histÓrias em quadrinhos: discurso e … tendo como base o fato de as histórias em quadrinhos serem...
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HISTÓRIAS EM QUADRINHOS: DISCURSO E LEITURA
COMICS: DISCOURSE AND READING
Rosi Portugal Penna Weber1
RESUMO: A proposta deste artigo visa apresentar uma possibilidade de seqüência didática com o
gênero discursivo histórias em quadrinhos e discutir como estas podem auxiliar no ensino aprendizagem da leitura nas 5as. séries do Ensino Fundamental, considerando as tendências atuais
de ensino de Língua Portuguesa mais próximo da realidade do aluno. O trabalho está ancorado na
perspectiva dos gêneros textuais (BRONCKART, 1999; MACHADO e CRISTÓVÃO, 2006) e traz para
o debate a relevância de uma prática de leitura a partir da qual o aluno tenha condições de
desenvolver uma competência em diversos gêneros, no espaço escolar. Para tanto, apresento o relato de minha experiência como leitora de HQs; uma pesquisa sobre algumas das razões pelas
quais tal gênero foi alvo de preconceitos e de visões redutoras e os passos relativos ao
desenvolvimento de uma seqüência didática em sala de aula, tendo como base tal gênero discursivo. Palavras-chave: Histórias em quadrinhos. Discurso. Leitura. Seqüência didática. ABSTRACT: The proposal of this article is to introduce a possility of didatic sequence with the discursive kind, comic strips and discuss how theses can help in the teaching learning of the reading in the Elementary Education´s 5as grades, considering the present trends of the Portuguese language
teaching nearest to student�s reality. The work is anchored in the textual style´s perspective (BRONCKART, 1999; MACHADO e CRISTÓVÃO, 2006) and brings to the discussion the importance
of a reading practice from what the student has conditions to develop a competence in several manners, in the school space. Following I present the description of my HQs reader experience; a research about some reasons why this gender became a subject of prejudice and reductive visions and the steps about the didatic sequence development in classroom, having in basic this discursive kind. Key-words: Comic Strip. Discourse. Reading. Didatic sequence.
Introdução
Tendo em vista a necessidade de o aluno despertar o interesse para a leitura,
compreender o que lê e conseguir produzir textos, o presente estudo tem a intenção
de incorporar as histórias em quadrinhos ao ensino de Língua Portuguesa e mostrar
como estas podem auxiliar no desenvolvimento de capacidades em práticas de
leitura e de escrita.
As histórias em quadrinhos, há algum tempo, vêm sendo utilizadas em
algumas escolas, estão presentes em livros didáticos, provas de concursos e
1 Professora QPM (Quadro Próprio do Magistério) da Rede Estadual de Ensino do Estado do Paraná.
O texto a seguir é resultado de trabalho de conclusão do PDE � Programa de Desenvolvimento Educacional � SEED, realizado na UNICENTRO, Guarapuava � PR, sob a orientação da professora
Mestra e Doutoranda. Luciana Ferreira Dias.
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vestibulares. Mas, segundo artigo publicado na Revista Mundo Jovem (julho/ 2006,
p.20) ainda é um gênero textual pouco explorado em sala de aula.
Diz Mendonça (2007, p. 202) que: �apesar de já serem aceitas como objeto
de leitura fora das salas de aula, as HQs ainda não foram incorporadas ao elenco de
textos com que a escola trabalha. Tampouco, alcançaram a devida atenção das
pesquisas acadêmicas�.
Segundo Mendonça (2007, p. 203) �as seções destinadas às HQs
permanecem sendo as menos �importantes�, do tipo �Divirta-se�, �Só para ler� ou
�Texto suplementar�, sendo raríssimos os casos de uma HQ figurar como texto
central de unidade em um LDP.�2
Uma vez que a experiência do homem contemporâneo é permeada pelos
meios de comunicação de massa e pelas várias formas de linguagem imagética, é
imprescindível que a escola desenvolva atividades pedagógicas possibilitando ao
aluno um trabalho com um gênero como as HQs.
Dessa forma, entende-se que as HQs podem contribuir para um ensino mais
produtivo, no qual a interação na e pela linguagem seja, de fato, uma mola
propulsora, o trabalho pretende refletir sobre as potencialidades deste gênero que
também precisa ter seu espaço na sala de aula. Neste sentido, o estudo tem como
objetivos: compreender a estrutura sobre as quais se organizam as histórias em
quadrinhos; abordar as diferentes linguagens presentes no gênero (linguagem verbal
e linguagem não-verbal); analisar o contexto social/situacional das HQs (linguagem
coloquial e linguagem padrão), assim como aproximar, por meio de uma relação
interdisciplinar, o estudo da Língua Portuguesa com Geografia (leitura de imagens:
paisagem e espaço geográfico; especificidades entre o rural e o urbano) e Arte
(relação entre cinema e a arte dos quadrinhos; histórias em quadrinhos e a Pop Art).
Para tanto, buscaram-se subsídios teóricos iluminadores na teoria dos gêneros para
compreender a questão e fornecer alternativas para a elaboração de uma seqüência
didática com o gênero discursivo HQ.
A seqüência didática é um conjunto de atividades organizadas a partir de um
determinado gênero textual. No caso deste estudo, a delimitação de objetivos em
torno do gênero de texto HQ, elaboraram-se atividades, envolvendo as práticas de
oralidade, de leitura e de escrita, tendo como conteúdo estruturante: o discurso
como prática social.
2 Entende-se LDP como Livro Didático de Português.
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Tendo como base o fato de as histórias em quadrinhos serem consideradas
um gênero �menor� ou vistas com preconceito, julga-se relevante justamente
destacar tal visão e promover uma reflexão em torno das possibilidades que se
abrem a partir deste gênero. Assim vale minha própria experiência de aluna e leitora
de HQs:
Quando eu estava na 5ª série (1975), morava em Alegrete (RS) e estudava no
Educandário Oswaldo Aranha. Sempre fui uma aluna aplicada e na maioria das
vezes terminava as atividades antes dos meus colegas. Naquele tempo, conversar
em sala de aula era extremamente proibido, então levava um livro para passar o
tempo até que todos terminassem. Um dia levei um gibi. Quando a professora
percebeu que não era um livro e sim uma HQ... Sabe o que aconteceu? Levei a
maior bronca e o que é pior, na frente de todos os meus colegas.
Naquele momento fiquei com muita vergonha e sem entender bem o que
estava fazendo de tão errado. A professora levou-me até a direção onde a
orientadora passou-me um sermão (que eu não entendi quase nada) sobre o
prejuízo que �aquele tipo de leitura� fazia ao cérebro das crianças. Ela finalizou
dizendo que eu só não iria assinar o �Livro Preto� porque minhas notas eram
boas.
Ela ainda confiscou o meu gibi, ou melhor, do meu pai, ele era louco pelas
revistas do TEX, fazia até coleção.
Eu poderia ter ficado traumatizada e nunca mais ter passado perto dos gibis,
mas foi justamente o contrário (reforçando aquela velha teoria de que tudo que é
proibido tem um sabor especial!). Lia todas as HQs que encontrava, sempre fui
curiosa e queria descobrir, por mim mesma, por que as histórias em quadrinhos
eram consideradas �perigosas� por algumas pessoas.
Quando, pela primeira vez, li uma tira da Mafalda (QUINO) fiquei fascinada e
até pensei que a culpa pudesse ser dela.
Após muitas tiras e gibis descobri que as histórias em quadrinhos já tinham
sido vítimas de grande preconceito.
Deslocando preconceitos e rompendo com visões redutoras de linguagem,
vale ressaltar que as histórias em quadrinhos podem ser uma alternativa para
crianças e adolescentes que chegam às 5as séries com dificuldades de
aprendizagem e desinteressados pela leitura, na medida em que tal gênero
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consegue, pelo menos, chamar a atenção dos alunos, levando-os a refletir sobre a
relação entre linguagem e contexto social.
Para tanto, dentro do gênero HQ, a partir da proposta das seqüências
didáticas via gêneros textuais, em termos de ancoragem teórica, este trabalho se
apóia nos estudos de Bronckart (1999), Schneuwly e Dolz (1999), a respeito dos
gêneros discursivos e da proposta de seqüência didática. Dessa forma,
compreende-se que o sujeito precisa conhecer variados gêneros e desenvolver uma
capacidade global de compreensão acerca de seus aspectos lingüísticos �
discursivos contextuais e estruturais.
Desenvolvimento
Para registrar fatos do seu cotidiano ou para expressar-se, uma vez que ainda
não havia desenvolvido a fala e a escrita, o homem primitivo já fazia uso de um
elemento visual: o desenho. Em todos os períodos da história da arte, o desenho
esteve presente, seja acompanhado de textos ou não. Até que, no final do século
XIX, surgiu o que se conhece hoje por histórias em quadrinhos.
A história em quadrinho (HQ) surgiu em 1895, nos jornais dos Estados Unidos, com o propósito de servir de passatempo aos milhares de
imigrantes que haviam chegado àquele país. Eles queriam comprar jornais,
mas não entendiam o idioma, por isso passaram a apreciar aquela história
ilustrada que o jornal contava, pois eles a compreendiam. Evidentemente os proprietários de jornais perceberam ter em mãos uma grande fonte de
renda. E começaram a incentivar os desenhistas a produzir histórias em
imagens, que se transformaram em comics ou strip comics. (RAHDE, Maria Beatriz Furtado: in Revista Mundo Jovem � Agosto / 2006).
A novidade americana trazia o texto inserido junto com o desenho
diferenciando das histórias em estampas francesas em que o texto vinha abaixo do
quadrinho.
As Histórias em Quadrinhos sempre fizeram sucesso junto ao público, mas
também foram vítimas de grande preconceito. Dentre os fatores principais, pode-se
citar o livro publicado em 1954: �A sedução dos inocentes�, do americano Fredric
Wertham, �que acusava os quadrinhos de provocar anomalias de comportamento
em crianças e adolescentes�. Segundo Gonçalo Júnior (2004, p. 235):
A obra denunciava, de modo contundente, que terríveis crimes praticados por crianças nos últimos anos foram estimulados pela leitura de comics. A principal alegação era de ��culpa por associação�, isto é, muitos menores
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acusados ou condenados liam quadrinhos. Os casos escabrosos de ocorrências infanto-juvenis que passaram pelo consultório de Wertham ou foram �investigados� por ele ultrapassavam muito a barreira da ficção dos
quadrinhos que ele tanto queria exterminar. (GONÇALO JÚNIOR, 2004, p. 235).
O livro não chegou a ser publicado no Brasil, mas teve grande repercussão
na imprensa brasileira e não demorou muito para que as histórias em quadrinhos
começassem a sofrer perseguições de educadores, políticos, editores, que queriam
a censura dos gibis. Por um longo período, as HQs foram vistas como prejudiciais ao
rendimento escolar das crianças por, supostamente, afastá-las do �mundo dos livros�
e de �assuntos sérios�.
No final do século XX, com o desenvolvimento das ciências da comunicação
e de estudos culturais, �os meios de comunicação passaram a ser encarados de
maneira menos apocalíptica�. Conseqüentemente, as HQs, conforme BARBOSA
(2004, p. 17) �passaram a ter um novo status, recebendo um pouco mais de atenção
das elites intelectuais e passando a ser aceitas como um elemento de destaque do
sistema global de comunicação e como forma de comunicação artística com
características próprias�.
Segundo o mesmo autor, as histórias em quadrinhos auxiliam o ensino
porque aumentam a motivação dos estudantes para o conteúdo das aulas, aguçam
a curiosidade e desafiam o senso crítico; outrossim, a interligação do texto com a
imagem amplia a possibilidade de compreensão do conteúdo; além de que existe
um alto nível de informações nas HQs que podem ser utilizadas como reforço dos
assuntos estudados; ou seja, os quadrinhos ajudam a enriquecer o vocabulário,
auxiliam no desenvolvimento do hábito de leitura, pois as HQs facilitam a
concentração pelo seu caráter dinâmico e globalizador; dentre outras.
As Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para a Educação Básica
(Governo do Estado do Paraná, 2006, p. 31), sugerem que o aluno tenha contato
com uma ampla variedade de textos, produzidos numa igualmente ampla variedade
de práticas sociais. Tal documento considera que os conceitos de textos e de leitura
não se restringem, neste contexto, à linguagem escrita; abrangem, além dos
textos escritos e falados, a integração da linguagem verbal com as outras
linguagens: artes visuais, cinema, fotografia, a semiologia gráfica, os quadrinhos, as
charges, etc.
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Este estudo parte das proposições teóricos sociais bakhtinianas (1979/1992)
de gêneros discursivos que são entendidos como produtos sociais heterogêneos
possibilitando infinitas construções. Tendo em vista a multiplicidade dos gêneros, de
acordo com Bakhtin, é preciso diferenciar os gêneros primários (aqueles de
comunicação cotidiana, simples, espontâneo, próprio da comunicação imediata) e os
gêneros secundários (mais elaborados, que se distanciam de uma situação de
comunicação imediata). As histórias em quadrinhos, segundo essa categorização,
representam um gênero de caráter secundário, à medida que são produzidas na
junção do gênero oral espontâneo com a escrita, bem como articulam elementos
visuais e verbais.
Mendonça (2007, p. 197) diz que as HQs �situam-se numa verdadeira
�constelação� de gêneros não-verbais ou icônicos-verbais assemelhados� e estas,
podem ser exploradas como se faz com qualquer outro gênero, atentando-se para
recursos diversos do seu funcionamento. Reconhecer e utilizar histórias em
quadrinhos como ferramenta pedagógica parece ser fundamental, �numa época em
que a imagem e a palavra, cada vez mais, associam-se para a produção de sentido
nos diversos contextos comunicativos�. (MENDONÇA, 2007, p. 207).
As Histórias em Quadrinhos, de acordo com Calazans (2004, p. 10)
pertencem à categoria de mídia impressa, portanto, são similares aos livros; o
manuseio e o contato constante com esse tipo de suporte criam um hábito e uma
intimidade que podem ser gradualmente transferidos para os livros. Flávio Calazans
fundou o GTHQ (Grupo de Pesquisa em Humor e Quadrinhos), entre 1995 e 2000,
entidade científica que aborda questões entre mídia e arte, ficção e ciência, lazer e
estudo. O estudo congregou pesquisadores, autores de HQs, mestrandos, mestres,
doutorandos e doutores, unindo teoria e prática.
As histórias em quadrinhos aproximam-se do cinema por possuírem
elementos parecidos: ritmo e movimento. Ainda segundo Calazans (2005, p. 18):
A linguagem cinematográfica, retirada dos enquadramentos de pinturas, de
mosaicos e afrescos, está presente na arte das HQs; ela utiliza recursos de
descrição, narrativa e emoção crescentes, numa técnica apurada de
manipular o espectador. No roteiro de uma HQ, cada quadrinho atua como se fosse uma frase, cada seqüência como um parágrafo e cada página
como um capítulo, que, se for finalizada com suspense, faz com que o leitor queira continuar a leitura. (CALAZANS, 2005, p. 18).
As histórias em quadrinhos são leituras lúdicas que permitem ao leitor usar sua
imaginação criadora e, de certa forma, torná-lo um co-autor da história, uma vez que
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estas, segundo Lovetro (1993) apresentam �uma seqüência intercalada por espaços
vazios, onde nosso cérebro cria as imagens de ligação�.
Nas HQs, tanto no que se diz respeito às falas dos personagens, quanto em
relação às imagens, estas não são completas de informações, sendo que analisadas
separadamente, nem sempre, conseguem atingir uma compreensão satisfatória.
Quando aliadas uma a outra (visual e verbal), formam uma parceria, permitindo ao
leitor participar, preenchendo os �espaços vazios�, tornando-a completa.
Diz Magalhães (1990, p. 85):
As histórias em quadrinhos apresentam uma relação tal entre os signos, que
permitem a imagens visuais comportar frases escritas ou implicitar estruturas lingüísticas, assim como signos verbais complementam e reforçam imagens visuais. Trata-se de um intercurso entre os códigos em
que a língua nomeia unidades que a visão apreende, e esta sugere
significações que a língua, por si só, não porta. Portanto, não há, nas
histórias em quadrinhos, uma oposição entre o análogo e o código verbal,
mas uma interação estabelecida por relações lógicas. (MAGALHÃES, 1990,
p. 85).
A história em quadrinhos, como o próprio nome já deixa claro, organiza-se
dentro de quadros ou retângulos, onde as cenas dentro de cada um deles, dispostas
em seqüências, transmitem uma mensagem (a história).
Em relação aos balões, o nome é bem sugestivo e dispensa maiores
explicações. Dentro dos balões estão os textos, ou seja, as falas entre os
personagens. O discurso é direto, pois os personagens dialogam uns com os outros
ou com o próprio leitor, diretamente, sem a intervenção de um narrador. Às vezes, o
narrador aparece fazendo uma explicação necessária ou uma introdução para o
entendimento da história. O conteúdo do balão, na maioria das vezes, é de caráter
verbal, pois apresenta um texto. Também aparecem imagens dentro dos balões:
carneirinhos pulando cerca, lâmpada acesa, caveiras, estrelinhas, cobras e lagartos,
etc. O contorno dos balões apresenta algumas variações para diferenciar os
diferentes tons da fala: grito, cochicho, sussurro, pensamento.
Como a imagem é fixa, existem recursos gráficos para sugerir o movimento:
linhas retas, curvas, tremidas, etc., e as onomatopéias que representam os sons dos
quadrinhos. O tamanho e o tipo de letra usada nos quadrinhos variam dependendo
da situação. Todos esses recursos, interligados, um reforçando o outro, de forma
dinâmica, fazem das HQs uma excelente fonte de motivação e estímulo à leitura:
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Afinal, as histórias em quadrinhos envolvem toda uma concepção de desenho, de humor, de ritmo acelerado, de intervenção rápida das personagens nas situações com as quais se defrontam... Contêm algo de conciso, vertiginoso, quase cinematográfico... E, como em qualquer outro tipo de história, há as ótimas, as medíocres, as muito bem feitas, as de carregação, as extremamente inventivas, as que se repetem... Como em qualquer outra forma literária, se escolhem, se procuram as que dizem mais, desistindo das que dizem menos e suscitam menos emoção, menos envolvimento, menos inesperados... (ABRAMOVICH, 1994, p. 158).
O plano de fundo ou cenário, também conhecido como espaço geográfico, é
muito importante nas histórias em quadrinhos, pois dão a dimensão de tempo (noite,
dia) e espaço (onde). Mostram, ao fundo, os elementos que compõem aquela cena,
se o ambiente é rural ou urbano. O enquadramento é a distância, o ângulo de visão
em que a cena é mostrada. O plano geral ou panorâmico é quando a ação é
mostrada de longe; o plano médio mostra o personagem da cintura para cima e, o
primeiro plano, enquadra o personagem mostrando seu rosto.
As diferentes temáticas abordadas nas histórias em quadrinhos contribuem
para que o aluno/leitor desenvolva seu senso crítico. Fazendo com que este gênero
textual/discursivo também contribua para a formação de leitores formadores de
opinião e de crítica social.
De acordo com Higuchi (2000, p. 153), as HQs permitem infinitas
possibilidades de exploração do imaginário. Temas como: magia, ficção científica,
violência, sonhos, podem ser explorados em suas páginas. Segundo o autor:
�através da imaginação podemos superar, ou pelo menos, diminuir nossos
problemas e as pressões que sofremos no cotidiano e encontrar possíveis
soluções. O olhar aguçado percebe além, espírito crítico e prazer são ampliados
através dele�.
Histórias em quadrinhos são populares em vários países. No Brasil são
conhecidas como Gibis (significa moleque, indicando os jornaleiros que vendiam de
mão em mão os jornais com suplementos, também era o nome de uma revista
famosa); em Portugal são chamadas de Histórias aos quadrinhos ou Banda
desenhada; na Espanha é conhecida comoTBO (nome de uma revista famosa); na
Itália é Fumetti; nos Estados Unidos são Strip comics ou apenas comics; na França
chama-se Bande dessinée e no Japão são os Mangás.
Os quadrinhos japoneses (embora a origem seja chinesa), cujos personagens
possuem olhos grandes, as páginas são em preto e branco e a leitura é feita da
direita para a esquerda, possui uma legião de leitores aqui no Brasil.
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Os mangás funcionam como espelho social e abordam uma diversidade de
temas: a vida escolar, o trabalhador, os esportes, o amor, a guerra, o medo, a
economia e as finanças, a história do Japão, a culinária, manuais de �como fazer�,
revelando assim, suas funções pedagógicas.
A sociedade japonesa é ávida por leitura, é comum encontrar adultos e
crianças lendo essas revistas, por isso sua tiragem chega na casa dos milhões.
Os mangás são classificados de acordo com seu público-alvo. As destinadas
aos meninos são chamadas de shonen (garoto, jovem, adolescente, em japonês),
são, no geral, histórias de ação, aventura e amizade. As revistas destinadas às
meninas são chamadas de shojo (garota, jovem em japonês), onde as sensações e
a sensibilidade das personagens são as principais características.
Pode-se dizer que elementos tais como: desenhos, cores, movimentos,
riqueza de detalhes, aproximam as histórias em quadrinhos da arte, mas foi a partir
dos anos 70 que esta história se afirmou quando alguns artistas ligados à chamada
Pop Art incorporaram elementos e personagens das histórias em quadrinhos em
suas obras. Esse fato ajudou a desfazer alguns preconceitos em relação à arte dos
quadrinhos.
O movimento da Pop Art surgiu na Inglaterra nos anos 50 e utilizava símbolos
da cultura de massa (histórias em quadrinhos, anúncios publicitário, ícones do
cinema, celebridades, etc.) como fontes de inspiração. Na década de 60, Roy
Lichtenstein, artista americano, chamou a atenção produzindo quadros que refletiam
a fascinação do artista pela linguagem dos quadrinhos, como as onomatopéias, as
linhas de ação e figuras delineadas por traços fortes. Neste sentido, a proposta da
Pop Art é �aproximar a arte da vida e fazer o museu �dialogar� com as páginas
publicitárias das revistas populares�.3
Seqüência didática: os gêneros em questão
A partir do que foi exposto, apresenta-se, a seguir, uma contextualização a
respeito do desenvolvimento da seqüência didática dentro do gênero HQ.
De acordo com Schneuwly & Dolz (1999), para elaborar-se uma seqüência
didática via gêneros textuais, fazem-se necessários determinados conhecimentos
3 Para maiores informações sobre a Pop Art, é válido consultar o site http://pt.wikipedia.org/wiki/Pop-art.
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teóricos a fim de orientar a prática pedagógica. Conhecimentos em torno da teoria
de gêneros de texto, do modelo didático de gênero e sobre seqüência didática.
O conhecimento sobre a teoria dos gêneros e a construção do modelo
didático segue a proposta de análise de Bronckart (1999), recomendada por
Machado e Cristovão (2006).
Para depreensão das dimensões ensináveis do gênero estudado, partiu-se
do pressuposto de que todo gênero se define por três dimensões essenciais (DOLZ
& SCHNEUWLY, 2004, p. 171-172): (i) os conteúdos que se tornam dizíveis por
meio dele (as HQs abordam diversos temas em seus enredos que podem mobilizar
discussões em sala de aula e desenvolver nos alunos o senso crítico); (ii) a estrutura
comunicativa singular dos textos pertencentes ao gênero (a estrutura peculiar das
HQs permeada por textos verbais e não-verbais, a linguagem mais concisa, a junção
do diálogo espontâneo com a linguagem escrita despertam o interesse do leitor); (iii)
as configurações específicas das unidades lingüísticas: a partir das marcas da
posição enunciativa do enunciador, pode-se discutir a visão da criança, do adulto, do
sujeito rural, urbano, do jovem.
Para Bronckart (1999), cada gênero de texto possui condições e finalidades,
dependendo da situação específica de comunicação onde ocorre, individualizando o
contexto e a forma de produção, assim como sua própria estrutura lingüística.
Dentro de tal perspectiva, vale frisar que as capacidades de ação, discursivas
e lingüístico-discursivas constituem as três capacidades de linguagens próprias de
cada gênero.
A capacidade de ação de um gênero de texto está relacionada ao seu
contexto de produção. Neste caso, objetiva-se entender e analisar suas condições
materiais e sociais de produção: emissor / enunciador (quadrinistas e ilustradores);
período de produção (o momento de produção); local (onde foi produzido); função
social (por que o texto foi produzido); público alvo (quem serão seus leitores);
veiculação (onde circulará); temática (assunto).
A capacidade discursiva do gênero textual tem relação com sua planificação
textual global. Os elementos constitutivos do gênero HQ estudados foram: o
quadrinho ou vinheta; os personagens, o enquadramento; o plano de fundo ou
cenário, os balões; os diálogos curtos; os desfechos inesperados; o tom humorístico
e/ou crítica social.
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A capacidade lingüístico - discursiva do gênero textual centra-se na micro-
estrutura do texto. Os elementos lingüísticos � discursivos, analisados nas histórias
em quadrinhos, em termos de estrutura lingüística, foram: sentenças informais;
reduções verbais e vocabulares; onomatopéias; interjeições.
Os três elementos citados acima separadamente são inerentes a cada
gênero de texto. Nas atividades didáticas propostas aqui, eles ocorrem de
forma simultânea, interagindo entre si, portanto não são concebidos de forma
linear.
Assim sendo, o conjunto de atividades propostas neste artigo com o
gênero discursivo HQ tem como objetivo favorecer o desenvolvimento dessas três
capacidades de linguagem em alunos de 5ª série do Ensino Fundamental.
Após o reconhecimento do contexto da turma e contato com o planejamento
anual de ensino de um colégio estadual, localizado no município de São João/PR,
aplicou-se um questionário para conhecer o gosto e o nível de leitura dos
educandos. Constatou-se que a maioria já conhecia e apreciava o gênero HQ,
mas uma boa parte dos alunos não lia com freqüência por não ter acesso a tal
gênero. Também, a escola não possuía gibiteca, contava apenas com alguns
exemplares.
Com o objetivo de aprofundar os estudos em torno do gênero HQ e orientar a
prática pedagógica, buscou-se proceder à pesquisa, tendo-se em vista um
aprofundamento a partir do conhecimento dos experts e de leituras em torno do
gênero, em seguida houve a necessidade de se fazer uma seleção de histórias em
quadrinhos, tais como: Mafalda, Tex, Turma da Mônica, Mangás, Zé Carioca,
Homem Aranha, dentre outras, para um melhor entendimento das características
próprias do gênero.
Uma seqüência didática (SD) com o gênero discursivo HQ
Metodologicamente a SD envolvendo a leitura de histórias em quadrinhos em
sala de aula, está dividida em cinco etapas, ou seja, cinco módulos, objetivando
atender às dimensões tanto textuais e lingüísticas, quanto sociais do gênero. Não se
delimitou, aqui, o tempo de realização das atividades em horas-aulas, pois cada
turma apresenta um andamento diferente para a realização das atividades
propostas.
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De acordo com Schneuwly e Dolz (2004, p. 97):
Uma seqüência didática tem, precisamente, a finalidade de ajudar o aluno a dominar um gênero de texto, permitindo-lhe, assim, escrever ou falar de uma maneira mais adequada numa situação de comunicação. O trabalho
escolar será realizado, evidentemente, sobre os gêneros que o aluno não
domina ou o faz de maneira insuficiente. As seqüências didáticas servem,
portanto, para dar acesso aos alunos a práticas de linguagens novas ou dificilmente domináveis.
As histórias em quadrinhos constituem um sistema narrativo onde estão
presentes dois códigos: o visual (desenhos, imagens) e o verbal (texto, balões de
fala). Esses dois códigos estão constantemente interagindo, isto é, um reforça o
outro, para que a mensagem seja compreendida na sua totalidade.
MÓDULO I:
- Apresentação do gênero para a turma.
- Leitura de imagens: paisagem e espaço geográfico.
- Resgate de memória: histórias em quadrinhos e o preconceito.
A SD iniciou com uma pergunta objetivando motivar os alunos para o gênero
de texto a ser trabalhado: �Você sabia que as histórias em quadrinhos já foram
vítimas de grande preconceito e até proibidas em muitas escolas?� Logo em seguida
foi trabalhada uma tira contextualizando o preconceito sofrido, na escola, em relação
às histórias em quadrinhos:
HQ: Lendo gibi
Ilustrador: Rubi Maia, Lendo gibi, 2007.
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Esta primeira atividade, a partir da apresentação de uma tira aos alunos,
além de propiciar o contato com o gênero HQ e acionar conhecimentos prévios em
termos de leitura, ilustra uma discussão a respeito do preconceito em relação às
HQs. Outro objetivo desta atividade foi o de aproximar as histórias em quadrinhos
com a disciplina de Geografia: leitura de imagens: paisagem e espaço geográfico.
Assim sendo, a partir de uma atividade oral em que foi solicitada aos alunos que
observassem o cenário no qual se desenrola a ação da história: �Digamos que os
balões de fala fossem omitidos, mesmo assim você conseguiria identificar o local
como sendo uma sala de aula, certo?� Em seguida, solicitou-se para que os alunos
observassem o espaço em sua volta, enumerando os elementos iguais ou
semelhantes com os presentes na tira. Após, foi pedido que fossem até a janela da
sala de aula e olhando para fora, observassem a paisagem, não deixando escapar
nenhum detalhe.
Após essa atividade, conduziram-se algumas reflexões a partir de perguntas
e respostas orais sobre o meio (espaço) no qual estamos inseridos e a importância
deste.
Solicitou-se que desenhassem (em folha de papel ofício), montando em
quadrinhos, os dois espaços: o interno (sala de aula) e o externo (paisagem através
da janela).
Organizou - se um mural com os trabalhos para que todos pudessem
observar as diferentes percepções de mundo, pois ao �olharmos� uma paisagem,
vemos e / ou sentimos de maneiras diferentes.
O próximo passo foi a leitura do texto: Leitura de imagens: paisagem e
espaço geográfico no qual os alunos puderam perceber que o espaço geográfico é o
meio em que vivemos e a paisagem é uma parte desse espaço. A paisagem é
estática, é o registro de um determinado momento, como por exemplo: uma foto, um
desenho ou pintura de um determinado local.
O espaço geográfico é modificado pela ação do homem sobre a natureza e,
segundo Vesentini (2006, p. 9): �o ser humano e a natureza são, portanto, os
elementos fundamentais para a construção e a transformação do espaço
geográfico�.
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Para concluir essa primeira etapa e verificar o que os alunos aprenderam em
relação à leitura de imagens, apresentou-se a pergunta: �O que a Geografia tem a
ver com histórias em quadrinhos?�
Nas HQs, como já foi dito antes, além da leitura dos balões, as imagens
também são lidas. A leitura de imagens constitui uma das habilidades desenvolvidas
pela Geografia. Diz Barbosa (2004):
ao se fazer uma leitura geográfica de uma história em quadrinhos, deverão
ser observados os diversos elementos que caracterizam os personagens e as ações, o posicionamento dos objetos e dos personagens, o
enquadramento, o ambiente em que se passa a história (de que forma é
retratado, qual a importância do lugar para o roteiro, qual a relação dos
personagens com os lugares, que elementos do lugar são valorizados e
quais são omitidos) (...), dentre outros. (BARBOSA, 2004, p. 88).
Como tarefa, os alunos deveriam trazer para a escola fotos com a paisagem,
o local onde moram para complementar o mural.
Também deveriam fazer uma pesquisa: �resgate de memória�, perguntando
aos pais, avós, tios, etc, se, quando criança, era permitido que lessem histórias em
quadrinhos.
A aula seguinte iniciou com a complementação do mural com algumas fotos
trazidas pelos alunos caracterizando o meio onde vivem. Alguns trouxeram
desenhos ilustrando o local, pois não possuíam fotos. Em seguida, iniciou-se o relato
oral por parte de alguns alunos sobre a pesquisa: �resgate de memória�. De todos os
relatos, um em particular chamou a atenção de todos: �Seus avós proibiam qualquer
leitura em quadrinhos quando seu pai era criança. Um dia, ele emprestou um gibi de
um amigo, chegando à sua casa, escondeu embaixo do colchão para que ninguém o
visse, principalmente seus pais. Mas, pela manhã, quando a mãe foi arrumar o
quarto, encontrou a revistinha do Tio Patinhas. Sem fazer nenhum comentário, ela
rasgou o gibi em pedacinhos. No outro dia, o menino voltou para casa com o olho
roxo: levara a maior surra do dono do gibi�.
Após o relato de alguns alunos, contei a história de minha própria experiência
como leitora de HQ (a mesma que consta na introdução deste artigo) e um dos
porquês de tanto preconceito.
MÓDULO II:
- Conhecimento dos elementos do contexto de produção da linguagem.
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Tendo em vista o desenvolvimento da capacidade de ação, discursiva e
lingüístico-discursiva da linguagem, optou-se em trabalhar com tiras da Mafalda
(Quino) e histórias em quadrinhos da Turma da Mônica (Maurício de Sousa), em
especial, histórias com o personagem Chico Bento.
Leitura de tira com a personagem Mafalda:
Mafalda encontra-se enfileirada com os colegas enquanto a diretora faz um
discurso aos alunos: �... e vocês que estão vindo pela primeira fez a este templo do
saber, certamente encontrarão aqui um segundo lar...� (Quino. Toda Mafalda � da
primeira à última tira, 2006, p. 70).
Este livro encontra-se disponível, se não em todas, na maioria das bibliotecas
das escolas públicas do Paraná, facilitando, assim, a leitura e o contato dos alunos
com essa obra que contém todas as tiras da personagem Mafalda. Neste caso, vale
destacar que a tira é um subtipo das histórias em quadrinhos.
As tiras da Mafalda foram trabalhadas de duas formas: a) todos liam a mesma
história, b) cada grupo lia uma tira diferente.
Quanto à capacidade de ação, foram abordados os itens do contexto de
produção, a partir de alguns questionamentos (quem é o emissor, qual seu papel
social, a quem se dirige (público-alvo), em que papel se encontra o receptor, em que
local é produzido o texto, em qual instituição social se produz e circula, em que
momento, em qual suporte, com qual objetivo, em que tipo de linguagem, qual é a
atividade não-verbal a que se relaciona, qual o valor social que lhe é atribuído).
Assim sendo, a análise iniciou-se com a verificação do emissor do contexto
de produção, a partir da personagem Mafalda (a função social do texto da
personagem em questão, para que tipo de público ela está direcionada, veiculação
de suas tiras e temáticas recorrentes). Para tanto, uma pesquisa no laboratório de
informática foi realizada com o objetivo de buscar mais informações sobre a
personagem Mafalda e suas histórias, o que ajudou no desenvolvimento dessa
atividade.
Mafalda é a heroína das histórias em quadrinhos escritas e desenhadas pelo
cartunista argentino Quino, no período entre 1964 a 1973. É uma menina que tem
entre 6 e 7 anos de idade, é fã dos Beatles, adora o desenho do Pica Pau e odeia
sopa. Nas HQs Mafalda aparece ora inserida no ambiente familiar (pai, mãe e o
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irmão Guille); ora no ambiente escolar com os colegas ou com os amigos (Felipe,
Manolito, Susanita, Miguelito e Liberdade), sempre preocupada com problemas
referentes à humanidade, à paz mundial e questionando a realidade social em que
vive. Criada para adultos, Mafalda não se limitou a esse público e até hoje faz
sucesso com as crianças.
Elementos da capacidade de ação trabalhados com a tira da personagem
Mafalda:
Quadro 1:
Tomando-se como base o desenvolvimento da capacidade de ação nos
alunos, procurou-se, por meio da representação do contexto social e dos elementos
que dizem respeito às histórias em quadrinhos da personagem Mafalda, aproximar o
conhecimento de mundo do aluno com o conhecimento de mundo do autor. Neste
aspecto, desenvolveram-se algumas atividades na SD que possibilitaram ao aluno
compreender a personagem Mafalda, seu criador, o papel social deste tipo de tira,
além de questões ligadas ao humor, ao entretenimento.
A personagem Mafalda é uma criança crítica, fala tudo o que pensa, vive
colocando os adultos �contra a parede�. Ela �desconstroi� conceitos que de tão
repetidos parecem verdades absolutas. Com suas perguntas críticas, ela deixa
embaraçados pais, professores, vizinhos, amigos... Neste sentido, buscou-se
ELEMENTOS DO CONTEXTO DE PRODUÇÃO
Emissor/
Enunciador
Período de
Produção
Local
(cartunista e desenhista)
Quino � Joaquin Salvador Lavado
A personagem foi criada em 1962 para um
cartoon de propaganda. De 1964 a 1973 foi
publicada em jornais.
Buenos Aires � Argentina
Função social Entretenimento
Público alvo Adultos, adolescentes e crianças
Veiculação Jornais e revistas em quadrinhos
Temática Ambiente escolar
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promover uma discussão em torno da temática: �E você, também é uma pessoa que
questiona a realidade que o cerca?�
A linguagem não-verbal da tira foi trabalhada, em termos de função social da
HQ que se relaciona ao humor, a partir da observação: (i) do cenário (o espaço
geográfico) no qual se encontram os personagens da história; (ii) da linguagem
corporal (o corpo também fala e transmite diferentes mensagens: (iii) os gestos, as
diferentes posições e/ou posturas que o corpo pode assumir dependendo da
situação) e (iv) da expressão facial (as diferentes �caras e bocas� dos personagens
que representam as mais variadas emoções: alegria, surpresa, medo, nojo, etc. Um
olhar, às vezes, pode dizer mais que mil palavras). A atividade foi realizada
oralmente a partir de perguntas e respostas, registrando-se na lousa as observações
construídas pelos alunos.
Na seqüência questionou-se sobre o significado da palavra LAR e o que
essa palavra representa para cada um. Também foi perguntado se eles
consideravam a escola como sendo um segundo lar e por quê?
O dicionário foi utilizado para que procurassem o significado da palavra
TEMPLO. O que a personagem quis dizer ao relacionar a escola a um �templo do
saber�? Por que a tira é engraçada? Onde reside o humor? O uso da forma verbal ia
em: �Ainda bem, pensei que ela ia dizer sopa!�, está correta, considerando que
quem a produz é uma criança? Como seria na norma padrão da língua? (Atividade
de leitura e escrita).
Elementos da capacidade discursiva trabalhados com as HQs lidas:
Para que haja uma compreensão deste plano da linguagem (o
reconhecimento do gênero), é preciso um trabalho de caracterização do que seja
uma HQ. Neste sentido, procurou-se discutir com os alunos sobre o papel dos
quadrinhos, dos balões, das expressões faciais e corporais das personagens e
sobre o cenário no qual as histórias se desenrolam. Com efeito, tais observações
são salutares no sentido de que podem propiciar o desenvolvimento nos alunos de
habilidades para diferenciar um gênero de outro pela sua estrutura global.
Quadro 2:
ELEMENTOS DA CAPACIDADE DISCURSIVA
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O quadrinho ou
vinheta (a relação
do quadrinho com
a narrativa)
O balão (diálogo
entre os
personagens).
O humor e a crítica
social.
Personagens
(expressões faciais
e corporais)
Cenário/plano de
fundo
MÓDULO III:
- Leitura explorando aspectos sociais, discursivos e lingüísticos discursivos.
- Diálogo com a Geografia: o rural x o urbano.
- Produção de texto.
Neste módulo distribuíram-se vários gibis com histórias do personagem Chico
Bento de Maurício de Sousa. Após a leitura entusiasmada realizada pelos alunos,
diante de um gênero que dificilmente lhes era apresentado em sala de aula, contou-
se uma história de um outro gênero: uma fábula de Monteiro Lobato �O rato da
cidade e o rato do campo�. Após o levantamento dos elementos do contexto de
produção e das características relevantes de ambos os gêneros, objetivando atender
tanto as dimensões textuais como as lingüísticas de cada gênero, teceram-se,
oralmente, algumas considerações em torno da temática: o rural x o urbano,
buscando-se explorar os diferentes aspectos envolvidos na construção dos sentidos:
social, interacional e verbal.
Os alunos já tinham o conhecimento prévio de que o espaço rural e o espaço
urbano são diferentes. Então, concluiu-se que: campo e cidade constituem maneiras
diferentes de organizar o espaço geográfico.
A próxima atividade tinha como objetivo a produção de uma história em
quadrinhos a partir da fábula dos ratinhos (O rato da cidade e o rato do campo de
Monteiro Lobato). Para tanto, foi solicitado aos alunos que fizessem, oralmente, o
levantamento das principais características do gênero HQ. As respostas foram
sendo anotadas na lousa para facilitar o trabalho. As histórias em quadrinhos
produzidas pelos alunos foram lidas e expostas no mural da sala de aula.
Na aula seguinte, teceram-se algumas considerações em relação ao
personagem Chico Bento de Maurício de Sousa e que, posteriormente, resultaram
numa produção textual: �Uma das características do personagem Chico Bento é a
sua maneira �caipira� de falar. A fala de Chico Bento é adequada ao ambiente onde
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o personagem está inserido? Ela faz sentido? Esse falar �caipira� é a norma padrão
ou é uma das muitas variantes lingüísticas do nosso país? Que elementos presentes
na história revelam tratar-se de um ambiente rural? E você, mora na zona rural ou
na zona urbana? Na sua opinião, onde é mais complicado viver? Na roça ou na
cidade? Por quê? � Após discussão de idéias, os alunos produziram um texto
levando em consideração os questionamentos propostos acima. Alguns alunos
fizeram leitura oral da sua produção..
Chico Bento, criado em 1961 pelo brasileiro Maurício de Sousa é um dos
personagens mais populares entre a garotada. Chico é um menino que mora na roça
com o pai (Nhô Tonico Bento) e a mãe (Dona Cotinha), ajudando-os nos afazeres
domésticos. Veste-se de maneira simples e um chapéu de palha completa sua
indumentária. Freqüenta a escola, mas não gosta muito de estudar. A professora
Dona Marocas é exigente e não gosta nada quando Chico esquece de fazer as
lições de casa. Uma característica marcante desse personagem é seu falar �caipira�,
próprio do meio em que vive. Ele possui muitos amigos e sua namorada é a
Rosinha. Adora comer goiabas do sítio de Nhô Lau que está sempre por perto para
botar o menino pra correr. Chico tem um primo que mora na capital e,
seguidamente, um passa as férias na casa do outro. Chico e o primo Zeca estão
sempre discutindo, pois as situações vivenciadas por eles apresentam-se de formas
totalmente diferentes da realidade na qual cada um vive como neste exemplo em
que o primo diz: �Eu sei! Só estava brincando!�; e Chico Bento: �Só pruque ocê é da
cidade, acha qui pode mangá da minha cara, é?� ; � Ah é? Pois para sua informação,
nós da cidade também temos festa junina, sabia?� (SOUSA, junho/2002, n. 401,
p.4).
Chico Bento é um menino generoso, feliz e representa o povo do interior
brasileiro. Suas atitudes em relação à natureza são sempre �ecologicamente
corretas.�
Os animais que fazem parte do universo do sítio são: Torresmo (porco de
estimação de Chico); a galinha �Giserda�; a vaca �Maiada�; o bode Barnabé; o burro
�Teobardo�, dentre outros.
Os elementos da capacidade lingüístico-discursiva analisados nas histórias
em quadrinhos foram:
Quadro 3:
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ELEMENTOS DA CAPACIDADE LINGÜÍSTICO-DISCURSIVA
Sentenças
informais e
redução
vocabular, as
onomatopéias
(representação
dos diferentes
sons)
Coesão verbal
tendo em vista os
enredos
(narrativas) com
desfechos
inesperados dando
o toque
humorístico ou
espaço para a
crítica social
Interjeições
(recurso lingüístico
bastante presente
nas HQs, usada
para exprimir
sentimentos e
emoções dos
personagens)
a escolha nominal
(a partir da relação
entre substantivos
e adjetivos)
Dentro do modelo didático de gênero, o ensino das unidades lingüísticas faz
parte dos itens ensináveis. Acredita-se que é possível atrelar a análise das
condições de produção das HQs a um exame de elementos da língua que no
modelo de Bronckart (1999) são aqueles que permitem o desenvolvimento do
conteúdo temático e o estabelecimento da coerência. No entanto, as unidades não
podem ser abordadas de forma descontextualizada considerando-se que é uma das
dimensões importantes para o entendimento do texto.
No caso deste estudo, por conta da especificidade das HQs, escolheu-se
trabalhar com: (i) sentenças informais como marcas de uma forma de linguagem em
que se entrelaçam o diálogo cotidiano com a escrita (por exemplo, as marcas ocê,
mangá que evidenciam o falar caipira); (ii) com a coesão verbal, ou seja, enfatizando
a temporalidade mostrada pelos tempos verbais e, às vezes, em conjunto com
advérbios, verificando as relações de simultaneidade, anterioridade ou
posterioridade em relação ao momento de produção e ao momento psicológico de
referência (o diálogo entre Chico Bento e o primo se encerra com o primo concluindo
o raciocínio e pretendendo se sobrepor, por ser da cidade, sobre o primo da roça),
(iii) com as interjeições entendidas como recursos lingüísticos utilizados nas HQs e
que produzem diversos efeitos de sentidos (ah exprimindo uma conclusão) e (iv)
com a escolha nominal (substantivos e adjetivos) que tem um papel importante no
desenvolvimento do conteúdo temático do texto (o sintagma festa junina produz
efeitos interessantes na HQ). No mecanismo de coesão nominal, freqüentemente o
sintagma forte é retomado por repetição, mas pode aparecer com modificadores.
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Estes podem ser constituídos por diferentes elementos, dentre os quais se destacam
os adjetivos
Além de trabalhar com unidades lingüísticas num gênero discursivo, é válido,
ainda pensar que o texto dialoga com seu contexto sócio-histórico, da sociedade na
qual está inserido, refletindo os conflitos sociais de uma época, de uma sociedade.
Na HQ de Chico Bento, desloca-se este embate entre o rural e o urbano que
constitui a formação de nossa sociedade (o Brasil é um país que apresenta grandes
cidades ao mesmo tempo em que ainda possui cidadezinhas pacatas no interior) e
as comunidades do meio rural.
MÓDULO IV:
- Leitura de histórias em quadrinhos.
- Histórias em quadrinhos e a Pop Art.
Após a leitura de algumas histórias em quadrinhos, tais como: Turma da
Mônica, Mafalda, Tio Patinhas, Homem Aranha, Mangás, dentre outros, teceram-se
alguns comentário sobre os desenhos, as cores, a riqueza de detalhes, os recursos
para sugerir o movimento, as onomatopéias, etc., presentes nas HQs. Tais
elementos aproximam as histórias em quadrinhos da arte. �Você sabia que as HQs
são, hoje, consideradas uma manifestação de arte? E Pop Art, você já ouviu falar?�
Na seqüência, os alunos foram encaminhados até a biblioteca do colégio para uma
pesquisa sobre o tema: Histórias em quadrinhos e a Pop Art e o que entende-se por
cultura de massa.
Para finalizar, os alunos produziram desenhos inspirados nos heróis dos
quadrinhos, os quais foram expostos no mural da escola.
MÓDULO V:
- Produção de textos.
Após a leitura de algumas histórias em quadrinhos, os alunos reuniram-se em
grupos para desenvolver a próxima atividade com os seguintes objetivos: selecionar
uma história, verificar os elementos do contexto de produção desta, observar a
linguagem utilizada pelo autor/personagem e qual a temática abordada. Após a
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discussão, cada grupo produziu um texto e apresentou oralmente o trabalho para a
turma.
Assim, os alunos, reunidos em grupos (4 a 5 alunos), selecionaram um dos
temas sugeridos pelo grupo a fim de produzirem uma história em quadrinhos
seguindo os comandos de produção texto abaixo:
Primeiramente o grupo deveria pensar num personagem: o protagonista da
história (o herói ou heroína), depois, nos personagens secundários (aqueles que
iriam contracenar com o mocinho), também se haveria ou não a necessidade de um
vilão. Na seqüência, elaboraram um roteiro das ações, das características de cada
personagem, do espaço geográfico no qual a história iria se desenrolar (o cenário), o
enquadramento, etc. As tarefas no grupo foram divididas dependendo da habilidade
de cada um: o roteirista, o desenhista, etc.
Os trabalhos foram primeiramente apresentados para os colegas em sala de
aula, depois, expostos no mural da escola.
Considerações finais
Na introdução deste artigo destacou-se a necessidade de o aluno despertar
para a leitura, compreender e produzir textos a partir de um gênero textual ainda
pouco utilizado em sala de aula: as histórias em quadrinhos. Além de proporcionar
uma leitura mais próxima da realidade do aluno e propor um diálogo entre as
diferentes linguagens (verbal, não-verbal e as variedades lingüísticas), as HQs
podem vir a ser um excelente recurso didático, pois a imagem associada à palavra
contribui para a produção de sentidos nos mais variados contextos: sócio -histórico �
discursivos.
Os modelos de seqüências didáticas possibilitam estudar um gênero em
termos lingüísticos e discursivos seja, a partir de um estudo da caracterização do
gênero, seja a partir de um estudo aprofundado de suas especificidades quanto a
sua estruturação, seus aspectos lingüísticos e de seu estilo, sem perder de vista as
condições de produção.
Este modelo abre espaços para uma leitura em que o conteúdo do texto seja
alvo de debate aliado a um exame do gênero em sua dimensão geral. Língua e
sentido funcionando ao mesmo tempo.
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As histórias em quadrinhos pertencem ao rol artístico cultural de
entretenimento. Assim sendo, indescritível o fascínio e o entusiasmo que tal gênero
desperta em seus leitores: silêncio absoluto, olhinhos atentos, um sorriso discreto no
canto dos lábios, uma exclamação de decepção quando toca o sinal avisando que a
aula acabou. Então, pode-se afirmar que as HQs, antes mesmo de �ensinar�
conseguem �conquistar�.
Assim, quando o preconceito e visões redutoras em relação às HQs forem
realmente banidas, educadores ou estudiosos deixarem de acreditar que só o texto
literário possa servir de �modelo� a ser seguido, ou ainda quando a preocupação se
voltar, única e exclusivamente para a formação de um leitor que, em contato com os
mais variados gêneros do discurso presentes no seu dia-a-dia, possa perceber que
a interação verbal se dá de maneira ativa, então, talvez consigam-se melhores
resultados.
As histórias em quadrinhos já fazem parte da nossa cultura e, como nos diz
Fanny Abramovich (1994, p. 158): �é tolo e preconceituoso esnobá-las, ridicularizá-
las ou não levá-las a sério�.
Referências
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1994.
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