hiv - manual aula 1

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  • 7/23/2019 HIV - Manual Aula 1

    1/10

    Ministrio da SadeSecretaria de Vigilncia em Sade

    Departamento de DST, AIDS e Hepatites ViraisUniversidade Federal de Santa Catarina

    Diagnstico do

    HIV

  • 7/23/2019 HIV - Manual Aula 1

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    Ministrio da SadeAdemar Arthur Chioro dos Reis

    Secretaria de Vigilncia em SadeJarbas Barbosa da Silva Jnior

    Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais

    Fbio Mesquita

    Coordenao de LaboratrioMriam Franchini

    Equipe do Projeto TELELAB/UFSCLuiz Alberto Peregrino Ferreira - Coordenador

    Breno de Almeida BiagiottiGregory Rocha Falavigna

    Leila Beatriz DutraVanoir Guarezi ZacaronWillian Henrique Bazzo

    AutoresAna Flvia Nacif P. Coelho Pires

    Bruna Lovizutto ProttiJos Boullosa Alonso Neto

    Maria Luiza BazzoMariana Villares Martins

    Miriam FranchiniNazle Mendona Collao Vras

    Pmela Cristina GasparRegina Aparecida Comparini

    Roberta Barbosa Lopes Francisco

    Design InstrucionalAdriano Sachweh

    DiagramaoWillian Henrique Bazzo

    Computao GrficaMarcelo Linhares

    Mons Matheus SouzaWillian Henrique Bazzo

    Agradecimentos

    Departamento de Anlises Clnicas / UFSC .Renato Girade, pelo apoio na realizao do projeto.

    Centro de Cincias da Sade / UFSC.Fundao de Amparo Pesquisa e Extenso Universitria.

    Figurantes que participaram das filmagens.

    OUTUBRO DE 2014

    2014 Ministrio da Sade

    Todos os direitos reservados. permitida a reproduo parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que no seja para vendaou qualquer fim comercial. A responsabilidade pelos direitos autorais do texto e imagens desta obra de responsabilidade da rea

    tcnica. A coleo institucional do Ministrio da sade pode ser acessada na ntegra na Biblioteca Virtual em Sade do Ministrio daSade: http://www.saude.gov.br/bvs.

  • 7/23/2019 HIV - Manual Aula 1

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    BOAS-VINDAS!

    Caro aluno, nas aulas a seguir voc enriquecer seus

    conhecimentos por meio de um contedo desenvolvidocom a inteno de contribuir para a aprimorar seusconhecimentos e permitir que voc faa o seu trabalho

    com segurana e excelente padro tcnico.

    Por isso, esperamos que voc aproveite bastante e sededique aos contedos oferecidos por este curso.

    Bons estudos!

  • 7/23/2019 HIV - Manual Aula 1

    4/104Diagnstico do HIV - Aula 1

    Aula 1 Sobre o HIV

    A sndrome da imunodeficincia adquirida (AIDS, do inglsacquiredimmune deficiency syndrome) causada pelo vrus da imunodeficinciahumana (HIV, do inglshuman immunodeficiency virus).

    Os primeiros casos de AIDS foram diagnosticados no incio da dcadade 1980. A doena disseminou-se pelo mundo, tornando-se umapandemia1.

    Segundo dados levantados pela Organizao Mundial de Sade (OMS),em 2012, dentre os infectados, aproximadamente 1,6 milho de pessoasmorrem, por ano, em decorrncia da AIDS e j existem mais de 35

    milhes de pessoas vivendo com HIV/AIDS, no mundo.No Brasil, o primeiro caso de AIDS foi identificado clinicamente em SoPaulo, em 1982.

    No incio, a epidemia atingiu principalmente os usurios de drogasinjetveis, homens que faziam sexo com homens e pessoas que tinhamrecebido transfuso de sangue e de hemoderivados contaminados.

    Entretanto, na metade dos anos de 1990, verificou-se que a epidemiaassumiu outro perfil. A transmisso heterossexual passou a ser aprincipal via de transmisso do HIV.

    Atualmente, h uma tendncia de crescimento da infeco em jovensde 15 a 24 anos e em adultos com 50 anos ou mais, tanto em homensquanto em mulheres.

    Contexto histrico

    Notas:

    1 - pandemia

    caracteriza uma epidemiacom larga distribuiogeogrfica, atingindo maisde um pas ou de umcontinente.

  • 7/23/2019 HIV - Manual Aula 1

    5/105Diagnstico do HIV - Aula 1

    Sndrome da ImunoDeficincia Adquirida

    Sndrome um grupo de sinaise sintomas que, consideradosem conjunto, caracterizam umadoena.

    Imunodeficincia um distrbio,ou uma doena, na qual aresposta imune est diminudaou ausente. caracterizada pelaincapacidade de produzir umaresposta efetiva ao desafio deantgenos, como vrus, bactrias,protozorios, fungos, clulas

    tumorais etc.

    Adquiridasignifica queno congnita, ou seja, oindivduo no nasceu com aimunodeficincia.

    Estrutura do HIV

    Os vrus da imunodeficincia humana (HIV-1 e HIV-2) so retrovrus pertencentes famlia dos

    lentivrus.Essa famlia inclui vrus capazes de provocar infeces persistentes, com evoluo lenta. Porisso, produzem degenerao progressiva do sistema imune.

    O vrus apresenta algumas caractersticas prprias. Dentre elas, a existncia de uma camada maisexterna, o envelope, que contm lipdeos e protenas.

    As protenas virais encontradas no envelope so as glicoprotenas 120 (gp120) e 41 (gp41). A

    gp120 a mais externa, responsvel pela ligao do vrus com as clulas hospedeiras. Ela estligada gp41, que atravessa o envelope viral.

    Acesse o site do TELELAB para saber mais sobre os dadosepidemiolgicos da infeco pelo HIV, no Brasil:www.telelab.aids.gov.br.

    Retrovrus so vrus que tm seu material gentico constitudo deRNA e apresentam a enzima transcriptase reversa, que capazde transformar o RNA viral em cDNA. Este cDNA inserido pelaenzima integrase ao DNA da clula infectada para comear o cicloviral.

    !

  • 7/23/2019 HIV - Manual Aula 1

    6/106Diagnstico do HIV - Aula 1

    Na parte interna do envelope viral, existe uma estrutura proteicaconstituda pela protena 17 (p17).

    A estrutura seguinte o cerne ou capsdeo viral, constitudo pelaprotena p24, que envolve duas fitas de RNA (genoma viral) e as enzimastranscriptase reversa, integrase2 e protease3.

    As protenas e glicoprotenas virais so identificadas por nmeros quecorrespondem ao seu peso molecular em quilodaltons. Por exemplo, agp120 tem 120 quilodaltons, a p17 tem 17 quilodaltons.

    Essas protenas (ou os anticorpos4 contra elas) so detectadas emtestes laboratoriais.

    Observe a figura a seguir.

    Figura 1 Estrutura do vrus HIV.

    2 - integrase enzimaproduzida pelos retrovrus,incluindo o HIV, quefaz a integrao doDNA produzido pela

    transcriptase reversacom o DNA da clulahospedeira.

    3 - protease enzima quequebra ligaes peptdicasentre os aminocidosdas protenas. Tambmso conhecidas comoproteinases, peptidases ouenzimas proteolticas.

    4 - anticorpos protenas

    (imunoglobulinas)produzidas pelo sistemaimune em resposta a umou mais antgenos.

  • 7/23/2019 HIV - Manual Aula 1

    7/107Diagnstico do HIV - Aula 1

    Etapas da infeco pelo HIV

    O HIV capaz de infectar clulas que apresentam receptores do tipo CD4,na sua superfcie,como os linfcitos T helper(T auxiliar), os macrfagose as clulas dendrticas.

    Essas clulas participam ativamente na defesa do organismo contra agentes infecciosos.

    A infeco inicial ocorre nas clulas T CD4 .A partcula viral aproxima-se das clulas e asgp120do vrus ligam-se nos receptores CD4.Essa ligao desestabiliza a gp120 e expesua ala V3, que interage com um correceptordenominado CCR5. medida em que a infecoprogride, outras clulas so infectadas como,por exemplo, os linfcitos Tque apresentamreceptores CD4e correceptores CXCR4.

    Aps a ligao entre o vrus e a clula, ocorrea ativao da protena gp41 e a fuso entre oenvoltrio viral e a membrana celular, permitindoa penetrao do vrus.

    No citoplasma celular, ocorre o afrouxamento docapsdeo viral e incio da sntese do cDNA pelaenzima transcriptase reversa.

  • 7/23/2019 HIV - Manual Aula 1

    8/108Diagnstico do HIV - Aula 1

    No final, o RNA viral transformado em DNAde fita dupla, por ao da enzima transcriptasereversa. Ao DNA de fita dupla, liga-se enzimaintegrase e, juntos, migram para o ncleo daclula.

    Dentro do ncleo, a integrase insere o DNAviral no DNA da clula hospedeira. O DNA viralinserido denominado DNA proviral.A partir desse momento, o vrus passa acontrolar a sntese celular, iniciando, no ncleoda clula hospedeira, a produo de RNA

    mensageiro viral. Os RNAs mensageiros seroutilizados na sntese das protenas e do genomaviral.

    Todos os RNAs produzidos saem do ncleopara o citoplasma da clula. No citoplasma,as protenas so sintetizadas como grandesmolculas precursoras (Gag, Gag-Pol e Env),que posteriormente so cortadas por ao deenzimas proteases celulares e virais, durante o

    processo de maturao viral. o que acontece,por exemplo, com a glicoprotena gp 160 que,depois de cortada por uma proteasecelular, dorigem s glicoprotenas gp120 e gp41.Em seguida, o genoma e as protenas viraismigram para a extremidade do citoplasma, ondesero reunidas para formar novas partculasvirais.

    Todos os componentes do vrus so reunidos

    prximos membrana celular e as partculassaem da clula hospedeira por brotamento,quando adquirem o envoltrio. Fora da clula,o processo de maturao das partculas viraisser completado pela clivagem das molculasde Gag e Gag-Pol, feita pela protease do HIV,

    tornando os vrus capazes de infectar novasclulas.

    Quadro 1 Infeco das clulas humanas pelo HIV.

  • 7/23/2019 HIV - Manual Aula 1

    9/109Diagnstico do HIV - Aula 1

    A dinmica da respostaimunolgica

    Marcadores da infeco pelo HIV na corrente

    sanguneaAs protenas, o genoma viral (RNA e provrus5) e os anticorposformados em resposta infeco pelo HIV so os marcadores dainfeco que os testes utilizados para o diagnstico detectam.

    Os marcadores virais so detectados, no sangue, na ordem cronolgicalistada a seguir.

    Com a progresso dainfeco, so detectadosanticorpos contra o vrus.

    Em seguida, a protena p24 detectada.

    O RNA viral o primeiromarcador a ser detectado.

    Veja, na figura a seguir, quando surgem os diferentes marcadores dainfeco pelo HIV, na corrente sangunea da maioria dos indivduosinfectados. Note que, logo aps o aparecimento dos anticorpos, h umareduo na quantidade de RNA e de p24 circulantes.

    Figura 3 Marcadores da infeco pelo HIV na corrente sangunea de acordo com o perodo em quesurgem, seu desaparecimento ou manuteno ao longo do tempo. Fonte: BUTT, S. et al. Laboratorydiagnostics for HIV infection. Annali dellIstituto Superiore di Sanit [S.l.], v. 46, n. 1, p. 2433, 2010.Adaptado de: HIV Estratgias para Diagnstico no Brasil Telelab/MS.

    5 - provrus denominao que se dao cDNA viral integrado aogenoma celular, tambmconhecido como DNAproviral.

  • 7/23/2019 HIV - Manual Aula 1

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    Um sistema de estagiamento da infeco recente6 pelo HIV foi propostopor Fiebig e colaboradores7.

    O sistema permite fazer projees da durao de cada estgio dainfeco pelo HIV, com base na reatividade dos diferentes ensaiosdiagnsticos.

    Esse conhecimento permite o estabelecimento de fluxogramas quetornam o diagnstico mais confivel. O estagiamento de Fiebig serdiscutido em mais detalhes, adiante, nesse manual.

    6 - infeco recente afase entre o surgimento deanticorpos em quantidadedetectvel por um testesorolgico at a completamaturao da resposta dosanticorpos.

    7 - Ver referncia no finalda aula 11: FIEBIG et al,2003

    Acesse o site do TELELAB para ler tambm o Manual Tcnicopara o Diagnstico da Infeco pelo HIV no Brasil, que foi

    aprovado pela portaria n. 29 de 17 de dezembro de 2013 SVS-MS: www.telelab.aids.gov.br.