hogben euclides sem lagrimas
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7/21/2019 HOGBEN Euclides Sem Lagrimas
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•
CAPITULO
IV
~ U L I D E S
SEM LÁGRIMAS
ou
Q _
e
se
F_oâe azer
com a Geometria
'Nos cat)ífulos anteriores, esforçamo-nos por fazer
uma
.recóns·
tifitlção,
em
parte imaginada,
do
mundo
de
antanho, o mundo em que
os homens começavam apenas a balbuciar a linguagem das grandezas.
Até cêrca de 2000 a.
C., muito
pouco se fêz no sentido
de
inventar
princípios gerais relativos à contagem e me.diçiio das coisas. A lite·
ratura
matemática
ainda
não existia. As realizações arquitetônicas
de nossos antepassados impressionam-nos bem mais que as poucas
tabuletas de aritmética comercial desenterradas em Nippur, ou o papiro
que encerra hHlo quanto conhecemos :acêrca
da
sabedoria sacerdotal
da civilização do Nilo. A grande pirâmide de Queops foi o grande
monumento que êles
ergueram
àquelas momentosas verdades sôbrc
triângulos, que
transmitiam
de bôca em bôca, sacerdotes a n o v i ç o ~
mestres rle obras a aprendizes , escravos artífices aos seus filhos. Por
tentoso monumento Talvez
ainda
exista, no dia em que deixarmos de
aprender como os gregos construíram a
sua grande
pirâmide de lógica,
não menos rígida e inabalável ... Não resta a menor dúvida que
ns mquitctos dos templos e os coletores de impostos já haviam adquirida
a prEltica de
traçar
modelos na areia
para
orientá-los na
arte
de medir
sombras
e dimensões, muito antes de aparecerem os primeiros homens
que col ecionaram as figuras traçadas e tentaram formular os princí
pios fundamentais das artes construtivas. O traçado na areia con
tinuou a ser,
por
séculos e séculos, o único método resolutivo do
:;
problemas geométricos. Arquimedes, o maior matemático da anti
guidade, estava a fazer desenhos na areia, quando foi massacrado pela>
legiões romanas. Os métodos pelos quais os homens fizeram as
primeiras construções geométricas, com o auxílio de cordas e cavilhas,
tio de prumo e nivel
d'água,
são bem mais notáveis que os livros
sôbrc êles escritos.
Aos chineses cabe a glória de terem sido os primeiros a lançar
as
bases ele uma
literatura
de grandeza s. A medida que o tempo passa,
mais 11os capacitamos
do
quanto lhes devemos. A ilustração que
r e p r o c l u z i l ~ o s na Fig .
19,
basta para
justificar
a nosr-a crença de <Jue,
' i
· I
l
. EUCLIDES SEM LÁGRIMAS
121 .
meio milênio antes dos gregos, êles
lá
haviam
descobertd
regras gerai'
importantíssimas relativas às figuds. Também sôbre os números,
descobriram muitas causas interessantes misturadas,
porém,
com bo1
dose de bobagens. P a r e c ~ provável que já conhecessem as famílias nu
merais, tão importantes na moderna estatística. Lamentàvelmentc,
apenas uma pequena parcela de seus conhecimentos chegou até nós. ú
resto se perdeu. Como as duas bibliotecas de
Alexandria,
as primitivas
bibliotecas chinesas foram incendiadas. Esta calamidade não foi
obr&
da guerra. O incêndio foi propo sitado, tal como a
destruição
da
cultura alemã pelo chanceler Hitler. Ordenou-o um imperador que
acreditava, como Bernard Shaw, que os homens haveriam de escreve
melhor se lessem um pouco ·menos.
· A princípio os chineses gozavam
de
pelo menos uma vantagem
sôbre as primeiras civilizações européias. Os scus o rganizadores
calendários constituíam uma casta cerimonial menos fechada. :Ries
eram tipos mais leigos.
Não
sabemos porque os chineses não cumpri·
ram as suas promessas mais antigas; potlcmos apenas
conjeturar
sõbre
alguns dos seus obstáculos, Uma das razões, pode ter sido o fato da
sua educação ter começado cedo demais. Além disto, êles estavam
carregados com
uma
complicada escrita de hicroglifos, imprópria para
exprimir coisas simples de maneira simples. Por isso, êles
llão
foram
adiante.
Qs
gregos que, possivelmente, aprenderam muito dêles, não
tinham
nem o obstáculo da casta sacerdotal, nem o de
uma
educação custosa.
Enquanto os chineses escreviam seus primeiros livros
de
matemática,
C
continente grego era invadido por certas tribos nômades provindas
do norte. :Rsses inv aso res arianos eram originários de desoladas es
tepes, de raras noites estreladas. Não conheciam a arte
de
escrever.
Ignoravam as
artes da construção
e do comércio. Não dispunham
de pesos e medidas.
Só
o que sabiam fazer era assolar as costas da
Asia Menor, onde
fundaram
pequeninos reinos, como a
Lidia,
insig
nificantes cidades-estados, como Mileto, bem no ex t
remo
da
g r a n t l ~
cadeia de portos comerciais fundados pelos maiore s comerciantes
c
navegadores da antiguidade. Foi por intermédio dos fenícios-semitas
que o homem nórdico contraiu a sua primeira
divida para com
os
judeus. Dívida, esta, d aluno para professor. Com êles
aprendeu
a . er, a escrever, a contar.
Sua
própria
ignorância
facilitou-lhe re·
nunciar
à
complicada
escrita
pictórica .e aos
ideogramas
que embar
gavam o progresso das primitivas civilizações do Egito e da China.
Lançou mão dos velhos símbolos, para representar
a,s
sonoridades de
sua língua mais simples. Adotou um bom alfabeto, com que começou
a compor frases claras e simples. Como
não
o
esmagassem
tradiçõe'
de ~ e r . i m o n i a i s complicados, podia sondar os segredos sacerdotais com
=\lr qsgl l9.e, ~ l l
:vez de 9 fa:zer · o n ~
~ e y e r § n c i J . ,
N i n g u ~ ~ h c n s ~
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1?.2
MARAVILHAS DA MATEMÁTICA
nara que
no
princípio era o Verbo . No princípio era o
Caos.
·p;
ordem,
fê
-la êle, depois de se familiarizar
com
o
caos.
Não sabemos se êstes selvagens nórdicos que ocuparam o nor
deste mediterrâneo tinham olhos azuis e cabelos louros. Só sabemos
r
1
ue
nada, em absoluto, justifica a crença que as realizações científicas
ela
c i v i l i z a ~ ã o grega eram fruto
de
seu equipamento racial.
Os
dois
famosos funclàdores da geometria grega, Tales (640-549
a.
C.) e
Pitágoras ( 587-507
a.
C.)
eram
-ambos
de
origem fenícia . A ciência
e a matemática só penetraram no continente grego, quando êste já se
e n c o n t r a ~ no fim
de
seu período de formação. Introdl)ziu-as na
côrte de Péricles, Aspásia, sua amante, cidadã de Mileto, cidade do
litoral da Ásia Menor. Mileto era a pátria
de:
Tales. Foi a convite
da favorita que Anaxágoras transpôs o mar Jônio e pisou o continente
grego. Pitágora s e Empédocles, os primeiros que estudaram o vácuo,
viviam na Itália e na Sicília . Demócrito, o especulador do átomo,
morava em Abclera, entre a
Ási-a
Menor e o continente grego. A
cstrêla da ciência grega já se punha no horizonte,
qua
·ndo o culto da
filosof ia começou. Grega nunca fôra, no sentido continental da pa
lavra. E a princípio,
nem
sequer o fôra no sentido racial.
A origem tiriana de Pitágoras talvez explique
os
sinais evi
'1entes de influência chinesa encontrados em seus escritos, objeto do
próximo capítulo. Pitágoras muito viajara pela Ásia. Nos
d i a ~
de
st1a
mocidade, entrara em contato com a grande comunidade co
mercial, portão das rotas comerciais
do
interior asiático. Quanto a
fales que viveu numa ilha
ou
numa comunidade costeira,
sem
castas
viajado, conhecera o Egito; aplicara
os
p r i ~ í p i o s que imaginara à me
dição da altura da Grande Pirâmide; predissera o eclipse ocorrido a
28
de maio de 585
a.
C.; fizera experiências com o âmbar; foi o primeirn
a observar
as
atrações magnéticas e estudara o
Íman.
Não cultiva\·a
a matemática como instrumento de perfeição espiritual. Provàvel
mente ficaria muito surpreendido se
lhe
dissessem que ela poJia servir
~ a r a isto. A situação
gc<Jgráfica
valeu a
êsses
gregos jônios (como
Tales que viveu numa ilha
ou
numa comunidade costeira, sem
c a s t a ~
preexistentes de comissários eclesiásticos), uma grande vantagem sô
hre seus contemporâneos chineses. Bem a podemos vislumbrar
num
f r : ~ g n w n t o
do primeiro grande materialista sôbre o qual
K-arl
Marx
escreveu a sua tese doutoral. Eis
as
palavras de Demócrito:
De todos os meus contemporâneos,
fui
o que mais viajou, o
que mais conhecett a terra; visitei as regiões mais remotas, estudei
s
clima·s mais diversos,
os
mais variados países, ouvi mais ge·nte.
~ i n g u é m
me venceu em construções e demonstrações geométricas,
uem
mesmo os
geÔI _letras do
Egito, entre os quais passei
cinco
longos
anos . . . .
EUCLIDES SEM
LÁGRIMAS I
. '
r' ' Não é de admirar qüe Platão - para quem a geometria era
um
éXercício do intelecto desencarnado - desejasse ver incendiadas tôdas
as obras de Demócrito. 'Eernard Shaw elogiou a sabeDoria
do
César
Fascista que assistiu, sem pestanejar, ao incêndio da Biblioteca de
j\Jexandria e à conseqüente destruição dos sessenta traraclos de De
mócrito e de tôdas as realizações astronômicas dos alexandrinos. O
mesmo fogo destruiu, por certo, também, muita conversa-fiada inútil
e prejudicial. Os males
do
intelectualismo grego, êstes, porém, so
breviveram à destruição das chamas. Os bens, ficaram nas cinzas.
'As únicas realizações substanciais que nos restaram foram a ciê ncia
corrompida de Aristóteles e a geometria platônica, levada por E ucli
des para Alex-andria.
Foi êste Euclides
quem
declarou, certo dia, não haver est rada
real para a matemátic-a. Disse-o a um rei, mas é provável
que
também
o dissesse a
seus
alunos. E quando um dêles
lhe
perguntou para
que servia a geometria, o mestre mandou um escravo dar-lhe u
ma
moeda a fim de que êle tivesse uma compensação pelo seu trabalho.
Não obstante a opinião de Euclides, a ativa sociedade cosmopolita ele
Alexandria não tardou a encontrar
uma
utilidade para a sua geometria.
Outro tanto
f a r e m o ~ nós.
AS
LIMITAÇOES
DE
EUCLIDES
Nossa geração presenciou uma verdadeira revol11ção
no
conceito
clássico do geometria. Hoje, associâmo-la principalmente aos nomes
de Ernst Ma ch e Einstein. Já sabemos que a geometria de Euclides
não é a
que
melhor nos faculta a medição do espaço. Isto não quer
dizer que não seja, ainda, um conhecimento útil. Sempre o foi e
ainda o é. As novas descobertas mostraram apen-as que ela tem suas
limitações. Julgo conveniente mencionar, desde logo, algumas, ao
invés de relegá-las tôdas para o fim
do
livro. Para muitos propósitos,
a geometria grega ainda é o melhor instrumento à nossa disposição.
Qualquer balança
de
venda é de mais serventia,
no
lar, que uma ba
lança química. A própria delicadeza desta,
que
lhe permite estimar
as dimensões do átomo, torna-a inconveniente para usos domésticos.
Pois bem, aprendemos, ainda hoje, a geometria
de
E11clides,
para usos
domésticos. A geometria dos seus mestres jônios fundava-se, origi
nàriamente, na observação de como os homens construíam casas e
loteavam a terra. Ela
cessa
de ser útii
1
quando se trata
de de
termi
nar a posiçãl)
da
mais distante nebulosa
ila
constelação
da
Ursa Maior.
Essas nebulosas distam de
nós
mais de trezentos anos luz. A luz,
com sua velocidade de dezoito milhões de quilômetros por minuto, leva
t ~ e z e p t o s l lOS
para percorrer q espaço que delas nos se).lara.
i .
•
.
/
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124 MARAVILHAS DA MATEMÁTICA
Não nos surpreenderão essas limitações, se levarmos em c<Jnta
o fato de ser a geometria grega circunscrita pelo seu ambiente social.
Já
vimos que a aritmética grega não lograva descobrir o resultado
da corrida de Aquiles e da tartar uga. A geometria grega tampouco.
Originária da prática de desenhar na areia e de construir .coisas per
manentes, tais como edifícios e navios, esta geometria não levava em .
consideração a existência do tempo. Suas linhas, ângulos e figuras,
uam
todos fixos. Porisso, quando recorremos a suas figuras imu
táveis para orientar-nos na medição de um mundo eminentemente
mutável, temos de recolher, às pressas, aquilo que os gregos expur
garam das figuras. Nada há de tão sólido que possa permanecer
exatamente tal corno é. Quando afirmamos que a superfície do
Brasil
é
de 8 500 000 quilô metros quadrados, admitimos que suas
fronteiras não se alterarão, pelo menos durante o período em que
pretend emos u sar est a in formação, como também que o volume da
terra permaneça inalterável.
Na
realidade, o mundo encolhe
à
mé·
dida que vai esfriando. Seu encolhimento
é
sensível num período de
várias eras geológicas.
. .
I
I
I
I
I
I
:
Area
200x200
g unidades quadradas
<
I
I
I
I
I
I
I
'
Perímetro
-
800
unidad•s
-.
-_-
_
_ _
_
. . . , z o o ~ - - -
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Area-
100x300 unidades
quadradas
Perímetro-
800
unidade
:
..
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__-_-
_ _-_ _-_
- _ - : - 3 ~ 0 ~ 0 - - - - - - _ -___-_-__-_-_ .J
.
Fir. 28 - A RELATIVIDADE DO TAMANHO E A S I RVENTIA SOOIAL.
I
6
o
I
I
Quando afirmamos que determinada cabca tem
um
certo volume,
referimo-nos a u a medida suposta invariável entre a ocasião de sua
manuf atura e a de sua destruição. Como o fator t mpo não interessa
na utilização particular que daremos a esta informação, ou desprezâ
mo-Io, ou isolàmo-lo do es.P lço. Quando asseveramos que determi
nado terreno tem tal superfície (ou área), não levamos em considera
ção o fato de a terra encolher-se p<Jr resfriamento. Nem mesmo as
pessoas interessadas
na
exploração do subsolo, por bem saberem que
não se pode cavar até o centro da terra, muito menos interferir com
os antípodas, levam em conta a profundidade dos terrenos que adqui
rem. Os primeiros homens que procuraram medir áreas não estavam
inte.ressados em explorar o subsolo; sim em saber quantos grãQs po
denam
semear em seus campos, quantos poderiam colhêr, ou quantas
EUCLIDES
SEM LÁGRIMAS
UI
ovelhas e reses pôr a pastar. Foi apenas quando tiveram de construir
cercados para proteger seus rebanhos, vinhas e templos - onde
propiciavam
os
deuses, senhores da chuva, das estações, do sol -
~ u e de.P"lraram com um novo problema. A Figura 28 mostra como
um cercado do .mesmo tamanho pode circunscrever dois terrenos
ou
lotes
de
áreas diferentes. No primeiro, o número de grãos que
se
podem semear, ou o número de ovelhas que se podem tosquiar, é um
têrço maior que n segundo. Quando medimos comprimentos, des
prezamos esta particularidade, que em nada afeta a construção do
cercado. O comprimento
é
a dimensão que interessa ao construtor
de muros. A área, a dimensão que interessa aos semeadores. O
volume, a dimensão que interessa aos que trocam leite e vinho. O inte
lectual grego não percebia a relatividade que existia entre a dimensão t
a utilização social. . Os anatomistas das figuras criam haver chegado ao
extremo limite da dissecação, quando isolaram a linha, o ângulo e o
ponto (isto
é,
a posição
de
onde partem as linhas). Eram êstes os
elementos imutáveis, exteriores ao tempo, e pois, eternos. A partir
desta base inabalável, bem podia a razão alçar seu vôo e conquistar.
aôzinha, o resto
da
verdade. A linha era o comprimento, na sua
pureza e simplicidade. O ponto, a posição, na sua pureza e simpli
cidade.
Bem outra
é
nossa atitude. Para nós - conforme observou
Oscar Wilde - nunca a verdade é simples, e raram ente pura. Os
gregos estudavam a anatomia dos objetos mortos. A anatomia sur
giu antes que o homem pudesse c<Jnceber a fisi<Jiogia do corpo vivo,
móvel, mutável. E ela que nos ensina a localização dos órgãos do
corpo, e que nos diz como orientar-nos dentr o dêste corpo. A geo·
metria das figuras planas ensina-nos a orientar-nos por entre as fi
guras planas. A anatomia expõe a naturez a do cadáve r dissecando-o.
A geometria expõe a natureza das figuras planas dissecando-as. Nem
todos
os
liv.ros de anatomia partem do mesmo ponto. Tampouco
de ~ e o m e t r a
b s e r v a
n d o - . s ~ como os órgãos das figuras planas
- hnhas, angulos e superf1c1es - são reunidos entre si,
p<Jdemos
começar de onde nos aprouver, isto é, de acôrdo com o que admiti
mos como es.tabelecido. Não existem verdades eternas, das quais
devemos part1r. As regras enunciadas sôbre as figuras planas, co
mo sô?re as figura.s sólidas, são tôdas verdades aproximadas, quan
do aplicadas
à
med1ção de um mundo em mutação. São tôdas exce
lentes modelos para orientar-nos nas obras de construção e de di
visão da terra. Até certo ponto, prestam-se muito bem para a
d ~ s c r i ç ã o do macrocosmo das estrêlas. Demócrito não perdeu os
cmco anos que passou entre os egípcios, observando a sua maneira
de construir e de dividir o ~ e r r e n o , para transmitir os princípios a
seus concidadãos.
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MARAVILHAS DA MATEMÁTICA
A geometria, objeto dêste capítulo, é a que trata das figuras que
se podem traçar com régua e compasso, seguncjo a prescrição platô
nica . Assim sendo, a perfeita igualdade encontrada entre os números
inteiros, machos ou fêmeas, da aritmética grega, não tem cabimento.
Os ângulos, áreas e linhas que aqui figuram, só podem ser represen
tados por números esticáveis, isto
é,
pelos números que se aplicam
a medições reais. A expressão AB
=
CD não significa
a
linha
AB
é
exatamente
igual à linha
CD ,
pois que não se podem fazer
l i n h a ~
exat<nnente iguais a régua e a compasso. Sua tradução correta é
a seguinte: Medi AB para obterdes o comprimento de CD com
a precisão necessária .
Os
gregos não estavam acostumados a presenciar variações radi
cais e rápidas de costumes. Contavam o tempo com relógios s o l a r e ~
ampulhetas. Não possuíam nenhum aparelho físico, capaz de medir
mtervalos de tempo in feri ores àquele que leva um ôvo para cozinhar .
Era, pois , natural que julgassem a medição do espaço completamente
independente da medição do tempo. A arquitetura, a agrimensura
e o comércio, haviam secularizado o espaço nos países que os mate
máticos gregos visitavam, mas o registro do tempo ainda era,
em
grande parte, prerrogat iva da casta sacerdotal. E a geometria grega
.não se ressentia desta usurpação. O próprio Arquimedes, que apren·
dera
geometria no Egito e aplicava-a à construção de rodas e alavan
cas,
cria
que a reta
é
necessàriamente reta por ser o caminho m:üs
curto entre
dois pontos. Isto, que
é
verdade para a mor parte das
finalidades práticas, não é uma verdade inevitável, eterna. E por
que não o é, diz-nos o biologista.
Há
uma parte de nosso ouvido
interno sensível
à
influência da gravidade. Graças a ela o gato cai sem·
pre, exatame·nte, sôbre as quatro patas e o peixe se mantém de barriga
para baixo. Se agitarmos o fluído que enche o nosso ouvido interno
- como quando giramos ràpidamente o corpo - ficaremos tontos, sem
saber se o teto é ch l.o ou se o chão
é
teto. O c a m a r ã ~ ; ~ possui um
órgão idêntico. Se o enchormos de limalha de aço, o camarão obede
cerá à atração de um magneto, ao invés de à gravidade. Se as linhas
do campo magnético forem curvas, jamais o camarão poderá nadar
segundo uma reta.
Para
êle, o caminho mais curto entre dois pontos
será uma curva. As mais simples estimativas sôbre o comprimento
de uma linha, envolvem
moviment ção
dos músculos dos olhos .
De·
pendem, pois, do tempo e
elo
espaço. Tôdas as ilusões óticas sôbre
distâncias provém
do
fato de elas nos obrigarem a forçar os olhos a
fazer um movimento a que não estão afeitos. No mundo real da
biologia, tamanho e movimento são entidades inseparáveis.
Ao
abandono do fator tempo deve o método de Euclides uma.
outra limit>ação,
a que só seremos sensíveis quando estudarmos, como
os.
á r ~ b e s
a compor sentenças em linguagem matemática. Na época
EUCLIDES SEM LAGRIMAS
m
em que êstes usavam figuras planas, como os gregos, para reproduzir
em escala os objetos de seus problemas de cálculo, não tardaram a
observar uma curiosa discrepância. Os modelos que traçavam só
eram capazes de dar urna resposta a cada pergunta . Mas há pergun
tas que admitem várias respostas e os árabes conheciam suficiente
mente os números para saber que, em muitos casos, dois e mais
clêles
podem ser respostas igualmente satisfatórias a determinadas perguntas.
A discrepância observada
era
devida a uma razão muito simples: não
terem as figuras de Euclides, posição determinada. Com efeito, a
geometria grega considerava idênticas, coisas evidentemente diversas .
Não desprezava apenas o tempo, também a posição . Foi só quando
a determinação do
ponto
de um navio no mar inspirou uma nova
geometria, que o fator tempo se incorporou definitivamente à ciência
geométrica. Mostra -nos a Fi g. 26 que Aquiles só ·alcançou a tarta
ruga quando êste fator tempo entrou nas cogitações geométricas.
O estudo desta limitação leva-nos às primeiras definições usadas
na dissecação das figuras planas, isto
é,
às instruções que nos ensinam
oomo deit ar o cadáver e aplicar o escalpêlo. A geometr ia de
Eu-
nfado
~
: » > · · · · · · ~
csnslre
Flr.
29
IM OIMA.
-
Dolo
trilnculOI
podem
••• eemelhont
quonto A om• l•to 6
l r 01 t rh lnguloo eqnlvolenlea) e, no
enlanto,
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EM BAIXO. -
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a mesm&
fo11na e o
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t:uu ohoj
lo
o ~ n ~ IÓ t&rlo completamente equir.lon\u .., livorom a moomo podçll.o,
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llll
MARAVILHAS DA :MATEMATICA
clides admitia que as figuras podiam ser análog-as quanto à forma,
ao tamanho ou a ambos. Quando análogas em forma e tamanho,
Euclides as considerava completamente iguais. Figura s limitadas por
retas são análogas quanto
à
forma, ou semelh ntes (observe-se o uso
desta palavra) quando têm os ângulos equivalentes. São análogas
em tamanho quando, tanto seus lados como seus ângulos, são equi
valentes e encerram superfícies equivalentes. Dois triângulos Podem
encerrar áreas equivalentes, sem que por isso tenham os lados e
ân
gulos equivalentes. A Fig . 29 mostra-nos que, se quisermos usar
as figuras comQ modelos do mundo real, devemos atentar
para
outra
característica importante, além do tamanho e da forma.
· Não perderemos tempo em discutir a utilidade das tentativas eu
clideanas de demonstrar quando dois triângulos têm o mesmo tamanho.
Euclides começou a sua dissecação pelo ponto mais difícil. O pro
cedimento mais lógico é principiar por inquirir de que dados preci
samos para .
traçar
um triângulo, uma vez decidida a sua posição.
Mesmo f artmdo de Un:t ll. l9. ixo
_(Fig.
30)
1
possíy:e traçai: gu.at o
COMO BK TRACA. UM TRIANGULO
o)
Oonheeem·Jo os eomprimentoa doa trila Ladoo.
,. Conhe.·.•m·IO OI comprimenl<>a do doi• lodos • o tamanho do
a n ~ t o
e-.
preendtdo entre êlo1. .. ..
(•)
Conhecem
-se _ comprimento tle um lado e
os tamanhoa
doa dois nruJ
01
q u
" ~ ~ l r o a do11 Jadoo formam com o Lado oonhocldo,
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~ · ~
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-
Uli DAS PRIMlllinAS MANEinAS Dlll UTILIZAR O O.A.SO ~ ) ,
ATRIBUJDA A ' 'ALES
F i ~ .
30
EUCLIDES SEM LÁGRIMAS
2A
.
triângulos, a menos que nos informem qual a posição desejada.
'A
Fig.
30(a)
apresenta dois dêsses triângulos
PQ.Ssíveis,
de que os outros
dois não são mais que inversões. A anato mia doas figuras planas,
segundo a geometria grega, é útil como modêlo do mundo real, porque
revela a equivalência de ângulos, linhas e superfícies fàcilmente m.e-
díveis, com ângulos, linhas e superfícies, difíceis de medir.
As
verdades
aproximadas que apresenta, não são mais que processos de se medir
quantidades insuscetíveis de medição direta. Para descobrir essas
verdades aproximadas, o grego se valia de verdadeiros
truques
de
dissecação, tais como dividir a figura em t riângulos, reconhecer quais
os completamente iguais, e deduzir, dêsses, quais as - inhas e ângulos
equivalentes. Pela s razõ:es apresC' ltadas
"na
página
77
é impossível
descobrir quais os elementos exatamente iguais das figuras traçadas
a régua e compasso. Contornamos êste obstáculo esquecendo a frase
"completamente iguais,
ou
iguais
em
todos os respeitos", e passaremos
a classificar os triângulos em semelhantes (angulos iguais) e não-
semelhantes, equivalentes em área
ou
não equivalentes em área, equi
valentes em tamanho (lados, ângulos e áreas equivalentes) e
não
equivalentes em tamanho. Para serem iguais em todos os respeitos,
os triângulos precisam de ter outra característica comum: a posição.
Dois triângulos equivalentes quanto
à
forma,
à
área, ao tamanho e
à posição, são perfeitamente idênticos, isto é, se con fundem.
Triân-
gulos equivalentes em tamanho, distintos e diversos em posição, po
dem diferir de duas maneiras, conforme sejam
ou
não invertidos, um
em relação ao outro, como reflexos
num
espelho.
O contôrno de dois triângulos que sejam imagens refletidas, I»
dem coincidir, se êlcs forem de vidro ou de tecido estampado, com o
mesmo padrão, de ambos os lados. Se porém, o padrão fôr
diferente
nos dois lados do tecido,
ou
se o vidro fôr espelhado num
loado
só, os
contôrnos não mais coincidirão.
Uma
vez decidida a posição do triângulo , fácil
será
traçá-lo, desde
que se tenha uma das três informações
já
indicadas (Fig. 30).
A primeira informação é o comprimento dos três lados. Conhecidos
os
t ~ ê s
ados de um triângulo, para construí-lo, começa-se por traçar
o pnmetro, depois, com a abertura do compasso igual ao comprimento
de cada um dos outros, traçam-se dois arcos de círculo em tôrnú das
extremidades do primeiro lado traçado. A intersecção dos dois arcos
de círculo
é
a única
extremidade
possível dos outros dois lados.
Se
a soma dos dois lados fôr menor que o primeiro,
os
dois arcos não
se cortarão e o triângulo será impossível.
1hte
método se baseia
no fato de ser a distância de qualquer ponto de uma
circunferência
a seu centro, igual à distância de qualquer outro ponto ao centro
comum.
Esta
definição da circunferência outra
co
isa não é senão a
exposição de
CQWO, J . p r ~ n c í p i o ,
o homem 'traçava círculos 11a' areia -
7/21/2019 HOGBEN Euclides Sem Lagrimas
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130
M R VILH S D M TEMáTIC
com duas hastes de madeira (uma das quais era fixada), - unidas
por um pedaço
de corda
(Fig.
18) .
A s egunda in formação necess ária ao traçado de um triângulo
a
do
comprimento
de
dois lados e do ângulo por êles formado.
Co
nhecidos êstes dados, fácil é traçar o triângulo, sendo para isto bas
tante
unir
por uma reta a extremidade dos dois lados conhecidos . Se
o ângulo fôr
maior
que dois ângulos retos, não
será
possível construir
um triângulo que o contenha como elemento seu .
A terceira
in formação que possibilita o traç ado de um tr iângulo
é
o conhecimento de um dos lados e dos dois ângulos a êle adjacentes.
O
triângulo
será
possível se a soma dos dois ângulos conhecidos não
exceder dois retos .
Traçados
os ângulos,
será
o bastante prolongar
as retas que os limitam até se encontrarem. A
Fig
.
30
mostra como
êste processo serviu, desde longa data,
para
a determinação gráfica
da
distância
de
um navio a um ponto da c.osta. ·
Vistos os
três
processos de se construir um triângulo a partir de
tres espécie
ele
informações, podemos enunciar três regras que
ex·
põem as conexões existentes entre os elementos de uma figura, uma
vez . dissecada em
triângulos:
R egra N •
1
dos
Trin11g11los
- Triângulos
de lados equivalentea,
·são
equivalentes em tamanho.
Regra N
0
2 dos TrilÍ11gulos
-
Dois triângulos são equivalentes
em tamanho
se, em um dêles, dois lados e o ângulo com
preendido
entre êles, forem equivalentes aos do outro triân
gulo.
Regra
N • 3
dos Triângulos. -
Dois triângulos serão equiva
lentes em tamanho se um lado e os dois ângulos adjacentes
do
primeiro forem equivalentes a um lado e aos dois ângulos
adjacentes do segundo.
A geometria euclideana tem uma terceira limitação que a
toma
dcsnecessàriamente complicada.
O
geômetra jônio Tales demonstrou
que a relação existente entre os lados correspondentes de dois
triân
gulos semelhantes é sempre a mesma, independente do compri·
mento dêsses lados.
Em
capítulo posterior veremos como êste teorema
permitiu a determinação
da altura
da Grande Pirâmide. Não nos
deve
surpreender,
aliás, o fato de ter sido esta verdade descoberta
em época tão remota. Muito embora ainda não a houvesse formulado,
o homem de
antanho
já
-agia como se a conhecesse, sempre que usava
a geometria para fazer figuras em escala. Reconhecida a veracidade
do teorema, não
é
di ficil deduzir de seu enunciado corolários de
grnnde utilidade. A razão principal
da
complexidade de Euclides
é
tei: c o ~ c a ~ ( )
as
r azões no f m seu ljyro,
i l ~
i l Y ~ S lº pri lcípio,
lllUCLIDES SEM
LAGRIMAS
131
A
causa dêste retardamento
é
fácil de compreender. Euclides tinha
os
movimentos embaraçados pela · cultura social em que vivia. O
m u n ~ ~ dos g ~ e g . o s não era um mundo de juros, consumos de gasolina,
e analtses qmm1cas. As razões não eram entidades famil iares.
Re
presentavam um processo de divisão comumente efetuado num apa
relho muito rígido, o ábaco.
Os
alunos
de
Euclides não podiam
compreendê-las como nós.
Sua dificuldade é, aliás, bem desculpável. Sup onha-se que saibamos
que
o consumo de gasolina de um automóvel é de um litro por 8 qui
lômetros. Para obter o número de quilômetros que se
pod-em
percorrer
sem reabastecimento, basta.multiplicar o número de litros existentes
no tanque,
por
8. Para obter o número
de
litros necessários a uma
viagem, basta dividir o número de quilômetros que se pretende per
correr por
8. Ambos os processos são extremamente fáceis, em nossa
aritmética.
Mas
a aritmética do ábaco
era
diferente. A multiplica
ção de um número próprio por outro
dá
sempre um resultado exato,
obtível
por
adições reiteradas (Fig. 6). Dividir um número próprio
por
outro
equivale a achar quantas vêzes se pode tirar um do outro.
No efetuar desta operação, sobravam, em geral, algumas contas no
Abaco. Raramente se encontrava uma resposta exata. Por isso a
divisão era uma operação muito mais difícil de
se
compreender na
queles tempos, em que os homens julgavam que um número, para ser
~ a i , precisava ser próprio. O próprio Euclides viu-se obrigado a
consagrar todo um livro (o Livro V)
,
à ilustração daquelas regras
tão simples de proporção que, no capítulo precedente, condensamos
na chamada regra diagonal.
Se
desenhardes dois triângulos retân-
I
I
I
I
I
'
Alrura de
50 m ~ r r o s
I
I
I
I
I
25
<---·--
· 75
melros-----·-, .
- - · · - - - · · · - · - - - - - - - - \ 5 O m e l r o s · · · · · · · ~ ~
Plano do horizonre base
l .
. E'J,. 81.
-
DECLIVID DE
DE UM POR TRts .
Bo õ lnrulo formado pela utroda eom o nlvol do horl<On\o 6
A,
t..nrenl<l do A c:: .
8
.. A
flrura
6 também
um h l e r o ~ l l o da dlvlsllo por
B
Para ulilid.·l•
eomo
hl,
muque
o ndmero
de unldadea
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a6bre
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ba••
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a
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I
elaro que a
perpondicukr valorl
- do
nlor
Npruentado
na bau,
•
I
·-
' •
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\
MARAVILHAS
DA
MATEMÁTICA
gulas, o primeiro com
4
centímetros de base por 3 de altura, o segtmdo
com 8 centímetros por 6 de altura e se os comparardes, percebereis,
sem dificuldade, que dois triângulos com lados correspondentes na
mesma razão, não é fenômeno menos compreensível que o de uma
motocicleta ter o mesmo co nsumo de gasol na, 11a S e x t a - ~ ~ i a
Paixão e num dia de Carnaval.
Uma
das relações existentes entre os lados
de
um triângulo
'é,
na vida moderna, quanti dade mui familiar. Encontr âmo-la escrita
à margem das vias férreas e das estradas de rodagem nas imediações
<las
rampas perigosas. Uma declividade de
1
por
10
quer dizer
que se desenhardes
em
escala, um triângulo retângulo, um lado re
presentando o declive da estrada ou da montanha (hipotenusa), outro
representando o nível do horizonte (base), Q ~ ~ ~ Ç ~ g , p e r p e ~ 9 J I > r
a altura
é
um décimo da base, ou: · ·
altura
1
base 10
Em matemática, costuma-se chamar esta razllo, tangente (to â -
gulo
(A)
formado pelo declive com o plano
do
horizonte, e repre
sentá-la
p e l ~
abreviatura
tg A,
que significa:
"Procurai
o número
correspondente a A na tábua das tangentes" (1). Há dois ramos
da matemática particularmente interessados em declividades. 'A tri·
gonometria as tabula, de modo que é sempre possível calcular o valor
de uma distância difícil ou impossível de medir diretamente (como,
por exemplo, a distância da terra à lua) desde que se possa medir o
ângulo e alguma
outra
distância
(por
exemplo, a distância
entre dms pontos
da
terra).
Isto
equivale a utilizar o conhecimento
d.o consumo de gasolina de um automóvel para calcular quantos qui
lometros se pode percorrer sem reabastecimento, ou de qu'3.1ltOS litros
se precisa para percorrer determinada distância, . · .
.
.O
ramo mate_m.ática denominado cálculo diferencial, especia
hza-se em med1r declividades que vergam;
é
comparável a uma arit
mética especializada em calcular distâncias, a partir do consumo de
gasolina de um automóvel que tem o tanque :vasàndo. Se Euclides
fizesse uma idéia
da
importância que as razões assumiriam
o
futuro
de certo faria mais por inseri-las - =<)mo .fazemos. ,......, nas p r i m e i ~
p á g i n ~
Qe
se\
C l ~ S Q
g e o J 1 e ~ r a . -
(1) Se consultarm os uma tAbua de
linhas
trlgonomêtrlcaa naturnla,
veremos
que a tangente de 6'7'
ê
quase
en.tamente 0,1,
Assim a
r a m p ~
de 1
p o ~
10, c o ~ r e s p o n d e a
u m ~ d e c l l y l ~ a e §.'1'
1
.. · · · ·
·
-
d EUCLIDES SEM LAGRIMAS
133
fo TODO DE EUCLIDES
Se eu fôsse o Doutor Watson, e Sherlock Holmes, como era seu
costume, me dissesse: ccê conhece os meus métodos, Watson",
retrucaria, incontinenti: - "Ignoro-os, meu senhor.
Faça
o favor
de mos explicar". Euclides, como ·vimos, valia-se de um truque para
descobrir as conexões existentes entre os vários órgãos (linhas, ângu
los e superfícies) das figura s morta s: dissecava-as em triângulos. Co
nhecidos
um
ou dois lados de cada, não precisava veri ficar a equiva
lência dos ângulos para declarar a equivalência dos triângulos. O
grau pastoril, baseado no calendário das estações, não tem o menor
'r,J.lor
para o reconhecimento da equivalência dos ângulos. Os geô
metras das cidades-estados usavam, para .comparar o tamanho dos
ângulos, o chamado ângulo urbano dos const rutores de templos. ( Fig.
~ 2 ) : A 4 e . H J 1 Í S ~ Q de ângulo reto proposta por Euclides equivale a
Nível
de bô/ha
io e prumo
Horizonle
l lr. 82. - OOMO BE APRENDE A SOMAR
NGUL09,
dizer que o espaço compreendido entre o fio de prumo e o nível do ho
rizonte é o mesmo em qualquer direção. Não é preciso passar cinco anos
entre
os
sábios
do
Egito para descobr ir esta verdade. Dois ângul-os
perfazem um ângulo reto (900) se um representa a inclinação de uma
estaca oblíqua sôbre o horizonte, e o outro a inclinação
da
mesma
estaca em relação a
um
fio de prumo. Se estudardes as legendas da
Fig. 33, pouca dificuldade tereis em apreender as duas regras que a
geometria aplica ao reconhecimento
da
equivalência dos ângulos. Ei-las:
Regra N • 1 dos A11gulos
-
Quando duas retas ·se encontram
sôbre o mesmo ponto de uma terceira, a s oma dos três ân
gulos formados é igual a dois retos, ou 180>.
' ~ e g r a
N • 2
dos A1tgulos - Quando duas retas se c;ortam, os
ângulos o ~ o s t o s pelo y ~ r t i c e são iguais.
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MARAVILHAS
DA
MATEMÁTICA
Duas
outras
regras aplicáveis ao reconhecimento
da
equivalência
de dois ângulos, evocam ao espírito uma
quarta
limitação
da
geometria
de Euclides. Euclides defini a as paralelas como retas que, por mais
que se prolonguem, jamais se encontrarão. Esta definição, depois
ele conduzir-nos
ao sétimo céu, abandona-nos, como Platão, no espaço.
Porque a verdade é que não conhecemos nenhuma superfície tão plana
que nos
permita
prolongar indefinidamente duas linhas, conservan
do -as retas. Nossos desenhos são feitos em pedaços tão reduzidos
da terra que, em comparação com o restante, nos parecem realmente
planos.
A
moderna astronomia ensina-nos que não . seriam as para
lelas euclideanas o gênero de linhas capazes de alcançar as mais remotas
estrêlas, se êste emprêgo lhes déssemos. Muito mais lógico é começar
por itHluirir como se pode reconhecer quando duas linhas são paralelas.
Uma das maneiras de se fazer êste reconhecimento é fixar
que duas vigas são paralelas, quando igualmente inclinadas ~ ô r e uma
terceira em que ambas se apóiam, ou, em linguagem técnica, quando os
ângulos con:espondentes são equivalentes
(Fig. 33).
:Voltando à Fig. 12
(I) REGRA N.• 1 DOS ANGUJ ·OB.
O Anrulo do melo 6 90• -o U • •
ou
18 °
c
Os tt·h nrulo• junto perfazem
(180 - •
+ +
c =
180°
11)
REGRA N.• 2 DOS ANGUL09,
A
IIJuro
foi deunh•4• duu Yh . '
<:omp rando ·as TemM que:
·
18 ° a
=
18 ° c ,'
a
c.
P:s lngnloe a e c
l o chamad
o• a
•
iuloo
opoo\oo pelo y611loo.
(i
)
111)
AS
DUAS REGRAS DAS
PARALELAS.
(o)
Vorlflt11ndo o
poral
cllomo do duu
vl,oo
.
bl Moolrando quaio
oo lnrul
o• equivalent.eo, qulaquer quó
tolam tu l
poaloen.
Fie
. sa
EUCLIDES SEM L l G R I M ~
135
. .
\
e comparando-a com a Fig. 33, vereis que êste é o princípio
em
que se
baseia a utilização do astrolábio,
na
medição do ângulo que uma colina
ou uma
estréia fazem com o horizonte. A
REGRA
N .• 2 DOS ÂN
GULOS in forma -nos que também os ângulos alternos inte
n1os (a
e c
na Fig.
33) são equivalentes, o que nos
dá
duas ·novas
regras
sôbre
~ n u l o s equivalentes:
Regra N .•
do
Paralelismo. -
Quando
uma
reta corta
duas
paralelas, os ângulos correspondc11les que
forma
são equi
valentes.
Reg T a N .• 2 do Paralelismo. -
Quando
uma reta corta duas
paralelas, forma ângulos altcrnos intemos equivalentes.
Quanto à equivalência de duas l inhas - evidente quando se
trata de lados correspondentes de triângulos equivalentes, ou de la
dos do mesmo quadrado, ou de lados equivalentes
de
um
triângulo
i sósceles - há u'a maneira de descobri-la, já usada neste livro. Uma
segu·nda regra, aliás, existe, que nem mencionaríamos, se não nos
aju
d a s ~ a safar-nos de uma grande dificuldade. Para verificar a equi
valência de dois triângulos, é indispensável reconhecer ao menos um
lado equivalente. Se dissecamos
uma
figura, em que somos incapazes de
reconhecer um lado equivalente sequer, cumpre-nos desmembrá-la em
dois triângulos,
por
meio de
uma
reta qualquer.
Os
dois triângulos for
mados
terão
necessàriamente um lado em comum, o que quer dizer
que
um
dos lados do primeiro
triângulo
será equivalente a
um
dos
lados do sugundo. '
Euclides usava um terceiro
truque
,
para
nós desnecessário.
Po
demos contr.ntar-nos com as duas regras que daremos a seguir . A
que um dos lados do primeiro triângulo será equivalente a um dos lados
do segundo.
Regra N .•
das
Retas. -
Duas
retas são equivalentes, quando
raios do mesmo círculo.
Regro N .• 2 das Retas. - Se
unirdes por
uma
reta dois dos
vértices
de
uma figura, dividi-la-eis em 2 figuras t endo
um
lado comum: a reta. que traçastes .
Haverá,
assim, ao menos
um
lado da primeira figura, equivalente a
um
lado da se
gunda.
Para compldar o nosso estu(lo sôbre a dissecação, só nos ·falta
saber dissecar o círculo. O círculo pode
ser
dissecado, ou em
setores
'(o que se faz traçando-se
os raios),
ou em
s e g m e t ~ l o s circulares
(o que se faz unindo-se por
uma reta
dois pontos
da circunferên
cia). A face curva dos setores e segmentos circulares chama-se
arco, Uma reta que, partindo de um ponto da circunferênc\a ; passa
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186
MARAVILHAS DA MATEMÁTICA
pelo
centro do círculo_ vai terminar no outro extremo da drcunferên·
cia, chama-se d í â m ~ t r o ; sua propriedade é dividir o círculo
em
duas
partes iguais, os semi-círculos.
Até agora, ainda não falamos sôbre o retângulo. Nãd obstante,
um elemento imprescindível na dissecação das figuras. Par a traçá-lo,
é suficiente saber que é uma figura fechada, limitada por quatro retas
paralelas duas a duas, e
que
possui um ângulo reto. · A
Regra N.•
1 do
Paralelismo mostra-nos, porém, que, nos quadriláteros desta
natureza,
se
:Uill
ângu o reto,
os
outros três
~ a l l b ~ U 1
Q
~ e r o .
{ ~ J : ·
34,
(f))
. ~
/ Arco
\
r P Paralela a
o
AH
1:1 3
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~ : : .
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ª
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A Compnmento B
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dicu lar
a
B
•, •,
paralela
' b •
·····--
a
, .
. . L ~ . f i . _ Q
l (i)
Meça AB
1 .
< >
I
Fie.
H. - ANATOMIA DO OIIÚJULO I DO RBlTANGULO.
LF.I ASNOTA. - Paro to-açar
o• lados parel<loo
utlllu a REGRA n • 1 DAS PARJ.
' r & ~ l . o o m c ç a o d o por
h16r
4 ~ o • .
P•rllodo
dh t t modo,
TOl'il
q u ~ lodo• 01
o ~ ; u l o ;
i
EUCLIDES SEM LÃGRIMAS
131
. São muito
poucas
as regras geométricas
que
permitiram
aos su
~ e s s o r e s
dos gregos inventar linguagens de grandezas mais úteis
e·
menos trabalhosas tais
como
a trigonometria e a álgebra. Par a nós,
1erá suficiente uma dúzia delas. Dispo-las-emos em três classes, se
gundo o contexto social em
que se
originaram. Euclides denominava
teorema
a apresentação
de
uma regra acêrca
de
figuras. Segundo ·o.
materialista Demócrito, chama-la-emas demonstração. Grupa-las-emcs.
;egundo o
modo
pelo
qual
foram primeiro usadas e reconhecidas, assim:
Quatro demonstrações de agrimensura, quatro demonstrações de
medi-
'ões de sombras,
com
propósitos arquitetônicos e quatro demonstraçõe
óe astronomia, ou de ciência calendária. Antes, porém, cumpre apren
der a aplicar as três regras sôbre triângulos, para
que
possamos
com
preender os três métodos de dissecação que essas demonstrações tn·
~ o l v e m .
Não . s ~ P?de ser anatomista sem antes aprender
a
usar
mstrumentos Cirurg1cos.
REGRAS DE DISSECAÇÃO
(a) Como
dissecar tmgulo ém
dois
ri11gulos equivalentes.
( Bissecção).
,Vimos, no Capítul_o
2,
que êste problema surgiu quando os
arqtutetos de templos tiveram de traçar o meridiano sôbre a areia
p ~ r a
que
o templo ficasse
~ o r r e t a m e n t e
orientado. Comparai a Fig:
J:J (a) com a F1g. 9. A F1g. 35 mostra-nos
como
êles determinavam
k l i ~ ~ a L e s t e - O e s t ~ , _in_dicadora _do poente no dia da grandt: festa da
lertii1dade: o Equmocw da Pnmavera. Os dois triângulos BOP e-
t\OP são
e q ~ i v a l e n t e s
porque
os
três lados do primeiro são equiva
lentes aos tres lados do segundo. Como os raios dos três círculos
traçados em tôrno dos pontos
A, B
e O são equivalentes (pois gue
desenhados
Com
o
mesmo
pedaço
de
corda), · ·
BP = P}
BO = A O
OP = OP
(Regra N.
0
1 das Relns)
(Regra N.
0
2 das Retas)
Assim,
dois
triângulos
BOP
e
AOP
sendo
eq
uivalentes em
~ m a n h o o angulo BOP formado por BO e OP é equivalente a<>
a ~ g u l o
A_?P
for,mado
pelos
lados correspondentes AO e OP . Na
figura o angulo e de 85°, mas, para qualquer ângulo, o método seria
D mesmo.
, ( b) C o m ~ baixar
mna
perpendiwlar sôbre
Ht.tla
reta.
_
O
~ e ~ o d o se b a ~ e 1 a ua observação do oscilar do fio de prumo. O fio
md1ca a vertical quando na posição média de suas
o s ~ l a _ ~ > _ \ i í e s .
Na
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138
MARAVILHAS
DA MATEM1TICA
figura
35
b),
P é o ponto de
que
se deseja
baixar
uma perpendicular
sâbre a reta CD .
Em
primeiro lugar, traça-se um círculo qualquer,.
com centro em P , que corte a reta CD nos pontos A e B . Depois,
acha-se a bissetriz isto é, faz-se a bissecção) do ângulo PAB me·
diante o primeiro método
de
bis secção: traça-se , assim,
PO
.
E'
claro que os ângulos OPB e OPA
s ~ r ã o
equivalente
s.
Comparando
os
dois triângulos
BOP
e
AOP
vemos
que:
PA
PB
(Rrgra N.• 1
das
Retas)
PO
PO (Regra N . 2 das Retas)
Angulo APO Ângulo OPB
p
I
)o
x
I
/
I
C __ A
_
Bolu ndo, do ponto P, nma
porpend icullu.
I
/
I
II
; ; '
I
o)
Leftnt&ndo, do ponto
P
41
uma
et
uma perpendicular.
Fi . 35. - REGRAS DE BISSECÇ.lO.
EUCLIDES SEM L GRlMAS I
13,
Segundo a Regra N.• 2
dos
Triângulos, os dois triângulos são
r quivalentes em tamanho, portanto, o ângulo POB, formado por PO e
OB, é equivalente ao ângulo POA formado pelos lados correspon
dentes PO e OA. Quando uma reta incide sôbre
outra
formando
dois ângulos equivalentes, êsses dois ângulos
são
necessàriamente
retos. Assim sendo, PO é perpendicular a CD, isto é, forma com
CD um ângulo reto.
(c) Como
levantar,
de
u ponto de
uma
reta,
uma
perpendi-
cular a ela - O problema consiste em achar o ponto
de
suspensão
do fio de prumo que, em sua posição vertical, passaria pelo ponto
do
.-qual se quer levantar a perpendicular. Na •figura
35
(c) P é o
ponto de onde se deseja levantar a perpendicular à reta AB, isto é,
levantar uma reta que forme com AB um ângulo reto. Começa-se
por traçar, com centro em P, um círculo de raio r que corte AB em
C e D. Depois, com centro em
C,
traça-se um círculo maior, de raio R,
e o mesmo círculo, com centro em D. Os triângulos COP e DOP
terão, em virtude da Regra N .• 1 dos Trrongulos, equivalentes pois:
CO
R=
DO
P r DP
OP OP
Nestes dois triângulos equivalentes, os ângulos OPD e OPC são
eorrespondentes, e pois, equivalentes. Assim sendo,
OP
forma com
AB um ângulo reto. . ·
Antes de darmos início às nossas demonstrações o leitor dcvt
decorar as nove regras que enunciamos : as 3 regras dos triângulos,
as 2 dos ângulos, as 2 de ·paralelismo e as 2 das retas.
QUATRO DEMONSTRAÇOIDS DE AGRIMENSURA
As três primeiras .demonstrações apresentadas por Euclides nos
livros I,
II
e VI, já eram conhecidas pelos Egípcios e Sumerianos
há dois mil anos . A última, apresentada no
II
Livro,
é,
provàvel
rnente, de origem greg-a e muito mais recente.
Referem
-se tôdas l·
medição das áreas e naturalmente foram inspiradas pelo cálculo da
superffcie de tratos de terra.
Partindo
da primitiva unidade de me
dida, o espaço plano contido num quadrado, podemos mostrar como
se calcula a área de um retângulo, pela soma de
uma
trama de
~ u d r d o s e, também, como obter um retângulo duas vêzes maior
que um triângulo retângulo dado. Isto nos permite calcular a área
Cle qualquer triângulo retângulo . A seg'Uir demonstramos que qual
quer
triângulo pode ser subdividido em dois triângulos retângulos.
Isto
nos permite calcular a área de qualquer triângt:lo. Q ualquer
'figura limira.da
por
lados retos pode
ser
subdividida em triângulos
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HO
MARAVILHAS DA MATEMÁTICA
(F
. 36) Com êste conhecimento podemos medir a superfí cie de
g.
.
qualquer terreno, seja qual fôr a sua
fonm,
desde que tenha lados
retos, 9. tru9.ue de Eucli<:les, é,
P:9is,
o método do agrimensor.
'Ir.
Sabendo oaleular
a
&ru dt 11m \riln(ulo qulquer, :POdtmOI medir • 111plll llole 44
•••1quer terreno deidfl QUI llmlt.ad.o por
ltnbu
re\11
Além de modelos de medição de terra, essas demonstrações são
modelos do modo de se efetuar cálculos. A segunda e última, por
exemplo, sugerem algumas maneiras de abreviar o trabalho no ábaco.
Mais tarde, essas mesmas demonstrações levaram os Arabes a inventar
as regras de cálculo que hoje usamos. Chamâmo-la s de Algebra.
Conquanto
poss-a
parecer mais lógico partir da conexão existente entre
o retângulo e o quadrado, começaremos por estudar a
relação entre
o triângulo retângulo e o retângulo, porque para demonstrar como
se calcula a área do retângulo, precisaremos de algo que depende da
referida relação.
Demonstração
1
A
diagonal do retângulo divide-o em dois triângulos retângulos
equivalentes .
Na Fig. 37, AC
é,a
diagonal do retângulo ABCD. Vimos que
todos
os
ângulos do retângulo são retos. (Fig. 34). Assim sendo, os
triângulos ABC e
ADC
são retân:;:ulos, e nêles:
(I) AC = d =AC (Regra N • 2
das
Retas)
{II)
ângulo CAB
=
ângulo
ACD
(Regra
N •
2
de
Paralelismo,
vide
Fig. 33) (iii)
{III)
ângulo BCA = ângulo CAD (Regrq N • 2
de
Paralelismo, vide
Fig. 33) (iii)
Comparando
(v)
da Fig. 37 com (c) da Fig. 30, vemos, pela
Regra
N •
3 de
Triâ gulos que os triângulos ABC ( ADC são equi
.
EUCLIDES
SEM LÁGRIMAS
141
valentes. Podemos ainda exprim ir a mesma conclusão dizendo
que:
•SabetJdo calcular a área de um retângulo, poderemos calcular a área de
q wlq er triângulo retângulo, construi do o retângulo, wjo comprimen-
to e largura, sejam equivaletltes
aos
dois catetos.
Desta demonstração
decorrem do is corolários muito importantes:
(a)
Os lados opostos
de
um retâ gulo são equivalentes. -
Como
os dois triângulos são equivalentes em tamanho, os lados correspon
dentes AB,
AC
e
DC
(AC sendo lado comum aos dois ângulos equi
valentes CAB e
ACD)
são equivalentes.
Quanto
aos lados corres
pondentes,
AD
e BC, também são iguais.
(b) As perpmdiculares que mmn duas paralelas são equivalentes.
- A figura
37
(vi) mostra porque AB e
DE
são paralelas. Sendo
AD e BC perpendiculares, fqrmam ângulos correspondentes equiva
lentes
(Regra N .• 1 de Paralelismo),
e são, pois, paralel as. Assim
sendo, ABCD tem lados opostos paralelos, e como tem
também
um
ângulo reto,
é
um retângulo.
Portanto
os lados opostos
1\P e BC
equivalentes. ·
(i)
~ o B
u
~ C Q
Q,
D Paralela a
C
AB
: : , ~ - - -
D (iii)
C',,
(i
v)
. . A
(i
)
~ B
D C
A dissecção consiste
em traçar a
diagona
o
u '
' \ . ,.. .
. · o·b·. . · ~ . J
••
...
a
cf_\ 41
: uii) ;
Fi,.
37, -
DEMONSTRA.CAO 1,
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142
MARAVILHAS DA MATEM.lTICA
Demonstração 2
Se se divide um lado de um retângulo em dois segmentos quais
quer, sua área total será equivalente à soma das áreas dos retângulm
formados pelo lado não-dividido e cada segmento do lado dividido'' .
O
lado AB de comprimento B, do retângulo representado na Fig
38
(i)
é dividido em três segmentos
AP,
PQ e QB, com l m e uni
dades de comprimento, respectivamente. A Fig. 38 (ii) mostra romo
faz a dissecação, baixando dos pontos P e Q perpendiculares
ao
lado
oposto.
Isto
divide a figura em três retângu los. Como os ladm
opostos do retângulo são equivalentes (Demonstração 1 (a)), as per
pendiculares são equivalentes a H, lado inteiro do retângulo. E'
evidente, pois, que:
A área
de
todo o retângulo H por B = Soma das áreas
doe
retângulos H por l, H por m e H por tt.
A P
Q
B
t
I
I rtlângulo completo
H
'
j H
por
B
t
Lê--,- _-_.•-. ---.-_-;8::---.-----------------._
- . ~ - · t t
unidades •
•
: ~ a L - - ~ ~ - - ~ ~ - - t
c
----- . ·- -- -
Hp r I
H
por
m
(i
)
(iv)
l \ Area
da
wângulo I
const1tuida
dt J faixaa
retangulares,
~ ~ ~
I
I
I
Hporn
H
I
I
I
I
I
,
(iii) v)
· --------- b
________
__ .
t
~ - - a - - - . . ~ - - -
b
- a - - - ~
I
I
h
·I
I
I
t ~ ~ - - - - - - - - - ~
(vii)
Cada faixa rem , de
largura
1
untdade, e
é
dividida em x
quadrados de unidade
de
lado.
(vr) Perfazendo
rodo y
vézes x
unidades quadradas
de nrcn.
i'lr
,
SB
-
DlliMONSTRAÇl.O
I,
EUCLIDES SEM L.tGRI.
MAS
141
Imaginemo-nos egípcios ou sumerianos. Cumpre-nos descobrir
l nossa própria custa que a palavra
por
significa o mesmo que
multiplicar .
Para
descobri-lo desenhamos um retângulo
em
es
cala (Fig. 38 (iii)) e dividimos um dos lados em x unidades de com
primento e o outro em y unidades de comprimento (compare-se a
Fig.
24
em que x = 4 e
y
= 3) . Se atentardes nas figuras 38 iv,
v e vi) , vereis que podemos escrever :
HB unidades de área
= (Hl
+ Hm + Hn) unidades de área,
e como
podemos, ainda, escrever :
H I+ m + n) =
Hl +
Hm
+
Hn
Se subtrairmos o pequeno retângulo h por a em (vii) do retân
cuJo
h
por b obteremos, do mesmo modo:
h b a) = hb -
ha
{fi)
Essas duas conclusões podem ser usadas para abri:viar o trabalho
de multiplicação no ábaco. A princípio,
m u l t i p l i ~ r
36 por 25
s i ~ i
fica.va rontar
25
vêzes
36
sem recolocar as mtssangas na postçao
primitiva. Na Idade Média, quando
já
se começava a usar os
meros arábicos, mas ainda r:ão era hábito decorar a tabuada de multt
plieação,
a tábua de multiplicação por 2 já era sabida de cor e
usada na efetuação de uma multiplicação muito simples, a chamada
d t ~ p l i c a ç ã o . Graças a (a) podemos escrever:
36 X 25
=
36
(16
+ + )
E efetuar a operação por partes, assim:
36
X 2=
36
+
36
36 X
4= 72
72
36 X
8 = 144 + 144
36 X
16
=
288 + 288
36 X 16 = 576
36
X 8 288
36
X 1 -
36
900
72
144
288
=
576
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144
MARAVILHAS DA MATEMA.TICA
Na antiguidade, outro método
de
multiplicar parece ter encon
trado. alguma aceitação, pois que os povos primitivos, - como as
de N1ppur o demonstram - deram-se
ao
trabalho
de
compilar
tábua&
de quadrados. E' lícito escrever:
25 X
36 =
25
(25 +
1)
E, da mesma maneira:
25 X
36 =
25
2
+
11 · (25)
=
25'
+
11 · (11
+
4)
- 25
2
+
1p
+
11 . (14) = 25
2
+
1P
+
11 . (11
+
)
25
2
+
1
p
+
1
p
+
3 (
11)
-
25• +
1
2 +
1
2 + 3 ( 3+ 3+
3
+ )
-
25
2
+ 11' + 1)2 + 3• + 3
2
+ 3
2
+ 3 . (2)
E, consult-ando a tábua de quadrados, teríamos:
625
+
121
+
121
+
9
+
9
+
9
+
6
sendo a última operação efetuada
de
cabeça.
A arlição final, feita
no
ábaco, daria o re&ultado correto 900.
A
área
de
um
triângulo é a mel'ade
do
produto
de um
lado
pela
perpendicular baixada do vértice oposto",
, Partindo do espaço plano encerrado num quadrado, oomo medida
da area, aprendemos a calcular a área de um - retângulo e a de um
triângulo retângulo. Vamos agora aprender a calcular a área (A)
de
um
triângulo qualquer. A dissecação ·a fazer é muito simple,
(Fig
.
39).
(i) Se nenhum dos ângulos é maior que 90", baixa-se uma per
pendicular
do
vértice sôbre
a
base. Isto subdivide o triângulo em
2
triâng
ulos
retângulos. Cada
um
dêles ,
em
virtude
d
Demonstração
1,
equiv
ale
a metade da área
de
um retângulo. E
como
a área de um
retângulo, em virtude da Demonstração 2, é igual ao produto
dos
lados
Mas, v1mos
que
A = px + PY
-
flx
+
PY
= p (x
+
y) Dem . 2(a)'
A -- H
( ; r+ y)
ou A Hb
EUCLIDI lS SEM LÁGRIMAS
HG
(ii)
Se um
dos ângulos fôr maior que 90", baixa-se uma per
pendicular sôbre o prolongamento da base (como na Fig . 39(ii)).
Teremos:
A
=
p (b +
) -
x
=
= (Jb + x
- t
x
ou A = pb
(a)
Além de ensinar a medir a área de um triângulo, esta
demonstração contribui para a descoberta
de
um princípio importan
tíssimo
de
"medição de sombras" (Dem.
7).
Se um triângulo (área
A) tem por base B unidades de
comprim< nto
e por altura p e outro
triângulo (área
a)
tem por
lYase
b unidades
de
comprimento e
a
mesma altura p a relação existente entre suas áreas pode ser expressa
dêste modo_
A
a
B
b
Isto
e
a razão das 'áreas le triângulos de
meS11W
aliura, é iguaL
d
razão de suas
bases.
Para
a importa·ntíssima demonstração a que
nos referimos, precisamos saber reconhecer quando dois triângulos
têm
a mesma altura. Para isto existem duas regras:
(b) TriâtJglllos com base sôbre a mesma
,-el
a e
v ~ r t i e s
110
mesmo ponto, têm necessàriamet1te a mesma altura.
E' o
que se pode
ver na Fig.
39
(iv). Os triângulos ABC,
ABE
,
AED, ADC, AEC e ABD têm todos a mesma altura.
(c) Os triâllgJtlos de base comum terão trecessàriametJte a mes-
tna altura, se os se11s vértices se acharem todos sôbre uma
mesm<1
l-inha,
paralela d base.
E'
o
que se vê
na
Fig
.
39
(iii). Vimos, na Demonstração
1 (b)
que as perpendiculares que unem duas paralelas
são
equivalentes.
Demonstração 4 (Como dissecar
um
quadrado)
Se se
divide o lado
de um
quadrado em dois segmentos, a área
rio quadrado será equivalente
à
soma das áreas
el
os quadrados cujos
lados são os dois segmentos, mais duas vêzes a área
do
retângulo de
lados iguais
aos
dois segmentos".
Um quadrado é um retângulo de lados equivalentes (o que seria
imediatamente perceptível , não fôsse a confusão dos têrmos). Na
Fig. 40 (i), dividiu-se o lado AB do quadrado grande em dois seg
mentos, AP (de y unidades de comprimento) e PB
(d
e
.t'
uniclaclcs
de comprimento) . Portanto, o comprimento
AB
é
(.t' +
y). O
mesmo
se fêz
ao
lado BC. Dos pontos P e
Q,
baixaram-se perpen-
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l
MARAVILHAS DA MATEM·ATICA
-.-x-- ..
------1}-----
(i)
p
.-----·
b+Jf
,,_.,,.
(i
)
8
(i
i ) (iv
INr. Si. - DElfONSTRAOlO 8
· J f · • · .
c
J
d i ~ u l r e s
aos lados opostos. Cada uma delas aivide o quadrado
m
d_01s retângulos. Fácil é deduzir o comprimento dos lados das quatro
f1gurás formadas, atendendo-se ao fato de que os lados opostos
de u
retângulo são equivalentes.
A
á r e ~
do
quadrado maior
é
AB
X
BA, ou
.
x
+
y)•.
~ o s -
tra- _105
a 1gura que: ·
x +
2
unidades de área
=
x• + . ry + ) das mesmas unidades de área,
isto é:
EUCLIDES SEM LÃGnTMAS
H l
Por
l1J1Ya
demonstração iemelhante
(Fig
. 40
(ii)),
chega-se
a;
x•
y• = x - y ) x + x - y ) y
Aplicando-se a Demonstração 2 (a):
x
1 -
y
=
x
y)
(x
+
)
Veremos no capítulo 7 que as espécies de multiplicação repre
sentadas hieroglificamente por estas figuras desempenharam um papel
muito importante na descoberta da Algebra.
Será
conveniente para
o leitor conferir pessoalmente essas regras de multiplicação, efe
tuando-as em exemplos numéricos, verbi gratia:
(a) (3 + 4)3 = 7• =
3 +
2
(3
X 4)
+
4
1
- (9 + 4
+
16) = 49
(b) 7
1
-
4 = 33 - 7 - 4) (7
+
4)
Esta demonstração não é mais que simples aplicação da regra d(
calcular a área de um retângulo. Ignora-se se,
em
outros tempos,
o homem a utilizou em seus trabalhos de agrimensura. Utilizavam-na
os
antigos
para
abreviar o trabalho de · multiplicação no ábaco,
ins-
i )
'
I
xz =
x(
x-y)
__ ___
_
__
· ·
· · ~
(i
1'11.
(0,
- DEMONSTRAQlO
(.
Erumento imprescindível enquanto não se inventou uma: e5crita. nu·
mera que possi·bilitasse os cálculos diretos. Nicômaco de Alexan
dria
(100
d. _
CJ
explica com() se utilizava a dernogs ralãp, 9uan.do
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148
M R V I L H ~
DA
MATEMATICA
os
matemáticos (que dizer
do
homem do povo?) ainda
não
sabiam
a tábua de
multiplicar. Vejamos dois exemplos:
(a)
Para multiplicar 37 por 25, achava-se o número eqüidis
tante de ambos (isto
é,
o número
do
meio) -
no
caso
em
aprêço
- e depois escrevia-se: · · ·
37
X 25
=
(31-6)(31+6)
Isto feito, o único trabalho é procurar o quadrado de
31
e o (te 6
nas velhas tábuas de quadrados - como as encontradas em Nippur
(2000 a. C.) e subtrair o segundo do primeiro, o qne é muito mais
simples que
os
métodos apresentados para ilustrar o uso da Demons
tração
2.
37X25=3l2-6 =925 (Confira o resultado). Agora,
vamos proceder
à
multiplicação de
36
por
25
. Não existe número
inteiro eqüidistante dos dois fatôres, de modo que se tem de usar o
número
mais
próximo de
36, como
por exemplo:
36
X 25 = (37
- 1 ) 25 =
(37 X 25 -
25
(Dem. 2 b))
=
3p - 6· · - 25
=
900
O número eqüidistante
de
dois outros dados é denominado mé w
aritmética
·
Não há quantidade,
em
tôda a linguagem
de
grandezas,
mais
mal empregada pelos políticos,
do que
ela . Se a e b são d o i ~
números, sua média aritmética
é
( a+ b);
se a
37 e
=
25, a
média aritmética será (37
+
25) = (62) = 31. Para
os
valores
36 e 25 a média aritmética será 30 .
(b Esta forma de abreviar o trabalho
no
ábaco acentuou a
necessidade
de boas
tábuas de quadrados. O interessante é que a
mesma fórmula
pode
simplificar-lhes o cômputo. Suponha-se, por ·
exemplo,
que já
conhecemos os quadrados dos números
de
1 a 100,
e queremos estender a tabela até valores maiores, segundo a reco
mendação
do
próprio Nicômaco. Para obter o quadrado de
wn
nú
mero maior de 100, por exemplo, 118, procede-se assim:
(118)
2
(118)
2
-
(18)
2
=
(118-18)
(118
+
18)
.(100) (136)
+
(18)
2
=
13 924
Multiplicar por
dez,
cem,
mil
ou qualquer outro múltiplo de dez,
no ábaco, é muito mais simples
que
multiplicar por outro número
qualquer, pelo menos para os que adotam a escrita decimal. Assim
sendo, o processo que acabamos
de
apresentar permite
o lte1:
sul-
tados <:O l} uma rapidez muilo maior.
EUCLIDES SEM LAGRIMAS
149
QUATRO DEMONSTRAÇOES DE MEDl?ÃO DE SOMBRAS
Para
nós,
produtos urbanos da civilização nórdica, h a b i ~ u a d o s a
morar em
casas de
grandes janelas, dotadas
de
todo o conforto
mo-
derno,
com
gás, luz elétrica, relógios e até
m.esmo
(ao m e ~ o s p ~ r a
os
mais
felizes) geladeiras
e
aspiradores
de po, be _1 .c
.
usta_
I m a ~ m a r
a
importância
que
tinham luz e sombra, ~ a s v e l h ~ s c i V I h ~ a ç o e s c;Iadoras
das primeiras cidades de pedra. . ~ o J e em dm, precisamos m v e n t a ~
experiências
que
mostrem aos menmos que a luz, atravess.ando uma
fresta caminha segundo uma trajetóri a reta, e que
os
raws
do sol
são
p ~ r a l e l o s . Os primeiros habitantes de cidades, que tinham a p e n a ~
por janelas estreitos orifícios pelos quais a luz .d?
sol
e o l u ~ r
coavam fazendo cintilar a poeira 'em suspensão, vivtam na abundancta
da
lu
z
~ o l a r
que projetava sombras
l o n ~ a s
e nítidas, b e m . , d e f i t ~ i d a s na
areia. Não precisavam de quem lhes dtssesse que a luz c a m m h ~ se-
gundo trajetórias retas" ou que. ~ a i o s de ~ u z provindos de objetos
muito distantes formam entre
st
angulos tao pequenos que
bem
se
pode considerá-los paralelos P.odiam. percebê-lo à própria custa,
a qnalquer hora do dia
ou
da nmte
(Ftg. 41).
Quando Tales visitou o Egito e calculou a altura da G r a n ~ e
Pirâmide meuindo-lhe a sombra, a velha civilização do Nilo
já
havia
sucumbido, sucessivamente, aos assírios e .aos h i t i t a ~ Conquant? ~ o s
afirmem as crônicas de seu tempo ter e ~ e . m a r a v 1 l ~ a d o os egipctos
com
êste proceder,
não
resta a menor duvida que ele empregara o
U
Quanto
nuta
dhh nto um corpo celeste, menor .o
l n ~ l n .
~ 1 1 L i l D ~ l o s niM
.
d•
kla prov enien te de a ns extremidades. Quando a
du;
tnn
c
ll\ c 1\ l ln granüe, os I
paruom
'P&taleloa. O
l.ngulo existente entre o a
doi pontos . maia
a { a . t a d ~ s
do
d 1 ~ ~
aolar,
ou lnnr.r (t. l
com, 6 ob ervado da
t rra) é de np
cna .
me10
grau,
l l p r o ~ t m e . d a m e n t e .
O .
par•tellamo
doa raios do a.ol ou da lua .ora um
c t m e n ~ o
comunisstmo para. o•
llomen. quo .iriam a n \ o ~ da i n v e n ç ~ o do ndro, em easa• de 1anolas alt.aa • oalr&Jkt.
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160
M R VILH S
D
M TEMJTIC
mesmo
pnnCJpiO de
medição arquitetôniL-a adotado
pelos
construtores
das pirâmides. A arte de medir sombras era uma das grandes arte
da antiguidade. A geometria do triângulo resultou da prática da
medição da sombra para fins arquitetônicos, clo mesmo modo
que
a
geometria do retângulo resultou da prática de medir a superfície dos
terrenos, com o fito
de
taxar o pequeno lavrador. A geometria es·
tava
em
pleno florescer, no Egito e na Mesopotâmia, quando
oo
povot
nórrl i
cos
erigiram aquêles drculos e avenidas de pedra que ainda hoje
se
podem ver em Devon
f'.
Cornwall, províncias a que aportavam GS
navios fenícios em busca de estanho. Aliás,
em
tôdas
as
regiões
em
que êste metal era abundante, encontram-se ruínas de inúmeras aldeias
totalmente constituídas de choupanas de pedra. Os nórdicos, como
os bantus, jamais construíram templos ou cidades por iniciativa
prÓ·
pria. O atra so dos habitantes da Europa setentrional
não
era devido
à sua estupidez - como cria Aristóteles, o apóstolo da escravatura, -
ou como ensinava o culto Said de Toledo na época em que os mouros
construíam
m ~ g n í f i o s lYalneários
destinados a serem destmídos
pelos
mesmos conquistadores nórdicos que, expulsan{lo os judeus, introdu
dram na arte espanhola o odor de santidade
que
ela até hoje conse
rva.
Aristóteles e Said tinham tanta razão em desprezar o nórdico, quanto
os civili zados modernos que espezinham
os
bantus. Todos êsses cri·
ticos severos esquecem-
se de
tomar
em
consideração
as
condições
ma
teriais que possibilitaram o advento das civilizações. Todo progresso
era impossível. antes de se descobrir a arte de registrar o tempo.
Nas regiões em
que
o quadrante solar não podia ser mais
que
um
enfeite de jarrlim, a vida metropolitana e a lavoura
pouco
progrediram
tté o dia em que uma casta sacerdotal estrangeira introduziu um
relógio-de-vela, destinado a marcar a hora das matinas e das vésperas.
As quatro demonstrações que seguem figuram, respedivamen·
le, no I (
5,
6, 8)
e sexto
(7)
livros
de
Euclides.
As
três primeiras
1
conhecia-as o fenício Tales. A última ainda hoje se acha associada
ao
no
me
de Pitágoras, outro fenício, conqüanto não
nos
faltem motivoa
para crer que
êle
a aprendeu dos chineses. Ao explicá-las, preten·
demos dar exemplos de sua utilização na arquitetura e na agrimensura
e mostrar como, mais tarde,
os
alexandrinos aplicaram-nas à repre
senta
çã
o dos céus.
A
primeira - de tôdas a
mais
simples - .não
tem
aplicação direta. Sua importância reside no fato
de
contribuir
para a compreensão das outras três.
Demo11stra.ção 5
A
soma dos três ângulos de um triângulo é igual a dois ângulos
retos".
Para rlemonstrar esta verdade, tudo o que
temos
a fazer é apoiar
o vértice de
um
triângulo numa barra reta e
~ ? : i r á l o
até que o lado
1
I
l
EUOLIDES SEM LAGR'J.MAS
l bl
- ·-
oposto fique paralelo à barra. Na Fig.
42
(i), (ii) e (iii),
as
legen
d:u esclarecem o processo, que se pode resumir como segue:
A. + B C
=
D C + E
Regra N • 2 de Paralelismo)
D C E =
180
Regra N • 1 dos ngnlos Fig. 33 (i)).
A demonstração é tão simples que aproveitaremos o ensejo
pa1a
aplicar
como é
usada para ilustrar
os
princípios da medição de
som
bras, expostos nas três demonstrações que seguem.
a) Dois
t r i â n g ~ t l os
séW equivalentes quat1do
I
êtn
14tn lado
'
dois
â11gulos
equit•alet1tes.
A regra confere
com
a que aprendemos páginas atrás, a chamada
Regra N •
j
dos Triângulos, que
afirma
que
se pode traçar
um
triân
gulo, conhecidos o lado
a
e
os
ângulos B e
C.
E,
se
invés
de
.B. r
C
se conhecesse A (ângulo oposto
ao
lado a conhecido) e B, facii·
mente se calcularia o ângulo C da maneira seguinte:
A+ B C= 180•
C
=
18 )<>
- (A+ B)
rir .
62. - DElÚ)NBTRAO.lO
J
7/21/2019 HOGBEN Euclides Sem Lagrimas
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5
MARAVILHAS DA MATEMATICA
isto é, se A
fôr
600 e B =
60•,
C será
180•-
(600 600) ou
C= 60 .
Se
A
fôr
45•
e
B =
00,
C
será igual a
1800- (45• 900),
isto
é
45•. Se A fôr 3Ü e B = 00, C será
igual a
6()<>,
Reciprocamente,
conhecidos A C, podemos calcular B. Por exemplo, se A fôr fJ:J
C= 900,
B
=
1800-
A+
C), isto
é,
30•.
(
b)
Conhecido um dos ângulos não-retos de um triângulo
1 8 t ~ g u l o
A), conhece-se, ipso-facto, o
outro
ângulo não-reto 90•-A).
Isto, aliás, não
é
novidade. Se os três ângulos de um triângulo
valem
respe<:tj_va.mente
A, 900 e
90• -
A), sua soma vale
~ •
ist9
A
900
90• - A
=
1800
Os
três lados do triângulo .retângulo têm denominações especiai .
O lado maior, oposto
ao
ângulo reto, chama-se
hipotenusa.
Sendo A
um dos ângulos não-retos, o lado que lhe
é
oposto se chama
altura.
O terceiro lado se
chama base. E
evidente que
as
denominações
base
e
alt11ra
dependem da posição do triângulo e que a altura, com
referência ao ângulo
90•-
A,
é
a base com referência a A, e vice
versa.
(Fig.
42 (iv), (v) e (vi)).
(c) Triângulos
t·ctâ11gulos
ccrm o mesmo
ângttlo
agudo são se-
tndha1.1t_s isto equiâug_[os ~ F i g :
43
_i))_.
i)
(i )
90
i
v)
9 0 ~
hê -A
rir 43
·i
EUCLIDES SEM LÁGRIMAS
153
(d) Triâ11g1úos
retângulos que
c o l o c ~ d o s
vértice sôbre vértice
(como na Fig. 43 (i
i)),
ficarem
com as
lnpote1111sas e um .dos lados
t li11ha são semelhantes, isto
á,
eqiiiângulos (Fig.
43
1 ~ ) .
(e) A perpendicular, baixada ângulo reto. ôbre a l u p ~ t e n u s a
divide o triângulo retângulo
em do1s
outros trtangulos retangulos,
semelhantes entre si e
ao
triângulo primitivo. .
Eis
o que apresenta a Fig .
43
(iii) e (iv).
E
êste um dos
ma1s
importantes truques
para
a dissccaçã.o de triângulos.
A
A
A
[(a)
O Triângulo E q t ~ i l á t a o
b) O
Triângulo
Retângulo
isósceles
Flr. U. - DEMONSTRAÇÃO .5.
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154
MARAVILHAS
DA MATEMÁTICA
Demonstração 6
"Se dois lados de um triângulo são equiva'lentes, os ângulos que
lhes são opostos, também são equivalentes;
e,
se dois ângulos são
equivalentes, os lados opostos também o serão".
A demonstração enuncia, pois, uma dupla verdade, mas
a r l i s ~ -
cação é a mesma para ambas . Disseca-se o triângulo
em
dois, divi
dindo-se o ângulo formado pelos lados equivalentes (isto
é,
o ângulo
não-equivalente
do
triângulo) pela sua bissetriz, segundo a primeira
regra de dissecação.
(i)
Se nos afiançam que AB
= I=
AC {Fig.
44 (i)),
com•
parando os triângulos
ADP
e
APC
verificamos
que:
AB
= l =
AC
Ângulo BA P -
a =
Ângulo CAP
AP -
AP
(elemento comum)
Portanto, segundo a
Regra N.•
2 de Triâ11gulos os
dois triân·
gulos são equivalentes. Isto quer dizer que seus lados e ângulos
corre spondent es são equivalentes. Assim sendo, o ângulo ACB, opos·
to a AB,
é
equivalente ao ângulo ABC, oposto
ao
lado equivalente
AC.
(ii) Se nos afianç-am (Fig.
44
(ii)),
que
os
ângulos B (ABC)
e
C
(ACB)
são equivalentes, teremos :
ABC
DAP
AP
ACB (segundo nos informam)
a= CAP
AP (elemento comum)
Mas, vimos na Demonstração 5 (n) que dois triângulos são equi·
valentes quando têm um lado e dois ângulos correspondentes equiva
lentes. Assim sendo,
os
triângulos
APB
e
APC
são equivalentes.
Portanto, o lado AB oposto
ao
ângulo ACB é equivalente ao lado
correspondente AC, oposto
ao
ângulo equivalente ABC. Antes de
mostrarmos como
se poclc
utilizar êstc conhecimento para calcular a
altma de
um barranco pela somhra projetada, ou para
dar
a um
e<li
fício a altura que
se
deseja, vejamos
como
esta demonstração
nos
fornece um método mui simples de traçar ângulos de 300, f:JJ e 45•
(Vide Fig . 44, na sua parte inferior).
(a) Como traçar â t ~ g u l o s
d e
30• e
60•. - Podemos construir
um triângulo equilátero (triângulo que tem
os
três lados iguais),
dobrando
uma
corda dividida por
nós,
em três segmentos iguais. Pelo
que acabamos de aprender, se os três lados são equivalentes (com·
primento l), os três ângulos também o serão. E como os três per-
\
r
I
I
I
I
I
I
I
I
EUCLIDES SEM LÁGRIMAS
Como se
mede a a cum
de um b rr nco
l lr
•
.
-
MEDINDO
A
SOMBRA PARA OALOULAR
A
ALTURA.
155
O elroulo que rodtia o
~ q u s o o b l ~ o o
1nlar te.m como ra;o o comprimento
ct.
tr6prlo obelisco de maneira que qul\ndo o 8ol atinro a alLura de 4.5• aôbre o h ori110nk
• 1ombra tanrenci1 a
circunferência
tracada
fazem 1800 cada um dêles é igual a um têrço de 1800 isto é, flY .
Se
atentardes para a Fig.
44 (i),
vereis que, como os triângulos
ABP
é
ACP
são equivalentes, o lado
BP
é equivalente ao lado correspon
dente, PC, isto
é,
P divide BC
em
duas partes equh'alen.tes . No
triângulo eqi.tiláter<> dissecado similarmente
na
parte inferior da fi
gura,
vemos
que
os
lados opostos aos ângulos
de 30•,
valem
-I.
Basta
pois
unir o vértice .de um triângulo equilátero ao meio do lado oposto,
para se obter um ângulo de 300. Os dois ângulos formados sôbre
o
lado oposto, de cada lado desta bissetriz, valem 90 . (Demonstra
ção
5).
b) Como traçar âng11los de 45•. -
A demonstração 5 (b)
mostrou-nos que,
se
um dos ângulos de um triângulo retângulo, vale
45•, o outro também vale 45•. Assim sendo, todo o triângulo retâQ
gulo com um ângulo agudo de 45•, tem necessàriamente dois ângulos
equivalentes
e, pois
, dois lados equivalentes. Uma
vez
traçado um
ângulo reto, para obter um ângulo de 45•, basta medir distâncias equi
valentes
l),
aplicá-las sôbre a altura e sôbre a base e unir as extre
midades. Os geômetras e arquitetos egípcios faziam o mesmo com
bastonetes e cordas sôbre a areia. Nós outros, f azêmo-lo com tachi
nhas e barbante, sôbre a pranche-ta de desenho.
A utilidade desta demonstração (outrora chamada, a
Pons Asi-
norum,
isto
é,
a ponte dos burros - porque
os
burros que a ensina
vam davam-se a todos os cuidados para destruir a ponte que a liga
ao mundo real) - vêmo-la na Fig. 45. Quando o sol alcança a
altura de sôbre o horizoote
(a 45• do
zen i e, por conseguinte),
i
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156
MARAVILHAS
DA
MATEMATICA
os
raios "de luz,
0
barranco
e a sombra, o ~ . ' o raio de .luz, a
s . o ~ b r a
e
qualquer objeto elevado, formam um t n a n g u l ~ retangulo 1sosceles.
Isto quer dizer que, neste momento, compnmento
da
sombra
equivalente à
altura do
barranco.
Um processo dt medir
a
altura d
gr nde
Pirãmidt,
lll n S
c h
Fir . 's l
• Sombra
... · ~ scac &
···
·········p-r,-
l ..
__
_
·
Q t i i i ~ õ
i
iõmliri
tõõft
ii
blrõuli
d e ~
a
lo icu l
à
ai
tu
ra da. est 1ca ;
altura (h)
da pil·nmide é
obtida
om ndo o
con1prim
' n la
d
som.1
ora (8) IIIOIWO da >Ali (b)
1
Quondo
0
col ~ 1 1 & i 45' ,abrii o
borizonh, a
jlllura
d
plr&mlde
I
lcuol aõ
õomp>im• lo •ombn m6ia
l ' • l • d ~
da buo,
Para: l t â ~ i ~
. ~ t i i r i i {
altura: por êste m é t o d ~ indireto, finca-se
um bastonete na areia e espera-se
oaté
que o compnmento da sombra
seja igual à
a l t u r a
bastonete· Neste momento, mede-se a som?ra
do
barranco, e ipso-facto, obtém-se a
s ~ : .
a ~ t u r a . A c 0 1 ~ t e c e ,
porem;
que na região em que se edificaram as ptramtdes, o sol so alcança
de altura ao meio-dia, em dois dias do ano.
Naturalmente
era Im
possível esperar estas
duas raras
ocasiões, para t o ~ a r a altura . das
pirâmides. E' muito mais incômod? e demorado f ~ c a r e s p e r a ~ d o a
data propícia, que aprender a segumte demonstraçao, que ensma a
u s a ~ ) process() para quall U . : ~ n g u < : l 9o
~ Q \ .
~ o r y c n t u r a
a c h ~ . r ·
i .
'
.
;
EUCLIDES
SEM LÁGRIMAS
57
des demasiado longa, consolai-vos pensando
no
tempo que, graças
a ·ela, economizareis mais
tarde
.
A Fig. 46 é o projeto de um quadrante solar que qualquer pessoa
pode construir
num
terraço ou num quintal e que lhe permitirá -
p;>mo mais tarde vereis - calcular a altura da casa, sua latitude
L
s
IS parafuso
o
Nível de
bõlha
l ir
. 46. -
PROJETO
DE UM QUADRANTE IMPROVISADO.
longitude, a hora e o quanto a terra parece oscilar em seu eixo du
rante o ano (isto
é,
a inclinação
da
órbita em relação aos polos,
chamada, pelos astrônomos, - obliqüidade da eclíptica).
DemoJJslração 7
A relação dos lados correspondentes dos triângulos semelhantes
é
a mesma".
A dissecação que vamos fazer é manhosa e em três est
{tg
ios. A
esquerda da Fig. 47, traçaram-se dois triângulos semelhãntes, ABC e
DEF,
de modo que se pudesse observar a equivalência dos ângulos .
Quando queremos demonstrar algo de novo, a
pr
imeira coisa que deve
mos fazer é perguntar-nos o que já sabemos sôbre o objeto de nossa
demonstração. No caso em aprêço, êste objeto são as re lações, ou ra-
zões Até então, a única coisa que sôbre elas sabemos é que as áreas de
triângulos da mesma altura estão na mesma razão que suas respec
tivas bases (Demonstração
3).
Assim sendo, temos de achar
triân-
gulos cujas bases sejam lados correspondentes nos dois triângulos que
estamos
oa
comparar. Para isto, comecemos colocando os dois triân
gulos na mesma figura.
(i)
Figura
da direita: Aplica-se o comprimento DF sôbrc
AC,
a partir de A, e obtém-se assim AH, equivalente a DF. Em seguida
7/21/2019 HOGBEN Euclides Sem Lagrimas
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15S
~ I A i l A V I L H A S DA MATEMÁTICA
A
o
A
A
ti
F
E ir.
7.
- DEMONSTRAQAO 1.
traça-se GH, paralela a BC. Comparando os triângulos AGH e
ABC. verificamos que os ângulos:
GAH
= BAC
GAH =
EDF (·.·os
triângulos ABC e
DEF
são semelhante )
AHG = ACB
L
AGH = ABC
f Regra N.• 1 de
aralelismo
AHG
=
DFE; e AGH
=
DEF ·: os triângulos ABC e
DEF
são semelhantes).
Assim, comparando os triângulos DEF e AGH temos;
ângulo EDF = ângulo GAH
DF = AH (por construção)
ângulo
DFE =
ângulo AHG
Em virtude
da Regra N.• 3 dos Triângulos,
DEF
AGH sl o
equivalentes,
GH = EF
e
AG
=DE
o)
(ii) Na Demonstração 3 aprendemos que triângulos
que
têm
base sôbre a mesma reta e o vértice oposto sôbre uma paralela à base,
terão necessàriamente a mesma altura. Dêste fato
nos
valeremos, para
darmos o próximo passo. Traçando
as l i n ~ s
que unem os pontos
GC e
HB
(Fig.
47 à
direita) e pondo a figura de cabeça para baixo
(como na Fig.
48
(ii), percebe-se imediatamente que (Demonstração
3
c)
Fig.
39
(iii)):
Área do Triângulo BGH = Área do Triângulo GCH
,(b)
EUCLIDES
SEM
LÁGRIMAS
151
(i)
(i )
A
A
G A
G
~
Flc. 48. - DEMONSTllAQÃO 1 (Coc .lnuaç lo).
(iii) Na Demonstração 3 aprendemos, também, que os triângu
los cujos bases estão sôbre uma reta
e
cujos vértices opostos, coinci
dam t e r ã ~ necessàriamente, a mesma altura. Podemos obter dois pa-
res de trtangulos nestas condições, incorporando o triângulo AGH,
primeiro ao triângulo GHB e depois ao triângulo GCH. E' claro que:
Área
dos
triângulos AGH+BGH =Área dos triângulos AGH+GCH
ou
Área do triângulo AHB
=Área
do triângulo AGC c)
Os triângulos AHB e AGH, assim como AGH e AGC, têm a
mesma altura (Demonstração 3 b)). Assim sendo, e em virtude da
Demonstração
3 (a) -
que afirma que
as
áreas dos triângulos de
mesma altura estão na mesma razão
que
as suas bases - podemos
escrever:
Área AHB
Área
AGH
=
AB
AG
e
Área AGC
Área AGH
Como as
áreas
de AHB
e AGC são equivalentes,
AB
AC
H
AC
AH
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·•
160
MARAVILHAS DA MATEJMATICA
;Em yjrtude de . a), (pág. 157),
. AB
AC
E
DF
Ou. em virtude regra diagonal (pág. 105).
AB
DE
AC
DF
Dissecação semelhante, permite demonstrar que:
BC
EF
BC
EF
AC DF
ou
AB DE
A Fig. 49 mostra-nos como Thales utilizou esta relação para
medir a altura da Grande Pirâmide de Queops, evitando esperar um
dos dias em que o sol meridiano atingisse a altura de 4So sôbre o hori·
zonte. Fincou um bastão no solo, bem na extremidade da sombra
da pirâmide. Bastão, raio de sol e sombra formavam um triângulo,
de ângulos iguais a 90°, A e 90
° -
A. A altura da pirâmide, os raios
de sol e a sombra acrescida da metade
da
base formavam outro, de
ângulos equivalentes. Como os dois triângulo s são semelhantes, os
lados corrcspond.entes estão entre s1 na mesma razão, isto
~ _ ;
H
b
+ s
p
s
Aplicando a regra diagonal, obtém-se para a altura da ~ i r â m i d e :
A altura do bastão (p), a base b) e as duas sombras
· s
e S
podem ser fàciimentc medidas ao meio-dia de qualquer data.
O mesmo método pode servir para determinar a altura de qualquer
objeto inacessível. Também podemos calcular a distância a que
encontra de nós, desde que possamos medir o ângulo que o seu tôpo
faz com o horizonte (usando para isto um teodolito como o da Fig.
12 .
A maneira mais rudimentar de determinar êsses elementos é fazer uma
figura em escala. Era êste o método displicente dos ~ r e g o s Mas
existe um método melhor que o precedente: o da geometria socializada
11
trigonometria _
ta
~ o m ~ a costu lla 110S chamar) dos ~ e x a n d r i n o s :
j
I
t
1
EUCLIDES SEM. LAGRIMAS
161
v r
de medir
Plr
. 40. -
OOMO
TALES MEDIU A
ALTURA DA GRANDE
PI l.AMIDE.
O Anruto A 6 a lnclinaçlio
do ool
oObre
o horizonte
ao meio·
dia
o
ê,
poio, e
m e w ~ para
amboa oa
lrillogulo ,
Consiste em se organizar, de uma vez para tôdas, uma tabela das
razões entre o bastão e somiJra, para vários ângulos de inclinação. Se
voltardes à
Fig
. 31, vereis que a relação entre bastão e sombra para
um ângulo de inclinação, A, é o que, na linguagem dicionária da tri-
gonometria, se denomina tg A. Isto significa: "Procurai um nú-
mero num dicionário (tábua de tangentes) organizado de uma vez para
tôdas, ao invés de vos dar ao trabalho de fazer uma figuro em escala
cada vez que quiserdes estimar uma altura ou uma distància". Se
volt'<lrdes à Fig. 4 (i), recordareis que todos os triângulos retângulos
que têm o mesmo ângulo . A são semelhantes. Assim sendo, a razão
entre altura e base (isto
é,
bastão e sombra, t'ambém chamada
declividade)
é
sempre a mesma, desde que A
seja
o mesmo. Só existe
um número que a representa para cada valor particular de A. A De·
monstração 7 nos mostra que, quando A é fixo, também o é a razão
suaisqucr )aºgs ~ o r ~ e s ~ 1 1 ~ c n t e s )Um r i ª n ~ u l o ~ ~ t â n ~ U l Q .
7/21/2019 HOGBEN Euclides Sem Lagrimas
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IGZ
MARAVILHAS
DA MATEMÁTICA
Os gregos, porém, foram incapazes de
dar
êste passo decisivo que
tran
sportou a matemática de uma fase de displicência para a de uma
economia colet iva de
fi
guras. Em páginas posteriores, veremos como
o de
ram
os alexandrinos, quando o utilizarmos para med ir a distância
da terra à lua , com muito mais facilidade do que se tivéssemos de medir
a distância de Londres a Edimburgo. Encontraremos menor dificul
dade em compreender o processo se nos formos, desde Jogo, familia
rizando com
os
nomes dos três dicionários usados. Chamam-se, res
pect ivamente, tábu a de tangentes, de senos e de co-senos. As r
az
ões
entr
e
os
lados do triângulo retângulo, mais comume·nte usadas são a.s
seguintes: '
altura
ha se
=
tgA
altura
-
seu A
hipotenusa
base
-
hipotenusa
cosA
Os inversos destas razões denoniinani-se: ·
co
g A êosec
A
e
sec
·
A,
respetivamente. Assim, a
otrr
A é igual
à
base dividida pela
altura, a cosec A, à hipotenusa dividida pela altura, e a
secA
à hi
potenusa dividid-a pela base.
Existe uma tabela para cada uma dessas razões . Tão fácil
consultá-las, quanto a um horário de trens. Na tábua de senos, uma
coluna,
tal
como a coluna dos horários de trens, dá a
hora
da partida,
aliás, o ângulo
A .
Outra coluna, tal como a coluna da hora
da
chegada" - dá o
número
desejado, sen A. Quanto à
c o n s t r u ~ ã o
dessas tábuas,
será
objeto de outro capítulo.
Por
hora, limit-ar-nos-emos
a dar uma idéia do processo. Um dos métodos possíveis seria traçar
um grande
número de
triângulos retângulos, cada um com um ângulo
agudo
di f
·eren. e (diversos valores de A)" e medir, cuidadosamente, os
lados, anotando
os
resultados. Mas o processo, além de trabalhoso e
demorado,
não
seria suficientemente preciso, porque, neste mundo im
perf
eito,
todo
o cuidadô
é
pouco e nunca a primeira tentativa é a
mais perfeita. Ademais, já sabemos o suficiente para obter os mes
mos resultados, com mai or rapidez e precisão . Conquanto sr.m a
intenção expressa de fazê-lo ,
já
coletivizamos as razões de alguns
ângulos, embora muitos nos faltem
para
completar a tabela.
Podemos
apreciar o nosso progresso, atentando para uma fubela
muito comum, conl< a que regi ltra as várias etapas de wna :viagem
de
trel l- ·
EUCLIDES SIDM L1GR:lM ( \S
163
, I
Partida
da Esta-
çlio de
Waverley
Chegada
a
(Edlmburgu)
--
I
. M.
Newcaatle
y,,. J
Londres
3.0
-
6.45
-
4.30
6.30
- -
5.15
-
-
11 58
~ e c o m p a r a ~ d e s
os
desenhos da Fig . 50 com os da p a r t ~ in feri ar
da F'fr· 44, v e r e ~ s que bem se pode organizar uma tabela semelhante,
assim:
lngulG
(A)
(Gre.\18)
Tg A Sen A
Coa A
ObservarGis, também, duas coisas que muito facilitam a confecção
d s tábuas:
(1) sen A = cos (90'>-
A
cosA
=
sen 90 - A)
Vide demonstração 5 (b
tg = ( :
=
z -
_ _ X
:..)
h b
Denwnitração 8
· O quadrado da hipotenusa: de um triângulo retângulo
·é
igual à
1oma dos quadrados da base e da altura".
1\
dissecação 'necessária a esta demonstração já ·roi explicada na
Demonstração 5 (e) e na
Fi g
. 43. A altura bai xada dô ângulo reto
sôbre a hipotenusa divide o triân gulo retângulo em dois outros tam
bém r e ~ â n g u l o s semelhantes entre si e ao triângulo p r i m i t i v ~ Só
P
gue f. zemos na Fig.
51 f o ~
dispô-los de maneira a
q,ue
se
~ o s s a
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I
164
j
l
I
/ ·
; 60
·Ijz · -
cos.
60
o=
1
z
MARAVILHAB DA MATEMATICA
l 'lr
.
so
cetier,
à
primeira vista, qüais
os
ladós e ângulos corres(>Ondenfes.
virtude
de
_iii)
na
Fig.
51:
c a
,(l)emonstração n
a
=
ex
(Regra diagonal,
pág. 1 0 4 ~
Em virtude
fle
(iv), e por motivos
a n á l o g o s ~
b y
c b
b
2
= cy
Em
J
I
.
"
·
'
.
3
EUCLIDES
SEM LÁGRIMAS
165
Combinando
os dois
resultados, e
como c = x
+ , vemos ,que:
a
2
+ b = ex +
cy
·
a•
+
b c (x
+
)
(Demonstração 2).
·:.
=
b . c•
(i)
p
X
(i )
(i i
51. - DEMONSTRAÇÃO 8,
J'ambém se
observa, na
figura,
que
f
y
-
-
X
p
e
pois
pt = xy
ou
p
l x y
Nesta última expressão,
p se
denomina médi geomftrica
ou
mé-
dia proporcio11al de x
e
y
Assim, a média geométrica
de
3 e
27
é
- I
y3
X
27,
isto é,
y
81 =
9. A
média
aritmética
dos mesmos
números
seria:
(3 + 27)
=
5.
Em noventa e nove por cento das vêzes
em
que
os
políticos útdem a médias, esquecem de dizer a qual se referem.
Há
muitas espécies de
médias, cada
uma C Jm cmprêg:o
particular.
•
7/21/2019 HOGBEN Euclides Sem Lagrimas
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166
MARAVILHAS
DA MATJiJMATICA
E sta demonstração é
ela
maior importância na determinação das
razões
dos ângulos. Dev e
is
lembrar-vos (e,
se já
esquecestes, recor
d : ~ i o na
Fig. 44)
qu
e
quando os ângulos de um triângulo valem
300,
60' ou 90 , a hipotenusa (c)
é
o dôbro do lado (a) oposto ao ângulo
de
3()
.
Para
obter o terceiro lado ( b , atribuímos à hipotenusa
valor
1,
e ao invés de escrevermos:
ou então
escrevemos:
•
=
a
+
b
2
p
0·)· = b•
1 t = t =
b
b=V
Num
iriângulo retângulo de 45° . a base e a altura são equivalentes.
Assim sendo,
para
obtermos a hipotenusa
(c)
podemos escrever:
,.
=
1
+
p
=
2
, =
vz
Poclemos, pois, encher os espaços em branco do nosso
horário
de
tangentes, senos e co-senos
(Fig.
52) :
ngulo·
45•
~ n g c n t e
1
' J
v .
Seno
1
2
1
\/2
\ /3
2
00
-aeno
V3
2
1
~ / 2
1
2
Os geõrnehas gregos nunca tiveram a idéia de organizar 1tma
tábua como esta, e menos ainda de estendê-la a todos os graus. Assim
sendo, deixaremos para mais tarde a explicação de como se pode
organizar uma tábua. Entrementes , é importante observar que nada
mais nos amarra ao ohelisco solar. Os geômetras gregos dispunham
de meios de medir alturas sem recorrer sombra. Quando se possui
um simples teodolito (vide Fig. 12), pode-se a f a s t a r s e ~ ~ ~ metros da
ElUCLIDlllS SEM
LAGRIMAS
161
base do b a r r a n c ~ representado na Fig . 45, até avistar
0
cume do mesmo,
a 300 de elevaçao. Chamando h a altura do barranco
,
h 1
= · ou
;ç
h
v3
Se o observador volrn a aproximar-se do barranco, e caminha y
metros até avistar-lhe o cume a
60°,
h -
- =
v 3 ou h
= y . y l
y
Nem são essas as únicas utilizações da tabela trigonométrica.
Suponha-se que não se pode subir ao cume do barranco nem aproxi
mar-se de sua base.
Isto
não impede que se calcule a
sua
altura.
Para fazê-lo, basta obter a distância horizontal entre os dois p o t ~
dos quais se visa o cume do barranco aos
30°
e 6()<> respectivamente.
(Vide Fig.
53).
i
/
/
.f
I
/
/
I
6 o
l 1
Ir U• = 1 i oen 46• =
;
oa 45• =
v 'i 1
vã l
lc 80•
=Vã: Hn GO• = :
M 60• =
2
l l
ã
c SO• ;: ;
8 •
;:::: -
CO
UO
:::.
-
vã a
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..
168
MARAVILHAS DA MATEMÁTICA
No
fim dêste capítulo inquiriremos porque os gregos, podendo
organizar um dicionário de ângulos, não o f ~ z e r a m . C u m ~ r ~ observar,
a êste respeito, que, na confecção de úma tabua desta espec1e, o mate·
mático e sbarra inevitàvelmente com quantidade : como ..J2
e V3
(aproximadamente
1,414
e
1 , 7 ~ ~ ,
inexprimíveis
c o ~
os n ú ~ e r o s de
que dispunham. O homem pratico - que quando nao tem .cao, caça
com
0
gato - tinha de resolver o
p r o b l e m ~ ,
ou bem com f1guras.
areia ( Fig. 55) , ou com
outro
gênero de f1guras baseadas na
med1a
geométrica. Explicá-las-emos mais tarde.
Q U ~ T R O
DEMONSTRAÇOES DE ASTRONOMIA
Para aperfeiçoa r o método de . medir distâncias i n a c e s ~ í v e i ~
por
meio
de
ângulos e distâncias C() lhecJdos - como na determmaçao
4a
: ~ : : : _ - _ - _ - _ - _ - _ - _ - _
_ - _ _ _ _ _ _ ;
_ _ ::::
: :. : : : :
Jl r 63 - OOMO
SE MEDE
A ALTURA DE UM BARRANCO QUANDO
' . . NAO SE TEM ACESSO
A. SUA
BASE.
N o
18
pode madir a; ou
ti,
mu pode-se
ms.d
ir d
= - u).
: .
o :-
d) =
h 1 -
h - h
~ · .
- = OU b · j 8 =
j
= v B o u J =
' vã
7 v8
- h
b · l / 3 d =
vã
Multiplicando ambo1 os membros pol'
v
temo1:
3 " - d v =h
~ h =
·t vs
v' 3
b
=
- · -
.
2
E ' êsto, em ossência, o método
de
so medir •
d l s l ~ n c i • d& lua
A
lerra.
8
. .
•M I
I·
I
t
TI:UCLIDES SEM LÁGRIMAS
lU .
altura do barranco - é necessário conhecer um pouco melhor a fig1,1ra ,
chamada círculo. A geometria do círculo
é obra
dos fazedores de
calendários.
Não
se sabe, com certeza, o quanto os gregos lhes
d e v ~ m .
A segunda demonstração, que segue,
é
atribuída a Tales... As
três primeiras são objeto do 3.•
Livro
de Euclides, e a quarta, do livro
12•. O
princípio, em que esta se baseia , era certamente conhecid()
desde a mais remota antiguidade, ou, pelo me ·nos, desde que os homens
começaram a fazer rodas para carros
de
boi e carros de· guerra . s
sacerdotes e artífices egípcios já o conheciam em
1500
a. C.
Quando o fenício Tales descobriu como se inscreve um triângulo
retângulo num semicírculo, sacrificou
um
novilho aos deuses. Foi,
certamente, um mau negócio para o novil·ho e, em tlltima análise, foi
também um mau négócio para os deuses. A navegação sem
terra
à vista só se tot"nou possível quando os homens começaram a orientar
os seus navios pela órbita das estréias.
Foram
os fenícios que
t r a . r u ~
formaram a estréia Polar dos sacerdotes na estréia Polar dos mari
nheiros. Foram êles que começaram -a secularização do calendário. Os
homens já mediam a latitude e a longitude da esfera celeste das estré
Ias, antes de sa·berem representar, em mapas, a superfície esférica da
·; ·
,
.
.-·-
_ç-- . .
. . . 1 \ . , •' J
I
. ' · ( ·
· ~· · : · : : ~
J ; _ ~ ~.....,_
~ · " ~ ' :
..
........... ....... - : : : - - . ..... .
..
_..... .....
........
., .... ' ~ ~ _ r . ; :
~
_ / / ~ ~ - =
~ ' '
..
~ ~ ~
. . _ . .
....
~ ~ ~
....-
· ~ ~
~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~
~ - - . . : : : : : : : : : ; = ~ - ___
- - ~ -
1 / ( Í t ~ ~ ~
o t1r1{,/lt,ví
t,lftt
1
~
' ' · .. lllq
Fir. -
OOMO
SE
MEDE A IoAROURA
DE
UM RIO,
P ô d e ~ taur um inatrumento muito dmples fixando uma T ~ g 1 1 a de madeira • .,
eentro de um . traneferidor, dBixando·n girar livremente . Fixa-se nas
dues
extrornidadu
da
drua , & l m
como
base
do .transferidor, quatro
ganchos
(como os usado.a para
luatenh.r
O
JI&Ua de cortina),
que
llrvam
de ocularu
pa.ra a
visada Do t : ~ o n t o
A de
nma daa marre
nJ
, eaeolhe·se. um objeto (uma A.r vore, por exemplo). na margem o p o s . ~
O,
Pondo
o hroço
móvel
•
90•,
lr•ça
·se
um,
re h
·
hese porpcn<liculnr
•
AO
eslicando
um•
eorda
no
P_'Oiongam•nto do
tunoferidor
. Cnminh&·se
sôhr
c•ln r ei• •t6'
0
ponto
B,
de
onde
••
aviSte
O
oegundo
um
ângulo de
30•.
Mede-se
AB. liDO é,
pois um iriAngulo
reU.ngulo
em
qne: •
1
Ao= -
no
2
• AB =
Auim,
AO,
t•rrura
do rio,
é
Igual o
AR
va
vs
2
80
7/21/2019 HOGBEN Euclides Sem Lagrimas
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170
MARAVILHAS
DA MATEMÁTJiCA
\
terra. Sistematizando
a medição do círculo, os gregos jônios lançaram
as Wa.ses da geografià alexandrina e separaram, de um golpe, a astro
logia da astronomia.
A
crença
na esfericidade da terra era, de longa data, muito po
pular
entre aquêles povos navegadores. Figurava, como assunto de
primeira importância, nos ensinamentos do fenício Pitágoras. Os
fazedores
de
calendários o sabiam, pois estavam acostumados a
ver
o
disco circular- sombm da
terra
- nos eclipses tu·nares.
Os
povos na
vegadores não" tardaram a perceber que a esfericidade terráquea explica
muito hem algo que todos os marinheiros viam quando se aproxima
vam
ou
se
afastavam da
costa.
Viam
as montanhas emergirem da .<
águas,
quando
demandav am o pôrto. Viam o teto dos edifícios mer
gulharem
no
mar,
quando se
afastavam
(Fig . 59). Naqueles tempos
remotos
em
que a luz artificial era um luxo. bastava uma viagem
pel(l
Mediterrâneo,
pam convencer àqueles intrépidos
marujos
que, no verãn
os
dias
se alongam e as noites encurtam, o
contrário
do
que
sucede
no inverno. Muito antes
das
naus fenícias se afoitarem
pam
além
do
Báltico e das costas
de
Devon, Bion, discípulo do materialista De·
mócrito, falava a seus alunos numa terra em que o sol jart1ais se punha
A
geometria
explorou o Círculo Artico muito antes
QUe
os navios
levassem o civilizado a apreciar o sol da meia-noite na região polar.
Nesl'a época, porém, a geometria
grega já
se
transformara
em passa
tempo
de uma classe privilegiada e escravagista.
~ o r
cerebral e
Fl r
. 55 . -
MtTODO
GRAFIOO
DE
OALCULAR
RAIZES
QUADRADAS,
Enquanlo um dos eatel.<>s do
trilngulo
rotlngulo 6 Igual • 1, o outro nle, nooonol·
"amonh,
1,
.,;2; y3,
vT
v ,
ele• .
A8Sim,
pela recra
•
1
<=
111
+
cl ll<a:
•• =
11
+ Jl
= : • c: . ;3
••• ::: 1
1
+
('1/Z)' =
8
. ' . AI = 1/B
a S =
1' +
('1/S)I
=
4 : ••
= v•
... = 1
1
+ cv•l'
:
5
, ',
•• <: v& ato,
•
I
I
EUCLIDID9 IDM L OJI.lMAS
171
labor manual
r e f l e t i a ~
a estratifi<:ação das classes sociais.
Justamente
q u a n ~ o acabara de cr.lar um novo J ~ s t r u m e n t o para o homem conquistat:
o un .verso _em que VI a
g c o ~ n ~ ~ n a
degenerou num mero passatempo.
E so d e p o 1 ~
de
d e s t r u ~ f a
a 9Y z,ação gre ga, os .rutos
da
geometria
g:reg:a
g : ~ m ) l a r a m ,
·
Qemcnstra ão
2
' ' Q ~ a l q u e r
r e t ~
que apenas toca a circunferência '(tange'nte)', ·é
p e r p e n d t c u ~ ~ r ~ é l O
_ue
une. Q ~ e n t r o q cít:Cl)lo
aq
pontq em
que
a
r e ~ 9 toca • · ·
. 'A
~ a ~ e i r a
mais simples de se
demonstmr
a veracidade dêste pos
t u l a d ~
e a
t u;trada
na
_F1g
. 56 •
Quando
o fio de
prumo
roça, apenas,
o honzonte, e perpendtcular a ele. Se o fizermos oscilar (ou oscilar
um pêndulo
de
comprimento equivalente, fixo no mesmo ponto de
suspensão) êle descreverá o
arco
de
um
círculo que apenas roça o
horizonte. O raio de uma roda, cujo terminal está em contato com
o chão, descreve um ângulo reto
até
o momento
em
que atinge uma
;JOsi_ção pa_ralela
ao
solo. A Fig. 57 apresent a a demonst ração mate
mática mats comumente encontrada nos livros
de
geometria elementar.
- ' ~
por
êste motivo a incluímos aqui.
Se
o leitor não simpatiza com ela,
d e t x ~ - a de lado.. A ver?.ad: é a demonstraçãq rimitq Jll( ' QS
CO J:Y .l<;;eQte ~ u e
~ : K P
e . f ~ 1 ~ a çQt qtana.
ri . 50, -
.0.
PRIN01PIO
DA
T A N G ~ ' ; W I A ILUSTRADO PELO FIO Dll
l'UU.M,Q lil
l 'h:LO
l ' ~ N D U L O , . .
'(i)' Na Fig. 57 (a), OP é uma perpendicular baixada do ct:ntro
c i r c ~ f 1 J e . t : ê n c i a s§b.t:e.
a
C O ~ a f\J?
J:'ios
t l â n g : u ~
AOP
B0f
1
i
7/21/2019 HOGBEN Euclides Sem Lagrimas
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17Z
.· MARAVILHAS DA MATEMATICÁ
AO =r::::: BO.
Em
virtude da Demonstração 6, o ângulo
=
x
=ângulo
OBP. Comparando
os dois
triângulos,
temos_
~ n g u l ~ ,OPA
=
900
=
ângul() ,OPB .
·i 1 ,OP =
,OP,
ângulo BOP.
= 90•- x = ãngulo
AOP,
Em virtude da Regra N.• 3
rjos Triâ11gttlos os dois
triângulos
são
equivalentes, e AP = PB.
ii)
,Vejamos
a Fig.
57
b}. AB, agora,
é
evidentemente menor
e mais próximo da circunferência. OA e OB
são
ainda equivalentes,
mas OP não muito menor
que
OA ou
OB,
Também os ângulos OAP,
e OBP são equivalentes e
mais
próximos
de um
ângulo reto.
· .(iii).
.Na
Fig. ~ Z .
ic)_ h:
f
-ª
estªQ
mtJ tQ
~ ~ l ?
pról{imos ~ u e r.as
; a) ·
tb
c)
- - - - - - ~
" '
/ '
. \
I
J \
I
o
P
p
\
\
', /
.........
____
. .
...
Flr. 87. - D E ~ f O N S T R A . C X O O.
POR QUE A TANGENTE
DE UM
J.NGULO TEM
1.:STE
NO.MI I.
A palav
l
a
tangenl
v t ~
do Terbo iatlno
tangue,
tocar. A
f i ~ : u n
moalra por
qtll
motivo ê a valnvro. uuda, tanto para de11ign1r uma ra.a:4o angular, como para i ~ n a r
quahauer rl)ta quo aven·aa Wque o circulo.
PQ
tg
-
OQ
Bc o drculo
Liver como
raio a
unids.Je
OQ 1
unido.de de
comprlmonto)
A:= PQ
·i
l
"
EUCLIDES
SEM LÁGRIMAS
173
precedentes.
Já é
difícil distinguit
A,
P e B.
'A re:fa
AB
quaSe
roça o círculo. Quando ela o
roç-ar,
apenas,
OP se
confundirá com
OA
e
OB. Assim
sendo, o ângulo OAP será indestinguível
de um
ângulo
reto,
pois
confundir-se-á com o ângulo OPB, e o ângulo OAC será,
pois,
um
ângulo reto. Também o ângulo OBP, que se aproxima do
ângulo OPA, idênticamente, confundir-se-á com
um
ângulo reto. O
mesmo sucederá
com
o ângulo OBD.
Inúmeras são
as
aplicações desta demonstração. Duas aelas me
recem referência especial. A primeira, fundada no fato da luz cami
t ~ ª t :
e TI
\ ~ 1 h a
reta, é a seguinte
1 SuJ>onha-sc um o b s c ~ v a ~ o t : situa4,q
.Estrêla
no zênite ác A
• ·
··
·
~ d i s t â n c i a zenítal__:;;;
il
Fie.
58 <•>
no
nível aó rríar; a
re ta que liga
o
observa
dor a
qft lqfier Jioitto
í:lo
horizonte, é perpendicular
d
reta
qtte
o liga ao centro
da
terra.
Dal
o fato
de
zênite, observador e centro
da
terra, estarem sempre sôbre
uma mesma reta Fig. 58) . Pelo mesma razão, o
fio
de prumo, em
qualquer ponto da superfície da terra, dponta para o seu centro.
t ~ \
/\o pen etrarem
ft
fttmosfcra
tenoe.he,
O Talos dt\
1 n ~ 111\o T i a d o s htô
6
nlfratndos, do modo quo o distAncia nnita.l verda1l elra da estrêla a.o na.s
t:er
&
pôr'
n io 6
ex-atament-e
goa •
\
7/21/2019 HOGBEN Euclides Sem Lagrimas
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174
MARAVIJsHAS
DA
MATEMáTICA
,. " ~ L 1 d e - s e u i i l ~ z a r esta demonstração para calcular a distância a que
se _av1sta um obJeto de altura conhecida, e pois, entre outras coisas.
estimar a que distância costa ( ncontra um navio. ·
Q.istât1cia ao l orizo11k
'. '·-r
Na
Figura o observador está eni ');, e BC é ri objefõ
éliJfante
Jp?r exemplo,
u a
montanha ou um navio), de
que
apenas se
pode
a Y . I s ~ a t :
.bor)a 9o g1astro,
B,
estando
)
restante abaixq
~
.
D
- ~ ~
c q j ~
:<rr=QA
'
centro da
terr l
BC-altura áo
navro
'l1:
, f i ~ .
-
A
TANGENTlll DA
LINHA DO
HORIZONTm.
horizonte ÀB.
Como
a
luz caminha segundo linhas retas, reta
é
a
linha que , partindo de B, roça a circunferência da terra em A. Assim
sendo, o ângulo BAD
é
um ângulo reto. Aplicando a
D e m o n s t r a ~ ~ Q
8
tem-se:1
~ ~ 2
:f-
.
f..D, =
DB2
(DC CB)•
;:::: DC
2
.+ ZDC •
CB
+:
CBa
EUCLiDES SEM LáGRIMAS
E como AO e DC são ambos raios da terra, AD = r = DC
AB
2
AD
2
=
AD• 2DC • CB
CBa
AB
=
ZDC • CB CB•
m
. O t a m a n d ~ AB - distância
do
objeto no momento eni que
desaparece
aba1xo
do honzonte - d e BC (sua altura se fôsse com-
pletamênte
:visível)
h
temos: ' · ·
d
2
= 2rh
a
1
h
2r.+ 11)
Como as mais altas montanhas têm cêrca de 8
000
metros de altura
e o raio da circunferência da terra cêrca de 6 300 quilômetros o valor
.(r+
h)
não pode diferir de r p<ir mais de 1 por mil. N a t u ~ a l m e n t e
• altura h
do
navio
é
extremamente pequena, comparada.
çpm
r,
le
DlogO J,UC rodemos djzer qUe _2r
+ h =
2r, e pois
d = 2hr
Isto mostra a que distância deve estar uma elevação de
600 metros
de
altura,
no
momento
em
que
se
afunda para
um
observador
s i t u a ~ W
no níve do
mar, · .
····
· · · . · ·
600
d" 2 X X 6
300
1000
- 1,2 X 6 300
d = V,l,Z
X 6 300
=
87
{aproximadamente).
d =
quilômetros
; drcunferêtlcia aa terra
A. R. Wallace, nome associado ad
de
Oarwin na grande contra·
vérsia evolucionista, c o m e ~ o u
a
vida
como
agrimensor e sugeriu um
método muito simples de
se
inedir o raio da circunferência terrestre.
Duas. estacas (Fig. 60), com as extremidades superiores, A e B, se
paradas por uma distância med ida AB num canal reto, são fincadas
no solo até
ficarem
ambas à mesma
altura
h sôbre o nível das águas.
Exatamente a
meio
das rluas estacas, finca-se uma terceira,
de
maneira
· . que sua extremidade superior, D, fique sôbre a linha de visada de A
para
B. Como
a superflcie da terra e,
pois
, a das águas do canal, é,
lato, encur:vada, ll a l ~ u r l l ;H
.
de R pôbre o níyel ~ a s águas será um
,.
7/21/2019 HOGBEN Euclides Sem Lagrimas
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178
' - · .
MARAVILHAS
DA
MATEM TICA
Flr. 80. - "MtTODO DO OANA.L" DE MEDIR A. OIROUNB'ERflNOIA DA TERR.t.
pouco menor que h Medindo-se li, H e BD, fncil será achar
o
raio
da circunferência da
terra
aplicando as Demonstrações
ª·
Como
'AC
=
r+
11 =
BC
o t r i ~ n g u l ~ fi:B.C um triângulo isósceles, em que
AQ
=
AB
= DB
•"ssirri sendo, CD é perpendicular
a
AB (Demonstração 6)
e
õ
triângulo J2BC é um triângulo retângulo. ~ o r t a t } t 1 f Q e ~ n o n s t r a ç ã o ,
...
.
•t
DB'
+ DC
= BC
2
DB•
+
r+H)
2
= .(r+h)
DB• +
r•
+ 2rH + lP
= r•
.
+ 2rll
+
pn• .+
H
2
- h
2
= 2rh -
2rH -
= 2r
h -H )
DB• + H'- h
2
h -H )
.
j
.
I
• 1
4
'
,
• i
.
j
I
EUCLIDES
SEM LAGRIMAS
177
Como a distância DB
é
muito gf ande, comparada com a altura
das
estacas, podemos desprezar
(H
2
- h
2
) e
fazer_;
r-
2
h -H )
- t
AB•
h - H)
.
-j{;j: Esrrêla Polar
' i.
I
I
I
I
I I
I I
I
l
I
I I I :
I
I
I
I I I
i I
I
I
I
Q. *
I I
I I Q : . \ I I
I
I
l \ I
I I oª I I I
I
2 . . ~ I I
Q 0
I
i
i I
i I
I
I I I
I
Paio N. i : ) - - -
I
900-:
'._
d.zl
d.z.
L a r i r u d ~
'
'
-9QOI
1
90°
L -d .z. \
Equador
'Ir.
~ 1 .
- DETERli INAQAO DA. LATITUDE
PELA
ESTRI' T,A POT, A'R
(HEMISF'l':R.IO NORTE) .
. A a Jura (∨ulo aôbre o horizonte) da
.. rêla
Polar
ê
Igu al
lalilude
do ob
.
Tadorl
p u
o ambos
e q u i v : ~ . l ~ w
a goo
Delerm inação
ila
LatiiHde
Tôd
as
as estrêlas parecem
g1
rar, de leste para oeste, segundo
círculos concêntricos a um eixo que passa por um ponto chamado pólo
celeste. Hoje, explicamos êste fato dizendo que a terra gira em tôrno
de um eixo que passa pelo seu centro, ·seus pólos, e pelo pólo celeste,
7/21/2019 HOGBEN Euclides Sem Lagrimas
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178
MARAVILHAS DA)fATEMATICA
etri direção oposta à do movimento aparente dos corpos celestes. W
maior parte das estrêlas põem-se abaixo do horizonte, e só são visíveis
à noite durante parte
do
ano, mas as estrêlas mui próximas do pólo,
como as constelações do Cruzeiro do Sul, Triângulo Austral, Ave do
Paraíso Oitante. nunca se oõem
~ - ~
latitu< l sul,
p < ; p n a m : ~ . l º - Q y •
Tri6ngufo
/Lu,lra/ .. y
l
o do
P. ul
/' -
1900
Zênict
P'ir.
81
A.
-
DETERMINAÇÃO DA LATITUDE PEJ,O CRUZEIRO DO SUL
P'ZLJI
SHlMA DO OlTANTE . (HEMISFtRIO BUL).
A
iJUuri
( l n ~ l o ollbre o horizonte) da e a t r ê l ~ Slgmi do Oltanto, ck ponU
lnado
no
P r o 1 n n ~ - a . m e n t o
do
braço ms or do Oruuiro e a
qu-atro v us
f.at.
oomprf.
m ent o - 6 • l•titudo do nbso1'Vr.dor. A latitude 6 I(Ull a 90• wenoa • dlol&ncl& IIUltal
da SiilllA do Oit...n.te.
slveís qtiase a noite inteira, acima do pólo em algumas estações, abaixo,
em outras.
No
hemisfério sul, a Sigma do Oitante, acha-se tão
pró-
xima do pólo celeste que parece não muda.r de lugar.
Fica
quase no
( l r O ~ O n ~ n t q
do ~ Ó ( o S U ~ com O centro da terra. Çomo OS raios dê
\
I
I
I
l
1
\
I
t
• j
EUCLIDES SEM LAGRIMAS
179
luz das estréias são paralelos, os raios que nos envia a Sigma do
Oitante são paralelos ao eixo da terra. Nas Figs.
61
e 61 A, podeis
obserwr que a latitude
de
um lugar
é
o ângulo (altura) que o pólo ce
leste forma cor:1 o horizonte. Assim sendo, fácil
é
descobrir, nas noites
límpidas, qual a latitude da casa em que morais: ba·sta ir ao jardim
e med:r a "aJ.turn" da Sigma do Oitante com um astrolábio (Fig. 12).
Atualmente a estrêla Sigma do Oitante (que figura na Bandeira Bra
sileira, representando o Distrito Federal) gira em um círculo de apenas
1•
de raio, jsto
_
, nunca se afasta mais 1 do pólo
~ l e s t e .
Zênite
Assim sendo sua altura nunca será mais de 1° maior, ou
meno.J
de
t•
menor que a 'vossa latitude. Sendo a circunferênc ia da terra
?e
40 000
quilômetros,
0
processo que acabamos de
d e s c r ~ v e r
fornecer-a a. v.ossa
distância ao Equador com um êrro não .supenor a 40 000 qut.lome
t os _ _ 360" isto é 111 quilômetros aproxanadamente. Se d e s e J a r ~ e s
.:Wor.
p r e i ~ ã o
tomai a ~ é d i a aritmética de duas o b s e r y a ~ õ e s e tas
180
MARAVILHAS DA MATEMÁTICA
{
i
EUCLIDES
SEl\1
LÃGRIMAS
7/21/2019 HOGBEN Euclides Sem Lagrimas
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à m:sma h_ora, p o r é ~ distanciJdas de seis meses, pois que, nesta
ocasta.o a S1gma do
Ottante
ocupará um local oposto, mas na mesma
quantidade,
da
primeira observação. · Se não souberdes achar
0
pólo
sul celeste pela
Sigma
do Oitante, utilizai o Cruzeiro do Sul. Eis
0
processo. -:- Acha-se o pólo súl celeste, aproximadamente, prolongando
lado
m a t ~ r
da cruz ( e?trêlas
f
a e gama)
e
tomando quatro vêzes
este c_ompnmento, a partir d? pe ~ a m a ) . A altura dêste ponto, com
o
honzonte
de vosso lugar, e a Latitude procurada
(Fig.
61 A).
Provàvelmente gostareis de saber determinar também a vossa lon
~ t u ~ e
(Fig.
6 3 ~
..
.
Hoje
em dia, isto
é
muito simples, porque
os
navios
chspoem relogws de precisão, capazes de manter a hora de Green.
Fl r. 68. - Dll:TI':RMlNACõ.O DA LONGITUDE
n l m e l o - d i ~ o aol ae ach·a cxataoaenLa a6bro a l-
nha que une
oa
ponto• norte
1
pr H:tl o n ~ o n t : . b 11to ê, s ~ b r e o meridie.no de lonl'hndo do oburvador. Na firura , ..
mo-
o lv
re
o meradiano
de Greenwich
, portanto
ao melo
-dia
em Gre.enwlch' S.
0
~ s a r v : d o r •e
encontra
o 30° l e ~ t e de Greenwi-ch,
8
te.rra girou de s
d-68de
Qu
1
•
J l u ~ l o n : O ~ P ~ : : r J o ~ l mti&rcou deJO <iJa.. Completcu, p o ~ s , vir6sima p ~ r . t e de 1ue
reTo
·
eo}ar marce 14 he Sar-as, e t n e . n e a n ~ quo, ao
meto-dJ&
de Greeuwich, o qn&dr&n.&t
60
•
ora , o o obse1 va?o.r
est6.
a
60°
e. oeste, a terra ter
i
ainda de l ru
&nt&s qui J eol corte
o
ecu m e n d 1 ~ u o
(o
merldi-&no J.ocal)
ia:to
é um
aexto
da
IUe
tefolucAo
de 24
boraa; o
quadrante
&olar do observador m1uo.arÀ, pols, 's ht'ru
da
m•nhi.
wich d ~ r ~ n t e a viagem inteira, e podem a qualquer momento, escutá-la
pelo_
~ a d 1 0 .
Chama-se
meio -dia
o momento em que o sol corta
0
mendtano e a l c ~ n ç a ~ pois, a sua maior altura.
Se
o nosso quadrante
solar ~ a r ~ a mew-cha uma 1 ~ r a após ser meio-dia em Greenwich,
0
SOJ ter a VIajado - COillO diZJa111 OS a nt igos - mai s 15° para oeste,
i
i
l
·
)
r
i
J
1St
ou a terra girado mais 15° para leste, entre
os
dois meio-dias . Esta-
mos, pois,
15°
a Oeste de Greenwich.
Os
povos da antiguidade des
cobriram que a hora do quadrante solar não coincide com a de outros
pontos da terra, observando a ocorrência dos eclipses ou a ocasião em
que um planeta passava por sôbre o disco lunar. Os babilônios
tinham
relógios de areia,· ou ampulhetas, e podiam, pois, observar o tempo
transcorrido entre o meio-dia de unia certa
data
e o princípio ou fim
de um ecl ipse, ou ocultação. Antes da invenção dos cronômetros, êste
era o melhor processo de determinar a longitu de. Se, num certo lugar,
se observava o início de um eclipse lunar, oito
horas
depois
do
meio-dia
klcal, e
em
outro, 9 horas depois, o meio-dia, no segundo lugar,
ocorria f
t
horas mais cedo que no primeiro. (Vide
Fig
. 116
A)
.
Logo, o segundo lugar achava-se a 1
t
X
15° =
22 t a Leste do pri
meiro.
Os gregos jamais lograram construir mapas baseados em latitude
e longitude. Isto só foi conseguido quando a geometria grega se
transferiu para o grande centro navegador do mundo
cl
ássico, a cidade
de Alexandria.
Demonstração 10
As retas que unem as extremidades de um diâmetro a qualquer
ponto da circunferência, formam
um
ângulo reto" .
As Figs. 64 (
b), c)
e (
d)
mostram como fazer a dissecção . O
raio
do
semicírculo. na
Fig
. 64, tem
r
unidades de comprimento. A
marcha da demonstração é a seguinte:
a + b + c
180•
• + b + (.t + y)
180•
x
+ y)
+
(x
+ y
180•
Zc
180•
c 90•
Esta demonstração nos ensina a determinar grà ficamente (isto é,
por meio de uma figura), a média geométrica de dois números quais
quer (Fig. 64 (e)). Podemos, pois, utilizá-la como
hi
erogli f o para
a obtenção de raízes quadradas, com mais precisão que pelo método
da Fig.
55.
Na
Demonstração 8
(Vide
Fig.
51
achamos que:
P =
\ xy
Para
acharmos v
ry
(Vide Fig. 51 precisamos construir um
ângulo reto, cuja altura, baixada do ângulo réto .CP. unidades de com·
,
7/21/2019 HOGBEN Euclides Sem Lagrimas
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182
liA TI.AVILIL\ S DA
. li
A E : ~ I . í '\'fCA
(b)
A
A Dem, 6
mostra porque
R • d
(e)
r
OC
une
oo
rt Hrl»
d)
C·
A Dem . 6
.mourq
porque O·b
x- 2 y•l
'Raio do Círculo
-1/Z (
x +
IJ)
u
I 1 Z
Poro oehor .o i mêdio geom6trlco do 1 e 2 (lato 6
v2J, lofteren
·•• am
tr Anrül
(
1+2 1
ret lorulo num
H>mi dreulo cujo T io A a
mêdia
arlt.mMloa
i.8to 6 c::
1
- •
P.oro oc
hor
yB
por
êate m6todo, t o ~ o · o o :
1
::z:::B: =2; r=
2
64 ,
- DE'MONSTRAQ O 1 0.
I I
primenfo)' divida a hipotenusa em
x
e
y
unidades de comprimento.
Suponha-se que desejamos determinar o valor de
v
Se x =
7
e
=
, y
=
7. Assim, traço uma linha de 8 unidades de compri
mento e levanto uma perpendicular a 1 unidade de um dos extremos,
ou a 7 do outro . Fazendo centro no meio da reta, traço um semicírculo
de 4 unidades de raio, e ligo os extremos da reta-base aos pontos em
. EUCLIDES SEM LA.GRIMAS
183
que o círculo corta a perpend\cular. Qbten)lQ assim llm
â n ~ l o
eto,
e ) yalor p_
· \ ..
.
.
- . t ~ " " ~ ~ · r - : - · - - ~ ~ - - - - - r · - - - - - . , . .
Demcnslração 11
J'ic. 55. - DEMONSTRAQ O 11,
O
= 180'
-
a
(D em. 5)
b =
c (l>em.
6)
: +
c =
2
"Se construímos dois triângulos retângulos do mesmo lado
de
uma perpendicular baixada sôbre o diâmetro de um semicírculo, unindo
Q ponto em que ela toca a circunferência ao centro e
à
extremidade
·lO diâmetro, o ângulo no centro é duas vêzes o ângulo da extremidade
lo diâmetro".
A Fig. 65 ilustra perfeitamente
a
marcha das operações. .
Pbser·
;ando .que C =
180"-
a e que:
a
b
c
180•
b
c
-
180• a
, .
2c
180 - a
.
-
2c
-
c
c
-
tC
Esta
demonstração é muito importante, pois que serviu - com?
veremos adiante - para a cqnstrução do primeiro dicionário
a l e x a n d ~ L -
no de senos. A Fig. 66 mostra-nos como traçar, na plancha do quadran
te solar (Fig.
46)
círculos correspondentes a um grande número de ân-
6"los, a partir daqueles que
já
sabemos traçar
(ex
. : 60•, 30• ou
45•). A
Fig.
65
A ~ n d i c a outros ângulos, a partir dos quais se podem traçar
outra série
de
~ Í r c u l o s ,
prÓprtOS
pat ª f f i < ~ Í [ Q ~ J g U Ç l p ~ o j e t a < o ?.cio
obelisco. · · · -·
D mwn rlração
12
"A relação entre a circunferência
e
seu diâmetro
é
a mesma em
círculos".
7/21/2019 HOGBEN Euclides Sem Lagrimas
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18t
I\IARAVILHAS DA MATEMÁTICA
Isto equivale a dizer que a circunferência
é
"tantas vêzes o
diâmetro, seja qual fôr o tamanho do círculo. A relação, aliás, é
um
número esticável, como yZ e como êle se porta na medição .
Como não pode ser representado na mesma forma sumária que um
decimal repetido (dízima periódica), representamo-lo pelo pronome n.
Mais
tarde veremos que seu valor é proximàmente 3
t.
A demons·
Fir. 65 A. -
OOMO
SE OllTtM
AKGULOS de 67 li
•
e 76•,
O o doi o &nguloa
A
oiln equivalenlec
na
o
uu
fiiUUI (Demonolraçno O), Aebam·
11
a.eua T&Iorot pela
l Jemonf\Lratlo
6
tração que a êle nos conduz, relaciona a medida do triângulo com a
do círculo. Ensina a calcular a circunferência de u:na roda, conhecido
o seu raio, ou que comprimento precisamos dar a êstc
para
construir
uma roda que gire tantas vêzes por quilômetro. Nela se baseia o
ciclümetro (o primeiro modêlo de ciclômdro apareceu em Alexandria,
cêrca de
100
a. C.) e o indicador de velocidade, ou velocímetro . A ela
se deve, também, o fundamento de tôdas as grandes medições da terra,
do sal e da lua. Conhecida a circunferência da t ~ l a (calculada pelo
processo tão simples exposto na pág . 247), esta demonstração nos
permite calcular-lhe o raio e também a circunferência de qualquer
círculo de latitude. Sem o n não haveria Colombo nem George Ste
phenson.
Tudo
nos leva a crer que a medição da círculo foi sugerida pelas
figuras poligonais ou pelos círculos traçados (pois que são tão fáceis
de fazer) na superfície convexa da argila, na mesa da ceramista.
As figuras como as representadas na ú7, sugerindo luz e sombra, sol
e lua, eclipse e claridade meridiana, realidades sempre presentes de
labor e devoção no mundo de antanho, são reminiscências dos padrões
geométricos que adornavam os vasos antigos (coma os famosos vasos
de Chipre, cêrca 1000 a. C.).
Outra
possibilidade, é porém, que a
medição do círculo t enha provindo do método babilônico de inscrever
um hexágono na circunferência, provàvelmente para dividir a faixa
da eclíptica nas seis primitivas constelações do zodíaco. · -
.,
/
'\
,1
I,
r
l
_
EUCLIDES
S-EM LAGRIMAS
185
Observando a Fig. 67, nota-se , imediatamente, t rês coisas:
a)
'A
circunferê-ncia e a área de um círculo são, a um tempo, menores
que o perímetro e a área do polígono que a circunsc reve, e maiores
que as de um polí gono nela inscrito. (
b Um
polígono que circuns-
J
ç ~ c u l o
.(lados tangentes ao círculo), ou um p o l í g o ~ 1 0 ~ i :
'ir. ee.
- COMO
SE CALIBRA
O
qUADRANTE SOLAR.
l'•nindo doa hruloo de 67 h
•
e 75• (obtidos n& lig, 65
A)
pod6111oa olilift
67
1
/ . • ; ss :Y •
. ••
eunscrito por um círculo (vértices sôbre a circunfe rência) pode ser
ílecomposto em tantos triâng-ulos retângulos quantos são os seL1s lados
vêzes dois; (c) A soma dos ângulos centrais de tod as êsses triângulos
retângulos, perfaz
3 6 ~
.
7/21/2019 HOGBEN Euclides Sem Lagrimas
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186
MARAVILHAS DA MATEMÁTICA .,.
Observando a
Fig. 68, vereis como se pode traçar
um
polígono
de
n
lados iguais, inscrito
num
círculo de raio
r
(unidades de compri
mento)
ou
circunscrito a um círculo de raio
R
(unidades de comprimen
to). Começamos por colocar o ângulo A no centro; depois, vamos
~ o c a n ~ o o
a
lado,
211
triângulos equivalentes, .ora encostados .eela
?nl r<>no
< e c
hc oe
lr;uaia,
o o n . t l ~ u d o do
. ·a
t.riAnv;uloa reUn-:ulos de
360'
l
:
gulo
;
)ntr.al o:: 4.5•,
Pol tona
do 8
loodaa
eqnl•
. ~ ~ . l c . n t u , eonatituldo de 15
triingulo rct&ngulo• ooa
Anruloa cr.ntrl\i
rle
sno•
- ·- =
22 ~ · .
16
~ l ã iiie6rridõ eiitri
áola quorlrn•lo• (pollronOI
do ' ll.do•
irWiil),
.
Circulo oncorri4o ont.ri
pol <onOI oil
I l d.N
e q \ l i V f l i l l i U l ~
Ofreulõ êiieomc õ iiitri
1 1J01I&onoa
do
I 1 <101
• q u i u l . e ~
Fi1.
&7. -
DA RODA
DO OLEIRO AO VALOR
DI :
IC.
hipotenusa,
ora
pela base, até retornarmos
ao
ponto de onde partimos.
Como os ângulos centrais perfazem 360•, e são todos equtvalentes,
'podemos escreyer_;
3600
2u
1-
j •
i
I
.I
· EUCLIDES
SEM
LÃGRIMAb
.
181
. Observemos agorã a Fig. 69. 0'emos,
a
esquerda:,
a
is círculos
circunscrevendo dois poligonos de lados equivalentes. A direita, dois
polígonos de lados equivalentes circunscrevendo dois círculos concên
tricos. Na
figura,
t1
é
igual
a 6. Em
cada figura, traçaram-se os
dois polígonos de modo ,que
95
loze triângulos retângulos
em que
podem
ser dissecados fiquem com os mesmos ângulos agudos. Como
J < K f o ~ os triângulos r e ~ â . n g l ) Q s
me mq ~ n g u o
agudq ~ ~ o s e D - e h a n t ~
Como
sr
comtrôi
u polígono dt
a lados
inscrito
nu círculo
dr
raio .
r • hlporenusà
360"
A·ZI]
li) Como , consrr6i um ·
poligono
de n lado drcunJmlo
t
u
círculo dt
raio
R
i lr. u
(Demonstração
S c)), a
razão dos lados correspondentes
do triân
gulos maior e menor
é
a mesma. (Demonstração 7 . Chamando r o
raio do círculo pe_ueno,
e
R o círculo granQe
a
iB:U .a ga ~ ~ u ~ ~ ~ a
Ul()stra-nos
que_;
PB
OB
-
,
PB
R
P
-
pb
t:
Zn
X
PB ZR
2t' X pb_
f :
8S
MARAVILHAS DA MATBlMATlCA
EUCLIDES SEM LÁGRIMAS
189
7/21/2019 HOGBEN Euclides Sem Lagrimas
http://slidepdf.com/reader/full/hogben-euclides-sem-lagrimas 35/40
Como os polígonos circunscritos são ambos con:tituídos de
triângulos retângulos, os seus perímetros valem.
Zn
ve;_es
pb
isto
é
PB. Assim, chamando C o perímetro
do
maiOr e c o
do
. m c t ~ o r
o.
0
diâmetro
do
círculo maior
e o do
menor, podemos
e s c ~ e v c r
D C c
,
d
ou
D
d
F
-
A
FIGUitA ILUSTRA A REJ,AÇAO Jl'lXA EXISTENTE
ENTRE
O Pl l•
i t l ~ Ú : i · i w
OU
l OLIGONO INSCRITO
é o que inscreve) E O DJ,\Ml :'J'RO DO.
CIRCULO.
isto é, a razão
do
diâmetro do círcu:o circunscrevedor para o
p e r í m e t r ~
dos polígonos
de
11 lados equ ivalentes,
é
sempre a mesma, quando 11
\)
Da figura da direita, tiramos:
pa
PA PO PA
ou
-
pO
PO
pO
pa
2
X
PA)
ZR
D
=
211
X
lPa)
2r
d
Assim, chamando
C
e
c
os perímetro s dos dois polígonos cir
Çttnscrevedores, teremos;
c
D
I
c
d
Tamh<:\m é
eX'ato,
pois, que a razão do perímetro de um poligono
( e
11 lados iguais para o diâmetro
do cí
rculo inscrito, é a mesma em
todos os círculos .
Voltando à Fig. 67 vereis que, se se aumentar o número de
lados, o perímetro (e a área) do polígono de dentro aproximar-se-ão
'do perímetro (e da área) polígono de fom, e amhos diferirão
menos
do
perímetro (ou área) do círculo que passa entre ambos. Se
se continuar a fazer polígonos insc-;·itos. e circunscritos com um número
de lados cada vez maior, c h e g a ~ s e á mais e mais a uma figura cada
vez mais indistinguível do círctlo. Como a razão entre o perímetro de
polígonos semelhantes, circ•,nscritos c o diâmetro, é a mesma em
todos
os
círculos,
e
a razão
e n t ~ e
o perímetro ele po.Jígonos inscritos se
melhantes
e
o diâmetro é a mesma em todos os círcnlos, a rnzão,
entre a circnnferência (pedmetro)
(c) rlo
círculo
c o
seu diâmetro,
é
a
mesma
em
todos
os
círculos. Chamando esta razão ,
x,
teremos:
c
ou
m
Zm::
ri
Só depois de e ~ t u d : 1 : a utilização ele :t:, procuraremos
um
meio
de obter-lhe um valot· p r e c i ~ o . Não obstante, para sati sfazer a cu
riosidade do leitor, depois
de
tanto trabalho , apre
se
ntaremos o método
mais simples e menos aproximado. Euclides nunca o utilizou, con
quanto. já
em
1 500
a.
C., os egípcios tivessem obtido para r o valor
3,16.
assaz satisfatório para operações
qur.
admitam n'a margem
de
1
%
de êrro.
Se
lhe tivésseis perguntado qual a vantag-em
em
conhe
cer êste valor.
êle
vos teria oferecido uma moeda, pelo vosso incômo
do. Ao
ui
e ~ t á a
O 'perímetro de ttlll quadrado que inscreve um círculo de diâmetro
d é igunl a 4d . Rasta traçá-lo para ver por que . Conseqüentemente,
a circunferência do circulo é men cr CJUe 4d. O polígono de seis lados
equivalentes constituído
ele
clc
ze triângulos retângulos
de
300
. Vimo;
que a altura dêsses triângulos
é
metade da hipotenusa (Demonstração
6). Para um polígono circunscrito
nutm
circunferência de raio d,
a hipotenusa (Vide Fig . 68. metade superior) é igual ao raio. Por
tanto, a alturn,
em
relação ao ângulo central,
é
igual a 1
d.
O perÍ·
metro do polígono de seis lados equivalentes é 12 vêzes êste valor,
7/21/2019 HOGBEN Euclides Sem Lagrimas
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100
MARAVILHAS DA MATEMÁTICA
isto
é,
3d A circunfe rência <lo circulo é, pois, i11enoi' que 4d e maior
que 3d O que equivale a dizer que
rc
fica entre 3 e ;\. ' :rc = 3,5
±
0,5),
Basta olhar
a
figura
pa
ra
ver que a circunferência: ao círculo
é
mais
próxima
do polígono hexagonal inscrito do que do quadrado que a
circunscreve.
rc é,
pois, maior do que 3 e mais próximo de 3 que de
Em
outras palavras , fica entre 3 e 3,5
·(lt =
3,25
±
0,25).
O btido um valor para lt, fácil é calcular a área de qualquer cir
cul ei . Observando a Fig . 68 (metade inferior), vê-se que a área do
, p o l í ~ O Qe n
lados que inscreve a circun erência
é: ·
n vêzes R
(altura)
{Demonstração 3):
1
R vêzes o perímetro
E quando
é
tão grande que mal se poâe 'disUnguir o poligot:to
Üci círculo,
= l._t..
itP.
E como D = 2R ' ·
''
-
1 ' W
:: ~ t K " '
C onhecido o raio
à
tétrã:,
n
nos faculta calcular-lhe a magnifuife
A Eucl ides devemos a demonstraç ão que nos permite fazê-lo. Nestr
capítu lo, omitimos qualquer referência à geometria das figuras sólida
por uma
única
ra
z
ão:
podem-se
obter
os mesmo resultados, com muito
menos trabalho, com outras espécies de matemática que soprepujaram
a geometria
grega
. O que aprendemos basta para fazermos uma idéia
das
origens dêsses desenvolvimentos posteriores. Se podemos deter·
minar a distância da terra à lua, pelo método a que
já
nos referimm
e
que
examinaremos, detalhadamente, mais adiante, podemos, tam
bém, pelo mesmo processo, determinar o raio da lua e calcular a sua
magni tude. D o r : ~ . v a . n . ( . e
l
tr.d. parte ativa em. todos
os
cálculos celeste.•
(Capítulo
6).
O CLíMAX D.A GEOMETRIA GREGA
'A geometria grega que, em 300 a . C. , Euclid es levou para Alexan
dria, já atingira o seu clímax. Constituíam-na todos os princípios de
qu e árabes e alexandrinos extrairiam as regras de cálculo e métOdm
mai·s econômicos de cartografia, astronomia , geografia, arquitetut'l\
e domésticos. A incapacidade dos gregos em fazerem descobertas no
'táveis, seguindo a luminosa trilha de Anaxágoras ou d e s e n v o l v e n d ~
as br ilhantes medições de Aristarco e Eratóstenes (Capítulo
6), fo:
devida ao fato de a geometria se ·
ter
transformado num passatempo
9e intelectuais, desinteressados nas realizações sociais de artesãos r
rnari nhejros.
Quando
def. rontados com quantidades como v3 ou n.
I
I
I
I •
I.
I
EUCLIDES
BEM
LAGRIJ
;\.s
lU
insuscetíveis de representação nos números próprios (ovelhas e reses)
de sua herança social, os gregos viam-se num dilema.
Para
cont01·
na-lo, poderiam, ou bem aumentar o seu vocabulário numeral - que
foi o que Arquimedes tentou; mais t rd e tornando-o mais adequado
à função de representar as imperfeições do conhecimento humano, ou
bem refugiar-se dentro de uma perfeição abstrata, banindo a medição
da geometria. Escolheram a última. Euclides jamais se refere, como
nós outros, a lados e áreas, ou a quadrados de números representativos
de comprimentos. Refere-se a lados, linhas e figuras. Não utiliza
números a b s t r a t ~ s como nós outros, para representar tantas uni
dades de medida. Só usava as letras como rótulos para linhas e fi
guras, e os números, como representações dos resultados dos cálculos
feitos no ábaco.
A doutrina platônica de que régua e compasso eram os únicos
instrumentos que o geômetra devia usar no traçado de suas figuras ,
é perfeitamente concorde com o conceito de matemática do grande
filósofo. Cie<linetria, para Platão, era um instrumento de perfeição
·espiritual. Não se pode esperar atingir a perfeição espiritual e di
vertir-se, ao mesmo tempo. Porta nto, nada mais natural, para os
adeptos desta estranha teor ia, que tornar a geometria tão difícil e
sensaborona quantq a acharam muitas gerações de colegiais. A geo
metr ia era a ocupação mais sublime dos Jazeres intelectU'ais. A graç a
do jôgo estava ·em tornar-lhe a:s regras o mais complicadas possíveis.
Da mas e bridg·11 de leilão eram diversões r e p u t d ~ demasiado banais
por aquêles intelectuais desempregados que adotavam o platonismo.
rues
desejavam xadr
ez
e bridge de contrato Homens que, como o ate
niense Arquitas, inventavam novos instrumentos para traçar curvas,
não eram bem recebidos, e muit.'as iniciativas interessantes foram bar-
radas por êste desfavor das classes superiores .
Tôda essa anarquia matemática, dissimula uma contradição fun
damental. As figuras são, no fim de contas, coisas que têm de ser
traçadas por sêres humanos imperfeitos com instrumentos não menQs
imperfeitos, e o próprio Euclides ensinava que só se deviam usar
construções (aliás, dissecções, tal como as chamamos) uma vez de
monstrada a possibilidade de efetuá-las com os dois instrumentos per
mitidos
(a
régua e o compasso). Foi o que fizemos nas nossas regras
preliminares de dissecção.
E'
exato dizer que não se pode dividir
uma reta nwn número inteiro de unidades exatamente iguais .Também
.\
exato
afirmar
(pgs. 75-85) que
os
materiais de experimentação
da
geometria grega, marcas no papel ou rabiscos na cêra e na areia, não
eram precisamente o material ideal pam representar algo exatame'nte
igual a outra coisa. · ·
·Depois
da
fundação da Universidade de Alex-andria ( cêrca 320
Ç..)_, m ~ ; ç ~ . M l < : Q ª g ~ e g q s pquço P.rog:ressQ izt:ra.JII . N_ossº
ger·
192
MARAVILHAS DA MATEMATICA
EUCLIDES SEM LáGRIMAS 193
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radeiro olhar
à
matemática no continente grego, antes da queda de
Constantinopla, conquistada pelos turcos, revela o culto do quadrado
mágico (Fig. 70) que o bizantino Moschopoulos levou para a Itália no
décimo-_quinto século da nossa era. A gramática dos n ú m e r : º ~ l n o u
1
15
14
4
i
12
6
7
9
8
10
11
5
13 3
2
16
Fie. 70.
- O
QUADRADO
MAGIOO.
4. Traçai t:m triânc-ulo isósceles com um ângulo de
12Ü .
Se
os dois lados iguais têm, cada um. 1 unidade ele comprimento, achai
uma expressão para a área do triângulo. Qual a área, se os lados
iguais têm a m ~ i d a c l e s de comprimento?
5. Traçai gráficos que ilustrem as seguintes equações:
(2a
+
3b)
2
= 4a
2
+
12ab
+
9b
2
3a - 2b)
2
= 9a
2
- I2ab
+ 4b
1
(2a +
3b)
3 a -
2b)
= 6a
2
+
Sal'
- 6ú'
(2a
+
3b) 2 a -
3b)
=
4n
- 9ú
2
6. No últimp capítulo o leitor aprendeu a desenvolver expressõ.es
como
a+
b) e a- ú)2. Estas identidades podem servir
para
ele
var ao quadrado muitas outras expressões, como, por exemplo:
( x + Y + 1) = 1-t +
Yl
2
+
2 · 1 + Yi + 1
7
=
.t
2
+
2xy
+
y• +
2. r
+ 2y
+
1
~ u e ,
em geral, se escreve assim·:
Vifflllco••l•
que
qualquer
l i l i l ia, O<liun• ou
alaconal, ..
ma
u
;- -
InoonliO- numii-
uln·
1
[-
(x t _ x2-=-
=-
2xy
• prata Uo sér.ulo XVI, lh:t..e
quadrado
protegia o 1eu
pouuidor
oont.ra a p<.e. t:at..e mêt.odo T I T I I r I
t.arapêutit:o nilo ae confin.ave a
enfermidade.a
de
óri ,em
microbi•n6, ramb6m tdnha pre-
tençõ&.S psioanaUticss
. Hl
um
qua-drado
m (ico numa
plr I ed4
de uma d•a
mai.l
famoa.u
rravur
.
da Albrochl DUrer.
por onde começara, num misto de superstição e de palavras cruzadas.
N10 capítulo seguinte, veremos que os intelectuais gregos, defrontados
com a crise de sua cultura social, já se entregavam às palavras-cruza
das, muito antes de abolirem os números
da
geometria.
DESCOBERTAS E PERGUNTAS SOBRE O CAPtTULO •
l.
Dua.s retas se cortam, formando
os
ângulos A, B, C e D. Re
presentai, gràficamente,
os
outros três ângulos, quando A fôr igual
(i)
a 3Ü , (ii) a 6Ü ,
(iii)
a 45•.
2.
Um
triângulo tem três lados de comprimento a, b, c, opostos
aos três ângulos A, B e C. Prolongai o lado a até o ponto
E,
traçai
a figuro e achai o valor do ângulo ACE quando (i) A = 30•, B =45•
i
(ii) A = 45•, l3 =
75•.
Chamando o ângulo
ACE
de ângulo
externo
em
C, qual a
regra
geral que exprime a relação existente
entre
o
ângulo exterior de um triângulo c os dois ângulos internos opostos?
3. Traçai um triângu lo eqüilátero de 1 unidade de lado. Baixai
uma perpendicular de um vértice sôbre o lado oposto. Exprimí a
a área do triângulo em tênnos de a) sen
60 (b)
cos 30•. Se o
comprimento do lado _ôr a unidades, qual a sua área?
N ate-se que quando é mister empregar parêntesis uns dentro dos
outros. suhsti tu em-se os externos por colchêtes. para evitar confusão.
Achai , por êste processo, o valor das seguintes
expressões:
(.t +
y
+
2)2
x + y
- 2)
2
(2a
2
+
3y
2
)
2
(x•
+ y•)•
x 1
I )
2
x
- I )
2
(4a -
Sb)
xy )•
7. Basta inverter o processo para calcular as raízes das expres·
sões
elo
tipo
a•
±
2ab
+
b
2
Achai, pois, as raízes elas seguintes expressões:
9. r
2
+
42xy
+
49y"
a•
+
6a
+
9
4a
2
- 20ab + 1
25b
1
.t
2
- 2.t' + 1
l6a
2
- 72ab + 8lb
2
r
2
+
2x +
.:r
2
+
24xy + 144y•
194
MARAVILHAS DA MATEMÁTICA
r.
7/21/2019 HOGBEN Euclides Sem Lagrimas
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8. Val endo-vos da identidade (a+ b) a b) = a
1
, ._. b , achai
o valor das seguintes expressões:
(.r
+
1) (x - 1)
·
ex + 3) x - 3)
(ab +
1
(ab - 1) (a - b ) (a• + P
x
+ y
-
2) x +
y
+ 2)
9.
E'
de grande utilidade saber decompor em fatôres uma ex·
pressão complicada. Já sabeis decompor em fatôres expressões do
tipo :
a
2
+
2ab
+
b
2
•
A identidade
a -
b
2
= a
b)
a+
b
pres-
ta
-se para a decomposição em fatôres, de expressões " d i f e r c · n ç ~ de
dois .quadrados", como por exemplo":
(8x
2
)
2
- (9y)
- (8x
2
-
9y)
(8x
2
+
y)
P odeis, pois, decompor
em
fatôres, as seguintes expressões;
'
I
EUCLIDES SEM LlORIMAS
195
-· .14. Traçai quatro triângulos retângulos, com ângulos agudos de
t()ô,
300,
45• e 75• respectivamente. Em cada triângulo baixai uma
perpendicular do vértice sôbre a hipotenusa.
Em
cada caso, em que
ª lgulos a perpendicular divide o ângulo reto? ·
-· 15. :Uma escada, encostada a um muro vertical faz com êle um
ângulo de 30•. .Os pés da escada ficam a 3 metros da parede. Que
~ i , r a da parede alcança a escada e qual o seu comprimento?
e;
.16.
.Um guarda-roupa de 1,80 m de altura, fica num recinto cujo
Edo
é
inclinado.
A
distância mínima a que se pode
c o o c ~ - l o ~
Q,§Q
m da parede, Qual a inclinação do teto? ·
.fi
,
,17. ,Um telhado tem uma inclinação de 60•. Termina a 4,50 m
(Iõ solo.. ,Constrói-se uma extensão, até o telhado ~ i s a r a p e n ( l ~
1,5Q
m
clQ sold. Qual o comprimento da extensão? ·
· 18. AQ meio-dia,
um
poste telegráfico de Sm projeta uma sombra
de 500 c .l}, Ql a a . i l i s ~ ª c i a ~ m i t < l go âR l .Clise a, ~ ª b u a cJas
gentes).
x•
- 1 a
- (b
+
c)
.-. 19. 'Ao trieio-ôia, quando a distância zenital do sol
era 300,
a
(a
+
b)2 _
c• (x + y)2
_
1 sõinbra de um poste de iluminação tangenciava a base de uma escada de
- . - . - . - - - - 3 , 5 0 m, a êle encostada, bem no teu tô llQ,__Quanto mais long
-=o
s.:: :i
7
a-'a
ro - (b - c) .
1:
8
- y
8
sombra do poste, se a distância ~ e 1 ; 1 j t a l so f )sse 9Q• _Traça a
a• -
b•
a•
+
2nb + b - 1
81
-
x
x•
+
2xy
+
y
-
2
1
(x
+
2 - x- 1)•
1O. Achai o v-alor do terceiro ângulo de um triângulo, quan(lo
os dois outros têm os ·seguintes valores:
(I) 15•, 75•
.(III)
49•, 81•
(II)
30•,
90
" IV)
1100, 60
(V) 90•, 12•
11.
Se voltardes à Fig. 13, vereis o que se entende por distân
cia zenital (z) e altura
(a)
de um corpo celeste. Expli cai por que
_a =90• -
z e z
= 90• -
a.
12 . Se a altura da Sigma do Oitante é de 23• S. no Rio de
Janeiro , 26• S.
em
Curitiba e 30'S. em Pôr o Alegre, qual a sua
distância zen i a l
em
cada um dêstes lugares?
13. A estrêla Procion (alfa da Cão Menor) dista 9Sb do pólo
sul (medidos sôbre o merid iano ). Traça i figuras que mostrem sua
posição em relação ao pólo sul , em cada um dos três lugares citados
no problema precedente. Qual a sua distância zenital e a altura em
cada caso?
~ i g u r a . Pispensam-se cálculos).
-· 20. As
cinco horas da tarde, a sombra de um marco de lm ele
altura media 5m. Ao mesmo tempo,
a
sombra
d
um
b ª : ~ a . I } C O
111edia
óO :11· . Qual a altura do barranco? .
21.
:Um agrimensor deseja medir a largura de um rio que não
pode atravessar. Há, na margem oposta, um objeto bem visível, P.
De um
ponto A,
de
sua margem,
à
esquerda de P, o agrimensor mede
o ângulo entre a margem e a direção de
P
e acha
30•.
De um
outro ponto, B,
à
direita de P, o agrimensor faz o mesmo e acha 45•,
Depois mede AB e acha 20 metros. :rraç ai uma figura representativa
da situação e achai a largura do rio. (C have: Achai as relações entre
a altura baixadª r_ i Q ~ ) : : C b,I3_
e
os segmentos f>,B - e somai
QS ~ > e g m e n t o s ) .
22. U m ~ moeda de Cr$ 0,50 (0,02 m de diâmet ro)', colocada
a
i s t â n c i ~ de 0,50 m do ólho, encobrirá exatamente o disco solar ou
da lua. Adotando, para distância da terr a ao sol, o valor 1
50
milhões
de quilômetros, calculai o seu diâmetro. Adotando
para
Qiâme rQ
ga
Y l 1 9 ~ SQQ ~ u i l õ m e t r o s , calculai a sua ~ i s t ª ~ ç i < -
Se sen A
=
cos
60",
quanto vale A?,
Se sen A
= cos
45•, quanto vale A?
Se
cos A = sen 15•, quanto vale A?
§e
91s
ô ,:::: ª ,
_ q u a ~ t o
'ta e b:l
196
MARAVILHAS
DA MATEMÁTICA
EUCLIDES SEM LAGniMAS
197
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- I
S
- -
3
- -
1
- ·
t • l t ,
_ sen ·= -
2
- çºs :r
;
2
t t ª º - º
ya_e a g -t l
Se
sen
x =
0,4 e cos
x
=
0,9,
quanto vale a tg x ?
Se c
os .-r
=
0,8
e sen x =
0,6,
quanto vale a tg x
?
gg =. 0, ?. ~ ~ 9 s , = sua l;Q
yª\e
ª
g
xl
. 1 1 i
25.
,Us-ai as tábuas
âe
·quadrados e raízes quadradas para achai:
Q e r c c [ ~ o
l a ~ Q go t r . ~ n 1 5 u l o
: ~ ª n ~ u 9 . ~ u j _ o s
lados conhecidos m c 4 e n ~ :J
;c
a
r
. 1 ~
trictrõs, 5 metros
,(ú):
3 centímetros, 1 c l t Í t t l e ~ r o ~
~ ( c ) ~ Q , O l ~ , 9
1
.?.
Qtiantos
\ra\º :C?
( l j ~ ~ : ~ ( ) S ~ ª ( )
p { l s . s ~ e i s
p ã ~ ª
()
terceiro )acici,
CJtl
~ a g a triângulo?,- ·- - · .
26. Construí duas figuras, com escalas rigorosas, que Y9ê
P , e ~ i ~ .
~ \ : . 1 tabular
os
quadrados dos números inteiros de 1
a 7.
i
, 27. Fazei construções geométricas
que vos
permitam
e a ~ l ª l
ªs méuias aritméticas e geométricas
de,
2 e
8,
l e 9, 4 e 16.
28. Qual a distância zen i al de uma estrêla razando o
h o r i z o n t e ~
Quando na passagem meridim.
1a,
Canopus - depois de Sirius, a estrêlaj
mais brilhante do céu - está 7• acima do ponto Sul do horizonte, n a ~
imediações
dà
Grande Pirâmide (Latitude,
30•).
Qual o ângulo entrq
Canopus e a Polar? Supondo fixo o ângulo formado por duas e s t r ê ~
las, quando ambas sôbre o mcri ia lo, <JUal
) í l , t i ~ \ I Q ~
T i a ~ ~ C C ~ t ú 9 ~
e Jl que· a n o p u s
é
visível?. ,
·29.
'A 21
de dezembro o
sol
acha-se sôbre o Trópico do Cá·
pricórnio (Latitude
23
"S.), Mostrai,
com
o auxílio
de
uma figura.
análoga às 61 e 62, qual a sua altura e sua distância zenital em Buenos
Aires ( Lat. 34• 1S.), no instante da su-a passagem meridiana, isto é,
a.o meio-dia. Qual a latituqe
~ n a i s
setentr onal,
<la
qua Q so y i ~ ~ < . ; ~
ao meio-dia desta data?
1
-
···
· 30. · Qual
a
altura
do
sol meridiano a
23 de
s e t e ' : n b ~ Q em N?Y< ,•
Iorque (Lat. 41• N.) e Rio de Janeiro (23• S.).
· 31: Numa ilha do Brasil, a sombr-a de um poste telegráfico
mais curta no instante em que o rádio dá, para hora de G r e e : ' . " ' c ~ .
14
horas e
14
minutos. - Qual
é
esta ilha e sua longitude?
--- 32. Dividí um polígono de x lados equivalentes em ,-r triângulo9
equivalentes
1
p-ara
( ) S l f . é J . .<ll C Q ~ n ~ , \ Q ~ 1 1 ~ ~ ~ ª d o ~ ª
r a s _ ~ g
2 x - 4
do
ângulo reto.
.t·
31 Qual a altura
de um
faro cuja u ~ ~
y síye
à º - i ~ t â n c ª
g
g u j l Ü . l < ~ I Q S
34.
Da borla do mastro
âe
i.tiii navio - a
20
metros sôbre o
nh·el do mar - pode-se avistar o cume
de
um
p r o m o n t ~ r ~ o ?
de 30
metros
de
altura. Qual a distância do navio ao promonton?. _
35.
Ao
meio-dia
de
determinada data,
as
sombras de dms postes
yerHcais, A e B de 1,50 m de altura, medem 0,974 m e
0 , 9 3 ~
m, respec;
tiYamente,
A fica 110 quilômetros ao norte
de
B.
Q u ~ l
o ralO da terra,-
36. Traçai um quadrado circunscrito a um Circulo ue 1 deCI•
r.
1
2tro
de
raio e mostrai que o seu perímetro
é
igual a 8 tg_ 45•.
' p o i s , traçai um qu-adrado inscrito no mesmo_ c í r c ~ t l o , e mostra que
0
seu
perímetro
é
igual a
8
sen
45•.
Mostrai, analogamente, que
_o
perímetro do hexágono circunscrito é
12
tg ~ O · , c que o do
~ e x a
g-ono inscrito
é
12 sen
300.
Descobri qual o ~ r ~ m e t ~ o de u';l
o c t o g ~ n o
i n ~ c r i t o e circunscrito, e
de um
dodecágono mscnto e c1rcunscnto.
(12 lados). , . _ . , . . . .
37. Calculai
os
valores numencos
dos
penmetros um ~ u a ·
( 1 r ~ ( l o , hexágono, octógono e dodecágono,
i n s c r i ~ o s
e circtmscnto;.
Tabulai os diversos valores, para ver entre quais f1ca n:, usando as ta
Luas de
senos e tangentes.
38. Mostrai que a área do quadrado circunscrito é 4 lg 45",
e :1
<1
0
quadrado inscrito
4 sen
45•
cos
45•. Quais
as
úrcas do b:xá-
gnno
inscrito e circunscrito? Achai uma exprcss_i\o geral
p-ara
a area
ce figuras inscritas e circunscritas
de
11 lados equivalentes, observanuo
360•
sue,
no
caso
do
quadrado, a área
é
4
tg
-8 - ..
39. Como
a área
ue
um círculo
de
unidade de raio
.é
n: ·cm·
2
=
lt
qtmndo r 1), usai
as e x p r e s s õ e ~
gerais
que
acabastes de
ob.tcr
para
achar
os
limites entre
os
quais f1ca
:t,
supondo-o entre as arcas do
polígono inscrito e circunscrito
de
180 1-auos iguai
s.
4D Adotando para o raio
da
terra o valor
de 6
300 quilômetros,
oual a distância entre dois lugares de mesma longitude, separados por
io de latitude?
41.
Qual a distância
de
dois pontos, ambos sôbre o Equador,
mas separados por 1 de longitude? _ • _
42.
Depois de navegar 320 quilômetros par:t oeste,
um
naviO
ve i fica
que
sua longitude se alterou de S•. Qual a sua l a t i t u d e ~
43. No dia do solstício
do
verão, o sol se acha exatamente sobre
o
Trópico
do
Capricórnio (Latitude
"S.);
no
solstício
do
inverno,
~ ô b r e o Trópico
do
Câncer (23
" N.).
Fazei uma figura mostrando
qual a inclinação do sol meridiano sôbre o horizonte de Pôrto Alerrre
(Latitude 30• 2' S.) a
21
de dezembro e 21
de
junho.
44. Mostrai, por meio
de
figuras, que a sombra
<lo
n i c i o - < l i ~ ser.l
pre
apont-a
para o sul
em
Curitiba (Lat.
25•
25' S.) ; em Florianópolis
,(Lat
..
. J ~
~ - ) . e P ô r ~ o
Alegre (3Q•
2'
S.).
EUCLIDES SEM LÁGRIMAS
199
7/21/2019 HOGBEN Euclides Sem Lagrimas
http://slidepdf.com/reader/full/hogben-euclides-sem-lagrimas 40/40
1V8
MARAVILHAS
DA MATEMÁTICA:
45.
Como sa·beríeis, observando à sombra: solar
áo
fueio-:dia, a ü ~
ran.le o correr. d() ano, ser a yossa situaçãq geográ i e ~ _ ;
' ( a ) ~
r.J\.o
sul de
.66 ó
de I.:atitude Sul?,
(
b
'
Entre
os 66 o e
os
23 o de Latitude Sul?.
'(c)' Entre os
23
o de Latitude Su e º : q u a ~ o l
(d)
No
Polo
Sul
exatamente?
{e)' Sôbre o Círculo Antártico?
(f) Exatamente
sôbre o Trópico
do _ C a p r i < : ó r n i Ú . ~
g
r
Exatamente
sôbre o Equador?.
~ 6 .
Eni qtie latitudes
se r
·á a sombra solar ão meio-(1ia igt at l
altura do obelisco que a projeta (a ) ' a
21
de junho, (b) ·a 21 9e
março, (c) a 21 de dezembro? .
47. A 23
de setembro. o
cronômetro
de um navio marcava · .;
lioras
e 44 minutos (Hora
de
Greenwich),
no momento em que
o
sol
cortava o
meridiano
,
formando
um ângulo de 56° com ·o ponto norte
do horizonte.
Que
pôr o dem"·1dava êste navio?
(Usa
o mapa}.
48.
Se
Rio
de
Janeiro está
no meridiano de
43•
de Longituae
Oeste
e
Moscou no de
37 • de Longitude
Leste, qual será a )tora
ocal nestas cidades
quando
em Greenwich forem
21
horas?
49.
,Valendo-vos da
Demonstração 9
e da definição do círculo
(figura
constituÍda
por pontos eqüidistantes do Celllro), mostrai que
o centro é também o ponto de cruzamento das perpendiculares levan·
(<).4as do meio de duas
cordas
quaisquer do· círculo.
50. Como usaríeis êste conhecimento se quiséss·eis fazer a
t>ase
ae
üm
teodolito, como o
representado
na Figura
12,
com a tampa
ç i r ~ u l a r
·
de
um banquinho ou determinar o
centro
de
uma
lata circular?
i 51. Prolongai o lado BC do triângulo 'ABC
até
um ponto D
ê
fuostrai
que
o ângulo
ACD = < CAB + :: ABC. Quando
dois
observadores,
em
B e C, visam
um
objeto em
A,
o ângulo CAB cha·
ma-se
·paralaxe
em relação aos dois observadores. Explicai, partindo
da Demonstração 5,
porque a
paralaxe
de
um objeto
é
a diferença
e·ntre suas elevações medidas de B e de C, se A tiver
Q
mesmo
~ z . i m u t e
pa <l
JS
9,ois observadores.
FóRMULAS PARA
DECORAn
'
1'.
Num
triângulo
de
k.lle
b
(lado oposto
ao ãngillõ B) , um
laôo a
(oposto
ao ângulo
A)
e outro c (oposto ao ângulo q
e.
ª ~ \ P ~
li
_
perpe
ndicular
baixada
do ponto B sôbre a base b
': . :
~ ( I X
8, Aréa
=
j lrb
_(II) A : : Ç . -- _1800
------
Se B
(I)
(l i )
(UI)
C
= 90
A
A=90 -C
b
=
c• + a•
a
sen A = -
=
cos C
b
cosA
c
_
sen
C
b
tgA
g
c
2.
Num
círculo de raio
r (diâmetro
d)
Ciréunferência
=
Znr (ou
rul)_
Area = nr2
3.
Dois triângulos são
e q u i v a l e ~ t e s :
. (I) Se
têm os
três
lados eqmvalentes. . - . . . .
. (li) .
Se dois lados e o ângulo
c o m p n ~ e n d t d o
de
um
sao eqm·
valentes
aos dois lados e ângulo compreendtdo do outro. - .
.
(III) Se um lado e os dois
â n g u l ~ s
adjacentes de
um
sao
~ u t ·
yalentes a um lado e os dois ângulos adJacentes do
outro.
OBSERVAÇÃO AOS LEITORES BRASILEIROS
Lembramos aos leitores brasileiros, moradores e·ntre o
T r ~ p i ~
do Ca ricórnio e o Equador (2Ü" 30' S. e oo) I que a sombra soar
p r o j e t ~ d a
para
o Sul durante seis meses e
para
o Norte ~ u ~ a n ~ o s a d ~
tros seis meses, conforme o sol se ache ao norte
ou
ao su o u.
à
A nossa adaptação para o Hemisfério Sul
é,
normalmente, ~ : e f e n d a
latitude de ;P.ôrto Alegre.
Nº l_a 4a Edilôra ·