história regional de rondônia
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HISTHISTHISTHISTÓÓÓÓRIA REGIONALRIA REGIONALRIA REGIONALRIA REGIONAL
DE DE DE DE
RONDÔNIARONDÔNIARONDÔNIARONDÔNIA
Prof. Emmanoel GomesIEP/TCE-RO
PVH-RO, 25, 26/09/2008
TRIBUNAL DE CONTASINSTITUTO DE ESTUDOS E PESQUISA
CONSELHEIRO JOSÉ RENATO DA FROTA UCHÔA – IEP/TCE-ROAv. Presidente Dutra, 4229 – Pedrinhas – Porto Velho – CEP 78903-900
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TRIBUNAL DE CONTAS
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HISTÓRIA REGIONAL
DE
RONDÔNIA
EMMANOEL GOMES
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A COLONIZAÇÃO DO EXTREMO OESTE BRASILEIRO.
Um dos momentos importantes de nossa história pode ser iniciado com as
“Grandes Navegações”. Os países do ocidente europeu, atingidos por uma série de
problemas buscaram novas rotas comerciais visando encontrar as especiarias
orientais e acabaram, neste contexto, por chegar ao “Novo Mundo”.
A relação cultural entre os Europeus e os povos locais nos remete a um
universo anterior, onde as pessoas viviam em perfeita harmonia com o mundo.
Porém, tudo foi modificado de forma a causar a destruição dos valores culturais
regionais, que mal chegamos a conhecer.
A descoberta da América, maior conseqüência dos grandes
empreendimentos marítimos iniciada no século XV, ocorreu no ano de 1492 por
Cristóvão Colombo, desencadeando uma grande corrida rumo às novas terras do
“Além Mar”.
Portugal que conquistou o oriente através do contorno do Continente
Africano, buscava um espaço nas “Terras do Novo mundo”, recentemente
descoberto pelos Espanhóis
Através de sua competência diplomática acabou por abocanhar parte do
litoral das terras que viriam mais tarde se chamar Brasil. Através do Tratado de
Tordesilhas.
A chegada de Colombo, e consequentemente a conquista da América
provocou mudanças significativas no pensamento ocidental. As Grandes Potências
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Européias vão se relacionar com um mundo completamente estranho, com povos e
culturas diferentes, e uma possibilidade de riquezas inimaginável.
Após Colombo, uma série de navegantes não menos importantes buscou
em nome de seu rei ocupar uma parte cada vez maior desse imenso Continente,
Américo Vespúcio, Vicente Yanes Pinzon, Pedro Alvarez Cabral, Francisco Pizarro,
Ernan Cortez, Gaspar de Lemos, Cristóvão Jaques, são alguns navegantes de uma
lista muito grande de aventureiros europeus que percorreram nossos rios mares e
oceanos.
O Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494 por Portugueses e Espanhóis,
dividia o Novo Mundo, enquanto os demais países esperneavam por não
concordarem com tal partilha.
A atuação européia trouxe graves conseqüências para as populações
nativas que viram seu mundo milenar desabar com práticas de crueldades jamais
vistas ou sonhadas. Em nome de Deus e em busca das imensas riquezas, a
população nativa Americana que ultrapassava os setenta milhões de seres humanos
foi reduzida em mais de noventa por cento.
Quando falamos ou escrevemos sobre o genocídio ocorrido com os povos
nativos da América, por mais que queiramos, não chegamos nem perto do que
realmente ocorreu.
De assassinatos em massa, a estupros de mulheres homens e crianças,
contaminação proposital de milhões de indivíduos com vírus desconhecidos no
novo mundo à destruição dos valores morais, religiosos, éticos, humanos, culturais;
corpos incendiados, filhos sendo arrancados do ventre da mãe por diversão,
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vísceras arrancadas com a pessoa ainda viva, torturas e agonia sem fim, dor eterna,
lágrimas que escorrem até hoje nos olhos dos descendentes que percebem que o
terror não possui limites, realmente é eterno, como a palavra do Deus eterno que foi
utilizada para justificar o ímpio, o medonho, o infame.
Por mais que busquemos não há palavras que possam traduzir o
acontecido, não nos aproximamos da brutalidade praticada contra os povos que
viviam em uma profunda harmonia e paz com o seu mundo, cultuando lagos, rios,
bichos, filhos, mulheres, terra, céu, chuva, sol, lua, estrela, cometa, frutos, flores,
vento. Um universo comparado pelos primeiros cronistas que visitaram nossa
Amazônia como o paraíso divino na terra.
A questão indígena no Brasil e em especial em Rondônia precisa ainda hoje
ser refletida profundamente. Alguns posicionamentos vazios, descrentes e ingênuos
têm contribuído com o discurso maléfico de setores conservadores que atuam no
sentido de por um fim às culturas tradicionais.
É comum pessoas afirmarem que não existe mais espaço para as culturas
tradicionais e principalmente para as nações indígenas. Ouvimos muitas pessoas
afirmarem que o destino dos povos indígenas está muito próximo do fim. Alguns
milhares de índios vivem a nossa volta, e isso é incontestável. Como você se sentiria
se as pessoas pregassem o extermínio de sua cultura, sua vida e vida de seus
familiares e amigos?
Os índios são elementos humanos reais da sociedade atual. Alguns olham
os índios como se fossem de uma sociedade passada, distante. Como um ser puro
ligado a uma natureza intocada, distante e isolada.
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Os povos indígenas estão nas cidades, ruas, avenidas, debaixo das pontes,
asilos decadentes, periferias do Brasil e em vários países da América. Mendigam o
direito à existência. A sua volta, uma sociedade fria, preconceituosa, capitalista que
vulgarizou e banalizou a maioria dos valores éticos, morais e humanos. O capital
bestializou as pessoas, possivelmente nunca tivemos na historia de toda
humanidade gente tão desumana e arredia ao semelhante como na atualidade.
Em quase todos os municípios de Rondônia existem remanescentes de
tribos indígenas. Eles insistem em um combate pela sobrevivência, pelo direito de
existir, de ser e viver sua cultura. E todos nós, os não índios, seguimos indiferentes
a essa realidade, trancados em nosso mundinho de consumo, como zumbis que
querem comer tudo que está a sua volta; sem importar com coisas como o passado,
a história, a cultura e a arte, sem preocupação com as relações afetivas profundas e
sensíveis.
O ser humano nunca viveu tantas frustrações, depressões, tristezas e tédio
como na atualidade, na chamada modernidade. Olhemos ao nosso redor, nossos
filhos e amigos, a juventude, a adolescência, até a terceira idade, hoje chamada de
melhor idade, vivemos um profundo vazio; carentes de amor, espiritualidade,
esperança e coletividade. O medo tomou conta das pessoas. Não encontramos mais
prazer e paz de espírito, sempre achamos que o outro quer tomar alguma coisa da
gente.
As pessoas com seus grandes egos tornaram-se incapazes de
compartilhar, de se relacionar fraternalmente. Elas atuam socialmente para mostrar
suas posses, desde um sapato ao carro de última geração. Estamos há muito tempo
nos medindo pela régua do consumo.
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O Brasil foi descoberto pelo navegante Espanhol Vicente Yanes Pinzon. Ele
visitou o Brasil antes de Pedro Álvares Cabral, mais como as terras pertenciam a
Portugal por determinação do Tratado de Tordesilhas 1494, os livros de história
consideraram a viagem de Cabral como a “Descobridora do Brasil”.
Historiadores têm fortalecido a tese de que Pinzon, que era espanhol,
descobriu o Brasil. E Cabral o conquistou em nome da Coroa Portuguesa. Essa tese
parece ser a mais coerente e politizada.
A Amazônia e seus majestosos rios foram a porta de entrada para os
europeus que buscavam através da navegação, a possibilidade de encontrar grandes
riquezas.
O norte do Brasil foi ocupado e colonizado no período colonial pelos
portugueses em função da facilidade oferecida por seus rios em sua penetração.
Porém, a região foi visitada por várias expedições espanholas que buscavam
encontrar o ouro tão divulgado pelas lendas. A mais conhecida delas, a lenda do El
Dorado.
Conta uma antiga lenda que bem distante, no interior da floresta, existia um
reino onde seus palácios, casas e ruas eram construídas e adornadas com ouro.
Todos os dias ao amanhecer, o rei, chamado El Dorado, que significa:
“aquele que é encoberto de ouro”, tomava um banho com óleos perfumados e
naturais, sobre seu corpo um grupo de guerreiras lindas, jovens e virgens soprava
uma fina camada de ouro em pó, de forma que toda a sua pele ficava revestida do
precioso metal.
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Após esse preparo, o mesmo, acompanhado pelas lindas jovens passeava
em seu reino, visitando os templos, as obras públicas que eram todas feitas de ouro
e adornadas com pedras preciosas, aproveitava também para cumprimentar os seus
súditos.
Ao fim da tarde se encaminhava para um belo lago de águas transparentes
onde se banhava, deixando lá no fundo todo o ouro que encobria o seu corpo.
Muitas expedições buscaram esse reino fantástico sem nunca encontrá-lo.
O que moveu verdadeiramente a economia colonial amazônica foi a busca,
exploração e coleta das drogas do sertão, que eram as especiarias regionais, como;
Cacau, Castanha do Pará, Canela, Urucum, Guaraná, Salsa Parrilha e demais
produtos que serviam a culinária, a indústria farmacêutica e perfumaria.
Entre os aventureiros que comandaram as primeiras expedições, podemos
citar: Francisco de Orellana, intrépido navegador espanhol, credita-se a ele o
descobrimento do grande rio Amazonas, por ele navegado, desde a nascente nos
Andes, entre os anos de 1540 e 1541.
A expedição de Gonzalo Pizarro, nascido em Trujillo, Espanha, em 1502,que
faleceu em Jaquijaguana, atual Peru, participou da conquista do Império Inca junto
com seu irmão Francisco Pizarro, que o nomeou governador de Quito. Organizou
uma grande expedição para explorar o mítico país das canelas. Durante a conquista,
Gonzalo se destacou como um dos mais corruptos, brutais e cruéis conquistadores
do Novo Mundo, sendo muito menos contido contra os nativos e os incas que seus
outros irmãos.
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Ainda entre as expedições, gostaria de lembrar de Pedro de Ursua,
Fernando Gusman e Lope de Aguirre.
Vamos reproduzir um relato, extraído do livro “Breve História do
Amazonas” Pág. 24 e 25, do Historiador Marcio Souza, que conta como foi a
expedição de Gonzalo Pizarro.
Em fevereiro de 1541, Gonzalo Pizarro partiu de Quito, conduzindo 220
cavaleiros armados e encouraçados, milhares de lhamas para transporte de
alimentos, 2000 porcos, 2000 cães que os espanhóis atiçavam contra os índios,
dando origem a expressão “atirar aos cães”, largamente utilizada ainda hoje. A tropa
era também reforçada por 4.000 índios da montanha, condenados a morrer no clima
úmido e calorento da selva.
Francisco Orellana, que estava em Guaiaquil, chega depois da partida da
expedição, exausto quase sem dinheiro, devido aos gastos para equipar seus 23
seguidores. Assim mesmo, embora com pouca comida e ignorando as advertências
das autoridades de Quito, Orellana segue em busca de seu líder, sobrevivendo aos
ataques de índios e logrando alcançar a tropa quando já estava quase passando
fome. Orellana e seus seguidores estavam sem nada, apenas com suas armas, mas
foram recebidos com alegria por Gonzalo, que deu a Orellana o título de comandante
geral das forças combinadas.
Desde as primeiras semanas, a expedição sofre pesadas baixas. Em menos
de quinze dias, mais de 100 índios já tinham morrido de frio e de maus tratos. Mas,
quando entraram na selva, as coisas ficaram ainda piores. Chovia muito e a água
enferrujava os equipamentos e limitava a visibilidade. O terreno era pantanoso, com
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lama e muitos rios para atravessar. Cavalgar num terreno como esse era impossível,
o que fragilizava os espanhóis.
Quando as condições realmente se tornaram difíceis, Pizarro decidiu
avançar com oitenta espanhóis a pé. Caminharam durante dois meses, com algumas
baixas, e encontraram árvores de canela, mas tão afastadas umas das outras que
não forneciam interesse econômico. Ao encontrar índios, Pizarro perguntava onde
ficavam os vales e as planícies, mas esta era uma informação que ninguém sabia
dar. Invariavelmente Pizarro atiçava seus cães contra os índios ou matava um por
um com requintes de crueldade.
Finalmente, depois de muitas privações, Pizarro decidiu voltar. Mas
encontraram uma tribo que lhes falou de um reino poderoso, muito rico, que existia
mais abaixo do rio. Esta era uma história que qualquer um teria inventado para se
ver livre daqueles arrogantes visitantes, mas os índios não contavam com a
brutalidade de Pizarro. O chefe da tribo foi feito prisioneiro, e os que resistiram
foram trucidados a tiros de arcabuz.
Quase dez meses depois, eles ainda estavam no rio Napo, tinham perdido
praticamente todos os índios trazidos de Quinto e comido quase todos os porcos.
Pizarro não tinha muitas opções e a mais razoável teria sido voltar. Mas os
espanhóis não estavam no Novo Mundo para praticar a cautela e o senso comum.
Por isso, quando Orellana se ofereceu para embarcar no bergantim e descer o rio em
busca de comida, Pizarro aceitou, mas advertindo-o que deveria regressar em menos
de quinze dias.
O bergantim foi carregado com as armas de fogo, toda a carga pesada e um
pouco de comida. Orellana ia comandar sessenta homens, inclusive um cronista, frei
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Gaspar de Carvajal, conterrâneo de Orellana e Pizarro, que tinha vindo ao Peru para
estabelecer o primeiro convento dominicano no país.
Foi Pinzon quem batizou o atual rio Amazonas com o seu primeiro nome,
Santa Maria de Mar Dulce, Santa Maria de Mar Doce, se tornando o primeiro europeu
a navegar no grande rio.
Os índios chamavam o grande rio de “Pará Açu”, que significa grande lago.
Os viajantes citados não desenvolveram uma política de ocupação da
Amazônia Brasileira. A ocupação e colonização do Brasil só vão acontecer a partir
da expedição colonizadora de Martim Afonso de Souza em 1530.
A ocupação efetiva de nossa região amazônica vai ocorrer somente a partir
do século XVII. Primeiro teremos a ocupação do litoral nordestino, e mais tarde a
ocupação do interior do Brasil, quando os bandeirantes, droguistas e aventureiros
buscaram as riquezas existentes no interior. Riquezas como as drogas do sertão,
índios para serem vendidos como escravos e os metais preciosos como o ouro e
outras pedras valiosas.
Dois caminhos distintos foram utilizados na conquista do espaço
amazônico. Um via o Grão Pará, que teve como motivação a expulsão dos franceses
em 1614, eles haviam ocupado o Maranhão, que fazia parte do território, se tornando
uma grande ameaça aos interesses Portugueses. Na entrada do grande rio foi
construído o Forte do Presépio em 1616, com o objetivo de impedir o avanço dos
inimigos.
O outro caminho na colonização do interior do Brasil, partia da Capitania de
São Paulo, através do rio Tietê , rumo às possibilidades de riquezas, nesse sentido,
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após encontrarem grandes jazidas auríferas nas Minas Gerais, os bandeirantes
atingiram a região que denominaram mais tarde de Mato Grosso.
Podemos citar um vasto número de sertanistas que em muito contribuíram
com o alargamento das fronteiras da colônia Portuguesa, como: Pedro Teixeira, que
navegou do oceano Atlântico até os Andes, foi um feito notável, como resultado
dessa expedição, podemos afirmar que Pedro Teixeira nos presenteou com o
território que temos hoje. Por onde passou firmou as posses Portuguesas.
Raposo Tavares é o mais conhecido entre os bandeirantes de nossa história,
sua bandeira percorreu uma área impressionante em meados do século dezessete.
Ele e seus comandados saíram da Capitania de São Paulo rumaram para o Sul,
depois subiram até o Mato Grosso atingindo o rio Guaporé, passaram pelo Mamoré,
Madeira e Amazonas até atingirem o oceano atlântico.
Credita-se a ele o nome do maior rio da margem esquerda do Amazonas,
anteriormente chamado de Kayary, pelos povos que milenarmente ocupavam suas
margens, ele mudou o nome para “Rio da Madeira”, ficou simplificado para “Rio
Madeira”. É uma pena que o novo nome tenha se popularizado, Kayary, é muito mais
bonito, significa: rio que me ama, uma referência ao fato de ser um dos rios mais
ricos em biodiversidade do planeta.
Outra bandeira que marca essas paragens é a bandeira de Francisco de
Melo Palheta, este, saiu de Belém do Pará rumo ao Mato Grosso na primeira metade
do século XVIII. Atingiu a Chapada dos Pareci, subindo o rio Amazonas, as
corredeiras dos rios Madeira e Mamoré, chegou ao Vale do Guaporé sempre
defendendo os interesses portugueses na região.
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Uma informação interessante sobre este bandeirante, foi ele quem
introduziu as primeiras mudas de café no Brasil.
No século XVIII os bandeirantes encontraram em uma localidade que mais
tarde foi batizada de Vila Real de Bom Jesus de Cuiabá. Um dos primeiros a explorar
as novas minas foi Miguel Subtil. Logo depois, mais ao interior da colônia, nas
margens do rio Guaporé, os irmãos Arthur e Fernando Paes de Barros encontraram
novas minas.
Com essas descobertas a região começou a se tornar importante. A coroa
portuguesa vai direcionar toda uma política de ocupação e conquista com a intenção
de assegurar as terras e as minas para seu controle. Para tanto, será travado uma
intensa disputa com os Espanhóis que em função do Tratado de Tordesilhas, se
achavam os verdadeiros proprietários da região.
O rio Guaporé será um motivo de preocupação. Possibilitava a atividade do
contrabando por parte de espanhóis e portugueses. A coroa Portuguesa vai atuar de
forma a controlar e até proibir a sua navegação com o objetivo de combater os
infratores.
Uma tarefa fundamental para a conquista do território foi a sua ocupação.
Acompanhada pela fundação de povoados foi criada a localidade de Pouso Alegre,
mais tarde elevado à condição de Vila e mudou o nome para Vila Bela da Santíssima
Trindade. Os espanhóis por sua vez fundaram Santa Rosa na margem direita do
Guaporé. A disputa territorial foi intensa entre portugueses e espanhóis. Após
muitos conflitos e entraves, essa disputa foi vencida pelos lusitanos.
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Os Espanhóis acabaram por ocupar a margem esquerda do rio Guaporé
originando o território que mais tarde se transformaria em nosso país vizinho a
Bolívia.
Como veremos, as disputas tiveram duas frentes distintas, os acordos
diplomáticos e as ações bélicas, em ambas as frentes, os Portugueses tiveram mais
sucesso.
A Coroa Lusitana conseguiu a aprovação do Tratado de Madri em 1750.
Com a afirmativa da tese do “Uti Possidetis de Factum”, tese oriunda do código
romano que significa: “Tem direito, quem tem a posse”, assim o caminho ficou
completamente aberto para os interesses lusitanos na região.
Um personagem brasileiro nascido na capitania de São Paulo se destacou
na redação e aprovação deste importante tratado fronteiriço, que abre as portas para
a definitiva posse portuguesa de toda a região Guaporeana, Alexandre de Gusmão.
Foi destacado para governar a região o fidalgo português Dom Antônio
Rolim de Moura Tavares. Sendo acompanhado por um seleto grupo de profissionais
altamente qualificados, pois se tratava de ocupar e conquistar uma região
extremamente isolada, desprovida de qualquer infra-estrutura. A região Guaporeana
era uma das mais inóspitas localidades do planeta.
Antônio Rolim de Moura Tavares foi nomeado o primeiro Governador
General da Capitania do Mato Grosso, fundada em 1748.
Antes dele, a região estava sobre os cuidados do fidalgo português Antônio
Gomes Freire de Andrade que governava a Capitania do Rio de Janeiro.
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A primeira capital do Mato Grosso foi oficializada no ano de 1752 nas
margens do rio Guaporé bem próximo da fronteira com o território Espanhol, Vila
Bela da Santíssima Trindade. A instalação próxima do território Espanhol tinha o
objetivo de tornar claras as intenções lusitanas no que diz respeito à ocupação e
posse da região.
Rolim de Moura monta e equipa seus exércitos de forma a dar combate
tanto em água quanto em terra aos inimigos espanhóis que também se interessavam
pela região mato-grossense e suas riquezas minerais. Dentro de seu exército, ele
cria um grupamento de pedestres. com homens pobres maltrapilhos, porém livres
para combate.
Ainda dentro da estratégia de defesa do território, se aplica uma política de
ocupação com a construção de fortes, organização de exércitos regulares e
formação de novos povoados, sempre na margem direita do rio Guaporé.
Outros tratados de fronteiras foram assinados com o objetivo de se
resolver os litígios entre as duas coroas na América do Sul. Tratado de El Pardo
1761, esse novo acordo desmonta o Tratado de Madri, apimentando ainda mais a
disputa territorial no Vale do Guaporé. Em 1777 é assinado o Tratado de Santo
Idelfonso, que procurou resolver os problemas do Sul do Brasil, Sacramento e Sete
Povos das Missões. Mais uma vez a porta se abria para novas negociações, e em
1801 o último tratado é assinado, Tratado de Badajós, pondo fim aos litígios entre as
duas nações Ibéricas.
Antônio Rolim de Moura Tavares, que assumiu as primeiras tarefas no que
diz respeito à Capitania do Matogrosso, abriu as portas no processo de colonização.
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Provavelmente teve que enfrentar as maiores dificuldades em função de tudo estar
por ser feito. Ele concluiu com sucesso sua missão, depois foi transferido para a
Capitania da Bahia, se tornando o Vice Rei do Brasil, recebendo ainda o título de
Conde de Azambuja.
A SOCIEDADE GUAPOREANA.
A Sociedade Guaporeana antes de tudo, era uma sociedade colonial com
todas as características pertinentes ao sistema que vigorou no Brasil até 1822.
Patriarcal, Escravocrata, Latifundiária, Cristã, com uma economia baseada na
monocultura e completamente voltada aos interesses da Coroa Portuguesa.
A composição social se formou a partir dos elementos portugueses, índios,
negros e espanhóis, que se misturou um pouco mais tarde. Devemos destacar no
contexto social a presença do povo negro e índio no Guaporé. O negro foi
fundamental para o trabalho nas minas que eram chamadas de “Campos Dourados
do Mato Grosso”. A mineração foi a principal atividade econômica no período
colonial. Os índios que em sua maioria eram livres, foram catequizados pelos
jesuítas, atuavam nas lavouras de subsistência, na pecuária e coleta das Drogas do
Sertão; atividades complementares que se desenvolveram na região. Existiam índios
escravizados, mas eram minoria, pois a lógica colonial era a da catequização dos
povos indígenas.
No topo da sociedade estavam os governantes portugueses que dirigiam o
empreendimento da coroa na região. Eles ocupavam os altos cargos administrativos,
eclesiásticos e militares, impunham as leis ditando as normas sociais.
Os jesuítas ocupavam um espaço social de prestígio pois a sociedade era
cristã e bastante submissa às regras católicas. Mais tarde, na segunda metade do
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século XVIII, com as ações do Marquês de Pombal os jesuítas perderam espaço na
sociedade.
Um pouco abaixo vinham os bandeirantes, proprietários das minas. Eram
muito explorados, mais gozavam de prestígio, pois possuíam alguma riqueza em
terras e ouro. Eram os pagadores de impostos para a coroa, muito rudes, atuavam
com brutalidade oprimindo principalmente os escravos e os índios.
Depois dos bandeirantes vinham os índios, que livres trabalhavam nas
atividades complementares como na agricultura, pecuária e coleta das drogas do
sertão, apesar de não possuírem salário, recebiam uma “certa proteção” da igreja
católica que detinha os lucros de seu trabalho.
Por último estavam os negros, e para eles os restos dessa sociedade,
quando algo sobrava.
A escravidão é o pior dos regimes já praticados na humanidade. Sujou
profundamente nossa história, e no Vale do Guaporé as coisas não foram diferentes,
o tronco, a chibata e instrumentos de tortura eram comumente utilizados para punir
os negros que não se enquadrassem ao sistema medonho da escravidão.
Os escravos lutaram muito contra as atrocidades cometidas no período
colonial. Como o trabalho nas minas do Guaporé era escravo, não foi diferente, eles
organizaram vários quilombos onde o de maior destaque foi o Quilombo do Piolho,
ou Quariterê.
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Nas lutas travadas pelos escravos, devemos destacar a atuação de Tereza
de Benguela. Com a morte do seu marido o José piolho, foi ela quem deu
continuidade às lutas contra a opressão branca.
A CONSTRUÇÃO DO REAL FORTE PRÍNCIPE DA BEIRA.
O Real Forte Príncipe da Beira foi construído no Governo de Luis de
Albuquerque Melo Pereira e Cáceres, que esteve à frente da Capitania do Mato
Grosso entre os anos de 1772 a 1788, recebeu a autorização de Sebastião José de
Carvalho o Marquês de Pombal, primeiro ministro da corte de Dom José I, rei de
Portugal.
Sua construção apesar do consentimento da coroa Portuguesa, deve ser
vista como o resultado da bravura de trabalhadores que sem as mínimas condições
humanas superaram as dificuldades extremas e ergueram a grande muralha no Vale
do Guaporé.
A era pombalina, como ficou conhecido o período em que a corte
portuguesa ficou sob o comando do Marquês de Pombal, marcou profundamente o
Brasil e a Amazônia, não só pelo fato de se construir o forte no Guaporé, mais em
função de uma série de medidas políticas administrativas aplicadas na região,
primeiro a expulsão dos jesuítas com o objetivo de se combater o intenso
contrabando de ouro e outras riquezas, pois boa parte do que se produzia era
destinado pelos jesuítas ao vaticano.
Também, a montagem de um rígido sistema fiscal que visava aumentar a
receita portuguesa que sentia a diminuição da arrecadação em função do
esgotamento das minas no Brasil, e a criação da Companhia de Comércio do Grão
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Pará e Maranhão, que seria um instrumento organizador de toda a economia
regional.
A construção do forte era fundamental para garantir as intenções
portuguesas no espaço Guaporeano, fazia parte de um amplo plano de consolidação
da política portuguesa no extremo oeste da colônia, a medida possuía o objetivo de
acabar com qualquer intenção espanhola de invadir, ocupar ou disputar as terras
das margens direita do rio Guaporé, a construção se iniciou no ano de 1776 e foi
terminada sem a devida conclusão no ano de 1783.
O Forte é o mais antigo monumento histórico do Estado de Rondônia, o seu
primeiro engenheiro, Domingos Sambucet faleceu vítima da malária, foi substituído
pelo Capitão Engenheiro Ricardo Franco de Almeida Serra, que já havia atuado na
construção do forte de Coimbra na divisa do Mato Grosso com o Paraguai.
Forte de Coimbra, outra obra portuguesa de extrema importância, ficam
claras as intenções lusas em relação ao território do Mato Grosso.
Ricardo Franco de Almeida Serra, com um extenso currículo de serviços
prestados à coroa portuguesa e ao Brasil, produziu o mapeamento de extensas
regiões além das obras de engenharia.
As edificações do Real Forte Príncipe da Beira foram erguidas em uma
localidade altamente estratégica, de forma a possibilitar a defesa, proteção e
segurança da extensa fronteira existente entre as terras portuguesas e espanholas.
Seus cinqüenta e quatro canhões colocados no alto de suas muralhas,
intimidaram os adversários ao ponto de não se tornar necessário um único tiro
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contra o inimigo, pois, sem poder de fogo equivalente os espanhóis desistiram e
após a construção do forte, não tentaram mais invadir o território Português.
Centenas de escravos foram utilizados em sua construção, a maioria era
composta por negros, mas também existe o registro do trabalho escravo indígena e
artífices brancos, que eram minoria entre os trabalhadores.
O Forte foi transformado em presídio e abandonado mais tarde com o fim
do império, sendo saqueado por aventureiros de toda sorte, foi completamente
tomado pela floresta. No inicio do século XX, as ruínas foram encontradas pelo
Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, que lutou pelo seu tombamento e
preservação.
O primeiro comandante do Forte foi o Capitão de Dragões José Mello de
Souza Castro e Vilhena, oficial português.
A CRISE DA SOCIEDADE AURÍFERA DO VALE DO GUAPORÉ.
Na segunda metade do século XVIII, a Sociedade Mineradora do Vale do
Guaporé entrou em crise, à medida que as minas foram se esgotando, como a
região era extremamente inóspita, e não se desenvolvera uma outra atividade
econômica que pudesse compensar os sacrifícios, a região foi sendo abandonada
lentamente, ficaram somente os escravos negros que haviam fugido, e os índios que
habitavam a região.
Vila Bela da Santíssima Trindade foi abandonada e um pouco mais tarde,
em 1825, Bom Jesus de Cuiabá foi elevado a condição de Capital do Mato Grosso.
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Os espanhóis também perderam o interesse pela região, pois o ouro
valorizava o território e sem ele não havia mais a motivação para sua disputa. O ouro
(já não era mais encontrado) já não estava mais a disposição como em outros
tempos.
As comunidades remanescentes do Vale do Guaporé, ainda sofreram
alguma perseguição, mas, com o tempo vão se estabelecendo na região, originando
uma sociedade de paz e harmonia com o meio ambiente.
Vila Bela da Santíssima Trindade se constitui como um excelente ponto de
descanso e turismo, possui uma paisagem linda, ainda desconhecida da maioria das
pessoas, são mais de cinqüenta belas cachoeiras que despencam da Chapada dos
Parecis, o parque Ricardo Franco de Almeida Serra proporciona um belíssimo
contato com a exuberante natureza que mistura características amazônicas com o
pantanal mato-grossense.
O rio Guaporé, que margeia boa parte da região, possibilita ao visitante um
rico encontro com animais, principalmente as aves, que promovem grandes
espetáculos quando em revoadas agitando as árvores fazendo muito barulho.
Outro atrativo da localidade é o próprio povo, descendente dos antigos
quilombolas, que promovem uma recepção maravilhosa aos visitantes,
demonstrando uma preocupação preservacionista de seu patrimônio histórico
incomum no Brasil, como o Palácio Rolim de Moura que abriga o museu e as ruínas
da antiga catedral, ambas localizadas numa praça no centro da cidade.
Após a mineração no Vale do Guaporé, teremos novas atividades econômicas
surgindo. A Amazônia vai despertando cada vez mais o interesse da comunidade
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internacional. A região será visitada por uma série de estudiosos. Vamos conhecer
alguns cientistas que passaram e promoveram estudos sobre a Amazônia.
O I CICLO DA BORRACHA.
Após a independência do Brasil ocorrida no sete de setembro de 1822,
teremos o surgimento de uma nova atividade econômica na Amazônia, o I Ciclo da
Borracha, entre os anos de 1870 e 1912. Neste período a Amazônia passou a fazer
parte do cenário econômico mundial com muito mais contundência, pois com o
desenvolvimento da indústria internacional no que se convencionou chamar de II
Revolução Industrial, ocorrido em meados do século XIX, a borracha, Hevea
brasiliensis, passou a ter uma importância maior, por se tratar de uma matéria prima
de grande utilidade para a nova indústria que surgia.
Na Segunda Revolução Industrial apareceram novas formas de
combustíveis que vieram a substituir o carvão. Foram inventados também o
automóvel, o motor a combustão, o telefone, a lâmpada elétrica e descoberto o
petróleo, que terá um papel cada vez mais importante no cenário econômico
internacional.
As grandes potências econômicas vão atuar nesta parte do planeta com
muita força, interessadas nesta grande matéria prima encontrada aqui com muita
facilidade: a borracha.
Os governos Brasileiros estavam completamente voltados para os
interesses dos cafeicultores do sudeste, pois o principal produto, carro chefe da
economia brasileira no período, era o café. Tanto os governantes do II Reinado, 1940
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– 1989, quanto os da república velha, 1889 - 1930 tinham seus olhos fechados para
as demais regiões Brasileiras. Poucas foram as ações desses governos para as
demais regiões.
Para que ocorresse a busca pela Hevea brasiliensis, pesquisas e estudos
foram desenvolvidos, e se destacaram entre os estudiosos:
Charles Goodyear, inventor norte-americano nascido em New Haven, Conn, criador
do processo de vulcanização da borracha (1839) que popularizou o uso comercial
desse material. Começou a carreira dele como um sócio do pai, mas o negócio faliu
(1830). Ele ficou interessado então em descobrir um método de tratar a borracha da
Índia, de forma que ela perdesse sua adesividade e suscetibilidade. Procurou ampliar
o campo de aplicação da borracha misturando-a com outras substâncias.
Robert Koch, se utilizou da hevea brasiliensis em vários experimentos,
praticamente abandonou o consultório para cultivar bacilos e inocular em ratos.
Descobriu como colori-los, para ficarem bem visíveis e convencíveis, fotografando os
da febre traumática, erisipela, tétano, gangrena, cólera e tuberculose. No mesmo ano,
a vulcanização da borracha permite a produção de preservativos eficientes, práticos,
baratos e não volumosos como as tripas de carneiro usadas até então. Uma
verdadeira revolução sexual será mais tarde desencadeada, devido à facilidade do
sexo seguro. A Amazônia estava completamente aberta aos interesses imperialistas
internacionais. É nesta conjuntura em meio a vastos seringais que surgem: Porto
Velho, Vila Murtinho e Guajará Mirim, que serão estudados um pouco mais adiante.
A região que possuía os melhores seringais na Amazônia, era o “Aquiri”
(atualmente o Estado do Acre) localizado na Bolívia. Situada entre os Andes
Bolivianos, grandes cadeias de montanhas que separam o oceano pacifico do
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oceano atlântico e corta de fora a fora toda América do Sul, e as cachoeiras do rio
Madeira.
A Bolívia possuía então, uma região extremamente rica em borracha, porém
isolada, sem contato com oceanos, de um lado montanhas, do outro, grandes Rios e
suas cachoeiras impedindo o transporte de um produto tão importante naquele
momento.
A busca para sair desse isolamento geográfico, levou os nossos irmãos
Bolivianos a estudarem soluções que pudessem resolver o problema e transportar
seus produtos. As idéias começaram a surgir, entre elas a construção de uma
hidrovia. Para tal seriam dinamitadas as cachoeiras existentes nos Rios Madeira e
Mamoré. Este projeto foi abandonado e em seu lugar veio a idéia de se construir uma
ferrovia.
O Coronel do Exército Americano, Vice Presidente da Real Sociedade
Geográfica de Londres, George Earl Church, que havia combatido na guerra da
secessão, e desenvolvido vários trabalhos na América do Sul, principalmente na
Argentina e nos Andes, foi apresentado pelo presidente do México, Benito Juárez ao
General Boliviano Quentin Quevedo. O encontro entre os dois gerou a aproximação
do Coronel Church ao governo Boliviano.
Desse encontro, surgiram idéias que pudessem resolver o problema do
isolamento boliviano, construindo um grande empreendimento comercial na
Amazônia, primeiro através da construção de uma hidrovia, onde seria feito a
canalização da parte encachoeirada do rio Mamoré e Madeira. Mais tarde surgiu uma
nova opção: a construção de uma ferrovia, idéia que estava na moda. O mundo
inteiro estava construindo ferrovias. Essa opção ganhou força e foi adotada pelos
interessados, ficando a canalização do rio para trás.
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Neste grande empreendimento, se destacaria então, uma ferrovia. O
coronel Church vai atuar como o principal agente motivador dessa fantástica obra,
que seria erguida em meio a mais selvagem floresta tropical do mundo.
A CONSTRUÇÃO DA ESTRADA DE FERRO MADEIRA-MAMORÉ.
O Coronel Church conseguiu a autorização do Governo de Dom Pedro II
para que a obra fosse construída em solo Brasileiro. A exigência de nosso Imperador
era que a ferrovia se chamasse Estrada de Ferro Madeira Mamoré.
Após iniciativas preliminares, o Coronel Church buscou os agentes
financiadores em Londres, capital da Inglaterra e uma empreiteira também Inglesa foi
contratada, a Public Works.
A empresa inglesa Public Works se deslocou para a Amazônia em 1872,
chegando em Santo Antônio das Cachoeiras não conseguiu assentar um único
dormente. Frustrada, acabou se retirando em meio a um clima de espanto e
assombro, pois a região era dominada pelo calor escaldante e a malária que atingia a
todos gerando um grande número de doentes, inválidos e mortos.
Toneladas de equipamentos foram abandonadas na localidade. Com essa
primeira tentativa de construção da ferrovia se iniciava a história do Porto Maldito
que a todos afrontava com sua natureza inóspita.
O Coronel George Hearl Church diante do problema gerado pelo malogro
da empresa inglesa, contrata a firma norte-americana Dorsay & Caldwell. A nova
empresa prometeu construir os primeiros 15 quilômetros da ferrovia sem receber
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pagamento por isso, pois usariam o material deixado em Santo Antônio pela
empresa anterior. Não chegaram nem a montar acampamento em Santo Antônio.
Mais uma vez o coronel do exército Americano busca resolver o problema,
ele promove negociações com uma outra empresa em 1875. Era a inglesa Reed Bros.
& Co, que adquiriu a concessão da Dorsay & Caldwel que simplesmente não se
interessou pela obra, (vide Manoel Rodrigues Ferreira), pois o lugar onde a mesma
seria construída espantava a todos em função do amontoado de problemas
oferecidos aos aventureiros construtores de ferrovia.
O Coronel Church, demonstrando uma insistência fora do normal não se
abatera apesar dos problemas obtidos com as empresas envolvidas até então no
projeto. Rumou para o seu país, os Estados Unidos da América, lá, convenceu a uma
outra empresa, que também era uma das grandes construtoras de ferrovias dos
Estados Unidos da América a investir no projeto da Madeira Mamoré. Tratava-se da
empresa P.T. Collins.
Antes mesmo do inicio dos trabalhos, a tragédia surge como se estivesse
alertando os invasores para não se aventurarem no desconhecido universo das
florestas do Amazonas e alto rio Madeira, repleta de lendas, mitos e histórias
fantásticas que intencionam espantar os incrédulos que desprezam seus mistérios e
atentam contra seus valores e tradições.
Dois grandes navios zarparam da América do Norte, o “Mercedita” que saiu
de Willow Street às 13:00 horas do dia 2 de janeiro de 1878 e chegou a Santo Antônio
das Cachoeiras no dia 19 de fevereiro de 1878. Alguns operários já haviam contraído
a malária nos portos de Belém e Manaus. Um outro navio que também rumava para
Santo Antonio das Cachoeiras teve um destino trágico, o “Metrópolis”, naufragou na
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costa da Carolina do Norte em meio a uma terrível tempestade onde setecentas
toneladas de equipamentos se perderam, ele ainda carregava mais de 246 pessoas,
das quais oitenta vieram a falecer. Triste realidade para pessoas que se destinavam à
grande aventura nas profundezas escuras das selvas beiradeiras do Madeira.
A determinação humana, porém, não conhece limites. Os homens
estipularam uma marca a ser alcançada, Guajará Mirim, a última das cachoeiras, o
troféu a ser conquistado e por mais difícil que fosse esse objetivo, ele seria buscado
e conquistado.
O inicio era Santo Antônio das Cachoeiras que mais uma vez recebia
visitantes que possuíam o objetivo de cortar a floresta em nome da modernidade, da
economia mundial e da borracha. Mais uma tentativa seria feita com o objetivo de
vencer a mata fechada, seus rios, lagos e pântanos desconhecidos. Os homens
tentam mais uma vez rasgar a fronteira final, o mais distante rincão no extremo oeste
brasileiro no inicio do ano de 1878. Apesar das experiências passadas, um clima de
aventura se instala junto à nova empresa, que pretende montar uma grande estrutura
para dar cabo de tão difícil missão.
Estava em curso a primeira grande obra dos Estados Unidos fora de seu
território, era como se estivessem repetindo a epopéia americana de conquista do
oeste selvagem, mais agora, a região era outra, completamente desconhecida e
inóspita. A obra na obscura floresta era motivo de orgulho e honra para a jovem
nação que pretendia assumir a liderança na economia e política mundial.
Um grupo composto por engenheiros, e centenas de operários foi se
alojando sobre as barrancas do Rio Madeira, vieram em busca da localidade de
Santo Antônio das Cachoeiras, onde iniciariam as obras da Madeira Mamoré. De
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imediato, foram atacados por insetos de toda natureza: suvelas, piuns, mosquito
mutucas, formigas estranhas como a Jiquitaia e a terrível Tucandeira, borrachudos e
carapanãs de toda a sorte, aranhas e outros insetos completamente desconhecidos
alguns operários já se apresentavam febris, outros com diarréias, estavam
impossibilitados de trabalharem.
Foram muitas as mortes. O objetivo de se construir mais de trinta
quilômetros de trilhos não foi conquistado. Desses, somente três mil e oitocentos
metros foram assentados, após oito meses de fatigante trabalho.
A primeira parte da expedição; como nos conta Neville Craig, (tradução)
São Paulo 1947; em sua obra: Estrada de Ferro Madeira Mamoré, chegou em Santo
Antônio, pelo vapor Arari, e após 117 dias de trabalhos, foram assentados 3.800
metros de vias permanentes, sobre os quais estavam prontas para trafegar uma
locomotiva e uma gôndola.
No dia quatro de Julho de 1878 foi feita uma solenidade para inauguração
dos três mil e oitocentos metros de ferrovia, em meio a tantos problemas, era uma
tentativa para se revigorar a coragem nos operários que abatidos pelas imensas
dificuldades, não possuíam mais qualquer expectativa positiva sobre a obra.
Foi um dos poucos momentos “festivos”, uma alegria amarela, fúnebre
tomava conta dos rostos abatidos. Realizaram uma pequena cerimônia dando inicio
ao ato de inauguração dos primeiros quilômetros de trilhos. É possível que tenham
cantado o hino Americano e homenageado os mortos. Embarcaram na pequena
locomotiva e para espanto e desespero de todos, em mais um momento em que a
história parece querer marcar a vida humana para toda a eternidade, onde os
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espíritos da floresta pareciam convencidos da natureza nociva do empreendimento,
mais uma vez se manifestaram com o objetivo de amaldiçoar os homens e suas
coisas. Foram claros e diretos em seu recado. Aquela pequena locomotiva, símbolo
do homem, sua tecnologia e civilização, tombou na primeira curva de forma
impressionante, abatendo definitivamente qualquer ânimo que ainda pudesse existir
entre os que ousaram superar limites e condições para o qual jamais estiveram
preparados em suas vidas.
Um profundo desespero tomou conta de todos, não houve mais como ficar
no canteiro de obras do Porto de Santo Antônio das Cachoeiras, retiraram-se no dia
19.08.1879, e mais uma vez se difunde no exterior a idéia, “nem com todo o dinheiro
do mundo, e metade de sua população se construiria em Santo Antônio a Ferrovia
Madeira-Mamoré”.
Com tantos problemas, a construção da ferrovia fora suspensa, no dia 19
de agosto de 1879. A região continuou habitada por seringueiros e seringalistas,
pois a borracha a cada momento se tornava mais valorizada no cenário
internacional. Grandes levas de nordestinos são recrutados pelos Coronéis de
Barranco.
Neste meio tempo, duas comissões são enviadas para estudarem o trecho
encachoeirado dos Rios Madeira e Mamoré, pois o Governo Brasileiro que tinha a
sua frente o Imperador Dom Pedro II, começa a ter alguma preocupação com a
região, pois as informações acerca da localidade são as piores possíveis.
Foram encaminhadas as comissões dos engenheiros Carlos Morsing em
1883 e a comissão Pinkas em 1884, com o objetivo de se desenvolver amplos
estudos topográficos para saber da viabilidade de construção da ferrovia.
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As obras da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, somente serão retomadas
mais tarde após o Tratado de Petrópolis em 1903.
O TRATADO DE AYACUCHO E PETRÓPOLIS.
Ao estudarmos o Primeiro Ciclo da Borracha, dois tratados destacam-se:
Tratado de Ayacucho assinado em 1867 e o Tratado de Petrópolis 1903. Ambos
surgem como iniciativas diplomáticas que objetivam contornar os litígios existentes
nesta longínqua região que se tornara alvo dos interesses internacionais em função
de seus ricos e vastos seringais.
O Tratado de Ayacucho 1867, conhecido também como Munhoz Neto, foi
promovido dentro do contexto da Guerra do Paraguai 1864-1870. O Brasil em função
da conjuntura da guerra, precisava se aproximar da Bolívia, o que ocorreu quando da
aprovação deste tratado de navegação, amizade, limites, fronteiras e extradição. A
Bolívia concedia também um vasto território que percorre a margem esquerda do rio
Madeira entre Calama, povoado de Humaitá até a sua nascente em Vila Murtinho.
Antes do tratado a margem esquerda referente ao trecho citado no rio Madeira era
então boliviana.
Uma outra questão importante também no tratado, era que já se negociava
a construção de uma ferrovia superando as cachoeiras e corredeiras do Madeira,
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para o transporte e posterior comércio da borracha. Essa questão será ratificada
pelo Tratado de Petrópolis em 1903.
Com o advento da borracha, milhares de Nordestinos foram recrutados
com o objetivo de resolver o problema da falta de mão de obra nos seringais.
Problemas relacionados à seca que historicamente assola a região nordestina, aliada
à falta de emprego e renda tornaram esses pobres trabalhadores um alvo fácil para
os aliciadores pagos pelos Coronéis de Barranco, (nome dado aos grandes
latifundiários proprietários dos seringais).
Aqui, chegavam acabados, esfarrapados, famintos e mal vistos, eram
distribuídos para as colocações, nome dado às localidades onde eram assentadas as
famílias. Os novos visitantes logo percebiam a realidade cruel da nova vida em meio
à imensidão verde, lentamente aprendiam a lidar com a floresta e seu universo, a
vida seguia o ritmo moroso das águas desses rios preguiçosos, principais caminhos
amazônicos. Aprendiam também a manusear a faca de cortar seringa, manusear o
remo, a poronga e todo o processo de defumação da borracha na montagem das
pelas. Eram inseridos em um mundo diferente onde as normas eram impostas pelos
Coronéis de Barranco a seus jagunços e a floresta. O ponto de encontro era o
barracão, espécie de bodega onde os seringueiros comerciavam a borracha e onde
os preços favoreciam sempre ao Coronel de Barranco, causando uma eterna
dependência econômica .
Foi nesse contexto, que os trabalhadores dos seringais, acabaram por
invadir a Bolívia, gerando um grave problema diplomático envolvendo as fronteiras
de cada país.
Com a incapacidade de promover seus seringais e deles extrair lucros, a
Bolívia decidiu arrendar a região do “Aquiri”, como era conhecido o Acre, para um
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agrupamento empresarial multinacional formado por belgas, franceses e americanos,
entre outros.
Após alguns conflitos onde se destacaram as figuras de Galvez, “O
Imperador do Acre” e Plácido de Castro “O Libertador do Acre”, a questão se
resolveu através da assinatura do “Tratado de Petrópolis” em 1903.
Segundo o tratado, o Brasil que foi representado pelo Barão do Rio Branco,
se comprometeu pagar a Bolívia, dois milhões de libras esterlinas e a construir a
Estrada de Ferro Madeira Mamoré para que a mesma tivesse uma saída rumo ao
oceano atlântico, transportando assim os seus produtos.
Um outro problema apareceu, pois teve ainda que pagar uma outra
indenização no valor de 114 mil libras esterlinas em função do arrendamento da área
em litígio ao Bolivian Sindicate que nunca atuou na região.
O Brasil assumiu o compromisso de construir a ferrovia. Logo deu inicio ao
processo licitatório para o mais rápido possível entregar a obra e ficar quitado com
seu vizinho a Bolívia.
Uma licitação foi aberta para que se contratasse a empresa construtora da
Ferrovia. O vencedor da licitação foi o Brasileiro Joaquim Catramby, que logo
repassou a concessão ao mega empresário, o Norte Americano Percival Farquar, que
era conhecido como o “Dono do Brasil”.
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A Estrada de Ferro Madeira Mamoré, era apenas mais um dos vários
empreendimentos do Grupo Farquar no Brasil.
Fraudes, negociatas e corrupção, marcam os negócios que envolvem a
Estrada de Ferro Madeira Mamoré.
Percival Farquar, era o principal representante do imperialismo Americano
no Brasil, atuava em grandes empreendimentos como: Portos, Empresas de
Navegação, e Madeireiras, foi um dos grandes responsáveis por parte da destruição
ambiental da Mata Atlântica no Sul e Sudeste do Brasil, quando no inicio do século
XX, instalou lá uma das maiores serrarias da América do Sul, gerando conflitos
terríveis como a Guerra do Contestado.
Percival Farquar representava o capitalismo espoliativo do inicio do século
XX, e como tal, não possuía qualquer compromisso com o real desenvolvimento de
nossa pátria, seus interesses imperialistas produziram sérios problemas para o
Brasil.
Farquar ambicionava as riquezas existentes nessa extensa região, desde
minérios presentes em solo Boliviano, como a possibilidade de extração de ricos
produtos nos vales do Madeira, Mamoré e Guaporé. Sabia da necessidade de se
montar uma grande estrutura para viabilizar seus planos imperialistas.
Informado das iniciativas anteriores, contratou a empreiteira Norte
Americana, May Jekill and Randolph. A mesma se instalou por orientação do
relatório produzido pelo engenheiro Carlos Morsing que estudou a região em 1883,
sete quilômetros abaixo de Santo Antônio das Cachoeiras.
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Com essa medida, a localidade de Santo Antônio, foi condenada ao
abandono, pois com a mudança do ponto inicial de Santo Antônio das Cachoeiras
para o Porto Velho dos Militares, a antiga vila, fundada em 1728, pelo jesuíta João
Sampaio foi declinando, hoje poucas marcas restam deste período.
Um estudo recente, efetuado pelo Escritor Antônio Cândido, baseado em
ampla pesquisa bibliográfica e documental, aponta que o inicio das obras da Estrada
de Ferro Madeira Mamoré, em Porto Velho, se deu em 1908, tive a preocupação de
ouvir e analisar atentamente as argumentações e documentos apresentados pelo
professor Cândido, procurei dialogar com outros escritores e acabei por me
convencer de sua tese.
Porto Velho, como um povoado que surge tatuado na ferrovia Madeira
Mamoré, tem portanto sua origem no inicio de 1908, qualquer obra férrea anterior se
deu em Santo Antônio das Cachoeiras.
Vamos citar um artigo escrito pelo engenheiro Joaquim Catramby, para a
Revista do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro. Joaquim Catramby, foi quem
venceu a licitação para construir a ferrovia Madeira Mamoré. A afirmativa é de
alguém que estava completamente envolvido na questão, um dos responsáveis pela
execução da obra, ao lado de Percival Farquar um dos principais atores políticos da
epopéia Madeira Mamoré.
“Se a estrada tivesse tido o seu ponto inicial em Santo Antônio, ter-se-ia
podido contar o quarto desastre da Madeira Mamoré. Levado por essa convicção, e
apesar do Tratado de Petrópolis determinar taxativamente que esse fosse o ponto de
partida da estrada, procurei o então Ministro de Indústria, Viação e obras Públicas,
Doutor Miguel Calmon, a quem expus as vantagens que me levaram a pugnar pela
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idéia de se dar começo a estrada em Porto Velho. Manifestando-se de acordo com
essa idéia, o Ministro aprovou, pelo aviso n°2, de 16 de janeiro de 1908, a preferência
dada a essa localidade para inicio das obras da via férrea.”
A cidade de Porto Velho foi surgindo aos poucos, à medida que a
construção da ferrovia foi recebendo mais investimentos.
É preciso ressaltar que a ação imperialista de Percival Farquar na região foi
um dos grandes empreendimentos comerciais do inicio do século XX, não se
tratando unicamente da construção de uma ferrovia, e sim de um grande
conglomerado empresarial composto por: Vastos seringais, Companhia portuária,
Companhia de Navegação, Serraria, Fábrica de gelo, Fabrica de biscoito, Moradia
para trabalhadores, Oficinas, Hospital, etc.
Esse empreendimento deu origens a várias localidades e impulsionou
outras que estavam abandonadas, podemos citar: Porto Velho, Santo Antônio das
Cachoeiras, Jaci Paraná, Vila Murtinho e Guajará Mirim.
A região possuía um terrível histórico de problemas. É só lembrarmos das
iniciativas anteriores. Com esse quadro complicado, a nova iniciativa precisou
exportar trabalhadores de várias nações do mundo para formar a mão de obra na
construção da Ferrovia e consequentemente nossa cidade.
Porto Velho, já nasceu poliglota, pessoas vindas de várias nacionalidades,
aqui praticavam sua língua. Heterogênea, os trabalhadores possuindo origem
diferente, adotavam seus modelos culturais, inclusive a religião. Multirracial, os
novos operários possuíam origens diversas, eram: Negros, Europeus, Índios,
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Asiáticos etc. Globalizada, os cinco continentes estavam representados na região, e
na economia, se utilizava a moeda Inglesa, a libra esterlina como uma espécie de
matriz, por ter a melhor cotação no cenário capitalista da época.
Na tentativa de combater as várias doenças que assolavam a região, como
a malária, que é transmitida pelo mosquito anofelino, e amenizar o drama sofrido
pelos trabalhadores que eram também acometidos por outras doenças tropicais, foi
construído no quilômetro 02, bem próximo do ponto inicial da Ferrovia em Porto
Velho, uma unidade hospitalar denominada: Hospital da Candelária.
Em 1910, Oswaldo Cruz visitou as obras da Ferrovia Madeira Mamoré,
acompanhado pelo médico Belizário Pena, para desenvolver um plano de combate às
epidemias que assolavam a região e as obras de construção da Estrada de Ferro
Madeira-Mamoré.
O resultado desta viagem foi um plano de profilaxia da doença, do qual
constava a utilização de mosquiteiros e a aplicação compulsória de quinino nos
trabalhadores.
Essa unidade hospitalar foi estruturada com o objetivo de atender as
necessidades da época, porém, não foi suficientemente capaz de resolver os
problemas e dramas vividos pelos trabalhadores da ferrovia, não obstante a
presença de vários médicos especializados em doenças tropicais. Estes médicos
que já haviam atuado em outras localidades inóspitas no mundo, constataram que
nenhum outro lugar se comparava a nossa região.
Um número grande de trabalhadores negros foram recrutados e trazidos
para cá. Eram de várias localidades como: as Guianas, Granada, Jamaica e Ilha de
Barbados entre outros. Ficaram conhecidos como barbadianos, apesar de nem
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todos, serem provenientes da ilha de Barbados. É mais coerente defini-los como
antilhanos.
“Acreditava-se” e divulgavam no período, que os negros fossem mais
resistentes ao calor e a malária. Nada comprovado, milhares de trabalhadores
independentes da cor, morreram vitimados pela malária e outras doenças.
A idéia de que o negro era mais resistente, na verdade foi mais um golpe
contra o povo negro, que ao longo da história do Brasil foi vítima de muitas ações
racistas, muitas delas “veladas”. Essa postura vitimou um povo que tem na sua
história uma contribuição fantástica com a construção do nosso País.
A maior parte da riqueza produzida historicamente no Brasil foi resultado
do trabalho do povo negro, a eles devemos muito.
Boa parte da elite fundiária Brasileira construiu sua riqueza tendo por base
a mão de obra escrava negra, e ainda hoje faz de conta que não sabe ou não viu,
desconhecendo sua importância, e não atua no sentido de fazer justiça junto aos
milhares de problemas gerados por essa discriminação histórica.
Ao longo de toda a história do Brasil, os governos foram e ainda são
dirigidos em sua maioria, por pessoas que aplicam teorias geradoras de
desigualdades sociais concentrando as riquezas nas mãos dos que sempre
dominaram e foram detentoras de grandes posses, em detrimento de uma infinita
maioria que carece de quase tudo.
As pessoas que ocupam os grandes cargos nos Governos representam
uma tradição elitista e acima de tudo branca, não atuando de forma eficaz no sentido
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de amenizar os problemas gerados por quatrocentos anos de escravidão e mais de
cem anos de racismo velado.
Essa afirmativa é normalmente questionada por aqueles que estão no
poder, mais podemos comprovar a ineficácia das políticas sociais no que diz
respeito ao povo de origem africana.
O resultado de tudo isso são os bolsões de miséria espalhados nas
periferias de todo o Estado Nacional, onde em meio aos seus habitantes, se
destacam as populações de origem Africana.
A Ferrovia Madeira Mamoré foi concluída em 1912, ficou com 364
quilômetros, em 1922 recebeu mais dois quilômetros totalizando 366, por muito
tempo foi o centro aglutinador de pessoas em nossa região, símbolo primeiro de
nossa história, um Grande Mito Fundador da Amazônia e consequentemente de
Porto Velho, a atual Capital do Estado de Rondônia.
Devemos ter em nossas mentes e corações, que entre os anos de 1872 e
1912, homens ferozes, destemidos, corajosos, em sua maioria sem rostos, nomes e
história, pois sobre eles, pouco sabemos, deram inicio a uma ferrovia, não sabiam
eles, que na verdade estavam tocando o coração de várias gerações futuras, e hoje,
cidadãos de Porto Velho são acolhidos em uma localidade erguida em meio ao
desespero, dor, sofrimento, saudade, sonhos e esperanças de pessoas vindas de
vários lugares do Brasil e do mundo, que há mais de cem anos se debateram contra
uma selva desconhecida e perigosa em busca de um mundo melhor.
A herança desses homens para todos que aqui residem: O Estado de
Rondônia.
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Com as obras da ferrovia concluída, as pessoas que habitavam os
pequenos povoados amazônicos que surgiram ao longo de seus trilhos pressentiam
que algo estava errado, e infelizmente a grande mola econômica que dera impulso
aos vários investimentos na região dava claros sinais de decadência.
A inexistência de uma política nacional e regional, preocupada com o
controle de nossas fronteiras, com o combate ao contrabando de mudas, sementes e
outros produtos, permitiram que os Ingleses levassem em 1876 de nossa região,
milhares de mudas e sementes da Hevea brasiliensis, a seringueira, planta que
existia somente em território Americano, propriedade biológica da nossa Amazônia e
de todos os seus povos, foram cultivadas e produziram com grande sucesso lá no
sudeste Asiático.
Os seringais lá do outro lado do mundo, tão distantes de nossa região,
passaram a produzir a goma elástica com mais eficiência, com melhores preços e
facilidades para o transporte.
O estrago foi grande, a região outrora rica e próspera, pelo menos para a
elite local, passou a amargar crises e problemas, atingindo uma profunda
decadência.
O mercado e o sistema capitalista, não possuem Pátria, não se importando
com as conseqüências terríveis sofridas pelas pessoas que habitam as regiões onde
são provocadas as crises. Os grandes empreendimentos capitalistas mundiais
procuraram as facilidades oferecidas pelos seringais Malaios que na época eram
controlados pelos Ingleses. O mais importante para esse regime econômico sempre
foi o lucro e nada mais.
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Na Amazônia ficou um povo sem perspectivas, e em nossa região uma
estrada de Ferro sem motivações econômicas para seu perfeito funcionamento,
estrada única no mundo, com um nível de dificuldades humanas e financeiras em
sua construção jamais enfrentadas pelo homem em outra região.
Trabalhadores e engenheiros da Estrada de Ferro Madeira Mamoré. Foto DanaMerril.
Na inauguração do trecho Porto Velho, Jaci Paraná
Em meio a esse quadro, pessoas desencantadas em uma mistura de
espanto, agonia e tristeza. De um momento de euforia e prosperidade ao desalento
econômico, a prosperidade se foi rápido como uma chuva de verão.
Ao seu redor Porto Velho, o povoado que surgia ia sentindo as influências
das mudanças na economia, lentamente se acomoda ao apito agora melancólico do
trem, seguindo seu ritmo, embalado pelo chacoalhar de seus vagões.
Percival Farquar, que havia investido naquele projeto, antes tão promissor,
percebe o problema e tenta o mais rápido possível se desfazer da ferrovia e acaba
mais tarde por repassar a mesma para uma empresa Anglo- Canadense que já era
concessionária da “Porto of Pará e Brasilian Railway que eram por sua vez as
maiores acionistas da Madeira Mamoré.
RONDON E SUA ATUAÇÃO NO EXTREMO OESTE BRASILEIRO.
A atuação do Marechal Cândido Mariano Rondon, foi fundamental para se
revelar ao restante do Brasil, o extremo oeste brasileiro. Enganam-se os que
associam à comissão Rondon, somente a construção de uma linha telegráfica entre
Cuiabá, capital do Mato Grosso e Santo Antônio das Cachoeiras, localidade até então
inconveniente para a ocupação humana.
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Rondon liderou uma expedição composta por profissionais de várias
especialidades que desenvolveram estudos como Geologia, Geografia e estudos
mineralógicos foram realizados produzindo farto material sobre o assunto.
Foi na expedição que se realizou os primeiros estudos geográficos da
região, com o levantamento do relevo, bacias hidrográficas, clima e vegetação. No
aspecto geográfico, devemos destacar os estudos de fronteiras, que serviram para
definir a demarcação entre o Brasil e a Bolívia.
Rondon se destacou nacional e internacionalmente por suas preocupações
com os povos indígenas, que sofriam constantes massacres sem a mínima atuação
do Estado. Como criador e chefe do Serviço de Proteção aos Índios-SPI, atual
FUNAI, Fundação Nacional do Índio, como presidente do órgão, procurou atuar em
defesa dos povos indígenas.
Muitos buscam ainda uma definição sobre a trajetória de Rondon, se era
matador de índios, ou seu real protetor, o evidente é que Rondon atuou em uma
época onde “o índio bom era o índio morto”. Nos relatos sobre sua trajetória, temos
sempre em destaque as preocupações desse grande desbravador como alguém
preocupado com os povos indígenas.
A idéia de heroísmo que temos é desvirtuada pela historiografia oficial, que
construiu personagens perfeitos, completamente virtuosos e comprometidos com o
ideal elitista, branco, republicano, cristão, capitalista, racista e excludente.
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Rondon não pertencia a esse quadro, pois era descendente de índios e
adorava atuar em campo distante dos benefícios oferecidos pelos altos cargos
políticos e militares.
Rondon a exemplo de uma lista imensa de outros homens, demonstrou
incrível coragem e determinação ao atuar em regiões tão inóspitas do interior do
Brasil. Deve ser citado ao lado de Antônio Rolim de Moura Tavares, Domingos
Sambucet, Ricardo Franco de Almeida Serra, Francisco de Melo Palheta, Luis de
Albuquerque Melo Pereira e Cáceres, Os Trabalhadores dos Seringais e da Madeira
Mamoré, Apoena Meireles, Os Cacaeiros, que chegaram nos últimos quarenta anos
nessa região para construírem o atual Estado de Rondônia, as centenas de
bandeirantes que desbravaram a região, o povo negro, que em toda a história do
Brasil lutou e luta por sua dignidade e os povos indígenas, talvez os mais atingidos
pela locomotiva do desenvolvimento. Que ainda sobrevive, agonizando, mas lutando,
sem desistir, ou se entregar completamente.
Rondônia, localizado no extremo oeste brasileiro foi colonizada por gente
de muita garra, que merece muito respeito, pena que muitos traíram a sua causa de
desenvolvimento, produção de riqueza e renda, chegaram ao poder e nos
envergonham, mais esses, vão compor a parte infame da história, e serão marcados
para toda a eternidade, pois a história não perdoa ratos e canalhas.
A ERA VARGAS.
Getúlio Dorneles Vargas chegou ao poder através de um golpe em 1930,
alguns historiadores chamam de “Revolução de 30”, o fato é que tivemos um
momento de grandes transformações em nosso País. Getúlio trazia na bagagem um
conjunto de idéias inovadoras, Indústria, Nacionalismo, Trabalhismo, etc.
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O nacionalismo Varguista pregava a adoção de uma prática política
patriótica, com uma ojeriza ao internacionalismo tão comum ao pensamento liberal,
logo, Getúlio inicia um processo de nacionalização das Empresas estrangeiras no
Brasil. Isso foi possível, pelo fato do capitalismo mundial estar sofrendo uma
profunda crise gerada entre outros fatores pela quebra da bolsa de Nova Iorque.
Em 1929, as empresas estrangeiras que estavam instaladas no Brasil
ficaram completamente arrasadas por conta da crise.
Getúlio Vargas se encantou com a teoria fascista, pois estávamos vivendo
o período conhecido como: “O Entre Guerras”, período que separou a Primeira
Guerra Mundial 1914 – 1918, da Segunda Guerra Mundial 1929 – 1945.
O Fascismo foi adotado pela Itália de Benito Mussolini, é uma doutrina
política que se assemelha ao Nazismo Alemão, defendia idéias como: nacionalismo
radical, estatização da economia, poder centralizado nas mãos de um único líder,
racismo, etc.
Getúlio gostou da teoria totalitária, sua política trabalhista tinha um forte
apelo a essas idéias.
Ao assumir o Governo Brasileiro em 1930, após um golpe de Estado,
Getúlio se aproximou do movimento tenentista, e se afastou das forças políticas
tradicionais e conservadoras do café com leite.
Nesse contexto surge um importante personagem de nossa história, Aluízio
Pinheiro Ferreira, que vai se tornar um dos importantes caciques políticos da região.
O Coronel Aluísio Ferreira em 1924 participou do movimento revolucionário entre
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Manaus e Belém. Em 1925 Aluízio já se encontrava no seringal de Paulo Saldanha e,
no ano seguinte, foi para o seringal de Américo Casara.
Apadrinhado por Getúlio e em nome do Nacionalismo Varguista
nacionalizou a Estrada de Ferro Madeira Mamoré, assumindo a sua direção em 1931.
Diferente dos Governos anteriores, Getúlio Vargas dava inicio a um
governo que enxergava as verdadeiras dimensões do Brasil, não via somente o Sul,
Sudeste e Nordeste, ele traçou políticas para todo o Brasil, e especialmente para a
região que se transformaria mais tarde em Território Federal do Guaporé no ano de
1943.
A nacionalização trouxe um alento ao município de Porto Velho, pois
diante do quadro desastroso da economia da borracha, as perspectivas de
desenvolvimento regional eram péssimas, agora, com um governo patriótico,
defensor dos seus filhos e filhas, os ânimos melhoravam, e caminhos começavam a
ser apontados.
Os dois primeiros Governos de Getúlio, o Governo Provisório 1930 – 1934,
e o Governo Constitucional de 1934- 1937, foram marcados por um conjunto de
crises políticas e econômicas características do “Entre Guerras”. O mundo passava
por grandes problemas, e nosso País sofria os reflexos dessa crise.
Em 1937, Getúlio Vargas deflagrou um novo golpe político, instaurando o
“Estado Novo” 1937 – 1945. Este novo momento do Governo Vargas, vai desenvolver
uma grande campanha chamada: “A GRANDE MARCHA PARA O O’ESTE”, tendo o
objetivo de ocupar as regiões interioranas do Brasil. Foi utilizado um lema que
afirmava o seguinte: “VAMOS LEVAR OS HOMENS SEM TERRA, PARA AS TERRAS
SEM HOMENS”, assim se desenrola uma grande ação Governamental na ocupação
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territorial do grande vazio demográfico que se observava há setenta anos no interior
do Brasil.
Durante este período, o Mundo foi balançado por uma guerra que atingiu
todos os níveis imaginários de terror, o homem assumiu o topo da monstruosidade,
a condição de ser parasitário, capaz de destruir o seu próprio planeta. Por mais que
digamos, não conseguiremos demonstrar o que foi a Segunda Guerra Mundial,
ocorrida entre 1939 e 1945. Atingiu todos os Continentes e suas conseqüências
ecoarão pela eternidade.
O Brasil, passava por um momento político onde Getúlio Vargas se
fortalecia e detinha o controle sobre o Governo, tanto que através de mais um golpe
se manteve no poder, O Golpe do Estado Novo, 1937. Getúlio era simpático ao
nazifacismo, doutrina política ideológica que defendia uma brutal estatização. Tudo
passava a ser controlado pelo Estado, um Patriotismo doentio, e o Poder
centralizado na mão do Governante, para os Alemães, o Fuhrer, para os Italianos, o
Dulce. Tanto o Nazismo como o Fascismo, defendiam o Anti-semitismo, perseguição
aos judeus e demais povos que não possuíssem a mesma origem, neste racismo
declarado, os judeus foram os mais perseguidos.
Getúlio admirava Benito Mussolini Governante Italiano, e Adolf Hitler,
Governante Alemão, ao mesmo tempo em que detestava os ideais Liberais,
representados pelos Estados Unidos da América. Com a deflagração desta terrível
guerra, o Brasil teria que definir sua posição, e Getúlio Vargas, estava em uma
situação complicada, pois a América Latina, desde a segunda metade do século XIX,
havia se tornado uma espécie de “quintal dos Estados Unidos da América”, pois as
políticas americanas na América Latina foram intensas, como: a Doutrina Monroe, “A
América Para os americanos”, e Política do Big-Sthick, “O Grande Porrete”.
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Getúlio foi coerente com a história, e apoiou os Aliados, porém esse apoio
se deu após muito diálogo, ocorrendo inclusive a aprovação de um importante
acordo, Os Acordos de Washington em 1942.
Como a Amazônia, e em especial a nossa região surgem neste contexto de
Era Vargas e Segunda Guerra Mundial, Porto Velho era uma cidade do Estado do
Amazonas, havia se desmembrado do Município de Humaitá, isso como nós já
sabemos ocorreu em 1914. Ocorre que no inicio da guerra, o Japão que estava
apoiando os Alemães e Italianos, resolveu invadir a Malásia, possessão Inglesa
localizada no sudeste Asiático, o grande fornecedor de borracha para as indústrias
mundiais. Devemos lembrar que a Amazônia vivia a decadência de seus seringais, e
agora com este problema os Aliados precisavam urgentemente de um fornecedor, foi
ai que entrou o Governo Vargas e os Acordos de Washington.
Getúlio em conjunto com os Estados Unidos, acordou o seguinte: O Brasil
forneceria toda a borracha necessária aos Aliados, permitiria que os Estados Unidos
instalassem bases militares no Nordeste Brasileiro, que serviriam de apoio para as
suas forças militares, em troca o Brasil receberia investimentos financeiros para
montagem de uma grande infra-estrutura industrial. Foi assim que surgiram, a
Companhia Siderúrgica Nacional-CSN, situada em Volta Redonda, Cidade do Estado
do Rio de Janeiro, que hoje em dia é uma das maiores produtoras de aço do mundo,
a Companhia Vale do Rio Doce, uma das maiores mineradoras do mundo e a extinta
Fábrica Nacional de Motores-FNM.
Nós podemos afirmar com muita tranqüilidade, que o desenvolvimento
Industrial Brasileiro deve muito ao trabalho dos Soldados da Borracha, podemos
afirmar também, que o papel mais importante desenvolvido pelo Brasil, ao contrário
do que muitos historiadores do Nordeste, Sudeste e Sul afirmam, foi desempenhado
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na Amazônia, foi a luta nas selvas para a extração da borracha, foram milhares de
nordestinos enfrentando a malária, isolamento geográfico, o calor escaldante da
maior floresta tropical do mundo e suas feras. Muitos quando falam do Brasil na
Segunda Guerra Mundial, viram os olhos para a Europa e só enxergam os brasileiros
que foram parar na Itália, é claro que os Pracinhas Brasileiros merecem respeito,
porém poucos reconhecem a bravura, heroísmo e importância do Soldado da
Borracha.
O Governo Federal, na época visitou a Amazônia, através da visita de
Getúlio Vargas à Belém, Manaus e Porto Velho. Infelizmente, após a nova crise dos
seringais, não reconheceu os pobres Soldados da Borracha, que muitas vezes para
conseguirem suas aposentadorias tiveram que se humilhar junto ao INPS, (Instituto
Nacional de Previdência Social). Muitos foram os Soldados da Borracha que não
conseguiram se aposentar.
Na intenção de corresponder ao acerto feito através dos Acordos de
Washington, o Governo Varguista criou o Serviço de Mobilização de Trabalhadores
para a Amazônia – SEMTA, que recrutava os nordestinos promovendo sua mudança
para a Amazônia, criou também a Comissão Administrativa de Encaminhamento de
Trabalhadores para a Amazônia – CAETA, que cuidava da burocracia em relação à
transferência dos Soldados da Borracha, o Banco da Borracha, hoje Banco da
Amazônia S.A. que financiava a economia da borracha. O seu primeiro gerente em
Porto Velho, foi o Sr. Raimundo Cantuária. Ainda tivemos mais o Serviço de
Abastecimento do Vale Amazônico - SAVA, que se preocupou em montar toda a infra-
estrutura regional oferecendo as condições para a viabilização da produção e seu
escoamento.
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A Amazônia, novamente ganha importância e volta ao cenário Nacional e
Internacional. Dentro dos planos Governamentais, serão criados cinco novos
Territórios Federais: O Território Federal do Amapá, do Rio Branco, de Ponta Pora,
do Iguaçu e finalmente o Território Federal do Guaporé, em 13 de Setembro de 1943.
O Território Federal do Guaporé, segundo o Pesquisador Esrom Penha de
Menezes, em sua obra “Retalhos Para a História de Rondônia”, na página 153, nos
informa:
“O Território Federal do Guaporé será dividido em quatro municípios, com
as denominações de Lábrea, Porto Velho, Alto Madeira e Guajará Mirim; o primeiro,
compreenderá parte dos Municípios de Lábrea e Canutama, do Estado do Amazonas;
o segundo, a área do município de Porto Velho, que pertencia ao mesmo Estado; o
terceiro, parte do Município do Alto Madeira, do Estado do Mato Grosso; o quarto, a
área do Município de Guajará Mirim e parte do Município de Mato Grosso, que
pertenciam ao último Estado acima referido”.
Logo mais tarde, o Estado do Amazonas recebe de volta o Município de
Lábrea. Depois de criado o novo território, foi nomeado seu primeiro Governante, o
Coronel Aluísio Pinheiro Ferreira.
A criação do Território Federal do Guaporé foi um passo fundamental para
o desenvolvimento de toda a região do Madeira, pois com essa decisão a região
passa a ter espaço junto ao Governo Federal, e suas reivindicações começariam a
serem ouvidas sem atravessadores ou qualquer intermediador. As cidades que
compunham o novo Território festejaram a notícia, pois em meio a tantas
dificuldades, sacrifícios e abandono Político a região ganhava um grande alento.
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Na ocasião foi nomeado o Prefeito do município de Porto Velho que se
tornou também a capital do novo Território. Foi empossado o ex-ferroviário, Mário
Monteiro. A cidade possuía mais ou menos três mil habitantes na época, e a
economia girava em torno da Estrada de Ferro Madeira Mamoré e da produção da
borracha, pois com a Segunda Guerra Mundial, como já afirmamos, a borracha
voltou ter importância, agitando economicamente a região.
Com o término da guerra em 1945, os Países que compunham o eixo Nazi-
Fascista, foram derrotados, os Aliados saíram vitoriosos, e uma nova Ordem Mundial
surgiu.
De um lado, A Guerra Fria, os americanos e seu Capitalismo Liberal, do
outro, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, e sua economia “Socialista”. O
restante dos países vão se organizar de três formas: ou se alinham com a proposta
capitalista liberal americana ou com o Socialismo Russo. Ainda existia uma terceira
possibilidade: a postura Independente. A verdade é que de alguma forma a chamada
Guerra Fria atingiu a todas as nações entre 1948, ano em que foi criado o Estado de
Israel, e 1989, quando ocorreu a queda do Muro de Berlim.
O Brasil durante este momento, após a II Guerra Mundial, tenta se organizar
através de uma democracia Populista, o que ficou conhecido como: República
Populista, 1945 – 1964.
Nesta fase republicana, tivemos seis presidentes, foram os Governos de
Eurico Gaspar Dutra, 1946 -1951, Getúlio Dorneles Vargas, que retornou ao Governo
e acabou se suicidando em 1954, Café Filho, terminou o seu mandato, Juscelino
Kubtschek, 1956 – 1961, Jânio da Silva Quadros, 1961 -1962, ele acabou renunciando
ao mandato presidencial após seis meses de Governo e foi substituído por João
Goulart que ficou no Poder até 1964, quando ocorreu o Golpe Militar instituindo a
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ditadura no Brasil até 1985. Durante a república Populista, o Brasil adotou uma
política internacional dúbia, ora parecia apoiar os Estados Unidos e sua política
liberal, em outro momento assumia uma independência que causava estranheza aos
americanos. Por outras vezes, tomou atitudes que claramente afrontava a doutrina
política do Tio Sam, como no caso da condecoração a Chê Guevara, e o primeiro
astronauta Russo Yuri Gagarin.
Sem falar da aproximação do então Vice-Presidente João Goulart com a
China de Mao Tse Tung, é claro que estávamos vivendo um momento raro de
democracia, mais a postura de liberdade não era condizente com nossa história de
dependência aos Estados Unidos.
A postura “independente” afrontava o ideal americanizado de grande parte
das forças armadas Brasileira. Precisamos lembrar que o temor comunista era mais
dimensionado ainda em função da revolução Cubana.
Durante esta fase de Governo, quem mais marcou a nossa região, o
Território Federal do Guaporé foi o Presidente Juscelino Kubitschek. No dia 17 de
fevereiro de 1956, foi aprovada, a lei que autorizava a mudança do nome do Território
Federal do Guaporé, para Território Federal de Rondônia, foi também no Governo JK,
que ocorreu a obra de abertura da Br 029, que se tornaria mais tarde a Br 364.
Muito antes, o então Governador do Território Federal do Guaporé, Coronel
Aluízio Pinheiro Ferreira iniciara a abertura de uma rodovia, atingindo a marca dos 55
km, como nos informa o Escritor Vitor Hugo em sua obra “Cinqüenta Anos do
Território Federal do Guaporé”, na página 54:
“Foi no dia 13 de janeiro de 1945: nesta data, Aluízio Ferreira, primeiro
Governador do Território Federal do Guaporé menos de um ano, portanto, desde a
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sua instalação a 29-01-44 a criação da 2° Companhia Rodoviária Independente, cuja
missão era construir uma rodovia de segunda classe que ligasse Porto Velho à
Vilhena, no extremo sul do Território, cerca de 800 quilômetros dando assim o
primeiro passo concreto para sair do isolamento terrestre com o resto do Brasil”.
No ano de 1960, o Presidente Juscelino Kubitschek iniciou as obras de
abertura dessa estrada que foi fundamental para o desenvolvimento do futuro
Estado de Rondônia, e para a Capital Porto Velho. Não podemos deixar de citar o
grande empenho do Coronel Paulo Leal, que à época Governava o Território Federal
de Rondônia.
Com a rodovia aberta, também se abriram os caminhos para um novo surto
migratório, agora, promovido pelos Governos Militares e sua estratégia de proteção,
colonização e defesa da Amazônia.
A COLONIZAÇÃO RECENTE DE RONDÔNIA.
Foi dentro deste contexto que ocorreu a Colonização Recente de Rondônia.
A Amazônia precisava ser “protegida”, e quem deveria defender a Amazônia senão o
povo Brasileiro. Esse grande vazio demográfico era perigoso, facilitando “uma
possível invasão Comunista”, pensamento deformado que só existia na cabeça dos
militares.
O Golpe Militar de 1964 contou com forte apoio logístico e ideológico dos
Estados Unidos que havia iniciado por lá a caça aos Comunistas. Dentro de um
“modelo militar tupiniquim” a fobia de combate ao Comunismo se alastrou
rapidamente por todo o território nacional.
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Os militares, ao atingirem o poder em 1964, deram inicio a uma política
radical de controle sobre os instrumentos políticos do Estado, deformando os
instrumentos democráticos como sindicatos, associações, movimentos populares e
o legislativo que perdeu sua autonomia política.
Professores e estudantes foram perseguidos, muitas universidades foram
trancadas com cadeados e vigiadas por soldados muito bem armados, o movimento
estudantil e sindical foi obrigado a atuar na clandestinidade.
A intelectualidade ficou assombrada quando percebeu que as ações de
combate ao livre pensamento não possuíam limites, assistiram com perplexidade ao
assassinato do operário Manoel Fiel Filho e mais tarde a profunda covardia cometida
contra toda sociedade brasileira. Quando divulgaram o suicídio do jornalista Vladimir
Erzog, todos que possuíam um mínimo de juízo sabiam que se tratava de uma
armação, a verdade não demorou a surgir, Vlad, como era chamado pelos amigos, foi
assassinado com requintes de torturas enlutando a sociedade brasileira.
O exílio era uma outra triste realidade. Muitas pessoas saiam para
escaparem da prisão, tortura e morte, outros foram convidados a saírem,
principalmente os artistas que atuaram de forma a contestar as arbitrariedades,
como Chico Buarque de Holanda e sua família. O Brasil foi se sufocando, e para não
morrer asfixiado lutou, reagiu e nos finais da década de setenta sentiu que os
militares não se sustentariam. A ditadura ruía, e um grande movimento foi surgindo,
tomando praças ruas e avenidas. Foram as Diretas Já, que contou com a
participação de toda a sociedade. Estava desenhado o fim do regime maldito,
covarde e nocivo aos desejos de liberdade.
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O alinhamento aos interesses americanos era evidente e a Amazônia
desabitada possuía suas fronteiras desprotegidas, portanto ameaçadas. Era um
perigo ter uma região, rica, isolada, gigantesca e desconhecida, tão desprotegida.
A colonização se tornava então, altamente estratégica. Outros motivos não
menos importantes também se apresentavam para justificar as ações colonizadoras
nesta terra, como os graves conflitos sociais ocorridos nas regiões Sul e Sudeste,
motivadas pelo grande deslocamento das populações do campo para as cidades,
atraídas pelo desenvolvimento industrial da era Vagas 1930-1945 e do Populismo
1945-1964.
O desenvolvimento industrial repentino ocorrido nestas regiões nas
décadas de quarenta, cinqüenta, sessenta e setenta, e a grande oferta de empregos,
provocou a explosão de problemas nas cidades como: violência rural, urbana,
desemprego, aumento das favelas, surgimento dos sem tetos, crises na área de
saúde e educação entre outros.
Em meio às soluções encontradas, veio à idéia de empurrar os problemas
para bem longe, Rondônia o novo eldorado, surge como solução para boa parte dos
problemas do centro sul do Brasil.
O lema: “Amazônia, Integrar Para Não Entregar”, fez parte de uma grande
campanha publicitária capaz de motivar boa parte das pessoas a enfrentarem uma
nova região e suas adversidades, era uma nova versão ou espécie moderna do:
“Vamos levar os homens sem terra para as terras sem homens”, da era Vargas e sua
marcha para o oeste.
A Campanha publicitária foi ouvida, e uma “piracema” de pessoas se
deslocou para nossa região.
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EVOLUÇÃO POLITICO ADIMINISTRATIVA DE RONDÔNIA.
Os Governos Militares não montaram uma estrutura capaz de receber e
assentar as milhares de famílias que foram chegando e ocupando as margens da Br
364, apesar dos planos de colonização, criação do INCRA - Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária, e outros órgãos como, CODARON e ASTER, a
região não recebeu investimentos que pudessem dar conta das necessidades, pois o
número de famílias que chegavam eram muito maiores do que se esperava.
Um erro estratégico foi cometido neste momento pela “inteligência” militar,
que investiu milhões de dólares na Transamazônica que acabou não recebendo os
mesmos contingentes populacionais que o Território Federal de Rondônia recebeu.
Tivemos ainda que assistir de camarote a obra milionária sendo destruída pelas
chuvas torrenciais da Amazônia.
Esse dinheiro fez muita falta aqui nas margens da Br 364, que recebia
milhares de pessoas todos os meses, e a estrutura para amenizar seus sofrimentos
eram insuficientes.
Os investimentos aplicados no “Novo Eldorado”, conviveram com um
problema histórico brasileiro, somente uma pequena parte dos investimentos
chegava às famílias assentadas, pois uma grande parte escorria pelos ralos da
corrupção.
Os lemas utilizados pelos militares são a prova dessa Política de
Segurança Nacional, “BRASIL, AME-O OU DEIXE-O”, “AMAZÔNIA INTEGRAR PARA
NÃO ENTREGAR” se alinharam à “RONDÔNIA O NOVO ELDORADO”.
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Rondônia, “O Novo Eldorado” surgiu desse Grandioso plano que tinha por
objetivo resolver as tensões sociais das regiões desenvolvidas deste País. Os
Governos Militares promoveram uma política de Colonização e Reforma Agrária que
geraram conflitos pela posse das terras aqui em Rondônia que até hoje se fazem
ecoar. As populações tradicionais, índios e seringueiros que habitavam o local por
décadas, foram envolvidos em um grande esquema de violência, suas terras
invadidas por posseiros, grileiros, madeireiros, garimpeiros e grandes latifundiários
que conquistaram gigantescos pedaços de terra através do “Papo Amarelo”, rifle
muito utilizado por capangas e jagunços.
O poder público assistiu a tudo com indiferença, muitas vezes legitimando
as ações criminosas dos representantes do que há de mais miserável dentro do
sistema capitalista selvagem.
Em 1965, foi criado o 5° BEC - Batalhão de Engenharia de Selva, sua função
era de abrir e manter as rodovias. Um trabalho realmente impressionante foi
realizado em meio aos grandes problemas oferecidos pela região.
Abrir estradas na Amazônia com sua alta densidade pluviométrica é
realmente tarefa das mais complicadas, por isso, nosso respeito e admiração pelo
enfrentamento de tão complicada tarefa.
O 5° Batalhão de Engenharia de Selva que prestou importantes serviços ao
novo Estado que ia surgindo, só cometeu um erro, que foi o de não questionar a
ordem de se destruir o patrimônio da Estrada de Ferro Madeira Mamoré. Foi uma
triste perda para Porto Velho, para Rondônia, para a nação e o mundo, que perderam
a maior parte da mais fantástica Ferrovia já construída no planeta.
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Uma das cenas mais tristes de toda essa história, ocorreu em Porto Velho,
no ano de 1972, quando foi cumprida a ordem de desativação da Estrada de Ferro
Madeira Mamoré.
Era um dia diferente, como se as pessoas estivessem aguardando a ordem
de execução de um parente. Em um dia sem cor, foram reunidas no pátio todas as
locomotivas, uma despedida fúnebre foi organizada onde todas as máquinas
efetuariam o último apito.
Milhares de pessoas se reuniram, em meio à profunda tristeza, para
assistirem a mais um capítulo de dor e angústia ligado à ferrovia que por décadas
dera significado a todos que viviam aqui. OS MILITARES ESTAVAM AMPUTANDO
UMA CIDADE INTEIRA, e não se davam conta, pois a ordem burra não foi contestada,
e as pessoas viram locomotivas, peças, equipamentos, vagões, trilhos e estações
inteiras serem jogadas no abismo sem fim da história. Peças que remontam à época
da revolução industrial foram transformadas em sucatas, cortadas e vendidas para
ferro velhos de São Paulo, como denunciou Manoel Rodrigues Ferreira no livro a
Ferrovia do Diabo.
A cidade perdia ali parte significativa de sua existência, porém, a Madeira
Mamoré, se transformou em um mito amazônico e os mitos são eternos. Por mais
que não queiram, ela será eternamente um ingrediente do povo amazônico, “desse
rincão, que com orgulho exaltaremos enquanto nos palpita o coração”.
Ordem de militar deve ser cumprida, porém ordem burra deve ser
questionada, o que não ocorreu.
Garimpeiros, Grileiros, Madeireiros, todos os “eiros” da vida, aliados as
pessoas que buscavam um pedaço de terra para garantir sua sobrevivência, foram
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motivados a se instalarem na Amazônia Rondoniense sem a estrutura básica
necessária. Os últimos quarenta anos são exemplos claros de como não se deve
promover uma política de Reforma Agrária.
A ocupação ocorrida nos últimos quarenta anos produziu um quadro
cultural diferente, das migrações anteriores. O norte de Rondônia e seu extremo
oeste ficou com uma população mais ligada aos padrões culturais regionais,
construídos desde o período colonial.
Essa área é formada pelos municípios dos vales do Guaporé, Mamoré e
Madeira, possuem características amazônicas, desde sua culinária, música e festas
tradicionais. Ainda percebe-se uma relação com a floresta onde a mesma se
apresenta como uma espécie de santuário, fornecendo alimentos, remédios, óleos
etc.
As populações possuem uma relação com a floresta, em que ela é
fundamental em seu cotidiano, é a cultura do peixe e da macaxeira. A floresta tem
mais valor para as culturas tradicionais amazônicas estando de pé, dela é extraída
boa parte do que se consome, como: açaí, pupunha, abacaba, puruí, palmitos,
andiróba, copaíba, tucumã, babaçu etc.
A floresta tem ingredientes míticos à cultura tradicional ribeirinha e
indígena, está completamente associada aos seus mistérios e encantamentos, as
pessoas vivem o ritmo dos seus rios, suas lendas e tradições.
A colonização recente sulista, não atingiu essas “regiões tradicionais”, ela
ocupou de forma muito decisiva a as cidades que surgiram entre Vilhena e
Ariquemes, construindo ali um modelo cultural ligado ao Sul do Brasil.
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O chimarrão e o churrasco ditam o passo nessas regiões, enquanto que
nas zonas que defino como tradicionais amazônicas o ritmo é ditado pela caldeirada
de tambaqui, tapioca e pupunha.
Lentamente estes dois modelos vão se misturando gerando grandes percas
para o modelo cultural amazônico na região, pois diferente da cultura sulista, a
cultura tradicional amazônica não estava solidificada, ou sedimentada como a
sulista.
O processo de colonização recente foi imposto foi abrupto, repentino, não
sendo acompanhado por uma iniciativa de proteção dos valores tradicionais.
Enquanto a cultura do chimarrão se espalha através dos CTGs - Centros de
Tradições Gaúchas, o modelo cultural ligado à floresta vai desaparecendo.
As florestas foram derrubadas e queimadas para dar lugar ao
desenvolvimento da pecuária e cultura da soja. As terras ficaram limpas e árvores
que são de grande importância na cultura amazônica foram derrubadas, como:
Castanheiras, Copaíbas, Andiróbas, Pupunha e Tucumã desapareceram quase que
completamente.
Os novos colonos vindos do Sul e Sudeste do Brasil, em sua maioria, não
conheciam o potencial dessas árvores, não se identificavam com a flora amazônica e
suas espécies tão importantes para nosso eco sistema, acabaram por derrubá-las
antes de conhecê-las.
Não pretendemos de forma alguma condenar o colono, queremos
demonstrar com clareza o quanto foi falho o processo de colonização que não se
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preocupou em difundir os valores regionais para uma população vinda de uma
região tão diferente. Não existiam órgãos fiscalizadores, orientadores, protetores, da
rica e diversificada fauna regional amazônica.
As famílias oriundas em sua maioria do Sul do Brasil, foram uma grande
vítima do descaso governamental, foram arremessados à floresta tropical sem a
devida estrutura, muitos viram seus parentes morrerem de malária, os lotes doados
pelo INCRA, muitas vezes se localizavam a dezenas de quilômetros do centro
administrativo que ia surgindo.
Em Colorado do O’este, convivi com essa realidade, pude acompanhar
algumas famílias em sua caminhada até a terra prometida por cinqüenta, sessenta
quilômetros arrastando o cacaio, espécie de mochila feita com uma calça velha,
onde se punha o essencial, como : sal, querosene, munição, charque e farinha.
Era um drama sem fim, muitas vezes o encontro com o inesperado
dramatizava mais ainda a viagem, onças espreitavam os viajantes. Histórias davam
contas de vários ataques. Sempre presente também, a ameaça dos jagunços, lacaios
de grileiros inescrupulosos, comuns no cone sul zona da mata e ao longo de toda a
Br 364, que ainda não havia sido asfaltada, eram sempre uma ameaça a ser
considerada, muitos foram assassinados, pois lei para os mais pobres era como
hoje, piada sem graça.
Os novos colonos viviam em meio aos sonhos, esperanças e temores,
apegados a Deus arrancavam uma coragem que ninguém sabe explicar direito de
onde veio, mais no final, se alinharam ao trajeto histórico tendo como ancestrais as
populações indígenas. Mais tarde os bandeirantes do Vale do Guaporé, depois os
seringueiros da Primeira fase da Borracha, ainda mais tarde, a Segunda Fase com o
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Soldado da Borracha, na Colonização Recente, construíram um capítulo novo em
nossa história, e ofereceu para a geração atual isso que chamamos de terras de
Rondônia e que bem nos acolhe.
Vivemos o quinto período desenvolvimentista de Rondônia, agora, somos
nós os novos bandeirantes. Cabe a nós de Vilhena à Extrema, de Cerejeiras à
Guajará Mirim, de todas as cores e crenças os novos passos que determinará o
futuro dessa terra.
A CRIAÇÃO DO ESTADO DE RONDÔNIA.
O Estado de Rondônia foi criado quando o presidente da Republica João
Batista Figueiredo, 1979 – 1985, encaminhou ao Congresso Nacional, o projeto de Lei
Complementar n° 221, que logo foi aprovado. Assim, em 22 de dezembro de 1981, foi
aprovada a Lei Complementar n° 41 que criava o Estado de Rondônia e sua
instalação ocorreu em 4 de janeiro de 1982.
O primeiro Governador foi o Coronel Jorge Teixeira de Oliveira,
popularmente conhecido por “Teixeirão”.
A criação do Estado de Rondônia foi resultado do grande desenvolvimento
das décadas anteriores, principalmente após o asfaltamento da Br 364 no inicio da
década de oitenta, quando aumentou o número de pessoas que migraram para a
região. O Governo Teixeirão, iniciado em 1979, tinha como principal objetivo, montar
a estrutura necessária para que o Território Federal tivesse condições de ser elevado
à condição de Estado.
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Com isso, o município de Porto Velho recebeu grandes investimentos, pois
como capital do Estado, precisava de uma estrutura político-administrativa que,
atendesse as novas funções, outro fato, é que como capital atrairia muitos
migrantes, o que realmente ocorreu.
Porto Velho se transformou em um grande canteiro de obras, entre o final
da década de setenta e o inicio da década de oitenta, foram construídos, o Hospital
de Base, que até hoje se constitui como principal centro de saúde do Estado, o
CEMETRON - Centro Especializado em Doenças Tropicais de Rondônia, a Usina
Hidroelétrica de Samuel, A Explanada das Secretarias, a Universidade Federal de
Rondônia, vários grupos escolares entre outras obras não menos importantes, o fato
é que, tardiamente chegou a infra-estrutura que poderia ter amenizado nos anos
anteriores o sofrimento dos milhares de colonos que se deslocaram para nossa
região.
Após esse grande surto desenvolvimentista, tanto Porto Velho como o
restante do Estado de Rondônia, se estagnaram. Vejam que mais de vinte e cinco
anos se passaram, Porto Velho cresceu pelo menos três vezes, e a estrutura médico-
hospitalar ainda é a mesma.
Hospital de Base, João Paulo II e CEMETRON, como também, a estrutura
rodoviária não foi ampliada e nem conservada, a Br 364 sem conservação produz
graves problemas para toda a região, encarecendo o transporte e provocando muitos
acidentes fatais.
Rondônia possui na atualidade 52 municípios, porém este número deverá
ser alterado brevemente, pois muitas localidades, distritos de municípios estão se
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organizando para sua elevação a condição de cidade, como o caso da Ponta do
Abunã, que muito distante do município de Porto Velho, encontra muitas
dificuldades para ver suas reivindicações atendidas. A região é composta por vários
povoados e distritos como: Jaci-Paraná, União Bandeirantes, Nova Califórnia e
Extrema de Rondônia. Outros distritos e povoados no interior do Estado também
poderão se tornar município se houver um bom desenvolvimento, vamos citar dois
casos, Planalto São Luis, no sul do Estado e Porto Rolim, que também é distrito.
Entre os governos federais que mais contribuíram com a evolução e
desenvolvimento da nossa região, não poderíamos deixar de citar João Batista
Figueiredo, portanto vamos conhecer um pouco mais de sua trajetória política.
RONDÔNIA NA ATUALIDADE.
No momento atual, o Estado de Rondônia e sua capital, Porto Velho, vivem
momentos de grandes expectativas e apreensões, expectativas estas, devido aos
grandes investimentos do Plano de Aceleração do Crescimento – PAC, que serão
construídas duas hidroelétricas, uma em Santo Antônio das Cachoeiras, e outra na
cachoeira do Jirau, mais a construção de duas grandes pontes sobre o rio Madeira,
uma possibilitando a ligação com o Estado do Acre e outra ligando Porto Velho ao
Amazonas, ainda se prevê uma série de obras na cidade, ligadas às necessidades de
infra-estrutura, como asfalto, esgoto sanitário, mais escolas, postos de saúde, além
do gasoduto Urucum Porto Velho.
Outra realidade são os investimentos bilionários da iniciativa privada. Há
seis anos o município contava uma dúzia de prédios com mais de dez andares, na
atualidade passam de mais de quarenta prédios e pelo menos mais sessenta na
planta ou em construção. Temos ainda uma enorme quantidade de empresas de
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médio e grande porte se instalando na capital e dois grandes Shoppings Centers em
construção, com mais de trezentas salas comercias em cada um.
No interior do Estado, os municípios estão recebendo uma quantidade
impressionante de obras, como exemplo, podemos citar: A duplicação da ponte
sobre o rio Machado em Ji-Paraná, o hospital regional de Cacoal, os viadutos em
Pimenta Bueno, a construção de pontes, pavimentação e asfaltamento de milhares
de quilômetros de nossas estradas, e muitas outras obras que estão sendo
implementadas por empresas privadas, que percebem a possibilidade de
crescimento do Estado de Rondônia.
Como já comentamos esses investimentos todos, também causam muita
apreensão pois estão atraindo muitos migrantes que enxergam a possibilidade de
emprego e renda, porém experiências anteriores mostram que a procura por
emprego geralmente é maior do que a oferta, alguns analistas prevêem a chegada de
mais de cento e cinqüenta mil novos habitantes só para a capital.
A preocupação se justifica, em função da falta de estrutura adequada à
realidade de hoje, pois como podemos perceber há um grande déficit nas áreas de
saúde, educação, saneamento básico, habitação, transporte, segurança, emprego,
lazer, esporte, cultura, etc.
Uma outra grande preocupação é com o meio ambiente, o rio Madeira alvo
das duas grandes obras é a fonte de vida de milhares de pessoas, as chamadas
populações ribeirinhas. Outra questão é a população das grandes cidades que estão
nas margens do rio que certamente sofrerão com as modificações, que são: Porto
Velho, Jaci Paraná e Guajará Mirim.
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No caso da população ribeirinha, que será a mais atingida e que também é
a população mais desprotegida, teremos sua cultura e hábitos centenários sendo
modificados. Não se trata ai de questões materiais, e sim imateriais, o caboclo e o
rio, o peixe, a canoa, os animais, fauna e flora, construíram há milhares de anos um
conjunto fantástico de lendas e mitos que são alimentados por esse universo. O
processo civilizatório está atingindo elementos íntimos de culturas que pouco
conhecemos e pesquisamos.
As margens do Madeira são cultivadas há centenas de anos, seu universo
biológico será afetado violentamente, quais serão as conseqüências para as
sociedades que dependem desse meio de vida, e quais serão as reais conseqüências
para essa grande biodiversidade tão frágil e desconhecida.
Essas preocupações são frutos do carinho que temos com nossa região,
entendemos a necessidade de desenvolvimento, o Brasil realmente precisa de
energia, mais antes de tudo queremos respeito ao nosso povo, nossa história e
tradições, que amanhã possamos colher bons frutos desses investimentos e não
problemas.
Se olharmos para trás, veremos que a história está repleta de exemplos
negativos, por muito tempo brincaram com a Amazônia e atentaram contra seu povo
e cultura tradicionais.
Servimos para abastecer as necessidades dos grandes centros e não
tivemos o retorno que por justiça merecíamos. Vários projetos venderam sonhos e
esperança, mas produziram dor e sofrimento principalmente para as pessoas que
viviam aqui antes dos projetos, podemos citar: O Real Forte Príncipe da Beira,
depois de construído, foi transformado em presídio e mais tarde abandonado, hoje
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em ruínas não possui uma perspectiva de ser restaurado, a Estrada de Ferro Madeira
Mamoré, após sua inauguração em 1912, também perdera seu propósito até ser
definitivamente desativada em 1972. Toda vez que se fala em restaurá-la surgem
uma infinidade de problemas legais e burocráticos que impedem seu avivamento.
Podemos lembrar várias rodovias que consumiram milhões de dólares, como a
Transamazônica, a Belém Brasília e a Rodovia ligando Porto Velho à Manaus, ambas
abandonadas sem manutenção, não serviram a seu propósito, podemos lembrar a
Fordlândia e o projeto Jarí ambos no Pará, novamente milhões vão parar no “ralo”
do desperdício, e as pessoas atingidas foram transformadas em índices na
contagem que mede o tamanho da miséria social.
Isso tudo em uma região onde o homem viveu por milhares de anos na
abundância, fartura e felicidade.
Não podemos mais errar, o número de pessoas em estado de pobreza
aumenta a todo o momento, Porto Velho e o Estado de Rondônia convivem com
grandes problemas sociais que atingem milhares de pessoas.
Que as pessoas envolvidas na elaboração de projetos, saibam que a
pobreza mata, corrói, fere, machuca destruindo o humano dentro das pessoas,
gerando as tragédias que nos envergonham, e que depois procuramos com teorias
estúpidas, explicar muitas delas.
Por uma questão de humanidade, e com tantos exemplos na história, não
teremos como justificar novos erros, não teremos como conviver com novas
tragédias, pois ao final, de alguma forma ocorre a cobrança, e na maioria das vezes o
custo é alto e nos tornamos vítimas fatais de nossos passos errados.
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As experiências passadas são exemplos que precisam ser vistos, os
interesses nacionais precisam levar em consideração as questões locais e as
pessoas que residem na localidade afetada. É preciso termos claro, que a vida
humana está sendo tocada, que a história de gerações inteiras está sendo tocada. As
ações públicas precisam estar atentas, pois vão atingir as várias realidades sociais
existentes no Estado de Rondônia e principalmente ao longo de sua maior bacia
hidrográfica, Madeira, Mamoré e Guaporé.
Precisamos ter clara a dimensão do impacto produzido, para atuarmos na
prevenção dos problemas, e possivelmente amenizarmos seus efeitos negativos
sobre as pessoas.
É preciso compreendermos que existem formas de se produzir energia sem
agredir o meio ambiente, é preciso com urgência, atuar nos novos modelos
ecológicos de produção de energia, senão o tempo passa e amanhã novamente
outro rio será alvo de novas hidrelétricas e, consequentemente, de novos problemas
ambientais. É preciso uma atuação da sociedade na construção de alternativas
energéticas. O investimento no biodiesel, bioquerosene, energia solar e eólica
podem reduzir a necessidade da utilização do petróleo tão danoso ao meio ambiente.
O planeta iniciou uma contagem regressiva, existem cientistas indicando o
ano das catástrofes. A nossa geração vai cada vez mais sentir os efeitos do
aquecimento global. As catástrofes ambientais, não fazem mais parte de um cenário
de filmes de ficção, são reais e estão nos atingindo neste exato momento, com uma
grande possibilidade de piorarem a cada momento. A irresponsabilidade de
governantes canalhas e inescrupulosos, os atos de corrupção, as ações
destruidoras da natureza, a ação nefasta de pessoas que assumem cargos públicos
para enriquecer acreditando que é possível atuar de qualquer jeito em relação ao
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meio ambiente tem que ter um fim. É preciso uma atuação mais enérgica junto aos
que insistem na destruição do meio ambiente e que crimes ambientais sejam vistos
como hediondos, inafiançáveis e sem benefícios que possam diminuir o tempo de
condenação.
Cientistas importantes afirmam que em menos de cinqüenta anos o
petróleo não dará conta de atender a demanda, estará completamente esgotado e a
Amazônia possui um enorme potencial para geração de energia limpa. São mais de
cem espécies oleaginosas, grande parte dele de plantas como o babaçu que chega a
ser uma praga em toda a região, outras palmeiras como pupunha, além da mamona,
poderão ocupar o cenário nos próximos anos. Boa parte da área necessária está
disponível, pois estudos indicam que mais de quarenta por cento das áreas
derrubadas não foram utilizadas no Norte do Brasil.
As plantas cultivadas e utilizadas para a produção do biodíesel, podem
reflorestar áreas degradadas da grande floresta, pois são nativas da Amazônia,
assim, poderíamos recompor boa parte das áreas degradadas que não foram
utilizadas para nada, matas ciliares podem ser criadas com essas plantas. Outra
vantagem é que a produção poderá ser transportada para a Europa através das
hidrovias, que é o meio de transporte mais barato do mundo, podemos ganhar muito
pois são muitas as vantagens. As populações tradicionais estarão atuando no
extrativismo, modalidade econômica que faz parte da cultura local.
No Brasil, as hidrovias não são utilizadas de acordo com seu real potencial,
o número de ferrovias é insignificante. O nosso modelo de transporte de cargas é
exatamente aquele que os países desenvolvidos não querem para si - o rodoviário, o
mais caro do mundo, o que mais polui e causa acidentes.
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Para fazermos uma comparação, vamos citar um único rio nos Estados
Unidos, o Mississipi, que transporta mais de cem milhões de toneladas de grãos,
esse é um, entre os vários produtos transportados por lá, esse volume somente do
Mississipi, é mais de quatro vezes o volume transportado no Brasil que possui uma
capacidade hidroviária que é simplesmente a maior de todo o planeta, porém muito
pouco utilizada.
Temos que lembrar, que vivemos em um país continental, a sua rede de
transporte deve ser diversificada e interligada rodovias a ferrovias, hidrovias a
aeroportos. Construir portos modernos, pois temos a vocação para nos tornarmos a
nação mais rica do mundo, nossas riquezas são cada vez mais estratégicas para o
desenvolvimento geral da economia mundial, que não para de crescer. Portanto,
devemos nos estruturar para assumirmos nossa posição de grande nação produtora
de riquezas no cenário econômico internacional.
Estima-se, que o rio Madeira poderia transportar cinqüenta vezes mais
produtos, é um rio ocioso se comparado com as hidrovias européias e americanas.
Seu potencial estratégico, dentro do planejamento regional precisa ser trabalhado,
ser visto. Estamos na maior bacia hidrográfica do mundo com um custo de carga
aviltante, diminuindo violentamente o poder de consumo das pessoas, pois os
preços praticados precisam ser elevados, em função do preço do transporte.
É inadmissível que uma região rica como a amazônica, e nesse contexto o
Estado de Rondônia, ainda não tenha um grande projeto para tornar essa uma das
maiores hidrovias do planeta.
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EXERCÍCIOS DE CONHECIMENTOS REGIONAIS
1- Sobre a ocupação humana no Vale do Guaporé é correto afirmar:
a) Foi feita somente por portugueses;
b) A região era ocupada por índios e negros fugitivos;
c) As pessoas eram livres na sociedade colonial guaporeana;
d) Ocorreu uma ocupação onde se destacou a população negra que se organizou
em vários quilombos;
e) A população em sua maioria era de origem européia.
2- O Real Forte Príncipe da Beira é uma das grandes construções realizada pelos
portugueses no Brasil colonial, sobre o Forte, podemos afirmar:
a) Pombal, primeiro ministro de Dom José I, rei de Portugal, autorizou a
construção e D. Antônio Rolim de Moura Tavares construiu;
b) Erguida na margem esquerda do Mamoré defendia o Território Português;
c) Foi uma ação direta (sua construção) de Dom João VI que estava no Brasil;
d) Foi erguido na margem direita do rio Guaporé, onde se localiza hoje em dia o
município de Costa Marques.
e) Tinha por objetivo proteger as minas e o território português dos holandeses
que por vários momentos tentaram ocupar a região.
3- As principais ações da coroa portuguesa no Vale do Guaporé foram:
a) A criação da capitania do Mato Grosso, fundação de Vila Bela da Santíssima
Trindade e a construção do Real Forte Príncipe da Beira;
b) O desenvolvimento da cultura canavieira e combate aos jesuítas portugueses;
c) Fundação de Belém do Pará e o incentivo na coleta das Drogas do Sertão;
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d) Construção do Real Forte Príncipe da Beira, nomeação de D. Antônio Rolim de
Moura para o governo da capitania do Mato Grosso e política de proteção aos
índios e negros.
e) Política de reforma agrária beneficiando os pequenos produtores agrícolas.
4- Sobre as ações dos jesuítas e bandeirantes, é falso afirmar:
a) Buscavam pedras preciosas e índios para serem transformados em escravos.
Os jesuítas fundaram várias vilas;
b) Os bandeirantes eram aventureiros muito violentos e os jesuítas catequizavam
os índios;
c) Jesuítas e bandeirantes atuaram com honestidade defendendo os negros e
índios;
d) Bandeirantes e jesuítas contribuíram na expansão das fronteiras brasileiras.
e) Os bandeirantes normalmente partiam de São Paulo em busca de novas minas
de ouro pelo interior do Brasil.
5- Sobre o Tratado de Madri, marque a opção correta.
a) Foi redigido pelo brasileiro Teotônio de Gusmão;
b) Anulou todos os tratados anteriores.
c) Contestou o principio do Uti possidetis de factum;
d) Abriu as portas para que a coroa portuguesa pudesse ocupar toda a região
amazônica.
e) Foi redigido e aprovado no governo de Luis de Albuquerque Melo Pereira e
Cáceres.
6- Sobre o rio Guaporé no período Colonial, marque a opção correta.
a) Percorria a fronteira brasileira desde o Paraguai, atingindo a Bolívia e o Peru.
b) Foi alvo da coroa espanhola que proibiu sua navegação desde 175.
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c) Foi o principal caminho utilizado pelos portugueses no processo de ocupação
do interior da colônia, em função do contrabando de ouro, foi severamente
controlada a sua navegação.
d) Não teve papel de destaque pois a maioria das rotas utilizadas pelos
bandeirantes era terrestre.
e) O Guaporé foi a principal rota do ouro no extremo oeste brasileiro,
completamente dominado pela coroa espanhola.
7- Sobre o governo de Dom Antônio Rolim de Moura Tavares, marque a opção
incorreta.
a) Rolim de Moura foi nomeado pelo rei Dom João IV, ele se tornou o principal
agente colonizador da Capitania do Mato Grosso;
b) Fundou a capital Vila Bela da Santíssima Trindade no ano de 1751;
c) Uma de suas tarefas mais árduas foi a de dar combate aos espanhóis, que
pretendiam ocupar as terras da margem direita do rio Guaporé;
d) Após governar o Mato Grosso, foi governar a capitania da Bahia;
e) Com uma atuação de destaque na região, recebeu vários títulos e
homenagens, mais tarde se tornou o Vice Rei do Brasil.
8- Sobre a crise da mineração no Vale do Guaporé, marque a opção correta.
a) Foi provocada unicamente pelo fato da região ser inóspita;
b) Ocorreu em função da própria escassez do ouro, e não foi construída uma
opção rentável para a comunidade que se desenvolveu na região;
c) O Vale do Guaporé foi completamente abandonado, nem os índios ficaram na
região, devido a malária que matava a todos;
d) A coroa portuguesa libertou os escravos negros da região pois com a crise
não possuía mais controle sobre os mesmos.
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e) A região ficou sendo habitada somente por índios, e negros barbadianos que
trabalhavam nas minas do Guaporé.
9- Sobre o Tratado de Ayackutcho, assinado em 1867, marque a opção correta.
a) Foi assinado entre o Brasil e o Peru, tinha como principal objetivo, delimitar a
fronteira entre ambos;
b) Tratado de Amizade, Comércio, Extradição, Limites e Navegação, durante a
guerra do Paraguai foi assinado entre o Brasil e a Bolívia;
c) Foi um tratado de fronteiras entre o Brasil e o Paraguai.
d) Obrigou o Brasil a construir a estrada de ferro Madeira Mamoré para a Bolívia
em troca do Acre;
e) Foi assinado com o objetivo de impedir a invasão do Peru sobre o Brasil.
10- Um conflito entre Brasil e Bolívia gerou o Tratado de Petrópolis assinado em
17 de novembro de 1 903. Assinale a alternativa correta sobre o evento.
a) A França que ocupara a Guiana foi a medidora deste tratado;
b) O conflito foi maior em função da empresa asiática “Bolivian Sindicate”
defender seus interesses na região;
c) Plácido de Castro, gaúcho que participou da Coluna Prestes, foi considerado o
“Libertador do Acre” e principal personagem nesse tratado;
d) Foram de grande importância neste evento as ações de Percival Farquar e o
Coronel Church.
e) O Brasil foi obrigado a indenizar a Bolívia em dois milhões de libras esterlinas
e a construir uma ferrovia que pudesse retirá-la do isolamento geográfico em
que vivia.
11-A Estrada de Ferro Madeira Mamoré é um dos grandes eventos históricos
mundiais, em função da atuação de empresas, homens e capitais de vários
países. Sobre a Madeira Mamoré julgue os itens:
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a) Os trabalhadores vítimas de várias doenças eram todos provenientes da ilha
de Barbados;
b) Marechal Rondon, Percival Farquar, Coronel Church e Aluízio Ferreira são
personagens ligados a construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré;
c) A Ferrovia foi construída para atender as necessidades de transporte da
Indústria da borracha brasileira;
d) Foi um dos maiores dramas da história do Brasil na virada do século XIX, o
número de mortos e inválidos lembra uma guerra.
e) Sua construção possibilitou o surgimento de vários municípios, entre eles, Ji-
Paraná, Guajará Mirim e Porto Velho.
12- A mão de obra nos seringais era proveniente do nordeste, os seringalistas
atuavam de forma opressora, o trabalho era “quase escravo”. Sobre as relações
sociais nos seringais, é correto afirmar:
a) Todos os seringalistas se organizavam dentro do Partido republicano do
Amazonas;
b) Através dos altos preços praticados no barracão os seringueiros acumulavam
dívidas que não conseguiam pagar nunca junto aos coronéis de barranco;
c) Nos seringais as mulheres tinham uma vida melhor do que os homens que
trabalhavam de sol a sol;
d) Os Estados do Pará e Amazonas eram os maiores produtores de borracha do
Brasil;
e) A Bolívia era a maior produtora de borracha, seus seringais estavam
concentrados na costa oeste, próximo ao oceano pacifico.
13-As linhas Telegráficas significaram a chegada do governo republicano no
extremo oeste brasileiro. Sobre a Comissão Rondon, podemos afirmar:
a) Rondon descendente dos índios, protege todas as tribos da região;
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b) Trabalhou com Rondon na construção das linhas telegráficas sendo de grande
importância o coronel Aluízio Ferreira;
c) Marinheiros que participaram da Revolta da Chibata, em 1910, foram
condenados a trabalhos forçados na região e, participaram da construção do
telégrafo;
d) Rondônia recebeu este nome em 1981 em homenagem ao grande Marechal
Rondon.
e) Rondon sempre foi prestigiado pelos governos brasileiros, Getúlio Vargas
chegou a condecorá-lo como o Grande Homem da Paz.
14- Os acordos de Washington assinados no contexto da Segunda Guerra
Mundial, determinavam :
a) Os aliados liderados pela Inglaterra comprariam a borracha brasileira e
financiariam a indústria brasileira em troca de apoio na guerra;
b) Getúlio Vargas assinou o tratado sem se preocupar com o resultado da guerra;
c) A C.S.N: Companhia Siderúrgica Nacional, F.N.M: Fábrica Nacional de Motores
e a Vale do Rio Doce, estão relacionados ao Tratado de Washington, pois com
ele houve o financiamento que viabilizou a indústria brasileira;
d) A assinatura desse tratado contribuiu para que Juscelino Kubitschek
chegasse ao poder.
e) A Amazônia recebeu grandes investimentos após a guerra, e o governo federal
reconheceu os Soldados da Borracha como membro do exército brasileiro.
15- A ordem na “Evolução Política” de nossa região, pode ser compreendida da
seguinte forma:
a) Colonização do Vale do Guaporé, Ciclo da Pecuária e Ciclo da Coleta das
Drogas do Sertão;
b) I Ciclo da Borracha, colonização do Vale do Guaporé e colonização recente de
Rondônia;
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c) Ciclo da Mineração do Vale de Guaporé, I e II Ciclo da Borracha e colonização
recente de Rondônia;
d) I Ciclo da Borracha, Ciclo do Ouro no Vale do Guaporé e Colonização recente
de Rondônia.
16- Em relação ao atual quadro político-econômico do Estado de Rondônia,
marque a alternativa incorreta.
a) Rondônia vive uma grave crise social, gerada pelas péssimas políticas públicas
aplicadas nas áreas de educação, saúde, geração de empregos, repetindo o
quadro político de outras regiões do Brasil;
b) A pecuária, mineração, agricultura, setor madeireiro e governo são as
principais fontes de emprego no estado;
c) O único problema ambiental ocorrido na região se relaciona com as
queimadas;
d) A capital, Porto Velho, é banhado pelos rios, Madeira, Mamoré e Guaporé;
17- São tratados de fronteiras referentes ao Brasil colonial:
a) Tordesilhas, Madri e Petrópolis;
b) Washington, Madri e Petrópolis;
c) Versalhes, Tordesilhas e Madri;
d) Tordesilhas, Madri e Badajós;
e) Santo Idelfonso, Badajós e Tratado de Petrópolis.
18- Sobre Vila Bela da Santíssima Trindade, podemos afirmar:
a) Foi criada por Espanhóis que queriam a posse da região;
b) Serviu para garantir o espaço do ex-território Federal do Guaporé;
c) Teve como principal articulador o Conde de Azambuja;
d) Seu fundador foi Luiz de Albuquerque Mello Pereira e Cáceres
e) Foi fundada por Dom Antônio Rolim de Moura nas margens do rio Mamoré.
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19- Os bandeirantes e jesuítas possuíam um relacionamento:
a) Amistoso pois ambos pretendiam expandir a fé cristã;
b) Conflituosa pois os bandeirantes queriam escravizar os índios;
c) Não havia relação entre ambos;
d) Sem conflitos pois ambos eram portugueses;
e) Institucionalizado organizado pela coroa portuguesa.
20- Os trabalhadores da época do II Ciclo da Borracha eram provenientes:
a) Da Europa e Ilha de Barbados;
b) Eram sulistas brasileiros que vieram fundar várias cidades como Vilhena e
Pimenta Bueno;
c) Provenientes de Manaus e Belém do Pará, pois a ligação através dos grandes
rios ajudou no transporte;
d) Eram Nordestinos, repetindo o quadro ocorrido no ciclo da borracha anterior;
e) Os migrantes barbadianos vieram em maior número para abrir a Br 364.
21- Indique a opção que corresponde ao período da criação do Ex Território
Federal do Guaporé, em 1943:
a) Abertura da Br. 029, posterior 364 e maioria das cidades do Estado de
Rondônia;
b) II Guerra Mundial e Ditadura Militar;
c) Nacionalização da Madeira Mamoré e o Populismo;
d) Populismo, II Guerra Mundial, Estado Novo;
e) Café com leite, Era Vargas e Nova República.
22- Sobre a colonização recente de Rondônia marque a opção onde as relações
estejam corretas:
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a) Construção do Real Forte Príncipe da Beira e Estrada de Ferro Madeira
Mamoré;
b) Linhas telegráficas da Comissão Rondon e Br. 364;
c) Dom Antônio Rolim de Moura e Percival Farquar;
d) I Ciclo da Borracha e o Soldado da Borracha;
e) Percival Farquar e Getúlio Vargas.
23- Sobre a ocupação humana na Amazônia e em particular na região onde hoje
se localiza o Estado de Rondônia, podemos afirmar que:
a) A ocupação foi organizada e pacifica;
b) Não houve resistência por parte dos povos nativos;
c) O impacto ambiental foi mínimo, não gerando maiores problemas ecológicos
na região;
d) A colonização em sua maioria foi de origem sulista, gerou grandes impactos
ambientais, problemas sociais responsáveis pelo quadro atual, latifúndio, falta de
estrutura sanitária e concentração de renda;
e) A colonização recente provocou o surgimento de várias novas cidades em
Rondônia, entre elas Guajará Mirim.
24- Foram as causas para a descoberta do ouro no Vale do Guaporé durante o
período colonial:
a) A crise da sociedade canavieira no nordeste, a guerra dos emboabas e as
pressões da coroa portuguesa para aumentar a arrecadação;
b) A guerra dos mascates, e a crise do ouro nas Minas Gerais;
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c) A crise da produção do Pau Brasil e a união das coroas ibéricas;
d) A Vinda da família real portuguesa em 1808, e a crise do café;
e) A crise da mineração em Cuiabá e Minas gerais.
25- Na relação abaixo, somente uma opção está correta no que se refere ao nome
dos bandeirantes que atuaram na Amazônia colonial:
a) Rolim de Moura Tavares, Luis de Albuquerque Melo Pereira e Cáceres;
b) Bartolomeu Dias, Gaspar de Lemos e Francisco Pizarro;
c) Pedro Texeira, Francisco de Melo Palheta e os irmãos Paes de Barros;
d) Francisco de Almeida Serra, Domingos Jorge Velho e Alexandre de Gusmão;
e) Felix de Lima, Souza Coutinho e Francisco Pinzon.
26- Sobre o Real Forte Príncipe da Beira podemos afirmar:
a) Protegia as fronteiras e minas Brasileiras do povo Flamengo que insistia em
invadir o território;
b) Foi construído para combater as ações espanholas nas margens do rio Kaiari;
c) Foi construído na cidade de Costa Marques para dar combate aos espanhóis;
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d) Projetado no estilo Vauban, teve como engenheiros o Domingos Sambucet,
que veio a falecer de Malária e substituído por Ricardo Franco de Almeida Serra;
e) Erguido nas margens direta do rio Mamoré, impediu os espanhóis de invadirem
o território Colonial Português.
27- O trabalho no período colonial assumiu características que serão alteradas
lentamente durante a história do Brasil, sobre esse tema, marque a opção correta
em relação ao Vale do Guaporé:
a) A maioria dos trabalhadores nas minas eram negros escravizados oriundos do
caribe;
b) Os trabalhadores trabalhavam nas minas e recebiam um salário chamado de
mita, pois a região possuía uma forte presença espanhola;
c) Os índios eram escravizados e trabalhavam nas obras públicas e minas;
d) Em função da forte ocorrência da malária, que vitimava as pessoas aos
milhares, a maioria dos escravos negros foram libertos por contrair a doença;
e) Os trabalhadores em sua maioria eram escravos negros e trabalhavam nas
minas, existia um número menor de índios escravizados, pois a maioria destes,
catequizados eram protegidos contra a escravidão, em função dos interesses da
igreja católica.
28- Com a crise da mineração no Vale do Guaporé, ocorreram mudanças
significativas na região, marque a opção correta sobre o tema abordado:
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a) Com a escassez do ouro, o Vale do Guaporé foi completamente abandonado;
b) O Real Forte Príncipe da Beira, foi destruído pelos caçadores de relíquias;
c) A capital do Mato Grosso foi transferida para Bom Jesus de Cuiabá em 1825,
Vila Bela, com o tempo abrigou os descendentes da população negra da região;
d) Negros e índios se mudaram da região em função das epidemias comuns em
toda a margem dos rios Guaporé e Mamoré;
e) Vila Bela da Santíssima Trindade, foi completamente abandonada, na
atualidade restam as ruínas dos tempos áureos da mineração.
29- O Real Forte Príncipe da Beira é uma das maiores obras portuguesa no Brasil,
sobre esse grande monumento de nosso Estado, marque a opção correta:
a) Dom José Primeiro, rei de Portugal autorizou sua construção ocorrida entre os
anos de 1776 e 1783;
b) Foi erguido no governo de Luis de Souza Coutinho com autorização do
Marquês de Pombal;
c) Possui um formato de estrela, contendo cinco pontas é uma das obras primas
da arquitetura Portuguesa do século XVIII;
d) Seu Arquiteto, Rolim de Moura Tavares, veio a falecer de malária na região;
e) Construído na margem direita do rio Guaporé, foi eficiente nas batalhas contra
os espanhóis que ameaçavam historicamente as fronteiras da colônia
portuguesa.
30- Sobre a política do Marquês de Pombal podemos afirmar:
a) Expulsou os jesuítas e acabou com todas as companhias de comércio;
b) Proibiu as entradas e bandeiras;
c) Nomeou seu irmão para a capitania do Grão do Pará;
d) Autorizou a construção do Forte Príncipe da Beira e Forte do Presépio;
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e) Ele foi responsável pela fundação da cidade de Rolim de Moura em Rondônia.
31- Os governadores gerais da capitania do Mato Grosso que governaram entre
Rolim de Moura e Cáceres:
a) Luis Pinto de Souza Coutinho e Martinho Melo Castro;
b) João Pedro de Câmara e Luiz Pinto de Souza Coutinho;
c) Ricardo Franco de Almeida Serra e João Pedro da Câmara;
d) Martinho Melo Castro e João Pedro da câmara;
e) Souza Coutinho e Jônatas Pedrosa.
32- Sobre a proibição da navegação na hidrovia Guaporé Mamoré em 27 de
outubro de 1733 podemos afirmar que a mesma tinha por objetivos:
a) Impedir a dominação americana na região;
b) Impedir a ação da igreja Católica na região;
c) Coibir o contrabando das drogas do sertão;
d) Proibir o contrabando de ouro das minas do vale do Guaporé;
e) Impedir o contrabando de escravos muito comum em toda a região.
33- Os pioneiros no processo de Vulcanização da Borracha foram:
a) Oswaldo Cruz e Charles Maia de La Condamine;
b) Charles Goodyear e Thomas Hackock;
c) La Condamine e Toma Hanckoc;
d) O Barão de Langsdorf e João Severiano da Fonseca.
e) Martius e Spix.
34- Em 1852, no dia primeiro de janeiro foi instalada a Província do Amazonas,
seu primeiro governador foi João Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha, foi
criada uma companhia de navegação, seu proprietário era o Sr.:
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a) Percival Farquar;
b) Irineu Evangelista de Souza;
c) João Luiz Alves;
d) George Earl Church;
e) Hernan Galvez.
35- Em 1867 foi assinado o Tratado de Amizade, limites, comércio e extradição, no
meio Diplomático ficou conhecido como:
a) Tratado Quentim Quevedo;
b) Tratado José Augustim Palácios;
c) Tratado Lardner Gibon;
Tratado Muños – Neto. (Mariano Donto Munhoz e Felipe Lopes Neto);
d) Tratado de limites, Amizade e considerações;
e) Tratado de extradição e navegação.
36- Sobre os financiamentos obtidos pelo Coronel George Earl Church para a
construção da E.F.M.M., podemos afirmar:
a) Foram conseguidos em função de seu prestígio pessoal;
b) Ele conseguiu em função das garantias oferecidas pelo Governo Boliviano e
Norte Americano;
c) Contando com o apoio brasileiro, o Coronel George Earl Church consegue o
financiamento na Inglaterra, mas com o aval e garantias bolivianas;
d) Sendo ele Norte Americano teve nos E.U.A. o seu agente financiador;
e) O maior interessado na construção da ferrovia foi o Presidente Getúlio Vargas.
37- Entre as empresas contratadas para realizar a obra da E.F.M.M., uma não
chegou nem a visitar Santo Antônio, foi ela:
a) P.T. Collins;
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b) Dorsey And Caldwel;
c) Public Works Contrnction company;
d) May, Jeckyll e Randolph;
e) Reed Bros. & Co
38- Em 1931 ocorreu à nacionalização da E.F.M.M. sobre este evento é
INCORRETO afirmar:
a) O consórcio Anglo Canadense que controlava o grupo Madeira-Mamoré
encerra suas atividades na região;
b) Foi nomeado para administrar a ferrovia o capitão Aluízio Ferreira;
c) A ferrovia foi administrada pelo Exército e Marinha do Brasil;
d) A queda da bolsa de valores de Nova York em 1929 contribuiu para falência da
empresa administradora Anglo-Canadense;
e) Getúlio Vargas era o Presidente da época.
39- Em 1940 Getúlio Vargas oficializava sua política de ocupar as Regiões no
interior do Brasil, esta campanha ficou conhecida como:
a) “Marcha para o Oeste”;
b) “Marcha para o Leste”;
c) “Marcha para o Sul”;
d) “Marcha para o Nordeste”;
e) “Marcha para o Noroeste”.
40- Durante sua visita a Porto Velho em 1940, Getúlio Vargas Inaugurou:
a) O Hospital de Base, BR364;
b) Usina Termoelétrica da Madeira Mamoré, O Prédio dos Correios, Escola Barão
dos Solimões;
c) Escola Maria Auxiliadora, Porto Velho Hotel;
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d) Mercado Central e Estádio Aluízio Ferreira;
e) O porto do Cai N’água.
41- As opções relacionadas conferem com as entidades criadas por Getúlio
Vargas no tempo dos seringais, marque a opção correta:
a) INCRA, BASA, CSN;
b) FNM, DNPM, SUFRAMA;
c) IATA, SAVA, IBAMA;
d) CAETA, SAVA, SEMTA;
e) CAETA, INCRA, DNPM.
42) Sobre a colonização recente de Rondônia marque a opção incorreta:
a) Ocorreu logo após o Segundo Ciclo da Borracha, quando dentro da fobia dos
Governos Militares contra o comunismo resolveu-se “integrar a Amazônia para
não entregar”;
b) A região recebeu vultosas quantias em dinheiro para montagem da infra-
estrutura regional, como sempre muito dinheiro foi desperdiçado com obras que
não resultaram em desenvolvimento para a região como o caso da
Transamazônica;
c) Devemos destacar nesse período, 1964, as ações do Governador Jorge Teixeira
de Oliveira na região;
d) O INCRA, Instituto de Colonização e Reforma Agrária, foi importante no
assentamento rural das famílias;
e) A maioria dos colonos eram provenientes do Sul do Brasil, eles não foram
devidamente preparados para a nova região, e espécies fundamentais de nossa
fauna foram vítimas da moto-serra.
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43- Sobre os presidentes recentes de nossa história, quais das opções abaixo,
confere com aqueles que mais atuaram em nossa região:
a) Getúlio Vargas, Itamar Franco, José Sarney;
b) Costa e Silva, Eurico Gaspar Dutra, JK;
c) Getúlio Vargas, JK, João Batista Figueiredo;
d) Campos Sales, Manoel Deodoro da Fonseca, Delfim Moreira;
e) Café Filho, Luis Inácio da Silva, Fernando Collor, Itamar Franco.
44- Em qual governo Estadual, estourou uma grande crise política, onde
Deputados Estaduais foram flagrados tentando extorquir dinheiro público,
gerando uma grande indignação nacional:
a) Governo Oswaldo Piana;
b) Governo Jerônimo Garcia de Santana;
c) Governo Valdir Raupp de Matos;
d) Governo Ângelo Angelim;
e) Governo Ivo Cassol.
45- Sobre a construção das Hidroelétricas do Madeira marque a opção correta:
a) A construção está sendo patrocinada pelo banco mundial através do Pólo-
noroeste;
b) As hidrelétricas serão construídas nas cachoeiras de Jirau e Teotônio;
c) As obras fazem parte de um conjunto de medidas do governo Lula, integrantes
do PAC, Plano de Aceleração do Crescimento;
d) As hidrelétricas foram aprovadas sem contestação pois todos sabem das
necessidades de energia elétrica do Brasil;
e) As empresas que ganharam a licitação para realizarem as obras são de origem
japonesa.
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46- Porto Velho e o Estado de Rondônia, estão vivendo um grande momento de
desenvolvimento, em função do PAC, Plano de Aceleração do Crescimento,
marque a opção coerente com essa nova conjuntura:
a) Uma grande expectativa se manifesta junto a toda a sociedade em função das
possibilidades de emprego e desenvolvimento, outros se preocupam com a
possibilidade de aumento dos índices negativos em função da falta de
investimento na área social e impactos ambientais;
b) Avaliações indicam uma migração com mais de cento e cinqüenta mil pessoas,
onde a maioria deverá se estabelecer em Ji-Paraná;
c) O cone sul do Estado, composto pelas cidades de Vilhena, Colorado e Buritis,
também receberá importantes investimentos;
d) Uma preocupação presente nas obras é a possibilidade de alagamento do Real
Forte Príncipe da Beira;
e) A expectativa geral é de que não teremos problema algum em relação ao meio
ambiente.
47- Sobre a história recente de Rondônia marque a opção que confere com a
realidade:
a) Tragédias abalaram a imagem, do nosso Estado, como: A Chacina do Urso
Branco, o Massacre dos Trabalhadores Rurais de Corumbiara e o Conflito entre
Índios e Garimpeiros na reserva Roosevelt.
b) O Estado tem apresentado índices de transferência de renda acima da média
nacional, é o estado brasileiro que mais gera renda para seu povo;
c) Rondônia conseguiu diminuir o desmatamento, se tornando um exemplo para
toda Amazônia;
d) Os municípios da Zona da Mata são os que mais desenvolvem a indústria
química no Estado;
e) Os índices humanos do Estado são os piores do Brasil.
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48- Sobre a economia do Estado de Rondônia na atualidade, marque a afirmativa
incorreta:
a) A piscicultura tem se desenvolvido muito, tornando-se uma atividade bastante
rentável em quase todo o Estado;
b) A pecuária ocupa um espaço de destaque sendo o principal produto de nosso
PIB;
c) A agricultura está em franca expansão, além do café, o cacau, milho e arroz,
surge a soja que cada vez mais ocupa espaço, principalmente no sul do Estado.
d) O setor madeireiro, precisa ainda ser muito monitorado, pois ainda é muito
comum ações nocivas a fauna amazônica;
e) O setor de serviços não se desenvolveu nas cidades de Rondônia desde a
década de oitenta.
49- Sobre os rios de Rondônia marque a opção correta:
a) O rio Guaporé, surge na Chapada dos Parecis, e boa parte do seu trajeto
separa o Brasil da Bolívia;
b) O rio Mamoré, vem da Bolívia, acima do município de Guajará Mirim se
encontra com o rio Guaporé ganhando muito volume, abaixo se encontra com o
Amazonas;
c) O rio Machado é também conhecido como rio Ji- Paraná, e corta quase todo o
Estado de Rondônia, tem sua nascente nos Andes;
d) O rio Madeira é um dos rios mais poluídos do Brasil, pois o ribeirinho
amazônico joga muito lixo em seu leito;
d) Os rios Cabixi, Escondido e Enganado estão localizados no sul de nosso
Estado, ambos desembocam no rio Mamoré.
50- Sobre o clima em Rondônia, marque uma das alternativas:
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a) Nosso clima é tropical, com temperaturas que variam entre 23 e 35 graus;
b) Em Rondônia, o período chuvoso e chamado de friagem, e o período da seca
de estiagem;
c) Todas as estações estão muito bem definidas na Amazônia;
d) A seca vai de outubro até fins de abril, as águas de março a setembro;
e) As enchentes são sempre um grande problema para os ribeirinhos que habitam
as terras firmes.
51- Nas alternativas relacionadas, um conjunto de rios não faz parte de nossas
bacias hidrográficas:
a) Rio Machado, Machadinho e Roosevelt;
b) Cabixi, Enganado e Escondido;
c) Jaci Paraná, Mamoré e Cautário;
d) Tapajós, Xingu e Ituxi;
e) Bene, Guaporé e Corumbiara.
52- sobre a chamada Zona da Mata Rondoniense, podemos afirmar que os
municípios que fazem parte da região são:
a) Rolim de Moura, Alta Floresta e Santa Luzia;
b) Colorado, Cerejeiras e Cabixi;
c) Urupá, Ouro Preto e Jaru;
d) Costa Marques, Guajará Mirim e Vila Nova;
e) Theobroma, Vale do Anari e Candeias do Jamari.
53- Os primeiros Municípios a surgirem no espaço que atualmente forma o Estado
de Rondônia foram:
a) Vila Bela da Sant. Trindade, Porto Velho e Ji-Paraná.
b) Santo Antônio das Cachoeiras, Porto Velho e Guajará Mirim;
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c) Vilhena, Costa Marques e Pimenteiras;
d) Pimenteiras, Costa Marques e Tabajara;
e) Ji- Paraná, Ariquemes e Machadinho.
54- Sobre o Clima em Rondônia podemos afirmar:
a) As médias estão sempre entre 18º e 25° graus;
b) O clima possui características de zonas temperadas, na época da friagem a
temperatura chega a atingir os 13º Graus;
c) O clima quente e úmido é característico em Rondônia em função de o Estado
estar localizado muito próximo da linha do equador;
d) O clima é tropical, as estações do ano são muito bem definidas;
e) O clima é equatorial, às vezes a temperatura cai muito em função das elevadas
altitudes, devido nossa aproximação com os Andes.
55- Marque a opção que confere com grandes projetos que foram desenvolvidos
na Amazônia e que acabaram por não produzir nem o necessário para se
manterem:
a) Projeto Calha Norte, Sivan / Sipan e Hidrelétrica de Samuel;
b) Construção da Br 364, Porto Graneleiro e Banco da Borracha;
c) Hidrelétrica de Paulo Afonso, Estrada de Ferro Madeira Mamoré e Forte do
Presépio;
d) Projeto de celulose Jarí, Fordlândia e Rodovia Transamazônica;
e) Br 364, Forte Príncipe da Beira e o Porto Graneleiro.
56- Quando da criação do Estado de Rondônia foi montado uma grande estrutura
na região, marque a opção que corresponda a essa estrutura:
a) Construção do Hospital de Base, e o Hospital São José;
b) O prédio do Relógio na Sete de Setembro, e o Pronto Socorro João Paulo II;
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c) A Hidrelétrica de Samuel, o Asfaltamento da Br 364, e o Hospital da Candelária;
d) A Esplanada das Secretarias, e os prédios que compõem a UNIR, na Br 364,
sentido Guajará Mirim;
e) Construção do Cine Guarani em Guajará Mirim, e o Telégrafo de Rondon.
56- Sobre a criação do Estado de Rondônia marque a opção verdadeira:
a) O Estado foi criado durante o mandato Presidencial do General Geisel, tendo
como Governador o Coronel Jorge Teixeira de Oliveira;
b) Quem presidia o Brasil na época, era o Presidente João Batista de Figueiredo,
o primeiro Governador do novo Estado foi Ângelo Angelim;
c) A ordem para criação do Estado, veio do Presidente Juscelino Kubtschek
em1961.
d) O Prefeito de Porto Velho, capital do novo Estado era Francisco Chiquilito Erse.
e) O presidente na época da criação do novo Estado era o General João Batista
Figueiredo, o primeiro Governador foi o Coronel Jorge Teixeira de Oliveira.
57- Sobre o surgimento das cidades ao longo da Br 364, marque a alternativa
verdadeira:
a) Uma das cidades ao longo da Br que mais se desenvolveu foi Rolim de Moura,
isso se explica pelo fato da região ser habitada por importantes líderes políticos
que Governaram o Estado de Rondônia;
b) A colonização recente de Rondônia, foi resultado de vários esforços dos
Governos Militares, buscando alternativas aos problemas existentes no sul e
sudeste, e a necessidade de se povoar a Amazônia, sob o lema: “Integrar Para
Não Entregar”.
c) A Maioria dos migrantes era de origem sulista, a maioria deles se instalou nas
margens do rio Madeira, pois queriam desenvolver a atividade do garimpo;
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d) Foi um período marcado pelo desenvolvimento, não foram registrados conflitos
entre os assentados, nem problemas ambientais;
e) Rondônia viu cidades surgirem do dia para a noite, como o caso de Porto Velho
e Guajará Mirim.
58-Não fazem parte dos produtos que compõem a pauta de exportação do Estado
de Rondônia na atualidade:
a) Carne Bovina, Suína, Madeiras e Minérios;
b) Bio Jóias, Polpas de Frutas e Grãos;
c) Peixes ornamentais, Essências para Perfume e Minério de Ferro;
d) Soja, Couro Bovino e Café;
e) Polpas de Frutas, Laticínios e Madeira.
59- Sobre o crescimento populacional em Rondônia, podemos afirmar:
a) Os maiores índices de crescimento populacional, ocorreram durante os dois
ciclos econômicos relacionados a borracha;
b) O período em que o correu o maior crescimento populacional na região que
compreende o Estado de Rondônia, foi nas ultimas quatro décadas, no período da
Colonização mais Recente.
c) O grande inchaço populacional de Rondônia está relacionado ao período
colonial, quando do descobrimento das minas do Guaporé;
d) Foi com a construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, que tivemos os
maiores índices de desenvolvimento populacional;
e) Rondônia tem o seu crescimento humano, associado ao extrativismo vegetal, e
mineral, ocorridos na primeira metade do século XX.
60- Sobre as políticas públicas em nosso Estado, marque a opção correta:
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a) A atual estrutura pública social carece de investimentos, a maior parte do
existente na área de educação, saúde e transporte, são da época da criação do
Estado, do Governo Teixeirão, o Estado Cresceu muito porém, os investimentos
sociais não acompanharam o mesmo ritmo;
b) Foram efetuados grandes investimentos na infra-estrutura social, Rondônia
ocupa uma posição de destaque quando comparados a outros Estados;
c) Nosso Estado possui muitos problemas, porém avanços também são
contabilizados, principalmente na área de saúde, quase acabamos com a Dengue
e a Malária;
d) O Governo do Estado tem se destacado no combate aos problemas sociais, os
índices do IBGE, comprovam a diminuição dos problemas em todas as áreas.
e) A questão ambiental tem se tornado um destaque na mídia nacional, exemplo
para os outros Estados da região Norte.
GABARITO
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1-D, 2-D, 3-A, 4-C, 5-D, 6-C, 7-A, 8-B, 9-B, 10-E, 11-D, 12-B, 13-C, 14-C, 15-C, 16-C, 17-D,
18-C, 19-B, 20-D, 21-D, 22-B, 23-D, 24-A, 25-C, 26-D, 27-E, 28-C, 29-A, 30-C, 31-B, 32-D,
33-B, 34-B, 35-E, 36-C, 37-B, 38-C, 39-A, 40-B, 41-D, 42-C, 43-C, 44-E, 45-C, 46-A, 47-A,
48-E, 49-A, 5º-A, 51-D, 52-A, 53-B, 54-C, 55-D, 56-D, 57-B, 58-C, 59-B, 60-A.