hoje fevereiro/2007 2 o interesse das grandes empresas · ciais (cms) de mato grosso do sul...

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hoje joão de barro fevereiro/2007 2 Ao optar pelo sistema japo- nês de digitalização (ISDB), o Brasil demonstrou que está lon- ge de ser uma nação autôno- ma, democrática. Pressionado pelos agentes políticos e eco- nômicos, a decisão do gover- no pelo padrão nipônico não só contemplou o desejo das grandes empresas de radiodi- fusão, como desprezou a ca- pacidade de desenvolvimento tecnológico próprio. O Decre- to 5.820/06 que implanta o Sis- tema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre foi assinado pelo presidente Lula, mas a dis- cussão sobre o processo de digitalização no país ocorre desde a década de 90. Foi ain- da no governo Fernando Henrique Cardoso que a As- sociação Brasileira de Emisso- ras de Rádio e Televisão (enca- beçada pela Rede Globo) pres- sionou para manter seus inte- resses, culminando na escolha do modelo japonês, como sen- do o melhor para o país. O padrão japonês é um sistema fechado, com menor convergência tecnológica, o que impede, do ponto de vista técnico, a entrada de novos agentes econômicos, ou seja, inviabiliza a formação de uma nova cadeia produtiva no país. "Na verdade, optaram pelo modelo japonês porque ele mexia o menos possível no modelo de negócios da radio- difusão", resume o coordena- dor do Fórum Nacional pela Democratização da Comunica- ção (FNDC), Celso Schröder. Em suma, a radiodifusão, lide- rada pela Rede Globo, quis im- possibilitar a concorrência, prin- cipalmente a interferência e o acesso das empresas de teleco- municações no novo negócio. ESCOLHA Quando o modelo japonês foi escolhido, já havia caído a discussão sobre os semicon- dutores que são a base indus- trial da tv digital. Não havia mais debate, e na lógica de FHC, a tecnologia seria toda RADIODIFUSÃO DIGITAL O interesse das grandes empresas Padrão japonês escolhido pelo Brasil beneficia quem já detém o controle da comunicação no país. importada, ou seja, o Brasil não precisava mais ter uma planta industrial própria. "O proces- so de escolha foi iniciado atra- vés de uma audiência pública fechada em Brasília, com a pre- sença da Fenaj e do FNDC, mas a Anatel termina por sus- pender o debate. O governo FHC, percebendo que era um ninho de mariposas, e que seus dois grandes aliados entrariam em choque - que eram a radi- odifusão (principalmente a Glo- bo) e seus recém aliados, cria- dos a partir das privatizações, os tele-magnatas do país (em- presas de telecomunicações) - , acaba deixando para o gover- no Lula decidir", completa. GOVERNO LULA No governo Lula o tema voltou a ser debatido. Através de três instâncias, uma consti- tuída pelo Executivo e outras duas por comitês - um técnico e outro consultivo -, criou-se um espaço onde todos partici- pavam. Um espaço inédito no Brasil, onde se tentou mostrar que o que estava em jogo não era apenas uma mudança tecnológica, mas uma mudan- ça de paradigma. Os comitês justificavam que se tratava da ampliação de uma cadeia pro- dutiva. Que a digitalização era muito maior do que apenas um avanço tecnológico. De que havia ali a possibilidade de se criar uma nova cadeia produti- va, com novos serviços e no- vos agentes. Mas as discussões se tornaram infrutíferas. "Não era o que entendíamos por co- municação social", esclarece Schröder. "O governo via na digitalização da tv aberta nada mais do que uma mudança no serviço de televisão, não via, por exemplo, uma rede inteli- gente que poderia surgir dali, ou então outras formas de transmissão de dados. Não tra- tava-se simplesmente de tele- visão. Esse debate, nós nunca conseguimos que fosse sincro- nizado pelo governo", diz o coordenador do FNDC. Segundo Schröder, o que estava em jogo não era o mo- delo (norte-americano, japo- nês ou europeu). Um debate, em seu ponto de vista desne- cessário. O que se queria de- bater era qual o conteúdo que passaria por esse sistema. Os comitês defendiam um outro modelo, que apontava para uma convergência plena, com multiprogramações dentro de um mesmo canal. Em um mes- mo espaço ter vários canais, de concorrência. "Esse sistema não permite isso, por isso ele foi escolhido. Ele impede a multiprogramação, a entrada de outros concorrentes". TECNOLOGIA BRASILEIRA As tecnologias de modelo poderiam ter sido escolhidas e combinadas com várias outras. "A Globo quer é a ocupação da banda toda, sem utilizá-la para outros serviços", critica. Paralelo a essas três câmaras, o governo criou um outro mo- vimento voltado à contratação de consórcios universitários. Ao destinar uma verba (peque- na, se comparada à internaci- onal) possibilitaria a criação de um modelo brasileiro, mais pre- cisamente um compressor de sinais, que é a base dos mode- los norte-americano, japonês e europeu. Construído pela PUC-RS, o Brasil mostrou que tinha tecnologia, que não esta- va atrasado em relação ao res- to do mundo. Outras universi- dades, entre elas a Unisinos, também realizaram pesquisas nessa área. "De todos os mo- delos disponíveis o menos aberto é o japonês. As univer- sidades ficaram de fora. Muito pouco do que desenvolveram será aproveitado. O decreto assinado é contraditório, na medida em que não dá conta da convergência, da multipro- gramação e da inclusão social. Nós não compramos um mo- delo tecnológico, compramos um modelo de negócios". A mudança de posicio- namento do governo acontece quando assume como ministro das Comunicações Hélio Cos- ta. "Ao privilegiar os seus interlo- cutores, ele fecha o nosso comi- tê consultivo, não sem antes aglutinar grandes forças", relata Schröder. A alternativa agora, segundo ele, é fazer o debate dentro do marco regulatório. "O processo regulatório tem que par- tir de um grande debate nacional que nós vamos chamar de Con- ferência Nacional de Comunica- ção", conclui. A digitalização é uma modificação radical no sistema, onde os sinais deixam de ser analógicos e passam a ser digitais. São sinais elétricos, na linguagem dos computadores. Permite uma manipulação mais efetiva sobre os conteúdos, tornando-os mais ágeis e fundamentalmente ofe- rece uma compreensão maior desses conteúdos. Cabem mais "coisas" em um sistema digitalizado do que nas bandas que se usa no antigo sistema analógico. "Ao fazer isso, transformar toda a informação em sinal matemático, sinal elétrico, deixa de existir concretamente a diferença entre comunicação social e telecomunicações", explica Schröder. DIGITALIZAÇÃO

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Page 1: hoje fevereiro/2007 2 O interesse das grandes empresas · ciais (CMS) de Mato Grosso do Sul denunciam que milícias armadas por fazendeiros vêm aterrorizando a comu-nidade Kaiowá

hoje joão de barro fevereiro/2007 2

Ao optar pelo sistema japo-nês de digitalização (ISDB), oBrasil demonstrou que está lon-ge de ser uma nação autôno-ma, democrática. Pressionadopelos agentes políticos e eco-nômicos, a decisão do gover-no pelo padrão nipônico nãosó contemplou o desejo dasgrandes empresas de radiodi-fusão, como desprezou a ca-pacidade de desenvolvimentotecnológico próprio. O Decre-to 5.820/06 que implanta o Sis-tema Brasileiro de TelevisãoDigital Terrestre foi assinadopelo presidente Lula, mas a dis-cussão sobre o processo dedigitalização no país ocorredesde a década de 90. Foi ain-da no governo FernandoHenrique Cardoso que a As-sociação Brasileira de Emisso-ras de Rádio e Televisão (enca-beçada pela Rede Globo) pres-sionou para manter seus inte-resses, culminando na escolhado modelo japonês, como sen-do o melhor para o país.

O padrão japonês é umsistema fechado, com menorconvergência tecnológica, oque impede, do ponto de vistatécnico, a entrada de novosagentes econômicos, ou seja,inviabiliza a formação de umanova cadeia produtiva no país."Na verdade, optaram pelomodelo japonês porque elemexia o menos possível nomodelo de negócios da radio-difusão", resume o coordena-dor do Fórum Nacional pelaDemocratização da Comunica-ção (FNDC), Celso Schröder.Em suma, a radiodifusão, lide-rada pela Rede Globo, quis im-possibilitar a concorrência, prin-cipalmente a interferência e oacesso das empresas de teleco-municações no novo negócio.

ESCOLHAQuando o modelo japonês

foi escolhido, já havia caído adiscussão sobre os semicon-dutores que são a base indus-trial da tv digital. Não haviamais debate, e na lógica deFHC, a tecnologia seria toda

RADIODIFUSÃO DIGITAL

O interesse dasgrandes empresasPadrão japonês escolhido pelo Brasil beneficia quemjá detém o controle da comunicação no país.

importada, ou seja, o Brasil nãoprecisava mais ter uma plantaindustrial própria. "O proces-so de escolha foi iniciado atra-vés de uma audiência públicafechada em Brasília, com a pre-sença da Fenaj e do FNDC,mas a Anatel termina por sus-pender o debate. O governoFHC, percebendo que era umninho de mariposas, e que seusdois grandes aliados entrariamem choque - que eram a radi-odifusão (principalmente a Glo-bo) e seus recém aliados, cria-dos a partir das privatizações,os tele-magnatas do país (em-presas de telecomunicações) -, acaba deixando para o gover-no Lula decidir", completa.

GOVERNO LULANo governo Lula o tema

voltou a ser debatido. Atravésde três instâncias, uma consti-

tuída pelo Executivo e outrasduas por comitês - um técnicoe outro consultivo -, criou-seum espaço onde todos partici-pavam. Um espaço inédito noBrasil, onde se tentou mostrarque o que estava em jogo nãoera apenas uma mudançatecnológica, mas uma mudan-ça de paradigma. Os comitêsjustificavam que se tratava daampliação de uma cadeia pro-dutiva. Que a digitalização eramuito maior do que apenas umavanço tecnológico. De quehavia ali a possibilidade de secriar uma nova cadeia produti-va, com novos serviços e no-vos agentes. Mas as discussõesse tornaram infrutíferas. "Nãoera o que entendíamos por co-municação social", esclareceSchröder. "O governo via nadigitalização da tv aberta nadamais do que uma mudança no

serviço de televisão, não via,por exemplo, uma rede inteli-gente que poderia surgir dali,ou então outras formas detransmissão de dados. Não tra-tava-se simplesmente de tele-visão. Esse debate, nós nuncaconseguimos que fosse sincro-nizado pelo governo", diz ocoordenador do FNDC.

Segundo Schröder, o queestava em jogo não era o mo-delo (norte-americano, japo-nês ou europeu). Um debate,em seu ponto de vista desne-cessário. O que se queria de-bater era qual o conteúdo quepassaria por esse sistema. Oscomitês defendiam um outromodelo, que apontava parauma convergência plena, commultiprogramações dentro deum mesmo canal. Em um mes-mo espaço ter vários canais, deconcorrência. "Esse sistema

não permite isso, por isso elefoi escolhido. Ele impede amultiprogramação, a entradade outros concorrentes".

TECNOLOGIABRASILEIRA

As tecnologias de modelopoderiam ter sido escolhidas ecombinadas com várias outras."A Globo quer é a ocupaçãoda banda toda, sem utilizá-lapara outros serviços", critica.Paralelo a essas três câmaras,o governo criou um outro mo-vimento voltado à contrataçãode consórcios universitários.Ao destinar uma verba (peque-na, se comparada à internaci-onal) possibilitaria a criação deum modelo brasileiro, mais pre-cisamente um compressor desinais, que é a base dos mode-los norte-americano, japonês eeuropeu. Construído pelaPUC-RS, o Brasil mostrou quetinha tecnologia, que não esta-va atrasado em relação ao res-to do mundo. Outras universi-dades, entre elas a Unisinos,também realizaram pesquisasnessa área. "De todos os mo-delos disponíveis o menosaberto é o japonês. As univer-sidades ficaram de fora. Muitopouco do que desenvolveramserá aproveitado. O decretoassinado é contraditório, namedida em que não dá contada convergência, da multipro-gramação e da inclusão social.Nós não compramos um mo-delo tecnológico, compramosum modelo de negócios".

A mudança de posicio-namento do governo acontecequando assume como ministrodas Comunicações Hélio Cos-ta. "Ao privilegiar os seus interlo-cutores, ele fecha o nosso comi-tê consultivo, não sem antesaglutinar grandes forças", relataSchröder. A alternativa agora,segundo ele, é fazer o debatedentro do marco regulatório. "Oprocesso regulatório tem que par-tir de um grande debate nacionalque nós vamos chamar de Con-ferência Nacional de Comunica-ção", conclui.

A digitalização é uma modificação radical no sistema, onde os sinais deixam de ser analógicos

e passam a ser digitais. São sinais elétricos, na linguagem dos computadores. Permite uma

manipulação mais efetiva sobre os conteúdos, tornando-os mais ágeis e fundamentalmente ofe-

rece uma compreensão maior desses conteúdos. Cabem mais "coisas" em um sistema digitalizado

do que nas bandas que se usa no antigo sistema analógico. "Ao fazer isso, transformar toda a

informação em sinal matemático, sinal elétrico, deixa de existir concretamente a diferença entre

comunicação social e telecomunicações", explica Schröder.

DIGITALIZAÇÃO

Page 2: hoje fevereiro/2007 2 O interesse das grandes empresas · ciais (CMS) de Mato Grosso do Sul denunciam que milícias armadas por fazendeiros vêm aterrorizando a comu-nidade Kaiowá

A Central Única dos Trabalhadorese a Coordenação dos Movimentos So-ciais (CMS) de Mato Grosso do Suldenunciam que milícias armadas porfazendeiros vêm aterrorizando a comu-nidade Kaiowá Guarani de CoronelSapucaia (MS), terra indígena KurussuAmbá.

No dia 9 de janeiro, as milícias as-sassinaram Xuretê Julita Lopes e feri-ram com três tiros Valdecir Ximenes.Nesse dia, os indígenas foram retiradosde suas terras e jogados na beira darodovia MS-286. Os barracos foramqueimados.

joão de barro fevereiro/2007 3antena

?O que você está fazendo paracuidar do Planeta?

SANTIAGO

? ?

Em entrevista ao jornal Folha de SãoPaulo, o novo presidente da Ordem dosAdvogados do Brasil (OAB), CezarBritto, afirmou que: "Na América Lati-na, embora se fale da volta dopopulismo, ele tem nascido com a von-tade e a participação expressa do povo,e isso tem que ser respeitado". Brittodisse ainda: "Esse fenômeno é decor-rente da expressão popular, não de gol-pes militares nem da força, o que é bompara a América e para o mundo".

Para completar seu pensamento, oadvogado compara: "é diferente quan-do a democracia é imposta, comoocorre no Iraque. Lá, a democracia épor imposição de um país sobre o ou-tro. Então, há uma grande diferençaentre as duas situações. A democracianão nasce por imposição, mas pela von-tade do povo".

R$ 504 bi

Devolução de terras

PÁGINAS

www.apcefrs.com.brPágina da Associação do Pesso-

al da Caixa Econômica Federal. In-formações e uma série de serviços à dis-posição dos associados.

www.feebrs.org.brPágina da Federaçãodos Bancários do RS.

www.contrafcut.com.brPágina da Confederação Nacional dos

Trabalhadores do Ramo Financeiro.

www.fenae.org.brPágina da Federação Nacionaldos Empregados da Caixa.

Página do Sindicato dos Bancáriosde Porto Alegre.

www.sindbancarios.org.br

www.funcef.com.brPágina da Fundação dosEconomiários Federais.

Valorização daPrevidência

www.moradiaecidadania.org.brPágina da ONG Moradia e Cidadania dosEmpregados da Caixa.

8 de março

Caminhada

Mês das MulheresEm Porto Alegre: saída do LargoGlênio Peres, a partir das 9 horas

Sistema digital Grandes empresas são beneficiadas...............2

Funcef Pela primeira vez associados têm ganho real...................5

Passado e presente Mesmas atitudes da Caixa .............6 e 7

Fórum Social Mundial Resultados da 7ª edição ....................9

Aposentados Alternativas para a terceira idade ...................10

Cinema A história do Oscar cinematográfico .................10

Fotografia Concurso 50 anos ...................................11

Internet Consulta on line de débitos ...........................................11

Colônias Perto do mar ......................................12

Colônias 2 Propostas em discussão ..................................12

Bloqueio

Ataque

Em seu discurso no Fórum Econô-mico Mundial, no dia 26 de janeiroem Davos, o presidente Lula afirmouque o suposto déficit da Previdênciaé do Tesouro Nacional. Conforme opresidente, na Constituição de 1988foi tomada uma decisão política de es-tender os benefícios previdenciários,oferecendo amparo a trabalhadoresdo campo e a idosos que estavam forado sistema. O custo desses benefíciofoi de R$ 40 bilhões no ano passado."Esse é um gasto que o Brasil tem deassumir com recursos públicos”. “Tra-ta-se de política social, para ajudarpobres que de outra forma estariamdormindo na sarjeta”, disse Lula.

Para o presidente, a inclusão dostrabalhadores rurais na PrevidênciaSocial constitui-se na “mais forte po-lítica social que um país já fez nomundo”. Essa política, segundo ele,

teve continuidade com o Estatuto doIdoso e a Lei Orgânica de SeguridadeSocial. “Para ajudar quem? Para aju-dar pessoas que não trabalhavam,que tinham uma certa idade, pessoasportadoras de deficiência."

A decisão do governo de con-tabilizar como gastos do Tesouro osinvestimentos em política social, comoafirmou a ministra-chefe da Casa Ci-vil, Dilma Roussef, é uma mudança deposicionamento em relação à Previ-dência Social. Até então, governo,mídia e empresários afirmavam que odéficit era da Previdência Pública eque esta não teria mais solução. Se-gundo a ministra, essa mudança vaigarantir maior transparência ao se-tor. "Muitas vezes se exige que a Pre-vidência faça um esforço para solu-cionar algo que não depende dela",disse Dilma.

O bloqueio econômico dos EstadosUnidos à Cuba completa 45 anos. Nes-se período, o prejuízo econômico cau-sado ao povo cubano ultrapassa 82 bi-lhões de dólares. Os EUA continuam aignorar a exigência da Assembléia Ge-ral da Organização das Nações Unidaspara pôr fim ao bloqueio. As 15 reso-luções da ONU tiveram apoio quaseunânime dos estados membros das Na-ções Unidas.

Vontade popular

Esse é o valor dos investimentos queo governo federal pretende fazer até2010 no Programa de Aceleração doCrescimento (PAC).

A comunidade Kaiowá Guaraniquer a devolução de sua terra, de ondejá haviam sido expulsos anteriormente.As entidades iniciaram uma campanhade solidariedade e arrecadação de ali-mentos, roupas e utensílios domésticos,também exigem justiça e a demarcaçãodas terras indígenas. Os governos es-tadual e federal não se pronunciam arespeito da situação. A ConstituiçãoFederal garante aos povos indígenas ademarcação de suas terras.

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50 ANOS - Manter um jornal em atividade por50 anos é um grande motivo para comemorações.O João de Barro tem o privilégio de contar em suaspáginas um pouco da vida dos bancários, especi-almente os da Caixa, e também da história do país.Para continuar a mostrar as lutas e conquistas éimportante relembrar os feitos passados e apren-der com os erros e acertos. É isso que estamosfazendo desde a edição passada.

TERRA - A divulgação do relatório do PainelIntergovernamental sobre Mudanças Climáticas épreocupante. Mostra que o futuro será dramáticose não mudarmos urgentemente de atitude. Maisdo que um notícia alarmante, os dados mostramprovas concretas de que a mudança de tempera-tura está afetando a nossa vida. Precisamos en-

joão de barro fevereiro/2007 4editorial

Esta edição do João de Barro fechou na

redação no dia 9 de fevereiro de 2007.

Nossas lutas, nossa história

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para receberas informações doboletim eletrônico

GESTÃO 2006-2009Presidenta: Célia Margit ZinglerVice-presidente: Marcelo Marimon Gonçalves

DIRETORIA EXECUTIVATITULARESAposentados, Saúde e Previdência: Amanda AngélicaGonzales CardosoComunicação: Marcos Leite de Matos TodtCultura: Almeri Espíndola de SouzaEsportes: Ricardo Luis da Rocha ChristinoPatrimônio: Paulo Ricardo BelottoRelações de Trabalho: Tiago Vasconcellos PedrosoSocial e Lazer: Andrea Lima SpinelliSUPLENTES: Beatriz Maria Berghahn, Felisberto Macha-do de Souza, Gilmar Cabral Aguirre, Jailson Bueno Prodes,Luis Alberto Candia Ramirez, Paulo César Ketzer, RubenDanilo de Albuquerque Pickrodt, Sandro Dias Fernandes,Sérgio Avelino Squeff.CONSELHO FISCALTITULARES: Presidente: Claudio Morais Soares. Secre-tário Geral: Guaracy Padilha Gonçalves. Geraldo OtoniXavier Brochado.SUPLENTES: Celso Danieli, Marisa Zancan Godoy,Sandra Maria FariaCONSELHO DELIBERATIVOPresidente: Ricardo Luiz Müller; Secretário Geral: PauloDaisson Gregório Casa Nova.Regional Porto Alegre TITULARES: Carlos Alberto Träsel,Cláudio Stern da Cunha Filho, Devanir Camargo da Silva,Maria Regina Pereira Figueiró, Maristela da Rocha, PauloDaisson Gregório Casa Nova. SUPLENTES: Jorge Peixotode Mattos, Juarez Machado de Oliveira, Marcela Nunes deAguiar, Renato de Castro Becker, Vera Lúcia Reck de Araújo,Volmar Fernando Alves Dal Santo. Alto Uruguai: Ricardo LuizMüller, Vanda Maria Bianzin Grzeidak. Centro: Marcelo HusekCarrion, Athos Ronaldo Miralha da Cunha. Fronteira Oeste:Jefferson Araujo da Silva, Flávio Dornelles Paré. FronteiraSul: Vilmar Vallenoto da Silva, Vagner Kobe Braga. LitoralNorte: Nei Glades de Francisco, Carmem Rejane Ramos.Litoral Sul: Jonas Aguiar, Marco Antônio Botelho Gomes. Mis-sões: Moacir Scheuer Deves, Marcos Maicá. Passo Fundo:Paulo César Kunzler, Régis Moreno Nogueira Santos. Ser-ra: Marcos Mazzutti de Castro, Marcos Alexandre Streck. Sul:Cristina de Souza Gularte, Luiz Antonio Reck de Araújo. Valedo Paranhana: João Alberto Holsbach, Dirceu D’ÁvilaSampaio. Vale do Rio Pardo: Gilberto Castoldi, AdroaldoSchmidt Carlos. Vale do Taquari: Rafael Reckziegel, LuizAntônio Sieben. Vale dos Sinos: Nestor Francisco Imhoff,Odenar Corrêa de Souza.COORDENADORES DAS REGIONAISAltivo Goularte Rodrigues (Centro); Ricardo Luiz Sulzbach(Vale do Taquari); Carmem Rejane Ramos (Litoral Norte);Cláudio Batista Rodrigues Osório (Fronteira Oeste), JoãoBruno Schmitz (Vale do Paranhana); Paulo Cesar Reis Pe-reira (Missões); Evandro de Moura Hahn (Passo Fundo); LuizRoberto Portantiolo (Sul); Jonas Aguiar (Litoral Sul); CleoFernandes Rodrigues (Fronteira Sul); Nilson Roque Urban(Vale do Rio dos Sinos); Deise Fátima Pauletti (Alto Uru-guai); João Aristeu Moraes de Oliveira (Vale do Rio Pardo);Vladimir Tadeu Bettiol (Serra).

joão de barroJornal da Associação do Pessoal da CaixaEconômica Federal do Rio Grande do SulCONSELHO EDITORIAL: Célia Zingler, Marcelo Marimon,Marcos Todt, Tiago Vasconcellos, Amanda Cardoso, AlmeriSouza, Andrea Lima Spinelli.PRODUÇÃO (Projeto Gráfico, reportagem, edição, foto-grafia, diagramação e composição):

Rua José do Patrocínio, 721/201, Porto Alegre, RS, CEP90050-003. Fone 51 3221 2829 Fax 51 3211 0773.E-mail: [email protected]ção e reportagem: Carla Rossa (RJP 7866)Reportagem: Jair Giacomini (RJP 7844),Josiane Picada (RPJ 6486)Ilustrações: Elias Monteiro Charge: SantiagoFotolito e Impressão: Gazeta do SulTiragem: 8500 exemplaresPeriodicidade: mensalDistribuição gratuita para associados da APCEF

Os artigos assinados publicados no João de Barro não refletemnecessariamente o pensamento da diretoria da APCEF.

Avenida Coronel Marcos, 851,Bairro IpanemaPorto Alegre - RS -CEP: 91.760-000Fone: 51 3268.1611Fax: 51 3268.2700E-mail: [email protected]

contrar a saída nas pequenas coisas do dia-a-diae pressionar cada vez mais os governos e indústri-as a fazerem a sua parte e pararem de usar o meioambiente como ferramenta do lucro.

DEMOCRATIZAÇÃO - Ao optar pelo padrãojaponês para a radiodifusão digital, o Brasil per-deu a chance de desenvolver a sua própriatecnologia. Mais que isso, perdeu a oportunidadede democratizar a comunicação. Mas a batalhanão está perdida, a regulamentação do sistema per-mite um amplo espaço para debate, é precisomobilização das organizações de trabalhadores eda sociedade para não deixar passar esse momen-to, que poderá ser decisivo para que a democra-cia realmente chegue aos meios de comunicaçãobrasileiros.

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joão de barro fevereiro/2007 5em pauta

AAPCEF enviou cor-respondência ao pre-sidente da Funcef,

Guilherme Lacerda, e à dire-toria e Conselho Deliberativoda Fundação. O documentotrata do aumento da contribui-ção no REG/Replan para os21.604 associados que opta-ram em permanecer no plano.A APCEF propõe a alteração

do método de financiamentode custo crescente (CréditoUnitário Projetado) para ummétodo de financiamento decusto constante.

A justificativa para a mu-dança é que o REG/Replan tra-ta de uma massa fechada, "sen-do o impacto nas reservas ma-temáticas decorrente da mu-dança do método, financiado

Porto Alegre, 05 de fevereirode 2007Ilmo. Sr.Guilherme Narciso de LacerdaDiretor Presidentec/c aos demais Diretoresc/c ao conselho DeliberativoFundação dos EconomiáriosFederais – FUNCEFBrasília – DFAssunto: Custeio doREG/REPLAN

Prezado(s) Senhor(es),

A APCEF/RS participou ati-vamente da elaboração doSaldamento do REG/Replan,desde sua discussão no Con-gresso Nacional dos Emprega-dos da Caixa – Conecef em2003 e 2004, nos trabalhos de-senvolvidos pelo GT Funcef du-rante mais de três anos paraconsolidação das Regras doRegulamento do Plano, assimcomo, desenvolveu esforços nosentido de propiciar amplos es-clarecimentos aos associados daFuncef no RS, visando dar con-dições para que a decisão deadesão ou não ao REG/ReplanSaldado, democraticamenteocorresse com o maior nível desubsídios e informações. Duran-te o processo de Saldamento,ficou evidenciada nas análisesrealizadas pelo GT Funcef, a ne-cessidade de aumento de con-tribuição no REG/Replan, façaalterações importantes nas pre-missas atuariais, tais como, a eli-minação da idade mínima de 55anos, mudança da Tábua de So-brevivência, além da inclusão de

CONTRIBUIÇÃO REG/REPLAN

APCEF propõealternativa

novos institutos estabelecidospela Lei Complementar 109.

O GT Funcef decidiu, emdecorrência das novas regrasque seriam implementadas coma aprovação do Saldamento eNovo Plano, que a elevação dacontribuição do REG/Replan,seria realizada após a conclusãodo processo de saldamento,quando seria possível mensurar,mediante avaliação atuarial, oefetivo custeio atuarial do Pla-no. É importante registrar que aSecretaria de Previdência Com-plementar – SPC concordoucom a proposição de se efetuaradequação do custeio atuarialdo REG/Replan após a conclu-são do processo de Saldamento.

A avaliação atuarial realiza-da pela Funcef demonstrou umanecessidade de elevação da con-tribuição na última faixa, pas-sando dos atuais 13,92% para35,5% a contribuição do asso-ciado que tem um Salário deParticipação acima de R$2.801,82 (Teto de Contribuiçãodo INSS).

Mesmo considerando-se nocálculo a parcela a deduzir (R$884,01), o aumento da contribui-ção no REG/REeplan será ex-pressivo, daí porque, se impõeencontrar alternativas paraequacionar o aumento de cus-teio projetado. Ainda, segundoa avaliação atuarial, a contribui-ção da Patrocinadora (Caixa)que hoje é de 7,85% da sua fo-lha de pagamento, passará para11,42%.

É do conhecimento dos as-sociados que participantes e as-

Os associados da Funcefque efetivaram a opção peloSaldamento do REG/Replantiveram ganho real de 4% re-troativos a setembro de2006. O reajuste ajuda aminimizar o achatamentosalarial do período de 1996a 2001. Pela primeira vez, osassociados da Funcef têmparticipação direta nos resul-tados positivos da Fundação,uma mudança histórica, jáque, nos regulamentos ante-riores, os participantes so-mente eram lembrados quan-do ocorria déficit e sofriamaumento na contribuição.

O valor é resultado do Fun-do de Revisão de Benefício,formado por 50% da dife-rença entre a rentabilidadeda Funcef e a meta atuarial.As regras do Saldamentoestabelecem que 50% darentabilidade acima doatuarial será destinado aoFundo para reajuste real,avançando à previsão legal(Lei Complementar 109),que estabelece que somen-te após três anos de resul-tados superavitários essepoderá ser utilizado pelo pla-no. Pela lei, o que exceder a25% da reserva matemáticaserá destinado a reduzir acontribuição da patrocinado-

sistidos optantes pelosaldamento tiveram no benefí-cio saldado reajustes de 10,79%a título de incentivo à adesão e4% em decorrência dos resul-tados da Funcef no exercício de2006; Assim como, para os quepermaneceram no REG/Replan,o custo dos reajustes de 10,79%e 4% será incorporado à reservamatemática do Plano, gerando,em conseqüência, um superávit .

A APCEF/RS visando ate-nuar o impacto do aumento dacontribuição no REG/Replan,para os 21.604 associados quedemocraticamente optaram empermanecer no plano, sem afe-tar o equilíbrio atuarial do plano,fator importante e necessáriopara a Fundação fazer frenteaos compromissos com seusassociados, apresenta a seguin-te proposta para apreciação deVossa Senhoria e demais paresde Diretoria e ConselhoDeliberativo:

- alteração do método definanciamento de custo cres-cente (Crédito Unitário Pro-jetado) para um método de fi-nanciamento com custo cons-tante, tendo em vista, que noREG/Replan estamos tratandode uma massa fechada, sen-do o impacto nas reservasmatemáticas decorrente damudança do método, financi-ado ou suportado pelo supe-rávit do Plano.

Colocamo-nos à disposiçãopara quaisquer esclarecimentosadicionais que se fizerem neces-sários.

ou suportado pelo superávitdo Plano". Na avaliação daAPCEF, o plano certamenteapresentará superávit em fun-ção da rentabilidade do patri-mônio registrada nos últimosquatro anos.

Confira abaixo a íntegra dacarta, que também está dispo-nível na página eletrônicawww.apcefrs.com.br.

ra e dos participantes, namesma proporção de parti-cipação no custeio do plano.

A proposta inovadora deformação de um Fundo foiapresentada pelo GrupoEstratégico da APCEF aos re-presentantes dos participan-tes no GT Funcef, que apro-varam a idéia e a incluíramnas regras do Saldamento.

Na avaliação do Grupo Es-tratégico da APCEF, essa éuma das vantagens do Sal-damento aos associados."Havia um ceticismo por umaparte dos associados de queisso iria acontecer", diz o as-sociado Sérgio Nunes da Sil-va. "Essa é uma grande con-quista e um instrumentopara recuperar o poder aqui-sitivo dos associados perdi-do ao longo dos anos", com-pleta. Silva lembra a impor-tância da representação dosparticipantes no GT Funcef:"Graças a essa participaçãofoi possível aprovar a pro-posta do Fundo e, conse-qüentemente, a participa-ção nos resultados daFuncef, situação rara nosfundos de pensão brasilei-ros." O reajuste terá um im-pacto de R$ 700 milhões nasreservas matemáticas daFuncef.

Reajuste real énovidade noSaldamento

O novo Estatuto da Funceffoi aprovado pelo Conselhode Administração da Caixano dia 29 de janeiro. O pró-ximo passo é a aprovação daSecretaria de PrevidênciaComplementar (SPC). O Es-tatuto, elaborado pelo gru-po de trabalho compostopor representantes dos as-sociados e da Funcef, já ha-via passado pelo Conselho

MENSAGEM

Diretor da Caixa e pela Dire-toria Executiva e pelo Conse-lho Deliberativo da Fundação.

Na versão aprovada pelapatrocinadora, foi mantida aparidade na administração,com a eleição direta paraconselheiros e diretores.Depois de passar pela SPC,o novo Estatuto será apre-sentado aos associados daFuncef.

APCEF organizou diversos encontros para discutir asituação dos planos de benefícios da Funcef.

CAIXA APROVA ESTATUTO

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HISTÓRIAS DE ORGANIZAÇÃO COLETIVA

joão de barro fevereiro/2007 6em pauta

ESCRITURÁRIOS BÁSICOS

Carreira indefinida

No final da década de 70 e

ínicio da de 80, a Caixa Eco-

nômica Federal foi autorizada

a efetuar concurso para a am-

pliação de seu quadro de pes-

soal, pois estavam previstas no-

vas agências em todo o Brasil.

Foi autorizada pelo então

ministro da época Antonio

Delfin Neto a criação do novo

cargo, Auxiliar de Escritório 132

C. Só que na época, o cargo inici-

al na Caixa era de Escriturário. Foi

criado um quadro de carreira se-

parado do existente até então.

Porém, com todas as obrigações

que os escriturários tinham, mas

com benefícios diferentes.

A partir daí, um grupo de "in-

conseqüentes", como diziam

alguns, resolveu enfrentar

"Golias" e o movimento que se

formou no RS, rapidamente se

espraiou por esse Brasil afora.

Até o final de 1984, milhares

de novos Auxiliares de Escri-

tório ingressaram na Caixa,

mas sempre com diferenças

com relação aos Escriturários.

Aquele grupo de "inconseqüen-

tes" aumentou consideravel-

mente com esse ingresso

massivo de novos colegas.

Esses "inconseqüentes" en-

contraram também um grupo

No final da década de70, um concurso fe-deral abria vagas

para empregados da Caixa. Onovo cargo era para Auxiliaresde Escritório, função que nãoexistia até então. A remunera-ção recebida pelos AEs era in-ferior a dos Escriturários.

Um movimento iniciado noRio Grande do Sul, que culmi-nou com o ingresso de ações naJustiça, resultou em mudança deatitude da Caixa, que acaboupor incluir os Auxiliares no qua-dro de pessoal, passando a serchamados de Escriturários Bá-sicos. "E os Auxiliares de Es-

critório? ah! os Auxiliares deEscritório, sem a grana, é claro,mas, enfim, Economiários. Ago-ra incluídos no Quadro Funcio-nal da Empresa", escreveu emartigo no João de Barro, o en-tão conselheiro da APCEF eAuxiliar de Escritório GilsonAndrade. A mudança de nomenão resultou em equiparação

salarial. Os novos Escriturárioscontinuaram a ganhar menos.

Em março de 1985, o coor-denador da Comissão dos Es-criturários Básicos do RS, Ro-gério Guimarães Oliveira, aler-tava em reportagem publicadapelo João de Barro, "o novoPCS resolveu o problema dosextra-quadro naquilo que inco-

de colegas que estavam crian-

do um novo movimento, o Mo-

vimento das 6 Horas.

A partir daí, a história muda

um pouco. Teve início, então,

em diversos pontos do país,

ações na Justiça para reparar o

grave erro entre Auxiliares de

Escritório e Escriturários. Após

vários encontros municipais, es-

taduais e nacionais, formou-se

uma Comissão Nacional para

acompanhar as ações dos Au-

xiliares de Escritório. E como

ainda não tínhamos conquista-

do o direito à sindicalização,

contávamos com o apoio irres-

trito da nossa APCEF.

Em 1986, após muitas idas e

vindas a Brasília, foi alterado o

quadro de pessoal da Caixa,

extinguindo o cargo de Auxiliar

de Escritório e criando o cargo

Escriturário Básico REF 18. Mas

o fato de unificarem os quadros

não terminou com a discrimina-

ção, somente algum tempo de-

pois os EBs passaram a ter os

mesmos direitos que os demais

Escriturários. Nesse mesmo

ano, algo inédito até então acon-

teceu: os empregados da Caixa

decretaram greve pelo direito às

seis horas e pela sindicalização.

Quem esteve presente nesses

momentos sabe bem a emoção

que permeava o ambiente do tra-

balho, dúvidas, incertezas, ame-

aças e outras tantas barbarida-

des. Mas enfim fomos vitorio-

sos, conseguimos as seis ho-

ras e o direito à sindicalização.

Com essas conquistas, a rela-

ção entre os empregados e a

direção da Caixa tomaram ou-

tros rumos. Rumos, às vezes vi-

toriosos outros nem tanto, pois

muitas vezes é necessário re-

troceder um passo para dar um

passo maior logo ali adiante.

Um pequeno aparte aos Téc-

nicos Bancários: não desacre-

ditem em suas reinvidicações,

pois de mão beijada elas não

chegarão. Os Auxiliares de Es-

critório passaram por isso, e hoje,

a estrutura que está a nossa dis-

posição para fazer valer nossa

luta não tem comparação com

aquela que tínhamos. O filme que

hoje estamos vendo novamente:

a luta pela jornada de trabalho de

6 horas para os cargos técnicos

e de assesso-ramento, a discri-

minação em relação aos Técni-

cos Bancários só terá o fim que

desejarmos, se formos fortes e

unidos nesse objetivo.

modava aos planos de expansãode pessoal da CEF: os 12.000remanescentes foram enquadra-dos no Quadro de Pessoal, de-simpedindo e Empresa, afinal,de realizar concurso externo paraadmissão de novos empregados".Mais adiante, Oliveira ressalta:"esqueceu-se, o novo PCS, de queos admitidos pelo concurso de

O movimento dos Auxiliares

de Escritório começou a partir

da indignação do pessoal quan-

do descobriu que tinha feito con-

curso para um cargo que não

existia oficialmente e que ga-

nhava 56% do valor que deve-

ria ganhar. Teve cinco pessoas

que se envolveram no início na

formação das ações de Auxilia-

res de Escritório, Marcos

Capruni, Paulo Ridal, João Fran-

cisco Abreu, Rogério Guimarães

e eu.

A partir da constatação de que

teríamos direito a alguma

reclamatória trabalhista, direito

a ser enquadrado como escritu-

rário se começou a agir. Por con-

ta do medo do governo militar,

da repressão, começamos a fa-

zer reuniões escondidas, não di-

vulgávamos abertamente – éra-

mos proibidos de sindicalização.

A partir do momento em que

ajuizamos a ação, com um gru-

po de 22 pessoas, não teve

mais como manter segredo e as

pessoas foram se organizando

e virou centenas de ações no

Brasil e um movimento que ser-

viu como embrião do movimento

das seis horas.

A primeira ação foi ajuizada

em 1983, depois entrou uma

1980 deveriam ser enquadradosno cargo inicial da época, Escri-turário ref. 40, perdendo a gran-de oportunidade de resolver emdefinitivo essa distorção".

O cargo de Escriturário Básicoacabou por ser extinto na Caixa,com o avanço nas promoções. Atu-almente, existem dois cargos: Es-criturários e Técnicos Bancários.

nova leva de empregados,

com algumas modificações no

plano de cargos e salários. No

início era o movimento dos

Auxiliares de Escritório e em

84, quando mudou o nome para

Escriturário Básico, o movi-

mento passou a ser dos EBs.

O que a gente reclamava na

Justiça era que o cargo em que

atuavámos não era reconheci-

do no Ministério do Trabalho.

No Plano de Cargos e Salários

registrado não constava o nos-

so cargo, mas o governo da

época, resolveu, pela necessi-

dade de novos empregados,

criar um cargo em separado,

por decreto, do Plano de Car-

gos e Salários, sem nenhuma

aprovação formal do Ministé-

rio do Trabalho. Nós queríamos

ser enquadrados no menor car-

go do PCS da época e eles que-

riam nos contratar para um car-

go que foi criado por uma de-

cisão unilateral do empregador.

E como não podíamos nos sin-

dicalizar, quase que isso fica

assim mesmo.

AÇÕESLUTA

Jorge Peixoto de Mattos(Agulha)EscriturárioDiretor da APCEF

Gilmar Cabral AguirreEscriturárioDiretor da APCEF

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joão de barro fevereiro/2007 7em pauta

TÉCNICOS BANCÁRIOS

Em busca da isonomia

O projeto de lei 6259/05 dos deputadosInácio Arruda (PC-

doB/CE) e Daniel Almeida(PCdoB/BA), tramita na Câma-ra e trata da isonomia de trata-mento entre os empregados daCaixa, do Banco do Brasil, doBanco do Nordeste e do Bancoda Amazônia.

Pelo projeto ficaria garanti-da a isonomia de tratamentoentre os empregados que ingres-saram por concurso "anterior eposteriormente à edição das Re-soluções nº. 9, de 30/05/95, e nº.10, de 08/10/96, do Conselho deCoordenação e Controle dasEstatais – CCE/DEST". Se

Ao longo da história, os es-criturários tiveram conquistasimportantes como anuênio, li-cença prêmio e APIP, além daconquista das seis horas, re-tratada na edição passada doJoão de Barro. Nada disso foide graça, mas conquistadocom muito esforço e organiza-ção coletiva.

Esses direitos foram retira-dos dos (novos) trabalhadoresno auge do modelo neoliberalem nosso país, quando a Cai-xa estava sendo preparadapara a privatização. As normaseditadas pelo Conselho de Co-ordenação e Controle das Es-tatais, a partir de 1995, servi-am à concepção de gestores

que não pensavam a Caixa alongo prazo, e foram as respon-sáveis por tornar o cargo de es-criturário "em extinção".

A isonomia deve ser com-preendida como uma luta pararecuperar direitos conquistadospelos colegas mais antigos.Esse governo não gerou o pro-blema, mas tem que ser cobra-do duramente por manter tama-nha discriminação não só naCaixa, mas em todas as insti-tuições financeiras públicas fe-derais.

Apolítica de rebaixa-mento salarial e de di-reitos continua na Cai-

xa. Em 1998, a empresa lançouconcurso em São Paulo e Riode Janeiro, dois anos depois foiestendido para todo o país. Masos novos empregados, denomi-nados Técnicos Bancários, fo-ram admitidos sem os mesmosdireitos dos antigos empregados.

A reivindicação dos TBs pas-sou a ser um Plano de Cargos eSalários unificado, licença-prê-mio, anuênio e Apip, que paraos Técnicos Bancários tem queser renovado a cada acordo sa-larial, ao contrário dos Escritu-rários, que têm o Apip como umdireito no contrato de trabalho.

O tema é pauta de reivindi-cação nas campanhas salariais.Vários encontros em todo o paísestão sendo realizados para tra-tar do assunto e mobilizar os em-pregados a lutar por esse direito.

No Encontro de dirigentes edelegados sindicais da Caixa,ocorrido no dia 19 de janeiro, naFederação dos Bancários do RioGrande do Sul, foi definido oenvio de sugestão à Contrafpara a criação de uma comis-são nacional para acompanhar

aprovado o projeto, os empre-gados teriam "os mesmos direi-tos salariais, benefícios diretose indiretos e vantagens que go-zam os empregados admitidosem período anterior às normasreferenciadas".

Os deputados justificam aproposta, baseados na "luta ár-dua e persistente empreendidapelos funcionários das institui-ções financeiras públicas fede-rais, no sentido de estender aosnovos funcionários dessas casasdireitos que foram conquistadoshá décadas pelos empregadosmais antigos, constantes nos pla-nos de cargos e salários e nor-mas das respectivas empresas".

Para os parlamentares, aaprovação do projeto "é a opor-tunidade de amenizar o sofri-mento destes empregados injus-tamente discriminados e humi-lhados e de levantar, mais umavez, a bandeira do respeito e dagarantia aos direitos fundamen-tais do cidadão e do trabalhadorbrasileiro, consagrados em nos-sa Carta Magna".

O Projeto teve a parecer fa-vorável do relator, deputadoLuciano Castro (PL/RR). Norelatório o deputado afirma: "nãoexiste nenhum fato concreto,objetivo, a justificar o tratamen-to não isonômico entre os em-pregados das instituições finan-

ceiras públicas federais que in-gressaram antes de 30 de maiode 1995 e os que ingressaramapós essa data, bem como queo projeto em epígrafe viabiliza,de forma adequada, o fim do tra-tamento discriminatório verifica-do, julgamos que a proposiçãoem comento significa um avan-ço para a consolidação e aper-feiçoamento dos valores da ci-dadania e do sistema democrá-tico brasileiro, ao defender a in-tegridade do maior bem que oPaís possui - o brasileiro".

A íntegra do Projeto de Lei6259/05 está publicada na pági-na eletrônica da APCEF(www.apcefrs.com.br).

Marcos TodtTécnico BancárioDiretor deComunicação da APCEF

Projeto garanteigualdade de direitos

COBRANÇA

28 de março de 2007,14 horas, na Casa

dos Bancários,em Porto Alegre

(R. Gen. Câmara, 424),

A APCEF retoma emmarço as reuniões men-sais com aposentadas,aposentados e pensionis-tas. Nas reuniões são tra-tados assuntos como oSaúde Caixa, questõesprevidenciárias, Funcef eações. Os encontros con-tam com a participaçãoda assessoria do SeguroJurídico Previdenciário.

REUNIÕES

MENSAIS

e pressionar a aprovação doProjeto de Lei nº 6259/05, quedefende a isonomia salarial nosbancos públicos federais. Tam-bém foi decidido a realização deum encontro estadual dos Téc-nicos Bancários em março. Umdos palestrantes do Encontro, odeputado federal TarcísioZimmermann (PT/RS), falousobre os trâmites para a apro-

vação do Projeto de Lei. Segun-do o deputado, é preciso mo-bilização dos bancários para queo projeto possa ser aprovado emum período breve. "Os trabalha-dores precisam perceber a gran-de força que têm, pois é articu-lando mobilização popular comatuação política intensa que seconsegue alcançar os objetivos",disse ele.

HISTÓRIAS DEORGANIZAÇÃO COLETIVA

A história nos mostra: não éde hoje que os trabalhadores daCaixa lutam para eliminar dife-renças criadas pela empresa. Éabsurda a existência de cargosdiferentes com idênticas atribui-ções! A criação do cargo de Téc-nico Bancário, durante o gover-no do "inesquecível" FFHH, ofere-ceu à essa nova geração, o trata-mento de empregado de segundalinha, quando comparado ao Escri-turário. Possui menos direitos e re-cebe menor remuneração, embo-ra detentor das mesmas atribui-ções e produtividade.

A Caixa, dentro de sua es-tratégia de gestão de pessoas,erra feio quando não equiparanovos e antigos empregados.Os avanços obtidos nos últimosquatro anos são insuficientespara eliminar as distorções ge-radas com a criação deste novo

cargo. Existe um sentimentode indignação com essa situ-ação, o que é prejudicial para opróprio desenvolvimento daempresa, que pretende tornar-se uma das dez melhores dopaís para se trabalhar. Esta cor-reção deve ser nossa pautacontínua, marcando os debatese pautas de reinvindicações.

Não podemos nos satisfa-zer apenas com aumentos aci-ma da inflação nem com "abo-nos"! Devemos concentrar es-forços na busca da equipara-ção. Nós, os TB´s, já participa-mos ativamente das mobiliza-ções, mas precisamos atuarainda mais como protagonistasnas campanhas salariais, im-pondo nossas demandas e nãorecuando antes de tê-las aten-didas. Nada acontecerá por aca-so ou sem esforço.

Tiago Vasconcellos PedrosoTécnico BancárioDiretor de Relaçõesdo Trabalho da APCEF

MOBILIZAÇÃO

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hoje joão de barro fevereiro/2007 8

O Planeta pede socorro

João de Barro - Quais os

motivos de tantas mudan-

ças climáticas no mundo?

Moacir Berlato - Muitostrabalhos têm mostrado que oplaneta está aquecendo rapida-mente, especialmente nos últi-mos 30, 40 anos. E a causa dis-so, na opinião quase unânime doscientistas, é de natureza an-trópica, ou seja provocada pelohomem, especialmente pelosgases de efeito estufa que ohomem está jogando na atmos-fera. O gás carbônico (CO

2) é

responsável por 80% do aque-cimento global, mas há tambémoutros gases. Esse aquecimen-to está sendo notado em quasetodos os continentes. Trabalhosrecentes mostram que tempera-tura e precipitação pluvial estãosendo modificadas. A temperaturajá aumentou no século passadocerca de 0,7 graus centígrados.

JB - O que é o efeito es-

tufa?

Berlato - O efeito estufanatural é um efeito benéfico. Éum fenômeno vital, se não fos-se ele, a terra seria um planetacongelado. O efeito estufa é quemantém o equilíbrio térmico doplaneta. O problema é que o ho-mem está aumentando esse efei-to, o que é um problema.

Na verdade, podemos fazeruma analogia. Colocar o globodentro de uma casinha de vidro,quando o sol incide sobre o vi-dro, ultrapassa e aquece o am-biente, que se aquece e emite

calor, essa onda não consegueatravessar o vidro de volta e ocalor fica preso dentro daqueleambiente. A atmosfera funcio-na exatamente como o vidro.

JB - Quais são as conse-

qüências do aquecimento?

Berlato - As conseqüênci-as são drásticas. Muitas delasjá aconteceram, como o aumen-to da temperatura, o aumento donível médio dos mares. As pro-jeções são de aumento muitosignificativo. Também enchen-tes estão sendo mais freqüen-tes em todo o mundo. Tivemoshá pouco tempo, um fenômenometeorológico que não existia naAmérica do Sul, o furacão. Éuma característica do Hemisfé-rio Norte, aqui não se conhecia.E tivemos o furacão Catarina,

que é um ciclone. Um redemo-inho de ar que roda no sentidodos ponteiros do relógio, dealtíssima velocidade e destrói tudopor onde passa. Na costa de SantaCatarina e Rio Grande do Sul,houve um impacto muito grande,até com perdas de vidas.

Na agricultura, os impactosprevistos são a redução de ren-dimento na produção de muitasculturas, como por exemplo, o mi-lho e o arroz. O aumento das pra-gas e de moléstias das plantas. Oaumento de secas e de enchentes.Esses são alguns dos impactos pre-vistos e vários deles já observados.

JB - O verão está mais

quente?

Berlato - Os estudos que te-mos desenvolvido aqui no RioGrande do Sul mostram o au-

mento da temperatura. Isso estásendo mostrado também paraoutros locais. A variável quesofre mais impacto é a tempe-ratura mínima, que é a que ocor-re como resultado do resfri-amento noturno e é medida demanhã. E os resultados que te-mos nos últimos 51 anos no RSmostram que a temperatura au-mentou 0,8 graus centígrados.Bom, alguém pode dizer mas 0,8é pouco, mas isso é muito. Podemudar a fronteira agrícola, podemudar o tipo de clima de umalocalidade. É um aumento mui-to significativo. E dentre as es-tações do ano a que está aumen-tando mais é o verão: 1,1 grausnesse período.

Nos dados dos últimos 90anos, a temperatura mínima jáaumentou 1,4 graus centígradosno estado. E o aquecimento eos impactos das variáveis sãomais notados na segunda meta-de do século passado. A precipi-tação pluvial aumentou e a inten-sidade da chuva também está au-mentando em vários locais doestado. Essa chuva que provocainundações, igual ou mais que 20,que 50 milímetros por dia, aumen-tou no estado nos últimos 50 anos.

Isso tudo tem correlaçãocom a temperatura da superfí-cie do mar. Além da temperatu-ra do ar, a temperatura da su-perfície dos oceanos está au-mentando. E isto está correla-cionado, aumenta a temperatu-ra dos oceanos, principalmentedo Pacífico, naquela regiãoonde ocorre o El Niño e La Niña,

fenômenos de aquecimento eresfriamento que chega até ascostas da América do Sul. OsEl Niños, que é o aquecimento,estão mais freqüentes nos últi-mos 40 anos.

JB - Qual a solução?

Berlato - Os tomadores dedecisão e os governos têm quese conscientizar disso. Nós es-tamos mostrando o aumento dosúltimos 50 anos. Para frente nãose sabe, a tendência é que issocontinue, mas isso não é umaverdade. Temos muitas dúvidasdo que vai acontecer daqui parafrente e, principalmente, a inten-sidade. Os modelos menos drás-ticos indicavam um aumento emtorno de dois graus até o finaldeste século, mas outros mode-los estão indicando até 4,5 grauscentígrados.

Diante disso, os tomadores dedecisão e os governos têm quecomeçar a desenvolver estraté-gias, alternativas para minorar osefeitos dessas mudanças.

Na agricultura, já existemtrabalhos para o desenvolvimen-to de plantas mais tolerantes atemperaturas mais altas. Para oarroz, temos quantificado o im-pacto já ocorrido no rendimentode produção. Para cada grauque aumenta a temperatura mí-nima, há uma redução do rendi-mento do arroz de 10%. Issomostra que a maior probabilida-de sejam impactos negativos naagricultura. E é muito preocu-pante, porque é a produção dealimentos no mundo.

Floresta queimada para dar lugar à pecuária, em Mato Grosso.

Alberto Inda Jr.

ENTREVISTA

O professor de Agrometeorologia da Univer-sidade Federal do Rio Grande do Sul e doutorem Meteorologia pelo Instituto Nacional dePesquisas Espaciais (INPE), Moacir Berlato, ex-plica o que está acontecendo com o Planeta.

Carla Rossa

O relatório do PainelIntergovernamentalsobre Mudanças Cli-

máticas (IPCC), da ONU, divul-gado no dia 2 deste mês é as-sustador. A previsão de aumen-to da temperatura do planeta ematé 4 graus centígrados até 2100traz conseqüências que já estão sen-do percebidas, como o aumento dastemperaturas do ar e dos mares.

A ação humana é a maiorresponsável pelo aquecimentodo planeta, conforme o estudo.O aumento das taxas de dióxidode carbono se deve principal-mente ao uso de conbustível fós-sil, o petróleo. "Concentraçõesatmosféricas globais de dióxidocarbônico, metano e óxido de ni-trogênio têm aumentado notavel-

mente como resultado das ativi-dades humanas", diz o relatório.

Segundo os dados apresen-tados pelo IPCC, os efeitos dasalterações climáticas pode sersentidos no derretimento de gelona Antártida e na Groenlâdia,responsável por 15% do aumen-

to do nível do mar entre 1993 e2003. Até o final deste século, onível do mar deve aumentar en-tre 20 e 60 centímetros, isso semlevar em conta, por falta de da-dos precisos, o efeitos do dege-lo nos pólos. Contando com isso,a projeção é de que o nível do mar

subiria ainda mais meio metro.O relatório é enfático: o au-

mento da temperatura precisaser evitado. Uma das metas éreduzir em 50% dos níveis deemissão de gases até 2050. Oscientistas alertam que as atitu-des a serem realizadas nas pró-ximas duas décadas é que se-rão decisivas.

Em 1997, foi assinado no Ja-pão o Protocolo de Kyoto, ondeos países signatários se compro-metiam a reduzir as emissões dedióxido de carbono a níveis5,2% menores que em 1990. OsEstados Unidos, consideradosos maiores poluidores, se reti-raram do acordo em 2001, por-que George Bush julgou preju-dicial à economia do país.

O QUE FAZER?

Não é necessário esperarsomente por governos paracuidar do planeta. Cada pes-soa pode fazer a sua parte emcasa mesmo. Veja as dicasem relação à água.

* Troque válvulas de descar-ga por caixas de seis litros.Cada descarga com a válvulagasta de 10 a 30 litros de água.* Prefira duchas rápidas aosbanhos de banheira e feche ochuveiro enquanto se ensaboa.* Feche a torneira ao esco-var os dentes, lavar as mãose fazer a barba. Em cinco mi-nutos, uma torneira gastapelo menos 12 litros de água.Economizando, você gasta deum a dois litros.* Conserte as torneiras queestão pingando. Cada umapode perder mais de 40 litrosde água por dia.* Não lave pisos e calçadascom esguicho.Fonte: Greenpeace

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FÓRUM SOCIAL MUNDIAL

A importância da Áfricaque, se tiverem oportunidade eapoio internacional mais efetivo,certamente poderão ter um de-senvolvimento em condições degarantir oportunidades ao seupovo. Isso foi um resultado muitoimportante para todos os visitan-tes sociais que tiveram a oportu-nidade de conhecer melhor a re-alidade do Continente Africano.

O nosso compromisso desolidariedade com a África ficamuito mais forte com esteFórum em Nairóbi. Também ti-vemos um conjunto de debatesque recuperaram alguns temasque vinham de outros Fóruns,como o da dívida externa e aexigência de perdão da dívidaaos países pobres para que pos-sam usar os recursos no desen-volvimento social, da distribuiçãode renda. Retomamos o tema daguerra, o repúdio às ações mili-

tares norte-americanas, a exi-gência da retirada das tropas in-vasoras do Iraque e um esforçointernacional para recompor apaz naquele país.

Também teve três temasnovos que tiveram muita forçano Fórum. O primeiro foram osacordos econômicos. A Áfricaenfrenta hoje um debate seme-lhante àquele que tívemos quan-do da luta contra a Alca. AUnião Européia propôs para aÁfrica acordos de associaçãoeconômica. E encontra umaoposição muito grande. O quese discutiu no Fórum é que an-tes dos países em desenvolvi-mento fazerem acordos econô-micos com os países desenvol-vidos, seja priorizada a inte-gração regional. E que tambémsejam consideradas as diferen-ças de desenvolvimento das re-

giões.Um outro tema muito forte

no debate foram as migrações.Cada vez mais há um fluxo mi-gratório dos países pobres paraos desenvolvidos, que têm res-pondido a isso com cadeia, mu-ros e cercas. A reivindicação doFSM é de que haja uma melhordistribuição da renda no mundocomo uma forma de evitar queisso aconteça.

O terceiro tema muito cen-tralizado foi o da água. E foisurpreendente a quantidade deoficinas que trataram do tema.Foi inovadora a visão que oFórum apresentou com relaçãoao direito à água. A considera-ção da água como bem essen-cial à vida. A garantia de aces-so da população, a preservaçãodo caráter público da água etambém a preservação da so-berania nacional sobre a água.

JB - Qual a expectativa

para as próximas edições

do FSM?

Zimmermann - Eu pensoque a decisão do Conselho In-ternacional é correta. O proble-ma dos recursos para fazer oFórum a cada ano em um Con-tinente é muito grave. Agoratemos que fortalecer as atua-ções nas regiões, realizar Fórunsregionais em 2008 e, nós brasi-leiros, temos que nos esforçarpara trazer a próxima ediçãopara o Brasil.

João de Barro - Qual a

avaliação que o senhor faz

desta edição do FSM?

Luiz Carlos Susin - Estafoi a vez da África. É claro quea região em que acontece oFórum é beneficiada, seja pelapresença no Fórum, seja peloimpacto que o próprio provoca

na região. Apesar das dificulda-des logísticas e de comunicação,que explicam o número menorde participantes - algo em tornode 60 mil ao todo - houve umasignificativa participação daÁfrica, tanto do norte, a Áfricabranca dos desertos, como daÁfrica subsahariana, a Áfricanegra. A segunda presença quechamou muito a atenção foi aÁsia continental sul, mais espe-cificamente, da Índia, da Coréia,de Tawen.

E, apesar do número menorde participantes, o número deoficinas e painéis continuou sen-do alto, o que revela uma parti-cipação perseverante das orga-nizações que participam comdelegados ao Fórum. Os espa-ços do Fórum - o "território dooutro mundo possível" - foi tec-

nicamente muito bom, um am-plo entorno de um grande está-dio nacional muito bonito, mas ofato de estar bastante isolado dacidade não permitiu umainteração mais intensa com osquenianos da capital, uma expe-riência que em Caracas foi ex-cepcional.

JB - O que mais lhe cha-

mou a atenção?

Susin - Um dos aspectosmarcantes deste Fórum foi a li-derança de mulheres, de orga-nizações de mulheres. A gentesai com a impressão de que, defato, quem melhor articula alter-nativas para um mundo diferen-te são as mulheres. Inclusivemulheres de tribos muito tradi-cionais da África, e mulheresque trabalham de forma unida

quando provindas de diferentestribos, religiões e regiões.

JB - Qual a contribuição

que o II Fórum de Teologia

e Libertação para o FSM,

sendo o tema Espirituali-

dade para outro Mundo

Possível?

Susin - O Fórum Mundialde Teologia e Libertação estácomprometido com o mesmohorizonte do Fórum Social, sen-te-se parte dele e do sonho "umoutro mundo é possível". A su-gestão para que se evidencias-se a espiritualidade nos veio damesma África e da Ásia, nosentido de não apenas conduzirum Fórum ecumênico cristão,mas aberto à riqueza espiritualque há em diferentes tradiçõesreligiosas daqueles continentes.

Um certo número de oficinasforam repetidas no Fórum So-cial Mundial, assim como parti-cipantes do Fórum social Mun-dial anteciparam sua ida paraNairóbi a fim de participar noFórum Mundial de Teologia eLibertação. A força da espiri-tualidade para o compromissocom a transformação do mun-do, ao contrário do que se pen-sava no tempo de Marx, estábem aceita em nossos dias. Masnão é algo automático: a espiritu-alidade pode se tornar uma for-ça destrutiva quando se tornafundamentalista, intolerante, etc.Por isso, a teologia precisa seruma espécie de enxada para tra-balhar bem o terreno da espiritu-alidade se sonhamos que estaajuda o mundo a se tornar me-lhor.

A sétima edição do FórumSocial Mundial foi realizadaentre os dias 20 e 25 de ja-neiro, em Nairóbi, no Quênia.O Fórum foi dividido em 21eixos temáticos. Entre os te-mas que receberam atençãoestavam a água, paz e guer-ra, mulheres, migrações ehabitação. Cerca de 60 milpessoas participaram doFórum.

A próxima edição centra-lizada deverá ocorrer em2009, ainda sem definição dopaís-sede. No ano que vem,serão realizadas jornadas demobilização simultâneas emtodos os continentes, nos dias26 e 27 de janeiro.

O João de Barro entrevis-tou dois participantes doFórum. O deputado federalTarcísio Zimmermann (PT-RS) é o coordenador brasilei-ro da Rede ParlamentarMundial, responsável pelaorganização do Fórum Par-lamentar Mundial. O FreiLuiz Carlos Susin é Secretá-rio Geral do Fórum de Teo-logia e Libertação - Espiritu-alidade para Outro MundoPossível - , que antecedeu oFórum Social Mundial.

João de Barro - Qual a

avaliação que o senhor faz

da sétima edição do Fórum

Social Mundial?

Tarcísio Zimmermann -

O resultado mais político foi que,para todas as delegações, esteFórum significou uma descober-ta da África. Todos nós tínha-mos uma visão um pouco defor-mada daquele Continente, nin-guém tinha uma noção mais cla-ra das possibilidades e tambémdas necessidades que vive aque-le povo. O que encontramos fo-ram países que têm contrastesassim como temos aqui no Bra-sil, talvez mais aprofundados ain-da. O contraste entre aquelesque têm a riqueza e os que nãotêm é ainda mais brutal. Mas sãopaíses que têm um estágio dedesenvolvimento importante e

Tarcísio Zimmermann

Luiz Carlos Susin

Divulgação

Grupo temático de mulheres negras.

Luiz Carlos Susin

Divulgação

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enfoque joão de barro fevereiro/2007 10

COLUNA DOSAPOSENTADOS

Valorização da terceira idadeSeria de um imenso valor se

o Ocidente imitasse o Oriente,no que diz respeito à forma detratamento dos idosos. No Ori-ente, a velhice é um sinônimode sabedoria e os velhos são dig-nos de respeito e atenção pelavasta experiência que acumula-ram em seus anos de vida.

No Brasil, muitas pessoasconsideram a velhice como si-nônimo de doença. Isso porquea visão é aquela de que o indiví-duo só é valorizado enquantoprodutivo. Quando as pessoasmais velhas não mais produzem- na visão capitalista rompe-seum importante laço entre gera-ções antiga e nova, que é a re-ciprocidade afetiva, adulteradapelo fato de que "eles não pro-duzem, nós sim".

Assim, a velhice é encaradacomo um estágio em que as pes-soas atuam de forma poucoparticipativa e tudo o que diz res-peito aos idosos é consideradoultrapassado e improdutivo.

No que concerne ao papelprofissional, é importante que oidoso tenha uma atuação cons-tante e não se isole como se fos-se um incapaz. Embora algumasprofissões exijam um certo con-dicionamento físico e possamser vetadas a pessoas de idadeavançada, existe uma gama de

atividades que são perfeitamentepossíveis a pessoas bem maisvelhas.

Mas o trabalho não é tudo,um ser que foi útil a vida inteira,tem o direito a uma vida digna,durante a qual possa aproveitarseu horário livre para dedicar-se a outros interesses e obriga-ções para os quais não pôde, ounão teve tempo durante o perí-odo de atividades profissionais.

A partir do momento em queo idoso não se sente mais útil aoseu meio, acaba ficando condi-cionado a só fazer trabalhoscaseiros e sente-se desvaloriza-do pelo seu próprio meio. Inicia-se aí um distanciamento entreos velhos e os familiares, crian-do assim um estado de solidãopara os idosos com um difícilretorno à normalidade, por sen-tirem-se discriminados! Com oisolamento, todas as possibilida-des de um relacionamentoafetivo compensador se extin-guem e não se torna possíveluma convivência sadia entre asgerações.

Os idosos tornando-se isola-dos da sociedade, não encon-tram estímulos para desenvolversuas potencialidades criativas,tornando-se tristes, amargura-dos e, por fim, doentes!

Algumas das soluções para

os problemas vividos pelos ido-sos têm profunda conexão comproblemas sociais comuns emnosso país, como os que se re-ferem à habitação saúde e lazer;mas muitas outras têm relaçãomuito íntima com aspectos cul-turais, como por exemplo, a vi-são negativa sobre os idosos di-vulgados por meios de comuni-cação, ao invés de priorizar olado positivo da velhice. Quan-do a criança e o jovem perce-bem que vivemos numa socie-dade em que o que é novo é bome o que é velho é ruim, passama não considerar os idosos desua família e não dão importân-cia e atenção aos avós. Destaforma, isolam-se os idosos den-tro da própria família!

A nossa proposta é que secriem associações, instituições

recreativas, mantenedoras demeios que proporcionem à ter-ceira idade diversas formas delazer e entretenimento, quer nocampo dos esportes (adaptadosou não), na cultura e no traba-lho, tornando o idoso ocupado eprodutivo (dentro de suas capa-cidades) proporcionando-lhesaúde, alegria e uma vida commais qualidade. Esse é o deverda sociedade.

Quanto ao dever do idoso, éter a certeza de que ele podecontinuar servindo à sociedade,igual, ou melhor do que antes enão esquecer um só segundoque, gostar de viver, brincar,amar, enfim, ser feliz, só cessano último suspiro de vida e quese assim pensar e assim proce-der estará dando um inestimá-vel exemplo aos futuros idosos!

Do Livro: Os Novos Tempos da Ve-lhice - José Francisco Silva Dias -(Obs.: bom seria que todos tivessemeste livro em sua cabeceira)

Esta coluna contou com a cola-boração dos economiários aposen-tados: Beatriz Borba Gonzaga, DoraLúcia Neuberger, Manoel Tiberio,Mardir de Fátima Kurrle e LuizCarlos de Aragão.

Se você, colega aposentado,souber de histórias interessantese quiser contá-las, faça-o. Envie parao e-mail d.lucia@ terra.com.br ouleve ao colega Tiberio na Rua Vigá-rio José Inácio, nº 368, sala 603.

Dinâmica do OscarCINEMA

[canto do Klein]

Fevereiro chegou, e para oscinéfilos e para os nem tantotambém, é o mês do OSCAR. Éimpossível ignorá-lo, tropeça-senos filmes indicados por toda aparte, desde o dia 23 de janei-ro, quando as indicações foramanunciadas. Até o domingo, 25de fevereiro, a poderosa máqui-na hollywoodiana estará ven-dendo estes filmes de modo im-placável.

Depois desse período, so-mente a partir de maio come-çam a aparecer os chamados“arrasa-quarteirão”, aqueles fil-mes de diversão pura, bastantecorreria e explosões.

Interessante é entendercomo surgiu e se desenvolveueste que é o mais antigo prêmiode cinema do mundo (convémlembrar que também é um prê-mio que não sofreu interrupçõesde qualquer espécie – esta é a79ª edição).

Em 11 de maio de 1927, foifundada a Academia de Artese Ciências Cinematográficascomo um meio de incentivar e

F.J.KLEIN não perde umapremiação do Oscar desde quecomeçaram a ser transmitidaspara o Brasil. Ele detesta todas,mas não larga o vício.

agraciar os membros da comu-nidade de Hollywood que, numdeterminado ano, criaram avan-ços técnicos ou artísticos: umanova lente ou uma interpreta-ção marcante, por exemplo.

Por trás de tudo, havia omedo do comunismo.

Explico: o partido comunis-ta americano tinha, na época,influência nos vários sindicatos(“guildas”) de profissionais queintegram a comunidade cinema-tográfica – atores, técnicos,roteiristas, etc. Daí que a aca-demia era um meio de disputarespaços políticos.

Os membros originais daAcademia eram do comando dosestúdios ou ligados a este co-mando: atores como RichardBarthelmess, Douglas Fairbankse Harold Lloyd, diretores comoCecil B. DeMille , Frank Lloyd,Henry King, Fred Niblo, John M.Stahl e Raoul Walsh, técnicoscomo J. Arthur Ball (fotografia),Cedric Gibbons (arte) e Roy J.Pomeroy (fotografia), produtorescomo Sid Grauman, Jesse L.Lasky, Louis B. Mayer, Joseph

M. Schenck e Harry Rapf.Hoje em dia, os vencedores

são escolhidos por um colégiode mais de 5.800 membros vo-tantes da Academia. Concor-rem ao prêmio todos os filmesapresentados durante pelo me-nos uma semana em no mínimotrês cinemas do distrito de LosAngeles no ano anterior à ceri-mônia, e os membros da Aca-demia indicam os cinco selecio-

nados para a escolha final den-tro de sua própria categoria (ato-res indicam atores, diretoresindicam diretores etc.).

Quanto à escolha de MelhorFilme em Língua Não-Inglesa, éexigido que um órgão governa-mental submeta a candidatura deum filme para ser elegível. Cincotambém são selecionados.

Portanto, trata-se de umaeleição de dois turnos. Muitasvezes, comitês de campanhasão criados com o intuito deconseguir uma indicação: a pas-sagem de primeira classe parao segundo turno e à exposiçãomudial da mídia. Após a seleçãodos cinco finalistas em cada ca-tegoria, todos os membros vo-tam em todos os indicados (ounomeados) aos prêmios nestesegundo turno.

Por ter a dinâmica de umaeleição, muitas injustiças foramcometidas. Algumas foram re-paradas grosso modo, presente-ando o injustiçado com um Os-car pela carreira. StanleyKubrick só ganhou um Oscar deEfeitos Especiais por “2001 –

Uma Odisséia no Espaço”, as-sim como Orson Welles ganhouum pelo roteiro de “CidadãoKane” e outro pela carreira;Alfred Hitchcock só ganhou pelacarreira (e mesmo assim não foio Oscar e sim o Irving G.Thalberg Memorial Award de1967), assim como RobertAltman no ano passado ganhouo seu Oscar de “bom velhinho”.Só para lembrar alguns.

Sempre é bom ressaltar: oOscar é uma premiação rigoro-samente honesta, auditada porempresas confiáveis, mas,freqüentemente, é um prêmioinjusto, porque os humores doseleitores e a melhor campanhaeleitoral de um filme (não esque-cendo eventuais conchavos – fazparte desse jogo) são os fatoresverdadeiramente decisivos.

Como levar a sério umapremiação que considera “Rocky– Um Lutador” como o melhor fil-me (Ganhou de Rede de Intrigas)?

Trabalho rural.

Jair Giacomini

Eu,Já perdoei erros quaseimperdoáveis,Tentei substituir pessoasinsubstituíveis e esquecerpessoas inesquecíveis.Já fiz coisas por impulso.Já me decepcionei compessoas quando nunca penseime decepcionar,mas também decepcioneialguém.Já abracei para proteger.Já dei risada quando não podia.Fiz amores eternos.Amei e fui amado, mastambém fui rejeitado.Fui amado e não amei.Já gritei e pulei de tantafelicidade.Já vivi de amor e fiz juraseternas."Quebrei a cara"...muitas vezes!Já chorei ouvindo músicase vendo fotos.Já liguei só prá escutar uma voz.Apaixonei-me por um sorriso.Já pensei que fosse morrer detanta saudade e tive medo de per-der alguém especial... (e acabeiperdendo!)Mas vivi!E ainda vivo!Não passo pela vida...Bom mesmo é ir à luta com deter-minação,abraçar a vida e viver com paixão.Perder com classe e vencer comousadia, porque o mundo pertencea quem se atrave, e a vida é MUITOcurta para ser insignificante.

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enfoque joão de barro fevereiro/200711

TEMAImagens do Rio Grande do Sul

DOS PARTICIPANTESArt. 1º Estão habilitados a

participar deste concurso os as-sociados da APCEF/RS e seusdependentes.

Art. 2º É vedada a partici-pação dos diretores e conselhei-ros da APCEF/RS.

DA INSCRIÇÃO E EN-VIO DOS TRABALHOS

Art. 3º O período de inscri-ções inicia-se em 1º de marçode 2007 e encerra-se em 31 demaio de 2007.

Art. 4º Cada candidato po-derá inscrever uma única foto-grafia, feita a partir de qualquertipo de equipamento, que deve-rá ser impressa em papel foto-gráfico e ter a dimensão míni-ma de 18 x 24 cm e máxima de21 x 29 cm, e estar relacionadacom o tema do concurso.

Art. 5º O envio do trabalho

deve seguir os critérios abaixo:a) Envelope em tamanho

pequeno, lacrado, contendo aficha de inscrição com nome,endereço, telefone, pseudônimoe título do trabalho. Na parteexterna desse envelope deveráconstar apenas o título do tra-balho e o pseudônimo do autor.

b) Envelope em tamanhogrande, contendo a fotografia eo envelope pequeno citado noitem "a", constando no seu ex-terior o título do trabalho e opseudônimo do autor.

Art. 6º O trabalho deverá serenviado em envelope lacrado,via malote ou pelo correio, en-dereçado à APCEF/RS - "Con-curso Foto João de Barro 50anos - Imagens do Rio Gran-de do Sul" - Av. Cel. Marcos,851, Bairro Ipanema, PortoAlegre, RS, CEP 91760 000.

Art. 7º Não haverá taxa deinscrição.

Art. 8º O participante é res-ponsável pelas despesas de en-vio do trabalho.

Art. 9º A fotografia enviadanão será devolvida pela APCEF/RS.

DA CLASSIFICAÇÃO

Art. 10º Serão escolhidospela comissão julgadora os 15melhores trabalhos.

Parágrafo Único - Serãodesclassificados:

a) os trabalhos que não esti-verem de acordo com as especi-ficações deste regulamento;

b) os participantes que dei-xarem de ser associados efeti-vos da APCEF/RS durante avigência do concurso.

c) os trabalhos que forempostados após a data de encer-ramento das inscrições.

DA COMISSÃOJULGADORA

Art. 11º A ComissãoJulgadora será composta portrês membros indicados pela di-retoria da APCEF/RS.

Art. 12º A ComissãoJulgadora selecionará as 15melhores fotografias do concur-so e as disponibilizará no sítio daAPCEF/RS (www.apcefrs.com.br) para a votação do júripopular.

§ Único: O júri popular serácomposto por todos os associa-dos titulares da APCEF/RS atra-vés do acesso à página eletrô-nica da APCEF/RS. Cada as-

sociado poderá votar somenteuma vez.

Art. 13º O período da vota-ção será da 00:00 do dia 1º dejulho de 2007 até às 24:00 do dia31 de julho de 2007.

Art. 14º A ComissãoJulgadora poderá conceder men-ções honrosas ou deixar de con-ceder os prêmios, a seu critério.

Art. 15º As decisões da Co-missão Julgadora serãoirrecorríveis.

DA PREMIAÇÃOArt. 16º As fotografias es-

colhidas pelo júri popular, porordem de maior votação, serãoclassificadas em 1º, 2º e 3º luga-res e receberão pontos no Pro-grama PAR, na ordem seguinte:

1º lugar - 20.000 pontos2º lugar - 15.000 pontos3º lugar - 10.000 pontos§ Único: Para os demais tra-

balhos selecionados pela comis-são serão creditados 1.000 pon-tos do Programa PAR.

DO RESULTADOArt. 17º O resultado do con-

curso será divulgado pelaAPCEF/RS em até 10 dias apóso encerramento da votação do

júri popular, através da páginaeletrônica.

DAS DISPOSIÇÕESGERAIS

Art. 18º A APCEF/RS nãose responsabiliza por eventuaisdanos que a fotografia possasofrer em seu transporte e ma-nuseio.

Art. 19º A APCEF/RS nãose responsabiliza por reclama-ções envolvendo pessoas foto-grafadas. A exposição de pes-soas nas fotografias é de exclu-siva responsabilidade do autor.

Art. 20º As fotos ficarão naposse da APCEF/RS, que po-derá utilizá-las a seu critério.

Art. 21º Os participantesautorizam a APCEF/RS apublicá-las, divulgá-las ou repro-duzi-las sob a forma que julgarconveniente e renunciam a qual-quer pagamento a título de di-reitos autorais de quaisquer dostrabalhos enviados.

Art. 22º Casos omissos nes-te regulamento serão decididospela diretoria da APCEF/RS.

Art. 23º A simples inscriçãoconfigura a plena e automáticaconcordância do participantecom o presente regulamento.

Imagens fotográficas

FOTOGRAFIA

No ano dedicado ao cinqüentenário do João de Barro, a APCEF está lançando dois concursos: de fotografia e de crônicas.Nesta edição, publicamos o regulamento do concurso fotográfico, cujas inscrições podem ser feitas a partir de 1º de março.Participe desta promoção e mostre o seu talento. O regulamento também está publicado na página eletrônica www.apcefrs.com.br.

AAPCEF apresentaaos seus associadose associadas mais

uma facilidade. A partir de fe-vereiro, está à disposição a con-sulta online das movimentaçõesdo débito em conta.

Os valores descontados de-vido a temporadas em colônias,utilização de convênios, ingres-sos para piscina, reserva de sa-lões e de todos os demais pro-dutos e serviços da Associaçãopoderão ser verificados atravésdo endereço http://www.apcefrs.com.br/extrato/. Esta-rão disponíveis os débitosefetuados a partir de dezembrode 2006 .

No primeiro acesso, os no-vos usuários do sistema devemidentificar-se com seu númerode matrícula (somente números,sem letras nem hífen) e utilizaro número do CPF como senha.Na tela seguinte, será solicitadaa criação de uma nova senha,

A APCEF retoma a progra-

mação do APCEF em Cena

com a Oficina para Desblo-

queio da Escrita Criativa. A

oficina será ministrada pela

escritora e membro do Con-

selho Estadual de Cultura

Valesca de Assis. A aula i-

naugural ocorre no dia 24 de

março, das 9 às 12 horas, no

Centro Cultural Cia de Arte,

em Porto Alegre (R. Andra-

das, 1780).

Nesse dia poderão ser feitas

as inscrições para a oficina.

A proposta da oficina é de-

senvolver algumas técnicas

de criação literária, estimu-

lando a criatividade de cada

participante.

Também está prevista para

o mês de abril uma oficina de

teatro. A oficina é pré-requi-

sito para quem quer partici-

par do grupo de teatro Caixa

de Pandora.

Informações e inscrições

pelo telefone 51 3268 1611.

que será única para todos os ser-viços online da APCEF.

O sistema automaticamentenegará o acesso a quem não ti-ver o número de CPF cadastra-do na Associação. Se isso ocor-rer, o associado ou associadadeve entrar em contato com osetor de informática pelo tele-fone 51 3268 1611 para atuali-zar seus dados pessoais. A mo-

Mais opções para os associados

dificação será confirmada por e-mail, e a partir de então o extra-to do débito em conta poderá seracessado normalmente.

Conforme a presidenta daAPCEF, Célia Zingler, "a cria-ção do serviço de extrato dedébito via internet é mais umaetapa do planejamento de aper-feiçoar o relacionamento com osassociados. Acreditamos que é

um instrumento importante, poiscada um poderá conferir as di-versas rubricas do débito sem anecessidade de gastar com te-lefone e podendo acessar a qual-quer momento".

SAÚDEOutra novidade da APCEF

é a nova seção sobre saúde napágina eletrônica www.apcefrs.com.br. No espaço, serão publi-cadas notícias sobre a saúde dostrabalhadores, especialmente dacategoria bancária.

Para conhecer o novo espa-ço do site, basta entrar na pági-na eletrônica e acessar o itemsaúde na seção Setores, ouacessar direto o endereçowww.apcefrs. com.br/saude.

EXPRESSÃOCRIATIVA

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enfoque joão de barro fevereiro/2007 12

ciano magenta amarelo preto

COLÔNIAS

À beira-marPrivilegiada pela localização, a Colônia de Tramandaíatraí associados de todo o estado.

AColônia da APCEFem Tramandaí é amais procurada pelos

associados para o veraneio.Associada há 17 anos, CarmenRegina Bissacot, de SantaMaria, escolheu Tramandaípela terceira vez. "É um lugarótimo, perto do mar", diz. Paraela, o único problema é adeteriorização que a Colôniasofre ao longo dos anos. "Sebem conservado, fica maravi-lhoso". O associado MarioSergio Rocha Azambuja, deButiá, sugere que sejam cons-truídos mais apartamentos. As-sociado desde 1976, ele lembraque "a Colônia está necessitan-do de reformas urgentes".

A Colônia dispõe de 30apartamentos para seis pesso-as com cozinha equipada, res-taurante, sala de jogos e vídeo,churrasqueiras externas, praci-nha infantil e estacionamento. AColônia fica na rua Ubatuba deFarias, 627.

TRAMANDAÍ - A cida-de oferece várias atraçõesalém da praia. Para quem gos-ta de pesca, três opções: a pla-taforma de 400 metros maradentro e a pesca da sardinhana ponte que liga Tramandaí aImbé. Outra atração são as 17

mini plataformas à margem dorio Tramandaí, com infra-estru-tura para a pesca com linha etarrafa.

No Horto Florestal do Li-toral Norte pode ser realizadauma trilha, com a orientação deguias. O Horto é uma área re-

servada à preservação e aoestudo de espécimes florestais.Já o Parque Histórico Mare-chal Osório mostra um poucoda história do Rio Grande doSul. Em uma área de 174 hec-tares, conta com camping erestaurante.

OGrupo de Trabalhoda APCEF, que temo objetivo de promo-

ver melhorias nas Colônias depraia da Associação, se reuniuno dia 20 de janeiro para apre-sentar algumas propostas paraa Colônia de Tramandaí. A reu-

Colônias de praianião teve a presença do arqui-teto e associado da APCEFEduardo Speggiorin, que sedispôs a auxiliar o grupo nabusca de uma melhor soluçãopara resolver os problemas dasColônias de praia.

Para a próxima reunião,

marcada para o dia 17 de mar-ço, será debatida uma das pro-postas que prevê a construçãode uma sede nova. Será apre-sentado pelo GT um levanta-mento estatístico de ocupaçãoda Colônia de Tramandaí e oplano de necessidades, que

irão subsdiar a elaboração doprojeto arquitetônico.

Quando definidas, as pro-postas serão apresentadas àDiretoria Executiva e ao ConselhoDeliberativo. Depois, os associa-dos serão consultados sobre amelhor alternativa para a Colônia.

Fotos Carla Rossa