história - pré-vestibular impacto - grécia - atenas 02

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MA180408 GRÉCIA - ATENAS 02 FAÇO IMPACTO - A CERTEZA DE VENCER!!! PROFº: PANTOJA Fale conosco www.portalimpacto.com.br VESTIBULAR – 2009 CONTEÚDO A Certeza de Vencer 04 1 “É esta isonomia que traduz a reforma do espaço cívico e, mas simplesmente, o fato de que, doravante, um ateniense não mais se nomearia pelo nome do pai, mas pelo nome do pai, mas pelo do seu demos de origem”. M M O O S S S S É É, Claude. “Op.cit”. p.23 5.3 A DEMOCRACIA ATENIENSE A) PRECEDENTE – A TIRANIA: Conforme vimos no tópico anterior, as reformas de Sólon embora tenham produzido alguns avanços também tiveram limitações, além disso, não foram do agrado de todos os habitantes desta pólis. Os eupátridas sentiram-se prejudicados pela perda do monopólio político e da possibilidade de usar o próprio credor como calção pelo empréstimo concedido. As camadas populares esperavam por reformas bem mais profundas, como a redistribuição da propriedade privada da terra, estes fatores faziam com que as disputas tivessem prosseguimento. Em meio a essas agitações, assistimos o aparecimento dos governantes tirânicos que alcançavam o poder com o apoio das massas populares. Psístrato (560-527 a.C.) foi o maior dos tiranos gregos, líder do partido diacriano é visto por alguns historiadores como um político demagogo que fez uso do discurso favorável às massas como uma ferramenta capaz de sublevá-los contra os eupátridas. Tendo conseguido o seu intento, Psístrato acabou sendo atacado sucessivamente por fundiários e comerciantes, chegando a ponto de ser expulso da cidade, quando passou doze anos exilado. O retorno de Psístrato a Atenas, e ao poder, é narrado como um verdadeiro espetáculo para a época, dando provas de seu talento para manipular as massas: Tendo ainda sido expulso uma segunda vez, Psístrato acumulou riquezas no exterior para finalmente desembarcar em Atenas apoiado pelas massas urbanas e rurais, conseguiria assim impor o seu governo pessoal dos eupátridas e demiurgos. A popularidade que este tirano alcançou junto aos indivíduos menos abastados de Atenas se deve fundamentalmente a algumas de suas medidas: ao confiscar terras de seus inimigos aristocratas, Psístrato fez um arrendamento aos camponeses pobres, desenvolveu uma série de obras públicas que acabou por absorver grande parte da mão-de-obra livre e estimulou largamente o comércio e a cerâmica. Segundo alguns autores, Psístrato ainda faria a concessão de ajuda material aos homens do campo como um artifício para adiar a partilha das terras exigidas por estes. Psístrato governou Atenas até o dia de sua morte, no ano de 527 a.C., quando foi sucedido por seus filhos Hiparco e Hipias, que governariam até 510 a.C., quando um levante popular poria fim no período da Tirania e iniciaria a mais importante fase da história ateniense: a Democracia. B) AS REFORMAS DE CLÍSTENES: Contando com um amplo apoio popular Clístenes iniciaria a criação de uma série de reformas que resultariam na implementação do regime democrático ateniense, este é indiscutivelmente o momento mais importante da história de Atenas, é neste tempo que a cidade gozará do prestígio de centro da cultura grega e alcançara a posição de maior pólis dentre desta civilização. Observemos as principais medidas de Clístenes: Reforma Urbana: Para conter os conflitos sociais entre os diferentes espaços da cidade – litoral, planície e montanha, Clístenes substitui a antiga divisão em quatro tribos de origem gentílica por dez novas, tomando o cuidado para que em cada uma delas haja um setor para cada uma das três partes e depois, subdivide as tribos em número variável de demos – áreas administrativas. Com tal atitude o reformador pretendia anular as bases de segregação de Atenas. Reforma Cívica: Abre possibilidades maiores para que um indivíduo tenha direito à cidadania ateniense, entendendo que os critérios necessários seriam: pertencer ao gênero masculino, ser maior de dezoito anos, ter nascido em Atenas e ser filhos de pais atenienses. Obs .: Nasceria aqui o princípio da isonomia ateniense, segundo o qual todos os cidadãos seriam iguais perante a lei. Observe nas palavras de Claude Mossé: “No décimo segundo ano, Mégacles, repelido pelos partidos em luta, entrou em negociações com Psístrato, sob a condição de este desposar sua filha; e reconduziu-o de maneira simples e à moda antiga. Propagou a notícia de que Atena trazia Psístrato de volta, procurou uma mulher alta e bela – segundo Heródoto, originaria do dèmes de Peânia; segundo outros, tratava-se de uma ramalhateira trácia chamada Flia, que habitava em Colito -; vestiu-a de deusa e fê-la entrar em Atenas com Psístrato, que avançava numa carruagem com a mulher a seu lado, e os habitantes reberam-no prostrando-se em sinal de respeito”. MOSSÉ, Claude. “Op.cit”. p. 19.

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MA180408

GRÉCIA - ATENAS 02

FAÇO IMPACTO - A CERTEZA DE VENCER!!!

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CONTEÚDO

A Certeza de Vencer

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1

“É esta isonomia que traduz a reforma do espaço cívico e, mas simplesmente, o fato de que, doravante, um ateniense não mais se nomearia pelo nome do pai, mas pelo nome do pai, mas pelo do seu demos de origem”.

MMOOSSSSÉÉ, Claude. “Op.cit”. p.23

55..33 AA DDEEMMOOCCRRAACCIIAA AATTEENNIIEENNSSEE AA)) PPRREECCEEDDEENNTTEE –– AA TTIIRRAANNIIAA:: Conforme vimos no tópico anterior, as reformas de Sólon embora tenham produzido alguns avanços também tiveram limitações, além disso, não foram do agrado de todos os habitantes desta pólis. Os eupátridas sentiram-se prejudicados pela perda do monopólio político e da possibilidade de usar o próprio credor como calção pelo empréstimo concedido. As camadas populares esperavam por reformas bem mais profundas, como a redistribuição da propriedade privada da terra, estes fatores faziam com que as disputas tivessem prosseguimento. Em meio a essas agitações, assistimos o aparecimento dos governantes tirânicos que alcançavam o poder com o apoio das massas populares. Psístrato (560-527 a.C.) foi o maior dos tiranos gregos, líder do partido diacriano é visto por alguns historiadores como um político demagogo que fez uso do discurso favorável às massas como uma ferramenta capaz de sublevá-los contra os eupátridas. Tendo conseguido o seu intento, Psístrato acabou sendo atacado sucessivamente por fundiários e comerciantes, chegando a ponto de ser expulso da cidade, quando passou doze anos exilado. O retorno de Psístrato a Atenas, e ao poder, é narrado como um verdadeiro espetáculo para a época, dando provas de seu talento para manipular as massas:

Tendo ainda sido expulso uma segunda vez, Psístrato acumulou riquezas no exterior para finalmente desembarcar em Atenas apoiado pelas massas urbanas e

rurais, conseguiria assim impor o seu governo pessoal dos eupátridas e demiurgos. A popularidade que este tirano alcançou junto aos indivíduos menos abastados de Atenas se deve fundamentalmente a algumas de suas medidas: ao confiscar terras de seus inimigos aristocratas, Psístrato fez um arrendamento aos camponeses pobres, desenvolveu uma série de obras públicas que acabou por absorver grande parte da mão-de-obra livre e estimulou largamente o comércio e a cerâmica. Segundo alguns autores, Psístrato ainda faria a concessão de ajuda material aos homens do campo como um artifício para adiar a partilha das terras exigidas por estes. Psístrato governou Atenas até o dia de sua morte, no ano de 527 a.C., quando foi sucedido por seus filhos Hiparco e Hipias, que governariam até 510 a.C., quando um levante popular poria fim no período da Tirania e iniciaria a mais importante fase da história ateniense: a Democracia. BB)) AASS RREEFFOORRMMAASS DDEE CCLLÍÍSSTTEENNEESS:: Contando com um amplo apoio popular Clístenes iniciaria a criação de uma série de reformas que resultariam na implementação do regime democrático ateniense, este é indiscutivelmente o momento mais importante da história de Atenas, é neste tempo que a cidade gozará do prestígio de centro da cultura grega e alcançara a posição de maior pólis dentre desta civilização. Observemos as principais medidas de Clístenes: RReeffoorrmmaa UUrrbbaannaa:: Para conter os conflitos sociais entre os diferentes espaços da cidade – litoral, planície e montanha, Clístenes substitui a antiga divisão em quatro tribos de origem gentílica por dez novas, tomando o cuidado para que em cada uma delas haja um setor para cada uma das três partes e depois, subdivide as tribos em número variável de demos – áreas administrativas. Com tal atitude o reformador pretendia anular as bases de segregação de Atenas. Reforma Cívica: Abre possibilidades maiores para que um indivíduo tenha direito à cidadania ateniense, entendendo que os critérios necessários seriam: pertencer ao gênero masculino, ser maior de dezoito anos, ter nascido em Atenas e ser filhos de pais atenienses. Obs.: Nasceria aqui o princípio da isonomia ateniense, segundo o qual todos os cidadãos seriam iguais perante a lei. Observe nas palavras de Claude Mossé:

“No décimo segundo ano, Mégacles, repelido pelos partidos em luta, entrou em negociações com Psístrato, sob a condição de este desposar sua filha; e reconduziu-o de maneira simples e à moda antiga. Propagou a notícia de que Atena trazia Psístrato de volta, procurou uma mulher alta e bela – segundo Heródoto, originaria do dèmes de Peânia; segundo outros, tratava-se de uma ramalhateira trácia chamada Flia, que habitava em Colito -; vestiu-a de deusa e fê-la entrar em Atenas com Psístrato, que avançava numa carruagem com a mulher a seu lado, e os habitantes reberam-no prostrando-se em sinal de respeito”.

MOSSÉ, Claude. “Op.cit”. p. 19.

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FAÇO IMPACTO – A CERTEZA DE VENCER!!!

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2009

“No décimo segundo ano, Mégacles, repelido pelos partidos em luta, entrou em negociações com Psístrato, sob a condição de este desposar sua filha; e reconduziu-o de maneira simples e à moda antiga. Propagou a notícia de que Atena trazia Psístrato de volta, procurou uma mulher alta e bela – segundo Heródoto, originaria do dèmes de Peânia; segundo outros, tratava-se de uma ramalhateira trácia chamada Flia, que habitava em Colito -; vestiu-a de deusa e fê-la entrar em Atenas com Psístrato, que avançava numa carruagem com a mulher a seu lado, e os habitantes reberam-no prostrando-se em sinal de respeito”.

M OSSÉ, Claude. “Op.cit”. p. 19.

RReeffoorrmmaa PPoollííttiiccaa:: Para adequar o aparelho político ateniense às reformas que vinha empreendendo, Clístenes reformulou as atribuições e competências aos órgãos políticos da cidade, dentre os quais mereciam destaque o Bule e a Eclésia. O primeiro receberia o acréscimo de cem membros, sendo transformado de Conselho dos Quatrocentos em Conselho dos Quinhentos, onde cada uma das dez tribos deveria indicar 50 representantes, cuja função seria a preparação de projetos de lei. O segundo se tornaria mais importante órgão da democracia ateniense, pois sendo a assembléia popular da cidade, englobava todos os cidadãos que reunidos na agora (praça pública) aprovavam as leis e decidiam as questões importantes. Ostracismo: Seria uma penalidade imputada a todo e qualquer cidadão que constituísse uma ameaça ao regime democrático ateniense, consistia no banimento pelo período de dez anos, no qual o acusado perderia todos os seus direitos políticos e a permissão para estar em Atenas. Os condenados ao ostracismo recebiam esta punição após uma votação sigilosa (voto dentro de uma ostra, daí o nome) ocorrida na Eclésia. Esta seria uma maneira para evitar qualquer perigo de levante ou conspiração. CC)) OO SSééccuulloo ddee PPéérriicclleess:: Embora Clístenes tenha sido o líder do levante e o autor das primeiras reformas que instituíram a democracia, muitos autores consideram que o pai deste regime inventado pelos gregos tenha sido Péricles, uma vez que no período em que este esteve como estratego (dirigente supremo da Atenas democrática), a cidade alcançou o seu “período de ouro”, verdadeiramente o seu apogeu militar, intelectual e político. Buscando endossar esta argumentação recorremos às palavras de Claude Mossé:

Embora a experiência democrática de Atenas tenha sido uma inovação para o seu tempo, mesmo que alguns autores de gerações posteriores, e até contemporâneos, exaltem o valor deste sistema político, é preciso que se observe que este apresentava contradições e limitações. Em seguida apresentaremos alguns dos aspectos mais evidentes destas imperfeições.

A palavra “democracia” seria traduzida como um “governo para a maioria”. No entanto, observamos que mulheres, menores de 18 anos, estrangeiros e escravos não apresentavam direitos políticos, estes personagens históricos somados formariam a esmagadora maioria da população, mas ainda assim atenienses importantes do porte de um Péricles defendiam a isonomia universal:

Uma pergunta plausível após a leitura deste tempo seria: Péricles acreditava em seu discurso sobre um governo para a maioria? A resposta é sim, uma vez que entre os atenienses, a maioria a ser tratada em pé de igualdade seria a maioria dos “iguais”, ou seja, daqueles que preenchiam os critérios da cidadania, os demais seriam considerados “inferiores” e sequer constariam em uma hipotética estatística”.

Democracia e escravismo são duas palavras filosoficamente contraditórias, como admitir que uma sociedade que exaltava sua capacidade de tratar todos os cidadãos como “iguais” estivesse alicerçada no uso do trabalho escravo, uma forma de trabalho que o cativo está absolutamente desprovido de liberdade, sofre castigos freqüentes, é tratado como uma peça pelo seu senhor.

“A influência que Péricles exerceu deveu-se à consideração com que era cercado e à profundidade de sua inteligência. Com um desprendimento absoluto, sem atentar contra a liberdade, dominava a multidão que conduzia, muito mais do que esta o conduzia. Não precisava lisonjear a plebe, uma vez que adquirira influência por meios honestos e, graças à sua autoridade pessoal, podia se opor a ela e, até, manifestar-lhe irritação. Todas as vezes que os atenienses, extemporaneamente, entregavam-se à insolência e ao orgulho, Péricles fazia-os recuar temerosos; quando se amedrontavam sem motivo, ele lhes infundia confiança. Este governo, chamado de democracia, era na verdade, o de um só homem”.

MMOOSSSSÉÉ, Claude. “op.cit”. p.35

“Nossa constituição política não segue as leis de outras cidades, antes lhes serve de exemplo. Nosso governo se chama Democracia, porque a administração serve aos interesses da maioria e não de uma minoria. De acordo com nossas leis somos todos iguais no que se refere aos negócios privados. Quanto à participação na vida pública, porém, cada qual obtém a consideração de acordo com seus méritos e mais importante é o valor pessoal que a classe a que se pertence; isto quer dizer que ninguém sente o obstáculo de sua pobreza ou condição social interior quando seu valor o capacite a prestar serviços à cidade. (...) Por estas razões e muitas mais, nossa cidade é digna de admiração”.

PPÉÉRRIICCLLEESS. In: AQUINO, Rubim. “op.cit.” p. 201