homilia na solenidade da assuncao de nossa senhora 2011

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AGO

7 DIAS

guio da celebrao da assuno da virgem sta maria

ASSUNO DA VIRGEM SANTA MARIA

2011EXALTOU OS HUMILDES!(Lc.1,39-46)

SOLENIDADE DA ASSUNO DE NOSSA SENHORA 2011- Na Missa das 10h30: Bodas de ouro Maria de Lurdes e Antnio Augusto e Bodas de prata de Carlos e Manuela

Monio Inicial: Continuamos a aprender e a descobrir a verdadeira f, atravs do gnio feminino. Depois do elogio de Jesus f da mulher cananeia, temos a exaltao da f de Maria, pela boca da prima Isabel. Celebremos, na f, a grandeza de Maria, neste da Assuno da Me de Deus ao Cu! Celebremos a passagem da condio terrena bem-aventurana daquela que gerou na carne e acolheu na f o Senhor da Vida. Acto Penitencial: - Pelas vezes, em que nos deixarmos seduzir pelas chamadas falazes de tudo o que efmero e passageiro, Senhor, misericrdia! - Pelas vezes em que cedemos s tentaes do egosmo e do mal que apagam no corao a alegria da vida. Cristo, misericrdia! - Pelas vezes em que perdemos o sentido verdadeiro e eterno da existncia humana, Senhor, misericrdia! Glria Pai-Nosso: No Filho ns sentimo-nos irmos. Na Me sentimo-nos filhos. No Pai sabemo-nos amados. Por isso, oramos com ousadia e confiana Despedida: A f na assuno incute uma esperana forte num porvir luminoso e abre o caminho para a realizao deste futuro! Cheios de confiana, ide em paz

HOMILIA NA SOLENIDADE DA ASSUNO 2011

1. Mulher, grande a tua f! Ouvamo-lo ainda ontem, da boca de Jesus, a respeito de uma certa cananeia! Hoje o elogio da f, parte de uma idosa mulher e volta-se para Maria, a mais bela judia, a bendita entre todas as mulheres, feliz porque acreditou (Lc.1,45)! Esto aqui, na f, (e mais uma vez, na f de uma mulher), as razes da sua Pscoa antecipada, que celebramos nesta Solenidade da Assuno! 2. Que nos diz afinal a f da Igreja, sobre o mistrio da Assuno? Diz que, no final da sua vida terrena, Maria foi levada (ou elevada), de corpo e alma ao Cu. Ou seja, Maria participa com toda a sua vida e com todo o seu ser, na glria da vida eterna! Ela vive j na comunho completa e perfeita com Deus, por meio de Seu Filho, Cristo Ressuscitado. Maria j vive aquilo que ns proclamamos, como esperana, no final do Credo: "Espero a ressurreio dos mortos e a vida do mundo que h-de vir" 3. Fique todavia claro, que ao falar da assuno ao "cu", a f da Igreja no se refere a este, como um lugar qualquer do universo, uma estrela ou algo de semelhante. Com a ideia ou imagem do "cu", queremos afirmar que este Deus que se fez prximo de ns, no nos abandona, nem sequer na morte e para alm da morte! Ele concede-nos a eternidade. No corao de Deus, existe um lugar para ns! Em Deus, no seu pensamento e no seu amor, no sobreviver unicamente uma "sombra" de ns mesmos, (uma qualquer parte de ns) mas nele, no seu amor criador, ns somos conservados e introduzidos, com toda a nossa vida, de dor e de amor, com todo o nosso ser! Nada daquilo que nos precioso e querido cair em runas, mas encontrar a sua plenitude em Deus. o seu Amor que vence a morte e nos confere a eternidade! E a este amor, mais forte do que a morte, que designamos na bela palavra e imagem do "cu"!

4. Esclarecido este ponto da nossa esperana, voltemos ao princpio, e perguntemo-nos agora mais claramente: onde esto as razes desta vitria sobre a morte, desta Pscoa prodigiosamente antecipada em Maria? As razes esto, de facto, na f da Virgem de Nazar, como testemunha a cena do Evangelho (cf. Lc 1, 39-56): uma f que obedincia Palavra de Deus e abandono total iniciativa e obra divina, segundo quanto lhe anunciado pelo Arcanjo. Por conseguinte, a f a grandeza de Maria, como proclama alegremente Isabel: Maria "bendita entre as mulheres", "bendito o fruto do seu ventre", porque "a Me do Senhor", porque acredita e vive de maneira singular a "primeira" das bem-aventuranas, a bem-aventurana da f! Pela f, Maria tornou-se a primeira crist, aquela que vive s de Cristo, com Cristo, em Cristo e nEle, para Deus. Pela f, Maria nunca viveu s, nem para si; no morreu s, nem para nada. Pela f, esperou contra toda a esperana! E mesmo, na mais funda desolao, no estava s. De facto, quem cr nunca est s! Nem na vida, nem na morte, e muito menos, desde a da, na vida nova da ressurreio. 5. Queridos amigos: no nos limitemos hoje a admirar Maria, no seu mundo de glria, como se fora um gnio feminino, distantssimo de ns! No. Em Maria, Assunta ao Cu, ns contemplamos a realizao plena de uma criatura humana, segundo o modelo de Deus, obra concluda, segundo "o novo mundo de Deus". E tornamo-nos assim peregrinos e construtores daquilo mesmo que esperamos e vemos j realizado em Maria! Repletos desta alegria, que nos vem da f, e neste dia da Pscoa de Maria, saibamos vislumbrar, desde j, a beleza desse mundo novo, no meio das lutas e tramas da vida de cada dia e, nesta certeza, possamos viver, acreditar, esperar e amar, sem desfalecer, como Maria. Amm!

Orao dos Fiis - Assuno 2011 (Missa das 10h30)

(lido pelos filhos do casal das bodas de prata: Carlos, nmeros mpares; David: nmeros pares)

P - Irmos: Estando em Deus e com Deus, Maria est perto de cada um de ns, conhece o nosso corao, pode ouvir as nossas oraes, pode ajudarnos com a sua bondade materna. Ela escuta-nos sempre, est sempre perto, e sendo Me do Filho, participa no poder do Filho, na sua bondade. Imploremos: Interceda por ns, a Virgem, cheia de graa! 1. Pela Santa Igreja: para que se apresente diante do mundo, como Esposa de Cristo, sem mancha e sem ruga, mas santa e imaculada. Oremos irmos. 2. Por aqueles que governam as naes: para que protejam o casamento e a famlia, como precioso patrimnio da humanidade. Oremos irmos. 3. Pelos filhos do casal em bodas de prata, Carlos e David: para que acolham o testemunho dos pais, como sinal de confiana, no amor fiel e fecundo de Deus. Oremos irmos. 4. Pelos filhos do casal, em bodas de ouro, Amrico, Antnio Augusto e Maria de Lurdes: para que sejam sempre atentos e gratos, para com os seus queridos pais. Oremos irmos. 5. Pelas noras e genro do casal em bodas de ouro:

Teresa, Maria Joo e Fernando: para que sintam sempre a proximidade de Maria, que tudo faz para que nunca falte aos esposos o vinho novo do amor e da alegria Oremos irmos. 6. Pelos netos do casal em bodas de ouro: Catarina, Miguel, Francisco e Rita: para que sejam sempre fonte de alegria e de esperana na vida longa dos seus avs. Oremos irmos. 7. Pelos que j partiram deste mundo: especialmente pelos irmos da esposa Manuela: Pedro e Paulo, pelos pais de Antnio Augusto: Adriano e Palmira, pelos pais de Maria de Lurdes: Domingos e Eullia: para que vivam, na comunho com Cristo e com Maria, a alegria da ressurreio. Oremos irmos. 8. Por todos ns aqui presentes: para que, sob a proteco de Maria, no deixemos de projectar em Deus a nossa esperana e futuro. Oremos irmos. P- Ouvi, Deus de bondade, as oraes do Vosso Povo, e pela intercesso da Virgem Peregrina, acompanhai com particular solicitude os emigrantes, exilados e refugiados, para que em todos os homens, vossos filhos, reconheamos o rosto de Vosso Filho, o Qual Deus convosco, na unidade do Esprito Santo!

Orao dos Fiis - Assuno de Nossa Senhora 2011 (Missa das 19h00)

P - Irmos: Estando em Deus e com Deus, Maria est perto de cada um de ns, conhece o nosso corao, pode ouvir as nossas oraes, pode ajudarnos com a sua bondade materna. Ela escuta-nos sempre, est sempre perto, e sendo Me do Filho, participa no poder do Filho, na sua bondade. Imploremos: Interceda por ns, a Virgem, cheia de graa!

1. Pela Igreja, peregrina neste mundo: para que lute corajosamente contra todas as foras devoradoras da vida, com a confiana da vitria do amor, sempre mais forte do que a morte! Imploremos. 2. Pelos que regem os destinos dos Povos: para que as leis, o ensino, a cultura e os valores sociais, defendam e promovam a dignidade do Homem e a vocao eterna da pessoa humana. Imploremos: 3. Pelos emigrantes que agora regressam de frias at ns; pelos imigrantes que vieram de fora ao nosso encontro para trabalhar: para que uns e outros faam desta experincia uma peregrinao interior, na procura da Ptria definitiva. Imploremos: 4. Por todos ns: para que avancemos no caminho da f, guiados por Maria, como Estrela da nossa Esperana. Imploremos.P- Ouvi, Deus de bondade, as oraes do Vosso Povo, e pela intercesso da Virgem Peregrina, acompanhai com particular solicitude os emigrantes, exilados e refugiados, para que em todos os homens, vossos filhos, reconheamos o rosto de Vosso Filho, o Qual Deus convosco, na unidade do Esprito Santo!

Contemplando Nossa Senhora da Assuno, no cu, compreendemos melhor que a nossa vida de todos os dias, no obstante esteja marcada por provaes e dificuldades, corre como um rio rumo ao oceano divino, para a plenitude da alegria e da paz. Entendemos que o nosso morrer no o fim, mas o ingresso na vida que no conhece a morte. O nosso crepsculo no horizonte deste mundo um ressurgir na aurora do mundo novo, do dia eterno. Oh Maria, enquanto nos acompanhas nas dificuldades do nosso viver e morrer dirios, conserva-nos constantemente orientados para a verdadeira ptria da bem-aventurana. Ajuda-nos a fazer como Tu fizeste". Diante do triste espectculo de tanta alegria falsa e, contemporaneamente, de tanta dor angustiada que se difunde pelo mundo, temos que aprender dela a tornar-nos sinais de esperana e de consolao, temos que anunciar com a nossa vida a Ressurreio de Cristo! (Bento XVI)

Homilia na Solenidade da Assuno de Nossa Senhora 2010 1. Agosto o ms de todas as pressas e partidas, por atalhos desconhecidos ou caminhos j corridos; por ares e mares, nunca dantes navegados! Ms de viagens, de idas e regressos, de peregrinaes, de visitas e encontros inesperados! H, dentro de cada pessoa, uma necessidade vital de partida e de sada para fora de si mesmo, um desejo profundo de ir mais longe, de chegar mais alm, de sair de si e dos confins da sua prpria casa. O mundo afinal a nossa casa de frias! Mas nem o mundo inteiro nos chega, para habitar a alma! Pois ela aspira a ultrapassar todas as fronteiras, a galgar o infinito, a chegar ao corao de Deus. Para a encontrar a sua morada, a respirar, repousar e viver definitivamente.

2. No meio deste ms de Agosto, assim rasgado e atravessado por tantos caminhos, - alguns, sem sada - a Igreja celebra precisamente a Solenidade da Assuno de Maria. Deste modo, pe-nos diante da meta ltima e definitiva da nossa vida e mostra-nos, por ponde h-de passar, e aonde h-de chegar o nosso caminho, iniciado no Baptismo! A meta sempre a vitria definitiva sobre a morte. A meta a nossa participao plena na ressurreio de Cristo. Maria terminou j, em grandeza e beleza, o curso e o percurso da sua vida. "Terminando o curso da sua vida terrena foi levada e elevada glria celeste, e exaltada pelo Senhor, como Rainha do Universo" (L.G. 59).

3. Maria assim a primeira criatura ressuscitada com Cristo! Ela acolhida pelo prprio Filho, naquela "morada", que Ele mesmo preparou, com a

sua morte e ressurreio (cf. Jo 14, 2-3). E deste modo, Maria pode mostrar- nos a meta definitiva e indicar-nos tambm a rota segura e a recta direco do nosso caminho! Isso mesmo, nos era sugerido pelo evangelho: Maria ps-se a caminho e dirigiu-se pressa, para a montanha", para visitar Isabel (Lc 1, 39). Maria, a partir da Anunciao, corre e percorre uma nova vereda, empreende imediatamente um caminho, fora de si, e da prpria casa, deixando-se conduzir unicamente por Deus! Ela corre a toda a pressa, uma vez que a graa do Esprito Santo no comporta lentides" (Sto. Ambrsio). Toda a nossa vida, como a de Maria, h-de ser, portanto,

marcada por esta "pressa sagrada", em que Deus a prioridade e a meta, nada mais devendo causar pressa na nossa existncia! Maria, da Anunciao Assuno, mostra-nos que todo o nosso caminho de f uma escalada valente de superao e de sada de si mesmo, numa contnua ascenso ou elevao para Deus! Entre lutas e gemidos, no sucumbiremos definitivamente, no nosso caminho: Deus ajuda-nos, atrai- nos e guia-nos para Ele! 4. Queridos irmos e irms: A vida como uma viagem no mar da histria, com frequncia enevoada e tempestuosa (Spe salvi, 49). Mas, entre os astros que nos indicam a rota, est Maria, a Estrela do Mar, que nos orienta para o seu Filho Jesus, que o "Sol erguido sobre todas as trevas da histria" (cf. Spe salvi, 49). Ela nos conceda a esperana de que podemos vencer, na certeza de que Deus venceu e que ns, com o nosso Baptismo, entramos nesta vitria. Grande Virgem, resplandece, nesta Hora, como sinal de consolao e de esperana segura, para este teu povo peregrino!

HOMILIA DO PAPA BENTO XVI

15 de Agosto de 2010 Hoje, a Igreja celebra uma das mais importantes festas do ano litrgico, dedicadas a Maria Santssima: a Assuno. No final da sua vida terrena, Maria foi levada de corpo e alma ao Cu, ou seja, glria da vida terrena, comunho completa e perfeita com Deus. No corrente ano celebra-se o sexagsimo aniversrio da data em que o Venervel Papa Pio XII, no dia 1 de Novembro de 1950, definiu solenemente este dogma, e gostaria de ler embora seja um pouco complicado a forma da dogmatizao. O Papa afirma: "De tal modo, a augusta Me de Deus, arcanamente unida a Jesus Cristo desde toda a eternidade com um nico decreto de predestinao, Imaculada na sua Conceio, Virgem pura na sua maternidade divina, Scia generosa do Redentor divino que alcanou o triunfo total sobre o pecado e sobre as suas consequncias, no final, como coroao suprema dos seus privilgios, obteve a graa de ser preservada da corrupo do sepulcro e, vencendo a morte, como j o seu Filho, de ser elevada de corpo e alma glria do Cu, onde resplandece como Rainha direita do seu Filho, Rei imortal dos sculos" (Constituio apostlica Munificentissimus Deus, em AAS 42 [1959], 768-769). Por conseguinte, este o ncleo da nossa f na Assuno: ns acreditamos que Maria, como Cristo seu Filho, j venceu a morte e j triunfa na glria celeste, na totalidade do seu ser, "de corpo e alma". Na segunda Leitura de hoje, So Paulo ajuda-nos a lanar um pouco de luz sobre este mistrio, partindo do acontecimento central da histria humana e da nossa f: ou seja, o acontecimento da ressurreio de Cristo, que "primcias daqueles que j morreram". Mergulhados no seu Mistrio pascal, ns tornamo-nos partcipes da sua vitria sobre o pecado e sobre a morte. Eis o segredo surpreendente e a realidade-chave de toda a vicissitude humana. So Paulo diz-nos que todos ns estamos "incorporados" em Ado, o primeiro e antigo homem, todos ns temos a mesma herana humana, qual pertence: o sofrimento, a morte e o pecado. Mas a esta realidade, que todos ns podemos ver e viver todos os dias, acrescenta algo de novo: ns encontramo-nos no apenas nesta herana do nico ser humano, encetado com Ado, mas somos "incorporados" tambm no novo homem, em Cristo ressuscitado, e assim a vida da Ressurreio j est presente em ns. Portanto, esta primeira "incorporao" biolgica e incorporao na morte, incorporao que gera a morte. A segunda, nova, que nos conferida mediante o Baptismo, a "incorporao" que d a vida. Volto a citar a segunda Leitura hodierna; So Paulo diz: "Porque, assim como por meio de um homem veio a morte, tambm a ressurreio dos mortos veio por atravs de um

homem. Porque, assim como todos morrem em Ado, tambm em Cristo todos sero vivificados. Cada qual, porm, na sua ordem: Cristo, como primcias; depois, os que so de Cristo, por ocasio da sua vinda" (1 Cor 15, 21-23). Pois bem, aquilo que So Paulo afirma a respeito de todos os homens, a Igreja, no seu Magistrio infalvel, dito por Maria, de um modo e num sentido especficos: a Me de Deus inserida em tal medida no Mistrio de Cristo, a ponto de ser partcipe da Ressurreio do seu Filho com todo o seu ser, j no final da vida terrena; vive aquilo que ns esperamos no final dos tempos, quando for aniquilado "o ltimo inimigo", a morte (cf. 1 Cor 15, 26); j vive aquilo que proclamamos no Credo: "Espero a ressurreio dos mortos e a vida do mundo que h-de vir". Ento, podemos perguntar-nos: quais so as razes desta vitria sobre a morte, prodigiosamente antecipada em Maria? As razes esto na f da Virgem de Nazar, como testemunha o trecho do Evangelho que h pouco ouvimos (cf. Lc 1, 39-56): uma f que obedincia Palavra de Deus e abandono total iniciativa e obra divina, segundo quanto lhe anunciado pelo Arcanjo. Por conseguinte, a f a grandeza de Maria, como proclama alegremente Isabel: Maria "bendita entre as mulheres", "bendito o fruto do seu ventre", porque "a Me do Senhor", porque acredita e vive de maneira singular a "primeira" das bem-aventuranas, a bem-aventurana da f. Isabel confessa-o na alegria, sua e do menino que salta de alegria no seu seio: "Feliz aquela que acreditou que teriam cumprimento as coisas que lhe foram ditas da parte do Senhor" (Lc 1, 45). Queridos amigos, no nos limitemos a admirar Maria no seu destino de glria, como uma pessoa muito distante de ns: no! Somos chamados a contemplar aquilo que o Senhor, no seu amor, desejou tambm para ns, para o nosso destino final: viver atravs da f na comunho perfeita de amor com Ele e, deste modo, viver verdadeiramente. A este propsito, gostaria de meditar sobre um aspecto da afirmao dogmtica, onde se fala de assuno glria celestial. Hoje, todos ns estamos perfeitamente conscientes de que, com o termo "cu" no nos referimos a um lugar qualquer do universo, a uma estrela ou a algo de semelhante: no. Referimo-nos a algo de muito grande e difcil de ser definido com os nossos limitados conceitos humanos. Com este termo, "cu", queremos afirmar que Deus, o Deus que se fez prximo de ns, no nos abandona nem sequer na morte e alm da morte, mas tem um lugar para ns e nos concede a eternidade; queremos afirmar que em Deus existe um lugar para ns. Para compreender um pouco mais desta realidade, olhemos para a nossa prpria vida: todos ns experimentamos que, quando uma pessoa morre, continua a subsistir de alguma maneira na memria e no corao daqueles que a conheceram e amaram. Poderamos dizer que neles continua a viver uma parte de tal pessoa, mas como uma "sombra", porque tambm esta sobrevivncia no corao dos prprios entes queridos est destinada a terminar.

Deus, no entanto, nunca passa e todos ns existimos em virtude do seu amor. Existimos porque Ele nos ama, porque Ele nos pensou e nos chamou vida. Existimos nos pensamentos e no amor de Deus. Existimos em toda a nossa realidade, no apenas na nossa "sombra". A nossa tranquilidade, a nossa esperana e a nossa paz fundamentam-se precisamente nisto: em Deus, no seu pensamento e no seu amor, e no sobrevive unicamente uma "sombra" de ns mesmos, mas nele, no seu amor criador, ns somos conservados e introduzidos com toda a nossa vida, com todo o nosso ser na eternidade. o seu Amor que vence a morte e nos confere a eternidade, e este amor ao qual chamamos "cu": Deus to grande, a ponto de reservar um lugar tambm para ns. E o homem Jesus, que ao mesmo tempo Deus, constitui para ns a garantia de que o ser-homem e o ser-Deus podem existir e viver eternamente um no outro. Isto quer dizer que de cada um de ns no continuar a existir somente uma parte que nos , por assim dizer, arrebatada, enquanto outras caem em runa; quer dizer principalmente que Deus conhece e ama o homem todo, o que ns somos. E Deus acolhe na sua eternidade aquilo que agora, na nossa vida feita de sofrimento e amor, de esperana, alegria e tristeza, cresce e se realiza. O homem todo, toda a sua vida tomada por Deus e nele, purificada, recebe a eternidade. Caros amigos, penso que esta uma verdade que nos deve encher de profunda alegria. O Cristianismo no anuncia somente uma qualquer salvao da alma num alm indefinido, no qual tudo o que foi precioso e querido para ns neste mundo seria eliminado, mas promete a vida eterna, "a vida do mundo que h-de vir": nada daquilo que nos precioso e querido cair em runas, mas encontrar a plenitude em Deus. Todos os fios de cabelo da nossa cabea esto contados, disse certo dia Jesus (cf. Mt 10, 30). O mundo definitivo ser o cumprimento tambm desta terra, como afirma So Paulo: "E tambm ela [a criao] ser libertada da servido da corrupo para participar, livremente, da glria dos filhos de Deus" (Rm 8, 21). Assim, compreende-se como o Cristianismo incute uma esperana forte num porvir luminoso e abre o caminho para a realizao deste futuro. Precisamente como cristos, ns somos chamados a edificar este mundo novo, a trabalhar a fim de que um dia se torne o "mundo de Deus", um mundo que h-de ultrapassar tudo aquilo que ns mesmos poderamos construir. Em Maria Assunta ao Cu, plenamente partcipe da Ressurreio do Filho, ns contemplamos a realizao da criatura humana segundo o "mundo de Deus". Oremos ao Senhor a fim de que nos faa compreender como toda a nossa vida preciosa aos seus olhos; fortalea a nossa f na vida eterna; faa de ns, homens da esperana, que trabalham para construir um mundo aberto a Deus, homens repletos de alegria, que sabem vislumbrar a beleza do mundo futuro no meio dos afs da vida quotidiana e nesta certeza vivem, acreditam e esperam. Amm!

HOMILIA DO PAPA BENTO XVI 15 de Agosto de 2009 () A ltima etapa da peregrinao terrena da Me de Deus convida-nos a olhar para o modo como Ela percorreu o seu caminho rumo meta da eternidade gloriosa. No trecho do Evangelho h pouco proclamado, So Lucas narra que, depois do anncio do Anjo, Maria "ps-se a caminho e dirigiu-se pressa para a montanha", para visitar Isabel (Lc 1, 39). Dizendo isto, o evangelista quer sublinhar que para Maria, seguir a prpria vocao, na docilidade ao Esprito de Deus, que nela realizou a encarnao do Verbo, significa percorrer uma nova vereda e empreender imediatamente um caminho fora da prpria casa, deixando-se conduzir unicamente por Deus. Comentando a "pressa" de Maria, Santo Ambrsio afirma: "A graa do Esprito Santo no comporta lentides" (Expos. Evang. sec. Lucam, II, 19: pl 15, 1560). A vida de Nossa Senhora conduzida por Outro "Eis a serva do Senhor: faa-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1, 38) modelada pelo Esprito Santo, assinalada por acontecimentos e encontros, como aquele com Isabel, mas sobretudo pela relao particularssima com o seu Filho Jesus. um caminho em que Maria, conservando e meditando no corao os acontecimentos da prpria existncia, vislumbra neles de modo cada vez mais profundo o misterioso desgnio de Deus Pai, para a salvao do mundo.

Depois, seguindo Jesus de Belm, para o exlio no Egipto, na vida escondida e na pblica, at aos ps da Cruz, Maria vive a sua ascenso constante a Deus no esprito do Magnificat, aderindo plenamente, tambm no momento da obscuridade e do sofrimento, ao projecto de amor de Deus e alimentando no corao o abandono total nas mos do Senhor, de maneira a ser paradigma para a f da Igreja (cf. Lumen gentium, 64-65). Toda a vida uma ascenso, a vida inteira meditao, obedincia, confiana e esperana, mesmo nas obscuridades; e toda a vida esta "pressa sagrada", que sabe que Deus sempre a prioridade, e nada mais deve causar pressa na nossa existncia. E finalmente, a Assuno recorda-nos que a vida de Maria, como a de cada cristo, um caminho no seguimento de Jesus, um caminho que tem uma meta especfica, um futuro j traado: a vitria definitiva sobre o pecado e sobre a morte, e a comunho plena com Deus, porque como diz Paulo na Carta aos Efsios o Pai "nos ressuscitou e nos fez sentar l nos Cus, em Jesus Cristo" (Ef 2, 6). Isto quer dizer que com o Baptismo, fundamentalmente, j ressuscitamos e estamos sentados nos Cus em Jesus Cristo, mas corporalmente temos que completar aquilo que j foi comeado e realizado no Baptismo. Em ns, a unio com Cristo, a ressurreio, est incompleta, mas para a Virgem Maria ela completa, no obstante o caminho que tambm

Nossa Senhora pde percorrer. Ela entrou na plenitude da unio com Deus, com o seu Filho, e atrai-nos e acompanha-nos no nosso caminho. Ento, em Maria, que subiu aos cus, ns contemplamos Aquela que, por um privilgio singular, com a alma e com o corpo, se tornou participante da vitria definitiva de Cristo sobre a morte. "Terminando o curso da sua vida terrena diz o Conclio Vaticano II foi levada glria celeste em corpo e alma, e exaltada pelo Senhor como Rainha do Universo, para que se parecesse mais com o seu Filho, Senhor dos Senhores" (cf. Ap 19, 16) e vencedor do pecado e da morte"(Lumen gentium, 59). Na Virgem da Assuno ao cu contemplamos a coroao da sua f, daquele caminho de f que Ela indica Igreja e a cada um de ns: Aquela que em cada momento acolheu a Palavra de Deus, subiu ao cu, ou seja, Ela mesma foi acolhida pelo Filho naquela "morada", que nos preparou com a sua morte e ressurreio (cf. Jo 14, 2-3). A vida do homem na terra como nos recordou a primeira leitura um caminho que se realiza, constantemente, na tenso da luta entre o drago e a mulher, entre o bem e o mal. Esta a situao da histria humana: como uma viagem num mar frequentemente borrascoso; Maria a estrela que nos orienta para o seu Filho Jesus, "Sol nascido acima das trevas da histria" (cf. Spe salvi, 49) e concede-nos a esperana de que temos necessidade: a esperana de que podemos vencer, que Deus venceu e que, com o Baptismo, entramos nesta vitria.

No sucumbimos definitivamente: Deus ajuda-nos e guia-nos. Esta a esperana: esta presena do Senhor em ns, que se torna visvel em Maria que subiu ao cu. "Nela (...) leremos daqui a pouco no Prefcio desta Solenidade fizestes resplandecer para o vosso povo peregrino sobre a terra, um sinal de consolao e de esperana segura". Com So Bernardo, mstico cantor da Virgem Santa, assim a invocamos: "Suplicamos-te, bendita, pela graa que Tu encontraste, por aquelas prerrogativas que Tu mereceste, pela Misericrdia que Tu deste luz, faz com que Aquele, que por ti, se dignou tornar-se participante da nossa misria e enfermidade, graas sua intercesso, nos torne participantes das suas graas, da sua bem-aventurana e da sua glria eterna, Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que est acima de todas as coisas, Deus bendito nos sculos dos sculos. Amm" (Sermo 2 de Adventu, 5: pl 183, 43).

Homilia na Solenidade da Assuno de Nossa Senhora 2009 Concludo o percurso da sua vida terrena, Maria foi elevada ao cu em corpo e alma! Maria, elevada ao cu, no uma espcie de astronauta, todo-poderosa, em viagem espacial, nem a Estrela, de maior brilho, perdida em qualquer galxia do firmamento. To pouco a Bela adormecida, em sonhos de princesa e fantasia. O cu, em que a sua vida agora se projecta, o prprio Deus, no seu imenso mistrio de amor. Doravante, o cu est aberto para ns, o cu no est vazio, o cu tem um corao de Me! Elevada em corpo e alma glria do cu, com Deus e em Deus, realiza-se, primeiro em Maria, a ressurreio prometida a todos ns; Maria antecipa, em toda a sua beleza, o nosso futuro definitivo; indica-nos assim a ptria, atira o nosso olhar e dirige os nossos ps, a toda a pressa, para a meta derradeira de toda a nossa peregrinao terrena: a vida eterna! Elevada em corpo e alma, Maria , assim, a figura antecipada e realizada da vocao eterna de cada um dos filhos de Deus: todo o nosso ser (esprito, alma e corpo), est destinado plenitude da vida, do amor e da paz, na comunho com Deus. E no preciso fazer muita coisa, para chegar a. Nem milagres, nem acrobacias de santidade. Basta deixar, com humildade, Deus entrar na nossa vida e fazer em ns e por meio de ns a obra que sua. Maria mostra-nos a vida bem-aventurada de uma criatura humana, inteiramente voltada para Deus. Ela mostra-nos que quem vive e morre no amor a Deus e

ao prximo, ser, por fim, transfigurado, imagem do corpo glorioso de Cristo ressuscitado! isto que Nossa Senhora proclama eternamente, mediante o mistrio da sua Assuno. Ao vermos Maria, ressuscitada em Cristo, podemos esperar e confiar nesse futuro, que dom de Deus; podemos caminhar pela luz da nossa f, que vence o mundo e prosseguir, na graa do amor, sempre mais forte do que a morte. O amor de Deus sai vencedor, sobre todos os poderes destruidores da alma humana. A Pscoa de Maria faz dela sinal de esperana e de confiana, para todo o povo peregrino! Para ns, carssimos irmos e irms, a luta por essa vitria, permanece no corao da histria. Mas, Maria, Rainha do cu, no abandonou a Terra, que pisamos! Porque est com Deus e em Deus, Maria est pertssimo de cada um de ns, no mago do combate da f. Quando estava na terra, Maria de Nazar, podia somente estar perto de algumas pessoas. Estando em Deus, que nos mais ntimo a ns do que ns a ns prprios, Maria est prxima de cada um. Me de Cristo, Maria participa no poder de Seu Filho, na sua bondade e proximidade, que fonte de vida e esperana para todos. Do Paraso, Nossa Senhora continua a velar sobre os seus pobres filhos de Eva, sempre, e especialmente nas horas difceis da prova! Podemos, por isso, confiar sempre, e em toda a parte, toda a nossa vida a esta Me, que foi elevada s alturas de Deus, para estar mais prxima de cada um de ns! Neste dia de festa, dmos graas ao Senhor, pelo dom da Me e rezemos a Maria, a fim de encontrar o caminho justo, em todas as horas, todos os dias!

HOMILIA NA SOLENIDADE DA ASSUNO DE NOSSA SENHORA 2008 1. No azul, nem chins, o Drago, de que nos fala hoje So Joo. Na sua poca, representava o poder terrvel dos imperadores romanos, inimigos ferozes da f crist. Este poder parecia fortssimo, quase ilimitado! A Igreja, ainda uma pequenina comunidade, assemelhava-se a uma Mulher indefesa, sem possibilidade de sobreviver, e muito menos de vencer! Quem podia opor-se a este poder esmagador, que parecia capaz de tudo? E no entanto, sabemos, que no final no venceu o dio; venceu o amor de Deus! Venceu a Mulher inerme, venceu a Igreja indefesa! E o imprio romano abriu-se f crist! 2. A imagem do Drago fez-se sentir nas grandes ditaduras do sculo passado, como o nazismo ou estalinismo. Tambm a, parecia impossvel que a f pudesse sobreviver, diante de um Drago vermelho, to forte, que queria devorar este Deus, feito Menino, e destruir a Mulher, isto , a Igreja, que O dava luz neste mundo! Mas de facto, tambm aqui e, por fim, o Amor foi mais forte do que o dio! Apetece-me hoje profetizar: tambm o Drago Vermelho, na China, h-de um dia ser derrotado, pela fora olmpica do Amor! 3. Mas hoje e entre ns, o Drago estende tambm a sua cauda, de modos novos e diversos. Ele est presente e activo, de maneira subtil e poderosa, sobretudo nesta cultura da morte, da morte de Deus e da morte do Homem! Ele parece seduzir-nos, com palavras mansas, que gozam hoje de grande publicidade: intil pensares em Deus; absurdo observares os seus mandamentos. A vida s vale a pena, se for vivida a pensar em ti mesmo. S valem o consumo, o egosmo e a diverso! Istp que vida! Assim deves viver. Parece-nos quase impossvel, opormo-nos a esta mentalidade predominante, com toda a sua fora meditica e propagandstica! Mas acreditai: Deus mais forte que o Drago; vencer sempre a f, o amor, a vida! No ser uma vitria, como a esperada pelos atletas dos jogos olmpicos. Para ns o imperfeito a condio; a vida, para ns, no vencer, amar perdidamente, dar a vida pelo irmo. 4. Esta tambm a vitria de Maria, celebrada nesta festa da Assuno. Ela no obteve nenhuma medalha de ouro, nos jogos olmpicos; simplesmente est coroada de Doze estrelas, na fronte, por ter assumido e vencido, no seu papel de Me de Cristo e Me da Igreja. Na sua Assuno, Maria diz-nos agora: Olhai: a minha vida era dom de mim mesma. E agora esta vida perdida, de entrega e servio, alcana a verdadeira vida: a vida eterna, a vida plena, a vida repleta de sol, circundada pela luz de Deus! A vida no se conquista, tomando-a para si, mas oferecendo-a e multiplicando-a, pelos outros!

5. No resisto, apesar do calor, a ler-vos parte do testemunho de uma Me e jornalista, que se preparava, para dar luz o terceiro filho. Escreve assim no seu blogue: Quando, nas ltimas semanas, disse a trs pessoas distintas que at gostaria de ir ao terceiro filho, fui surpreendida por uma reaco chocada, transida, quase de nojo at: "Outro?! Credo!!! E tinhas outro filho para qu?". E responde a prpria: J tenho dois filhos e no sei dizer, com segurana, porque que gostava de ter mais um. Eles tomam-me muito tempo, do-me muito que fazer, fazem demasiado barulho, portam-se consideravelmente mal, riscam-me o sof, moem-me a pacincia. Mas so a minha melhor obra, e se calhar sou do gnero artista insatisfeito. Bem interessante a descrio que faz a seguir da senhora, que lhe fizera tal observao: Uma das pessoas, que me deitou esse olhar, uma grande amiga. Moderna, culta, inteligentssima. Com ela, nunca posso falar dos meus filhos. Sinto-me uma sopeira. Depois de lhe dizer mesa do restaurante, "os meus midos esto to queridos, esto a passar uma fase girssima", ela endireita-se na cadeira, como se me pedisse que baixasse o tom de voz. E v-la a alta velocidade a mudar para o tema, esse sim interessantssimo, da minha carreira, que novas histrias fiz, que reportagem, que aventura vivi, que figuras pblicas conheci recentemente. Continua a jornalista, ainda e sempre a falar como Me: O que me chateia nisto esta ideia de que ter filhos incompatvel com uma vida profissional, como se uma mulher com filhos ficasse imediatamente catalogada como uma matrona de tempos idos, uma espcie de dona de casa ideal, relegada para o fogo! E conclui assim: possvel que, como democracia recente, estejamos a viver a era das carreiristas. S elas, as mulheres tipo Sexo e a Cidade, s essas tm interesse. Espero que este pas cresa depressa. Um dia destes passo-me e tenho mesmo mais um filho (Snia Morais Santos, In Corta-Fitas) 6. Aqui fica, para este tempo, um testemunho, que encarna, ao vivo, a figura da Mulher que estava para ser me e gritava com as dores e nsias da maternidade! Nesta me jornalista, espelha-se a figura da Mulher, que luta contra o drago da cultura dominante da morte, do egosmo, da autopromoo! Mulheres assim, ao jeito de Maria, provam-nos quanto o amor mais forte, do que qualquer Drago, seja ele da moda, da opinio, da revista ou da televiso?! Por fim, o amor vencer! Maria o sinal antecipado e realizado dessa vitria da vida e da ressurreio!

Homilia na Assuno de Nossa Senhora 2007 A tradio crist colocou, no meio do Vero, uma das festas marianas mais antigas e sugestivas: a solenidade da Assuno da Bem-Aventurada Virgem Maria: assim como Jesus ressuscitou dos mortos e subiu direita do Pai, tambm Maria, depois de concluir o percurso da sua existncia na terra, ressuscitou com Cristo e foi (e)levada ao cu. A Assuno , neste sentido, a festa da Pscoa de Maria. Esta festa foi sempre muito sentida pelo povo cristo, desde os primeiros sculos do cristianismo. 1. No essencial, - caros irmos e irms, a Assuno recorda, afinal, um mistrio que diz respeito a cada um de ns, porque todos ns, como Maria, havemos um dia, de ressuscitar com Cristo e de aspirar, em cada dia, s coisas do alto. Ora, como afirma o Conclio Vaticano II, Maria, ao participar j plenamente da Ressurreio de seu Filho, "brilha como sinal de esperana segura e de consolao para o Povo de Deus peregrino" (Lumen Gentium, 68). De facto, na Mulher, vitoriosa e resplandecente de luz, de que falava o Apocalipse, reconhecemos Maria e nEla a imagem da Igreja. Por isso, no seu triunfo pascal, o povo cristo, peregrino na histria, entrev j o cumprimento das prprias expectativas e o sinal seguro da sua esperana. Dito, por outras palavras, em Maria j se cumpriu a ressurreio prometida a todos ns. Ela caminha connosco e vai nossa frente e atrai-nos, deste mundo, para a comunho eterna com Deus. 2. Sim, Maria , para o povo de Deus peregrino, sinal de esperana segura e de consolao j no tempo presente, o tempo da luta e do combate. Diante do Drago, o inimigo, a figura do mal que sempre nos persegue, esta Mulher que Maria, e ao mesmo tempo figura da Igreja, parece indefesa e vulnervel. E realmente Deus vulnervel no mundo, porque o Amor, e o amor sempre vulnervel. Contudo, Deus tem o futuro nas suas mos; o amor que vence e no o dio; no final o Prncipe da Paz que vence! Esta a grande consolao contida no dogma da Assuno de Maria: na luta contra o Drago, contra o mal, Maria encoraja-nos a no desanimar diante das dificuldades e dos problemas inevitveis de todos os dias. Garante-nos a sua ajuda e recorda-nos que o essencial consiste em buscar e aspirar s "coisas do alto, e no s coisas da terra" (cf. Col. 3, 2). Disto temos a certeza: do alto, Maria acompanha os nossos passos com doce trepidao, alenta-nos nos momentos incertos e de tempestade, tranquiliza-nos com a sua mo materna. Por isso, mesmo se vivemos entre numerosas dificuldades quotidianas, no devemos perder a serenidade e a Paz.

3. Mas queridos irmos - Maria ainda sinal de esperana segura e de consolao relativamente ao que nos est prometido, quanto ao nosso futuro definitivo em Cristo, uma vez que na Assuno contemplamos o mistrio da passagem definitiva de Maria deste mundo para o Paraso. Neste sentido, este mistrio da Assuno constitui para todos os crentes uma ocasio til para meditar acerca do sentido verdadeiro e sobre o valor da existncia humana, na perspectiva da eternidade. afinal o Cu a nossa habitao definitiva. 4. Queridos irmos e irms: arrebatados, quantas vezes, pelas preocupaes dirias, corremos o risco de considerar que se encontra aqui, neste mundo, onde s estamos de passagem, a derradeira finalidade da existncia humana. Ao contrrio, o Paraso a verdadeira meta da nossa peregrinao terrena. E como seriam diferentes os nossos dias, se fossem animados por esta verdade de f. Hoje, h quem viva como se nunca tivesse que morrer, ou como se tudo terminasse com a morte; alguns comportam-se considerando que o homem o nico artfice da sua prpria sorte, como se Deus no existisse, chegando algumas vezes at a negar que haja espao para Ele no nosso mundo. O facto que os grandes sucessos da tcnica e da cincia, que melhoraram notavelmente a condio da humanidade, deixam contudo sem soluo as perguntas mais profundas do corao humano. Sem Deus e sem esperana de vida eterna, a nossa vida no passaria de uma paixo intil e de uma desgraa completa. 5. Ao contemplar Maria, na glria celeste, compreendemos que tambm para ns esta Terra no a ptria definitiva e que, se vivermos voltados para os bens eternos, um dia partilharemos da sua mesma glria e tambm a Terra se tornar mais bela. Amparados por esta certeza da f e da esperana, prossigamos confiantes pela via do amor cristo. Continuemos, sob a guia de Maria, a nossa vida, como povo peregrino. E louvada seja na Terra, a Virgem Santa Maria, quer nas horas de tristeza, quer nas horas de alegria!

Homilia do Papa Bento XVI Assuno 2006 No Magnificat, o grande cntico de Nossa Senhora que acabmos de ouvir no Evangelho encontramos uma palavra surpreendente. Maria diz: De hoje em diante todas as geraes me chamaro bem-aventurada". A Me do Senhor profetiza os louvores marianos da Igreja para todo o futuro, a devoo mariana do Povo de Deus at ao fim dos tempos. Louvando Maria, a Igreja no inventou algo "ao lado" da Escritura: respondeu a esta profecia feita por Maria naquela hora de graa. E estas palavras de Maria no eram somente pessoais, talvez arbitrrias. Como afirma So Lucas, Isabel tinha clamado repleta do Esprito Santo: "Bendita aquela que acreditou". E Maria, tambm cheia do Esprito Santo, continua e completa aquilo que Isabel disse, afirmando: "Todas as geraes me chamaro bem- aventurada". uma verdadeira profecia, inspirada pelo Esprito Santo, e a Igreja venerando Maria responde a uma ordem do Esprito Santo, faz aquilo que deve fazer. Ns no louvamos a Deus suficientemente calando-nos acerca dos seus santos, sobretudo sobre "a Santa", que se tornou a sua morada na terra, Maria. A luz simples e multiforme de Deus manifesta-se-nos precisamente na sua variedade e riqueza somente no rosto dos santos, que constituem o verdadeiro espelho da sua luz. Exactamente quando contemplamos o rosto de Maria, podemos ver mais do que de outras maneiras a beleza de Deus, a sua bondade e a sua misericrdia. Podemos realmente sentir a luz divina neste rosto. "Todas as geraes me chamaro bem-aventurada". Ns podemos louvar Maria, venerar Maria, porque "bem-aventurada", bendita para sempre. Este o contexto da presente Solenidade. bem-aventurada porque est unida a Deus, vive com Deus e em Deus. O Senhor, na viglia da sua Paixo, ao despedir-se dos seus, disse: "Eu vou preparar-vos, na casa do Pai, uma morada. E H muitas moradas na casa do meu Pai". Quando Maria dizia: "Eu sou a tua serva, faa-se em mim segundo a tua vontade" preparava aqui na terra a morada para Deus; de corpo e alma, tornou-se morada e assim abriu a terra ao cu. So Lucas, no Evangelho que h pouco ouvimos, com vrias indicaes faz compreender que Maria a verdadeira Arca da Aliana, que o mistrio do Templo a morada de Deus aqui na terra foi completado em Maria. Em Maria realmente habita Deus, tornando-se presente aqui na terra. Maria torna-se a sua tenda. O que desejam todas as culturas isto , que Deus habite no meio de ns realiza-se

aqui. Santo Agostinho diz: "Antes de conceber o Senhor no corpo, j O tinha concebido na alma". Reservou ao Senhor o espao da sua alma e assim tornou-se realmente o autntico Templo onde Deus encarnou, tornando-se presente nesta terra. Deste modo, como morada de Deus na terra, nela j est preparada a sua morada eterna, j est preparada esta morada para sempre. E nisto que consiste todo o contedo do dogma da Assuno de Maria glria do cu de corpo e alma, aqui expresso tambm com estas palavras. Maria "bem- aventurada" porque se tornou totalmente, de corpo e alma e para sempre a morada do Senhor. Se isto verdade, Maria no nos convida apenas admirao, venerao, mas tambm nos orienta, nos indica o caminho da vida e nos mostra como podemos tornar-nos bem-aventurados, como podemos encontrar a vereda da felicidade. Agora ouamos uma vez mais a palavra de Isabel, completada no Magnificat de Maria: "Bendita aquela que acreditou". O primeiro e fundamental acto para se tornar morada de Deus e para assim encontrar a felicidade definitiva crer, a f, a f em Deus, naquele Deus que se manifestou em Jesus Cristo e que se faz sentir na palavra divina da Sagrada Escritura. Crer no significa acrescentar uma opinio s outras. E a convico, a f que Deus existe no uma informao como as outras. Sobre muitas informaes, pouco nos importa se so verdadeiras ou falsas, pois no mudam a nossa vida. Mas se Deus no existe, a vida vazia, o futuro vazio. E se Deus existe, tudo se transforma, a vida luz, o nosso futuro luz e temos a orientao para a nossa vida. Por isso, acreditar constitui a orientao fundamental da nossa vida. Crer, dizer: "Sim, acredito que Vs sois Deus, creio que no Filho encarnado Vs estais presente no meio de ns", orienta a minha vida, impelindo-me a apegar-me a Deus, a unir-me a Deus e assim a encontrar o lugar onde viver e o modo como viver. E crer no apenas um tipo de pensamento, uma ideia; , como j dissemos, um agir, um estilo de vida. Acreditar significa seguir as indicaes que nos foram deixadas pela Palavra de Deus. Maria, para alm deste acto fundamental da f, que um acto existencial, uma tomada de posio para a vida inteira, acrescenta mais uma palavra: "A sua misericrdia estende-se sobre aqueles que o temem". Fala, com toda a Escritura, do "temor de Deus". Esta , talvez, uma palavra que conhecemos pouco ou da qual no gostamos muito. Todavia, "temor de Deus" no quer dizer angstia, algo totalmente diferente. Como filhos, no sentimos angstia em relao ao Pai, mas temos temor de Deus, a preocupao de no destruir o amor sobre o qual est depositada a nossa vida. Temor de Deus aquele sentido de responsabilidade que ns devemos ter, responsabilidade pela poro do mundo que nos for confiada na nossa vida. Responsabilidade pela boa administrao desta parte do mundo e da histria que

ns somos, e assim contribuir para a justa edificao do mundo, contribuir para a vitria do bem e da paz. "Todas as geraes te chamaro bem-aventurada": isto quer dizer que o futuro, o porvir pertence a Deus, est nas mos de Deus, que Ele vence. E quem vence no o drago, to forte, de que fala a primeira leitura de hoje, o drago que a representao de todos os poderes da violncia do mundo. Parecem invencveis, mas Maria diz-nos que no o so. A Mulher o que nos indicam a primeira leitura e o Evangelho mais vigorosa porque Deus mais forte. Sem dvida, diante do drago, assim armado, esta Mulher que Maria, que a Igreja, parece indefesa, vulnervel. E realmente Deus vulnervel no mundo, porque o Amor, e o amor vulnervel. Contudo, Ele tem o futuro nas suas mos, o amor que vence e no o dio; no final a paz que vence. Esta a grande consolao contida no dogma da Assuno de Maria de corpo e alma glria do cu. Demos graas ao Senhor por esta consolao, mas vejamos tambm esta consolao como um compromisso para ns, em vista de nos colocarmos do lado do bem, da paz. E oremos a Maria, Rainha da Paz, para que nos ajude em ordem vitria da paz hoje: "Rainha da Paz, roga por ns". Amm!

HOMILIA NA ASSUNO DA VIRGEM SANTA MARIA 2006 1. A festa da Assuno um dia de alegria. Deus venceu. O amor venceu. Venceu a vida. Mostrou-se que o amor mais forte do que a morte. Que Deus tem a verdadeira fora e a sua fora bondade e amor. Maria foi elevada ao cu em corpo e alma: quer dizer, tambm para o corpo existe um lugar em Deus. Para ns, o cu deixa de ser uma esfera distante e desconhecida, porque no cu, temos uma Me. O cu est aberto, o cu tem um corao! 2. No Evangelho, ouvamos, mais uma vez, o Magnificat, esta grande poesia pronunciada pelos lbios e pelo corao de Maria, inspirada pelo Esprito Santo. Podemos dizer que este cntico um verdadeiro retrato de Maria. Gostaria de realar apenas e s um pormenor. 3. Este cntico de louvor inicia-se com a palavra "Magnificat": a minha alma glorifica o Senhor, ou seja, a minha alma "engrandece, proclama e reconhece como grande o Senhor. Maria deseja que Deus seja grande no mundo, seja grande na sua vida, esteja presente entre todos ns. No teme que Deus possa ser um "concorrente" na sua vida, que lhe possa tirar algo da sua liberdade, do seu espao vital, com a sua grandeza. Ela sabe que, se Deus grande, tambm ela grande. A sua vida no se sente oprimida, mas elevada e alargada: justamente se torna grande no esplendor de Deus. 4. A maior tentao da poca moderna, foi pensar e acreditar que, afastando Deus e seguindo somente as nossas ideias, a nossa vontade, nos tornaramos realmente livres. Mas, onde desaparece Deus, o homem no se torna grande; ao contrrio, torna-se apenas o produto de uma evoluo cega e, como tal, pode ser usado e abusado perde a dignidade divina, perde o esplendor de Deus no seu rosto. Somente, se Deus grande, o homem tambm grande. 5. Apliquemos isto nossa vida. Com Maria devemos comear a entender que assim. importante que Deus esteja presente, na nossa vida diria, pblica e privada; porque somente se Deus est presente, temos uma orientao, uma estrada comum. Tornemos ento grande Deus na nossa vida. Neste tempo de frias, tornar Deus grande, comear por coisas muito simples: dmos, por exemplo, mais espao a Deus, todos os dias, na nossa vida, acordando e comeando o dia, com uma orao de entrega e de confiana ao Senhor. Mantenhamos, ao longo do dia, um esprito de aco de graas e de louvor, pelos dons imensos da vida, da criao e da salvao, que esto ao nosso dispor. No passeio, na praia, no campo e na montanha, no percamos de vista Criador de

todas as coisas, a quem devido o nosso louvor. No nosso programa de frias, ou na nossa semana de trabalho, dmos ao Senhor, sem reservas, o dia que lhe pertence, fazendo da Eucaristia o corao do domingo! Tenhamos, pois, esta certeza: No perdemos o nosso tempo livre, se o oferecermos a Deus. Se Deus entra no nosso tempo, todo o tempo se torna maior, mais amplo e mais rico. Neste dia de festa, dmos graas ao Senhor, pelo dom da Me e rezemos a Maria, para que Ela nos ajude a encontrar todos os dias, na Terra, o caminho justo, para chegar ao Cu!

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Homilia de Casamento em dia de Assuno ou Festa ou Solenidade Mariana Textos: Ef.5; Jo.2,1-11 Jesus tambm foi a um casamento. Com este gesto, significou sua apreciao e manifestou a sua comunho com um acontecimento fundamental da vida humana. Est na vida dos esposos; participa das suas dores e alegrias. o segredo do seu prprio amor. Levou com Ele a Me e os amigos. Maria e a Igreja. Com isso, estava a dizer da importncia do acontecimento. O casamento no se esgota na vida de duas pessoas mas toca a vida da comunidade, da comunidade crist. A comunidade crist celebra com eles e eles com a comunidade o Dom do amor. Faltou o vinho. Faltava a alegria. Faltava algo de essencial celebrao do casamento. E a Me que se d conta. Com o sentido feminino do pormenor e com o sentido materno da solicitude, tudo conduz para que o Filho possa agir. Ela sabe que os noivos e a festa e a alegria e o casamento... tudo depende de Deus. E preciso que os homens o reconheam. Jesus realiza no casamento o primeiro sinal. O primeiro milagre. O sinal que manifestava a glria, a vida, a alegria. Os discpulos viram a sua glria, viram o divino, viram quanto a glria de Deus o homem vivo, viram Deus ali: em Cristo. Jesus ali, nas bodas de Can, o verdadeiro Esposo. ele que d significado e se torna modelo para os noivos do amor que neles existe. Com a sua presena e o sinal por Ele realizado, Jesus revela aos noivos o amor esponsal de Deus. E os noivos vo compreendendo quanto Deus tem parte nessa histria de amor. E quanto o seu amor deve ser modelado pelo amor de Deus. O casamento um grande sinal, um grande mistrio, um grande sacramento. Isto , uma realidade humana e divina. algo de Deus na vida das pessoas. a manifestao do amor invisvel na visibilidade do amor humano. a manifestao do amor divino, no amor humano. No casamento, h uma relao entre duas pessoas que toca a relao de Cristo com a Igreja. Como se, no amor que os entrelaa, fosse o prprio Cristo a amar-nos, a amar a sua Igreja. Eis porque esta relao esponsal no se esgota num

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sentimento a dois, mas se concretiza numa comunho de vida e amor, que sinal e obra de Deus vivo para ns. 7. O vosso casamento celebrado hoje. Convidastes Cristo e os discpulos. O Senhor e a sua Igreja. E contais obviamente com a proteco maternal de Maria, que tudo conduzir para que sejais testemunhas visveis do amor de Deus. O Senhor est aqui com a sua graa, o seu amor, o seu exemplo. E com sua Me. Que ela inspire os vossos coraes. Ouvi a sua voz: fazei tudo o que Ele vos disser. E o que Ele vos diz que vos ameis um ao outro, como o prprio Pai vos ama!

HOMILIA NA ASSUNO DA VIRGEM SANTA MARIA Papa BENTO XVI (2005) 1. O cu tem um corao A festa da Assuno um dia de alegria. Deus venceu. O amor venceu. Venceu a vida. Mostrou-se que o amor mais forte do que a morte. Que Deus tem a verdadeira fora e a sua fora bondade e amor. Maria foi elevada ao cu em corpo e alma: tambm para o corpo existe um lugar em Deus. Para ns, o cu j no uma esfera distante e desconhecida. No cu temos uma Me. Ora, a Me de Deus, a Me do Filho de Deus, a nossa Me. Ele mesmo no-lo disse. Ele constituiu-a nossa Me, quando disse ao discpulo e a todos ns: "Eis a tua Me!" No cu temos uma Me. O cu est aberto, o cu tem um corao. 2. O Magnificat revela a alma de Maria No Evangelho ouvimos o Magnificat, esta grande poesia pronunciada pelos lbios, alis, pelo corao de Maria, inspirada pelo Esprito Santo. Neste cntico maravilhoso reflecte-se toda a alma, toda a personalidade de Maria. Podemos dizer que este seu cntico um retrato, um verdadeiro cone de Maria, no qual podemos v-la precisamente como . Gostaria de realar somente dois pontos deste grande cntico. 2.1. Se Deus grande, o homem torna-se grande! Ele inicia com a palavra "Magnificat": a minha alma "engrandece" o Senhor, ou seja, a minha alma "proclama grande" ou glorifica o Senhor. Maria deseja que Deus seja grande no mundo, seja grande na sua vida, esteja presente entre todos ns. No teme que Deus possa ser um "concorrente" na nossa vida, que nos possa tirar algo da nossa liberdade, do nosso espao vital com a sua grandeza. Ela sabe que, se Deus grande, tambm ns somos grandes. A nossa vida no oprimida, mas elevada e alargada: justamente ento torna-se grande no esplendor de Deus. O facto de que os nossos antepassados pensassem o contrrio foi o ncleo do pecado original. Temiam que se Deus tivesse sido grande demais teria tirado algo da sua vida. Pensavam que deveriam pr Deus de lado a fim de ter espao para eles mesmos. Esta foi tambm a maior tentao da poca moderna, dos ltimos trs ou quatro sculos. Sempre mais se pensou e tambm se disse: "Mas este Deus no nos deixa a nossa liberdade, torna estreito o espao da nossa vida com todos os seus mandamentos. Portanto, Deus deve desaparecer; queremos ser

autnomos, independentes. Sem este Deus ns mesmos seremos deuses, fazendo o que queremos ns". Este tambm era o pensamento do filho prdigo, o qual no entendeu que, precisamente pelo facto de estar na casa do pai, era "livre". Foi-se embora para cidades longnquas e consumiu o patrimnio da sua vida. No final compreendeu que, justamente por se ter distanciado do pai, em vez de ser livre, tornou-se escravo; entendeu que somente retornando casa do pai teria podido ser livre verdadeiramente, em toda a beleza da vida. Assim tambm na poca moderna. Antes pensava-se e acreditava-se que, afastando Deus e sendo autnomos, seguindo somente as nossas ideias, a nossa vontade, nos tornaramos realmente livres, podendo fazer quanto quisssemos sem que ningum pudesse dar-nos alguma ordem. Mas, onde desaparece Deus, o homem no se torna grande; ao contrrio, perde a dignidade divina, perde o esplendor de Deus no seu rosto. No fim resulta somente o produto de uma evoluo cega e, como tal, pode ser usado e abusado. Foi precisamente quanto a experincia desta nossa poca confirmou. Somente se Deus grande, o homem tambm grande. Com Maria devemos comear a entender que assim. No devemos distanciar-nos de Deus, mas tornar Deus presente; fazer com que Ele seja grande na nossa vida; assim tambm ns nos tornamos divinos; todo o esplendor da dignidade divina ento nosso. Apliquemos isto nossa vida. importante que Deus seja grande entre ns, na vida pblica e na vida privada. Na vida pblica importante que Deus esteja presente, por exemplo, atravs da Cruz nos edifcios pblicos, que Deus esteja presente na nossa vida comum, porque somente se Deus est presente temos uma orientao, uma estrada comum; se no os contrastes tornam-se inconciliveis, deixando de existir o reconhecimento da dignidade comum. Tornemos grande Deus na vida pblica e na vida privada. Isto quer dizer, dar espao todos os dias a Deus na nossa vida, comeando de manh com a orao, e depois dando tempo a Deus, dando o domingo a Deus. No perdemos o nosso tempo livre se o oferecermos a Deus. Se Deus entra no nosso tempo, todo o tempo se torna maior, mais amplo, mais rico. 2.2. Quem fala com Deus, fala bem Segunda observao. Esta poesia de Maria o Magnificat toda original; contudo, ao mesmo tempo, um "tecido" feito totalmente com "fios" do Antigo Testamento, feito de palavra de Deus.

Dessa maneira, vemos que Maria era, por assim dizer, "em casa" na palavra de Deus, vivia da palavra de Deus, estava imbuda da palavra de Deus. Na medida em que falava com as palavras de Deus, pensava com as palavras de Deus, os seus pensamentos eram os pensamentos de Deus, as suas palavras as palavras de Deus. Era invadida pela luz divina e por isso era to esplndida, to bondosa, to radiante de amor e de bondade. Maria vive da palavra de Deus, inundada pela palavra de Deus. E este estar imersa na palavra de Deus, este ser totalmente familiar com a palavra de Deus, d-lhe tambm a luz interior da sabedoria. Quem pensa com Deus, pensa bem, e quem fala com Deus fala bem. Tem critrios de juzo vlidos para todas as coisas do mundo. Torna-se sbio, prudente e, ao mesmo tempo, bom: torna-se tambm forte e corajoso, com a fora de Deus que resiste ao mal e promove o bem no mundo. E, assim, Maria fala connosco, fala-nos a ns, convida-nos a conhecer a palavra de Deus, a amar a palavra de Deus, a viver com a palavra de Deus, a pensar com a palavra de Deus. 2.2.1. E podemos faz-lo de diversssimos modos: lendo a Sagrada Escritura, sobretudo participando na Liturgia, na qual no decurso do ano a Santa Igreja nos abre diante todo o livro da Sagrada Escritura. Abre-o para a nossa vida e torna-o presente na nossa vida. 2.2.2. Penso ainda no "Compndio do Catecismo da Igreja Catlica", que recentemente publicmos, no qual a palavra de Deus aplicada nossa vida, interpreta a realidade da nossa vida, ajuda-nos a entrar no grande "templo" da palavra de Deus, a aprender a am-la e a estar como Maria, imbudos desta palavra. Desse modo a vida torna-se luminosa e temos o critrio como base para julgar, recebemos bondade e fora no mesmo momento. 3. Maria em Deus est pertssimo de ns! Maria elevada em corpo e alma glria do cu e com Deus e em Deus rainha do cu e da terra. Porventura, est to distante de ns? verdadeiro o contrrio. Precisamente porque est com Deus e em Deus, est pertssimo de cada um de ns. Quando estava na terra podia somente estar perto de algumas pessoas. Estando em Deus, que est prximo de ns, que est no "interior" de todos ns, Maria participa nesta aproximao de Deus. Estando em Deus e com Deus, est perto de cada um de ns, conhece o nosso corao, pode ouvir as nossas oraes, pode ajudar-nos com a sua bondade materna e -nos dada como disse o Senhor como "me", qual podemos dirigir-nos em todos os momentos.

Ela escuta-nos sempre, est sempre perto, e sendo Me do Filho, participa no poder do Filho, na sua bondade. Podemos confiar sempre toda a nossa vida a esta Me, que no est longe de ns. Neste dia de festa, dmos graas ao Senhor pelo dom da Me e rezemos a Maria, a fim de que nos ajude a encontrar o caminho justo todos os dias. Amm.

HOMILIA NA SOLENIDADE DA ASSUNO DE NOSSA SENHORA 2005 Eis-nos a celebrar o dia da Pscoa de Maria, em pleno Ano da Eucaristia! Se quisermos redescobrir em toda a sua riqueza a relao ntima entre a Igreja e a Eucaristia, no podemos esquecer Maria, Me e modelo da Igreja (Ecc. Euc. 53), dizia-nos o Grande Papa Joo Paulo II. E a Palavra de Deus ajuda-nos hoje a meditar alguns aspectos dessa relao. 1. Maria, primeiro sacrrio da Histria Contemplemos, a partir do evangelho, o mistrio da Visitao! Maria, que estava para ser Me, dirigiu-se apressadamente para a montanha ao encontro de sua prima Isabel. Ela leva no seu ventre o Verbo encarnado, o seu Filho e Filho de Deus, o seu Jesus escondido. De certo modo Maria serve de sacrrio o primeiro sacrrio da histria , para o Filho de Deus! Maria revela-se, neste passo, como verdadeira arca da aliana que guarda, no seu seio o Filho de Deus e que, ao abrir-se, no-lO oferece nossa contemplao. Alias, ainda invisvel aos olhos dos homens, Jesus escondido, presta-Se j adorao de Isabel, como que irradiando a sua luz, atravs dos olhos e da voz de Maria (cf. Ecc. Euc.55)! A presena escondida de Jesus, no seio de Maria e adorao de Isabel reportam- nos para o mistrio da Eucaristia! Tambm a, Jesus, ainda que escondido aos olhos da Carne, nos move caridade para com o prximo e nos comove para a adorao, de Jesus, fonte da nossa alegria! 2. O esprito de louvor de Maria, verdadeira atitude eucarstica (cf. Ecc. Euc.58) Na sequncia da Visitao, ouvimos depois o Magnificat, o mais belo cntico de aco de graas, entoado por Maria. Ora precisamente com este mesmo esprito de louvor e de aco de graas que todos ns, na Eucaristia, nos unimos plenamente a Cristo e ao seu sacrifcio. De facto, como o cntico de Maria, tambm a Eucaristia primariamente louvor e aco de graas. Quando Maria exclama: a minha alma glorifica ao Senhor e o meu esprito exulta de alegria em Deus meu Salvador, Maria traz no seu ventre Jesus. Louva o Pai por Jesus, mas louva-O tambm em Jesus e com Jesus. nisto precisamente que consiste a verdadeira atitude eucarstica (cf. Ecc. Euc.58): louvor e aco de graas ao Pai, por tudo quando Ele nos fez, por meio de seu Filho, pela graa do Esprito Santo! 3. A Eucaristia, realizao antecipada da profecia do Magnificat

Atendamos, para alm do esprito de louvor, a algumas das, palavras de Maria. Ela glorifica o Todo Poderoso, precisamente porque derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Eis-nos diante de mais um interessante aspecto da relao entre Maria a Eucaristia. Este mistrio de humildade e de pobreza particularmente denso e expressivo na Eucaristia. Cada vez que o Filho de Deus Se torna presente, entre ns, na pobreza dos sinais do po e do vinho, lanado no mundo, o grmen daquela histria nova, que ver os poderosos derrubados dos seus tronos e exaltados os humildes (cf. Lc 1, 52). 4. A Eucaristia, um pedao de cu, na companhia de Maria Mas diramos mais: no Magnificat, Maria canta aquele novo cu e aquela nova terra, que nos so dados, por antecipao, na Eucaristia. Ao celebrarmos o sacrifcio de Cristo, unimo-nos quela liturgia celeste, associamo-nos quela multido imensa, de que nos falava o Apocalipse e que grita: Agora chegou a salvao, o poder e a realeza do nosso Deus. A Eucaristia verdadeiramente um pedao de cu que se abre sobre a terra; um raio de glria da Jerusalm celeste, que atravessa as nuvens da nossa histria e vem iluminar o nosso caminho (Ecc. Euc.19). Assim, a Eucaristia, pondo-nos em comunho com a multido dos Anjos e dos Santos, pe-nos tambm na companhia maravilhosa de Maria, elevada aos cus! Queremos a companhia de Maria? Procuremo-la na Eucaristia. Quem procura a Eucaristia, encontra e recebe Maria! Pois se a Eucaristia a memria viva da Paixo e da Ressurreio do Senhor, nela recebemos como fruto, do sacrifcio da Cruz, Maria, que ali nos dada como Me! No por acaso, ns celebramos sempre a Eucaristia, na esperana da vida eterna, em comunho com a bem- aventurada Virgem Maria. 5. Maria e a Eucaristia, caminhos convergentes Em concluso, a Eucaristia e Maria, no so vias paralelas ou concorrentes, da nossa liturgia ou da nossa devoo pessoal. So dois caminhos convergentes, para aprendermos, como Maria, no seu Magnificat (cf. Ecc. Euc. 58), a louvar o Pai, com Jesus, por Jesus, em Jesus. Termino, realando esta ligao entre Maria e a Eucaristia, com uma prece antiga e popular, que me chegou, pela via da tradio oral e que reza assim: Salve, Rainha, Rosa divina, Cravo de Amor, Me do Senhor! Dai-nos juzo e entendimento para receber com alegria o Santssimo Sacramento!

Homilia na Assuno de Nossa Senhora 2004 1. Era esta primeiro, e nas terras do sol nascente, no Oriente antigo, a festa da dormio de Maria. A ternura da f dos primeiros crentes quis representar o fim da histria de Maria, numa espcie de encantamento da Filha do Rei, da Bela Adormecida. A Dormio, apontava para a ideia de que a Virgem, uma vez isenta de pecado, no teria experimentado, por consequncia, a morte como fim, mas como acabamento, sem o peso da derrota ou da infmia, to s como adormecimento, do qual se desperta e acorda para a Ressurreio. E, nesse sentido, por vontade de Deus, no teria tambm sofrido a corrupo do tmulo (Prefcio da Missa) tal a fora transfiguradora da Ressurreio, que assumira e tomara o seu corpo, para o tornar glorioso. Neste sentido, a Festa da Dormio era e continua a ser, para os orientais, a Festa da Morte de Maria, do seu adormecimento, pelo qual a Virgem Maria acordara vitoriosa para a vida plena. 2. Ao definir como Dogma, em 1950, a Assuno da Virgem Santa Maria, a Igreja Catlica, pela voz de Pio XII, acordou Maria, desse estado de dormio, para acentuar e celebrar a sua Pscoa gloriosa. Completado o (per)curso da sua vida terrena, Maria foi elevada em corpo e alma ao Cu (Pio XII). Mais do que poupada morte, Maria restituda vida. A Assuno no , seno a Pscoa de Maria, criatura que primeiro e por inteiro aparece associada vitria pascal do Senhor Jesus. Ela ressuscitou diramos com So Paulo - como primeira entre os que pertencem a Cristo, por ocasio da sua vinda (I Cor.15,23). E a sua Pscoa serve-nos, a todos, de sinal, de promessa e de garantia de que, como ela, em Cristo, todos seremos restitudos vida (I Cor.15,22). Ao afirmar esta comunho plena de Maria com a Pscoa de seu Filho, a Igreja projecta sobre cada um dos seus filhos, um claro de esperana, um sinal do futuro vitorioso em Cristo. Nesse sentido ela um sinal de consolao e de esperana para o Povo peregrino (Prefcio da Missa). 3. Este privilgio concedido a Maria, faz dela um grande sinal (Ap.12,1), um sinal de esperana e de alegria, para todo o Povo de Deus, que peregrina ainda pela terra, em luta com o pecado e a morte, no meio de perigos e dificuldades, qual Mulher que est para ser Me e atacada pelo Drago que lhe quer devorar o Filho (Ap.12,4). A vitria da Mulher, j alcanada em Maria, sinal de vitria prometida Igreja. Com efeito, a Me de Jesus, glorificada em corpo e alma, imagem e incio da Igreja, que h-de consumar-se no futuro (L.G. 68). Ela a aurora e a imagem da

Igreja triunfante (Prefcio da Missa), porquanto o seu triunfo, enquanto Me e filha da Igreja, ser o triunfo da Igreja toda, quando juntamente com a humanidade atingir a glria plena. Quer dizer, Maria est e vai nossa frente. Acompanha os nossos passos, mostrando-nos, na linha do nosso horizonte de esperana o fim glorioso da Igreja. Nela vemos j realizado o que todos somos chamados a ser. A ser, desde j, e a ser eternamente. 4. Por isso, toda a Igreja tem os olhos postos em Maria. Devido aos inmeros santurios marianos espalhados por todas as naes do continente, a devoo a Maria muito viva e generalizada entre os povos europeus (Ecc.Eur.124). Joo Paulo II visita hoje o de Lourdes, para assinalar os 150 anos do dogma da Imaculada Conceio. Deste modo, o Papa reitera o convite: Igreja na Europa: continua a contemplar Maria, reconhecendo que Ela est presente como Me e participa nos mltiplos e complexos problemas que hoje acompanham a vida dos indivduos, das famlias e das naes , e o auxlio do povo cristo, na luta incessante entre o bem e o mal, para que no caia ou, se caiu, para que ressurja ( Eccl. Eur. 124; cf. Red. Mater 52) 5. Irmos e irms, filhos de Maria: Aquela que gerou e deu Luz o autor da Vida (Ibidem), ajudar-nos- tambm a vencer o adormecimento do tempo presente e a acordar para a Vida, que sempre irrompe vitoriosa sobre todos os sinais da morte. Essa uma vitria que podemos, desde j celebrar e cantar, com as suas magnficas palavras: A minha alma glorifica o Senhor e o meu esprito se alegra em Deus meu Salvador () O Todo-Poderoso fez em mim, maravilhas; santo o seu Nome! (Lc.1,46-47.49).

Splica a Maria, Me da esperana Em vez da Orao dos Fiis ou no fim da Comunho A Maria, Me da esperana e da consolao, dirijamos confiadamente a nossa splica; entreguemos-Lhe o futuro da Igreja, sobretudo na Europa e o de todas as mulheres e homens deste continente: 1. Maria, Me da esperana, caminhai connosco! Ensinai-nos a anunciar o Deus vivo; ajudai-nos a dar testemunho de Jesus, o nico Salvador; tornai-nos serviais com o prximo, acolhedores com os necessitados, obreiros de justia, construtores apaixonados dum mundo mais justo; intercedei por ns que agimos na histria certos de que o desgnio do Pai se realizar. 2. Maria, Aurora dum mundo novo, mostrai-Vos Me da esperana e velai por ns! Velai pela Igreja na Europa: que ela seja transparncia do Evangelho; seja autntico espao de comunho; viva a sua misso de anunciar, celebrar e servir o Evangelho da esperana para a paz e a alegria de todos. 3. Maria, Rainha da paz, protegei a humanidade do terceiro milnio! Velai por todos os cristos: que eles prossigam cheios de confiana no caminho da unidade, como fermento para a concrdia do continente. Velai pelos jovens, esperana do futuro: que eles respondam generosamente ao chamamento de Jesus.

Velai pelos responsveis das naes: que eles se empenhem na construo duma casa comum, onde sejam respeitados a dignidade e o direito de cada um. 4. Maria, dai-nos Jesus! Fazei que O sigamos e amemos! Ele a esperana da Igreja, da Europa e da humanidade. Ele vive connosco, entre ns, na sua Igreja. Convosco dizemos: Vem, Senhor Jesus (Ap 22, 20)! Que a esperana da glria, por Ele infundida nos nossos coraes, produza frutos de justia e de paz! Joo Paulo II, Ecclesia in Europa, n. 125

Homilia na Assuno de Nossa Senhora 2003 1. Tambm Maria corre apressadamente para a montanha. No j nem ainda para fugir da perseguio, mas desta feita, para caminhar em direco a uma cidade de Jud. Maria peregrina, possuda por um dom e por uma alegria, que no lhe cabem nas mos, nem lhe poupam os ps. Ela carrega no seu ventre o fruto bendito do amor do Pai. Ela move-se numa exploso de amor, que lhe arde no peito como um fogo. Sua prima l-lhe tona dos olhos como que as impresses digitais do Verbo de Deus. Como se Jesus, ainda invisvel aos olhos dos Homens, irradiasse j a sua Luz, atravs dos olhos e da voz de Maria (cf. Ecc. Euch.n.55). Isabel esbarra depois num louvor que faz estremecer Joo Baptista de alegria. Porque Maria , por excelncia, a mulher de f a mover montanhas. 2. Maria responde ou corresponde com um magnfico hino de louvor: A minha alma glorifica o Senhor e o meu esprito se alegra em Deus meu Salvador. Porque ps os olhos na humildade da sua serva, de hoje em diante me chamaro bem- aventurada todas as geraes Neste hino de louvor est toda a Histria de Maria e nela a histria de todos os pobres e simples, de todos aqueles a quem Deus ama e salva, preferencialmente, num abrao de redeno. A histria de Maria no uma histria de sucessos. Mas sobretudo e j a manifestao do poder de Deus, que faz maravilhas em favor do seu povo, e que nos chamar a todos um dia participao na Pscoa de seu Filho, a comear por aqueles que o mundo rejeita ou no aprecia. Maria sentiu nela a carcia e o amor benfazejo de Deus. E o seu Filho, uma vez ressuscitado, atrai agora para o Pai Aquela que um dia lhe dera por Me. Livra-a do poder fatal da morte. Glorifica a sua existncia, com o dom da vida eterna; coroa a sua luta com a fora da sua vitria pascal, sobre o pecado e a morte. A Assuno de Nossa Senhora assim a festa da Pscoa de Maria. * Festa do Filho Jesus Ressuscitado, que dedica e aplica a sua vitria pascal, em primeiro lugar a sua Me. * Festa da Me, que se deixa alcanar pela vitria pascal do Filho e v coroada de glria a sua penosa peregrinao terrestre.

* Festa da Igreja que v ir sua frente e chegar glria do Cu, o seu membro mais ilustre, a mais bendita entre todas as mulheres, porque a mais simples e humilde serva do Senhor. Na sua vitria, alarga-se a esperana para toda a Igreja. 3. Situada esta Solenidade da Assuno, entre estes dois domingos, em que escutamos excertos do longo Discurso do Po da Vida, podemos, por fim, recordar como este Magnificat de Maria nos pode tambm inspirar na vivncia da Eucaristia. De facto, - diz o Sto. Padre - como o cntico de Maria, tambm a Eucaristia primariamente louvor e aco de graas. Quando Maria exclama: A minha alma glorifica ao Senhor e o meu esprito exulta de alegria em Deus meu Salvador , Maria traz no seu ventre Jesus. Louva o Pai por Jesus, mas louva-O tambm em Jesus e com Jesus. nisto precisamente que consiste a verdadeira atitude eucarstica. Recebemos o dom da Eucaristia, para que a nossa vida, semelhana da de Maria, seja toda ela um Magnificat! (cf. Ecc. Euch.58) Um culto de louvor e aco de graas, ao Senhor nosso Deus.

Homilia na Assuno de Nossa Senhora 2002 XXX Semana Nacional das Migraes I 1. Sinal de consolao e de esperana para o vosso povo peregrino! Assim reconhecida e proclamada a Virgem Santa Maria, no louvor eucarstico da Igreja, ao celebrarmos este dia solene da sua Assuno. A Igreja vive, dia a dia, a sua difcil peregrinao neste mundo, de olhos postos na Ptria definitiva, na esperana dos novos cus e da nova terra. E a Igreja caminha, entretanto, entre povos, no meio de lutas e de dores, mas na esperana firme da vitria de Deus, na certeza de um dia finalmente cantar vitria: Agora chegou a salvao, o poder e a realeza do nosso Deus e o domnio do seu Ungido... At ao dia desta vitria, e at quando Deus for tudo em todos, a Igreja no h-de nunca tirar os olhos do Cu, como horizonte eterno e esperana do seu prprio caminhar. 2. E nesta contemplao do Cu aberto sobre o mundo, que a Igreja encontra em Maria, um sinal grandioso! A Igreja v em Maria a Mulher que grita com dores e nsias da maternidade, vendo-se a si mesma, dando, num mundo hostil e adverso, sempre pronto a devorar-lhe o Filho Jesus Cristo, seu Senhor, que ela d . Mas a Igreja v em Maria, no apenas a imagem dessa luta tenaz e terrvel, como v tambm a promessa j cumprida da vitria final de Deus. Maria torna-se, ento, para a Igreja, a imagem do seu presente de luta e do seu futuro de vitria, como se em Maria, elevada ao Cu, se espelhasse o xito da sua prpria misso. Por isso, ela se torna, no peregrinar do Povo de Deus, um sinal de consolao e de esperana. o que havemos de ser! 3. Maria , alis, apresentada, pelos evangelhos, como mulher peregrina, e hoje precisamente vemo-la a caminho, dirigindo-se apressadamente para a montanha, em direco a uma cidade de Jud. uma espcie de migrao, ditada pela necessidade alheia da sua velha prima mas igualmente pelo desejo ntimo de Maria em partilhar a alegria do seu ventre, Jesus. Maria bem recebida por Isabel, no tanto pelo po, que podia trazer no saco, mas pelo dom da f que ela testemunha, de corao. Feliz aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor, exclama Isabel, sua prima. O dilogo entre as duas tem um motivo religioso. E coloca Deus no centro deste encontro. 4. Migrao e Dilogo inter-religioso o tema proposto para esta Semana dos Migrantes e Refugiados. E o Santo Padre lembra a urgncia e a necessidade deste dilogo, num mundo que se tornou uma pequena aldeia, de mais de 150 milhes de migrantes, onde preciso aprender a viver e a conviver na diferena, sem cair

na indiferena. Este dilogo, deve levar cada um de ns, no a esconder, mas a exaltar o dom da f! Como poderamos ficar com esta riqueza s para ns? Se Deus nos colocou entre pessoas de diferentes religies, e nosso dever dar-lhes o Po, porque lhe haveramos de negar o maior tesouro que possumos? Com o po material, indispensvel no descuidar a oferta do dom da f, pelo testemunho de vida e no respeito por todos! (Mensagem, n.4). Tambm aqui Maria nos ensina. Ela mexe os braos para garantir o po nosso de cada dia. Mas o que a faz andar das pernas a partilha da sua f e da sua alegria. esta a estrada do dilogo e do abrao para este Povo peregrino!

Homilia na Assuno da Virgem Santa Maria 2001 1. Maria a correr! E a correr apressadamente, em direco a uma cidade de Jud! No a primeira nem a ltima vez que Maria sai de casa e se move em terra estranha. Vir ainda a fuga para o Egipto, terra de refgio e de regresso, deserto para onde foge com medo de lhe devorarem o Filho. As subidas a Jerusalm, o seguimento no rasto das pisadas de seu Filho, o caminho do Calvrio, e possivelmente o fim dos seus dias em feso, do-nos a imagem de uma Virgem peregrina, de lado para lado, de terra em terra. De facto, o evangelho no esconde a constante mobilidade da Virgem Santa Maria. 2. So as suas andanas frequentes, mas so sobretudo sinais de uma longa caminhada, de uma peregrinao constante na vida de Maria. Trata-se de uma peregrinao mediante a f, em que, Maria, sem ver nada, fiada na Promessa, acompanha e segue os passos de seu Filho. Segue-O mesmo quando nada de novo se faz sentir. Acompanha-O mesmo quando todos se cansam de O seguir. Tambm a visita prima Isabel manifesta sobretudo o desejo de partilhar o segredo do mistrio que a possua. E mesmo que as necessidades da velha prima a movessem na corrida, era sobretudo o anncio de Cristo, seu Filho, que a fazia deitar os ps ao caminho. Maria sabia que o anncio de Jesus o primeiro acto de caridade para com a pessoa, para l de qualquer gesto, mesmo de generosa solidariedade (Mensagem do Papa para o 87 Dia Mundial dos Migrantes, 2001, n.7). 3. Podemos olhar para a Me do Senhor e contemplar nEla a imagem da Virgem Peregrina. E, nessa luz, prestar especial ateno ao fenmeno da mobilidade humana. Em visita turstica ou em estudo, de passagem ou em trabalho, refugiados ou exilados, emigrantes ou imigrados, cada vez mais o mundo uma aldeia global. E at ns, que nos habitumos, desde h sculos, a partir, defrontamo-nos com os que nos procuram, vindos sobretudo de frica e mais ainda dos chamados Pases de Leste. Tudo isto nos oferece boas oportunidades e, simultaneamente, perigosos riscos. bom que, cada vez mais, com esta mobilidade humana, aprendamos o sentido do provisrio, na certeza de que somos sempre estrangeiros e peregrinos na Terra (Heb.11, 13). Mas, por outro lado, com tanta mudana e sem lugar fixo, corremos o risco de andar sempre atrs da novidade, insatisfeitos, sem estabilidade interior. O contacto com outras e novas gentes, de costumes e religies diversas, l como c, torna o nosso esprito mais curioso, prepara-nos para o dilogo, e at podia levar-nos a aprofundar as nossas convices e a compreender as razes da nossa f. Mas to

facilmente podemos cair naquela de que tudo relativo e vale o mesmo. Assim o que podia constituir uma possibilidade de abertura, de encontro, de agregao, conduzir-nos- muitas vezes ao desenraizamento, a uma acentuada solido e disperso no anonimato. 4. Ao celebrarmos hoje a Assuno de Maria, contemplamos o seu caminho e divisamos a Ptria que ela j alcanou. Contemplando-A temos a certeza de que, entre atalhos e caminhos, o Senhor nos conduz a Ele. Sabemos, por Ela, que chegaremos a bom porto... e que Ela sempre nos guiar no caminho da Ptria definitiva. Por isso, est nossa frente como sinal de consolao e de esperana para este povo peregrino (Prefcio da Missa da Assuno). Que Ela nos ajude a encurtar distncias e a oferecer Cristo a todos quantos encontrarmos nos caminhos da Vida.

Homilia na Solenidade da Assuno da Virgem Santa Maria 2000 1. Uma Me em apuros! Maria, a Virgem surpreendida pela gravidez, ainda assim no se demora na queixa feminina dos seus problemas, ou no sonho estril das suas solues. Apressa-se a ir ao encontro da prima Isabel, mulher como ela, capaz de a acolher naquela primeira hora de espanto e preocupao. As duas, tomadas de maravilhamento, mas nem por isso de aflio, entendem-se num simples abrao de caridade. Fogem da conversa fiada e falam, desde o seu ntimo, a mesma linguagem, que a do amor e, por fim, a do louvor! E deixam que no meio esteja a virtude do Esprito Santo, pelo qual o Filho de Deus se fez Homem no seio da Virgem Maria. Ele est entre as mulheres! E no meio de ns! 2. Neste esprito, tambm Isabel, esquecida das complicaes da sua provecta idade, exalta Maria pelo fruto bendito do seu ventre: Jesus. As suas palavras profticas so primeiramente uma bno, um louvor. Entre todas as mulheres, Maria a, seus olhos, especialmente querida por Deus, que fez dela a Me do Bendito por excelncia: o Messias. Por seu lado, Maria tirando os olhos de si, dos seus mritos e preocupaes, atira-os para o Todo-Poderoso. Ela canta ento o seu Magnificat, orientando todo o seu louvor para o seu Deus e Senhor. Glorifica-o porque, na sua misericrdia, chega at ns e vem ter connosco, a comear pelos mais humildes e pelos pobres. 3. Maria e Isabel no se perdem na lamria do apuro em que se deixaram envolver. Mas espantam-se maravilhadas pelos desgnios do Senhor! Assim, o episdio da Visitao convida a Igreja a participar com e como Maria e Isabel no louvor a Deus, pela forma humana com que ele desce at ns e inicia com os 1 humildes a renovao da Histria . De facto, o que uma e outra celebram e exaltam esta proximidade de Deus, que, por amor de ns, se fez Homem no seio da Virgem Maria! E isto - o mistrio da Encarnao parece-lhes, de longe, mais importante do que a ligeira aflio do momento presente! este mistrio de um Deus to humanamente prximo que elas louvam e comungam na mesma alegria! 4. Ao celebrar os dois mil anos da Encarnao do Filho de Deus, - diz o Santo Padre - a nossa alegria jubilar no seria completa se o olhar no se voltasse para Aquela que, com plena obedincia ao Pai, para ns gerou na carne o Filho de Deus. Chamada a ser a Me de Deus, Maria viveu plenamente a sua maternidade,

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Documento Ecumnico do Group de Dombes, Maria no projecto de Deus e na comunho dos santos, n.163., Grfica de Coimbra 1997, pg.96.

desde o dia da concepo virginal at achar o seu coroamento no Calvrio aos ps da cruz. L, por dom admirvel de Cristo, Ela tornou-Se tambm Me da Igreja, a 2 todos indicando a estrada que conduz ao Filho . Maria - carssimos irmos - continua a ser esta Me em apuros! Continua, desde aquela hora, ao nosso lado, como Aquela que est para ser Me, como Me da Igreja e figura (modelo) da Igreja-Me. Maria acompanha a Igreja, no seu processo constante de dar Luz o Filho de Deus. Ela sente connosco as agruras do nosso caminho, as dificuldades da peregrinao da Igreja sobre a Terra. Ela grita com dores e nsias de maternidade neste mundo sempre pronto a devorar-lhe o filho. De facto, ela intercede pela humanidade, para no fazer o jogo do "drago" que, com a "cauda, arrastou um tero das estrelas do cu e lanou-as sobre a terra" (Ap 12, 4). Mas, uma vez salva das garras do drago, liberta do poder da morte, Maria a certeza antecipada da nossa vitria. 5. Ela faz-nos crer que no meio dos apuros em que vivemos, no devemos desesperar. Estamos salvos, por um amor que tudo vence! E que desde que o Filho de Deus nasceu no ventre da Virgem Maria, afinal estamos todos a salvo no seio de Deus!

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Joo Paulo II, Inc.Myst.14.

Homilia na Assuno de Nossa Senhora 1999 Apareceu no Cu um sinal grandioso: Uma Mulher revestida de Sol, com a Lua debaixo dos ps. Diz o livro do Apocalipse. A Lua encobriu o Sol, para um beijo s escondidas. E foi grande acontecimento: o eclipse! Eclipse do sol e apocalipse no cu. Ou se quiserem, o escondimento envergonhado do astro-rei e a revelao gloriosa da Rainha do cu. De uma ou de outra forma, fomos e somos, de repente, convidados a erguer a cabea para cima e a abrir os olhos para o Alm. O fenmeno natural do eclipse teve a fora de pr a terra inteira a olhar para o Cu, alargando os nossos olhos para novos horizontes sem fim. Vimos a nossa pequenez, eclipsada pela altura do nosso sonho. E a festa sobrenatural de hoje, a Assuno ou a Pscoa de Maria, traz-nos a graa da imagem luminosa