homo sacer

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23/08/13 13:24 Homo Sacer: O Poder Soberano e a Vida Nua - Resenhas - Âmbito Jurídico Página 1 de 9 http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7431 Homo Sacer: O Poder Soberano e a Vida Nua Marcus Vinícius Xavier de Oliveira Resumo: Trata-se resenha do livro de GIORGIO AGAMBEN, Homo Sacer: o poder soberano e a vida nua I, na qual se busca apresentar os principais pontos da obra. Palavras-chave: Biopolítica - Tanatopolítica – Vida Nua – Estado de Exceção. Na teoria política de Aristóteles, o homem, como qualquer outro ser vivente, é zoé (vida nua = mera existência biológica), mas que em razão de uma sua qualidade, que outros seres viventes não têm – a linguagem -, tem, também, uma existência política: é a linguagem que torna possível ao homem passar de zoé a politikòn zôon (animal político), vale dizer, lhe possibilita uma vida política (bíos políticos). É desta condição específica – zoé, mas também politikòn zôon – que Michel Foucault elabora a sua teoria da biopolítica, cujo limiar é o surgimento da modernidade e a constituição do Estado de População: “Por milênios, o homem permaneceu o que era para Aristóteles: um animal vivente e, além disso, capaz de existência política; o homem moderno é um animal em cuja política está em questão a sua vida de ser vivente” (FOUCAULT, 2005/134). É naquele “além disso” captado pelo poder soberano moderno que se funda a biopolítica. Em que consiste, pois, este Estado de População? Consiste na inclusão da via biológica – vida e saúde, sexualidade e trabalho etc – nos cálculos e mecanismos de poder do Estado. Antes, a preocupação do Estado era a de manter e administrar o seu espaço territorial (Estado Territorial), sendo que, com a modernidade e a conseqüente constituição do Estado de População, a vida e a saúde dos súditos passou a ser a preocupação central do poder soberano, com o fim de torná-los corpos dóceis, na medida em que nesta mesma modernidade se faz a convergência entre poder político e capitalismo. Nisto, pois, se aclara a afirmação de Foucault: “Resulta daí uma espécie de animalização do homem posta em prática através das mais sofisticadas técnicas

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Um livro de AGAMBEN que faz parte de uma série que o filósofo publicou.

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    Homo Sacer: O Poder Soberano e a Vida NuaMarcus Vincius Xavier de Oliveira

    Resumo: Trata-se resenha do livro de GIORGIO AGAMBEN, Homo Sacer: o podersoberano e a vida nua I, na qual se busca apresentar os principais pontos da obra.

    Palavras-chave: Biopoltica - Tanatopoltica Vida Nua Estado de Exceo.

    Na teoria poltica de Aristteles, o homem, como qualquer outro ser vivente, zo(vida nua = mera existncia biolgica), mas que em razo de uma sua qualidade, queoutros seres viventes no tm a linguagem -, tem, tambm, uma existncia poltica: a linguagem que torna possvel ao homem passar de zo a politikn zon (animalpoltico), vale dizer, lhe possibilita uma vida poltica (bos polticos).

    desta condio especfica zo, mas tambm politikn zon que Michel Foucaultelabora a sua teoria da biopoltica, cujo limiar o surgimento da modernidade e aconstituio do Estado de Populao: Por milnios, o homem permaneceu o que erapara Aristteles: um animal vivente e, alm disso, capaz de existncia poltica; ohomem moderno um animal em cuja poltica est em questo a sua vida de servivente (FOUCAULT, 2005/134).

    naquele alm disso captado pelo poder soberano moderno que se funda abiopoltica.

    Em que consiste, pois, este Estado de Populao? Consiste na incluso da viabiolgica vida e sade, sexualidade e trabalho etc nos clculos e mecanismos depoder do Estado. Antes, a preocupao do Estado era a de manter e administrar o seuespao territorial (Estado Territorial), sendo que, com a modernidade e a conseqenteconstituio do Estado de Populao, a vida e a sade dos sditos passou a ser apreocupao central do poder soberano, com o fim de torn-los corpos dceis, namedida em que nesta mesma modernidade se faz a convergncia entre poder polticoe capitalismo. Nisto, pois, se aclara a afirmao de Foucault: Resulta da uma espciede animalizao do homem posta em prtica atravs das mais sofisticadas tcnicas

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    polticas. Surgem ento na histria seja o difundir-se das possibilidades das cinciashumanas e sociais, seja a simultnea possibilidade de proteger a vida e de autorizarseu holocausto (Apud AGAMBEN, op. cit., p. 11).

    Interessante notar, segundo Agamben, que a teoria biopoltica de Foucault convergecom aquela desenvolvida por Hannah Arendt em A Condio Humana, segundo aqual, a progressiva importncia que o animal laborens passa a ocupar na sociedade fazcom que a vida nua ocupe o vrtice das relaes de poder, derruindo, com isto, oespao pblico. Fato , no entanto, que apesar da convergncia entre o pensamentode Foucault e de Arendt, ambos jamais foram desenvolvidos de modo a ensejar umainterpretao conjunta e harmnica das relaes polticas na modernidade. Este, pois,ento, o fim a que se lanou Giorgio Agamben ao lanar-se srie intitulada HomoSacer (RAULFF, 2004/609)[1].

    a insero da vida nua na plis problemtica? No se se resgatar a teoria primevaque a fundamenta. Com efeito, Aristteles afirma que o homem no ingressa na plispor qualquer motivo, mas sim para bem viver: a euemera (o belo dia) o fim ltimoda existncia poltica do homem, uma vez que, sendo a plis uma criao racional dohomem, esta teleolgica, existindo, portanto, para um fim especfico: propiciar obem viver.

    D-se que a prtica desvirtuou o fim, e aquele belo dia jamais se realizou. Qual acausa deste fracasso? Segundo Agamben, a prpria natureza do poder soberanoimpe o esquecimento daquele fim dantes colimado.

    Retomando o conhecido fundamento poltico-teolgico de Carl Schmitt sobre asoberania, segundo o qual, soberano aquele quem tem o poder de decidir em ultimaratio sobre o estado de exceo, Agamben demonstra a verdadeira face da biopoltica:como o soberano aquele que tem o poder de legislar sobre o caos, bem como dedecidir se a vida em sociedade est normal ou no, encontra-se numa posio suigeneris, a saber: est dentro e fora, ao mesmo tempo, do ordenamento jurdico(paradoxo do dentro-fora).

    Isto quer significar, primeiramente, numa negao da teoria contratualista, segundo aqual a sociedade civil surge do consenso entre os homens, e segundamente naafirmao da natureza pr-jurdica do viver humano: antes da deciso soberana h ocaos (ausncia de ordenamento jurdico), sendo soberano aquele que tem o poder decriar o ordenamento jurdico. Por ser soberano, tem ele tambm o poder de decidir

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    sobre a normalidade ou anomia da vida social, e com isso, de decretar o estado deexceo, que significa nada menos do que a suspenso da vigncia da lei: apesar devlida, a lei no vige.

    V-se, assim, que o soberano tem o poder de excluso-incluso: ao legislar sobre ocaos, capta a vida nua, dando-lhe existncia poltica. O homem ingressa na vidapoltica atravs de uma incluso-exclusiva: ingressa na plis atravs de sua exclusodo mero existir biolgico. Mas como tambm pode decidir sobre o estado de exceo,tem o soberano o poder de excluir do direito a sua vigncia: o direito includo pelasua excluso.

    Assim, o conhecer a natureza do poder soberano, bem como do estado de exceo, condio necessria para que se possa distinguir efetivamente, e no somente deforma retrica, o totalitarismo da democracia. Ocorre que, no obstante a retrica, aprtica poltica na modernidade demonstra que entre totalitarismo e democracia noexiste diferena nenhuma, j que aquela euemera de que falava Aristteles no foialcanada em nenhum destes regimes, originando aquilo que Walter Benjamimcaracteriza como um permanente estado de exceo.

    Se esta afirmao soa teratolgica, porque se torna claro o [...] indcio no s daconsumada separao entre cultura filosfica e cultura jurdica, como tambm adecadncia da segunda [...] (AGAMBEN, 2004/59). Com efeito, quer o homem vivasob um regime totalitrio quer sob um regime democrtico, o exerccio do poderpoltico sobre a sua vida torna-o sujeito a ser despido de sua humanidade (atributoconferido pelo direito), tornando-se, assim, em mero ser vivente. Isto assim se dporque a decretao do estado de exceo torna a fora de lei em fora de lei(AGAMBEN, 2004/61).

    A continuidade do estado de exceo enunciada por Walter Benjamim se torna maisclara ainda quando se toma em linha de raciocnio que, enfim, o problema central dasoberania no quem a exerce (a querela entre Schmitt e Kelsen sobre quem deveser o guardio da constituio um exemplo bastante eloqente deste ponto), massim sobre o qu ela exercida: sendo o estado de exceo uma incluso-exclusiva, a prpria vida a sua preocupao ltima.

    Com efeito, duas doutrinas modernas tornam bastante evidente este paradigma. Oprimeiro a doutrina kantiana da pura forma da lei, que pode ser caracteriza comouma estrutura ontolgica do dentro-fora: a tese benjaminiana de um estado de

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    exceo permanente coincide com a idia kantiana de uma pura forma da lei, cujavalidade decorre no de seu contedo, mas sim do simples fato de a mesma conterum significado moral: por ter a forma de lei, deve ser obedecida. Assim, conformenarrado por Kafka na lenda Diante da Lei, a lei a porta aberta na qual o homem jest: ele no entra porque sempre esteve abarcado por ela na sua perene excluso;nasce sob a vigncia da lei. Disto pergunta Massimo Caccciari: Como podemosesperar abrir se a porta j est aberta? Como podemos esperar entrar-o-aberto? Noaberto se est, as coisas se do, no se entra [...] (Apud AGAMBEN, 2002/57). Estetipo de relao implica num perptuo estado de exceo porque gera umaindiscernibilidade entre a vida e a lei: o homem a-bandonado pura lei, e porpertencer, deste modo, ao bando soberano, no mais homem, mas mera vida nua.

    A segunda doutrina aquela professada pelo neoconstitucionalismo, segundo a qualno existiria qualquer diferena entre o poder constituinte originrio (a violncia quepe o direito na acepo benjaminiana) e o poder constituinte derivado ou de reforma(a violncia que conserva o direito)[2]. Sendo o poder constituinte originrio aquilodo qual nasce o poder soberano, ele mesmo no um fenmeno jurdico fatopoltico -, donde, se de fato existir uma indistino entre ele e o poder constituinte dereforma, vive-se num estado de exceo permanente, e no em um estado denormalidade (rule of law): toda e qualquer deciso deve ser tida como violncia quepe o direito, e no como a que o conserva, estando, pois, o direito em contnuasuspenso (vale, mas no vige).

    Disto surge um questionamento relacionado vida do homem numa sociedade quese encontra num contnuo estado de exceo: qual a relao existente entre pessoasto diferentes e distantes no tempo e no espao, bem como sujeitas a situaes fticasto dspares como os presos dos campos de concentrao nazistas, os condenados pena de morte, os doentes terminais, os detentos de Guantnamo ou os refugiadosnos campos humanitrios na frica, dentre outros casos?

    A relao existente que todos eles so pessoas reduzidas mera existnciabiolgica. So homo sacer entregues ao (a)bandovida merece ser vivida.So pessoas insacrificveis, porm matveis. em razo daquilo queFoucault denomina de biopoltica, mas que Agamben melhor definecomo tanatopoltica: o poder que o soberano tem de decidir sobre quem

    tem o direito ou no de viver, ou seja, em decidir qual

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    De fato, a origem da indiscernibilidade entre vida poltica e vida nua tem seu limiarna figura do homo sacer, que era aquela pessoa condenada na vetusta comunidaderomana em razo de haver cometido um determinado delito, e que em razo disto,no poderia ser sacrificada aos deuses; contudo, se algum o encontrasse, poderiamat-lo, sem que ao seu algoz se imputasse a pena por homicdio: uma vidainsacrificvel, porm matvel. Sendo, pois, o homo sacer aquele homem que seencontrava entre o ius divinum e o ius humanum, uma vida sacra, no entantomatvel.

    E no esta a principal caracterstica do homem sob um regime de anomia (que nosendo mais exceo, regra, portanto, todos somos homo sacer)? Que a vida humana sacra, que os atributos da humanidade sejam todos eles sancionados pelo direito, noexiste dvida alguma. No corrente na doutrina constitucional a afirmao de que avida o direito fundamental primeiro que toda e qualquer pessoa detm pelo s fatode ser pessoa (artigo 5, caput da CRFB/88)? No obstante, este mesmoordenamento jurdico que estabelece o incio da vida[3] e o seu trmino[4]; estemesmo direito que estabelece quem pode ou no gozar de sua sexualidade, e como ofazer; este mesmo direito que estabelece como, quando e de que forma se poderexercer atividade laborativa. A lei capta de tal forma a vida humana, que ela mesmapossibilita tanto a sua insacrificabilidade como a sua matabilidade.

    Neste sentido, torna-se, pois, compreensvel a seguinte passagem da Vontade deSaber: O direito vida, ao corpo, sade, felicidade, satisfao dasnecessidades, o direito de resgatar, alm de todas as opresses ou alienaes,aquilo que se e tudo o que se pode ser, este direito to incompreensvel para osistema jurdico clssico, foi a rplica poltica a todos estes novos procedimentos dopoder (FOUCAULT, 2005/136).

    Assim, verifica-se a indistino existente entre aqueles sujeitos de que acima se falou,apesar das alegadas diferenas entre os regimes polticos em que vivem. Se o campode concentrao o local por excelncia da bio(tanato)poltica, talvez o fato de omesmo ter sido praticado em toda a sua crueza e inenarrabilidade por um regimetotalitrio como o nazista por si s responda aos questionamentos relacionados aocomo?, ao porque? e ao de que modo foi possvel?. Mas estas perguntas ficamsem respostas quando os Estados Unidos da Amrica, que se atribui o posto debaluarte da democracia para o resto do mundo, pratica a mesma tcnica de captaoda vida nua em relao aos detentos de Guantnamo.

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    Segundo Judith Butler, a negao da situao de prisioneiros de guerra (POWs)queles detentos, o que segundo a Doutrina Bush excepcionaria a aplicao doTratado de Genebra[5], j que ele so combatentes ilegais, sem que nenhumorganismo internacional, mesmo a ONU, tenha contestado juridicamente (e noretoricamente como se o fez) esta prtica, lanou aquelas pessoas num verdadeirolimbo jurdico, na medida em que esto completamente destitudos da proteo dequalquer estatuto jurdico: so meras vidas nuas (BUTLER, 2002/1-9).

    E tambm no esta a situao dos refugiados nos campos da frica? Ou dosmoradores de Santana, Roraima, que recebiam a importncia de R$ 7,00 (sete reais)ao ms, para servirem de cobaias humanas nos estudos sobre a malria ali realizadospor pesquisadores brasileiros e estadunidenses?

    Se o mundo moderno vive numa permanente situao de anomia, em que o campode concentrao, e no a plis, o local em que se decide qual vida humana merece ouno ser vivida, fato que ele se encontra naquela situao denominada por PierreBordieu de T.I.N.A., anagrama que quer significar there in no alternative (noexiste alternativa) (SINGER, 1999/2).

    Enquanto a indiscernibilidade entre a vida e a lei, entre o direito e o estado deexceo, entre a natureza e a cultura for regra, e no exceo, no ser possvel aohomem alcanar, em uma comunidade poltica, aquele belo dia de que falouAristteles, continuando a ser aquilo que Foucault afirmou: [...] um animal viventee, alm disso, capaz de existncia poltica [...]. Uma vida insacrificvel, pormmatvel, afinal, como afirma Slavoj Zizek: [...] a distino entre os que se incluem naordem legal e o Homo sacer no apenas horizontal, uma distino entre dois gruposde pessoas, mas, cada vez mais, tambm uma distino vertical entre as suas formas(superpostas) como se pode tratar as mesmas pessoas resumidamente: perante aLei, somo tratados como cidados, sujeitos legais, enquanto no plano do obscenosupereu complementar dessa lei incondicional vazia, somos tratados como Homosacer (ZIZEK, 2003/47).

    Notas sobre o autor:

    Giorgio Agamben nasceu em Roma, 1942. formado em Direito pela Universidadede Roma, onde defendeu tese sobre o pensamento poltico de Simone Weil. Foi alunode Martin Heidegger nos Seminrios em Le Thor nos anos de 1966 (Herclito) e 1968(Hegel). Foi responsvel pela edio italiana da obra completa de Walter Benjamim.

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    professor de filosofia no Instituto Universitrio de Arquitetura, em Veneza, Itlia,sendo titular da cadeira Baruch de Spinoza na European Graduate School. Foi diretordo Collge International de Philosophie, Paris. autor da srie Homo Sacer [Homosacer: O poder soberano e a vida nua I, Estado de exceo (Homo Sacer II.I), Queresta de Auschwitz: O arquivo e o testemunho (Homo sacer III), Il regno e la gloria.Per una genealogia teolgica delleconomia e del governo (Homo sacer II.II)] e Ilsacramento del linguaggio: Archeologia del giuramento [Homo Sacer II.III];Profanaes; A Linguagem e a morte: Um seminrio sobre o lugar da negatividade;Il tempo che resta: un commento alla Lettera ai Romani; Infncia e Histria.Destruio da experincia e origem da histria; Loperto: Luommo e lanimale;Mezzo senza fine; La comunit che viene; Estncias: A palavra e o fantasma nacultura ocidental; Nudit, dentre outros ttulos. Atuou no filme de Pier PaoloPasolini, O Evangelho Segundo So Mateus, no papel do apstolo Felipe.

    Bibliografia:

    AGAMBEN, Giorgio. Homo Sacer: O Poder Soberano e a Vida Nua I, trd. HenriqueBurigo, 2 ed., Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002 (Homo Sacer Il Potere Sovrano e lanuda vita).

    __________. Estado de Exceo, trd. Iraci D. Poleti, So Paulo: Boitempo, 2004 (Statodi Eccezione).

    BRITTO, Carlos Ayres. Teoria da Constituio, Rio de Janeiro: Forense, 2003, pp. 29-91.

    BYINGTON, Elisa. O Estado de Exceo: Entrevista com Giorgio Agambem, in CartaCapital, de 31/03/2004, pp. 76-78.

    FOUCAULT, Michel. Histria da sexualidade I: a vontade de saber, trad. MariaThereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque, 16 ed., So Paulo:Graal, 2005

    MOREIRA, Vital. Constituio e Democracia na Experincia Portuguesa, in MAUS,Antonio G. Moreira (Org.). Constituio e Democracia, So Paulo: Max Limonad,2001, pp. 261-283.

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    ZIZEK, Slavoj. Bem-vindo ao Deserto do Real!, trd. Paulo Cezar Castanheira, SoPaulo: Boitempo, 2003 (Welcome to the Deserto f the Real! Five Essays on September 11 andRelated Dates).

    Notas:

    [1] Embora o tradutor da verso brasileira informe que o conjunto da obra intituladaHomo Sacer se componha numa trilogia, o prpria autor, em entrevista a UlrichRaulff, publicada no German Law Journal, de 01 de maio de 2004, informa que areferida obra na verdade uma tetralogia, a comear por Homo Sacer: O PoderSoberano e a Vida Nua I, seguido por Estado de Exceo (Homo Sacer II.1), QueResta de Auschwitz: o arquivo e o testemunho (Homo Sacer III) e O Reino e aGlria: por uma genealogia teolgica da economia e do governo (Homo Sacer II.2).Contudo, em 2008, Agamben lanou na Itlia um novo livro da srie Homo Sacer, IlSacramento del Linguaggio: archeologia del giuramento (Homo Sacer II, 3), dando aentender que o projeto concebido como tetralogia se expandiu para novos horizontesde pesquisa.[2] Neste sentido, MOREIRA, Vital. Constituio e Democracia na ExperinciaPortuguesa, in MAUS, Antonio G. Moreira. Constituio e Democracia, So Paulo:Max Limonad, 2001, pp. 261-283. Para uma crtica bem fundamentada luz da teoriaconstitucional, consulte BRITTO, Carlos Ayres. Teoria da Constituio, Rio deJaneiro: Forense, 2003, pp. 29-91.[3] Cdigo Civil, Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002, artigo 2: A personalidade civilda pessoa comea do nascimento com vida; mas a lei pe a salvo, desde a concepo,os direitos do nascituro.[4] Lei 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, artigo 3: A retirada post mortem de tecidos,rgos ou partes do corpo humano destinados a transplante ou tratamento dever serprecedida de diagnstico de morte enceflica, constatada e registrada por doismdicos no participantes das equipes de remoo e transplante, mediante autilizao de critrios clnicos e tecnolgicos definidos por resoluo do ConselhoFederal de Medicina.[5] Se excepciona, porque a lei internacional existe mas no vige: um estado deexceo internacional?

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    Informaes Sobre o Autor

    Marcus Vincius Xavier de Oliveira

    Professor do Departamento de Direito da Universidade Federal de Rondnia.Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Rondnia, turma de 1996. Mestreem Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina