homens com deficiÊncia: um olhar sobre … · a percepção deles sobre a sua sexualidade e os...
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HOMENS COM DEFICIÊNCIA: UM OLHAR SOBRE SEXUALIDADES,
MASCULINIDADES E DIREITOS SEXUAIS
Kalline Flávia S. Lira1
José Roniero Diodato2
RESUMO:
Ao pensar sobre o que é normal na sexualidade humana, a resposta certamente é ambígua e
complexa, porque o conceito de normalidade é social e historicamente construído. Ao cruzar a
questão da deficiência com a da sexualidade, percebemos que frequentemente a sociedade tem
a noção errônea de que a sexualidade das pessoas com deficiência é por natureza
problemática, ou até mesmo patológica, tendem a serem vistos de forma infantilizada, a serem
protegidos e cuidados. Neste estudo verificamos a percepção sobre os direitos sexuais dos
próprios homens com deficiência. A metodologia utilizada consistiu de entrevistas
semiestruturadas com cinco homens com diferentes deficiências, abordando temas relativos à
sexualidade, abrangendo informações, valores e comportamentos. Os resultados mostram que
eles consideram seu padrão sexual como normal e comum, mas sabem do preconceito da
sociedade, visto que a nossa cultura tende a reduzir a sexualidade à função reprodutiva e
genital, sem levar em conta a importância dos sentimentos e emoções, e que cada uma pode
viver sua sexualidade de acordo com o que as circunstâncias lhe permitem. Em relação aos
direitos sexuais eles apontam como principais dificuldades a acessibilidade aos serviços e
informações, além da falta de qualificação dos profissionais sobre a saúde sexual e
reprodutiva da pessoa com deficiência. Concluímos que é imprescindível questionar os
padrões da sexualidade e da deficiência, no intuito de buscarmos um exercício livre,
consciente e responsável da sexualidade, para além da mera reprodução de papéis sociais
ideologicamente estabelecidos como normais, e assim construir uma sociedade inclusiva e
efetivamente democrática.
Palavras-chave: Homens. Deficiência. Direitos sexuais.
1 INTRODUÇÃO
A sexualidade é inerente ao ser humano e se manifesta de diferentes formas.
Aprendemos, desde muito cedo, que a sexualidade é algo natural e inato ao ser humano. Esta
ideia está arraigada na perspectiva biológica (órgãos genitais) e nos valores sociais que
definem o que é masculino e o que feminino.
1 Psicóloga. Doutoranda em Psicologia Social (UERJ). Mestre em Direitos Humanos (UFPE). Pós-graduada em
Educação Especial (Universo). 2 Pedagogo. Intérprete de Libras do Núcleo de Acessibilidade (UFPE). Graduando em Letras-Libras.
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No entanto, a sexualidade humana não se resume à biologia. Ela é formada, também,
por aspectos sociais e culturais e estão conectados ao desejo, à história, à experiência
individual e aos marcadores culturais de cada sociedade. E por isso, ainda é cercada por
diversos tabus.
Um desses tabus refere-se à sexualidade das pessoas com deficiência. De forma
geral, há um modo preconceituoso de compreender a sexualidade das pessoas com deficiência
como sendo desviante dos padrões considerados normais. Este pensamento pode ser um
grande obstáculo para a plena realização da vida afetiva e sexual dos/as que são
estigmatizados/as pela deficiência.
A discussão sobre a sexualidade da pessoa com deficiência é complexa e não
podemos desvincular o fenômeno das questões de gênero. Nascimento (2004) pontua a
existência de padrões estereotipados de comportamentos em função do gênero masculino e
feminino. No caso do gênero masculino, estão presentes condutas como: independência
emocional e financeira, força física, rudeza, insensibilidade, agressividade e violência.
Para Nascimento (2004), a “masculinidade” está atrelada a outras dimensões sociais
como raça, etnia, poder econômico e nível educacional. Além dessas, somam-se preconceitos
e discriminações relativos à condição da deficiência, contrapondo-se aos padrões do corpo
perfeito, belo e saudável, viril e reprodutor.
Na nossa sociedade, o homem precisa provar cotidianamente sua condição,
reforçando sua “masculinidade”. Ao cruzar a questão da deficiência com a da sexualidade,
percebemos que frequentemente a sociedade tem a noção errônea de que a sexualidade das
pessoas com deficiência é por natureza problemática, ou até mesmo patológica. Em pleno
século XXI, acredita-se ainda que a pessoa com deficiência não tem sexualidade, tendem a
serem vistos de forma infantilizada, até mesmo protegidos e cuidados.
Neste estudo entrevistamos homens com diferentes deficiências e buscamos verificar
a percepção deles sobre a sua sexualidade e os seus direitos sexuais, com o intuito de
desmistificar alguns tabus sobre o tema. Este artigo se justifica pela escassez (ainda) de
pesquisas científicas que buscam compreender a interlocução das questões gênero-
sexualidade-deficiência, temáticas ainda cercadas de pré-conceitos e necessitando serem
problematizadas e resignificadas.
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2 DEFICIÊNCIA (S) E PADRÃO SOCIAL
Ao falarmos sobre deficiência, é preciso compreender que ser ou estar “deficiente”
quase sempre se refere a outras pessoas que são consideradas sem “deficiência”
(AMIRALIAN, 1986). Assim, a deficiência é um fenômeno socialmente construído, pois
depende do momento histórico e cultural. Em geral, a avaliação social que se tem da
deficiência é a de que ela marca um corpo não funcional e imperfeito, e que atribui ao sujeito
uma desvantagem social (AMARAL, 1995).
É possível enumerar algumas “fases” percorridas pelas pessoas com deficiência ao
longo dos séculos. A primeira fase foi a da execução. Nas sociedades primitivas não havia
pessoas com deficiência porque eram mortas ou abandonadas. A segunda fase foi a do
misticismo. Acreditava-se que as pessoas com deficiência eram possuídas por espíritos
malignos, sendo assim um objeto de temor religioso, ou ainda considerava-se a deficiência
como um castigo infligido pelos deuses. Acreditavam também que a pessoa era detentora de
poderes provenientes dos demônios, e suas impurezas e pecados expressavam-se pelas
“marcas” – os sinais corporais que cristalizavam a evidência de maus espíritos (AMARAL,
1994).
A terceira fase, na Idade Média, foi a do enclausuramento. A cegueira, por exemplo,
foi usada como castigo ou ato de vingança, assim como pena judicial, e era aplicada como
castigo para crimes nos quais havia participação dos olhos.
O fim do século XVIII e começo do XIX marcaram uma mudança e um avanço na
história das pessoas com deficiência. Na 4ª fase, a da exclusão, foi realizada através da
expulsão, afastamento e desaparecimento social. Teve início a institucionalização dos corpos
anormais em hospitais, prisões e até mesmo em escolas.
No início do século XX, a segregação havia-se expandido e consolidado como
modelo de atendimento à pessoa com deficiência, mas foi somente na segunda metade deste
mesmo século, que se passou a pensar na possibilidade de inserção na sociedade. Segundo
Santos (1995), o movimento de integração na Europa surgiu como decorrência histórica de
três fatores: das duas Guerras Mundiais (1914-1918 e 1939-1945), do fortalecimento do
movimento pelos direitos humanos e do avanço científico. Com isso deu-se o início da 5ª fase,
a da integração. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, datada em 1948, na época da
Segunda Guerra Mundial, não foi ao acaso. Era um momento em que as pessoas consideradas
como “não humanas” sofriam as mais variadas violências e privações. Era, portanto, o
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momento ideal de tentar, de forma mais ampla possível, garantir os direitos a todas as
pessoas.
Por causa dos mutilados de guerra, foi necessário criar programas sociais para
reintegrar essas pessoas à sociedade. Além disso, as organizações dos direitos humanos
passaram a se preocupar em garantir que essas pessoas, depois de reabilitadas, pudessem, de
fato, reintegrarem-se socialmente. A partir dos anos 1960, a demanda em relação à pessoa
com deficiência "se dará no sentido de integrá-los com base em seus direitos enquanto seres
humanos e indivíduos nascidos em dada sociedade" (SANTOS, 1995, p. 22).
O princípio filosófico/ideológico que norteou a definição e as práticas de integração
foi o da normalização, que visou oferecer às pessoas com deficiência condições de vida iguais
às da sociedade em geral. Conforme Santos (1995), a integração neste período baseava-se,
sobretudo, no modelo médico de deficiência, que tinha como finalidade a adaptação da pessoa
com deficiência às exigências ou necessidades da sociedade como um todo.
Ainda de acordo com Santos (1995, p. 24), "até os anos 80 a integração desenvolveu-
se dentro de um contexto histórico em que pesaram questões como igualdade e direito de
oportunidades". Durante a década de 1980, concretizou-se a integração da pessoa com
deficiência. Em 1981, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Ano e a Década da
Pessoa Deficiente, abrindo espaço nos meios de comunicação para uma maior conscientização
da sociedade. Acredita-se que o processo de integração, que buscava normalizar a pessoa com
deficiência e atribuir-lhe a responsabilidade de adequação ao meio social, não propõe,
conforme constata Mantoan (1998) nenhuma mudança na estrutura social, cabendo ao
indivíduo a responsabilidade de se "adequar" ao sistema. Entretanto, as práticas
integracionistas demonstraram que as pessoas com deficiência não precisavam e nem deviam
ser excluídas socialmente.
Apenas a partir da década de 1990, passou-se à 6ª fase, a era da inclusão, em que as
exigências não se referem apenas ao direito da pessoa com deficiência à integração social,
mas sim, ao dever da sociedade, como um todo, de se adaptar às diferenças individuais.
Segundo Sassaki (1998, p. 09), "a sociedade inclusiva começou a ser construída a partir de
algumas experiências de inserção social de pessoas com deficiência, ainda na década de
oitenta". Conforme o autor, a inclusão social é um processo que contribui para a construção
de um novo tipo de sociedade através de transformações, sejam elas pequenas ou grandes,
tanto nos ambientes físicos quanto na mentalidade das pessoas, e assim também na própria
pessoa com deficiência.
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A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU, ratificada
através do Decreto nº 6.949/2009, é o primeiro tratado internacional a vigorar com status
constitucional no Brasil, e preconiza a responsabilidade e o compromisso do governo e de
toda a sociedade na efetivação dos direitos das pessoas com deficiência.
A legislação mais atual no Brasil sobre as garantias da pessoa com deficiência é a Lei
Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI – Lei nº 13.146/2015). Após passar 15
anos tramitando no Senado, esta lei trouxe um grande avanço na definição da deficiência.
Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo
prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com
uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade
em igualdade de condições com as demais pessoas.
Anteriormente chamados de deficientes, portadores de deficiência ou de
necessidades especiais, a lei já registra a nomenclatura correta e mais aceita dentro do
segmento: PESSOA COM DEFICIÊNCIA, posto que, estamos, antes de qualquer coisa,
falando de pessoas. Com essa definição, a LBI muda a visão sobre o conceito de deficiência –
que deixa de ser atribuída à pessoa, e passa a ser vista como consequência da falta de
acessibilidade que toda a sociedade apresenta.
Nessa perspectiva, o problema não é, por exemplo, a pessoa ser cega – é não ter
sinalização em braile, piso tátil, sinal sonoro; o problema não é a pessoa ser surda – é não
garantir intérpretes de libras nos mais variados espaços, sejam públicos ou privados; o
problema não é a pessoa usar uma cadeira de rodas – é não ter rampas de acesso ou banheiros
adaptados.
Diante desse contexto histórico, a compreensão das deficiências mudou
completamente. Antes entendida por um modelo biomédico – que reconhece a doença ou
limitação como causa primeira da desigualdade social –, passou a ser compreendida através
de um modelo social, em que a deficiência é vista como uma manifestação da diversidade
humana e a opressão como resultado de sociedades não inclusivas.
A normalidade, entendida ora como uma expectativa biomédica de padrão de
funcionamento da espécie, ora como um preceito moral de produtividade e
adequação às normas sociais, foi desafiada pela compreensão de que deficiência não
é apenas um conceito biomédico, mas a opressão pelo corpo com variações de
funcionamento (DINIZ; BARBOSA; SANTOS, 2009, p. 65).
Assim, para o modelo social a causa da deficiência está na estrutura social. Para o
modelo médico, está no indivíduo. A ideia básica do modelo social, portanto, é que a
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deficiência não deve ser entendida como um problema individual, mas uma questão da vida
em sociedade.
3 SEXUALIDADE(S) VERSUS MASCULINIDADE(S)
A sexualidade humana se manifesta cultural e historicamente de maneiras distintas,
ou seja, cada sociedade considera determinados comportamentos adequados ou não, e decide
o que deve ser incentivado ou reprimido.
Inicialmente é importante frisar que o conceito de sexualidade não é sinônimo de
sexo. Para Chauí (1985) sexo limita-se à genitalidade; sexualidade é um conceito mais amplo
que envolve afetividade, prazer, erotismo, valores, concepções e atitudes sob a influência de
diferentes culturas, considerando os aspectos históricos.
A partir da metade final do século XIX passou-se a prestar mais atenção à
sexualidade devido às transformações políticas, culturais, sociais e econômicas atreladas às
revoluções industriais e burguesas, que também trouxeram uma nova divisão sexual do
trabalho e os ideais feministas. Com isso, foi constituído um conjunto de condições para que
os corpos, a sexualidade, a existência de homens e mulheres fossem significados de outro
modo: um corpo sexuado (LAQUEUR, 1990).
Nesta nova concepção da sexualidade prestou-se mais atenção aos corpos, às suas
estruturas e características materiais e físicas. Antes, a explicação para os relacionamentos
entre homens e mulheres era baseada na Bíblia e nos textos sagrados, em que o corpo não
tinha importância. Agora passava a ter um papel primordial, e o corpo passou a ser o que dá
origem, se tornou causa e justificativas das diferenças.
Para Foucault (1988), na sociedade em que vivemos, somos sujeitos de uma
sexualidade que tem poder de normalizar e controlar nossa relação com o corpo. A sociedade
cria um conjunto de regras, normas, leis e atitudes sobre sexualidade, além de punir os
indivíduos que não seguem essas regras, que podem estar associadas a questões religiosas,
morais, jurídicas e/ou científicas.
Ainda segundo Foucault (1988), o que denominamos sexualidade é um produto
histórico de um discurso sobre a sexualidade que se engendrou de muitas formas, uma
invenção tardia do século XIX. Assim, a sexualidade é uma construção história e cultural, que
correlaciona comportamentos, linguagens, representações, crenças, identidades, posturas, e
inscreve esses constructos no corpo por meio de estratégias de poder/saber sobre os sexos.
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Na história da sexualidade ocidental, o prazer tem sido caracterizado como pecado,
doença e até mesmo como perversão. Com a inserção da medicina nas questões relacionadas à
sexualidade, começou a ocorrer uma padronização da sexualidade e redução desta a um ciclo
de resposta sexual normal (SHAKESPEARE, 1998) e também a um imperativo do orgasmo.
Com isso, pessoas com deficiência que não conseguem completar o ciclo de resposta sexual
são caracterizadas como portadoras de um distúrbio.
De acordo com Strickler (2001) há um “cobertor virtual de silêncio” ao se negar a
sexualidade da pessoa com deficiência, pois para algumas pessoas da sociedade e familiares a
sexualidade está presente, mas é melhor que fique “esquecida” e se evite falar no assunto,
segregando assim esses indivíduos, acreditando que as pessoas com deficiência são seres
assexuados. No entanto, a sexualidade se desenvolve em todos os indivíduos, com e/ou sem
deficiência – o que difere é a expressão da sexualidade. Essas ideias resultam em menor
autonomia e em poucas possibilidades de escolhas, ou seja, nega-se a possibilidade de que
pessoas com deficiência possam exercer sua sexualidade de forma plena e prazerosa.
Numa sociedade patriarcal como nossa, que normaliza e controla o corpo, o que é, de
fato, ser homem? Segundo Nolasco (1997), geralmente responde-se esta pergunta a partir de
uma representação do “homem de verdade”. Para o autor, meninos e meninas crescem sob a
crença de que mulher e homem são o que são por natureza. Neste modelo de masculinidade
que deve ser seguido, o “homem de verdade” é solitário e reservado no que se refere às suas
experiências pessoais, e superficial e prático na realização de suas atividades.
Embora existam diferenças do ser homem e ser mulher no tempo, no espaço e até
mesmo dentro das classes sociais, Nolasco (1995) ressalta que os homens ainda utilizam
padrões tradicionais para construção de sua identidade sexual, como: poder, agressividade,
iniciativa e sexualidade incontrolada.
Segundo Damatta (1997), um dos aspectos da insegurança de ser homem é o medo
da impotência. Para o autor, há uma preocupação de falhar na hora H, e neste sentido, mais
importante do que ter um pênis é saber se relacionar. Damatta (1997) considera que relacionar
é descobrir que “ser homem” não é o mesmo que “sentir-se como homem” – ou seja, o
homem precisa receber de uma mulher o atestado de que se é verdadeiramente “homem”.
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Assim, a construção da sexualidade masculina tem sido marcada historicamente pela
virilidade (potência e quantidade) e pela agressividade (poder, dominação sobre as mulheres).
Quanto à masculinidade3 hegemônica, Seffner (2003, p. 137) afirma que:
Poucos homens detêm o conjunto completo dos atributos prescritos para a
masculinidade hegemônica, e talvez se possa dizer que são mesmo pouco aqueles
que conseguem reunir uma quantidade razoável daqueles atributos. Desta forma,
muitos homens mantêm alguma forma de conexão com o modelo hegemônico que
não cumprem na totalidade. Investir nestas características que permitem a conexão
com o modelo dominante torna-se importante como forma de desfrutar dos
privilégios àqueles concedidos.
Essa vontade de normalidade e de se adequar as expectativas, nos acompanha desde
a infância, já que vivemos numa cultura que tende a padronizações, que define os modos de
ser corretos e os que são desviantes. Com isso, os comportamentos (incluindo os sexuais), em
vez de realidades naturais, são realidades sociais produzidas historicamente através de
relações de saber-poder e de dispositivos sociais, econômicos e culturais (FOUCAULT,
1988).
Se a sociedade impõe padrões de normalidade em relação às condutas sexuais,
também estabelece padrões para o desenvolvimento (cognitivo, motor, da linguagem, etc.)
que não estão simplesmente ligados à saúde, mas à ideia de perfeição – corpo perfeito, gozo
perfeito, o “homem perfeito”. A hipótese é que as deficiências identificadas no corpo afetarão
a vida sexual e a vivência da sexualidade dessas pessoas “imperfeitas”. Percebemos que a
questão da normalidade em relação à sexualidade não é fácil. E para as pessoas com
deficiência possuir todos os atributos do “homem de verdade” torna-se mais complicado.
Disso decorre o agravamento da discriminação e a rejeição social, como se homens com
deficiência fossem “menos homens”, porque (às vezes) não atingem o padrão social de
masculinidade.
Um último ponto, que merece destaque, se refere aos direitos sexuais e reprodutivos
da pessoa com deficiência. O artigo 25, do Decreto 6949/2009, trata dos direitos à saúde, e
enfatiza os direitos à saúde sexual e reprodutiva. A Convenção garante o direito de casar e
constituir família, bem como a garantia do acesso a informações sobre reprodução e
planejamento familiar e aos meios necessários para exercer esses direitos. No entanto, como
afirmaram nossos entrevistados, a garantia desses direitos ainda está longe de ser efetivada.
3 Apesar de estarmos dando visibilidade à construção das masculinidades, ressaltamos que não há estudo/análise
de homens e mulheres separadamente, pois a elaboração de conceitos como masculinidade/feminilidade só é
possível na relação de reciprocidade entre eles/elas.
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4 SEXUALIDADE DOS HOMENS COM DEFICIÊNCIA: OPRESSÃO E
VULNERABILIDADE
Esta pesquisa tem como intuito analisar as percepções sobre sexualidade e direitos
sexuais e reprodutivos de homens com deficiência. Para efeitos da pesquisa, a abordagem
utilizada foi qualitativa. Segundo Minayo (2012) a pesquisa qualitativa é aquela que trabalha
com “o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das
atitudes” (p. 21).
Para coleta de dados, o instrumento utilizado foi a entrevista semiestruturada. A
transcrição foi realizada respeitando com fidedignidade o vocabulário utilizado pelos
entrevistados, preservando a forma estrutural da Língua Brasileira de Sinais (Libras), já que
entrevistamos três homens surdos. Ressaltamos que a Libras possui estrutura gramatical
própria, independente da Língua Portuguesa, por isso, percebemos nas falas dos entrevistados
surdos uma discrepância quanto a organização gramatical de suas ideias. Strobel e Fernandes
(1998) justificam este fenômeno a partir da estrutura sintática da Libras, pois “a ordem dos
sinais na construção de um enunciado obedece regras próprias que refletem a forma de o
surdo processar suas ideias, com base em sua percepção visual-espacial da realidade” (p.15).
Acreditamos, no entanto, que a fala destes entrevistados está compreensível para qualquer
pessoa.
Participaram da pesquisa cinco homens, com diferentes tipos de deficiência. Os
entrevistados são identificados pela letra “E” e por números de 1 a 5. O Quadro 1 apresenta as
principais características dos entrevistados.
Quadro 1 – Características dos Entrevistados
E1 E2 E3 E4 E5 Tipo de
deficiência Visual Auditiva Auditiva Auditiva Física
Idade 28 37 28 31 29
Estado Civil Solteiro Solteiro Solteiro Casado Solteiro
Escolaridade Superior
completo
Superior
incompleto
Superior
incompleto
Superior
incompleto Médio completo
Profissão Publicitário
Instrutor de
Libras Estudante
Profº Instrutor
de Libras Artista popular
Orientação
Sexual Heterossexual Homossexual Heterossexual Heterossexual Heterossexual
Fonte: Elaborado pelos/as autores/as (2017)
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A primeira categoria de análise das entrevistas foi sexualidade/relacionamentos
amorosos. Nesta categoria, os entrevistados responderam sobre o que é importante e as
maiores dificuldades em um relacionamento amoroso.
E1 – As barreiras são as mesmas de qualquer outra pessoa, apenas com a atenuante
das barreiras atitudinais [...]. É bem comum ouvir frases assim: “Mas ele é cego,
como vau ser se vocês tiverem um filho?”.
E2 – Namorar pessoas ouvinte difícil, mas eu ensinar Libras.
Segundo a fala dos entrevistados, ficou evidente a questão das barreiras sociais.
Conforme a LBI (BRASIL, 2015), as barreiras podem ser: comunicacionais – como no caso
de E2, em que a diferença no uso da língua aparece como um complicador dos
relacionamentos; atitudinais – como no caso de E1, em que o comportamento dos outros
frente à deficiência é depreciativa; urbanísticas; arquitetônicas; nos transportes; e
tecnológicas.
Nessa categoria, também perguntamos sobre as principais dúvidas no que refere ao
sexo/sexualidade e com quem eles conversam ou conversaram sobre o assunto.
E1 – Me perguntava como seria usar camisinha, tendo em vista que nenhuma
campanha pensava em audiodescrição, braile ou textos ampliados. [Conversei com]
Amigos e amigas, primos, colegas de trabalho.
E2 – Eu pensar beijar menina engravidar, depois aula ciência aprendi não verdade.
Eu não gosto mulheres, prefiro homem, perigo não tem engravidar. [...] Amigo
ajudar entender sexo.
E3 – Eu gozar perna pensar grávida! [...] Namorada minha primeira mulher, ensinar
mim.
E5 – [Conversei com] Minha mãe. Todas as dúvidas tirei com os relacionamentos.
A maioria dos entrevistados fala sobre sexo e/ou namoro com seus amigos, mas
também há situações em que conversam com familiares. O fato de apenas um referir à mãe
reforça a ideia de que, geralmente, os pais ignoram a possibilidade de seus filhos terem uma
vida amorosa e sexual como a maioria das pessoas.
Esse resguardo no espaço familiar fica mais óbvio pelas dúvidas expressadas pelos
entrevistados, como pensar que um beijo engravidaria uma mulher. No caso de E2,
relembramos a dificuldade com a língua, visto que muitas vezes nem a própria família usa a
Libras, apresentando-se como uma dupla barreira.
A segunda categoria a ser analisada foi a autoimagem. A pergunta explorava a
autopercepção como uma pessoa que pode ter relações sexuais. Ficou claro que os
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entrevistados têm uma autoimagem e uma autoestima positivas. Estas foram construídas com
base na educação familiar e nas relações sociais e interpessoais.
E1 – Hoje me entendo como um ser sexualmente ativo, sem qualquer tipo de
amarras relacionadas à minha condição de pessoa com deficiência.
E4 – Normal. Pessoas achar sou normal não, mas eu apenas surdo.
O desenvolvimento da sexualidade se dá por meio do modo que nos enxergamos,
mas também como percebemos que as pessoas nos enxergam. Por isso, a terceira categoria de
análise foi a percepção dos outros em relação à sexualidade dos entrevistados. Para isto, a
primeira perguntou versou sobre a como a família percebe a possibilidade de namoro e
relacionamentos sexuais.
E1 – Cresci numa família que tinha uma visão estreita, que impossibilitou qualquer
tipo de diálogo construtivo sobre sexualidade. Entretanto, como filho homem
sempre me foi apresentada uma responsabilidade de namorar mulheres, sempre ser o
“comedor”.
E3 – Meu pai, minha mãe, não falar nada mim. Nunca orientar.
E4 – Meu pai medo mulher aproveitar mim. Proibir eu fazer sexo.
E5 – Eles aceitam tranquilamente, encaram normalmente.
Mais uma vez, aparecem respostas opostas. Para a maioria, a família não soube
encarar com naturalidade a sexualidade dos filhos; para outros, transcorreu sem maiores
problemas. Relembramos a ideia de Strickler (2001) de que há um “cobertor virtual de
silêncio”, sendo mais fácil negar a existência da sexualidade da pessoa com deficiência. Por
outro lado, há uma exigência de que o homem, mesmo com deficiência, esteja nos padrões da
“masculinidade”, ou seja, ele tem que ser viril, potente, e ter muitas mulheres, como pontua
E1. Lembramos que para Seffner (2003), poucos (ou quase nenhum) homens conseguem
alcançar o perfil da “masculinidade hegemônica”.
A outra pergunta dessa categoria versou sobre a percepção dos pares
(companheiros/as) sobre a sexualidade deles.
E2 – Normal. Transar homem normal. Eu faço gesto, eles entendem.
E5 – Mulher julga pela aparência, acha que é complicado se relacionar com um
cadeirante. Elas dizem: “Você não tem o movimento que eu gosto”, não se importa
com o amor, independente da condição física.
Nos depoimentos ficou evidente, mais uma vez, a dualidade das experiências. Para
alguns foi mais tranquilo; para outros, houve mais dificuldade. A fala de E5 reflete o estigma
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que incide sobre as pessoas com deficiência, principalmente a física. Lembramos a noção da
sexualidade como controle e normatização de nossa relação com o corpo, baseada nos
pressupostos de Foucault (1988). Assim, a sociedade busca o “corpo perfeito”, e tudo que
foge ao padrão é considerado anormal e rejeitado.
Nesta categoria perguntamos ainda sobre a percepção de terceiros em relação ao
relacionamento de pessoas com deficiência.
E1 – Sim, na rua as pessoas estranham um casal onde haja uma pessoa cega. (fomos)
constantemente observados por um cara, que não estava acreditando que ali era um
casal. Bem inconveniente, mas isso é algo corriqueiro.
E5 – A maioria das pessoas me julga pela aparência, principalmente na relação
sexual. Acha complicado se relacionar com cadeirante. Sociedade julga pelo olhar.
A sociedade, de forma geral, ainda acredita que para uma pessoa com deficiência
seja impossível a realização plena da sexualidade. Shakespeare (1998) ressalta que esta
concepção é baseada numa ideia de que existe um ciclo de resposta sexual normal. E assim,
quem não tem a resposta esperada, é considerado problemático.
A última categoria analisou o acesso aos serviços de saúde e informações sobre
direitos sexuais e reprodutivos. Os direitos sexuais e reprodutivos são direitos humanos
fundamentais para a qualidade de vida e o exercício da cidadania de todas as pessoas. O
direito à sexualidade de forma prazerosa, satisfatória e segura, no geral, não fazem parte das
compreensões e expectativas construídas em relação às pessoas com deficiência. Nesta
categoria, perguntamos sobre a maior dificuldade para exercer os direitos sexuais e
reprodutivos e se há acessibilidade nos serviços.
E3 – Não tem intérprete no serviço.
E5 – Não dispõe de acessibilidade de forma alguma. As pessoas ficam abismadas se
vai pegar camisinha: “Pra quê se não vai usar? Se você não funciona, tu só vai ser
enrolado”. Nem acessibilidade, nem informação. Se quiser, tem que buscar nos
livros, pessoas mais experientes. O que a gente ouve é que cadeirante não precisa de
camisinha porque não tem ereção.
A falta de preparo dos profissionais de saúde sobre os direitos sexuais e reprodutivos
das pessoas com deficiência é evidente na fala dos entrevistados. Primeiro, a barreira
comunicacional: poucos serviços contam com intérpretes de Libras, e praticamente não
existem profissionais da saúde que dominem a língua. O direito à informação de forma
acessível é fundamental para que as pessoas com deficiência possam usufruir dos seus direitos
da melhor forma possível.
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Em segundo lugar, o desconhecimento dos direitos é refletido no preconceito por
parte dos profissionais, que não percebem a pessoa com deficiência como alguém com
autonomia e plena condição de ter relações sexuais. Para Shakespeare (1998), os estereótipos
sobre as pessoas com deficiência tornam a opressão sobre sua sexualidade mais profunda e
debilitante que outros grupos sociais que enfrentam discriminação.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No contexto da sociedade em que vivemos o culto ao corpo perfeito está cada vez
maior. Por isso, apesar de muitos avanços na área, devemos reconhecer, infelizmente, que a
deficiência ainda é compreendida, pela maioria das pessoas, como um conjunto de diferenças
desvantajosas, o que é uma condição que agrava a discriminação e a rejeição social
(AMARAL, 1994).
A questão da deficiência é uma temática cada vez mais debatida. De forma geral,
deixou de ser vista como uma doença, a partir do modelo médico, para ser entendida como
uma expressão da diversidade do ser humano e como consequência das barreias sociais, a
partir de um novo modelo de enfoque social. No entanto, é percebida de formas diferentes a
depender da sociedade que falamos.
Durante muito tempo não se cogitou que as pessoas com deficiência apresentassem
necessidade e direito à experiência e à manifestação da sexualidade, e por isso foi negada
como se a deficiência eliminasse o desejo. Embora esteja mudando gradativamente, hoje têm
muitas pessoas que consideram as pessoas com deficiência como seres assexuados, e do
mesmo modo há aqueles que nunca tiveram oportunidade de conhecer seus direitos sexuais.
A partir das análises das entrevistas realizadas para este artigo, ficou evidente que é
fundamental a acessibilidade, e a eliminação das barreiras que as pessoas com deficiência
enfrentam no cotidiano no que se refere à sexualidade e reprodução, sejam barreiras físicas,
comunicacionais, atitudinais, entre outras. Os direitos sexuais e reprodutivos das pessoas com
deficiência é uma área que necessita ser visibilizada e garantida nas leis, na educação, na
sociedade em geral, para familiares e pessoas que trabalham com pessoas com deficiência, na
medicina e para as próprias pessoas com deficiência terem conhecimento sobre seus direitos.
Assim, estudar a pessoa com deficiência sem conhecer seu contexto social, histórico
e familiar, não é possível. Os resultados mostram que a influência da família e sua rede social
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de apoio têm um impacto na autoestima dos indivíduos. Por outro lado, o não acolhimento da
família, pode ter como consequência um processo de discriminação e baixa autoestima.
Houve uma predominância nos discursos do sentimento de empoderamento em
relação à sua sexualidade, percebida pelos homens com deficiência como algo natural e sem
grandes diferenças em relação às das pessoas sem deficiência. Apesar de haver dinâmicas de
não aceitação da sexualidade por parte de alguns membros da família, ou de protecionismo
exacerbado, foi observada uma resiliência e os homens assumiram a responsabilidade de suas
vidas, incluindo a área sexual.
As declarações acerca das preocupações com a saúde sexual nos chamam a atenção e
corroboram para o entendimento da deficiência a partir de um referencial social, ou seja, as
principais limitações estão nos espaços públicos que ainda não são totalmente inclusivos. Os
profissionais de saúde não compreendem e não conseguem ver a sexualidade das pessoas com
deficiência como um direito humano básico, e mais uma vez estigmatizam essa população,
como se fossem sujeitos assexuados.
Desta forma, o presente estudo poderá contribuir para subsidiar novas práticas de
abordagens aos homens com deficiência, tendo em vista que a sociedade em geral, e
especialmente os profissionais de saúde, não parecem preparados para lidar com essa temática
e, principalmente, com a sexualidade da população com deficiência.
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