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ISSN 2176-1396 HISTÓRIA E SÍNDROME DE BERARDINELLI: PROBLEMATIZANDO DISCUSSÕES DE INCLUSÃO SOCIAL E DIFERENÇA Artur de Medeiros Queiroz 1 - UFRN Everton Bedin 2 - UFRGS Grupo de Trabalho - Diversidade e Inclusão Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo Este artigo preliminarmente é fruto de discussões do grupo de estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN CERES Campus Caicó, focalizando na discussão da “História e Sexualidade” na Região do Seridó, ou seja, é objetivado ao estudo das relações de consanguinidade perceptíveis nas habilitações de casamento e as proles advindas das tais relações. Nesse sentido, as primeiras aproximações situam-se dentro de uma abordagem metodológica de cunho descritivo-qualitativa. O nosso interesse quanto à temática sustenta-se pelas inquietações quanto à carência de pesquisas e estudos a frente do tema abordado, especificamente, no que tange à Síndrome. Nesse modo, buscaremos nos apoiar em um estudo historiográfico com o intuito de nos centralizar na investigação do surgimento da Síndrome de Berardinelli no Rio Grande do Norte no século XVIII. Dessa forma, poderemos compreender a organização dos casamentos endogâmicos, sistema social praticado pelos descendentes portugueses, fato determinante para o surgimento do mesmo. Posteriormente, abordamos uma reflexão atual sobre a Síndrome de Berardinelli, considerando uma Associação de Pais e Pessoas com Síndrome de Berardinelli do Rio Grande do Norte (ASPOSBERN), a qual atua como referência para as pessoas com a Síndrome. Outro ponto relevante do estudo foi o questionamento da sexualidade, principalmente nas mulheres, por ter o seu aspecto masculinizado/musculoso, resultando na imagem de homossexual e travesti. Em consequência a esse fato, algumas mulheres preferem não namorar para não passar por constrangimentos, sofrendo também dificuldades de se inserirem na sociedade devido ao preconceito existente. Transversalmente, a temática se entrelaça na discussão do ser diferente, de gênero e da sexualidade. Para tal, utilizamos a abordagem metodológica situada na fonte qualitativa dos seguintes referenciais teóricos: Dantas (2005), Queiroz (2012), Lévi-Strauss (1982), pois são aportes que nos favorecem às primeiras respostas expressivas para as inquietações. Palavras-chave: Síndrome de Berardinelli. Casamento endogâmico. ASPOSBERN. 1 Graduado em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN. E-mail: [email protected]. 2 Doutor em Educação em Ciências pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS. E- mail: [email protected].

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ISSN 2176-1396

HISTÓRIA E SÍNDROME DE BERARDINELLI: PROBLEMATIZANDO

DISCUSSÕES DE INCLUSÃO SOCIAL E DIFERENÇA

Artur de Medeiros Queiroz1 - UFRN

Everton Bedin2 - UFRGS

Grupo de Trabalho - Diversidade e Inclusão

Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

Este artigo preliminarmente é fruto de discussões do grupo de estudo da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte – UFRN – CERES Campus Caicó, focalizando na discussão da

“História e Sexualidade” na Região do Seridó, ou seja, é objetivado ao estudo das relações de

consanguinidade perceptíveis nas habilitações de casamento e as proles advindas das tais

relações. Nesse sentido, as primeiras aproximações situam-se dentro de uma abordagem

metodológica de cunho descritivo-qualitativa. O nosso interesse quanto à temática sustenta-se

pelas inquietações quanto à carência de pesquisas e estudos a frente do tema abordado,

especificamente, no que tange à Síndrome. Nesse modo, buscaremos nos apoiar em um estudo

historiográfico com o intuito de nos centralizar na investigação do surgimento da Síndrome de

Berardinelli no Rio Grande do Norte no século XVIII. Dessa forma, poderemos compreender

a organização dos casamentos endogâmicos, sistema social praticado pelos descendentes

portugueses, fato determinante para o surgimento do mesmo. Posteriormente, abordamos uma

reflexão atual sobre a Síndrome de Berardinelli, considerando uma Associação de Pais e

Pessoas com Síndrome de Berardinelli do Rio Grande do Norte (ASPOSBERN), a qual atua

como referência para as pessoas com a Síndrome. Outro ponto relevante do estudo foi o

questionamento da sexualidade, principalmente nas mulheres, por ter o seu aspecto

masculinizado/musculoso, resultando na imagem de homossexual e travesti. Em consequência

a esse fato, algumas mulheres preferem não namorar para não passar por constrangimentos,

sofrendo também dificuldades de se inserirem na sociedade devido ao preconceito existente.

Transversalmente, a temática se entrelaça na discussão do ser diferente, de gênero e da

sexualidade. Para tal, utilizamos a abordagem metodológica situada na fonte qualitativa dos

seguintes referenciais teóricos: Dantas (2005), Queiroz (2012), Lévi-Strauss (1982), pois são

aportes que nos favorecem às primeiras respostas expressivas para as inquietações.

Palavras-chave: Síndrome de Berardinelli. Casamento endogâmico. ASPOSBERN.

1 Graduado em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. E-mail:

[email protected]. 2 Doutor em Educação em Ciências pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. E- mail:

[email protected].

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Introdução e metodologia

Este trabalho é o resultado de uma pesquisa que foi desenvolvida a partir de estudos e

debates de um grupo de pesquisa entre alunos dos cursos de graduação em pedagogia e

história da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, campus CERES - Centro de Ensino

Superior do Seridó - Caicó – onde semanalmente realizamos nossas reuniões no espaço do

LABORDOC, que dispõe de um acervo documental. Nele, podemos encontrar arquivos de

documentos públicos, fotos, jornais, cartas, testamentos, entre outros.

O Laboratório de Documentação Histórica atende o público-alvo de pesquisadores da

comunidade geral, alunos e professores de graduação e pós-graduação que utilizam desse

acervo para futuras pesquisas. Dessa forma, este grupo de pesquisa investiga a vertente da

sexualidade nas relações das uniões monogâmicas e as suas causas do século XVIII e XX na

Região do Seridó.

É neste contexto que buscaremos, através da compreensão histórica, as causas das

uniões de pequenos grupos que desencadearam o surgimento de pessoas com deficiências

visuais, crônicas, progressivas, outras ainda não diagnosticadas e síndromes, tais como a de

Spoan e, especialmente, a de Berardinelli. Ainda, mostraremos que uma das possibilidades

que as pessoas com Síndromes e com necessidades especiais possam ter apoio na sociedade é

pela forma como esta está organizada. Como exemplo disso, referenciamos a ASPOSBERN

(Associação de Pais e Pessoas com Síndrome de Berardinelli do Estado do Rio Grande do

Norte), por acolher as pessoas com Síndrome de Berardinelli. Assim, refletiremos através do

convívio como as pessoas portadoras da Síndrome, à frente de uma sociedade preconceituosa

e discriminatória, vivem o jogo de questionamentos quanto à sexualidade, especialmente nas

mulheres, e como se comportam a respeito disso.

Nesta perspectiva, a metodologia aplicada para a realização deste trabalho foi de

caráter descritivo-qualitativo. Sob a abordagem qualitativa adotamos também o método

etnográfico (MATTOS, 2011), configurado a partir do estudo de um determinado período de

tempo. Desse modo, o contato direto com o grupo para que pudéssemos compreender os

processos e as relações foi fundamental para a pesquisa.

A pesquisa bibliográfica foi determinante e indispensável, contribuindo como suporte

teórico, principalmente para obter dados históricos e geográficos. Desta maneira, facilitou o

entendimento da problemática estudada.

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Explicação história do surgimento da Síndrome de Berardinelli no Seridó

Os aspectos supracitados, os quais serão abordados adiante, se fundamentam na

escolha do estudo recorrente à história, pela qual compreendemos os acontecimentos

ocorrentes em nossa realidade em um período específico, sendo o escolhido o colonial. Dada

a grande extensão do território brasileiro, a Coroa Portuguesa iniciou seu programa de

colonização a partir da faixa litorânea, partindo posteriormente para o interior.

A administração da Capitania do Rio Grande no século XVII, acarretada em

detrimento da independência política de Portugal, resultou na invasão dos holandeses, os

quais queriam explorar, refinar e distribuir a cana-de-açúcar na Europa. Dessa maneira, os

holandeses invadiram o Nordeste Brasileiro e, em busca dos seus interesses econômicos, se

depararam com a Coroa Portuguesa, resultando em uma disputa que ocasionou a expulsão dos

holandeses.

Em termos geográficos, a Capitania do Rio Grande abrangia “[...] 100 léguas de

extensão, a começar da Baía da Traição (limite sul), onde terminavam as terras da Capitania

de Itamaracá, até o Rio Jaguaribe, limite com o Ceará” (MARIZ, 1999, p. 40-65). Desta

forma, segundo Queiroz (2012, p. 2), “no século XVII, o território que podemos denominar

como o Sertão Potiguar, se caracterizava pela habitação de várias tribos indígenas, tais como:

Tarairiús, Janduís, Pegas e Canindés, cenário de muita exploração”. De acordo com a história,

o primeiro contato dos portugueses com estes grupos se deu em busca da extração do pau-

brasil, tentativa na qual os colonizadores eram minoritários, se comparados aos indígenas.

Posteriormente, os portugueses interessados no cultivo da cana-de-açúcar, como fonte

de riqueza para si, chegaram em grande quantidade na busca de tomar posse da terra. Desta

vez, os indígenas eram vistos como escravos se sentindo ameaçados pelos portugueses. A

relação entre ambos não era mais a mesma, gerando um clima conflituoso e várias guerras

entre os índios e os homens brancos (QUEIROZ, 2012).

Uma das guerras travadas, marcada pela sua longevidade, foi a dos Bárbaros (1687-

1697), que se perdurou durante dez anos, concentrando-se às margens dos rios do interior da

Capitania do Rio Grande, com o intuito dos colonos escravizar os nativos. Para isso,

Esses homens em armas realizavam, na pratica, o objetivo último da colonização portuguesa e a eles caberia não apenas guerrear, mas também estabelecer as bases de

núcleos de povoamento europeu, pois tratava-se de combater ao indígenas e fixar-se

em suas terras, por isso junto com as armas seguiam o gado e o necessário a lavoura

(MONTEIRO, 2000, p. 58).

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Dessa forma, levando em conta que as terras não propiciavam o plantio da cana-de-

açúcar, a sua economia rentável estava na base da pecuária e na criação de gados, os

sesmeiros seridoenses passariam a apossar e administrar as terras, lutando para conseguir as

terras indígenas. É notável, assim, o primeiro indício da instalação dos portugueses no Sertão

Potiguar.

A resistência indígena perdeu a sua força no início do século XVIII, dessa forma a concessão de sesmaria no Sertão passou a ser modificada. Aquele que recebesse a

sesmaria seria obrigado a fazer a terra produzir em um ano, caso contrário, sua terra

seria repartida entre os moradores da capitania (DANTAS, 2005, p. 29).

A capitania do Rio Grande configurava-se pelas grandes fazendas pertencentes aos

senhores de engenhos. Para estes, era necessário ter um poder aquisitivo muito grande para

poderem sustentá-las. “Nesse caso, sesmeiros e grandes posseiros, tendo acesso à fonte de

riqueza fundamental – a terra – formaram a base das elites econômica, social e política da

colônia” (MONTEIRO, 2000, p. 79).

Visto que o cultivo da cana-de-açúcar não tinha condições naturais suficientes em sua

terra, a colonização do litoral tornou-se muito mais lenta, impulsionando dificuldades para se

povoar no interior do Sertão Potiguar, sendo uma das saídas a exploração da pecuária ligada à

agricultura tropical.

O gado bovino funcionou como economia, tendo a serventia de alimentação,

transporte e tração. Sua exploração se favoreceu por estarem à margem de rios no século XVI

e XVII. Por conseguinte, ela se submeteu ao aumento considerável de fazendas de gado, visto

com uma grande atividade econômica, utilizando a mão-de-obra do índio, exercendo função

de vaqueiro, explorando as terras. Observa-se, assim, o crescimento do território e da

população.

Como resultado da expansão do povoamento e do aumento populacional que ocorreram, o século XVII foi aquele da criação das dez primeiras freguesias e sete

primeiras vilas da capitania do Rio Grande. As freguesias, que em quase todos os

casos foram criados antes das vilas, correspondiam às áreas de assistência religiosa,

implicando na presença de padres, igrejas e capelas, e abrangiam grandes áreas onde

a população vivia dispersa em diferentes fazendas, apesar de existirem pequenos

povoados. Nas áreas onde o povoamento era mais denso e concentrado, foram

criadas as primeiras vilas (MONTEIRO, 2000, p. 93).

Até aqui podemos ter uma ideia da forma como os portugueses chegaram para a

colonização, partindo do pressuposto da predominância na Região do Seridó de fazendas, as

atividades de pecuária e criação de gado. Este contexto impulsionou o “surgimento e

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desenvolvimento dos núcleos urbanos, que deram origem as cidades atuais” (DANTAS, 2005,

p. 31).

Esta povoação acelerada sob a ótica dos interesses econômicos dos colonizadores

proporcionou a instalação de famílias de descendências portuguesas e de pessoas das

capitanias do Rio Grande, Paraíba e Pernambuco nessas terras, “[...] os quais se tornaram os

fundadores de estirpes, que viriam a se constituir na elite social econômica e política da

região” (DANTAS, 2005, p. 33). Para isso, a constituição da família passaria a ter um modelo

regional, sob a visão de família patriarcal, rural, extensa e civilizadora3, buscando um só

objetivo, isto é, por trás disso, apresentavam um jogo de interesses econômico e político.

A organização familiar, levando em consideração seus hábitos tradicionais, foi um

meio de fortalecer estes laços de parentescos. Desta maneira, estas famílias, descendentes de

portugueses que se casavam entre si, criaram um costume e prática adotada para que os

casamentos fossem entre parentes ou entre pessoas da mesma casta, etnia, grupo social etc.

Consideramos esta organização familiar como uma forma de assegurar seus interesses,

formava-se um mecanismo de defesa para centralizar o seu poder. Estes

[...] casamentos se caracterizariam como endógamo pois atuariam como via de preservação parcial das propriedades do acesso de estranhos, de proteção do status

familiar os mesmo da cor ou da “pureza” do sangue demonstrando uma tendência de

selar alianças [...] pois neste período, a manutenção do poder estava atrelada à

abertura e ao engajamento das famílias locais a uma rede política mais extensa.

(TERUYA, 2002, p. 29-30)

Percebemos, então, que os primeiros povoadores do Território do Seridó Potiguar “[...]

estavam os troncos das tradicionais famílias que ainda hoje vivem na região. Thomaz de

Araújo Pereira, Caetano Dantas Correia e Cipriciano Lopes Galvão” (AUGUSTO, 1940, p.

14). Estas famílias descendentes de portugueses se casaram e geraram um grande número de

filhos. Em outras gerações, primos com primos foram se casando. “Assim, todo sistema de

casamento entre primos cruzados poderia ser interpretado como um sistema endógamo...”

(LÉVI-STRAUSS, 1982, p. 85).

Estes casamentos consanguíneos eram comumente frequentes no século XVIII,

podendo trazer riscos de malformações, síndromes das uniões, caso gerassem filhos.

Posteriormente, houve uma mudança no sistema social de casamentos, hoje vigorando o

3 As matrizes conceituais sobre a família que limitam a região do Seridó são um conceito de Gilberto Freyre que

podemos conferir em seu livro: Casa Grande & Senzala. Formação da Família Brasileira sob o regime da

economia patriarcal. 25ª Ed. - Rio de Janeiro: José Olympio, 1987, no qual ele expande o conceito como

modelo adotado pela a família brasileira.

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exogâmico, proporcionando a união de grupos sociais diferentes. A diferença destes sistemas

sociais de casamentos compreende

a consanguinidade do casal, de acordo com a literatura da biomédica, traria um incremento na incidência de malformações se feita uma comparação estatística com

os nascimentos oriundos de casais não consanguíneos em função de doenças ligadas

principalmente a genes recessivos. Desse modo, todo casamento com algum parente

ligado por laços biológicos ou genéticos geraria descendentes cuja chance de nascer

com alterações patológicas seria maior se comparada com a da população em geral.

(NATAL, 2011, p. 6)

Dessa maneira, diante dos entrelaçamentos entre os casais consanguíneos, nasceu um

número significativo na região, ao longo das gerações de crianças, com a Síndrome de

Berardinelli. Virgínia Kelly de Souza Cândido Dantas, em seu estudo aprofundado, que

originou a dissertação de mestrado referente à construção da origem e evolução histórica da

Síndrome de Berardinelli, destinou um capítulo para a discussão referente a este aspecto, que

[...] ao realizar o estudo da genealogia dos portadores de Síndrome de Berardinelli no Estado do RN, foram encontrados na árvore genealógica 49 portadores, sendo: 9

vivos e 40 mortos entre a 5ª e a 14ª geração de Tomaz de Araújo (DANTAS, 2000

apud DANTAS, 2005, p. 17).

Assim, devemos considerar que o modelo de família patriarcal, rural, extensa e

civilizadora perdurou até século XX, como estratégia de assegurar seus interesses

econômicos, políticos e sociais. Esta reprodução insinua a permanência de casos de pessoas

desta Síndrome.

Nos estados da Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Pernambuco, há uma maior

predominância dos casos das pessoas com a Síndrome de Berardinelli, compreendida

geograficamente por fazer parte das extremidades entre a Capitania de Pernambuco e Rio

Grande englobando estes Estados.

Síndrome de Berardinelli

Por Síndrome Berardinelli, entende-se que é uma doença de caráter autossômico

recessivo, diretamente associada à consaguinidade, podendo, a lipoatrofia, ser evidenciada

desde o nascimento ou ter o seu desenvolvimento na infância, precedendo o início do diabetes

Mellitus. Acomete ambos os sexos, praticamente na mesma proporção, o grau de

envolvimento varia em cada paciente, geralmente observa-se ausência do tecido adiposo na

face, dorso, tronco, extremidades superiores, regiões intra-abdominal e perrineal,

desenvolvimento somático e esquelético acelerados, flebomegalia, hepatomegalia com

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infiltração gordurosa, macrogenitossomia precoce, hirsutismo, hiperpigmentação cutânea com

ou sem acanthosis nigricanes, hiperlipidemia, hiperinsulinismo, hiperglicemia insulino –

resistente e hipermetabolismo sem hipertireodismo

A Síndrome de Berardinelli, também conhecida como Lipodistrofia Generalizada

Congênita, se traduz em uma desordem rara no metabolismo dos carboidratos e dos lipídios,

sendo de etiologia desconhecida. Do ponto de vista anatômico, essa síndrome é caracterizada

pela ausência de tecido adiposo, subcutâneo e musculatura proeminente, além do forte ataque

da bioquímica, da hiperlipemia triglicéride e da hiperglicemia.

Habitualmente, a Síndrome é diagnosticada precocemente no lactente, notadamente

pelo seu aspecto físico que, comumente, caracteriza-se pela ausência generalizada do tecido

adiposo, da inclusão nas porções distais do corpo, da musculatura proeminente que dá uma

feição hercúlea ao paciente, caracterização da face por masseteres proeminente, bochechas

fundas e fronte enrugada, bem como retardo mental. A Síndrome recebe o nome de quem a

descreveu no Brasil em 1954, o Endocrinologista Paulista Waldemar Berardinelli (conforme

figura 1).

Figura 1- Waldemar Berardinelli

Fonte: Acervo de Dantas (2005).

Associação de Pais e Pessoas com Síndrome de Berardinelli – ASPOSBERN – O que é?

Quais seus trabalhos desenvolvidos?

A associação é uma instituição de direito privado, devida e legalmente registrada em

todas as instâncias do setor público. É de utilidade pública Municipal, Estadual e Federal.

Está inscrita no Conselho Estadual da criança e do Adolescente, como também no Conselho

de Assistência Social Municipal, Estadual e Federal. Tem acento no Conselho Municipal de

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Assistência social do Município de Currais Novos e nos Conselhos Estadual e Municipal da

Pessoa com deficiência.

O trabalho da ASPOSBERN teve inicio em 1987, quando duas mães, Márcia Guedes e

Vírginia Kelly, se encontraram por motivo do nascimento de seus filhos Roberto Wagner e

Veruska Karla (conforme a figura 2). Diante disso, em 29 de agosto de 1998, foi fundada,

com a posse da primeira diretoria no dia 20 de março de 1999, a associação que é considerada

a primeira associação desta referida Síndrome no Brasil e no Mundo.

Figura 2 – Virgínia e Márcia, Veruska e Roberto (mães e filhos)

Fonte: Acervo de Dantas, (2005).

Segundo Dantas (2005), a associação contava com 34 pessoas, entre 2 e 45 anos, com

Síndrome de Berardinelli localizadas predominantemente na região do Seridó e em Natal,

capital do Rio Grande do Norte e suas extremidades dos estados da Paraíba e Ceará. Estas

foram cadastradas entre os anos de 1987 até o ano de 2005. A ASPOSBERN têm cadastradas

atualmente 37 pessoas com Síndrome de Berardinelli, com a variação de faixa etária entre 2 e

55 anos. Podemos constatar, assim, o crescimento de casos das pessoas com a Síndrome de

Berardinelli e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida. Observamos na figura 3

abaixo as pessoas com Síndrome Berardinelli no encontro anual promovido pela

ASPOSBERN.

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Figura 3 – Encontro anual da ASPOSBERN

Fonte: Acervo dos autores.

A associação tem como objetivo geral: prestar proteção e assistência à saúde destas

pessoas com Síndrome de Berardinelli, buscando os meios e recursos que visem à resolução

dos seus anseios e problemas como cidadão no contexto social. Para isso, a ASPOSBERN

desenvolve atendimento pedagógico com palestras, acervo de pesquisa e estandes nos

eventos, bem como assistência médica e exames, visitas às famílias e escolas onde os

portadores residem.

Hoje, a ASPOSBERN dá assistência a 37 pessoas com Síndrome de Berardinelli que

residem nas cidades de Natal/RN, Currais Novos/RN, Acari/RN, Jardim do Seridó/RN,

Jardim de Piranhas/RN, Caicó/RN, Jucurutu/RN, Apodi/RN, São Miguel/RN, Janduís/RN,

São Bento/PB, Paulista/PB, Picuí/PB, Nova Palmeira/PB, Bélem do Brejo do Cruz/PB e São

José da Lagoa Tabada/PB. Faz um trabalho de orientação e troca de experiências com famílias

de outros estados e países através da Internet.

A funcionalidade da ASPOSBERN constitui-se a partir de uma diretoria, onde as

pessoas com a Síndrome de Berardinelli são inclusas nesta atividade; no seguimento da saúde

alguns médicos voluntários incorporam a responsabilidade de atender e acompanhar estas

pessoas, prezando sempre pela saúde dos mesmos.

Infelizmente, os recursos financeiros são arrecadados a partir de doações, sorteios,

mensalidades de alguns sócios, promoções e um convênio firmado com a Prefeitura de

Currais Novos. A sua limitação se torna o principal problema para realização de sonhos,

dentre eles, a falta de recursos próprios impede a construção de uma casa de apoio na cidade

de Natal, para que pessoas com a síndrome e seus familiares em acompanhamento médico

possam alojar-se.

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Discussões Empíricas

Para tais compreensões empíricas, utilizamos abordagem sócio-histórica para

entendermos a exclusão social das pessoas com Síndrome de Berardinelli, somando-se à

nitidez da compreensão das práticas de exclusão social das pessoas com deficiência, oriundas

desde as civilizações ocidentais.

Embora as práticas excludentes não sejam exclusivas da sociedade burguesa, já que

nas sociedades anteriores, quase sempre, prevaleceram os procedimentos do extermínio, do abandono e do isolamento, é na atualidade que elas merecem ser

profundamente questionadas, pois o nível de desenvolvimento das forças produtivas

permite que todas as pessoas, independente de suas condições físicas, sensoriais e

mentais, possam estar inseridas socialmente, produzindo e usufruindo das conquistas

da humanidade (CARVALHO; ORSO, 2006, p. 159-160).

Dessa forma, agregam-se os conceitos de deficiência e diferença na nossa discussão,

permeada da visão ontológica, para que possamos compreender tais práticas de exclusão

social. Inicialmente, perguntamos: o que é deficiência? Para tal pergunta, vamos abordar

essencialmente dois vieses para compreendê-la, levando em consideração que “as definições

de deficiência divergem em razão das diferenças entre atitudes, crenças, orientação, áreas de

estudo e cultura” (SMITH, 2008, p. 29).

Podemos identificar as diferenças corporais sendo caracterizadas ou não como

deficiência. Normalmente, a existência de corpos com diferenças causa um olhar de

curiosidade, espanto ou indiferença destas pessoas. No senso comum, podemos ouvir pessoas

ditas “normais” que os classificam como pessoas anormais ou excepcionais, de modo que,

através das diferenças, buscam uma identidade para qualificá-los de acordo com as patologias

do corpo (SANTOS, 2008); (FOUCAULT, 2001); (THOMSOM, 1996; CANGUILHEM,

1995).

No entanto, há um paradoxo, qual seja: as diferenças visíveis entre os corpos “normais” e corpos “anormais” que, sendo percebidas e construídas segundo os

esquemas práticos da percepção dominante, tornam-se o penhor mais perfeitamente

indiscutível de significações e valores que estão de acordo com os princípios desta

visão: não é a deficiência que é o fundamento dessa visão de mundo, e sim é essa

visão de mundo que, estando organizada segundo a divisão em não-deficientes e

deficientes, pode instituir a “normalidade” física e mental, construída em símbolo do

natural e instituir a diferença entre esses dois “tipos” (não-deficientes e deficientes), no sentido de corpos construídos como duas essências sociais hierarquizadas

(MACHADO; DORNELLES, 2007, p. 121)

Na concepção de deficiência como um modelo social, segundo Barton (1998, apud

SANTOS, 2008, p. 6),

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[...] nasceu da ideia da opressão que o capitalismo impõe às pessoas deficientes. A tese original do modelo social argumentava que um corpo com lesões não seria apto

ao regime de exploração da mão-de-obra e aos padrões fabris de comportamento de

que o capitalismo necessita (BARTON, 1998).

Ou seja, para Foucault (1984), o sistema capitalista acaba “engolindo” a pessoa com

deficiência no mercado de trabalho. No entanto, se o sujeito tiver um corpo apto e capaz para

exercer as atividades e práticas fabris no qual exige sua força física, há uma inclusão social,

embora que, em sua maioria, o sistema capitalista não incorpora o deficiente por apresentar

alguma lesão, neste tipo de caso, no mercado de trabalho.

No meio educacional, espaço secular e reflexo da sociedade, não foi diferente do que

encontraríamos nos muros de fora da escola. Desde o século XX até os dias atuais, os

profissionais de educação “[...] acreditavam no valor individual dos alunos,

independentemente de suas necessidades especiais de aprendizagem” (SMITH, 2008, p. 33).

Dessa maneira, esta visão de sociedade ao longo da nossa história, em que as pessoas

com deficiência sofriam veemente preconceito e exclusão social, hoje é refletida na

convivência social destas pessoas. Consideramos uma grande desconstrução social as

questões de preconceito e discriminação quanto à incapacidade física, motora, sensitiva e

intelectual da pessoa com deficiência.

Contudo, encontramos especificamente mulheres com Síndrome Berardinelli, já que o

homem não sofre tanto pela sua particular complexão física, não sendo facilmente visível em

identificar. Já as mulheres que sofrem a exclusão social, principalmente no que se refere às

relações amorosas, optam em não se envolver, deixando, muitas vezes, de buscar aquilo que

realmente desejam ou que sentem curiosidade, pois a não valorização do próprio corpo ou do

sentimento sobre si, sobrecarrega o pensamento dessas mulheres de forma impresumível e

negativa.

Justifica-se por a Síndrome ser tão rara e desconhecida pela sociedade que a

sexualidade das mesmas é questionada, “sendo assim, a imagem percebida dessa população,

retratava o medo de contaminação dessa doença, como algo que pudesse ser transmitido

através do próprio contato” (DANTAS, 2005, p. 43). Em outras palavras, a discriminação

ocorria principalmente com “[...] o sexo feminino, por associar o físico à imagem de um

homossexual, como também à imagem do macaco, pessoas hermafroditas e mulheres

grávidas” (DANTAS, 2005, p. 114), como podemos observar na figura 4.

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Figura 4 – Pessoa com a síndrome do sexo feminino.

Fonte: Acervo do pesquisador.

Quanto ao corpo, apresentam características de magreza pela ausência do tecido

adiposo, expondo um corpo musculoso. Para o homem, isto se torna normal porque a

sociedade o relaciona a este estereótipo. Quanto às mulheres, porém, estas características

colocam a sua imagem em questionamento, pois não é algo normal para elas.

Excepcionalmente, esta é a realidade encontrada nos dias de hoje, apesar de que há

uma evolução na aceitação e da compreensão deles devido ao trabalho árduo feito pelos

próprios pais e pessoas com a síndrome em busca da conquista de espaços. Em decorrência,

as pessoas com a Síndrome conseguiram criar laços afetivos de amizades, algo que realmente

não era encontrado devido à exclusão social, apesar de que ainda é presente nas vidas de cada

pessoa.

O indício de exclusão social está atrelado à própria sociedade, pois ela faz um juízo de

valor, um pré-conceito da pessoa, seja ela negra, indígena, ter aparência de homem ou de

mulher, encontrado, também, na maneira que se veste, no seu comportamento diante da

sociedade. “A imagem que fazermos do outro quase nunca é a real, precisamos conviver com

o outro para realmente construir uma imagem real desse outro que tantas vezes é considerado

o diferente” (DANTAS, 2005, p. 50).

Considerações Finais

Esperamos, com o trabalho em questão, que se possa contribuir na construção da ideia

da evolução histórica e geográfica, bem como da sexualidade de um contexto geral das

pessoas com a Síndrome de Berardinelli, levando-nos a refletir que ela está atrelada ao meio

social e antropológico de uma sociedade preconceituosa. A discriminação, infelizmente, é

uma prática enraizada na sociedade, em que o diferente ainda é um motivo de exclusão social.

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Deveríamos ter a compreensão de que cada um é diferente do outro, seja na raça, cor, religião,

riqueza ou deficiências. Estamos em mundo complexo e diverso em que cada um deveria

valorizar e aprender com o outro.

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