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Aula 2 • Fontes primárias x fontes secundárias em
pesquisa em História da Ciência e da Tecnologia
• O papel da mulher e as questões de gênero em História da Ciência
• Oralidade: tradições indígenas, africanas e de minorias étnicas – inventores, cientistas e outros de etnias ‘marginalizadas’
• Anacronismo x diacronismo: duas perspectivas de análise em História da Ciência e Tecnologia
• Fontes primárias Informações originais (ou provavelmente originais) referentes a um autor, tais como manuscritos, desenhos, obras musicais, mapas, pinturas etc.
• Fontes secundárias Citações de outros autores acerca de um autor em particular, tais como comentários, resenhas, cópias, traduções etc.
Obras impressas e manuscritos traduzidos para o árabe de uma das mais grandiosas produções de Dioscórides (séc. I d.C.).
O medievo árabe é conhecido por diversos avanços científicos e tecnológicos e, também, pela tradução de obras greco-latinas para o árabe; entre as inúmeras obras, encontram-se os manuscritos de Dioscórides.
Notas e manuscritos originais de Isaac Newton sobre diversos experimentos e conclusões a que havia chegado.
Com a popularização da imprensa, obras como as Lavousier puderam ser lidas com mais frequência e intensidade.
Carta manuscrita de Linus Pauling (1962) ao presidente norteamericano J. F. Kennedy pedindo a não invasão de Cuba pelos E.U.A. Aqui, vê-se claramente o posicionamento político-ideológico de um grande cientista do séc. XX.
Frontispício da publicação de uma das obras de Paracelso sobre conhecimento naturalístico (alquímico?). A data de publicação é 1576.
• O papel da mulher Dominância masculina em todas as áreas das ciências até os tempos modernos contexto histórico, ideológico, político, religioso – Hildegard von Bingen (“Abadessa das ervas”, 1098-
1179) – Marie Curie (1867-1934) – Rosalind Franklin (1920-1958) – Lynn Margulis (1938-2011) – Suzana Herculano-Houzel (1972-) – Duília Fernandes de Mello (1963-)
Nobel de Física (1903) e Química
(1911). Única pessoa a ganhar
dois prêmios Nobel em duas
categorias científicas!
Além de escrever sobre plantas medicinais, a abadessa também compôs diversas obras musicais e escreveu sobre filosofia e teologia.
https://www.youtube.com/watch?v=1HX5whMauMw
O que existe de tão especial sobre o cérebro humano?
Suzana Herculano-Houzel
• Oralidade Transmissão de conhecimentos, na forma de histórias, mitos, cosmogonias, genealogias, fábulas, códigos, leis etc., transgeracionalmente e sem registro escrito aparente – Difícil determinação de início da atividade, assim
como de sua confiabilidade – Transformação dos textos em cada etapa de
transmissão oral – Fonte de informações para diversas áreas, tais como
etnobotânica, etnomatemática, etnoastrofísica etc.
• Anacronismo Perspectiva de interpretação da realidade de certo episódio científico sob a luz dos conhecimentos atuais, julgando-o inapropriado, errado, equivocado, inadmissível, improvável etc. – Visão anacrônica gera imensos juízos de valor – Externalidades geralmente não são consideradas em
uma óptica anacrônica – Recorte histórico muito restritivo e
descontextualizado
• Diacronismo Perspectiva de interpretação da realidade de certo episódio científico sob a luz dos conhecimentos de sua época, considerando-o válido para o momento em que foi produzido – Visão diacrônica é menos julgadora e mais objetiva – Externalidades são levadas em consideração quando
da análise do fato em questão – Recorte histórico amplo, contextualizado e
referenciado
Zumbi dos Palmares tinha
escravos.
A origem da feijoada é europeia.
Aleijadinho é um personagem literário.
Quem matou mais índios, foram os
próprios índios.
Antes de entrar em guerra, o Paraguai era um país rural e
burocrático.
João Goulart favorecia
empreiteiras.
(NA
RLO
CH
, 20
09
, co
ntr
acap
a)
“A meiga ingenuidade do índio, raça infantil em
permanente comunhão cósmica, raça constituída de
homens-árvores, virginais nas suas impressões e nos
seus raciocínios porque vinham agora mesmo da terra,
misturavam-se à onda negra vinda das florestas da
África no bojo dos navios, para reiniciar o diálogo de
Cam com seus irmãos, interrompidos na Ásia, depois do
Dilúvio. E o branco arremessou de si todos os
preconceitos para abraçar seus irmãos”.
(NARLOCH, 2009, p. 135)
“O samba não se transformou em música nacional
através dos esforços de um grupo social ou étnico (o
‘morro’). Muitos grupos e indivíduos (negros, ciganos,
baianos, cariocas, intelectuais, políticos, folcloristas,
compositores eruditos, franceses, milionários, poetas e,
até mesmo, um embaixador americano) participaram (...)
de sua ‘fixação’ como gênero musical de as
nacionalização. Os dois processos não podem ser
separados. Nunca existiu um samba pronto, ‘autêntico’,
depois transformado em música nacional”.
(NARLOCH, 2009, p. 127)
Referências • ALFONSO-GOLDFARB, A. M. O que é história da Ciência.
São Paulo: Brasiliense, 1994.
• NARLOCH, l. Guia politicamente incorreto da história do Brasil São Paulo: Leya, 2009.
• SANTOS, Fernando Santiago dos. As plantas brasileiras, os jesuítas e os indígenas do Brasil: história e ciência na Triaga Brasílica (séc. XVII-XVIII). São Paulo: Casa do Novo Autor Editora, 2009.