homenagem

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Homenagem ao poeta Créditos: Luiz Gonzaga Pinheiro Música: eu não sei porque te quero

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Page 1: Homenagem

Homenagem ao poeta

Créditos: Luiz Gonzaga Pinheiro

Música: eu não sei porque te quero

Page 2: Homenagem

O poeta Luiz Gonzaga Pinheiro disse certa vez:

não entendo porque sendo a infância a época em que

mais sofri, seja considerada hoje, a que fui mais feliz. No

lugar de curtir minha maturidade, estou sempre

tentando encarnar o menino que fui. Que mágica

tem a infância que nos prende e não nos deixa

envelhecer?

Page 3: Homenagem

Por isso seus poemas sempre

nos remetemà infância. São como algodão

doce, a primeira vez que vemos o mar, barulho de

chuva no telhado quando se está

sob lençol quentinho

Page 4: Homenagem

O palhaço

O velho palhaço subiu no picadeiro com um enorme saco de algodão cheio de

macaquices. Deu uma flor para a Lívia

um sorriso para o Neouma pirueta para meus netosescorregou em uma lágrima e caiu de pernas para o ar.

Depois imitou um coxofingiu-se de médico

disse que falava com Deuse quase fez uma criança

saltar da cadeira de rodas.Quando desceu do picadeirofoi que a vida voltou a fechar

as mandíbulas.

Page 5: Homenagem

O vento

O vento vinha ventando alucinado,

incomodando as folhas e os pequenos

grãos de areia. Ao encontrar a fresta da

minha janela se espremeu, assobiou e

entrou uivando como um fantasma.

Tudo isso apenas para beijar meu rosto.

Page 6: Homenagem

Escolas

Falta às escolas da minha terra a metade da vida.

O verbo frioequações certeiras

meandros de serras e de corpos lá estão.

Mas falta o imponderávelO Espírito

para dançar sobre as infinitas possibilidadesde utilização do que é

ensinado.

Page 7: Homenagem

O tempo O tempo, com sua fome

voraz desgasta todas as pedras

das catedrais. Deixa os telhados limosos os corpos velhos, nodosos,

com espirais. O tempo come toda

mentira puxa, encolhe, estira

no seu leva e traz. Vomita qualquer ofensa

e ao mostrar que o amor compensa

se satisfaz.

Page 8: Homenagem

O cata-vento

O cata-vento pega qualquer vento

seja fraco, seja forte

venha do sul, caia do norte

só não pegao vento frio da

morte.

Page 9: Homenagem

Passarinho

Quando fazia o curso de engenharia na Universidade Federal do Ceará, ao passar sob uma árvore, um filhote de passarinho caiu do ninho

e ficou balançando junto aos meus pés. Botei os livros no chão, tirei os

surrados sapatos e quase me esborrachei tentando

recolocá-lo no ninho. Esse presente que eu dei à vida

jamais esqueci.

Page 10: Homenagem

Persistência

Mesmo com todas as desesperanças a

espreitar-me a cada esquina o menino

queteima em morar em mim ainda persiste.

Page 11: Homenagem

Seja o que quer que fizeresSe colocas Deus à parteTerás feito o que quiseresNunca uma obra de arte. Romélia e Luiz

Page 12: Homenagem

Espera

Dor já sofri tantaOra no corpo, ora na alma

Que hoje nada mais me espantaNem uma possível calma

Page 13: Homenagem

Meu olhar ainda persegue as

pipas; o que me resta de cabelos, o vento livre; os pés gostam da

água do mar, da areia. Parece

que ainda espero a

adolescência chegar.

Page 14: Homenagem

Homenagem ao escritor e poeta cearense

Luiz Gonzaga Pinheiro