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1 HOSPÍCIO DE PEDRO II Denominações: Hospício de Pedro II (1841); Hospício Nacional de Alienados (1890); Hospital Nacional de Alienados (1911) HISTÓRICO ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO PUBLICAÇÕES OFICIAIS FONTES FICHA TÉCNICA HISTÓRICO O Hospício de Pedro II, criado pelo decreto nº 82, de 18 de julho de 1841, foi o primeiro estabelecimento no Brasil a dedicar-se ao tratamento dos alienados. Até aquele momento, estes não gozavam de qualquer tipo de proteção ou assistência governamental, e perambulavam pelas ruas livremente ou eram tratados como feras enjauladas nas cadeias ou trancados em cubículos das Santas Casas da Misericórdia, hospitais de Ordens Terceiras ou em suas próprias residências. Estes fatos tornavam sua situação bastante precária na maioria das vezes, especialmente no caso dos despojados de recursos, como assinalou, em 1907, Juliano Moreira, que fora diretor do Hospício (1903-1930): “Através [de] todo o período colonial, os alienados, os idiotas, os imbecis foram tratados de acordo com suas posses. Os abastados, se relativamente tranqüilos, eram tratados em domicílio e às vezes enviados para a Europa (...) Os mentecaptos pobres, tranqüilos, vagueavam pelas cidades, aldeias ou pelos campos (...) Os agitados eram recolhidos às cadeias, onde barbaramente amarrados e piormente alimentados muitos faleceram mais ou menos rapidamente”. (Apud ELIA, 1996, p. 5). Essa situação foi agravada com a vinda da Família Real, em 1808, que conferiu novas condições à cidade do Rio de Janeiro, ao transferir um significativo contingente de pessoas e de novas atribuições, implicando na necessidade de adequar e aparelhar a colônia, com instituições, hospitais e profissionais, como cirurgiões, para atender às necessidades da então capital do Império (FONSECA, 2012). De acordo com as Posturas da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, de 1832, os considerados loucos deveriam ser mantidos sob a guarda das famílias ou responsáveis, ou recolhidos às casas de saúde apropriadas. As cadeias, e mesmo as precárias enfermarias da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, para onde passaram a serem levados os alienados sem posses e violentos, logo ficaram pequenas demais para comportar todos. Este cenário havia motivado, desde 1830, os primeiros protestos pela criação de um asilo adequado para os alienados, baseados nos trabalhos de médicos franceses, como Philippe Pinel (1745-1826), Jean Etienne Dominique Esquirol (1772-1840) e outros, que advogavam um tratamento mais humano para os doentes e um local específico para abrigá-los. Em 1830, José Martins da Cruz Jobim, relator da Comissão de Salubridade da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, protestou contra as péssimas condições a que eram submetidos os pacientes no hospital da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro. A denúncia da precariedade dos estabelecimentos foi reiterada, em 1835, pelo médico francês José Francisco Xavier Sigaud, um dos primeiros presidentes da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, no

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HOSPÍCIO DE PEDRO II Denominações: Hospício de Pedro II (1841); Hospício Nacional de Alienados (1890); Hospital Nacional de Alienados (1911)

HISTÓRICO ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO PUBLICAÇÕES OFICIAIS FONTES FICHA TÉCNICA

HISTÓRICO

O Hospício de Pedro II, criado pelo decreto nº 82, de 18 de julho de 1841, foi o primeiro estabelecimento no

Brasil a dedicar-se ao tratamento dos alienados. Até aquele momento, estes não gozavam de qualquer tipo

de proteção ou assistência governamental, e perambulavam pelas ruas livremente ou eram tratados como

feras enjauladas nas cadeias ou trancados em cubículos das Santas Casas da Misericórdia, hospitais de

Ordens Terceiras ou em suas próprias residências. Estes fatos tornavam sua situação bastante precária na

maioria das vezes, especialmente no caso dos despojados de recursos, como assinalou, em 1907, Juliano

Moreira, que fora diretor do Hospício (1903-1930):

“Através [de] todo o período colonial, os alienados, os idiotas, os imbecis foram tratados de acordo com suas posses. Os abastados, se relativamente tranqüilos, eram tratados em domicílio e às vezes enviados para a Europa (...) Os mentecaptos pobres, tranqüilos, vagueavam pelas cidades, aldeias ou pelos campos (...) Os agitados eram recolhidos às cadeias, onde barbaramente amarrados e piormente alimentados muitos faleceram mais ou menos rapidamente”. (Apud ELIA, 1996, p. 5).

Essa situação foi agravada com a vinda da Família Real, em 1808, que conferiu novas condições à cidade do

Rio de Janeiro, ao transferir um significativo contingente de pessoas e de novas atribuições, implicando na

necessidade de adequar e aparelhar a colônia, com instituições, hospitais e profissionais, como cirurgiões,

para atender às necessidades da então capital do Império (FONSECA, 2012).

De acordo com as Posturas da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, de 1832, os considerados loucos

deveriam ser mantidos sob a guarda das famílias ou responsáveis, ou recolhidos às casas de saúde

apropriadas. As cadeias, e mesmo as precárias enfermarias da Santa Casa da Misericórdia do Rio de

Janeiro, para onde passaram a serem levados os alienados sem posses e violentos, logo ficaram pequenas

demais para comportar todos.

Este cenário havia motivado, desde 1830, os primeiros protestos pela criação de um asilo adequado para os

alienados, baseados nos trabalhos de médicos franceses, como Philippe Pinel (1745-1826), Jean Etienne Dominique

Esquirol (1772-1840) e outros, que advogavam um tratamento mais humano para os doentes e um local específico

para abrigá-los. Em 1830, José Martins da Cruz Jobim, relator da Comissão de Salubridade da Sociedade de

Medicina do Rio de Janeiro, protestou contra as péssimas condições a que eram submetidos os pacientes no

hospital da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro.

A denúncia da precariedade dos estabelecimentos foi reiterada, em 1835, pelo médico francês José

Francisco Xavier Sigaud, um dos primeiros presidentes da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, no

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periódico Diario da Saude. Antônio Luís da Silva Peixoto, em sua tese sobre alienação mental, defendida em

1837 na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, também investigou as causas da loucura e descreveu a

situação do tratamento dos alienados no Brasil. Ao apresentar as formas adequadas de tratamento da

loucura, preconizadas pelas autoridades francesas, Silva Peixoto denunciou o tratamento a que eram

submetidos os doentes na Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, apartados do convívio social e

lançados em um local sem limpeza, polícia ou mesmo caridade (ELIA, 1996). Revelou, ainda, a persistência

da utilização do acorrentamento no tronco como forma de tratamento e repressão dos enfermos, o que o

levou a solicitar a construção de um hospital adequado para recebê-los. Ainda segundo Antônio Luís da Silva

Peixoto, a construção e a direção adequadas de uma casa de alienados influenciaria no bom resultado do

tratamento, e neste sentido o hospital deveria ser:

“Um tal estabelecimento deve ser construído fora das grandes povoações e cidades, num local plano e elevado, e disposto de modo que o ar possa renovar-se facilmente. Deve oferecer separações distintas e suficientes para que os doentes turbulentos e furiosos estejam separados dos tranqüilos, os que se acham em tratamento dos insanáveis, os convalescentes de todos os outros; e finalmente os epilépticos, ou os que padecem de alguma moléstia acidental que possa ser danosa aos outros, devem ser separados cuidadosamente.” (Apud ELIA, 1996, p. 8)

Em setembro de 1839, o médico italiano Luís Vicente De Simoni publicou na Revista Médica Fluminense,

publicação da então Academia Imperial de Medicina, uma memória sobre a importância da criação de um

manicômio para o tratamento dos alienados, na qual descreveu a assustadora situação vivenciada, até

então, pelos internos. Observou que os doentes ficavam acumulados em doze pequenas células, sem

janelas e com dois leitos de madeira cada uma, e que o único passeio para os doentes era feito num corredor

comprido de aproximadamente cinco metros de comprimento por dois de largura (SIMONI, 1839).

Em 15 de julho de 1841, José Clemente Pereira, provedor da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro,

em um ofício dirigido ao Ministro e Secretário de Estado dos Negócios do Império, Cândido José de Araújo

Vianna, propôs a criação de um hospício que seria construído na Praia Vermelha, em terras adquiridas pela

Santa Casa, a antiga Chácara de Vigário Geral, onde já haviam sido instaladas as lavanderias do Hospital

Geral e uma enfermaria de mulheres alienadas. Em 1846 foi incorporado o terreno da chácara da Capela,

anexo à chácara de Vigário Geral.

Pelo decreto nº 82, de 18 de julho de 1841, de acordo com as sugestões do provedor, a autorização para

criação do hospício foi incluída entre os atos que solenizaram a coroação de D. Pedro II como imperador:

“Desejando assinalar o fausto dia da minha sagração com a criação de um estabelecimento de pública beneficência: hei por bem fundar um hospital destinado privativamente para tratamento de alienados com a denominação de Hospício de Pedro II, o qual ficará anexo ao hospital da Santa Casa da Misericórdia desta Corte, debaixo de minha imperial proteção...” (Apud ARAÚJO, 1982, p. 66)

De acordo com Fernando Cunha Ramos e Luiz Geremias (2002), a criação do Hospício representou muito

mais do que “uma simples homenagem piedosa e desinteressada ao novo Imperador”, pois era parte da

disputa de poder entre a Junta de Higiene Pública e a Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro. A Junta

de Higiene Pública, criada em 1850, tinha como objetivo a prevenção de focos de doenças, e pretendia para

isso interditar cortiços e moradias alugadas aos operários pelos benfeitores da Santa Casa. A estratégia da

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Santa Casa, ao contrário, era simplesmente de reformar o seu antigo hospital e afastar dos centros urbanos

as fontes de miasmas, como o cemitério e as enfermarias de doenças contagiosas, e de caos, como o

hospício de alienados.

Uma demonstração do poder da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, cujo provedor era membro do

Conselho de Estado do Império, foi a enorme quantidade de recursos disponibilizados pelo Governo Imperial

para a construção do Hospício, oriundos em sua maioria de loterias. Pelo decreto nº 566 de 10 de julho de

1850, o Governo outorgou-lhe mais vinte loterias além das duas que lhe haviam sido concedidas pela

Assembléia Provincial de 19 de junho daquele ano. Além desta fonte de recursos, que chegou a abalar a

pequena indústria, tradicional destino das loterias, a Santa Casa conseguiu mais de quinhentos contos de

réis em doações, motivadas estas em grande parte pelo pânico causado pela febre amarela, bem como pela

concessão de títulos ou comendas imperiais aos benfeitores.

O autor da planta original do edifício foi o engenheiro José Domingos Monteiro, que se inspirou na arquitetura

do hospital de Chareton (França), fundado em 1641, e administrado em 1825 por Jean Etienne Dominique

Esquirol (1772-1840). A fachada, considerada muito simples, foi posteriormente incrementada e sofisticada

por José Cândido Guillobel e José Maurício Jacinto Rebelo, discípulos do arquiteto francês Auguste-Henri-

Victor Grandjean de Montigny (1777-1850), que lhe dariam uma feição majestosa, considerada adequada a

um edifício público.

As obras de construção do edifício, que abrigaria o Hospício, iniciaram-se em 5 de setembro de 1842,

prolongando-se por 10 anos, e nesta etapa o tratamento aos alienados prosseguiu em duas casas contíguas

à obra.

Philippe-Marius Rey, médico do Asile des Aliénés Sainte-Anne (Paris, França), em 1875, em sua publicação

“L'hospice Pedro II et les aliénés au Brésil”, assim descreveu a localização do Hospício de Pedro II:

“O Hospício Pedro II está localizado na admirável baía de Botafogo, num bairro salubre, amplamente aberto para o mar e dominado por montanhas arborizadas. Ele é localizado numa distância conveniente do rico subúrbio de Botafogo e do terminal das linhas de bondes que atendem essa área.”(REY, 1875, p.383)

Em 4 de dezembro de 1852 foi aprovado o decreto nº 1.077, que apresentava os estatutos do Hospício de

Pedro II e, no dia seguinte, o estabelecimento foi inaugurado, com a presença do Imperador, de José

Clemente Pereira (provedor da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro), de José Martins da Cruz

Jobim (diretor da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro), de Francisco de Paula Cândido (representando

a Academia Imperial de Medicina) e de outras personalidades. Nesta ocasião também houve a solenidade de

inauguração de uma estátua de mármore em tributo a D. Pedro II, esculpida pelo artista alemão Ferdinand Pettrich

(1798-1872).

A instituição começou a funcionar no dia 8 de dezembro de 1852 com 144 alienados, provenientes da

enfermaria provisória da Praia Vermelha e do Hospital Geral da Santa Casa da Misericórdia do Rio de

Janeiro. Uma vez pronto, o estabelecimento tinha capacidade para 350 pacientes.

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Durante os primeiros meses de funcionamento, notou-se um elevado número de falecimentos atribuído à

insalubridade e às precárias condições dos estabelecimentos que abrigavam os alienados antes da

inauguração do novo edifício, e ao fato de que muitos deles haviam ingressado já enfermos, com outras

doenças, no hospício. Essas mortes, contudo, eram contrabalançadas pela grande quantidade de curas

obtidas no mesmo período, em decorrência do “sistema e tratamento higienico ali empregados”

(RELATÓRIO, 1854, p.14).

Os estatutos de 1852 especificavam que o Hospício era destinado para asilo, tratamento e curativo dos

alienados de ambos os sexos. Prescreviam que os internos deveriam ser mantidos por meio de vigilância

constante, em condições adequadas, limpos e asseados, para assim evitar os chamados perigos de

altercação e distúrbios.

De acordo com seus primeiros estatutos, o Hospício estava estruturado em três serviços: econômico, sanitário e

religioso. O serviço sanitário, ainda como enfermaria provisória dos alienados, foi entregue em 1853 a Robert

Christian Berthold Avé Lallemant e a Antônio José Pereira das Neves.

O médico Antônio José Pereira das Neves, em 1844, havia sido enviado à Europa, pela Mesa da Junta da

Misericórdia, para visitar manicômios em vários países e ampliar seus conhecimentos sobre o tratamento dos

alienados. Ao retornar propôs, em seu “Relatório acerca do tratamento dos alienados e seus principais

hospitais na França, Inglaterra, Itália, Alemanha, Bélgica e Portugal”, a terapia ocupacional como forma mais

eficiente de tratar os doentes. Pereira das Neves observou os trabalhos de Séguin em relação às crianças

internadas em Bicêtre.

Estava previsto, nos estatutos do Hospício de Pedro II, o desenvolvimento de atividades como trabalhos

manuais nas oficinas, ou nos jardins e chácaras do estabelecimento, e para tal foram criadas oficinas de

costura, lavagem e engomagem de roupas, sapataria, alfaiataria, marcenaria e floricultura. Metade do

produto deste trabalho era entregue ao tesoureiro para aplicação nas despesas da entidade, e a outra era

destinada à formação de um pecúlio para uso do alienado quando ficasse curado.

A introdução dessas atividades fabris exigiu o re-ordenamento do espaço e a separação por sexos no

Hospício de Pedro II, colocando homens e mulheres em lados opostos do edifício. Essa separação era

considerada indispensável ao tratamento, sendo mesmo uma condição para o seu sucesso. Além das razões

morais evocadas para tal medida, o afastamento dos pacientes por sexo trouxe de fato algumas vantagens

ao permitir um ganho extra de espaço e a possibilidade de acalmar os internos com mais facilidade. Este re-

ordenamento do espaço causou uma impressão favorável nos visitantes, como relatou Jean Louis Rodolphe

Agassiz (1807-1873), médico e paleontologista suíço, ao visitar o Hospício:

“À medida que subíamos a espaçosa escadaria, um som de música nos guiava em direção à porta da capela, onde estavam sendo realizados os serviços da noite. Pacientes e enfermeiras achavam-se ajoelhados juntos; um coro de vozes femininas cantava suavemente um tipo de música calma e apaziguadora; (....), e, enquanto permanecia na sacada observando as montanhas e ouvindo a música, ocorreu-me o pensamento de que uma mente que tivesse se extraviado poderia encontrar

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seu caminho de volta diante de cenas como aquelas e sob tais influências. Se a natureza detém o poder de curar, certamente deve manifestá-lo aqui." (AGASSIZ, 1868, Apud RAMOS, 2002, p.5)

Jean Louis Rodolphe Agassiz, assim como ocorreu com outros visitantes, não teve acesso ao que ocorria em

uma seção do Hospício interditada à visitação, onde ainda persistiam as velhas formas de tratamento, muito

mais coercitivas do que terapêuticas baseadas na violência física e no encarceramento. Essas práticas

continuavam a serem aplicadas, sobretudo aos internos intransigentes e aos ditos loucos furiosos.

O desenvolvimento de atividades fabris nas dependências do estabelecimento, além dos efeitos terapêuticos

e do ordenamento social, gerou ainda outros benefícios. À medida que as ocupações iam ganhando espaço

no tratamento dos alienados, também facultavam àqueles indivíduos o desenvolvimento de habilidades que

lhes permitiriam obter um emprego ao saírem do estabelecimento. O Hospício de Pedro II era um dos poucos

locais no Rio de Janeiro a oferecer a oportunidade de qualificação aos trabalhadores. Assim, além de

proporcionar quadros para a indústria, promovia um modelo de ordem e eficiência bastante adequado

àquelas atividades, como bem sabiam os beneméritos da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro,

muitos deles abastados empresários do ramo industrial (RAMOS, 2002).

Com a saída de Robert Christian Avé Berthold Lallemant e a exoneração de Antônio José Pereira das Neves,

em fevereiro de 1853, Manoel José Barbosa assumiu o cargo de médico do serviço sanitário do Hospício de

Pedro II. Este serviço contava, também, com 10 irmãs de caridade e 10 enfermeiros. Durante sua gestão

faleceu o provedor José Clemente Pereira e o Imperador mandou erguer, em sua homenagem, uma estátua

no saguão do edifício, diante da escultura do próprio D. Pedro II.

Entre os médicos que atuaram no serviço sanitário do Hospício de Pedro II, entre 1853 e 1882, como

ajudantes e/ou médico adjuntos, estavam Antonio José Peixoto, Joaquim Antonio Araújo Silva, José

Theodoro da Silva Azambuja, Luiz José da Silva, Pedro Dias Carneiro, José Custódio Nunes, Henrique

Hermeto Carneiro Leão, e Francisco Cláudio de Sá Ferreira.

Em 1882 Nuno Ferreira de Andrade, professor da cadeira de higiene na Faculdade de Medicina do Rio de

Janeiro, foi nomeado diretor do Hospício de Pedro II, e sucedido, em 1883, por Agostinho José de Souza

Lima, professor de medicina legal da mesma instituição. Souza Lima foi substituído em 27 de fevereiro de

1887 por João Carlos Teixeira Brandão, professor de clínica psiquiátrica e de moléstias nervosas da

Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro (1883) e médico do Hospício desde 1884. Em sua gestão foram

expedidas novas instruções para o serviço sanitário, estabelecendo a substituição dos médicos internos por

estudantes de medicina, nomeados sob proposta do diretor e obrigados a residir no local. Durante sua gestão

integravam o serviço sanitário:

facultativos clínicos - João Francisco de Souza, Louis Couty.

médicos internos - José Custódio Nunes, Pedro Dias Carneiro.

médicos adjuntos – Francisco Cláudio de Sá Ferreira, José Custódio Nunes Junior.

farmacêutico – Carlos da Silveira Varella.

ajudante de farmacêutico – Diogo de Mattos Azevedo.

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praticante (farmácia) – Roberto Earp.

Segundo Pedro Calmon (1952), João Carlos Teixeira Brandão teve uma direção atuante, criticando as

instalações luxuosas, inadequadas na sua visão para o tratamento de alienados, as deficiências na

organização do hospício e a superlotação. Advogava também a adoção dos modernos processos clínicos e

reivindicava reformas, como a criação de colônias rurais. Seu pedido foi atendido em 1889, quando Antonio

Ferreira Vianna, Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Justiça, mandou fundar as colônias de São

Bento e de Conde de Mesquita, na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Esses locais foram criados com o

duplo objetivo de aliviar a superlotação de internos no Hospício de Pedro II, e testar novas modalidades de

tratamento psiquiátrico que prescreviam o trabalho agrícola como forma de acelerar a recuperação dos

doentes. Nos primeiros anos após a Proclamação da República foram criadas as primeiras colônias para

pacientes homens, a de São Bento e a de Conde de Mesquita, em terrenos e edificações do antigo Asilo de

Mendigos dos beneditinos, na Ilha do Governador. Com o decreto n.508, de 21 de junho de 1890, essas

Colônias foram destinadas exclusivamente aos alienados indigentes, vindos do Hospício Nacional de

Alienados, para se dedicarem a trabalhos agrícolas. Os edifícios e a área agrícola das colônias da Ilha do

Governador logo se mostraram insuficientes, indicando a necessidade um novo edifício para abrigar os

alienados vindos do Hospício. O médico João Augusto Rodrigues Caldas assumiu em 1909 a direção dessas

colônias, e tratou de conseguir sua transferência para outro local, para as terras da Fazenda do Engenho

Novo. Em 1912 essas terras foram desapropriadas, e depois de longos processos jurídicos, as obras forma

iniciadas em 1921, e em 1924 a Colônia de Psicopatas-Homens, em Jacarepaguá foi inaugurada para

atender os pacientes indigentes principalmente originários das colônias da Ilha do Governador (VENANCIO,

2011).

Com a proclamação da República, o Hospício de Pedro II foi desvinculado da Santa Casa da Misericórdia do

Rio de Janeiro, passando pelo decreto nº 142-A de 11 de janeiro de 1890, ao controle direto do Governo

Federal, e adotando o nome de Hospício Nacional de Alienados.

O Hospício constituía, juntamente com as colônias de alienados de São Bento e de Conde de Mesquita, na

Ilha do Governador, a Assistência Médica e Legal de Alienados, criada pelo decreto nº 206-A de 15 de

fevereiro de 1890, e regulamentada pelo decreto nº 508 de 21 de junho de 1890 como Assistência Médico-

Legal de Alienados. João Carlos Teixeira Brandão foi nomeado diretor geral da Assistência Médico-Legal de

Alienados em 18 de fevereiro de 1890.

Enquanto a instituição estava vinculada à Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, a assistência da

enfermagem era feita por religiosas. Com o decreto nº 142 de 11/01/1890, promulgado após a implantação

do regime republicano em 1889, o então Hospício Pedro II foi desvinculado da Santa Casa e passou à

administração federal, ficando sob a jurisdição do Ministério da Justiça e Negócios Interiores. De acordo com

o novo regulamento do então Hospício Nacional dos Alienados, o trabalho das Irmãs de Caridade nas

enfermarias masculinas foi suspenso, e essa medida fez com que todas se retirassem da instituição em

agosto de 1890. A falta de enfermeiras era geral e agravou-se com a saída das religiosas. Este fato

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favoreceu a criação da Escola nas dependências do Hospício, visando preparar profissionais para atuarem

nos hospícios e hospitais civis e militares. A Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras foi criada no

Rio de Janeiro pelo decreto nº 791 de 27/09/1890, e funcionaria nas dependências do Hospício Nacional dos

Alienados, situado na Praia Vermelha. Estes profissionais deveriam ser dirigidos pelos internos e inspetoras,

sob a fiscalização do médico e da superintendência do diretor geral. O Hospício e a Colônia de Alienados

seriam utilizados como campo de estágio. Essa escola, no entanto, ficou desativada até 1905, quando foi re-

inaugurada pelo então diretor interino da instituição, Júlio Afrânio Peixoto.

Ainda em 1890, foi ordenada uma reforma nos prédios das colônias de Conde de Mesquita e de São Bento.

No início desta década foi construído um pavilhão para a observação dos doentes que fossem admitidos,

mas ainda não tivessem a sua alienação comprovada. Esse pavilhão, construído por recomendação de João

Carlos Teixeira Brandão, então diretor geral da Assistência Médico Legal de Alienados e diretor do serviço

sanitário do Hospício de Pedro II, serviria ainda como local para as aulas de clínica psiquiátrica da faculdade,

cadeira que havia sido recém-criada. Mais tarde, o pavilhão de Observações abrigaria o Instituto de

Psicopatologia e, depois, Instituto de Psiquiatria.

Pedro Dias Carneiro assumiu interinamente a direção do serviço sanitário do Hospício Nacional de Alienados

até 19 de setembro de 1892, quando João Carlos Teixeira Brandão reassumiu o cargo. Pedro Dias Carneiro

foi nomeado diretor deste serviço, em 15 de setembro de 1893, e destacou, em seu primeiro relatório, que a

maior dificuldade daquele estabelecimento era a contratação de empregados aptos para o serviço de

enfermeiros, especialmente tendo em vista o fato de que a Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras,

ainda não havia iniciado suas atividades por falta de pessoal idôneo (RELATORIO, 1895). A carência destes

profissionais havia levado à contratação, em 1894, de sete enfermeiras francesas, sendo que três delas

foram despedidas por não se sujeitarem às disposições regulamentares, duas se despediram, uma faleceu e

outra havia rescindido seu contrato por encontrar-se com problemas de saúde. Durante sua gestão foram

nomeados Lucio Joaquim de Oliveira e Alberto das Chagas Leite, como médicos daquele serviço, e Domingo

Alberto Niobey como chefe do gabinete eletro-terápico.

Irregularidades administrativas e orçamentárias na assistência aos alienados forçaram a instauração, em 16

de dezembro de 1902, de uma comissão de inquérito no Hospício Nacional de Alienados e nas colônias de

alienados. O relatório apresentado pela comissão, e assinado por Carlos Fernandes Eiras, Egydio de Salles

Guerra, Francisco Manoel da Silva Araújo, e Antônio Maria Teixeira retratou um quadro nada favorável à

instituição, então dirigida por Antônio Dias de Barros, destacando a ineficiência de sua administração, a

anarquia de seus serviços, inúmeras irregularidades, e um “ajuntamento vergonhoso que não é só ofensivo

da moral, mas prejudicial também ao tratamento dos pequenos infelizes, cujo estado mental bem poderia

melhorar si em outro meio recebessem cuidados adequados” (RELATÓRIO, 1903, Anexo B, p.5).

Não havia separação nosológica (por enfermidades) entre os doentes, que viviam ociosos. Havia seis

internos, quatro a mais do que o permitido, dois deles recebendo pagamento, o que era considerado ilegal,

um estudante de segundo ano de Medicina (internos só seriam admitidos a partir do terceiro ano) e um outro

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que nem estava matriculado na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Havia também uma verba

surpreendentemente alta para bebidas alcoólicas, que incluíam vinho do Porto, vinho virgem e cerveja, o que

evidentemente não fazia parte do tratamento dos pacientes. Nas colônias a situação era igualmente precária.

Em 26 de março de 1903 Juliano Moreira foi nomeado para o cargo de diretor do serviço sanitário do

Hospício Nacional de Alienados e da então Assistência Médico-Legal de Alienados, no lugar de Antônio Dias

de Barros, afastado por incompatibilidades nos cargos públicos. A perspectiva humanista implementada por

Juliano Moreira no Hospício Nacional de Alienados foi igualmente adotada pela nova lei federal de

assistência aos alienados, apresentada em 1903 por João Carlos Teixeira Brandão , ex-diretor do Hospício

Nacional de Alienados. Aprovada em 22 de dezembro do mesmo ano na forma do decreto nº 1.132, essa lei

era baseada na proteção jurídica aos alienados, nos moldes da legislação francesa estabelecida de 30 de

junho de 1838, que proibia, entre outras deliberações, a colocação dos doentes mentais em prisões. Em 1º

de fevereiro de 1904, o decreto nº 5.125 estabeleceu o Regulamento da Assistência a Alienados no Distrito

Federal.

Juliano Moreira havia sido interno da clínica dermatológica e sifilográfica da Faculdade de Medicina da Bahia

em 1890, e obtido o doutoramento no ano seguinte com um estudo sobre Sífilis Maligna Precoce. Nesta

mesma faculdade foi professor assistente da cadeira de clínica psiquiátrica e doenças nervosas (1893) e

lente substituto da 12ª seção de clínica psiquiátrica (1896). Ao assumir a direção, Juliano Moreira passou a

empreender algumas das modificações que via necessárias à instituição, a começar pela ampliação dos

pavilhões e aquisição de novos equipamentos, necessários ao seu funcionamento e à nova orientação que

pretendia imprimir ao estabelecimento, mais voltado a partir dali para o desenvolvimento de pesquisas

médicas. Disposto a transformar o Hospício em um centro de estudos psiquiátricos e de neurossífilis, instalou

o laboratório de análises clínicas e implantou a técnica de punções lombares para elucidação diagnóstica,

fundamental na identificação da doença. Para Walter J.Piccinini a gestão de Juliano Moreira, à frente do

Hospício Nacional de Alienados, “além da melhora das condições físicas, retirada de grades, abolição de

coletes e camisa-de-força, novos métodos de tratamento, consistiu em atrair vários jovens profissionais que

mais tarde se tornaram figuras marcantes na profissão” (PICCININI, 2002). Neste período integraram o corpo

clínico da instituição Miguel da Silva Pereira, Antônio Austregesilo Rodrigues Lima, Álvaro Ramos, Raul

Leitão da Cunha, G. Chardinal e Humberto Netto Gotuzzo. No laboratório criado por Juliano Moreira, foram

realizadas punções lombares diagnósticas, e de lá se originou “o maior contingente clínico para a realização

dos primeiros estudos feitos entre nós sobre a reação de Wassermann, donde o excelente trabalho do Dr.

Arthur Moses, efetuado no Instituto Oswaldo Cruz” (PICCININI, 2002).

A nomeação de Juliano Moreira marcou uma verdadeira transformação conceitual da psiquiatria no Brasil,

pois até aquele momento, a orientação francesa havia sido hegemônica, como se pode notar nos nomes

dados aos diversos pavilhões da entidade (Pinel, Esquirol, Morel, Magnam). Juliano Moreira, porém, havia

estudado na Alemanha, de onde acabara de chegar em 1903, e era divulgador das idéias de Emil Kraepelin

(1855-1926), que surgiu em Munique na virada do século como um reformador da psiquiatria clássica.

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Juliano Moreira também promoveu uma ampliação nos quadros médicos da instituição, incentivando assim

as discussões entre médicos e internos e estimulando a especialidade psiquiátrica e o magistério médico.

Naquela época, o Hospício se tornou uma verdadeira escola de psiquiatria, formando médicos professores

como Miguel da Silva Pereira, Júlio Afrânio Peixoto e Bruno Alvares da Silva Lobo.

Durante sua gestão foram realizadas varias reformas nas instalações do Hospício Nacional de Alienados,

viabilizadas pela reorganização da Assistência a Alienados, estabelecida pelo decreto nº 1.132, de 22 de

dezembro de 1903. As obras foram concluídas em 1904, e relatadas nos Relatórios apresentados pelo então

diretor da Assistência a Alienados ao Ministério da Justiça e Negócios Interiores. Nestes relatórios estão

registradas as novas instalações do Hospício, com a apresentação de inúmeras fotografias, refletindo “não

apenas as modernizações do espaço asilar, mas igualmente pacientes em atividades terapêuticas ou a

circular pelo asilo” (FACCHINETTI, 2010).

Júlio Afrânio Peixoto substituiu interinamente o diretor em 1904. Nesse período efetivou-se a instalação da

escola de enfermeiros, criada em 1890, a construção do pavilhão Bourneville, destinado a abrigar as crianças

e servir como escola, e a reforma das colônias na Ilha do Governador. Domingos Lopes da Silva Araújo

desde 21 de março de 1906 substituiu interinamente na direção do Hospício Nacional de Alienados a Juliano

Moreira, nomeado para representar o país no XV Congrès International de Médecine (Lisboa, 19-

26/04/1906).

Entre 1905-1906 integravam o quadro de profissionais do Hospício Nacional de Alienados: Miguel da Silva

Pereira (pavilhão de moléstias infecto-contagiosas), Augusto Brandão Filho (cirurgião ginecologista), Júlio

Afrânio Peixoto (médico alienista), Frederico Oscar de Souza (farmacêutico), Bruno Alvares da Silva Lobo

(laboratório anatomo-patológico).

Em suas memórias, publicadas em 1907, no primeiro número dos Archivos Brasileiros de Psychiatria,

Neurologia e Medicina Legal, o diretor Juliano Moreira apontou quais eram as principais necessidades

materiais do hospício naquele momento. Segundo ele, era essencial a elaboração de uma lei federal de

assistência aos alienados, e era ainda preciso investir nas colônias, tanto nas existentes, quanto na criação

de novas, que se destinassem aos epilépticos indigentes e aos alcoolistas, e construir pavilhões para

“comiciais delirantes”, tuberculosos e portadores de moléstias intercorrentes. O serviço infantil do pavilhão

Bourneville deveria ser convertido num verdadeiro instituto de educação para essas crianças, o hospício

deveria ser provido de laboratórios de propedêutica e semiótica mentais, psico-fisiologia, anatomia patológica

e bioquímica, e os serviços de eletroterapia e hidroterapia (incluindo cinesoterapia) deveriam ser reformados.

Entre os médicos alienistas do Hospício, em 1908, estavam Antônio Austregesilo Rodrigues Lima, Simplicio

de Lemos Braule Pinto, Jayme Campello, Carlos Mattoso Sampaio Correa, e Ulysses Machado Pereira

Vianna Filho.

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O Hospício Nacional de Alienados, de acordo com o cap. I,art.2º e cap.III do decreto nº 8.834, de 11 de julho

de 1911, passou a ser denominado Hospital Nacional de Alienados, com nova regulamentação. Integravam o

quadro de profissionais do Hospital, Alvaro Porfírio de Andrade Ramos (cirurgia), José Chardinal D´Arpenans

(serviço oftalmológico), Rodolfo Chapot Prévost (serviço odontológico), Antonio Fernandes Figueira

(alienista), Gustavo Koehler Riedel (alienista), João Augusto Rodrigues Caldas (alienista), Mário Pinheiro de

Andrade (alienista), Antonio Dormund Martins (farmacêutico). Neste ano, o movimento de enfermos

recolhidos ao Hospital atingiu o número de 3.239, configurando um quadro de excesso de lotação.

Em 1911, Juliano Moreira obteve de Rivadavia Corrêa, Ministro da Justiça e Negócios Interiores, a

aprovação para criação de uma colônia destinada ao tratamento de mulheres alienadas, localizada no

Engenho de Dentro, para onde seriam transferidas cerca de 300 mulheres até então internadas no Hospital

Nacional de Alienados. Ao mesmo tempo, foi nomeado Diretor Geral da Assistência a Alienados, cargo que

acumulou com o de diretor do Hospício, sem remuneração adicional (PEIXOTO, 1933). Juliano Moreira era

um ferrenho defensor do tratamento dos alienados em colônias agrícolas especialmente destinadas a esse

fim, como ficou claro em seus artigos publicados nos Archivos Brasileiros de Psychiatria, Neurologia e

Sciencias Affins, editados naquela instituição desde 1905. Desde o início de sua administração Juliano

Moreira mostrou as inúmeras vantagens desse sistema em relação ao confinamento: permitiria economia ao

Estado, vantagens terapêuticas aos pacientes e a possibilidade de diminuir a ocupação do Hospital Nacional

de Alienados, cuja superlotação era um problema de longa data. As colônias da Ilha do Governador, na sua

visão, não preenchiam os requisitos de uma colônia de alienados moderna e eficaz.

Aliada a essas críticas do diretor do Hospital, havia ainda uma pressão pela remoção das colônias vinda dos

próprios frades do Mosteiro de São Bento, proprietários do terreno onde estas se localizavam, e da Marinha,

que desejava instalar ali a sua recém-criada Divisão Aérea. Desta forma tudo concorreu para a decisão do

governo de adquirir a Fazenda do Engenho Novo, em Jacarepaguá (zona oeste do Rio de Janeiro), para ali

criar novas colônias para homens alienados, que substituíssem as colônias em precárias instalações da Ilha

do Governador.

Entre os internos mais célebres do então Hospital Nacional de Alienados esteve o escritor Afonso Henriques

de Lima Barreto. A experiência de seu segundo internamento, de 25 de dezembro de 1919 a 2 fevereiro de 1920, é

retratada em seu “Diário do Hospício”, no qual descreve o cotidiano e as instalações daquela instituição:

“O Hospício é bem construído e, pelo tempo em que o edificaram, com bem acentuados cuidados higiênicos. As salas são claras, os quartos amplos, de acordo com a sua capacidade e destino, tudo bem arejado, com o ar azul dessa linda enseada de Botafogo que nos consola na sua imarcescível <beleza>, quando a olhamos levemente enrugada pelo terral, através das grades do manicômio, (...).”(BARRETO, 1993, p.27) “Eu entrei na secção Calmeil, secção dos pensionsitas, na segunda feira, 28 de dezembro. O Inspetor da secção é um velho português de perto de sessenta anos, que me conhece desde os nove. Ele foi em 90, com meu pai, nomeado escriturário das colônias da Ilha do Governador, exerceu as funções de enfermeiro-mor da Colônia Conde de Mesquita. As suas funções eram árduas, porquanto, ficando ela a dous quilômetros e meio da sede da administração, ele arcava com toda a responsabilidade de governar uma centena de loucos, numa colônia abeta para um grande campo, cheio de vetustas mangueiras, a que o raio e o tempo tinham desmanchado os maravilhosos quadriláteros, um dentro do outro, formando uma alameda quadrangular, que devia ser soberba quando intacta, aí pelos

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tempos de Dom João VI, que a conheceu, pois o edifício principal dela tinha sido uma das casas de recreio que o bom e gordo rei tinha pelos arredores do Rio.” (BARRETO, 1993, p.29)

Entre os médicos do Hospital, em 1922, estavam Olavo Rocha, Faustino Monteiro Esposel, e os médicos

assistentes concursados Adauto Junqueira Botelho, Odilon Galloti, Floriano Peixoto de Azevedo, José

Carneiro Ayrosa e Raul Chagas Doria. A colônia de alienados de Engenho de Dentro era dirigida por Gustavo

Koehler Riedel, fundador da Liga brasileira de Higiene Mental, e as da Ilha do Governador (São Bento e

Conde de Mesquita) por João Augusto Rodrigues Caldas.

Em 1927, Júlio Afrânio Peixoto ajudou, como deputado, na elaboração do novo projeto da assistência aos

psicopatas no Distrito Federal, aprovado pelo decreto nº 17.805, de 23 de maio daquele ano. A expressão

“psicopatas” então utilizada parecia mais adequada para descrever a situação dos doentes do que o antigo

termo “alienados”, que estaria referindo a uma situação restrita de psicopatia.

Juliano Moreira foi diretor do Hospital Nacional de Alienados até ser aposentado compulsoriamente pelo

governo Getúlio Dornelles Vargas, em 1930. Depois de sua saída, assumiram a direção, em seqüência,

Waldemiro Pires, Gustavo Koehler Riedel, Jefferson Sensburg de Lemos e Adauto Junqueira Botelho.

O ano de 1944 assistiu ao esvaziamento do centenário prédio da Praia Vermelha, o qual encontrava-se

praticamente em ruínas, e não oferecia condições para o asilo adequado dos alienados, os quais foram

transferidos, entre março e setembro daquele ano, para a colônia de Jacarepaguá. As instalações do antigo

hospício foram doadas para a Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro), que se

responsabilizou pela restauração do conjunto arquitetônico e pela adaptação às funções da reitoria

universitária. Isso foi feito entre fevereiro e dezembro de 1949, com recursos da Universidade e ajuda do Ministério da

Educação e Saúde. No final do ano, o velho edifício, antigo asilo de alienados, passou a ser o Palácio Universitário.

Diretores do Serviço Sanitário - Hospício de Pedro II:

1853 - enfermaria provisória dos alienados: Robert Christian Berthold Avé Lallemant, Antônio José Pereira

das Neves.

1854 - 1866: 1º médico: Manoel José Barbosa.

1867- 1870: médico diretor: José Joaquim Ludovino da Silva.

1872 - 1877: diretor: Ignacio Francisco Goulart.

1878 – 1881: diretor: Gustavo Balduino de Moura e Camara.

1882: diretor: Nuno Ferreira de Andrade.

1883 – 1887: diretor: Agostinho José de Souza Lima.

Diretores do Serviço Sanitário - Hospício Nacional de Alienados:

1887 – 1892: diretor: João Carlos Teixeira Brandão.

1893 – 1902: diretor: Pedro Dias Carneiro.

1902 – 1903: diretor: Antônio Dias de Barros.

Diretores do Serviço Sanitário - Hospital Nacional de Alienados (1911):

1903 - 1930: diretor: Juliano Moreira.

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ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO

O decreto nº 82, de 18 de julho de 1841, autorizou a criação do Hospício de Pedro II, incluída entre os atos

que solenizaram a coroação de D. Pedro II como imperador. O Hospício foi instalado em terras adquiridas

pela Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro na antiga Chácara de Vigário Geral, na Praia Vermelha,

na cidade do Rio de Janeiro.

No entender de José Clemente Pereira, provedor da Santa Casa da Misericórdia, o Hospício deveria estar

sob a administração desta, tendo em vista vários fatores, incluindo o fato de esta ser proprietária do terreno e

ter um respeitável conceito na administração de seus estabelecimentos (ELIA, 1996). O Hospício de Pedro II

foi incorporado à Santa Casa, e a seu hospital geral que já funcionava no local, sob a condição, segundo a

Mesa desta instituição, de que fosse somente utilizado para o tratamento de alienados.

O provedor da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, José Clemente Pereira, determinou a criação

de uma repartição separada, intitulada administração do Hospício de Pedro II, composta por escrivão,

tesoureiro e procurador, que seriam nomeados anualmente pela Mesa da Irmandade, a quem ficariam

subordinados. Em setembro de 1841 organizou a administração do Hospício, indicando José Francisco de

Mesquita (Barão do Bonfim) como tesoureiro e contador, Francisco José da Rocha Filho como procurador, e

Diogo Soares Bivar como escrivão. Em dezembro desse mesmo ano foram acomodados em instalações

provisórias nove alienados, sob a guarda do administrador de obras Manuel Maria da Costa.

Em novembro de 1842, José Martins da Cruz Jobim, professor de medicina legal e diretor da Faculdade de

Medicina do Rio de Janeiro (1842-1872), foi o primeiro médico nomeado pela mesa administrativa do

Hospício com fins de visitar, prescrever e formular o tratamento aos alienados recolhidos.

Em 1844 compunham o quadro do Hospício de Pedro II:

médicos - José Martins da Cruz Jobim, Luiz Vicente De Simoni, Manoel Feliciano Pereira de Carvalho

(cirurgião-mor), Luigi Bompani (cirurgião-mor interino, médico-cirurgião interno), Augusto Cezar de Souza

(médico-cirurgião interino), e Antônio José Pereira das Neves (médico-cirurgião interno).

1ºboticário - Porfirio Dias dos Santos.

2º boticário - Gabriel Soares Rodrigues.

Pelo decreto nº 1.077, de 04 de dezembro de 1852, o Governo Imperial, através de seu Ministro e Secretário

de Estado dos Negócios do Império, Francisco Gonçalves Martins, mandou executar os estatutos da

instituição. Baseado na legislação francesa sobre os alienados, de 30 de junho de 1838, que instituiu a

proteção jurídica dos alienados, e de cuja elaboração participara Jean Etienne Dominique Esquirol (1772-

1840), o Hospício teria como objetivo o asilo, tratamento e curativo dos alienados de ambos os sexos de todo

o Império, sem distinção de condição, naturalidade ou religião. Incorporado à Santa Casa da Misericórdia do

Rio de Janeiro, teria os mesmos direitos, prerrogativas e isenções de seus outros estabelecimentos.

De acordo com seus estatutos, o serviço do Hospício dividia-se em três setores:

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- econômico: cujo responsável deveria ser um administrador;

- sanitário: que seria desempenhado por facultativos clínicos de cirurgia e medicina, tendo um diretor

auxiliado por irmãs de caridade, enfermeiros, enfermeiras, serventes e um farmacêutico chefe da botica;

- religioso: ocupado por capelães. Os serviços de enfermaria eram executados por irmãs de caridade

auxiliadas pelos ajudantes, sob a direção da Irmã Superiora, e a fiscalização do médico, diretor e do Irmão

Mordomo.

Inicialmente, em 1853, o serviço sanitário do Hospício ficava a cargo de um médico, auxiliado por 10 irmãs

de caridade e 10 enfermeiros. A partir de 1856 integrava o serviço sanitário o denominado 1º médico e um

ajudante, e de 1860 em diante, também se contava com um médico adjunto, e posteriormente um médico

interino.

Os pacientes eram classificados em pensionistas (os que tinham condições de pagar suas despesas com o

tratamento e curativo) e gratuitos (as pessoas indigentes, marinheiros e escravos de senhores que só

possuíssem um e não tivessem recursos para pagar as despesas). O tratamento ministrado aos doentes

variava de acordo com o valor da pensão que pagassem; aqueles que podiam pagar uma mensalidade mais

alta tinham tratamento especial e ficavam mais bem acomodados.

Desde o início de seu funcionamento, o Hospício de Pedro II recebeu indigentes e pensionistas, sendo seus

preços de internação modestos e suas instalações divididas em quatro classes. A primeira de quarto

separado com tratamento especial, a segunda de quartos para dois alienados com tratamento especial, a

terceira com enfermarias gerais para livres e, por fim, a quarta com enfermarias para escravos (ARAÚJO,

1982).

Os médicos da instituição tinham um papel secundário na decisão sobre a internação de um paciente, que

dependia muito mais de autoridades como o juiz de órfãos, chefe ou delegado de polícia, o provedor da

Santa Casa e a família ou o senhor do doente. A decisão final sobre a internação cabia ao provedor, depois

de analisar os requerimentos oficiais ou as petições das famílias. O grau de demência poderia ser atestado

previamente ou durante um período de observação de no máximo quinze dias.

Até 1862, o Hospício recebia todos os alienados que fossem encaminhados pelas autoridades públicas,

vindos de todas as regiões da província do Rio de Janeiro e também da província de Minas Gerais. Em maio

daquele ano, contudo, o provedor da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, Miguel Calmon du Pin e

Almeida (Visconde e Marquês de Abrantes), em uma representação ao Governo Imperial, queixou-se da

necessidade de regular as internações no manicômio, destino preferencial dos alienados de todo o país, o

que causava uma superlotação que, na sua visão, trazia sérios riscos à saúde e à vida dos que lá estavam.

Foi estabelecido então que o provedor teria o poder de decisão sobre a internação de um alienado remetido

pelos poderes públicos.

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Na visão de Juliano Moreira, apresentada em sua memória de 1907, esse momento marcou um período de

“verdadeira retrogradação no belo movimento de progresso iniciado com a criação do hospício” (Apud

FALCÃO, 1978, p.258). Naquela ocasião presenciava-se um acúmulo de alienados no Asilo de Mendicidade,

que havia sido projetado para abrigar duzentos indigentes e chegou a conter 350 alienados, ou nas prisões,

como denunciou, em 1886, João Carlos Teixeira Brandão. Por outro lado, a entidade fechava-se cada vez

mais aos que não fossem favorecidos, sob a alegação de falta de vagas, porém chegou a abrigar

irregularmente cinqüenta meninas órfãs, que foram retiradas dali apenas em 1887, pelo novo provedor da

Santa Casa, José Maurício Wanderley (Barão de Cotegipe), a pedido de Teixeira Brandão.

Em novembro de 1881, o provedor, José Ildefonso de Souza Ramos (Barão de Três Barras e Visconde de

Jaguari) atendendo às reclamações do mordomo da instituição criou duas vagas de médicos internos.

O decreto nº 508, de 21 de junho de 1890, que regulamentou a Assistência Médico-Legal de Alienados,

proibiu as irmãs de caridade de executarem serviços na seção masculina do Hospício Nacional de Alienados,

confiada a enfermeiros leigos. Em protesto, as enfermeiras abandonaram abruptamente o estabelecimento,

em 11 de agosto, depois de retirarem clandestinamente todos os empregados da seção de mulheres.

Pelo decreto nº 896, de 29 de junho de 1892, que dispunha sobre os serviços da Assistência Médico-Legal

de Alienados, o pessoal do serviço sanitário do Hospício Nacional de Alienados constava de três médicos,

um diretor do museu anátomo-patológico, um chefe do gabinete eletro-terápico, quatro internos (dois pagos

pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro), alunos da mesma faculdade, um farmacêutico e um

ajudante. O museu anátomo-patológico, a partir de então, passa ter seu próprio gestor, tendo sido nomeado

Mário Nunes Galvão para tal cargo.

A Assistência Médico-Legal, então vinculada ao Ministério da Justiça e Negócios Interiores, foi reorganizada

pelo decreto nº 1.559, de 7 de outubro de 1893, o qual definiu a seguinte composição do quadro de pessoal

do serviço sanitário da instituição: um médico diretor, quatro médicos especialistas, um cirurgião, um

oftalmologista, um diretor do museu anatomo-patológico, um chefe do gabinete eletro-terápico, quatro

internos, um farmacêutico e um ajudante, um dentista, enfermeiros, inspetores e guardas. O decreto nº

2.467, de 19 de fevereiro de 1897, criou o cargo de Inspetor Geral da Assistência, com superintendência

científica e administrativa sobre todos os serviços já organizados. Em 1899, novo regulamento para a

assistência aos alienados foi expedido (decreto nº 3.244, de 19 de março de 1899), desta vez com o objetivo

explícito de cortar custos. Os cortes efetuados, como a diminuição do número de internos, vieram a

prejudicar o funcionamento da assistência.

O decreto nº 1.559, de 7 de outubro de 1893, que reorganizou o serviço da Assistência Médico-Legal de

Alienados, no capítulo referente ao Hospício Nacional de Alienados, ampliou o pessoal do serviço sanitário, o

qual passou a constar de um médico diretor, quatro médicos especialistas, um cirurgião, um oftalmologista,

um diretor do museu anatomo-patológico, um chefe do gabinete electro-terápico, quatro internos, um

farmacêutico e um ajudante, um dentista, enfermeiros, inspetores e guardas.

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Em 1º de fevereiro de 1904 foi estabelecido o regulamento à Assistência a Alienados no Distrito Federal, pelo

decreto nº 5.125, que em seu art.3º, dispôs que o pessoal do Hospício Nacional de Alienados seria

constituído da seguinte forma:

“(....) No Hospicio: um director-alienista, superintendendo os serviços clinicos e administrativos; quatro alienistas, um adjunto, um pediatra, um medico dos pavilhões de molestias infecciosas-intercorrentes, um cirurgião-gynecologista, um ophtalmologista, um director do laboratorio anatomo-pathologico, um assistente do mesmo laboratorio, um chefe dos serviços kinesotherapicos, um dentista, quatro internos, um pharmaceutico, um administrador, um primeiro escripturario, um archivista, um segundo, um terceiro e um quarto escripturarios, um continuo e um porteiro.” (BRASIL. Decreto n.5.125)

Com as disposições do decreto de 1904, o pessoal médico no Hospício Nacional ficou constituído por:

Diretor – Juliano Moreira.

Alienistas – Francisco Cláudio de Sá Ferreira, Lucio Joaquim de Oliveira, Julio Afrânio Peixoto, Antonio

Austregésilo Rodrigues Lima.

Alienista adjunto – Humberto Netto Gotuzzo.

Chefe dos serviços kinoterápicos – Domingos Alberto Niobey.

Oftalmologista – José Chardinal D´Arpenans.

Cirurgião ginecologista – Alvaro Porfirio de Andrade Ramos.

Pediatra – Antonio Fernandes Figueira.

Médico de moléstias infecciosas intercorrentes – Miguel da Silva Pereira.

Dentista – Rodolpho Chapot Prévost.

Farmacêutico – Francisco Ribeiro de Almeida.

Em 1911, o Hospital Nacional de Alienados, assim denominado a partir do decreto nº 8.834, de 11 de julho

de 1911, apresentava os setores: cirurgia; pavilhão Bourneville; pavilhões para epiléticos; pavilhões de

doenças infecto-contagiosas; serviço oftalmológico; serviço odontológico; serviço de eletricidade médica;

laboratório anatomo-patológico.

O Hospital, em 1923, dispunha dos serviços: pavilhão Bourneville; pavilhões de epiléticos; pavilhões de

doenças infecto intercorrentes (pavilhão Jobim e pavilhão Francisco de Castro); pavilhões de tuberculosos

(pavilhão Sigaud, e pavilhão Simoni); pavilhão de leprosos (pavilhão Marcio Nery); serviço de cirurgia; serviço

oftalmológico; serviço de fisioterapia; serviço dentário; laboratório anatomo-patológico; farmácia; oficinas;

Escola de Enfermeiros.

O Hospício, a psiquiatria e o ensino

Quando o Hospício foi criado, a psiquiatria ainda não era uma especialidade; seus estudos eram feitos dentro

da cadeira de clínica médica. Essa situação só foi alterada pelo decreto nº 7.247, de 19 de abril de 1879, que

criou no currículo das faculdades de Medicina uma cadeira de clínica psiquiátrica. A disciplina foi incluída na

sétima série do currículo das faculdades de Medicina pelo decreto nº 8.024 de 12 de março de 1881 e na

oitava série pela Reforma Sabóia (decreto nº 9.311, de 25 de outubro de 1884). O primeiro titular da cadeira

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foi o professor Nuno Ferreira de Andrade, da Seção de Clínica Médica. Em 1883, João Carlos Teixeira

Brandão ocupou a cadeira de clínica psiquiátrica e de moléstias nervosas por concurso.

O médico Henrique de Brito Belfort Roxo, substituto de João Carlos Teixeira Brandão na cadeira de clínica

psiquiátrica e de moléstias nervosas na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1921, foi o primeiro

diretor do Instituto de Psiquiatria (IPUB), criado em 1938 a partir da transferência do Instituto de

Psicopatologia do Serviço de Assistência a Psicopatas do Distrito Federal para a Universidade do Brasil. A

origem histórica do IPUB está no Instituto de Psicopatologia, fundado em 1893, como o Pavilhão de

Observação do Hospício Nacional de Alienados.

PUBLICAÇÕES OFICIAIS

Em 1905, Juliano Moreira, diretor do Hospício Nacional de Alienados, fundou com Júlio Afrânio Peixoto os

Archivos Brasileiros de Psychiatria, Neurologia e Sciencias Affins. A publicação tinha periodicidade trimestral

e era editada na oficina de tipografia e encadernação do próprio Hospício Nacional de Alienados.

Em suas páginas forma publicados artigos sobre o tratamento das moléstias mentais, de autoria de

psiquiatras do Rio de Janeiro, de São Paulo, como os do Hospício do Juqueri dirigido por Francisco Franco

da Rocha, e de autores do exterior, sobre teorias psiquiátricas em voga na Europa, especialmente as de Emil

Kraepelin, de quem Juliano Moreira era discípulo, e considerações sobre a necessidade de melhorias na

assistência aos alienados.

O objetivo dos Archivos era divulgar as pesquisas desenvolvidas nessas áreas no Brasil (tanto no Hospício

Nacional, quanto no Hospício do Juqueri) e no mundo, como demonstram os artigos escritos por Krepelin

traduzidos e publicados nos primeiros volumes dos Archivos, ainda em 1905. Reforçava-se assim o papel do

Hospício como um importante centro de estudos psiquiátricos e médicos em geral, além de divulgador do

conhecimento psiquiátrico no Brasil.

Em 1908, a publicação teve seu nome alterado para Archivos Brasileiros de Psychiatria, Neurologia e

Medicina Legal, nome que conservou até 1919, quando passou a chamar-se Archivos Brasileiros de

Neuriatria e Psiquiatria. Essas mudanças de nomenclatura refletiam com clareza as mudanças da

perspectiva científica sobre a psiquiatria, que esteve em constante transformação durante o princípio do

século XX.

FONTES

- ARAÚJO, Achilles Ribeiro de. A assistência médico hospitalar no Rio de Janeiro no século XIX. Rio de

Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, 1982. (BN)

- BARRETO, Afonso Henriques de Lima. Diário do hospício; o cemitério dos vivos. Rio de Janeiro:

Secretaria Municipal de Cultura, Departamento Geral de Documentação e Informação Cultural, Divisão de

Editoração, 1993. (Biblioteca Carioca, vol. 8). Capturado em 21 fev. 2013. Online. Disponível na Internet:

http://www0.rio.rj.gov.br/arquivo/pdf/biblioteca_carioca_pdf/diario_hospicio_cemiterio_vivos.pdf

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- BRANDÃO, João Carlos Teixiera. RELATORIO da Assistencia Medico-Legal de Alienados apresentado pelo

Director Geral Dr. João Carlos Teixeira Brandão em janeiro de 1895. In: RELATORIO apresentado ao

Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brazil pelo Dr. Antonio Gonçalves Ferreira, Ministro de

Estado da Justiça e Negocios Interiores em abril de 1895. Annexo-U-1. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional,

1895. In: Relatórios Ministeriais (1821-1960). Obtido via base de dados PROJETO DE IMAGEM DE

PUBLICAÇÕES OFICIAIS BRASILEIRAS DO CENTER FOR RESEARCH LIBRARIES E LATIN-AMERICAN

MICROFILM PROJECT. Capturado em 14 de dezembro de 2002. Online. Disponível na Internet:

http://www.crl.edu/pt-br/brazil

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FICHA TÉCNICA

Pesquisa - Verônica Pimenta Velloso, Rodrigo Borges Monteiro, Maria Rachel Fróes da Fonseca.

Redação - Verônica Pimenta Velloso, Maria Rachel Fróes da Fonseca.

Revisão - Maria Rachel Fróes da Fonseca.

Colaborador - Ana Teresa A. Venancio.

Consultoria – Ana Teresa A. Venancio.