolo de corte (GUPTA et al.,

1999 e MIDHA et al., 1991).O conhecimento do Fator-G é muito importante no chão de

fábrica devido ao alto custo envolvido no processo de retificação, principalmente no processo

de retificação centerless de passagem que é um processo com altas taxas de produção. Dessa

forma, este trabalho apresenta um estudo da influência da velocidade de avanço e do tipo de

material sobre o Fator-G, rugosidade e cilindricidade das peças retificadas, paralelamente, a

análise do tempo de vida do rebolo e o custo do processo na operação de dressagem.

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2. Metodologia

Testes experimentais foram realizados no chão de fábrica de uma empresa de

amortecedores. A retificadora usada foi um modelo Twin Grip 350-20 RK com 50 HP de

motor principal fabricada pela empresa Cincinnati. Foi usado óleo emulsionável do tipo

EcoCool P1978 fabricado pela FUCHSTM

. A vazão usada nos experimentos foi de 130 l/min e

a faixa de concentração foi entre 6 e 8%.

O rebolo de corte usado foi do tipo ART AA80 KVS com diâmetro externo de 609,6

mm, diâmetro interno de 304,8 mm e comprimento de 508 mm. A velocidade de corte

empregada foi de 40 m/s. Os parâmetros de entrada foram o tipo de material e a velocidade

de avanço. Um planejamento fatorial completo (2k) foi utilizado para identificar os principais

efeitos e interação de fatores de entrada sobre as respostas Fator G, rugosidade e

cilindricidade. A profundidade de corte foi mantida constante com 0,27 mm. Acomposição

química dos corpos de prova são mostradas na Tabela 1.

TABELA 1 - Especificação dos corpos de prova

Material

Composição química [%] Tamanho de grão HRA

C Mn Si P S

ABNT 1045 0,45 0.50 0.15 0.045 0.045 5-8 75

ABNT 1025 0.25 0.45 - 0.04 0.05 5-8 68

Os corpos de prova tinham a tolerância de diâmetro de 12.4-12.425±0.005

mm e

comprimento de 289-380±0.3

mm com dureza de 49 HRC e uma camada de 0,5 a 1 mm de

espessura. O número de corpos de prova fabricados durante o experimento foi de 3.342.656

unidades e o rebolo de corte foi usado até o seu fim de vida. Originalmente o tempo médio de

consumo do rebolo de corte era de 29 dias para a operação de retificação e de 49 dias para a

operação de acabamento. Os testes experimentais foram realizados no chão de fábrica para a

operação de desbaste. Os testes foram repetidos três vezes para garantir a confiabilidade dos

resultados obtidos.

A rugosidade foi medida em três pontos opostos 120 com um equipamento digital

Mahr Perthometer model M2 Werk. A rugosidade foi medida em cinco corpos de prova

escolhidos aleatoriamente a cada quatro horas. Um equipamento de medição tridimensional

modelo Zeiss Condura G32 foi usado para medir a circularidade dos corpos de prova usando a

mesma estratégia da rugosidade. A Tabela 2 mostra os parâmetros de entrada com os seus

níveis.

TABELA 2 - Níveis dos parâmetros de entrada

Parâmetros de entrada Níveis

-1 1

Velocidade de avanço 4.3m/min 6.1m/min

Material ABNT 1025 ABNT 1045

O Fator-G foi medido considerando o volume consumido do material removido

dividido pelo volume consumido de rebolo desgastado. O volume consumido de material

consumido foi considerado pela medição das dimensões da haste de amortecedor antes e

depois do processo de retificação multiplicado pelo número de hastes fabricadas durante o

período dos experimentos. O volume de rebolo desgastado foi medido usando deslocamento

do dressador no sentido radial que controla as dimensões do rebolo de corte. Os testes

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experimentais foram realizados na temperatura de 26 C. O projeto de experimentos foi

realizado usando o MiniTabTM

para verificar os fatores de influência.

3. Resultados e Discussão

3.1Efeitos principais

Os P-valores (0,000 and 0,042) marcados na Tabela III mostram que o efeito principal

Material é significante para as respostas Fator-G e a rugosidade, mas não tem influência sobre

a resposta cilindricidade. Em condição oposta, o efeito principal Avanço não apresenta

significância para as respostas Fator-G, rugosidade e cilindricidade. O valor ajustado R2

foram 78,07, 74,57 e 88,32%, quanto mais próximo de 1 (ou de 100%), melhor é o modelo

ajustado.

As Figuras 1,2 e 3 mostram que os efeitos principais para o Fator-G, rugosidade e erro

de circularidade. De acordo com a Figura 1, o efeito avanço (A) e material (B) sobre o Fator-

G apresentaram uma variação de 29,6% considerando o tipo de material aço SAE 1025 e aço

SAE 1045. Este comportamento pode ser explicado pela dureza do aço SAE 1045 em

comparação com o aço SAE 1025.

Geralmente, materiais mais duros tais como o aço SAE 1045 com dureza superficial

fornecem uma maior quebra de grãos e um menor arrancamento de grãos. Esta condição é

importante porque fornece um consumo menor do rebolo de corte e gera uma afiação do

rebolo de corte. Mais que isto, o Fator-G de 9,25 é um bom valor para um processo de

retificação centerless considerando o grande volume de peças produzidas neste processo.

TABELA 3 - Análise de variância (P-valores)

Fatores

experimentais Fator-G

Rugosidade

[µm]

Cilindricidade

[µm]

Efeitos principais

Avanço 0,800 0,444 0,543

Material 0,000 0,042 0,918

Interações

Avanço vs. Material 0,712 0,753 0,258

R2 Ajustado (%) 78,07 74,57 88,32

FIGURA 1 – Efeito principal do Fator-G

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A Figura 2 mostra os efeitos principais avanço (A) e material (B) sobre a rugosidade

apresentando um pequena diferença de 7% entre os valores de avanço de 4,3 e 6,1 mm/min e

uma variação de 22% entre o tipo de material aço SAE 1025 e aço SAE 1045. Este

comportamento pode ser explicado pela alta dureza do aço SAE 1045 que devido ao fato de

gerar uma quebra maior de grãos , gera um acabamento melhor, em razão da formação de

novas pontas, mais agudas e mais afiadas.

De acordo com a folha de dados do rebolo de número 60 possui uma estrutura que

apresenta uma estrutura aberta. Geralmente, rebolos de corte com estruturas abertas fixam

mais os grãos, evitando o arrancamento dos grãos, devido à fixação mais rígida de grãos. Este

tipo de estrutura ajuda a friabilidade do rebolo que é a capacidade de grãos abrasivos se

fraturar e se auto-afiar. Com base nisto, pode-se verificar que o tipo de material, no caso aço

SAE 1045, ajuda a quebrar melhor os grãos e a melhorar a sua friabilidade. Portanto, o

mecanismo de corte do rebolo torna-se mais eficiente com menos tensão sobre os grãos.

Assim, não só o aumento do Fator-G, mas também a vida do rebolo alteram os custos e a

eficiência do processo de retificação.

FIGURA 2 – Efeitos principais para a rugosidade

A quebra dos grãos gera riscos mais finos e minimiza o efeito de rebarba lateral

gerando uma rugosidade mais precisa. O efeito de rebarba lateral ocorre quando os grãos

durante a retificação empurram a peça de trabalho sem cortá-la. A energia específica de

fricção ou geração de rebarbas é mais do que o exigido no corte ou formação do cavaco.

Assim, a redução da rugosidade ocorre não só devido ao rompimento dos grãos que geram

riscos mais finos, mas também devido à menor energia específica gasta durante o processo de

retificação.

A diminuição da rugosidade foi de 7%, devido ao aumento da taxa de alimentação que

corresponde à deslocação rápida da haste de dentro do vão de retificação e produz uma

redução do número de riscos e uma melhoria da rugosidade. A Figura 3 mostra os efeitos da

taxa de alimentação (A) e de material (B) sobre o erro de cilindricidade, apresentando uma

variação de 5% entre a velocidade de alimentação de 4,3 e 6,3 m / min e uma pequena

variação de 0,9% entre o tipo de materiais dos aços SAE 1025 e 1045. Embora a taxa de

alimentação e material tenha apresentado variações sobre o erro de circularidade com uma

redução de ambos os parâmetros de entrada, os valores podem ser desprezíveis. Com base

nisto, pode-se considerado que a taxa de alimentação e os tipos de materiais não têm qualquer

influência sobre o erro de circularidade.

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FIGURA 3 – Efeitos principais para o erro de cilindricidade

3.2 Efeitos de Interação

A Figura 4 apresenta o efeito da interação da “taxa de alimentação e material”. A

mudança do tipo de material do aço SAE 1025 para SAE 1045 proporciona um aumento

percentual médio de 31% do Fator-G. O resultado do efeito de interação confirma que a

elevada dureza de 1045 fornece um melhor rompimento dos grãos que produzem a

diminuição do desgaste do rebolo. Além disso, pode ser observado que a taxa de alimentação

mostrou um comportamento semelhante com linhas paralelas, assim, não há interação do

material com a taxa de alimentação.

FIGURA 4 – Interação para o Fator-G

A Figura 5 mostra o efeito de interação para a "taxa de alimentação vs. material". A

diminuição da rugosidade quando foi retificado o aço SAE 1045 pode ser observada. O valor

desta diminuição foi semelhante para os dois aços sendo de 25% a 20% para os aços 1045 e

1025. Dessa forma, pode-se afirmar que não há interação entre a taxa de alimentação e o tipo

de material. A diminuição da rugosidade representa uma melhoria do acabamento da haste de

SAE 1045 que foi melhor que o acabamento do aço SAE 1025.

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FIGURA 5 – Interação para o Fator-G

A Figura 6 apresenta a interação "taxa de alimentação vs. material". Uma diminuição

de erros de circularidade pode ser observada de 1,025 para 1,045 m na taxa de alimentação

considerando a velocidade de avanço de 4,3m/min. Na situação oposta ocorreu um aumento

na taxa de alimentação para a velocidade de avanço de 6,1m/min. Assim, pode ser suportado

que o efeito da taxa de alimentação depende do material, o que demonstra que existe uma

interação entre os parâmetros de entrada. No entanto, como referido anteriormente, embora

haja uma interação entre os parâmetros, a Figura 6, suporta que a velocidade de alimentação e

materiais não tem qualquer influência sobre o erro de cilindricidade. Assim, pode ser apoiado

de que a diminuição de erros de cilindricidade é independente da variação da taxa de

alimentação e o tipo de material.

FIGURA 6 – Interação para o Erro de cilindricidade

3.3 Custos de produção

A Tabela 4 apresenta os dados de custos em valores percentuais da influência do

Fator-G em função do material do corpo de prova testado durante uma medição de vida de um

rebolo de corte. O diâmetro inicial do rebolo de corte é de 609,6 mm sendo reduzido até o

diâmetro de 425 mm. Nota-se que foram padronizados experimentos com a mesma redução

de diâmetro do corpo de prova e variando-se apenas o tipo de material do corpo de prova.

Para uma padronização dos experimentos foram realizadas apenas 10 dressagens durante o

período de um dia em cada teste. Geralmente, o consumo total de rebolo para estas operações

de dressagem é desprezível considerando o consumo do rebolo em relação ao consumo de

peças produzidas. Observa-se que para uma redução de 0,2 mm no diâmetro de uma

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determinada haste tem-se um consumo de cavaco, ou seja, material removido durante todo o

período de teste igual a 1642,27 mm3. Para que isto fosse possível, foi padronizado o tamanho

das hastes variando-se apenas os diâmetros iniciais de finais. Para a haste fabricada com o aço

SAE 1025 nota-se que o tempo médio de vida do rebolo foi de 29 dias e para a haste de aço

SAE 1045 este tempo foi de 26 dias. Isto confirma os dados estatísticos da Tabela 3 onde o

tipo de material tem influência sobre o Fator-G. Dessa forma, pode-se notar que o Fator-G

reduz de 9,6 no aço SAE 1025 para 8,6 considerando o aço SAE 1045. Esta queda representa

um aumento de custo de 11% no processo produtivo, apenas com a modificação do tipo do

material a ser produzido pelo processo de retificação. Portanto, o Fator-G é um parâmetro a

ser considerado nos custos de produção quando se retifica materiais com diferentes durezas.

Tabela 4 - Resumo do consumo do rebolo de corte em função do Fator-G

Diâmetro Externo do rebolo

[mm]

Diâmetro interno do rebolo

[mm]

Raio útil

[mm]

Dias de produção

SAE

1025

SAE

1045

609,00 425,00 92,00 29 26

Consumo do rebolo [mm3]

Dressagem

[mm3]

Número de

Dressagens Fator G Fator G

74.512.536,02 290.887,62 10 9,6 8,6

Diâmetro Externo haste [mm] Diâmetro interno haste [mm]

Volume

cavaco

Peça [mm3]

Volume cavaco

total [mm3]

12,4 12,2 1642,27 714.386.388,45

12,4 12,2 1642,27 640.484.348,27

4. Conclusões

Este estudo observou os efeitos da taxa de alimentação e material com o Fator-G,

rugosidade e do erro de circularidade. As principais conclusões deste trabalho são:

A mudança do tipo de material de 1025-1045 aumenta o Fator-G. O valor do Fator-G

de 9,6 representa um bom índice considerando o processo de retificação centerless de

passagem com taxa de alta produtividade e grande desgaste dos rebolos.

A diminuição da rugosidade ocorreu com a mudança do tipo de material dos aços SAE

1025 para SAE1045. A diminuição da rugosidade foi de 22% com a mudança do

material. O aumento da taxa de alimentação foi menos significativo e representou 7%

na diminuição da rugosidade.

A variação da taxa de alimentação e tipo de material não tem influência sobre o erro

redondeza. A variação do erro de cilindricidade foi de 5% para o aumento da taxa de

alimentação e uma pequena variação de 0,9% para o tipo de material.

Os custos de produção podem aumentar em até 11% considerando a variação do tipo

de material do aço SAE 1025 para SAE 1045, representando um aumento significativo

nos custos do processo de retificação centerless.

Referências

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