história - pré-vestibular impacto - os filósofos - gregos

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ITA:08/02/08 OS PRIMEIROS FILÓSOFOS GREGOS FAÇO IMPACTO - A CERTEZA DE VENCER!!! PROFº: ALEX VAZ Fale conosco www.portalimpacto.com.br VESTIBULAR – 2009 CONTEÚDO A Certeza de Vencer 02 1 Quando afirmamos que a filosofia nasceu na Grécia, devemos tomar essa afirmação mais precisa. Afinal, nunca houve, na Antiguidade, um Estado grego unificado. O que chamamos de Grécia nada mais é que o conjunto de muitas cidades Estado gregas (polis), independentes umas das outras, e muitas vezes rivais. No vasto mundo grego, a filosofia teve como berço a cidade de Mileto, situada na Jônia, litoral ocidental da Ásia Menor. Caracterizada por múltiplas influências culturais e por um rico comércio, a cidade de 78 Mileto abrigou os três primeiros pensadores da história ocidental a quem atribuímos a denominação filósofos. São eles: Tales, Anaximandro e Anaxímenes. Destaca-se, entre os objetivos desses primeiros filósofos, a construção de uma cosmologia (explicação racional e sistemática das características do universo) que substituísse a antiga cosmogonia (explicação sobre a origem do universo baseada nos mitos). Esses primeiros filósofos queriam descobrir, com base na razão e não na mitologia, o princípio substancial (a arché, em grego) existente em todos os seres materiais. Isto é, pretendiam encontrar a "matéria-prima" de que são feitas todas as coisas. Tales de mileto Tudo e Àgua Tales (623-546 a.C., aproximadamente) costuma ser considerado o primeiro pensador grego, "O Pai Da Filosofia". Na condição de filósofo, buscou a construção do pensamento racional em diversos campos do conhecimento que, hoje, não são considerados especialidades filosóficas. Foi astronômo e chegou a prever o eclipse total do Sol ocorrido a 28 de maio de 585 a.C. Na área da geometria demonstrou, por exemplo, que todos os ângulos inscritos no meio círculo são retos e que em todo triângulo a soma de seus ângulos internos é igual a 180°. Procurando fugir das antigas explicações mitológicas sobre a criação do mundo. Tales queria descobrir um elemento físico que fosse constante em todas as coisas. Algo que fosse o princípio unificador de todos os seres. Inspirando-se provavelmente em concepções egípcias, acrescidas de suas próprias observações da vida animal e vegetal, concluiu que a água é a substância primordial, a origem única de todas as coisas. Para ele, somente a água permanece basicamente a mesma, em todas as transformações dos corpos, apesar de assumir diferentes estados — sólido, líquido e gasoso. ANAXIMANDRO DE MILETO Nem água nem algum dos elementos, mas alguma substância diferente, ilimitada, e dela nascem os céus e os mundos neles contidos. Anaximandro (610-547 a.C.) procurou aprofundar as concepções de Tales sobre a origem única de todas as coisas. Em meio a tantos elementos observáveis no mundo natural — a água, o fogo, o ar etc. —, ele acreditava não ser possível eleger uma única substância material como o princípio primordial de todos os seres, a arché. Para Anaximandro, esse princípio é algo que transcende os limites do observável, ou seja, não se situa numa realidade ao alcance dos sentidos. Por isso, denominou-o ápeiron, termo grego que significa "o indeterminado", "o infinito". O ápeiron seria a "massa geradora" dos seres, contendo em si todos os elementos contrários. PRÉ-SOCRÁTICOS De acordo com a tradição histórica, a fase inaugural da filosofia grega é conhecida como período pré-socrático. Esse período abrange o conjunto das reflexões filosóficas desenvolvidas desde Tales de Mileto (623546 a.C.) até o aparecimento de Sócrates (468-399 a.C). OS PENSADORES DE MILETO: A BUSCA DE UM PRINCÍPIO PARA TODAS AS COISAS • ANAXÍMENES DE MILETO E assim como nossa alma, que é ar, nos ,mantém unidos, da mesma maneira o vento envolve todo o mundo. Anaxímenes (588-524 a.C.) admitia que a origem de todas as coisas é indeterminada. Entretanto, recusava-se a atribuir-lhe o caráter oculto de elemento situado fora dos limites da observação e da experiência sensível. Tentando uma possível conciliação entre as concepções de Tales e as de Anaximandro, concluiu ser o ar o princípio de todas as coisas. Isso porque o ar representa um elemento "invisível e imponderável , quase inobservável e, no entanto, observável: o ar é a própria vida, a força vital, a divindade que "anima" o mundo, aquilo que dá testemunho à respiração" 2 .

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ITA:08/02/08

OS PRIMEIROS FILÓSOFOS GREGOS

FAÇO IMPACTO - A CERTEZA DE VENCER!!!

PROFº: ALEX VAZ

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CONTEÚDO

A Certeza de Vencer

02

1

Quando afirmamos que a filosofia nasceu na Grécia, devemos tomar essa afirmação mais precisa. Afinal, nunca houve, na Antiguidade, um Estado grego unificado. O que chamamos de Grécia nada mais é que o conjunto de muitas cidades Estado gregas (polis), independentes umas das outras, e muitas vezes rivais.

No vasto mundo grego, a filosofia teve como berço a cidade de Mileto, situada na Jônia, litoral ocidental da Ásia Menor. Caracterizada por múltiplas influências culturais e por um rico comércio, a cidade de 78 Mileto abrigou os três primeiros pensadores da história ocidental a quem atribuímos a denominação filósofos. São eles: Tales, Anaximandro e Anaxímenes.

Destaca-se, entre os objetivos desses primeiros filósofos, a construção de uma cosmologia (explicação racional e sistemática das características do universo) que substituísse a antiga cosmogonia (explicação sobre a origem do universo baseada nos mitos).

Esses primeiros filósofos queriam descobrir, com base na razão e não na mitologia, o princípio substancial (a arché, em grego) existente em todos os seres materiais. Isto é, pretendiam encontrar a "matéria-prima" de que são feitas todas as coisas.

Tales de mileto

Tudo e Àgua Tales (623-546 a.C., aproximadamente) costuma ser

considerado o primeiro pensador grego, "O Pai Da Filosofia". Na condição de filósofo, buscou a construção do pensamento racional em diversos campos do conhecimento que, hoje, não são considerados especialidades filosóficas. Foi astronômo e chegou a prever o eclipse total do Sol ocorrido a 28 de maio de 585 a.C. Na área da geometria demonstrou, por exemplo, que todos os ângulos inscritos no meio círculo são retos e que em todo triângulo a soma de seus ângulos internos é igual a 180°.

Procurando fugir das antigas explicações mitológicas sobre a criação do mundo. Tales queria descobrir um elemento físico que fosse constante em todas as coisas. Algo que fosse o princípio unificador de todos os seres.

Inspirando-se provavelmente em concepções egípcias, acrescidas de suas próprias observações da vida animal e vegetal, concluiu que a água é a substância primordial, a origem única de todas as coisas. Para ele, somente a água permanece basicamente a mesma, em todas as transformações dos corpos, apesar de assumir diferentes estados — sólido, líquido e gasoso.

ANAXIMANDRO DE MILETO

Nem água nem algum dos elementos, mas alguma substância diferente, ilimitada, e dela nascem os céus e os mundos neles contidos.

Anaximandro (610-547 a.C.) procurou aprofundar as concepções de Tales sobre a origem única de todas as coisas. Em meio a tantos elementos observáveis no mundo natural — a água, o fogo, o ar etc. —, ele acreditava não ser possível eleger uma única substância material como o princípio primordial de todos os seres, a arché.

Para Anaximandro, esse princípio é algo que transcende os limites do observável, ou seja, não se situa numa realidade ao alcance dos sentidos. Por isso, denominou-o ápeiron, termo grego que significa "o indeterminado", "o infinito". O ápeiron seria a "massa geradora" dos seres, contendo em si todos os elementos contrários.

PRÉ-SOCRÁTICOS De acordo com a tradição histórica, a fase inaugural da filosofia grega é conhecida como período pré-socrático. Esse

período abrange o conjunto das reflexões filosóficas desenvolvidas desde Tales de Mileto (623546 a.C.) até o aparecimento de Sócrates (468-399 a.C).

OS PENSADORES DE MILETO: A BUSCA DE UM PRINCÍPIO PARA TODAS AS COISAS •

ANAXÍMENES DE MILETO

E assim como nossa alma, que é ar, nos ,mantém unidos, da mesma maneira o vento envolve todo o mundo.

Anaxímenes (588-524 a.C.) admitia que a origem de todas as coisas é indeterminada. Entretanto, recusava-se a atribuir-lhe o caráter oculto de elemento situado fora dos limites da observação e da experiência sensível. Tentando uma possível conciliação entre as concepções de Tales e as de Anaximandro, concluiu ser o ar o princípio de todas as coisas. Isso porque o ar representa um elemento "invisível e imponderável , quase inobservável e, no entanto, observável: o ar é a própria vida, a força vital, a divindade que "anima" o mundo, aquilo que dá testemunho à respiração"2.

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2009

PITÁGORAS DE SAMOS: O OCULTO DA MATEMÁTICA

TODAS AS COISAS SÃO NÚMEROS Pitágoras (570-490 a.C., aproximadamente) nasceu na ilha de Samos, na costa jônica, não distante de Mileto. Por volta

de 530 a.C., sofreu perseguição política por causa de suas idéias, sendo obrigado a deixar sua terra de origem. Instalou-se, então, em Crotona, sul da Itália, região conhecida como Magna Grécia.

Em Crotona, fundou uma poderosa sociedade de caráter filosófico e religioso e de acentuada ligação com as questões políticas. Depois de exercer, por longos anos, considerável influência política na região, a sociedade pitagórica foi dispersada por opositores, e o próprio Pitágoras foi expulso de Crotona.

Para Pitágoras a essência de todas as coisas reside nos números, os quais representam a ordem e a harmonia. Segundo o historiador de filosofia norteamericano Thomas Giles, "pela primeira vez se introduzia um aspecto mais formal na explicação da realidade, isto é, a ordem e a constância". Assim, a essência dos seres, a arché, teria uma estrutura matemática da qual derivariam problemas como: finito e infinito, par e ímpar, unidade e multiplicidade, reta e curva, círculo e quadrado etc.

Pitágoras dizia que no "fundo de todas as coisas" a diferença entre os seres consiste, essencialmente, em uma questão de números (limite e ordem das coisas).

As contribuições da escola pitagórica podem ser encontradas nos campos da matemática (lembre-se do célebre teorema de Pitágoras), da música e da astronomia. A essas contribuições junta-se uma série de crenças místicas relativas à imortalidade da alma, à reencarnação dos pecadores, à prescrição de rígidas condutas morais etc.

Não podemos entrar duas vezes no mesmo rio, pois suas águas se renovam a , cada instante. Não tocamos duas vezes o mesmo ser, pois este modifica continuamente sua condição. Assim, Heráclito imaginava a realidade dinâmica do mundo sob a forma de fogo, com chamas vivas e eternas,

OS PENSADORES ELEÁTICOS O INÍCIO DOS ESTUDOS SOBRE O SER E O CONHECER

As diversas cosmologias que acabamos de estudar despertaram, na época, uma nova questão. Por que tanta divergência? Por que tantas opiniões contrárias?

Heráclito de Efeso, como vimos, acreditava que a luta dos contrários formava a unidade do mundo. Já para os pensadores da cidade de Eléia, a partir de seu principal expoente, Parmênides, os contrários jamais poderiam coexistir. Os dois pensadores representam, portanto, pólos extremos do pensamento filosófico.

Foi a partir dessa discussão sobre os contrários, sobre o ser e o não-ser, que se iniciaram a lógica (os estudos sobre o conhecer) e a ontologia (os estudos sobre o ser) e suas relações recíprocas, conforme veremos a seguir.

PARMÊNIDES DE ELÉIA Ó ente é; pois é ser e nada não é.

Nascido em Eléia, na Magna Grécia, litoral oeste da península Itálica, Parmênides (510-470 a.C., aproximadamente) tornou-se célebre por ter feito oposição a Heráclito. Platão o chamava de Grande Parmênides.

Parmênides defendia a existência de dois caminhos para a compreensão da realidade. O primeiro é o da filosofia, da razão, da essência. O segundo é o da crendice, da opinião pessoal, da aparência enganosa, que ele considerava a "via de Heráclito".

Segundo Parmênides, o caminho da essência nos leva a concluir que na realidade: a) existe o ser, e não é concebível sua nãoexistência; b) o ser é o não-ser não é. Em vista disso, Parmênides é considerado o primeiro filósofo a formular os princípios lógicos de identidade e de não-contradição, desenvolvidos depois por Aristóteles.

Ao refletir sobre o ser, pela via da essência, o filósofo eleático concluiu que o ser é eterno, único, imóvel e ilimitado. Essa seria a via da verdade pura, a via a ser buscada pela ciência e pela filosofia. Por outro lado, quando a realidade é pensada pelo caminho da aparência, tudo se confunde em função do movimento, da pluralidade e do devir (vir-a-ser).

Assim, na concepção de Parmênides, Heráclito teria percorrido o caminho das aparências ilusórias. Essa via precisava ser evitada para não termos de concluir que "o ser e o não-ser são e não são a mesma coisa". Parmênides teria descoberto, assim, os atributos do ser puro: o ser ideal do plano lógico. E negou-se a reconhecer como verdadeiros os testemunhos ilusórios dos sentidos e a constatar a existência do ser-no-mundo: o ser que se exprime de diversos modos, os seres múltiplos e mutáveis.

Mas o filósofo sabia que é no mundo da ilusão, das aparências e das sensações que os homens vivem seu cotidiano. Então, "o mundo da ilusão não é uma ilusão de mundo", mas uma manifestação da realidade que cabe à razão interpretar, explicar e compreender, até que alcance a essência dessa realidade. Não podemos confiar nas aparências, nas incoerências, na visão enganadora. Pela razão, devemos buscar a essência, a coerência e a verdade. "O esforço de toda sabedoria é, pois, para Parmênides, sistematizar isso, tomar pensa vel o caos, introduzir uma ordem nele."3

HERÁCLITO DE ÉFESO O MOVIMENTO PERPÉTUO DO MUNDO

Nascido em Éfeso, cidade da região Jônica Heráclito é considerado um dos mais importantes filósofos pré-socráticos. A data de seu nascimento e a de sua morte não são conhecidas. Há referências históricas de que, por volta do ano 500 a.C., estava em plena "flor da idade". Heráclito é considerado o primeiro grande representante do pensamento dialético. Concebia a realidade do mundo como algo dinâmico, em permanente transformação. Daí sua escola filosófica ser chamada de mobilista (de movimento). Para ele, a vida era um fluxo constante, impulsionado pela luta de forças contrárias: a ordem e a desordem, o bem e o mal, o belo e o feio, a construção e a destruição, a justiça e a injustiça, o racional e o irracional, a alegria e a tristeza etc.

Assim, afirmava que "a luta (guerra) é a mãe, rainha e princípio de todas as coisas". É pela luta das forças opostas que o mundo se modifica e evolui.

Atribuem-se a Heráclito frases marcantes, de sentido simbólico, utilizadas para ilustrar sua concepção sobre o fluxo e a movimentação das coisas, o constante vir-a-ser, a eterna mudança, também chamada devir: