história - pré-vestibular impacto - revolução inglesa ii

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KL 180208 REVOLUÇÃO INGLESA III (Cont.) FAÇO IMPACTO - A CERTEZA DE VENCER!!! PROFº: ANDERSON COSTA Fale conosco www.portalimpacto.com.br VESTIBULAR – 2009 CONTEÚDO A Certeza de Vencer 01 3 TRABALHANDO TEXTOS Na Inglaterra, por volta de 1640, a monarquia dos Stuart era incapaz de continuar governando de maneira tradicional. Sua política externa era deploravelmente fraca, em parte pela falta de dinheiro; as medidas econômicas, às quais foi obrigado a recorrer, alienaram tanto seus aliados potencias como seus inimigos. [...] Por volta de 1640, porém, as forças que acompanharam o capitalismo ou foram liberadas pela sua ascensão, especialmente na agricultura, não podiam mais ser contidas no velho quadro político a não ser por meio de repressão violenta, de que o governo de Carlos I se mostrou incapaz. Entre as “forças sociais que acompanharam a ascensão do capitalismo” devemos incluir não apenas o individualismo daqueles que queriam obter dinheiro, fazendo o que podiam com seus meios, como também o individualismo dos que quiseram seguir suas próprias consciências adorando a Deus, o que os levou a desafiar as instituições de uma sociedade hierarquicamente estratificada. Pressões e tensões similares produziram conflitos análogos em outros paises europeus, e estavam ligadas, sem dúvida, tanto ao crescimento da população quanto a ascensão do capitalismo. O resultado na Inglaterra foi diferente, todavia, do de todos os demais paises da Europa, com exceção dos paises baixos. Na Espanha, França e outros lugares, a monarquia absoluta sobreviveu à crise dos meados do século. Na Inglaterra, esta crise pôs fim às aspirações da monarquia de edificar um absoluto baseado num exército regular e numa burocracia. (Christopher Hill. ‘Uma revolução burguesa?’, Revista Brasileira de História, n° 7 . São Paulo, Editora Marco Zero/ Associação Nacional dos professores Universitários de História, março de 1984, p.10) A Guerra civil: vitória dos puritanos O exercito parlamentar, comandado por Oliver Cromwell, venceu as tropas do rei, na Batalha de Naseby (1645). Carlos I se refugiou na Escócia, mas o parlamento escocês o entregou ao parlamento inglês por uma soma em dinheiro. O rei foi então decapitado em janeiro de 1649. Alguns meses depois, a Câmara dos Comuns aboliu a Câmara dos Lordes e proclamou a República sob a liderança de Cromwell. A supressão da Câmara dos lordes contribuiu para eliminação das estruturas feudais que entravavam o pleno desenvolvimento do capitalismo mercantil. Foi criado um Conselho de Estado, composto de 41 membros, mas o poder de fato estava nas mãos de Cromwell. Este apoiado pelo exército puritano, que sufocou rebeliões na Irlanda (1649), contribuindo para aumentar o prestigio do líder puritano. No plano externo, a medida mais importante da República de Cromwell foi a promulgação dos Atos de Navegação (1651), pelos quais ficou estabelecido que todas as mercadorias importadas deveriam vir para a Inglaterra em navios ingleses ou em barcos de países de origem. Esses decretos não só estimularam o desenvolvimento econômico, mas também reforçaram a defesa nacional. No plano interno, Cromwell reprimiu com violência a ação dos Digges e outros, que reivindicavam medidas democráticas, como o sufrágio universal e reforma agrária. Ao lado disso, dissolveu o Parlamento em 1653 e proclamou- se Lorde Protetor da Inglaterra, impondo uma ditadura pessoal apoiada no exército que durou até 1658, ano de sua morte. Richard, seu filho e sucessor, não conseguiu manter a República unida e renunciou ao cargo em favor dos chefes militares. TRABALHANDO TEXTOS Texto I “[...] Antes éramos governados por um rei, lordes e comuns, agora o somos por um general, uma corte marcial e a câmara dos Comuns; e peço que me digais onde está a diferença! [...].” (Panfleto Leveller. In: HILL, Christopher. O mundo de ponta-Cabeça. S. Paulo, Companhia das letras, 1991). Texto II Oliver Cromwell: quem era? Oliver Cromwell nasceu em 25 de abril de 1599 em Huntingdon, na Inglaterra. Foi criado no meio Calvinista puritano, o que lhe conferiu um profundo conhecimento da Bíblia. Eleito membro do parlamento em 1628, distinguiu-se pela defesa do puritanismo e por ataques à hierarquia da igreja Anglicana. Em 1640, foi eleito novamente para o parlamento, como representante de Cambridge, e uniu-se aos radicais, parlamentares que atacavam duramente a política do rei Carlos I. Quando, em 1642, começou a guerra civil, Cromwell tornou-se conhecido pelo extraordinário senso de organização e comando, graças à criação do Exército de Novo Tipo. Em 1649 proclamou a República (Commonwealth) e em 1653 assumiu o título de Lorde Protetor. Ficou à frente do governo até sua morte, em 1658. (MOTA, Myrian B, História das Cavernas ao Terceiro Milênio. S.Paulo. Moderna 2002)

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Page 1: História - Pré-Vestibular Impacto - Revolução Inglesa II

KL 180208

REVOLUÇÃO INGLESA III (Cont.)

FAÇO IMPACTO - A CERTEZA DE VENCER!!!

PROFº: ANDERSON COSTA

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CONTEÚDO

A Certeza de Vencer

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TRABALHANDO TEXTOS

Na Inglaterra, por volta de 1640, a monarquia dos Stuart era incapaz de continuar governando de maneira tradicional. Sua política externa era deploravelmente fraca, em parte pela falta de dinheiro; as medidas econômicas, às quais foi obrigado a recorrer, alienaram tanto seus aliados potencias como seus inimigos. [...] Por volta de 1640, porém, as forças que acompanharam o capitalismo ou foram liberadas pela sua ascensão, especialmente na agricultura, não podiam mais ser contidas no velho quadro político a não ser por meio de repressão violenta, de que o governo de Carlos I se mostrou incapaz. Entre as “forças sociais que acompanharam a ascensão do capitalismo” devemos incluir não apenas o individualismo daqueles que queriam obter dinheiro, fazendo o que podiam com seus meios, como também o individualismo dos que quiseram seguir suas próprias consciências adorando a Deus, o que os levou a desafiar as instituições de uma sociedade hierarquicamente estratificada. Pressões e tensões similares produziram conflitos análogos em outros paises europeus, e estavam ligadas, sem dúvida, tanto ao crescimento da população quanto a ascensão do capitalismo. O resultado na Inglaterra foi diferente, todavia, do de todos os demais paises da Europa, com exceção dos paises baixos. Na Espanha, França e outros lugares, a monarquia absoluta sobreviveu à crise dos meados do século. Na Inglaterra, esta crise pôs fim às aspirações da monarquia de edificar um absoluto baseado num exército regular e numa burocracia.

(Christopher Hill. ‘Uma revolução burguesa?’, Revista Brasileira de História, n° 7 . São Paulo, Editora Marco Zero/ Associação Nacional dos professores Universitários de História, março de 1984, p.10)

A Guerra civil: vitória dos puritanos

O exercito parlamentar, comandado por Oliver Cromwell, venceu as tropas do rei, na Batalha de Naseby (1645). Carlos I se refugiou na Escócia, mas o parlamento escocês o entregou ao parlamento inglês por uma soma em dinheiro. O rei foi então decapitado em janeiro de 1649. Alguns meses depois, a Câmara dos Comuns aboliu a Câmara dos Lordes e proclamou a República sob a liderança de Cromwell. A supressão da Câmara dos lordes contribuiu para eliminação das estruturas feudais que entravavam o pleno desenvolvimento do capitalismo mercantil. Foi criado um Conselho de Estado, composto de 41 membros, mas o poder de fato estava nas mãos de Cromwell. Este apoiado pelo exército puritano, que sufocou rebeliões na Irlanda (1649), contribuindo para aumentar o prestigio do líder puritano. No plano externo, a medida mais importante da República de Cromwell foi a promulgação dos Atos de Navegação (1651), pelos quais ficou estabelecido que todas as mercadorias importadas deveriam vir para a Inglaterra em navios ingleses ou em barcos de países de origem. Esses decretos não só estimularam o desenvolvimento econômico, mas também reforçaram a defesa nacional. No plano interno, Cromwell reprimiu com violência a ação dos Digges e outros, que reivindicavam medidas democráticas, como o sufrágio universal e reforma agrária. Ao lado disso, dissolveu o Parlamento em 1653 e proclamou-se Lorde Protetor da Inglaterra, impondo uma ditadura pessoal apoiada no exército que durou até 1658, ano de sua morte. Richard, seu filho e sucessor, não conseguiu manter a República unida e renunciou ao cargo em favor dos chefes militares.

TRABALHANDO TEXTOS

Texto I “[...] Antes éramos governados por um rei, lordes e comuns, agora o somos por um general, uma corte marcial e a câmara dos Comuns; e peço que me digais onde está a diferença! [...].”

(Panfleto Leveller. In: HILL, Christopher. O mundo de ponta-Cabeça. S. Paulo, Companhia das letras, 1991).

Texto II Oliver Cromwell: quem era?

Oliver Cromwell nasceu em 25 de abril de 1599 em Huntingdon, na Inglaterra. Foi criado no meio Calvinista puritano, o que lhe conferiu um profundo conhecimento da Bíblia. Eleito membro do parlamento em 1628, distinguiu-se pela defesa do puritanismo e por ataques à hierarquia da igreja Anglicana. Em 1640, foi eleito novamente para o parlamento, como representante de Cambridge, e uniu-se aos radicais, parlamentares que atacavam duramente a política do rei Carlos I. Quando, em 1642, começou a guerra civil, Cromwell tornou-se conhecido pelo extraordinário senso de organização e comando, graças à criação do Exército de Novo Tipo. Em 1649 proclamou a República (Commonwealth) e em 1653 assumiu o título de Lorde Protetor. Ficou à frente do governo até sua morte, em 1658.

(MOTA, Myrian B, História das Cavernas ao Terceiro Milênio. S.Paulo. Moderna 2002)

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FAÇO IMPACTO – A CERTEZA DE VENCER!!!

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2009

Texto III CROMWEEL: de Revolucionário à Ditador

No governo de Cromwell é inegável o crescimento econômico da Inglaterra, seu fortalecimento político também foi notório. Os atos de Navegação, a unidade política e as grandes conquistas foram mérito do Governo Cromwell. Porém tudo isso teve um preço relativamente alto, a começar pela decepção geral da arraia miúda, que via neste líder uma esperança de um mundo melhor. Enquanto revolucionário Cromwell defendia o parlamento, mas no poder expurga-o. Antes de chegar ao poder, era visto como um republicano moderado, que defendia a tolerância religiosa, porém ao se tornar senhor da Inglaterra implantou uma ditadura puritana. O homem que ganhou a confiança de grupos como os Digges e monta um exército chamado de Novo Tipo, agora liquida os que pedem democracia. A revolução Puritana trouxe em sua bagagem uma ditadura de um homem que pelo uso da força subjuga não só Ingleses, mas também escoceses e Irlandeses. Se suas medidas foram necessárias ou se o poder mudou seus pensamentos, a história ainda não deu a completa resposta, pois este não é o único caso em que revolucionários se tornam ditadores. O povo e a história vê isto ainda hoje.

(COSTA, Anderson. A História para o Dia-a-Dia).

A Restauração da monarquia dos Stuart: Carlos II e Jaime II

Houve na Inglaterra, logo após o fracassado e rápido governo do filho de Cromwell, uma disputa de generais. Monk, um deles, encontrou uma solução para a crise política, que foi apoiada por todo o país: em 1660, Carlos II, filho de Carlos I, assumiu o trono inglês. Carlos II (1660-1685) era adepto do Absolutismo. Suas atitudes eram recebidas com desconfiança pelo Parlamento e pela população. As relações amistosas com Luís XIV, rei da França, aumentavam ainda mais a desconfiança. O Parlamento pressionava cada vez mais o rei, aprovando novos impostos sempre em troca de autonomia. Além disso, Carlos II era simpático ao catolicismo, seu irmão, futuro rei, já havia publicamente convertido a esta religião. Esse fato acirrava ainda mais as divergências entre o Parlamento e o monarca. Com a morte de Carlos II e a ascensão de seu irmão Jaime, os problemas continuaram. A burguesia inglesa temia uma rebelião armada, como aquela que conhecera anteriormente. Esperava-se que o rei morresse e deixasse o trono para uma de suas filhas protestantes. Mas o rei teve um filho homem, o que garantia a sucessão católica ao trono inglês.

A Revolução Gloriosa:

Temerosa do absolutismo de Jaime II e da rebelião popular, a Inglaterra encontrou como solução entrar em acordo com Guilherme de Orange, da Holanda, casado com a filha protestante de Jaime II. O plano consistia em destituir Jaime II substituindo-o por Guilherme. Guilherme de Orange desembarcou na Inglaterra, com seu exército, em 1688. Jaime II tentou resistir, mas os soldados passaram para o lado de Guilherme. Ao velho rei absolutista só restou fugir para a França. Guilherme de Orange e sua mulher foram reconhecidos como soberanos da Inglaterra pelo Parlamento, que, temendo um novo absolutismo, promulgou um segundo Bill of Rights em 1689. A partir daí, passou a prevalecer, na Inglaterra, o principio de que o “rei reina, mas quem governa é o parlamento”. O governo ficava sob autoridade do Parlamento, que, a cada ano, limitava ainda mais o poder real. A Revolução Gloriosa foi inspirada nas teorias de John Locke, o grande teórico do liberalismo político que vigorou na Europa e na América a partir do século XIX. (GRUPPI. 1990) TRABALHANDO TEXTOS

John Locke e a Revolução Inglesa

A produção intelectual de John Locke está diretamente ligada aos acontecimentos da Inglaterra do final do século XVII. Filho de um puritano que lutara ao lado de Cromwell, ele escreveu a maioria de suas obras no contexto da discussão política em torno da Revolução Gloriosa. Aperfeiçoada por Montesquieu, sua doutrina política foi incorporada na constituição dos Estados Unidos. Locke se opunha à visão de Hobbes, de que o estado de natureza seria o estado de guerra, com destruição mútua dos homens. Para Locke seria o estado de liberdade, com os homens vivendo juntos segundo a razão, sem uma autoridade para julgá-los. O governo seria um remédio contra os males gerados pelo fato de, em estado de natureza, cada homem ser juiz em causa própria e atacar as propriedades de outrem. Esse Estado, no entanto, teria de cumprir um contrato com a sociedade, zelar pelo bem público, defender a propriedade, caso contrario os homens teriam direito a uma rebelião. O poder do governo jamais se estenderia além do bem comum. Se o governo tentasse ser absoluto e violasse os direitos naturais dos indivíduos, perderia a fidelidade dos súditos. Nesse caso, poderia ser legitimamente derrubado. A comunidade teria o direito de pegar em armas contra o soberano para assegurar um contrato justo e proteger a propriedade privada.

(CAMPOS, Flávio. Oficina de História. S. Paulo. Moderna).