histÓrias da histÓria · 2017. 11. 6. · cães ladram e a caravana passa». ignorar os ataques...

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  • 09 A.M.A. esclarecimento

    CNE: Comunicado sobreCarreiras Médicas

    14 Medicina hiperbárica esubaquática – admissãopor consenso

    17 Alteração ao Regulamentodas Subespecialidadese Competências

    18 Inscrição na OM

    Organizações MédicasEuropeias unidas pelointeresse dos cidadãoseuropeus

    24 UEMO reunida emBruxelas: Medicina Gerale Familiar com novosdesafios

    27 I Reunião de DoençasAuto-Imunes do Hospitalde Santarém

    30 Plenário dos ConselhosRegionais

    32 Colégios da Especialidade

    As comparticipaçõesna Medicina Privadapor José Belchior

    36 A pandemia de gripee o sistema de saúdepor Lúcio Meneses deAlmeida

    38 Testamento vitalpor Filipe Monteiro

    40 Democracia, a Ordem e osMédicospor Manuel RodriguesPereira

    41 O Serviço Nacionalde Saúdepor Francisco Leal Paiva

    42 A Saúde dos MédicosPortuguesespor Alvaro Durão

    44 Do livro «Farpas pelanossa Saúde»por Carlos Costa Almeida

    45 Algumas notas sobreconvençõespor José Eduardo Correia

    45 A liberdade dos Doentes edos Profissionaispor António Gentil Martins

    46 Princípios da PeríciaMédicapor FM.M. Camilo Sequeira

    Fraulein Hohenzollern-Sigmaringen – a Rainhasolidária

    HISTÓRIAS DHISTÓRIAS DHISTÓRIAS DHISTÓRIAS DHISTÓRIAS DA HISTÓRIAA HISTÓRIAA HISTÓRIAA HISTÓRIAA HISTÓRIA51

    INFORMAÇÃOINFORMAÇÃOINFORMAÇÃOINFORMAÇÃOINFORMAÇÃO12

    AAAAACTUCTUCTUCTUCTUALIDALIDALIDALIDALIDADEADEADEADEADE23

    EDITEDITEDITEDITEDITORIALORIALORIALORIALORIAL04

    S U M Á R I O

    Ano 25 – N.º 103 – Julho/Agosto 2009

    PROPRIEDADE:

    Centro Editor Livreiro da Ordemdos Médicos, Sociedade Unipessoal, Lda.

    SEDE: Av. Almirante Gago Coutinho, 1511749-084 Lisboa • Tel.: 218 427 100

    Redacção, Produçãoe Serviços de Publicidade:

    Av. Almirante Gago Coutinho, 1511749-084 Lisboa

    E-mail: [email protected].: 218 437 750 – Fax: 218 437 751

    Director:Pedro Nunes

    Directores-Adjuntos:José Moreira da Silva

    José Manuel SilvaIsabel Caixeiro

    Directora Executiva:Paula Fortunato

    E-mail: [email protected]

    Redactores Principais:José Ávila Costa,

    João de Deus e Paula Fortunato

    Secretariado:Miguel Reis

    Dep. Comercial:Helena Pereira

    Dep. Financeiro:Maria João Pacheco

    Dep. Gráfico:CELOM

    Impressão: SOGAPAL, Sociedade Gráfica da Paiã, S. A.Av.ª dos Cavaleiros 35-35A – Carnaxide

    Depósito Legal: 7421/85Preço Avulso: 1,60 Euros

    Periodicidade: MensalTiragem: 39.000 exemplares

    (11 números anuais)Isento de registo no ICS nos termos do nº 1, alíneaa do artigo 12 do Decreto Regulamentar nº 8/99

    Nota da redacção: Os artigos de opinião e outros artigos assinados são da inteira responsabilidade dosautores, não representando qualquer tomada de posição por parte da Revista da Ordem dos Médicos.

    Ficha TécnicaFicha Técnica

    OPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃOOPINIÃO34

    MédicosOrdem dosREVISTA

    BOLETIM DABOLETIM DABOLETIM DABOLETIM DABOLETIM DA S S S S S.....RRRRR..... CENTRO CENTRO CENTRO CENTRO CENTRO55

  • 4 Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Julho/Agosto 2009

    E D I T O R I A L

    O mês que agora passa foi fértil eminiciativas de comunicação por partede agentes habituais do palco médico.Os sindicatos afadigaram-se numamultiplicidade de comunicados, todostendo em comum a crítica ao Basto-nário da Ordem e até o Presidente daRegião Centro não resistiu a escreverum artigo de apoio aos sindicatos numjornal médico.Apesar das críticas serem abusivas, mui-tas vezes malévolas e sistematicamentedeturpadoras da verdade e mesmo ca-luniosas, não fazia qualquer intenção delhes responder. Por um lado, já tinha ditoo que considerara necessário na últimaROM procurando evitar qualquer des-necessário litígio, unicamente tendo pro-duzido a análise dos factos e publicadoos pareceres jurídicos que unanimemen-te corroboraram tal análise e, por outro,porque sou um feroz defensor do afo-rismo português que nos ensina que «oscães ladram e a caravana passa».Ignorar os ataques preversos que nosdirigem é aliás uma necessidade de hi-giene mental e gestão do tempo. Comefeito, não ler o que determinados per-sonagens escrevem ou dizem a nossorespeito evita muita inútil perda de tem-po e desnecessário desgaste das coroná-rias já suficientemente penalizadas pelahipercolesterolémia. Para além da perdade tempo que envolve, responder a alei-vosias propaladas a nosso respeito éconsiderar quem as propalou digno decrédito e suficientemente importante pa-ra merecer a nossa atenção.Tenho para mim que não lhes respon-der, e de preferência não os ler, é o quemais os irrita e, confesso, não resisto adevolver-lhes desta forma as amabilida-des com que pretendem obsequiar-me.Aprendi estas verdades, muito peque-no, com o «Sabu», um enorme pastor

    O preço da nossaliberdade 2

    Matar o mensageiroalemão que conduzia um dos meusavós, precocemente afectado por gra-ve patologia oftalmológica. Com o trei-no de cão guia e a autosuficiência dequem não tem razões para ter medo,o Sabu resistia estoicamente, quandoos rafeiritos que se lhe atravessavamao caminho lhe ladravam esganiçadosàs canelas, não mexendo um músculo,não rosnando, não se lançando em cor-rerias. Se tal atitude estimulava de iní-cio um pouco mais de atrevimento, asua consequência final era o patentedesespero do provocador que, semhonra ou glória, acabava por bater emretirada de rabito entre as pernas.Foi assim, sem grande atenção e muitomenos preocupação, que fui sabendode me acusarem de defender a recerti-ficação, de não querer as carreiras mé-dicas tão suadamente conquistadaspelo esforço de denodados sindicalis-tas em pública unicidade e mesmo, porúltimo, da ridícula acusação de, emconluio com o Presidente da Repúbli-ca, promover o veto do diploma.Também não me fez mudar de atitude,apenas tendo lamentado mais este com-provativo da baixeza moral de alguém,vá-se lá saber quem, que terá convenci-do uma jornalista da Lusa que teria umahistória a propósito de uma multa queteria sido aplicada ao Bastonário por ale-gadamente ter recebido dinheiros inde-vidos.Tratava-se afinal de uma guerra entreespanhóis que por ironia do destinome afectou em conjunto com o Dr. Mi-guel Leão, sendo os famigerados dinhei-ros ilicitamente recebidos os totalmen-te lícitos pagamentos das despesas dedeslocação a Madrid para defender erepresentar os interesses dos médicosportugueses num cargo não remune-rado na mutualidade que durante al-

    gum tempo nos garantiu o seguro co-lectivo de responsabilidade civil (veradiante artigo em que este assunto étotalmente esclarecido).Diga-se a este propósito que Lisboa éuma aldeia em que tudo se sabe e quede há longo tempo que me vinhamameaçando de a história ir para a co-municação social, como se eu tivessealguma coisa a temer ou me envergo-nhar da sua divulgação. Claro que hásempre aqueles que ficam com dúvi-das julgando não saber tudo e aquelesque as têm mesmo quando sabem tudo.A calúnia só é uma técnica antiga defazer política porque traz dividendos equem aceita cargos públicos tem deestar preparado para o lixo que a So-ciedade produz como parte integran-te da função. Como alguém uma vezme dizia, estes cargos são servidos empacote completo com as glórias e asmisérias misturadas no conteúdo.O que me fez mudar de atitude e escre-ver este editorial não foi igualmente co-meçar a perceber «o preço a que foivendida a nossa liberdade» quando astelevisões mostraram num dia os líderesdos dois sindicatos, venerandos e obri-gados, ao lado de José Sócrates numainiciativa eleitoral do Partido Socialistae alguns dias depois o dr. Mário Jorge,eterno dirigente da FNAM, ser a estrelada apresentação pública do programado PS para a Saúde, qual Joana AmaralDias dos médicos com menos charme esem que se saiba se e qual o cargo quelhe terá sido prometido. Quando o PStacticamente inflete à esquerda há sem-pre um ex-PCP disponível ou julgariamque Vital Moreira era caso único?Que me terá, então, feito mudar deopinião e contra prática de há muitofirmada dispor-me a responder contan-do-vos aspectos significativos do afas-

  • 5Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Julho/Agosto 2009

    E D I T O R I A L

    tamento da Ordem da negociação dascarreiras?Foram três os factos:- A inserção do artigo do Presidenteda Região Centro no Boletim da SRCenviado para publicação conjunta comeste número da ROM.- O editorial desse boletim denomina-do «o Fantasma da Exclusividade» as-sinado pelo dr. Fernando Gomes.- A reunião com a Ministra da Saúde,agendada por ela para o último dia doprazo para promulgação do diploma peloPresidente da República, onde foi possí-vel perceber a real dimensão do recuodeste documento em relação à situaçãoactual e os prejuízos que acarretará ir-remediavelmente para os médicos maisjovens, o SNS e os portugueses em geral.Desde logo a publicação na Revista daOrdem, mesmo que inserido num bo-letim regional, de um artigo em que seataca o Bastonário, para mais quandoalegdamente se propõe «repor a ver-dade sobre negociações das carreirase exclusividade» é, mesmo que corres-pondesse à verdade o que veicula, enão é o caso, um acto de exposiçãopública de divisão interna que fragilizairremediavelmente qualquer tomada deposição da Instituição.Perante o facto, como director da Revis-ta e presidente da Ordem só me res-taria não autorizar a sua publicação ouresponder repondo efectivamente a ver-dade. Se me posso permitir ignorar a co-municação social generalista ou mesmoa imprensa médica não me é permitidoignorar o conteúdo da revista que dirijo.

    Impedir a publicação seria classificávelde censura ou concordância implícitacom o escrito pelo que não me restaoutra solução que efectivamente tornarpúblico, embora de forma sintética, tudoo que tem acontecido em torno da dis-cussão com o Governo das carreiras.Assim:- Como é do conhecimento públicodesde que Correia de Campos, aindano Governo António Guterres, iniciouo processo e desarticulação da homo-geneidade do SNS com as novas for-mas de gestão, mais tarde hospitais SAsob Luís Filipe Pereira e EPE novamentesob Correia de Campos, que a Ordemtem exigido a reposição da carreira mé-dica para todos os médicos sob todosos tipos de gestão.Fez parte de todos os meus programaseleitorais desde que concorri pela pri-meira vez à Secção Regional do Sul. Fezparte, como o Acto Médico, de todosos encontros com todos os responsá-veis da Saúde. Foi sempre um desígniode todas as direcções da Ordem.É importante que se diga que sempredefendi, e apesar de tudo o que aconte-ceu continuo a defender, que o papeldos Sindicatos é determinante no queconcerne a toda a matéria de naturezalaboral e nunca a Ordem sob minha res-ponsabilidade discutiu qualquer maté-ria laboral com qualquer Governo.No entanto, no conceito de carreira es-tão contidos dois conteúdos diferentes.Um que respeita à progressão hierárqui-ca, salarial e de conteúdos funcionais –matéria de exclusiva competência sindi-

    cal – e outro que respeita a evoluçãotécnico-científica ao longo da vida, ma-téria que respeita a todos os médicos esó a estes pelo que se torna de exclusi-va competência da sua Ordem.Defendo estes princípios desde sem-pre e trabalhei anos, desde o primeirodia da sua existência, num sindicatoque respeitava estes princípios – o Sin-dicato Independente dos Médicos.Durante o meu primeiro mandato ten-tei sempre mobilizar todos para estadiscussão. Convidei reiteradamente osSindicatos para reuniões. Na altura asdificuldades prendiam-se com a totalindisponibilidade do SIM para qualquerreunião em que estivesse presente aFNAM pelo que foram realizadas reu-niões separadamente e, no que respei-ta à FNAM acordados vários princípi-os, constituídos grupos de trabalho edesenvolvidos documentos consensuais.Com a chegda de Ana Jorge ao Gover-no, pelo facto de ser médica e pelasposições públicas que defendera, re-novou-se a esperança de conseguir oque até aí tinha esbarrado com as te-ses gestionárias de cariz economicistaprevalentes na governação.Desencadeou assim o CNE um pro-jecto de reuniões por todo o País queigualmente passaria por uma reuniãoa ter lugar durante o Congresso Naci-onal de Medicina e a que chamámosAssembleia Geral de Médicos paraouvir os médicos e preparar os con-sensos a atingir com o Governo.Foi com enorme surpresa que li nojornal Tempo Medicina de 30 de Junho

    ...no conceito de carreira estão contidos doisconteúdos diferentes. Um que respeita à

    progressão hierárquica, salarial e de conteúdosfuncionais – matéria de exclusiva competência

    sindical – e outro que respeita a evoluçãotécnico-científica ao longo da vida, matéria que

    respeita a todos os médicos e só a estes pelo quese torna de exclusiva competência da sua Ordem

  • 6 Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Julho/Agosto 2009

    de 2008 uma entrevista conjunta dosdois dirigentes sindicais Mário Jorge eCarlos Arroz onde anunciavam o acor-do entre estruturas e a sua frontaloposição a qualquer intervenção daOrdem em matéria de carreiras. A en-trevista terminava de forma inaceitá-vel e a despropósito ameaçando de«tomar a Ordem» em futuras eleições.O desagrado no Conselho NacionalExecutivo foi unânime e a SRCentro eo seu presidente, com a veemência quese lhe conhece, exigiram uma tomadade posição firme da Ordem através deuma carta que eu deveria escrever eenviar aos Sindicatos. Tentei opor-mea tal estratégia tendo votado, conjun-tamente com o dr. João de Deus contratal atitude. Coloca-do em minoriacumpri o decididoe escrevi a carta.As reacções públi-cas não se fizeramesperar tendo a sin-gularidade a partirde um determina-do momento de to-das as críticas se-rem pessoais e di-rigidas ao Bastoná-rio dando a entender que estaria isola-do dentro da Ordem e que todos osoutros dirigentes estariam de acordocom a exclusividade dos sindicatos emmatéria de carreiras.Não foi difícil perceber que algo sepassava nos bastidores pelo que nãofoi surpresa ver-me confrontado comum documento que desconhecia e comorigem na SRCentro em plena reuniãocom os sindicatos. Tal documento queem termos teóricos traduzia as minhasposições, comuns ao acordado em CNE,tornava-se inaceitável ao subordinar aOrdem aos sindicatos, para todos osefeitos retirando-a das negociações,entretanto já iniciadas. Consegui, como apoio da maioria do CNE e de diri-gentes de ambos os sindicatos de mai-or experiência e sensatez, introduziruma alínea que garantia que os sindi-catos respeitariam nas negociações asposições técnicas da Ordem.A Ordem pelo seu lado já tinha acor-

    dado um documento de carreiras ex-clusivamente em termos de qualifica-ção traduzida por graus e estava em-penhada na sua aprovação por partedo Ministério.Neste, entretanto, algo se passava tendoas negociações transitado do âmbito doSecretário de Estado Francisco Ramospara o âmbito directo da Ministra.Continuaram entretanto os ataquespessoais que me eram dirigidos tendo-se pela sua agressividade e inconsistên-cia criado a ideia, mesmo junto de al-guns dirigentes da Ordem, que se tra-tariam de questões pessoais entre mime o dr. Carlos Arroz dado que as diver-gências de posicionamento político como dr. Mário Jorge eram conhecidas e

    desde sempre. Apesar de reiteradamenteter negado, pelo menos no que me di-zia respeito, tal realidade, alguns diri-gentes nomeadamente o presidente daSRCentro passaram a fazer dessa tesea causa de todas as dificuldades.Não deixa de ser curioso que alguémcom mais de vinte anos de dedicaçãoà causa sindical seja acusado de inimi-go, quando alguém que até ontem hos-tilizava os sindicatos passe a ser o ali-ado. Claro que em política, e os médi-cos parecem não estar imunes, o queconta não são as ideias ou a coerênciamas sim as alianças espúrias e o calcu-lismo de futuras eleições.Quando um dirigente da Ordem é acu-sado por outro, em pleno Conselho, de«vestir demasiado a camisola da Ordem»está tudo dito. Quem diz tais disparatesnão percebe que está a afirmar não serconfiável para quem o elegeu dado quea qualquer momento pode vestir umaqualquer outra camisola desde que lhe

    assegure melhores perspectivas para osseus únicos interesses pessoais.Chamei a atenção num editorial ROMDezembro de 2008 para a legitimida-de democrática da Ordem, para o seupeso incontornável como representan-te dos médicos, para as suas funçõeslegais inultrapassáveis. A reacção sin-dical foi violenta tendo o dr. AntónioBento feito publicar uma carta abertainqualificável que pôs em causa umaamizade de trinta anos. Deveria saberque coloco sempre os interesses insti-tucionais à frente dos meus, pelo queestando em causa a Instituição que re-presento o caminho óbvio foi dessin-dicalizar-me e faltar às comemoraçõesdos trinta anos do SIM para os quais

    estava expressa-mente convidadoenquanto funda-dor.Mesmo assim, eapós reuniões jáhavidas, foi envia-do à Ordem, peloMinistério, um di-ploma sobre qua-lificação totalmen-te aceitável e quepublicámos na Re-

    vista. Tal documento foi-nos enviado em23 de Fevereiro de 2009 durante oCongresso Nacional de Medicina nodia mesmo da Assembleia Geral, de res-to pouco participada. Se lerem a ROMdesse mês (Fevereiro) terão toda a in-formação.Demos nota ao Ministério da nossa con-cordância e, sendo matéria que não con-flituava com qualquer negociação sindi-cal, sempre esperámos que os compro-missos fossem honrados e tal matériaconstasse de eventuais acordos a subs-crever entre Ministério e Sindicatos.Fomos tendo nota parcelar e só du-rante algum tempo no âmbito de umgrupo de trabalho electrónico de queobviamente fiz parte das dificuldades,reais ou aparentes, com que as nego-ciações se defrontavam. Num determi-nado momento e dada a ausência deinformações foi-me sugerido pelo pre-sidente da SRCentro que convocasseuma reunião com os Sindicatos. Dis-

    E D I T O R I A L

    O sindicalismo que defendi e continuo a defendernão é o que esquece os médicos como um todo e só

    se preocupa com os assalariados, seus potenciaissócios. ...Os dirigentes sindicais em quem confio nãoapresentam programas de candidatura às eleições

    legislativas do partido do Governo...

  • 7Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Julho/Agosto 2009

    se-lhe que uma convocatória da mi-nha parte seria potencialmente malaceite pelo que poderia partir de qual-quer outro a sugestão. Utiliza hoje estefacto para sustentar a tese de que euestaria contra os sindicatos e me opu-nha à colaboração com estes.Utiliza igualmente de forma inaceitá-vel o argumento de que teria estadonuma tertúlia onde poderia ter discu-tido com os sindicatos de forma aber-ta as questões e não o fiz. Sabe perfei-tamente, pelo ao que escrever tal ar-gumento expõe-se a todos os comen-tários sobre carácter e lisura de proce-dimentos, que, se não intervim nessanoite, apesar de provocado a propósi-to de recertificação e outros dislates,foi porque os presidentes da SRNortee SRSul igualmente presentes me pe-diram para não o fazer para evitar con-flitos públicos. Foi preciso o dr. JoséPedro Moreira da Silva repôr a verda-de e tomar a palavra para dizer na carado dr. Mário Jorge que nunca ninguémna Ordem, nomeadamente o Bastoná-rio, alguma vez defendera a recertifica-ção.Igualmente é inqualificável a acusaçãoque o dr. José Manuel Silva me faz denão ter querido participar numa reu-nião a decorrer em Lisboa entre o CNEe os sindicatos quando sabe que a reu-nião foi acordada em data da conveni-ência de todos, mas em que era sabidaa minha impossibilidade de estar pre-sente. Com efeito era de conhecimen-to de todos na Ordem que chegarianesse dia às 7h da manhã de Caracas(um voo de 9horas) e seguiria de ime-diato para Évora onde estaria retidoentre as 9h e as 17h na cimeira deMinistros da Saúde Iberoamericanapara onde tinha sido convidado pelaMinistra. De facto quando cheguei aLisboa, pelas 18h, e me dirigi ao gabi-nete pensando que a reunião estariaacabada há horas fui confrontado comum comunicado do CNE assinado pelodr. José Manuel Silva, ignoro com quemandato, de total demissão e alinha-mento da Ordem com as posições dossindicatos. Impus, por conseguinte, queo comunicado apenas comprometesseo grupo de trabalho, tanto mais quan-

    to, quando fora aprovado, não haviaquórum legal de CNE.Confrontado com tomadas de posiçãopúblicas e um comunicado unilateral daSRCentro, prática que julgaria ultrapas-sada dentro da Ordem, entendi lembrarque o Presidente da Ordem dos Médi-cos não é um mero porta-voz de umgrupo mas tem a legitimidade democrá-tica que lhe advém de uma eleição unino-minal por maioria clara. Calar a verdadee não informar os médicos do que estáa acontecer seria desonesto.Por uma questão de me resguardar decríticas ou ataques soezes, pretenderque foi uma vitória histórica o que foi,em todos os aspectos, uma derrota gra-víssima da liberdade dos médicos e dosseus direitos em termos de carreira,seria defraudar aqueles que em mimconfiaram com o seu voto e ninguémme pode pedir que o faça.Esconder que no futuro existirá um úni-co grau para além do de especialista talcomo hoje acontece e ao contrário doque tinha sido acordado entre a Or-dem e o Governo, poderia não ser gra-ve. Mas seria certamente grave escon-der aos médicos que a partir de agoraa obtenção do grau não garante, comoaté aqui, a contratação na categoria fi-cando dependente de vagas como an-tes acontecia para chefe de serviço.Esconder dos médicos que os sindica-tos vão avançar para a contratação co-lectiva, matéria da sua exclusiva compe-tência, preparando-se para discutir ava-liação de desempenho, que condicionarátoda a futura progressão na carreira, dan-do aos administradores poderes sobrea profissão médica sem garantir previa-mente que esta evolua por avaliaçõesexclusivamente interpares e iguais paratodos – só possível se no seio da Or-dem, era uma deslealdade para a qualnão podem contar comigo.Considero-me derrotado nos objecti-vos que sempre defendi, o que pode-ria não ser grave porque há que estarpreparado para não conseguir. Mas con-sidero mais grave que a Ordem tenhasido derrotada, que a maioria dos seusdirigentes que de boa fé acreditaramestarem todos a fazer força para o mes-mo lado, tenham sido injustamente ar-

    redados da tomada de decisão. Consi-dero gravíssimo em termos de futuroque os médicos deixem de poder atra-vés da sua estrutura democrática e detodos – a Ordem influenciar o seu tra-jecto profissional no que respeita aquestões de natureza técnica entregan-do em exclusivo aos sindicatos a suarepresentação.O sindicalismo que defendi e continuoa defender não é o que esquece osmédicos como um todo e só se preo-cupa com os assalariados, seus poten-ciais sócios. O sindicalismo que defen-do não promove o assalariamento paraobrigar os médicos a valorizar o sindi-cato, pelo contrário, retira o seu valorda sua acção diária em defesa de to-dos os médicos. O sindicalismo quedefendo é verdadeiramente indepen-dente e não um agente da política par-tidária. Os dirigentes sindicais emquem confio não apresentam progra-mas de candidatura às eleições legisla-tivas do partido do Governo...Esclarecidos estes pontos há que acres-centar alguns elementos para que pos-sam perceber o futuro e o que estáem causa, mais uma vez estrictamentebaseado em factos.Quando tomei posse em Fe-vereiro 2008 tive o cuidadode anunciar claramente queseria o meu último manda-to. Ao fim de trinta anos decombate pela medicina epelos médicos que absorveumuita da minha energia e atotalidade do tempo livre háque saber parar. Por outrolado, considero que, em qual-quer lugar elegível mais dedois mandatos envolve o ris-co da acomodação, do hábi-to, da confusão entre a pes-soa e a Instituição. Assimapesar do estatuto da Or-dem o permitir eu não mecandidataria.Ao afirmá-lo no início do mandato fi-lo também e expressamente com duasintenções: Como aviso ao Governoque não contasse da minha parte comsensibilidade a pressões ou contabili-dades eleitorais e por dever de lealda-

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  • 8 Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Julho/Agosto 2009

    de para com os três presidentes dasSecções Regionais, todos eles sufraga-dos e legitimados por resultados elei-torais esclarecedores, entre os quaisseria natural vir a encontrar-se um fu-turo Bastonário.Com efeito o Presidente da Ordem dosMédicos não será mais, como no pas-sado o foi, um médico em fim de car-reira a exercer um cargo de pouca res-ponsabilidade e muito prestígio, masalguém na fase da vida activa, conhece-dor dos «dossiers», empenhado e ex-periente do que se discute na Ordemquer a nível nacional quer internacio-nal. Tal experiência só se adquire comtarimba e sem esta não há qualidadespessoais que valham.O assunto do futuro terá naturalmentesido falado até que este ano, no fim doCongresso, fui questionado pelo presi-dente da SRCentro sobre a viabilidadede ter o meu apoio já que decidira can-didatar-se. Disse-lhe obviamente serprecoce definir apoios, penso que acres-centei que o meu apoio em futuras elei-ções não seria relevante, mas que ga-rantiria total equidistância face aos vá-rios candidatos e que em Junho de 2010consoante a minha análise da situaçãopolítica definiria o meu apoio.Entendeu a minha resposta como umapoio declarado à dr.ª Isabel Caixeiroque não tinha, à data, assumido qual-quer intenção de candidatura e, a par-tir daí a sua demarcação da Ordemque faz parte não tem parado e o seualinhamento com estruturas exterio-res demasiado evidente para ser sóconcidência. Lamento tal comporta-mento, perturbador do normal funci-onamento da Instituição, consideroprecoces manobras eleitorais já que aOrdem não pode ser a agitação elei-toral permanente e considero suicidacomo estratégia alguém que está den-tro de uma organização com um car-go de responsabilidade tentar que estanão funcione para mais tarde se apre-sentar como solução redentora e mu-dança necessária.Se é essa a ideia, não conte com o meuapoio ou o meu silêncio...Já vai excessivamente longo o editorial,claramente desproporcionado para o

    que é hábito e normal, no entanto ain-da umas linhas para responder ao edi-torial do Fernando Gomes intitulado«Os fantasmas da exclusividade».Como já perceberam, se ti-veram a paciência de lereste editorial até agora, nãocritiquei, antes pelo contrá-rio aplaudi a existência decarreiras e considero nor-mal e positivo que uma Mi-nistra médica tenha a per-cepção da sua necessidade.Critico, isso sim, quem nãoquer ver o que de perigosoe negativo têm os diplomasagora publicados e quemtenha sentido a necessidadede afastar a Ordem do pro-cesso. Lamento que o ex Presidenteda FNAM, que invoca memórias dequando ambos eramos mais novos, seesqueça que os sindicatos na época sem-pre se articularam com a Ordem e ocombate a Leonor Beleza tenha conta-do sempre com o envolvimento e apoioda Ordem, nomeadamente na promo-ção das assembleias.Curioso, no entanto, que fale em fan-tasmas referindo-se à exclusividadeesquecendo que à época para além dePresidente da FNAM era também de-putado do PCP, partido que nunca es-condeu a sua clara opção pela funcio-nalização dos médicos e o que se cha-mava a «separação das águas».Separação que também Leonor Belezapreconizava já que era imprescindívelpara fornecer mão de obra para a nas-cente indústria da saúde privada – ain-da me lembro de ouvir o então donoda Clipóvoa a lamentar o insucesso doGoverno por tal motivo.Na época não se tratava de qualquerfantasma mas sim, como hoje a bem vivavontade de assalariar a Medicina tor-nando-a mais manejável. Talvez hoje sejamais fácil e a luta pela liberdade conde-nada a ser perdida mas não são os ac-tores que são os mesmos são os fantas-mas nas suas cabeças que perduram.Claro que hoje seria impossível de ime-diato assalariar todos com o vencimen-to da não exclusividade. Não porquetodos abandonassem o SNS mas por-

    que seria necessário reduzir o venci-mento dos da exclusividade.Daqui a poucos anos, com a inunda-ção de novos médicos, desarmadosque foram os mecanismos legais quepermitiam o exercício privado, qual-quer gestor de bom senso conclui nãoser necessário pagar por algo que já éinerente – a tal exclusividade.É que, para quem tem memória de hávinte anos, caberia recordar que amajoração salarial da exclusividade foitambém fruto da intransigência do SIMao não permitir que esta fosse impos-ta, forçando-a pois a ser «comprada».Claro que todos nós poderemos estarde acordo em que a melhor forma deexercício seria a dedicação plena a umúnico local de trabalho desde que talfosse remunerado com dignidade. Tam-bém muitas pessoas não contestariamo desemprego se este fosse excelente-mente remunerado. O busilis da ques-tão é que na sociedade neoliberal quese aproxima só o poder que a liberda-de confere garantirá margem negocialpara as tais remunerações justas.A situação não excessivamente desfa-vorável que estamos habituados a des-frutar tem um horizonte temporal mui-to curto e tempos bem duros se apro-ximarão se não estivermos preparados.Além do mais a defesa da qualidade damedicina e dos direitos dos doentespassa por médicos livres capazes deresistir ao ditame dos gestores.Creio que o Fernando Gomes sabe tu-do isto tão bem quanto eu. Nestes úl-timos anos temos conversado muito etenho-me habituado a respeitar a suainteligência e visão estratégica. Por issosenti ser imprescindível responder-lhe,mais que não fora para o ajudar a ma-tar alguns fantasmas que por vezes ain-da parecem assombrá-lo.

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  • 9Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Julho/Agosto 2009

    A.M.A. esclarecimento

    No passado dia 31 Julho a agência Lusadifundiu por toda a comunicação so-cial a notícia de que teria sido multa-do em Espanha por recebimento ilíci-to de ajudas de custo da mutualidadeA.M.A.Não comento o facto curioso de subi-tamente em Portugal um jornalistadescobrir uma notícia largamentepropalada e comentada na imprensaespanhola há mais de um ano, nem de,por coincidência, ter sido divulgadanum dia em que estava em Cabo Ver-de a participar nas cerimónias de to-mada de posse do Bastonário e reu-nião da Comunidade Médica de Lín-gua Portuguesa, impedido portanto deme deslocar às televisões e esclarecer.Dei todos os esclarecimentos, já quenada tenho a esconder ou envergo-nhar-me, pelo telefone a quem mospediu e, é justo referi-lo, toda a im-prensa séria percebeu não haver es-cândalo ou notícia e o assunto mor-reu natural e rapidamente.

    Uns dias mais tarde assistiu-se à ten-tativa de reactivá-lo por parte do Dr.Mário Jorge Neves com o argumentode um pedido risível da minha demis-são. As suas declarações estão nestemomento em estudo para os adequa-dos efeitos.É importante também que se diga quetodos os documentos referentes a esteinfeliz caso tinham por mim sido en-tregues há dois anos quer na Ordemdos Médicos para conhecimento detodos os dirigentes, quer no Ministé-rio dos Negócios Estrangeiros já queocupo um cargo público no meu Paíse é importante que se saiba como titu-lares de tais cargos podem ser trata-dos em países estrangeiros.Já que o caso atingiu dimensão públi-ca e para que os únicos que me preo-cupam, os médicos, não possam terqualquer dúvida da idoneidade dequem confiaram para os representardecidi publicar nesta ROM toda a his-tória das relações entre a Ordem dosMédicos e a mutualidade espanholaA.M.A. e todos os factos relevantes.Antes porém permitam-me que afirmecategoricamente que não pratiqueiqualquer acto ilícito ou recebi qual-quer importância indevida nem tomeiparte em qualquer decisão reprovável.Em nenhum momento da minha vidatal aconteceu pelo que igualmente nãose produziu enquanto fui Conselheiroda mutualista A.M.A.Fui entre Junho de 2006 e Setembrode 2008 membro não executivo doConselho da referida mutualidade, car-go que tal como o de Presidente da

    Ordem dos Médicos era não remu-nerado.Como é óbvio um cargo não remune-rado não pressupõe que acarrete en-cargos a quem o exerce, para além daperda de rendimentos que a falta detempo inexoravelmente produz.Tenho um escrúpulo particular nestasmatérias sendo os membros do CNEda Ordem testemunhas que sempreque se falou da activação da clausularegulamentar que permitiria o ressar-cimento dos prejuízos financeiros queesta me acarreta, sempre recusei, como argumento que sustento ser ocupareste cargo privilégio bastante e quemse candidata saber as implicações docargo.Claro que como qualquer outro diri-gente da Ordem aufiro de ajudas decusto, as mesmas que todos os outros,que se traduzem no pagamento dasviagens de avião em classe económicaquando na Europa e em executiva nosvoos intercontinentais, de comboio alfaem primeira classe, hotéis em que serealizem as reuniões ou quatro estre-las, quilómetros ao preço da funçãopública quando em carro próprio outransporte de serviço.Não foi para mim, pois, qualquer ad-miração quando encontrei na mutua-lidade A.M.A. um regulamento seme-lhante para me ressarcir dos custos dasdeslocações mensais, por vezes váriasnum mês a Madrid para participar noConselho ou em Comissões Técnicas.Se não fosse a A.M.A. a pagar as via-gens quem seria?Que fique claro que as importâncias

    Antes porém permitam-me que afirme categoricamente que nãopratiquei qualquer acto ilícito ou recebi qualquer importância indevida

    nem tomei parte em qualquer decisão reprovável. Em nenhum momentoda minha vida tal aconteceu pelo que igualmente não se produziu

    enquanto fui Conselheiro da mutualista A.M.A.

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    que recebi a título de ajudas de custoforam variáveis, dependendo do núme-ro de reuniões, nunca excederam trêsmil euros o que me pareceu razoáveldado a passagem aérea em classe exe-cutiva atingir os mil e duzentos e ohotel cerca de duzentos.O que se passou então e qual a histó-ria da multa?Em Espanha a regulação da actividadeseguradora não é feita por um Institu-to independente como em Portugalmas directamente pelo poder político.Leia-se Ministério da Economia e Ha-cienda através da Direccion Generalde Seguros e Fondos de Pensión.Esta direcção geral recebe anualmen-te todas as contas das seguradorasquer sejam empresas com fins lucrati-vos quer mutualidades e realiza ins-pecções regulares. Nunca até 2007 ti-nha levantado qualquer questão emrelação à A.M.A., empresa sólida, queapresentava lucros regulares, bem ad-ministrada que realizava assembleiasgerais de mutualistas que escrutinavame aprovavam todas as decisões.Em 2007 foram levantadas um con-junto de questões menores relaciona-das com o Presidente da A.M.A. o nossocolega Diego Murillo ginecologista emPontevedra. O objectivo era claro des-de o início – a sua demissão.Não sei que motivos podem estar pordetrás de tão inusitada atitude. Desco-nhecedor da realidade política espa-nhola não posso subscrever qualquerespeculação que procure associar estefacto a qualquer vendeta política. To-dos nós lemos jornais e sabemos comoem Espanha os políticos se acusam per-manentemente uns aos outros de to-dos os crimes económicos num perma-nente ataque ao carácter, que pelosvistos vai ganhando adeptos entre nós.Na sequência do processo a direcçãogeral entendeu que as ajudas de custoteriam sido mal processadas ao longodos últimos dez anos, já que no seuentendimento a assembleia-geral, mui-tos anos antes apenas autorizara opagamento de um dia por mês de aju-das de custo, isto é seiscentos euros.Considerando muito grave esta situa-ção condenou Diego Murillo e o Se-

    cretário Geral, os cargos executivos, àinibição por dez anos de gerir segura-doras e todos os membros actuais oupassados do Conselho, mesmo que nãoexecutivos a uma multa obscena decento e trinta e cinco mil euros e adevolver as importâncias recebidas atítulo de ajudas de custo. Assim, eupróprio, o Dr. Miguel Leão meu ante-cessor no cargo e o anterior Bastonárioda Ordem dos Farmacêuticos dr. JoãoSilveira vimo-nos condenados por de-cisões que não tomáramos e para quenada contribuíramos. Acresce quequalquer um de nós se lhe fosse colo-cada a situação de ter de pagar do seubolso as deslocações por certo nãoteria dado o seu contributo de traba-lho para o desenvolvimento da mútua.O que o anónimo e cobarde promo-tor da notícia não veiculou para a co-municação social é que o que a Direc-ção Geral de Seguros alega ser o maisgrave e motivador da sua atitude sernão o valor das ajudas de custo em si(tanto mais quanto após a interven-ção aprovou idênticas importâncias)mas falta de transparência em infor-mações prestadas a mutualista em as-sembleias gerais anteriores.Ora acontece que nessas assembleiasgerais em que alegadamente tais fac-tos terão ocorrido eu não estive pre-sente dado, à data, não ser membrodo conselho nem sequer mutualista.Evidentemente que em Espanha há tri-bunais e a Justiça funciona e, tal comocá os juízes são sérios, rigorosos e cum-pridores da lei. Em parte alguma doMundo seria possível condenar alguémpor decisões que não tomou. Sinto-mecomo se me tivesse sido aplicada umamulta de trânsito por infracção do an-terior proprietário de um carro quecomprei.A Ordem dos Médicos não estádirectamente envolvida nesteprocesso nem teve nem terá qual-quer prejuízo. As custas judiciais fo-ram e serão pagas por seguro subscri-to pela A.M.A. O pagamento da multasó acontecerá se no fim for considera-do pelo Tribunal ter havido dolo ouresponsabilidade da minha parte o queé totalmente impossível. E se, por ab-

    surdo, tal acontecesse eu assumiria asminhas responsabilidades.Estou pois absolutamente tranquilotanto mais quanto a Assembleia Geralde Mutualistas por duas vezes e porquase unanimidade (dois mil e quatro-centos votos contra um) decidiu queas importâncias pagas eram as correc-tas e que nenhum dos conselheiros ti-nha qualquer pagamento ou devolu-ção a fazer à mutualidade.Resta, por fim unicamente respondera uma pergunta:O que foi o Presidente da Ordem fa-zer para a A.M.A. e quem sabia?A segunda pergunta é mais simples –todos.Quando decidi aceitar o lugar, que éum lugar por eleição, ouvi o ConselhoNacional Executivo e quando fui elei-to, a Revista da Ordem dos Médicosde Junho 2006 publicou o facto.A primeira pergunta exige explicar umpouco melhor o que é a A.M.A.Trata-se de uma mutualidade exclusi-va de profissionais de Saúde – médi-cos, farmacêuticos, veterinários, médi-cos dentistas e enfermeiros. Dedica-sea todos os seguros com excepção devida e acidentes, para os quais existeuma outra.Nasceu na tradição das mutualidadesque por toda a Europa Continentalforam a base dos sistemas de seguran-ça social, saúde e seguros. Em Portu-gal o Montepio Geral no ramo bancá-rio e as Associações de Socorros Mú-tuos na Saúde são as expressões simi-lares. Dada a nossa tradição de Miseri-córdias e o centralismo estatal o movi-mento mutualista não tem a expres-são que tem no resto da Europa, no-meadamente em Espanha.Como todas as mutualidades a A.M.A.é gerida por funcionários competen-tes na área seguradora que tomamtodas as decisões técnicas e tem umConselho de Administração eleito pe-los mutualistas. Neste caso sãomutualistas todos os detentores deuma apólice de seguro.A diferença entre as mutualidades eas empresas radica no facto relevantede todos serem iguais, isto é, todos osproprietários, os mutualistas, têm a

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    mesma quota, ou seja, um voto.Sendo uma instituição com origem efortemente ancorada nas Ordens Pro-fissionais, os mutualistas que reúnemos consensos para serem eleitos sãonormalmente presidentes ou ex-presi-dentes das respectivas Ordens. Por issoo Conselho que fiz parte era compos-to entre outros pelos presidentes dasOrdens dos Médicos de Sevilha, Valên-cia, Burgos, Málaga, Cádis, Girona epelo presidente dos Farmacêuticos deMadrid, Federal de Espanha, Veteriná-rios de Sevilha, Médicos Dentistas daCorunha etc.Tal facto permitia discussão e estudopermanente das melhores soluções parao universo dos mutualistas e é estecontributo técnico que se pede aosmembros não executivos do Conselho.Na A.M.A. só são executivos o Presiden-te e o Secretário, as Vice-presidências,cargos honoríficos, são meramente re-presentativas sendo uma nomeadamen-te atribuída a um português para subli-nhar a vocação ibérica da mútua.O interesse da A.M.A. em alargar a suaactividade a Portugal é antigo e desdesempre os Presidentes da OMC (espé-cie de federação das Ordens dos Mé-dicos espanholas) nos seus encontroscom Portugal bem como os represen-tantes de Espanha nas organizaçõesmédicas europeias procuraram que aOrdem se interessasse pela A.M.A.Quando ainda era Presidente da SRSulfui a Madrid com o Bastonário Germa-

    no de Sousa e depois da cimeira coma OMC fomos recebidos na sede daA.M.A. e solicitada colaboração.Discutido o assunto em CNE, na altu-ra e dado os acordos e protocolos queligavam a Ordem à seguradora AXAfoi decidido não desenvolver a rela-ção com a A.M.A. A SRNorte não foida mesma opinião e celebrou um con-vénio de colaboração tendo o Dr.Miguel Leão sido eleito para o Conse-lho da A.M.A.Anos mais tarde, já durante o meu pri-meiro mandato, algumas dificuldadesligadas à crescente pressão dos pro-cessos de responsabilidade civil con-tra os médicos fez-me perceber a ne-cessidade de densificar as relações coma A.M.A. Tendo percebido por conver-sações ao mais alto nível com a AXAque tal não perturbaria as nossas boasrelações e apoios, nomeadamente aoFundo de Solidariedade, numa atitudeque devo referir e louvar, decidi acei-tar ser candidato ao Conselho tendosido eleito em Junho de 2006, substi-tuindo no lugar o Dr. Miguel Leão.Em Setembro de 2008, por considerarintolerável que um cidadão estrangei-ro, por maioria de razões um titularde um cargo referenciado no proto-colo de Estado, fosse envolvido nestetipo de processo demiti-me do cargocessando a minha disponibilidade pes-soal, que não institucional, para cola-borar com organizações de Espanha atéque o meu bom nome seja reabilitado

    e me sejam apresentadas desculpas.Não tenho nenhuma razão para pôrem causa a A.M.A. nem nenhum dosseus funcionários ou dirigentes. Bempelo contrário tive oportunidade detestemunhar, na companhia de dirigen-tes e os advogados da Ordem em 2008e 2009, como uma Assembleia Geralheterogénea de centenas de pessoas,titulares de votos delegados de milha-res de mutualistas consegue dizer porunanimidade «a Mútua é dos mutua-listas e não do Governo».Gostaria de ver tais manifestações desolidariedade e cidadania no meu País...Gostaria de concluir reafirman-do que não tenho «esqueletos emarmários» nem contas na Suiça,nem nunca na vida recebi um tos-tão que não me fosse devido.Sou um médico como todos queganha a vida com o seu trabalhoe que não tem medo de dizer oque pensa até ao último dia doseu mandato, quaisquer que se-jam as pressões.Ao anónimo e cobarde promotorda notícia, que por certo não dei-xará de ler este artigo, gostariade dizer que o único sentimentoque me provoca é um indizível eirrevogável desprezo.A única mágoa que sinto é a dever chegar às organizações mé-dicas as políticas rasteiras queestão a destruir a democraciaportuguesa.

    Envie-nos os seus artigosPara que a revista da Ordem dos Médicos possa ser sempre o espelho da opinião dos profissionais detodo o país, agradecemos a colaboração de todos os médicos que desejem partilhar as suas opiniões,experiências ou ideias com os colegas, através do envio de artigos para publicação na Revista daOrdem dos Médicos. Os artigos devem ser acompanhados de uma fotografia do autor (tipo passe) epoderão ser enviados para os contactos que se encontram na ficha técnica (morada da redação e/ourespectivo e-mail).

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    Posição da Ordem dos Médicos, aprovada em Conselho Nacional Executivo

    com uma abstenção, comunicada à Ministra da Saúde em reunião que se

    realizou a 28 de Julho de 2009.

    Conselho Nacional Executivo

    Comunicado sobre Carreiras MédicasO Conselho Nacional Executivo da Ordem dos Médicos, com as competências que lhe são atribuídas, nomeadamente peloartigo 6.° do Estatuto da Ordem dos Médicos, vem, em virtude de notícias contraditórias postas a circular, reafirmar osseguintes princípios relativamente às Carreiras Médicas:

    1. O Conselho Nacional Executivo da Ordem dos Médicos considera relevante a consagração dos princípios subjacentesao acordo negociado de forma exclusiva entre o Governo e as estruturas sindicais médicas, no que concerne à manuten-ção e extensão da abrangência das carreiras médicas como garantia da qualidade do exercício da medicina e da manuten-ção e defesa dum Serviço Nacional de Saúde de qualidade, constitucionalmente garantido;

    2. A Ordem dos Médicos não abdica de intervir no âmbito dos seus poderes delegados na elaboração dos instrumentoslegais necessários à aplicação e regulamentação dos diplomas que vierem a criar a nova Carreira Médica, nomeadamenteno que se refere à qualidade do exercício da Medicina, incompatibilidade de funções, avaliação de desempenho, diferenci-ação técnica e, ainda, de forma exclusiva em todas as questões éticas e deontológicas.

    Lisboa, 28 de Julho de 2009

    A Sua ExcelenciaO Primeiro Ministro

    Excelência, Permita-me que antes de mais apresente a V.Exa os meus cumprimentos pessoais e institucionais e que lheagradeça por antecipação o tempo dispendido na consideração deste tema.Tomo a liberdade de escrever a V.Exa não só porque o Conselho Nacional Executivo da Ordem dos Médicos na suareunião de 7 de Julho de 2009 decidiu «desenvolver todas as acções tendentes à introdução dos mecanismos de salvaguar-da legal na legislação sobre carreira médica especial que expressamente permitam o exercício clínico para além doempregador principal, seja ele público ou privado» mas também porque V.Exa me autorizou tal iniciativa sempre queentendesse ser matéria relevante.A matéria que agora me motiva é seguramente relevante, transcende o nível de decisões do Ministério da Saúde e épotenciadora de um enorme mal-estar entre os médicos, pelo que justificador do uso do privilégio.O assunto refere-se ao recente acordo subscrito entre o Ministério da Saúde e os Sindicatos Médicos a que V.Exa deu orelevo da presença.O acordo em si mesmo é no entender da Ordem dos Médicos relevante e desejável embora careça de alguns esclarecimentosnomeadamente no que concerne à implementação prática do papel que legal e constitucionalmente cabe a esta AssociaçãoPública. Não prevemos dificuldades nesta matéria tendo desde já, e para o efeito, solicitado audiência a S.Exa a Ministra da Saúde.

    Carta enviada ao Primeiro Ministro

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    Repor mecanismos de Carreira Médica para todos os jovens recém especializados qualquer que seja o seu tipo decontratação é objectivo da maior relevância para garantir a qualidade da medicina oferecida aos portugueses pelo que onosso apoio formal à iniciativa não pode ser posto em causa.No entanto os documentos legais que vêm regulamentar a lei 12 A/2008 no que concerne à carreira especial médicaenquanto função pública, e que por similitude afectará aqueles que forem sujeitos a contrato individual de trabalho nãosustentam, como anteriormente o dec.lei 73/90 no seu artigo 10º e o estatuto do SNS no seu artigo 20º a expressaautorização para o livre exercício da actividade clínica após o período laboral contratualizado.Poder-se-á dizer que se tratava de um privilégio característico de uma forma de estar na vida médica que não se compre-ende na actual sociedade. Se assim fosse e tendo os organismos a que está cometida a tarefa de defender os interesses dosmédicos abdicado da sua exigência, não se compreenderia a intervenção da Ordem.Contudo as consequências da incompatibilidade expressa na lei 12 A/2008 no seu artigo 28º se aplicada aos médicos,serão de enorme gravidade para o Serviço Nacional de Saúde, para a qualidade da medicina e para os direitos dosportugueses, não podendo assim a Ordem deixar de cumprir a sua missão institucional.Poderei, caso V.Exa assim me autorize e encontre tempo na V. sobrecarregada agenda expor mais em pormenor comosustento tal afirmação.Não posso, no entanto deixar de expender desde já alguns argumentos:O regime de incompatibilidade inerente à lei 12 A/2008 se aplicado aos médicos implicará:- O abandono precoce do SNS por parte de muitos médicos com prática liberal.- A destruição de um sector económico relevante de pequenas clínicas e hospitais privados que sobrevivem com prestaçãode médicos em prática liberal que simultaneamente são assalariados públicos ou de grandes unidades privadas.- A vinculação dos jovens médicos a uma única entidade determinará a curto/médio prazo uma competição entre o sectorpúblico e as unidades privadas detidas por grupos financeiros. Tal competição tenderá a desnatar o sector público dos seusmelhores quadros.A consequência final será a existência em Portugal de uma medicina a duas velocidades:- Uma medicina para pobres, pública de tipo caritativo, e uma medicina em grandes unidadesprivadas reservada aos portugueses com maiores recursos.Acreditando que tal quadro não é útil ao País, desvirtua a cultura humanista e universal do nosso SNS e não se compaginacom o programa do Partido que V.Exa lidera, apelo à intervenção adequada para reverter a situação.

    Aproveito a oportunidade para apresentar a V.Exa o melhores cumprimentos,

    O Presidente

    Pedro M. H. Nunes

    PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROSGabinete do Primeiro Minístro

    Exmo. SenhorDr. Pedro Manuel Mendes Henriques NunesPresidente da Ordem dos Médicos

    Exmo. Senhor Presidente

    Encarrega-me o Senhor Primeiro Ministro de acusar a recepção da carta de V. Exa., de 15 de Julho, e de informar que lhemereceu a melhor atenção.

    Com os melhores cumprimentos

    O Chefe de Gabinete

    Pedro Lourtie

    Resposta da Presidência do Conselho de Ministros

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    CRITÉRIOS

    1. Médicos que exerceram funções de uma forma regular e continuada em Medicina Hiperbárica e Subaquática durante umperíodo mínimo de 3 anos e com currículo considerado adequado tendo em atenção pressupostos do ponto III.

    2. Médicos com formação pós-graduada em instituições académicas idóneas cujos conteúdos pedagógicos incluam ospressupostos do ponto III.

    Para formalizar a sua candidatura deverá remeter à Secção Regional onde está inscrito, até 30 de Dezembro de 2009, osseguintes documentos:

    3. Requerimento de admissão dirigido ao Conselho Nacional Executivo da Ordem dos Médicos.

    4. Documento comprovativo da inscrição na Ordem dos Médicos como se encontra no pleno gozo dos seus direitosestatutários.5. Curriculum vitae em que conste: nome, nº de Cédula Profissional, data de nascimento, ano de licenciatura,instituições responsáveis pela formação, local actual de trabalho, concursos e outros elementos biográficos consideradosimportantes pelo candidato, incluindo acções de formação frequentadas, até ao máximo de três páginas. Sempre queentendido como necessário, o júri de avaliação pode solicitar o fornecimento de dados específicos ou esclarecimentosadicionais sobre os itens referidos.

    Competência em Medicina Hiperbárica e Subaquática1. INTRODUÇÃO

    A criação da Competência em Medicina Hiperbárica e Subaquática, resulta da necessidade de assegurar a qualidade deprestação de cuidados médicos nesta área. A Medicina Hiperbárica e Subaquática têm tido uma procura crescente porparte das instituições de saúde e da classe médica em geral, necessitando entre outros aspectos, da formação adequadados médicos envolvidos.A criação da Competência em Medicina Hiperbárica e Subaquática visa promover a aquisição de conhecimentos necessá-rios para a boa prática clínica nesta área, o reconhecimento das habilitações técnico- profissionais e não a autorizaçãopara o exercício clínico.A atribuição da Competência resulta do estabelecimento de critérios científicos definidos pelo estado da arte nestamatéria.Optou-se por desenvolver de forma explícita, simplificada e individualizada o conjunto de conhecimentos requeridos.Não existe a intenção de credenciar ou advogar uma única via ou entidade para a obtenção da formação, mas sim divulgaro conjunto de princípios formativos básicos que devem ser respeitados pelos diversos organismos com potencial deformação, de forma a satisfazer as exigências do ensino da boa prática médica.

    Medicina hiperbárica e subaquática– admissão por consenso

    O Conselho Nacional Executivo aprovou os critérios de admissão por con-

    senso na Competência em Medicina Hiperbárica e Subaquática. Com a pu-

    blicação destes critérios dá-se a abertura do período de concurso que decor-

    rerá pelo prazo de seis meses.

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    2. DEFINiÇÃO

    A Competência define-se pelo seguinte conjunto de habilitações técnico-profissionais:

    1 . Realizar a avaliação clínica de doentes, prescrever a indicação para tratamento em meio hiperbárico e responsabilizar-se pelo decorrer do tratamento.2. Realizar as avaliações periódicas de aptidão para o exercício profissional e recreativo em meio hiperbárico, nomeada-mente mergulhadores e trabalhadores de ar comprimido.3. Conhecer os aspectos técnicos, padrões de segurança e legislação da medicina hiperbárica.

    3. TITULAÇÃO

    3.1. OBJECTIVOS CURRICULARESPossuir conhecimentos teóricos e práticos sobre os temas abaixo indicados e adiante desenvolvidos, tendo em vista, porum lado a aquisição de capacidades técnico-profissionais para a avaliação, diagnóstico e tratamento das situações clínicasem causa e, por outro, a aquisição de conhecimentos de aspectos organizacionais:

    • Sistemas hiperbáricos• Fisiopatologia da exposição hiperbárica• Oxigenoterapia Hiperbárica• Aptidão para mergulhar• Acidentes de mergulho• Tecnologia e segurança no mergulho• Experiência prática

    Os detalhes apresentados na estruturação do conteúdo curricular aqui proposto, visam garantir a conformidade com asnormas europeias que promovem a boa prática na formação e exercício clínico.Considera-se que é valorizável curricularmente a participação como formando ou formador/prelector, em iniciativas pro-movidas por estruturas formativas reconhecidas pela Ordem dos Médicos.

    3.1.1. Sistemas hiperbáricosOs candidatos à Competência em Medicina Hiperbárica e Subaquática devem conhecer:

    • Organização de um centro hiperbárico• Câmaras hiperbáricas (multilugar, monolugar, transporte)• Regulamentos de segurança dos sistemas hiperbáricos• Gestão de risco e monitorização de incidentes• Plano de emergência num centro hiperbárico• Formação e treino dos recursos humanos de um centro hiperbárico

    3.1.2. Fisiopatologia da exposição hiperbáricaOs candidatos á Competência em Medicina Hiperbárica e Subaquática devem conhecer:

    • Física hiperbárica• Bioquímica do Oxigénio• Efeitos fisiológicos do aumento da pressão atmosférica• Efeitos fisiológicos do oxigénio hiperbárico no transporte do oxigénio e na pressão tecidular de oxigénio• Efeitos fisiológicos do oxigénio hiperbárico na hemodinâmica e microcirculação• Efeitos fisiológicos do oxigénio hiperbárico em microorganismos e nas defesas do hospedeiro contra as infecções• Efeitos fisiológicos do oxigénio hiperbárico nos fenómenos de isquemia reperfusão• Efeitos fisiológicos do oxigénio hiperbárico nos processos de cicatrização de feridas• Complicações da Oxigenoterapia Hiperbárica (intoxicação pelo oxigénio, barotrauma)• Fármacos em meio hiperbárico• Efeitos dos gases inertes (narcose, síndrome neurológico da alta pressão)• Fisiopatologia hiperbárica (teorias da descompressão, bolhas) . Doenças disbáricas agudas• Doenças disbáricas crónicas (efeitos a longo prazo)• Patologia do mergulho não disbárica (hipotermia, afogamento, efeitos da fauna e da flora, lesões e acidentes na água)• Acidentes mortais

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    3.1.3. Oxigenoterapia HiperbáricaOs candidatos á Competência em Medicina Hiperbárica e Subaquática devem conhecer:

    • Preparação e manuseio dos doentes em ambiente hiperbárico• Cuidados de enfermagem• Equipamento médico para ambiente hiperbárico• Indicações recomendadas para Oxigenoterapia Hiperbárica• Indicações opcionais para Oxigenoterapia Hiperbarica• Indicações experimentais, indicações controversas e não indicações para Oxigenoterapia Hiperbárica• Avaliação custo benefício da Oxigenoterapia Hiperbárica• Tratamento estatístico e epidemiológico da actividade clínica hiperbárica• Demonstração de tratamentos hiperbáricos

    3.1.4. Aptidão para mergulharOs candidatos á Competência em Medicina Hiperbárica e Subaquática devem conhecer:

    • Critérios de aptidão para mergulhar (mergulhadores, trabalhadores de túneis, profissionais de um centro hiperbáricoe doentes propostos para tratamento hiperbárico).• Avaliação da aptidão para mergulhar• Regulamentos e legislação para a prática de mergulho (mergulhadores profissionais e de recreativos)• Demonstração da prática de mergulho

    3.1.5. Acidentes de mergulhoOs candidatos á Competência em Medicina Hiperbárica e Subaquática devem conhecer:

    • Acidentes e incidentes de mergulho (avaliação e abordagem pré-hospitalar incluindo ressuscitação cardiopulmonar)• Avaliação clínica dos acidentes de mergulho (diagnóstico, cuidados médicos dos doentes, follow-up)• Diagnóstico diferencial dos acidentes de mergulho• Tratamento hiperbárico dos acidentes de mergulho (tabelas, estratégias)• Reabilitação e mergulhadores incapacitados

    3.1.6. Tecnologia e segurança no mergulhoOs candidatos á Competência em Medicina Hiperbárica e Subaquática devem conhecer:

    • Tipos de mergulho (recreativo, técnico, profissional, comercial, cientifico, câmara hiperbárica, apneia)• Procedimentos de mergulho• Equipamento de mergulho• Tabelas e computadores de mergulho• Regulamentos e legislação do mergulho• Planeamento e segurança no mergulho

    3.1.7. Experiência práticaOs candidatos á Competência em Medicina Hiperbárica e Subaquática devem obter a seguinte experiência prática:

    • Aptidão para mergulhar na câmara hiperbárica (mergulho teste)• Prática clínica na avaliação de doentes propostos para OTH (inclui avaliação e estratégia no tratamento de feridas)• Prática clínica na avaliação de mergulhadores• Prática de ressuscitação cardiopulmonar

    4. PROGRAMA CURRICULAR

    1. Conhecimentos teóricos e Práticos (referidos em III-A)2. Desempenho prático: a realização de um estágio prático num Centro de Medicina Hiperbárica com a duração de um mês.

    5. ENTIDADES COMPETENTES

    A formação deve ser efectuada pelos serviços de Medicina Hiperbárica com idoneidade formativa reconhecidos comoválidos pela Ordem dos Médicos.Os programas devem respeitar as normas e parâmetros preconizados pela Ordem dos Médicos. Deve ser obrigatório ofornecimento de relatórios específicos dos cursos, efectuados ou previstos (com detalhes sobre a organização, formadores,

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    formandos, programa e avaliação). Devem aceitar a possibilidade de auditoria por peritos nomeados pela Ordem dosMédicos sem aviso prévio.

    6. CRITÉRIOS DE ADMISSÃO POR CONSENSO Á COMPETÊNCIA EM MEDICINA HIPERBÁRICA ESUBAQUÁTICA

    1. Médicos que exerceram funções de uma forma regular e continuada em Medicina Hiperbárica e Subaquática durante umperíodo mínimo de 3 anos e com currículo considerado adequado tendo em atenção pressupostos do ponto 111.2. Médicos com formação pós-graduada em instituições académicas idóneas cujos conteúdos pedagógicos incluam ospressupostos do ponto 111.3. Requerimento de admissão dirigido ao Conselho Nacional Executivo da Ordem dos Médicos.4. Documento comprovativo da inscrição na Ordem dos Médicos como se encontra no pleno gozo dos seus direitos estatutários.5. Curriculum vitae em que conste: nome, n° de Cédula Profissional, data de nascimento, ano de licenciatura, instituiçõesresponsáveis pela formação, local actual de trabalho, concursos e outros elementos biográficos considerados importantes pelocandidato, incluindo acções de formação frequentadas, até ao máximo de três páginas. Sempre que entendido como necessário,o júri de avaliação pode solicitar o fornecimento de dados específicos ou esclarecimentos adicionais sobre os itens referidos.

    7. BIBLIOGRAFIA

    Handbook on Hyperbaric MedicineMathieu, Doniel (Ed.), 2006

    A European code of good practice for hyperbaric oxygen therapyPrepared by the Working Group «SAFETY»

    Of the COST Action B14 «HYPERBARIC OXYGEN THERAPY», May 2004

    Hyperbaric Medicine PracticeKindwoll, Eric P. (Ed.), 2004

    Medical assessement of working diversEuropeon Diving Technology Committee, 2004

    Medical assessement of fitness to diveJurg Wendling, 2002

    Diving and Subaquatic MedicineCarl Edmonds/Christopher Lowry/John Pennefather/Robyn Wolker, 2005

    I N F O R M A Ç Ã O

    Alteração ao Regulamento das Subespecialidades e CompetênciasO Plenário dos Conselhos Regionais, em 19 de Junho de 2009, aprovou a

    alteração do Regulamento das Subespecialidades e Competências nos

    seguintes termos:

    Art. 4ºa) As secções de subespecialidades de cada colégio de especialidade são dirigidas por uma comissão técnica, cuja composiçãopoderá oscilar entre cinco e dez elementos, (…)

    Art. 10ºAs comissões de competência são dirigidas por uma comissão técnica, cuja composição poderá oscilar entre três e dezelementos, (…).

  • 18 Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Julho/Agosto 2009

    I N F O R M A Ç Ã O

    ALTERAÇÃO AO REGULAMENTO DE INSCRI-ÇÃO NA ORDEM DOS MÉDICOS

    Tendo em atenção as alterações introduzidas no ensino daMedicina, derivadas da implementação do processo de Bo-lonha, as Faculdades deixarão de emitir o grau de licencia-do em Medicina, passando a atribuir o grau de mestre emMedicina. Estas alterações não comportam mudanças signi-ficativas em termos curriculares ou de formação académica.Nesta medida, importa assegurar a igualdade de tratamen-to, em termos de acesso à profissão, entre licenciados emestres em Medicina, razão pela qual o Plenário dos Con-selhos Regionais, reunido em 19 de Junho de 2009, apro-vou a alteração do artigo 1.° do Regulamento de Inscrição,aditando os números 3, 4 e 5 com os seguintes termos:«3 – São equiparados aos licenciados em Medicina, cujos títulostenham sido emitidos antes da implementação do processo deBolonha, os mestres em Medicina, cujo grau tenha sido obtidoapós a implementação daquele processo.4 – O presente regulamento aplica-se a todos os interessadosindependentemente de apresentarem diploma de licenciatura pré-Bolonha ou de mestre pós-Bolonha.5 – Aos mestres e aos licenciados em Medicina, tal como defini-dos nos números anteriores, é assegurado tratamento igual enão discriminatório no acesso à profissão.»

    Na mesma reunião e por ter sido considerado necessáriodefinir os documentos a apresentar por um médico paracomprovar a idoneidade social e profissional em caso dereinscrição e dando cumprimento ao disposto no art. 17º,n.º 2, foi decidido introduzir os seguintes pontos ao artigo17º do Regulamento de Inscrição na Ordem dos Médicos:«Art. 17º(…)3. Os documentos referidos no número anterior são o certifica-do do registo criminal e o documento comprovativo do bomcomportamento profissional do interessado.4. Caso o requerente declare, sob compromisso de honra, nãoter exercido a actividade médica durante o período de cancela-mento da inscrição, pode a Ordem dos Médicos dispensar aapresentação do documento comprovativo do bom comporta-mento profissional.»

    Publica-se, de seguida, a versão integral do Regulamento deInscrição da Ordem dos Médicos com as alterações agoraintroduzidas:

    Inscrição na OMFoi aprovada, em reunião do Plenário dos Conselhos Regionais, realizada no

    passado dia 19 de Junho, a alteração ao Regulamento de Inscrição na Ordem

    dos Médicos que publicamos em seguida.REGULAMENTO DE INSCRIÇÃO

    NA ORDEM DOS MÉDICOS

    Tendo em atenção a proliferação de normas regulamenta-res de inscrição, bem como a multiplicidade de situaçõescom que se deparam os Conselhos Regionais, entende-secomo conveniente a codificação e uniformização de nor-mas e procedimentos sobre esta matéria.Com efeito, tem-se assistido a um aumento significativo depedidos de inscrição, designadamente de médicos estran-geiros e a uma multiplicidade de situações complexas queimporta simplificar.Para tanto, faz-se aprovar este Regulamento, que deveráser aplicado em todos os Conselhos Regionais.As limitações legais impostas pelo Estatuto da Ordemdos Médicos não permitem, de momento, ir mais longe,designadamente na previsão de figuras jurídicas alterna-tivas à inscrição definitiva, nem de vicissitudes da inscri-ção, como a suspensão voluntária. Com este instrumen-to de regulamentação pretende-se, pois, condensar ecodificar as normas dispersas, actualmente em aplicação,bem como, uniformizar procedimentos e exigências aosinteressados.Assim, nos termos dos artigos 57.º alínea b) e 64.º, alínea j)do Estatuto da Ordem dos Médicos, é aprovado o Regula-mento de Inscrição na Ordem dos Médicos:

    ARTIGO 1.ºINSCRIÇÃO E EXERCÍCIO DA MEDICINA

    1 – Para o exercício da Medicina é obrigatória a inscriçãona Ordem dos Médicos.2 – Só podem inscrever-se na Ordem dos Médicos:

    a) os portugueses e estrangeiros licenciados em Medici-na por escola superior portuguesa;b) os portugueses e estrangeiros licenciados em Medici-na por escola superior estrangeira, desde que vejam re-conhecidos os seus títulos;c) os portugueses e estrangeiros licenciados em Medici-na por escola superior estrangeira que tenham obtidoequivalência oficial de curso devidamente reconhecidapela Ordem dos Médicos.

    3 – São equiparados aos licenciados em Medicina, cujostítulos tenham sido emitidos antes da implementação doprocesso de Bolonha, os mestres em Medicina, cujo grautenha sido obtido após a implementação daquele processo.4 – O presente regulamento aplica-se a todos os interessa-

  • 19Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Julho/Agosto 2009

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    dos independentemente de apresentarem diploma de licen-ciatura pré-Bolonha ou de mestre pós-Bolonha.5 – Aos mestres e aos licenciados em Medicina, tal comodefinidos nos números anteriores, é assegurado tratamentoigual e não discriminatório no acesso à profissão.

    ARTIGO 2.ºREQUERIMENTO DE INSCRIÇÃO

    1 – A inscrição é requerida pelo interessado ou seu procu-rador ao Conselho Regional da área de residência, median-te o preenchimento do impresso de inscrição e entrega dadocumentação inerente.2 – O requerimento será entregue pessoalmente ou pelocorreio em qualquer das instalações da Ordem dos Médicos.3 – Quando entregue ou remetido a um órgão incompe-tente, deverá o requerimento ser enviado, pelos serviços daOrdem e no prazo de uma semana, ao órgão competentepara conhecer o pedido.

    ARTIGO 3.ºDILIGÊNCIAS INSTRUTÓRIAS

    1 – Os serviços administrativos competentes deverão pro-ceder à verificação da documentação exigida ao requeren-te, remetendo o processo, quando devidamente instruído,ao Conselho Regional competente para a decisão final.2 – Sem prejuízo do disposto no número anterior, podemser solicitados esclarecimentos ao requerente, bem como aapresentação de qualquer documento em falta ou a certi-ficação da autenticidade dos documentos juntos.3 – A Ordem poderá realizar e requerer todas as diligênci-as que entenda necessárias e adequadas à comprovação daveracidade dos factos relatados nos documentos, sem pre-juízo do disposto nas normas comunitárias e internacio-nais.4 – Se o processo estiver parado por facto imputável aorequerente por um período superior a 6 meses, será o inte-ressado notificado para praticar o acto em falta no prazode 10 dias, com a cominação de, não o fazendo, o pedidoser arquivado.5 – Passado o prazo referido no número anterior e preten-dendo o requerente reiniciar o processo, deverá o interes-sado proceder à revalidação de todos os documentos en-tregues cujo prazo de validade tenha expirado.

    ARTIGO 4.ºIMPRESSO DE INSCRIÇÃO

    1 – É obrigatório o preenchimento de um impresso demodelo aprovado para inscrição na Ordem dos Médicos.2 – O preenchimento do impresso é da exclusiva respon-sabilidade do requerente, que afiançará a veracidade dosfactos nele relatados.3 – Do impresso deverão constar, obrigatoriamente, as se-guintes informações:

    a) Nome completo;b) Sexo;

    c) Estado civil;d) Nacionalidade, naturalidade e filiação;e) Número de bilhete de identidade ou de outro docu-mento de identificação;f) Número de identificação fiscal;g) Data da licenciatura e estabelecimento de ensino fre-quentado;h) Nome profissional pretendido;i) Residência;j) Domicílio profissional, quando conhecido;l) Morada escolhida para efeitos de comunicações e no-tificações por parte da Ordem.

    ARTIGO 5.ºNOME PROFISSIONAL

    1 – Na indicação do nome profissional, não poderá o inte-ressado usar nome igual ou confundível com o de outromédico já inscrito.2 – Havendo igualdade ou confusão de nomes, deverá ointeressado ser notificado para proceder à sua alteração.3 – Caso se verifique que, por lapso ou por qualquer outromotivo, foram registados nomes profissionais idênticos ouconfundíveis, aplicar-se-á a regra da prioridade do registo,devendo o médico cujo registo é mais recente ser notifica-do para que proceda à sua modificação.4 – O médico visado dispõe do prazo máximo de 15 diaspara apresentar requerimento com novo nome profissionalque pretenda ver registado, sob pena de ser este definidopelo Conselho Regional competente.5 – Caso o médico não apresente novo nome profissionalno prazo de 15 dias ou autorização prevista no n.º 2, cabe-rá ao Conselho Regional decidir, ponderadas as circuns-tâncias, autorizando ou não o uso de nome confundível.

    ARTIGO 5.º-AALTERAÇÃO DO NOME PROFISSIONAL

    1 – Fora do caso previsto no artigo anterior, o médico poderequerer a alteração do nome profissional sempre que severificar uma das seguintes situações:

    a) casamento ou divórcio, quando impliquem alteraçãodo nome;b) existência de médico com nome igual ou semelhanteque suscite confusão na identificação do interessado.

    2 – O requerimento deverá ser dirigido ao Conselho Regi-onal competente, fundamentado e instruído com os ele-mentos comprovativos do facto alegado.3 – Do indeferimento cabe recurso para o Conselho Naci-onal Executivo.

    ARTIGO 6.ºDOCUMENTOS A APRESENTAR POR LICENCIA-

    DOS EM PORTUGALO requerimento de inscrição apresentado por licenciadosem Portugal deve ser acompanhado dos seguintes docu-mentos:

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    a) Bilhete de Identidade, Passaporte ou Autorização deResidência, ou fotocópia autenticada ou conferida pe-los serviços da Ordem dos Médicos;b) Certidão de licenciatura ou fotocópia autenticada;c) Certificado do registo criminal, emitido há menos de3 meses;d) Cartão de contribuinte fiscal ou fotocópia autentica-da ou conferida pelos serviços da Ordem dos Médicos;e) Três (3) fotografias originais, tipo passe.

    ARTIGO 7.ºDOCUMENTOS A APRESENTAR POR CIDADÃOS

    COMUNITÁRIOS LICENCIADOS NA UNIÃOEUROPEIA

    1 – O requerimento de inscrição apresentado por cida-dãos comunitários, licenciados na União Europeia, deve seracompanhado dos seguintes documentos:

    a) Bilhete de Identidade, Passaporte ou Autorização deResidência, ou fotocópia autenticada ou conferida pe-los serviços da Ordem dos Médicos;b) Título de médico emitido nos termos da legislaçãocomunitária aplicável;c) Certificado do registo criminal, emitido há menos de3 meses;d) Cartão de contribuinte fiscal ou fotocópia autentica-da ou conferida pelos serviços da Ordem dos Médicos;e) Três (3) fotografias originais, tipo passe;f) Prova da honorabilidade profissional, emitida pela enti-dade competente para o registo e controlo disciplinardos médicos do país de origem ou proveniência, queateste que o interessado se encontra em condições le-gais de exercer a profissão sem restrições e que nãoexistem processos disciplinares pendentes ou sançõesdisciplinares;g) Certificado de nacionalidade (pode ser dispensadomediante apresentação do passaporte).

    2 – Sempre que o título referido na alínea b) do númeroanterior não corresponder ao previsto nas normas comu-nitárias, será o interessado notificado para proceder à apre-sentação do documento adequado ou de um certificadoemitido pelas autoridades competentes que ateste que otítulo exibido corresponde ao exigido pela legislação co-munitária.3 – Salvo deliberação do Conselho Regional em contrário,o interessado que nunca tenha estado inscrito na associa-ção profissional que regula a profissão médica no seu paísde origem ou proveniência, deverá, em substituição do do-cumento referido na alínea f) do número anterior, juntarcertidão que confirme esse facto.4 – Aos cidadãos referidos no número 1 é exigida a aprova-ção em prova de comunicação médica, a definir em regula-mento próprio.5 – Estão dispensadas da prova referida no número anteri-or os licenciados por Universidade cujo ensino seja minis-trado em língua portuguesa.

    ARTIGO 8.ºDOCUMENTOS A APRESENTAR POR CIDADÃOS

    COMUNITÁRIOS LICENCIADOS FORADA UNIÃO EUROPEIA

    1 – O requerimento de inscrição apresentado por cida-dãos comunitários, licenciados fora da União Europeia, deveser acompanhado dos seguintes documentos:

    a) Bilhete de Identidade, Passaporte ou Autorização deResidência, ou fotocópia autenticada ou conferida pe-los serviços da Ordem dos Médicos;b) Certidão de licenciatura ou fotocópia autenticada;c) Certificado de equivalência, emitido por estabeleci-mento de ensino superior português;d) Certificado do registo criminal, emitido há menos de3 meses;e) Cartão de contribuinte fiscal ou fotocópia autentica-da ou conferida pelos serviços da Ordem dos Médicos;f) Três (3) fotografias originais, tipo passe.g) Prova da honorabilidade profissional, emitida pela en-tidade competente para o registo e controlo disciplinardos médicos do país de origem ou proveniência, queateste que o interessado se encontra em condições le-gais de exercer a profissão sem restrições e que nãoexistem processos disciplinares pendentes ou sançõesdisciplinares;h) Curriculum Vitae elaborado e instruído de forma acomprovar o exercício profissional lícito e efectivo daprofissão médica;i) Certificado de nacionalidade (pode ser dispensadomediante apresentação do passaporte).

    2 – Para determinar se é viável o exercício autónomo daprofissão, deverão os interessados juntar prova da experi-ência profissional adquirida durante três anos consecuti-vos nos últimos cinco, a qual será submetida à apreciaçãoda Ordem dos Médicos.3 – Salvo deliberação do Conselho Regional competenteem contrário, o interessado que nunca tenha estado inscri-to na associação profissional que regula a profissão médicano seu país de origem ou proveniência, deverá, em substi-tuição do documento referido na alínea g) do número an-terior, juntar certidão que confirme esse facto.4 – Sempre que o interessado não demonstre preencher ascondições a que se refere o n.º 2 deste artigo, mas cumpratodos os demais requisitos, apenas poderá ser inscrito parao exercício da profissão sem autonomia.5 – Caso o diploma extra-comunitário tenha sido reconhecidopor Estado-membro da União Europeia, o Conselho Regionalcompetente procederá à avaliação desse diploma e da forma-ção e/ou experiência profissional adquiridas nesse Estado, deforma a apurar se são equivalentes aos exigidos em Portugal.6 – Para efeitos do previsto no número anterior, o interes-sado deverá juntar, além dos referidos no n.º 1, os seguin-tes documentos:

    a) Certificado de equivalência, emitido por entidade co-munitária competente;

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  • 21Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Julho/Agosto 2009

    b) Documentos comprovativos do exercício profissio-nal realizado no Estado-membro que reconheceu o di-ploma extra-comunitário;c) Documentos respeitantes à formação complementar/contínua obtida nesse Estado-membro.

    7 – Aos cidadãos referidos no número 1 é exigida a aprova-ção em prova de comunicação médica, a definir em regula-mento próprio.8 – Estão dispensadas da prova referida no número anteri-or os licenciados por Universidade cujo ensino seja minis-trado em língua portuguesa.

    ARTIGO 9.ºDOCUMENTOS A APRESENTAR POR CIDADÃOS

    EXTRA-COMUNITÁRIOS1 – O requerimento de inscrição apresentado por cida-dãos extra-comunitários deve ser acompanhado dos seguin-tes documentos:

    a) Passaporte ou Autorização de Residência, ou fotocó-pia autenticada ou conferida pelos serviços da Ordemdos Médicos;b) Diploma de licenciatura ou fotocópia autenticada;c) Certificado de equivalência concedido por institui-ção de ensino superior em Portugal;d) Certificado do registo criminal, emitido há menos de3 meses pelas autoridades do país de origem ou prove-niência;e) Cartão de contribuinte fiscal ou fotocópia autentica-da ou conferida pelos serviços da Ordem dos Médicos;f) Prova da honorabilidade profissional, emitida pela en-tidade competente para o registo e controlo disciplinardos médicos do país de origem ou proveniência, queateste que o interessado se encontra em condições le-gais de exercer a profissão sem restrições e que nãoexistem processos disciplinares pendentes ou sançõesdisciplinares;g) Certificado de reciprocidade;h) Certificado de nacionalidade (pode ser dispensadomediante apresentação do passaporte);i) Três (3) fotografias originais, tipo passe;l) Curriculum Vitae elaborado e instruído de forma acomprovar o exercício profissional lícito e efectivo daprofissão médica.

    2 – Salvo deliberação do Conselho Regional competenteem contrário, o interessado que nunca tenha estado inscri-to na associação profissional que regula a profissão médicano seu país de origem ou proveniência, deverá, em substi-tuição do documento referido na alínea f) do número ante-rior, juntar certidão que confirme esse facto.3 – Para determinar se é viável o exercício autónomo daprofissão, deverão os interessados juntar prova da experi-ência profissional adquirida durante três anos consecuti-vos nos últimos cinco, a qual será submetida à apreciaçãoda Ordem dos Médicos.4 – Aos cidadãos referidos no número 1 é exigida a apro-

    vação em prova de comunicação médica, a definir em regu-lamento próprio.5 – Estão dispensadas da prova referida no número anteri-or os licenciados por Universidade cujo ensino seja minis-trado em língua portuguesa.

    ARTIGO 10.ºDOCUMENTOS A APRESENTAR POR CIDADÃOS

    LICENCIADOS EM PORTUGAL COM FORMA-ÇÃO OU EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL ADQUI-

    RIDAS FORA DO TERRITÓRIO NACIONAL1 – O pedido de inscrição apresentado por cidadão licen-ciado em Portugal, que nunca se inscreveu na OM, masque completou a sua formação ou exerceu a actividadefora do território nacional, deverá ser instruído com osseguintes elementos:

    a) Bilhete de Identidade, Passaporte ou Autorização deResidência, ou fotocópia autenticada ou conferida pe-los serviços da Ordem dos Médicos;b) Certidão de licenciatura ou fotocópia autenticada;c) Certificado do registo criminal, emitido há menos de3 meses;d) Cartão de contribuinte fiscal ou fotocópia autentica-da ou conferida pelos serviços da Ordem dos Médicos;e) Três (3) fotografias originais, tipo passe;f) Curriculum Vitae elaborado e instruído de forma acomprovar o exercício profissional lícito e efectivo daprofissão médica.

    2 – Para determinar se é viável o exercício autónomo daprofissão, deverão os interessados juntar prova da experiên-cia profissional adquirida durante três anos consecutivosnos últimos cinco, a qual será submetida à apreciação daOrdem dos Médicos.

    ARTIGO 11.ºFORMALIDADES

    1 – Os documentos emitidos por entidades estrangeirasdeverão ser legalizados, mediante o reconhecimento de as-sinaturas efectuado por entidade consular ou diplomáticaportuguesa competente no país de emissão ou por coloca-ção de apostilha, nos termos definidos na Convenção deHaia, de 5 de Outubro de 1961, salvo se existir norma quedispense a legalização.2 – Os documentos redigidos em língua estrangeira deve-rão ser acompanhados de tradução para português, devi-damente certificada ou autenticada.3 – Salvo indicação em contrário e quando não sejam ex-traídas ou conferidas pelos funcionários da OM, as fotocó-pias dos documentos originais deverão ser certificadas.

    ARTIGO 12.ºRECUSA DE INSCRIÇÃO

    1 – A inscrição será recusada sempre que o interessadonão demonstre possuir os requisitos exigidos pela lei e pelopresente regulamento.

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  • 22 Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Julho/Agosto 2009

    2 – Após análise do processo, caso o Conselho Regionalcompetente delibere dever ser recusado o pedido de ins-crição, deverá notificar o requerente, comunicando-lhe essaintenção e concedendo-lhe um prazo não inferior a 10 diasúteis para se pronunciar.3 – Após a audiência do interessado e se o Conselho Regi-onal competente mantiver a intenção de recusar a inscri-ção, a deliberação, devidamente fundamentada deverá sercomunicada ao interessado.4 – Da deliberação do Conselho Regional que recuse ainscrição cabe recurso para o Conselho Nacional Executi-vo e para os Tribunais Administrativos, nos termos gerais.

    ARTIGO 13.ºINSCRIÇÃO DEFINITIVA

    1 – O Conselho Regional competente, depois de ter verifi-cado que o requerimento para a inscrição está devidamen-te documentado e que nada obsta à inscrição, delibera ainscrição definitiva, que será registada.2 – A cédula profissional, devidamente preenchida, seráentregue ao requerente.

    ARTIGO 14.ºJÓIA DE INSCRIÇÃO

    1 – O pedido de inscrição na Ordem dos Médicos implicao pagamento de uma jóia e demais emolumentos, cujos mon-tantes são fixados por deliberação, nos termos do Estatuto.2 – A obrigação referida no número anterior impende igual-mente sobre a reinscrição na Ordem dos Médicos.

    ARTIGO 15.ºDATA DE INSCRIÇÃO

    1 – É considerada como data da inscrição a da deliberaçãotomada pelo Conselho Regional competente, nos termosdeste regulamento.2 – A data de inscrição é a única relevante para efeitos deexercício legítimo da actividade profissional.

    ARTIGO 16.ºCÉDULA PROFISSIONAL

    1 – A cédula profissional, emitida pelo Conselho Regional

    competente, constitui prova de inscrição.2 – As cédulas profissionais têm um período de validade de5 anos.3 – No caso de perda, extravio ou inutilização da cédula, ointeressado deverá requerer a sua reemissão, entregandouma fotografia e uma declaração sob compromisso de hon-ra, nos termos do modelo constante do anexo 1. A emissãode nova cédula deverá ficar registada no processo de ins-crição e obriga ao pagamento de emolumentos a fixar nostermos estatutários.4 – Em caso de reinscrição, haverá lugar à emissão de umanova cédula.5 – No período em que o médico exerça medicina semautonomia ser-lhe-á emitida uma cédula com a menção «Nãoreconhecido o exercício autónomo da medicina».

    ARTIGO 17.ºREINSRIÇÃO

    1 – O presente regulamento é aplicável, com as devidasadaptações, aos pedidos de reinscrição.2 – Os interessados na reinscrição devem apresentar no-vos documentos relativos à idoneidade social e profissio-nal.3 – Os documentos referidos no número anterior são ocertificado do registo criminal e o documento comprovativodo bom comportamento profissional do interessado.4 – Caso o requerente declare, sob compromisso de honra,não ter exercido a actividade médica durante o período decancelamento da inscrição, pode a Ordem dos Médicos dis-pensar a apresentação do documento comprovativo do bomcomportamento profissional.

    ARTIGO 18.ºENTRADA EM VIGOR

    1 – O presente regulamento entra em vigor no dia 1 deJaneiro de 2006, após publicação na Revista da Ordem dosMédicos e terá imediata aplicação aos pedidos de inscriçãoem curso, salvo o disposto no número seguinte.2 – O disposto no Artigo 5.º deste Regulamento apenasserá aplicável aos pedidos de inscrição entrados a partir de1 de Janeiro de 2006.

    I N F O R M A Ç Ã O

    Alteração ao regulamento da Provade Comunicação Oral

    A alteração ao regulamento da Prova de Comuni-cação Oral, que foi aprovado em plenário dos Con-selhos Regionais de 19 de Junho, foi publicada naROM de Outubro de 2008 (após aprovação emCNE).

    Regulamento sobre profissionaismédicos seropositivos

    O regulamento sobre os profissionais médicosseropositivos e a prática de procedimentos invasivospublicado na ROM de Novembro de 2008 (apósaprovação em CNE), tem a partir de agoraaplicabilidade após aprovação pelo Plenário dos Con-selhos Regionais de 19 de Junho.

  • 23Revista ORDEM DOS MÉDICOS • Julho/Agosto 2009

    A C T U A L I D A D E

    As seguintes Organizações MédicasEuropeias AEMH – European Associationof Senior Hospital Physicians, CEOM –Conférence Europénne des Ordes desMédicins, CPME – Standing Committeeof European Doctors, EANA – EuropeanWorking Group of Practitioners andSpecialists in Free Practice, EMSA –European Medical Student’s Association,FEMS – European federation of SalariedDoctors, PWG – Permanent WorkingGroup of European Júnior Doctors,UEMO – European Union of General

    Organizações Médicas Europeias unidaspelo interesse dos cidadãos europeusReuniram em Bruxelas, no passado dia 11 de Junho, os Comités Executivos

    das Organizações Médicas Europeias, que emitiram uma mensagem conjun-

    ta de colaboração dirigida à Comissão Europeia.Practicioners/Family Psysicias e UEMS –European Union of Medical Specialistsanalisaram a conjuntura internacional decrise e o seu incontornável reflexo nosector da saúde, considerando prementea necessidade de efectuar gastos equili-brados e adequados em saúde.As Organizações Médicas presentes con-sideraram oportuno, na sequência da elei-ção no novo Parlamento Europeu e an-tes da constituição da nova ComissãoEuropeia, emitir uma declaração conjun-ta na qual, representando os médicos

    europeus, demonstram a sua disponibili-dade para continuar a pôr os seus co-nhecimentos ao serviço dos decisores daUnião Europeia, com o intuito de se pro-curarem sempre, no sector da saúde, asmelhores soluções centradas no doente.Saliente-se que esta constituiu a primeirareunião de Organizações Mé