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PRÉ-VESTIBULAR LIVRO DO PROFESSOR HISTÓRIA Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br

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PRÉ-VESTIBULARLIVRO DO PROFESSOR

HISTÓRIA

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© 2006-2008 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

Produção Projeto e Desenvolvimento Pedagógico

Disciplinas Autores

Língua Portuguesa Francis Madeira da S. Sales Márcio F. Santiago Calixto Rita de Fátima BezerraLiteratura Fábio D’Ávila Danton Pedro dos SantosMatemática Feres Fares Haroldo Costa Silva Filho Jayme Andrade Neto Renato Caldas Madeira Rodrigo Piracicaba CostaFísica Cleber Ribeiro Marco Antonio Noronha Vitor M. SaquetteQuímica Edson Costa P. da Cruz Fernanda BarbosaBiologia Fernando Pimentel Hélio Apostolo Rogério FernandesHistória Jefferson dos Santos da Silva Marcelo Piccinini Rafael F. de Menezes Rogério de Sousa Gonçalves Vanessa SilvaGeografia DuarteA.R.Vieira Enilson F. Venâncio Felipe Silveira de Souza Fernando Mousquer

I229 IESDE Brasil S.A. / Pré-vestibular / IESDE Brasil S.A. — Curitiba : IESDE Brasil S.A., 2008. [Livro do Professor]

696 p.

ISBN: 978-85-387-0574-1

1. Pré-vestibular. 2. Educação. 3. Estudo e Ensino. I. Título.

CDD 370.71

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Chegada dos portugueses

à economia do açúcar

O tema Expansão Marítima já é conhecido de todos nós. Inicialmente chamado de “Grandes Nave-gações”, nas séries iniciais dá-se ênfase à chegada de Cabral ao Brasil como um feito heroico. Na com-preensão histórica não devemos considerar a ação individual de heróis, mas o processo coletivo humano na transformação de sua realidade.

Dessa forma, a simples informação do nome do navegador e a data, com precisão de dia, mês e ano, representa pouca utilidade, salvo se você for a um programa de perguntas e respostas.

Para entendermos a formação de nosso país, é fundamental tratar de assuntos como as navegações e os primeiros anos da presença portuguesa no Brasil indo além de nomes e data.

Neste tópico, abordaremos as origens da expan-são marítima e suas etapas, compreendendo a che-gada dos portugueses. Também veremos os tratados que foram delineando o território brasileiro tal qual o conhecemos hoje, e os 30 primeiros anos de nossa História, o chamado período pré-colonial.

Desde a Baixa Idade Média, as cidades italianas de Gênova e Veneza monopolizavam a distribuição dos produtos orientais na Europa a partir do Medi-terrâneo, distribuição feita por rotas terrestres e flu-viais, em direção às duas principais feiras comerciais (Flandres e Champanhe). Porém, com o advento da peste negra e da Guerra dos Cem Anos, essas rotas tornaram-se inseguras, gerando um obstáculo para

o desenvolvimento comercial, também afetado pelos pesados tributos impostos pelos senhores feudais.

A saída para tais entraves foi a substituição das tradicionais rotas terrestres pelas rotas marítimas. Ainda no quadro da crise do sistema feudal, a inflação provocada pelo esgotamento das minas de metais preciosos, o monopólio italiano para a obtenção de especiarias orientais e o grande número de interme-diários na distribuição dessas mercadorias tornava cada vez mais difícil a recuperação econômica da Europa. Seria necessário, então, buscar uma rota marítima alternativa para atingir o Oriente, buscando novas fontes de metais preciosos e especiarias a um preço mais baixo.

Porém, a maioria dos Estados europeus não reunia condições de realizar tal obra, uma vez que a Espanha ainda convivia com a presença muçulmana em seu território, além da carência de um governo centralizado. França e Inglaterra estavam envolvidas na Guerra dos Cem Anos (1337-1453), sendo que a In-glaterra ainda teve que enfrentar a Guerra das Duas Rosas (1455-1485). O Sacro Império apresentava-se fragmentado em reinos alemães e repúblicas italia-nas. Apenas Portugal reunia condições propícias para realizar a expansão marítima e comercial, em busca da rota alternativa para o Oriente.

Fatores do pioneirismo português

Portugal foi o pioneiro na expansão marítima por reunir as seguintes características:

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A posição geográfica favorável • fez de Por-tugal ponto de parada dos navegadores ita-lianos em direção ao Mar do Norte. Com os recursos captados a partir dessa atividade, a burguesia portuguesa conseguiu patrocinar suas primeiras viagens marítimas em direção ao Oriente.

A centralização precoce • com a Revolução de Avis (1383-1385), permitiu a captação de recursos para a expansão marítima e o desen-volvimento da burguesia portuguesa a partir do estímulo às atividades mercantis.

A presença de uma burguesia aliada ao Es- •tado português, o apoio da burguesia, classe interessada na expansão das atividades co-merciais em busca de maiores lucros, garantiu ao rei apoio para o empreendimento náutico.

O desenvolvimento náutico • alcançado a par-tir da criação da Escola de Sagres, fundada pelo infante D. Henrique, filho do rei D. João I, para sistematizar o ensino e o conhecimen-to náutico. Alguns autores, como Charles Boxer, consideram que a Escola de Sagres nunca existiu enquanto instituição de ensi-no, mas apenas como conjunto de tradições náuticas.

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Instrumentos de orientação: Astrolábio, Bússola, Quadrante.

A estabilidade política • provocada pela ausência de guerras a partir da Revolução de Avis (1383-1385). Portugal pôde, dessa maneira, se dedicar às atividades náuticas, enquanto nações como França e Inglaterra degladiavam-se na Guerra dos Cem Anos (1337-1453). A Inglaterra ainda presenciou a Guerra das Duas Rosas (1455-85). A Espa-nha lutava há muito tempo para expulsar os muçulmanos na Guerra de Reconquista. Tais nações só conheceram a estabilidade política necessária à expansão depois de Portugal.

Contatos de Portugal com os muçulmanos • e trocas comerciais possibilitaram aos portu-gueses assimilar tecnologias fundamentais à navegação como o uso do astrolábio.

A ideia de expansão da fé católica • representa-da pelo espírito cruzadista português, desen-volvido a partir da luta contra os muçulmanos na Península Ibérica desde o século VIII d.C. Esse espírito motivou muitos portugueses a desbravar o “Mar Tenebroso” (como era chamado o Oceano Atlântico), suas lendas e seus perigos.

As etapas da expansão marítima portuguesa

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A Expansão Marítima Portuguesa também pode ser chamada de Périplo Africano, por buscar um novo caminho para o Oriente via oceano Atlântico costeando o continente africano, como evidenciado no mapa anterior.

A Expansão Marítima Portuguesa iniciou-se em 1415 com a tomada da ilha de Ceuta, no norte da África, liderada pelo Infante D. Henrique, filho do rei D. João I. Essa cidade era de grande importância por ser base de piratas muçulmanos que atuavam no Me-diterrâneo e um centro comercial do Marrocos, para onde convergiam rotas comerciais que traziam ouro e produtos orientais do Egito e do Sudão.

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Entre 1427 e 1439, procedeu-se a ocupação das ilhas atlânticas de Açores, Madeira, São Tomé entre outras. Nestas ilhas desenvolveu-se a produção açu-careira, que encontrou grande mercado consumidor nas cidades europeias, auferindo consideráveis lu-cros à burguesia de Portugal. Esses lucros foram rein-vestidos em novas viagens marítimas portuguesas.

Em 1434, Gil Eanes ultrapassou o cabo Bojador, de difícil navegação. Essa conquista levou os portu-gueses ao rio do Ouro, onde além do metal precioso, encontraram marfim, madeiras e malagueta. Além disso, a chegada ao rio do Ouro ampliou a presença portuguesa na África que possibilitou o estabele-cimento do tráfico negreiro em 1441, fornecendo escravos para suprir a carência de mão-de-obra em Portugal e nas ilhas açucareiras do Atlântico.

Em busca do mítico reino de Prestes João, um provável reino cristão fincado entre a África e a Índia, o rei D. João II (1481-1495) enviou a expedição de Bar-tolomeu Dias, em busca também de uma passagem para o Oriente. Embora fracassada em sua busca pelo lendário monarca, Bartolomeu Dias conseguiu descobrir a passagem que contornava a África em direção ao leste, no cabo das Tormentas. Esse cabo foi logo rebatizado cabo da Boa Esperança, revelando a disposição portuguesa em atingir o Oriente.

Em 1498, o navegador Vasco da Gama chegou a Calicute na Índia, conseguiu comprar a baixos preços produtos orientais que, revendidos na Europa possi-bilitaram grande lucro. Esse fato foi o início da lucra-tiva empreitada portuguesa nas Índias Orietais.

Animados pela lucratividade de Vasco da Gama, os portugueses organizaram uma expedição co-mandada por Pedro Álvares Cabral, que tinha como objetivo ampliar a presença portuguesa no Oriente. Embora tenha se consolidado a tese de que o desco-brimento do Brasil por Cabral em 22 de abril de 1500 tenha sido algo acidental, muitos historiadores atual-mente consideram a intencionalidade da expedição em oficializar a posse sobre terras possivelmente já conhecida dos portugueses.

Recentemente, a historiografia tem revisado a importância da expedição de Cabral em relação ao descobrimento do Brasil. Estudos atuais revelam que o primeiro a chegar a estas terras deve ter sido o espanhol Vicente Pinzón, que desembarcou no lito-ral do Ceará em 26 de janeiro de 1500. Em fevereiro de 1500, Diogo de Lepe, outro navegador espanhol, chegou ao cabo de São Roque, próximo à Natal no

Rio Grande do Norte. Porém, existe uma forte evi-dencia do conhecimento português sobre as áreas a oeste do oceano Atlântico. O livro Esmeraldo de Situ Orbis do navegador Duarte Pacheco, indica que ainda em 1498, o rei D. Manuel o Venturoso enviou uma frota para aportar em terras além do Mar Oce-ano (como era chamado o oceano Atlântico), onde havia uma região na qual se encontrava “muito e fino brasil”. Esse livro não pode ser considerado uma fonte histórica irrefutável, uma vez que foi publicada em 1505, logo após a viagem de Cabral, e apenas faz referência à data de 1498. No entanto, as negociações portuguesas para a confecção do Tratado de Tordesilhas novamente evidenciam o possível conhecimento português sobre o Brasil, antes mesmo da viagem de Cabral.

Périplo: navegação à volta de um mar ou das costas de um país.

As etapas da expansão marítima espanhola

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Antes que Vasco da Gama chegasse às Índias, iniciava-se a expansão marítima espanhola a par-tir da superação de seus entraves internos com a conquista do reino árabe de Granada em 1492 e a unificação dos reinos de Castela e Aragão a partir do casamento de seus reis, respectivamente, Isabel e Aragão, no ano de 1469.

Em 1492, a Espanha financiou a viagem do ge-novês Cristóvão Colombo, que ambicionava atingir o Oriente navegando rumo ao Ocidente (el levante por el poniente). Dois meses após a partida, Colombo atingiu a América Central, acreditando entretanto, que havia atingido as Índias. O novo continente foi reconhecido em 1504 com a expedição de Américo Vespúcio. Em 1513 Vasco Nunez Balboa alcançou o oceano Pacífico, e entre 1519 e 1521, Fernão de Ma-galhães e Sebastião Del Cano realizaram a primeira viagem de circunavegação do planeta.

Os tratados ultramarinosCom as expedições portuguesas e espanholas

iniciam-se as disputas territoriais. A primeira ten-

tativa de resolução desses conflitos foi o Tratado de Toledo (1480), que reservava para Portugal a posse das terras a descobrir situadas ao sul das Ilhas Canárias.

Após a viagem de Colombo, o papa Alexandre VI editou a Bula Intercoetera (1493), que partilhava o mundo entre Portugal e Espanha a partir de um meridiano situado 100 léguas a Oeste do arquipélago de Cabo Verde. Segundo essa bula, Portugal teria a posse dos territórios a Leste do meridiano, cabendo a Espanha a parte Oeste.

Os portugueses sentiram-se prejudicados com este tratado, uma vez que perderam a hegemonia no Atlântico Sul, conquistada em 1480 e indispensável para a continuidade de seu processo de expansão. Assim, exigiram o deslocamento do meridiano para 370 léguas do arquipélago, ao invés das 100 propos-tas. Surgiu então, em 1494, o Tratado de Tordesilhas, a partir dessa redefinição.

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As consequências da expansão marítima

A Revolução Comercial (séculos XVI e XVII), •a partir do aumento da circulação de mer-cadorias e moedas e do grande afluxo de metais preciosos que gerou uma alta geral dos preços.

Deslocamento do eixo econômico europeu do •Mediterrâneo para o Atlântico e consequente declínio econômico das repúblicas italianas, devido à perda do monopólio do comércio das especiarias e ascensão das potências mercantis atlânticas.

Europeização das áreas conquistadas e ex- •termínio de grupos e nações indígenas na América.

A crise da expansão portuguesa

Rapidamente, a empresa marítima de Portugal no Oriente desarticulou-se diante dos grandes gastos para operacionalizar viagens, além da necessidade de material humano que superavam as possibilida-des portuguesas, gerando grande déficit com casas bancárias europeias.

A perseguição religiosa a judeus pelos tribunais católicos portugueses enfraqueceu a burguesia por-tuguesa, uma vez que os judeus estavam entre os principais mercadores e financistas do país. Os perse-guidos destinaram-se com seus capitais para outras regiões mais tolerantes como os Países Baixos.

Os gastos em terras, castelos e na manutenção do luxo e rigor da vida na Corte, por parte da nobreza consumiram capitais que poderiam ter sido investidos na exploração do comércio oriental. Por último, vale ressaltar a crescente presença de outras monarquias como a França, Inglaterra e Holanda, concorrendo com os portugueses na região.

A chegada de Cabral e a carta de Pero Vaz de Caminha

No dia 22 de abril de 1500, a esquadra de Cabral chegava ao Brasil, que foi batizado com o nome de Ilha de Vera Cruz, nome que em 1501 foi mudado para Terra de Santa Cruz e que somente a partir de 1503

passou a se chamar Brasil. No dia 23 de abril, foram realizados os primeiros contatos com os indígenas, amistosos, segundo Pero Vaz de Caminha, e no dia 2 de maio, partiram em direção à Índia, que era o grande objetivo da expedição.

Trecho da Carta de Caminha

“Eram pardos, todos nus(...). Não fazem o menor caso de encobrir ou mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto. (...). Eles não lavram, nem criam. Não há aqui boi nem vaca, nem cabra, nem ovelha, nem galinha, nem qualquer outra animaria, que costumada seja ao viver dos ho-mens. (...) Esta terra, senhor, será tamanha que haverá nela bem vinte ou 25 léguas por costa (...) Nela, até agora, não pudemos ver se há ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro nem o vimos. Porém, a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados, como os de entre Doiro e Minho (...) Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por causa das águas que tem. Po-rém, o melhor fruto, que dela se pode tirar, me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa alteza nela deve lançar(...).

Deste Porto Seguro, de vossa Ilha de Vera Cruz, hoje sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500.”

Pero Vaz de Caminha

A Carta de Pero Vaz de Caminha na prática resume as impressões iniciais que os portugueses tiveram dos índios e da terra recém-conquistada e indica as principais características dos 30 primei-ros anos após a expedição de Cabral, denominado período pré-colonial, no qual o Brasil foi relativa-mente abandonado, apesar da organização do ex-trativismo do pau-brasil, árvore que em 1503 deu nome à região.

Os índios e as primeiras impressões portuguesas

Inicialmente, convém destacar a imprecisão do termo índio. Tal denominação foi atribuída à popu-lação local pelo navegador Cristóvão Colombo, que acreditava ter chegado à Índia em 1492. Outros ter-mos também podem ser utilizados para denominar esta população como ameríndio, autóctone, gentio, silvícola, “negro da terra” entre outros.

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Outra imprecisão é atribuir aos vários povos indígenas, características semelhantes entre si. Os estudos arqueológicos e outras pesquisas têm mos-trado a grande diversidade existente entre os vários grupos indígenas no Brasil, que se adaptaram às variadas condições geográficas locais. Os costumes, crenças, artesanato, formas de organização familiar eram heterogêneas, apesar da sensação de unifor-midade dos primeiros europeus. O agrupamento entre os povos é feito, atualmente, por critérios de semelhança linguística.

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Quando os europeus chegaram ao litoral, a maior parte das tribos indígenas praticavam uma agricultura de subsistência diversificada (mandio-ca, milho, feijão) e pouco produtiva se comparada à agricultura europeia do período; isso devido a fatores técnicos e culturais. Praticavam a caça e a pesca e a divisão do trabalho era feita por sexo: as mulheres dedicavam-se à agricultura, enquanto os homens cuidavam da caça. As relações entre as tribos eram definidas por casamentos, celebrações religiosas, alianças e guerras.

Praticavam, geralmente, uma religião politeísta e animista (baseada em fenômenos da natureza) e os portugueses acreditavam que os índios, povos “sem Deus, sem lei, sem rei e sem razão” segundo o padre Simão de Vasconcelos, poderiam ser catequizados por possuírem alma. Porém, a catequese exigiria muito trabalho e disciplina dos portugueses dentro do quadro de expansão da fé católica já presente na Expansão Marítima, também evidenciado no trecho da carta de Pero Vaz de Caminha em destaque.

O relativo abandono do BrasilNo período pré-colonial (1500-1530), os portu-

gueses não priorizaram a ocupação do Brasil. Essa “secundarização” teve como causas:

O fato dos portugueses não terem encontra- •do, no Brasil, sociedades organizadas com

base na produção para mercados. Como des-crito na Carta de Caminha, as comunidades indígenas possuíam uma produção de alimen-tos restrita e voltada para a autossuficiência. Portanto, não produziam excedentes agrícolas que pudessem ser comercializados nos merca-dos europeus, nem mesmo especiarias, dentro dos objetivos da Expansão Marítima.

O fato do Brasil não oferecer metais pre- •ciosos. Como descrito no capítulo anterior, um dos objetivos da Expansão Marítima era a busca de metais preciosos, e a compra de especiarias orientais.

A crise demográfica portuguesa. • Desde o início da Expansão Marítima, Portugal vinha perdendo elevado contingente populacional para a empresa no Oriente. Logo, havia pouca oferta de pessoas para deslocarem-se para tão vastas e “inóspitas” terras de além-mar.

Os lucros do comércio oriental. • Ainda nes-tes primeiros anos de século XVI, o comércio oriental oferecia grandes lucros a Portugal, o que justificava a restrição aos investimentos no Brasil.

Apesar do relativo abandono, Portugal enviou ao Brasil expedições exploradoras que buscavam riquezas e revelavam acidentes geográficos. Entre estas expedições, podemos destacar a de Gaspar de Lemos (1501), que deu nome à Baía de Todos os Santos e ao lugarejo de São Sebastião do Rio de Ja-neiro, além de confirmar a existência de pau-brasil, madeira importante para a produção de têxteis na Europa devido ao tingido avermelhado que fornecia. Em 1503, Gonçalo Coelho chefiou outra expedição ex-ploradora, que instalou feitorias no litoral fluminense. As feitorias eram armazéns fortificados no litoral, que armazenavam com segurança o pau-brasil e repre-sentavam a presença portuguesa na região.

Além das expedições exploradoras, outras vie-ram para guardar as costas do Brasil dos constantes ataques de piratas e corsários estrangeiros. Destaca-ram-se as duas expedições de Cristóvão Jacques em 1516 e 1526, que procuraram deter o contrabando de pau-brasil. Apesar das tentativas, nem a instalação de feitorias, nem as expedições guarda-costeiras conseguiram eliminar a presença de contrabandistas no litoral brasileiro.

Aproveitando-se da escassez de defesas portu-guesas, piratas e corsários realizaram o contrabando do pau-brasil, à margem do Tratado de Tordesilhas, que garantia a posse portuguesa sobre as áreas. Segundo o autor Antônio Carlos do Amaral Azevedo, em seu livro Dicionário de Nomes, Conceitos e Termos

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Históricos, corsário é o “nome dado a todo navio de propriedade particular fretado por seu proprietário ao governo, deste recebendo autoridade para guerrear ou interromper qualquer tráfico de país inimigo.” Dessa maneira, o corsário era uma ferramenta para objetivos mercantilistas, de nações como a Inglaterra e a França, que partiram tardiamente para a conquis-ta do mundo colonial. Já os piratas, eram aqueles que combatiam por conta própria, logo, não estavam submetidos a nenhum compromisso com os Estados Nacionais. Entre os contrabandistas mais famosos está o corsário Francis Drake, capitão a serviço da rainha Elizabeth I e a segunda pessoa a circunavegar o globo terrestre entre 1577 e 1580.

A exploração do pau-brasilA exploração do pau-brasil foi a primeira ativi-

dade econômica desenvolvida pelos portugueses no Brasil. A madeira, de grande importância para a tintu-raria europeia, era mais abundante na área litorânea entre Angra dos Reis e o Nordeste. Para organizar a exploração e armazenar o pau-brasil, foram instaladas feitorias no litoral brasileiro.

Esta atividade econômica era considerada um estanco, ou seja, um monopólio régio; dessa manei-ra, apenas as pessoas que possuíssem autorização poderiam realizá-la. O primeiro a receber tal autori-zação foi Fernão de Noronha, grande comerciante e cristão-novo*.

*Cristão-novo: judeu recém-convertido ao cris-tianismo, diante das perseguições da Inquisição europeia.

Os portugueses, nos primeiros anos de explora-ção, utilizaram a mão-de-obra indígena para garantir a extração do pau-brasil. Tribos indígenas aliadas como os Tupiniquim do Rio de Janeiro, eram respon-sáveis pelo corte e transporte da madeira para as feitorias, recebendo em troca objetos de pouco valor na Europa, como espelhos, facas entre outros. Este sistema de comércio é conhecido como escambo.

A exploração do pau-brasil foi uma das grandes responsáveis pela destruição da Mata Atlântica no Brasil devido ao seu caráter predatório.

O sistema colonialApós estudarmos o relativo abandono do Brasil

no chamado período pré-colonial, surgem duas ques-tões: quais os motivos que levaram à colonização do Brasil e de que maneira ocorreu esse processo colonizador?

Vamos analisar os fatores da colonização e os modelos utilizados no Brasil. Alguma coisa você deve lembrar. É a famosa aula que inclui Capitanias Hereditárias e Governo Geral.

O sistema colonial insere-se num quadro muito mais amplo, que remete aos aspectos gerais dos tempos modernos. Isto significa que a colonização está diretamente relacionada ao Mercantilismo e ao Absolutismo. A principal característica do sistema colonial se resume ao pacto colonial, que regula o exclusivismo do comércio colonial a favor da metró-pole. Dessa maneira, a colônia só poderia comprar e vender seus produtos de suas metrópoles, que estabeleciam preços para garantir sua balança comercial favorável, ou seja, preços baixos para os produtos vendidos pelas colônias e preços altos para os produtos vendidos pelas metrópoles. Com isso, os Estados absolutistas garantiam capital indispen-sável à consolidação de seu sistema de governo, efetivando o processo de centralização.

Uma outra perspectiva do sistema colonial é a de complementaridade econômica entre colônia e metrópole, de modo que a primeira deveria especia-lizar-se na produção de gêneros que a metrópole pre-cisava, mas não produzia e vice-versa. Certamente, em vários momentos, os colonos produziram gêneros para seu próprio consumo (mercado interno), como a manufatura de “panos grosseiros” no Maranhão, que se desenvolveu para fornecer roupas para os escra-vos. As colônias passaram a se dedicar à produção de gêneros tropicais e matérias-primas indispensáveis ao desenvolvimento de suas metrópoles.

São essas características que definem a estru-turação da colonização portuguesa no Brasil.

Os motivos da colonização do Brasil

Se durante as primeiras décadas do século XVI Portugal optou pelo abandono relativo do Brasil, a partir de 1530 mudou de atitude, atuando no sentido de sua colonização devido:

às constantes invasões francesas no litoral •brasileiro. Se Portugal beneficiou-se da pre-

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coce centralização para realizar o processo de expansão marítima e conquista de mer-cados consumidores, antes de outras nações europeias, com o avanço do processo de cen-tralização na Europa, outras nações tiveram condições de realizar a ampliação de seus domínios ultramarinos. Destaca-se a forte presença de navios franceses no litoral, em busca de pau-brasil e com ação legitimada a partir das declarações do rei francês Fran-cisco I (1515-1547) que exigiu ironicamente o Testamento de Adão, no qual este trans-feria a posse das terras do Novo Mundo aos portugueses e espanhóis. A França ainda se remetia ao princípio do uti possidetis (posse pelo uso), alegando que Portugal não possuía direitos sobre uma terra que abandonou du-rante o período pré-colonial (1500-1530). Des-sa maneira, para Portugal, colonizar o Brasil se transformou numa maneira de manter o controle sobre o território.

à descoberta de metais preciosos na América •espanhola foi outro fator que motivou os por-tugueses a colonizarem suas possessões no Brasil com a esperança de encontrarem ouro e prata, assim como a Espanha.

à decadência do comércio oriental, provocada •pelos altos impostos cobrados, que não eram revertidos para a construção de mais navios e feitorias no Oriente. O resultado foi uma carência de infraestrutura, que ficou muito nítida quando outras nações (França, Ingla-terra, Holanda) passaram também a atuar no comércio oriental, fazendo concorrência aos comerciantes lusos. A saída foi deslocar as atenções para o Brasil, na tentativa de ampliar os lucros por meio da adoção dos princípios mercantilistas.

A expedição de Martim Afonso de Souza (1530)

Em 1530, com cerca de cinco navios, foi envia-da ao Brasil uma expedição comandada por Martim Afonso de Souza, considerada por muitos historiado-res como um marco para o início da colonização, pois a partir do seu sucesso é que foram estabelecidas as capitanias hereditárias.

Ao chegar ao Brasil, a expedição se dividiu em duas partes: uma em direção ao Maranhão, e outra em direção ao sul. Depois de patrulhar a costa bra-sileira, combatendo piratas e corsários estrangeiros, Martim Afonso de Souza fundou o primeiro núcleo

de povoamento no Brasil, a vila de São Vicente, em 1532. Ajudou também a fundar outros povoados como Santo André da Borda do Campo e Santo Amaro.

Martim Afonso também foi o responsável pela instalação do primeiro engenho no Brasil, o enge-nho de São Jorge, em São Vicente, no ano de 1533, indicando a opção portuguesa pelo açúcar como atividade econômica que garantiria o sucesso da empresa colonizadora.

Martim Afonso de Souza.

Dom

ínio

púb

lico.

As capitanias hereditáriasApós o sucesso da expedição de Martim Afonso,

bastava agora criar um mecanismo para garantir a colonização de todo o território brasileiro. Assim, em 1534, o rei de Portugal D. João III (1502-1557) instalou no Brasil o sistema de capitanias hereditárias, que já tinha sido implantado para colonizar a ilha da Ma-deira. D. João III dividiu o Brasil em quinze lotes de terras, com extensão variando de 30 a 100 léguas.

Aqueles que recebiam as terras eram chama-dos de donatários e, geralmente, eram recrutados entre elementos da pequena nobreza, inclusive comerciantes e funcionários do reino. Muitos eram cristãos-novos e fugiam das perseguições da contra- -reforma na Europa.

Os donatários, também chamados de capitães, recebiam a posse hereditária das capitanias, ou seja, transmitida de pai pra filho. A vinculação jurídica entre o rei e os donatários ficou estabelecida a partir de dois documentos.

Carta de Doação • : conferia aos donatários a posse hereditária da província, ou seja, o direi-to de administrar e explorar economicamente as terras conquistadas. Dessa maneira, essas regiões ficariam sob o controle dos donatários como províncias do reino, eliminando a possi-bilidade de propriedade privada.

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Carta Foral • : estabelecia os direitos e os de-veres dos donatários. O dever principal era o de garantir os investimentos e ações neces-sárias à colonização das possessões. Dessa maneira, Portugal terceirizava os gastos e a responsabilidade em relação à colonização do território, uma vez que seus cofres esta-vam combalidos depois da crise do comércio oriental. Outro dever do donatário era o de enviar ao rei 10% dos lucros sobre todos os produtos da terra e 20% dos lucros sobre os metais preciosos (o famoso “quinto”).

Entre os deveres do donatário podemos citar a criação de vilas e a distribuição de sesmarias (lotes de terra) a quem possuísse condições de as tornar produtivas. A distribuição desses lotes de terra ini-cia o processo de concentração fundiária no Brasil. Destaca-se também o direito de exercer plena au-toridade no campo judicial-administrativo, além da cobrança de impostos como a vigésima (5% sobre os lucros do comércio do pau-brasil). Os índios, hostis à colonização, poderiam ser escravizados pelos do-natários, de acordo com o ideal de Guerra Justa que justificava legalmente a escravização do índio, caso este resistisse ao controle dos portugueses.

A iniciativa de garantir a colonização do Brasil a partir das capitanias hereditárias, em grande parte fracassou. Diante das dificuldades, muitos donatários não manifestaram interesse em garantir a coloni-zação de suas capitanias. Outros não possuíam os recursos necessários para os investimentos iniciais nem conseguiam combater as constantes incursões dos franceses que atacavam os povoamentos mais próximos da costa. A descentralização administrativa e o isolamento entre as capitanias foi ampliada pela distância em relação à metrópole e a carência de comunicação, dificultando ainda mais as tentativas de povoamento. Os constantes ataques indígenas aos recém-criados núcleos de povoamento foram um dos principais fatores que dificultaram o sucesso da colonização.

Apesar do fracasso da maioria das capitanias, duas delas prosperaram:

Pernambuco: cujo donatário era Duarte Coelho •que promoveu a implantação de uma agroma-nufatura açucareira com capital holandês.

São Vicente: pertencente a Martim Afonso •de Souza que desenvolveu uma produção açucareira com auxílio da Coroa Portuguesa, embora não tenha conseguido concorrer com a capitania de Pernambuco.

O fracasso do sistema de capitanias hereditárias ampliava o risco de perda do território brasileiro, uma vez que não gerava um povoamento capaz de resistir

aos ataques estrangeiros. A solução encontrada pelo rei D. João III, o “Rei Colonizador”, foi a implantação do Governo-Geral.

Ary

Joh

anss

on.

O governo-geralD. João III percebeu que a estrutura administra-

tiva descentralizada das capitanias hereditárias, uma herança da época feudal, era uma das grandes respon-sáveis pelo fracasso da colonização. Então, D. João III criou, em 1548, o regimento do governo-geral, governo centralizado que deveria coordenar e fiscalizar a ação dos donatários, gerando uma base administrativa no Brasil para representar os interesses régios.

Apesar das semelhanças com o sistema feudal, principalmente em relação à descentralização ad-ministrativa, não podemos afirmar que o sistema de capitanias hereditárias era feudal, principalmente, se considerarmos os aspectos econômicos como a mão-de-obra (escrava nas capitanias e servil no feudalismo) e o destino da produção (mercado externo nas capitanias e interno nos feudos).

Para auxiliar os governadores-gerais foram no-meados os seguintes assessores:

Ouvidor-mor: justiça. •

Procurador-mor: administração. •

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Alcaide-mor: milícias terrestres. •

Capitão-mor: defesa da costa. •

O governador-geral deveria celebrar acordos de paz com as tribos indígenas, estimular as atividades agropecuárias, defender a costa dos ataques dos estrangeiros e apoiar a ação dos jesuítas e a implan-tação de núcleos de povoamento.

O governo de Tomé de SouzaO primeiro governador

geral do Brasil foi Tomé de Souza. Ao chegar ao Brasil, em 1549, fundou a cidade de São Salvador, para ser a capital do governo-geral. Tomé de Souza estimulou a construção dos primei-ros engenhos no recôncavo baiano e trouxe as primeiras cabeças de gado. Os primei-ros jesuítas chegaram ao Brasil com Tomé de Souza, chefiados por Manuel da Nóbrega. O jesuíta D. Pero Fernandes Sardinha foi o responsável pela construção do primeiro bispado, em 1551.

O governo de Duarte da CostaEm 1553, foi enviado ao Brasil o segundo gover-

nador-geral, Duarte da Costa, que entrou em conflito com o bispo Sardinha. Este, ao voltar para Portugal, naufragou e foi morto por tribos indígenas. Duarte da Costa entrou em conflito com os jesuítas ao dar apoio à escravização do índio pelos colonos, contrariando os interesses catequizadores da Companhia de Jesus.

Enfrentou a invasão francesa na Baía de Guana-bara, no Rio de Janeiro, em 1555. Comandados por Nicolau Durand de Villegaignon e Gaspar Coligny, perseguidos, os huguenotes (calvinistas franceses) instalaram-se na ilha de Seregipe fugindo das perse-guições político-religiosas na França católica. A pre-ferência pelo Rio de Janeiro se deu pela abundância de pau-brasil na Mata Atlântica carioca.

O governo de Mem de SáDiante das dificuldades enfrentadas por Duarte

da Costa, que não conseguiu expulsar os franceses, foi enviado Mem de Sá, em 1558, para ser o terceiro governador-geral do Brasil. Mem de Sá procurou reatar relações com os jesuítas e doou a capitania do Rio de Janeiro a seu sobrinho Estácio de Sá, que fundou a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, em 1.º de março de 1565, para apoiar a expulsão

Tomé de Souza.

Dom

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púb

lico.

dos franceses. Mem de Sá ainda contou com o apoio dos jesuítas Manuel da Nóbrega e José de Anchieta que pacificou os índios tamoios que apoiavam os franceses, por meio do Armistício de Iperoig. Em 1567, contando com o auxílio de índios Temiminós, chefiados por Arariboia, venceram definitivamente os invasores franceses.

Apesar do sucesso dos governadores-gerais, estes enfrentaram uma série de problemas como a grande extensão do território brasileiro, além da resistência de alguns donatários em aceitar a autoridade dos governadores-gerais. O caso mais evidente dessa dificuldade foi o conflito entre Tomé de Souza e Duarte Coelho, donatário da capitania de Pernambuco, que pediu ao rei que mantivesse sua autonomia em relação ao governador-geral, autono-mia concedida pelo rei.

Mem de Sá.

Dom

ínio

púb

lico.

Capitania do Rio de Janeiro é o nome que recebeu a seção norte da capitania de São Vicente.

Outros governosCom a saída de Mem de Sá, em 1570, foi en-

viado D. Luís Fernandes Vasconcelos para ser o novo governador-geral, mas um ataque de navios piratas franceses impediu sua chegada. Preocupado em garantir a colonização tanto das capitanias do Norte quanto do Sul, o rei D. Sebastião de Portugal dividiu o Brasil em dois governos-gerais: o Governo do Norte (capital na Bahia), comandado por Luis de Brito, e o Governo do Sul (capital no Rio de Janeiro) sob comando de Antônio Salema.

Em 1578, a Coroa portuguesa optou pela uni-ficação dos governos-gerais, sob o comando de Lourenço da Veiga e com capital no Rio de Janeiro. Em virtude da União Ibérica, em 1621 o Brasil foi novamente dividido em dois governos-gerais. O Es-tado do Brasil tinha sede em Salvador e o Estado do Maranhão possuía São Luís como capital. Em 1774, procedeu-se a uma nova unificação, com capital no Rio de Janeiro, desde 1763.

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União Ibérica: período entre 1580 e 1640 no qual os rumos de Portugal e Espanha estiveram unidos sob a mesma dinastia.

S

O L

N

600 km0

OceanoAtlântico

Oce

ano

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fico

SegundooTratadodeTordesilhas

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REPARTIÇÃODO NORTE

REPARTIÇÃODO SUL

PovoaçõesTerritório atual do Brasil

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rasi

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.

Divisão do Brasil em dois governos.

A colônia dividida em dois estados: Brasil e Maranhão.

OceanoAtlântico

S

O L

N

Belém São Luis

Natal

OlindaRecife

Salvador

Porto Seguro

Vitória

Rio de Janeiro

ESTADOS DOBRASIL

ESTADOS DOMARANHÃO

SantosSão Vicente

São Paulo

Linhado

Tratadode

Tordesilhas

IESD

E B

rasi

l S.A

.

As câmaras municipaisAs câmaras municipais eram responsáveis pela

administração dos municípios (cidades e vilas). Possu-íam como atribuição a conservação das ruas, limpezas

da cidade, construção de obras públicas (estradas, pontes, calçadas e edifícios) regulamentação dos ofícios, do comércio, das feiras e mercados, abasteci-mento de gêneros e cultura da terra. Representavam o poder local e constituíam o verdadeiro poder político colonial, uma vez que diante da grande extensão do território brasileiro, a autoridade dos governadores-gerais era pouco sentida em nível local. Tal fato favo-recia o fortalecimento dos poderes locais constituintes das câmaras municipais.

Para participar como vereador das câmaras mu-nicipais, era necessário o título de “homem-bom” que distinguia os latifundiários escravistas do restante da população. A câmara municipal era composta pelos almocatéis, que fiscalizavam o cumprimento das leis, pelos procuradores (representantes judiciais) e um juiz.

Inicia-se, então, a vinculação histórica no Brasil entre propriedade fundiária e participação política.

A ação da Igreja CatólicaA administração eclesiástica acompanhou no

Brasil colonial, a própria evolução administrativa da Colônia, ou seja, a criação de capitanias, comarcas e freguesias eram acompanhadas pela criação de prelazias, dioceses e paróquias. A Igreja Católica teve papel relevante no processo de colonização, pois gerou a catequização do índio pelos jesuítas e a utilização destes como mão-de-obra nas proprieda-des da Companhia de Jesus. A ação catequizadora permitiu a pacificação de tribos hostis, preservando dos ataques os primeiros núcleos de povoamento que se efetivavam.

O ponto fundamental dos confrontos entre os padres jesuítas e os colonos referia-se à escravização dos indígenas. Os jesuítas até admitiam a escraviza-ção do gentio, porém, apenas com fins religiosos e não econômicos, como pretendiam os colonos.

Os jesuítas atuaram em duas frentes:

o trabalho missionário com os índios; •

a educação com a fundação dos colégios. •

Catequese jesuítica.

Dom

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púb

lico.

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Na educação, por meio das ordens religiosas, a Igreja monopolizou as instituições de ensino até o século XVIII e o ensino desenvolveu-se influenciado pela cultura religiosa.

Na ação de catequização, os jesuítas apren-deram as línguas indígenas, criando, muitas vezes, uma cultura híbrida (indígena na forma e católica no conteúdo) para facilitar a obra de expansão da fé católica, proposta pelo fundador da Companhia, Inácio de Loyola. Ao divulgar a fé, os jesuítas pro-curavam formar novos súditos tementes a Deus e obedientes ao rei.

Quanto à escravidão, tanto os jesuítas quanto a Igreja Católica, no período colonial, se limitavam ao repúdio às torturas e aos maus tratos, não havendo, porém, questionamento da escravidão enquanto ins-tituição: as desigualdades terrenas são reconhecidas pelos jesuítas. Dessa maneira, o negro foi excluído da catequese e do processo de educação porque existia a crença de que ele não tinha alma.

O açúcarO Brasil é doce como o MEL. Guarde essa frase!

MEL é o anagrama das três principais características da economia açucareira: Monocultura, Escravidão e Latifúndio.

Cuidado para não se confundir! O produto é o açúcar e não a cana-de-açúcar. Foi desenvolvida a agromanufatura açucareira, ou seja, a plantação da cana e a produção de um açúcar grosseiro.

Para garantir a exploração do Brasil, Portugal teve que sair da esfera da circulação de mercadorias para a produção. A escolha recaiu sobre a agromanufatura açucareira. O termo agro refere-se à plantação da cana- -de-açúcar, enquanto manufatura refere-se à produção de um açúcar grosseiro no Brasil, produção integrada à lógica do pacto colonial, que garantiria produtos tropicais a baixos preços produzidos na colônia. Esses produtos seriam revendidos a altos preços na Europa, garantindo a balança comercial favorável metropolita-na, nos quadros da política mercantilista.

Os principais motivos da escolha do açúcar como atividade colonizadora do Brasil foram:

o alto valor do produto no mercado internacio- •nal e a existência de demanda pelo produto;

a prévia experiência portuguesa produzindo o •açúcar nas ilhas da Madeira e Cabo Verde;

a qualidade do solo (massapê) no litoral nor- •destino e as condições climáticas, além da pro-ximidade em relação a Portugal, que diminuía os gastos com transporte, fizeram da Região Nordeste a principal área produtora de açúcar.

O engenho açucareiroA produção açucareira estruturou-se como uma

empresa de base agrícola destinada à exploração econômica e à colonização do litoral brasileiro, prin-cipalmente o nordestino (centro produtor).

O engenho constituía a unidade de produção composta por:

unidades do engenho: responsável pelo pro- •cessamento da cana e preparação do açúcar;

casa-grande: residência do senhor-de-enge- •nho e seus familiares;

senzala: moradia dos escravos; •

capela: responsável pela fé católica presente •nos engenhos;

canaviais: plantações de cana-de-açúcar. •

Engenho de açúcar ou Casa-grande.D

enis

e R

oman

.

A produção açucareira exigia pesados investi-mentos iniciais, restringindo a participação de pessoas de pouco capital do controle de processo produtivo.

O açúcar era colocado em formas para seca-gem. Era prensado ao sair da forma, recebendo o nome de pão-de-açúcar. Os jesuítas, quando viram a semelhança entre o morro na cidade do Rio de Janeiro e o açúcar desenformado, batizaram-no de “Pão-de-Açúcar”.

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Características gerais da produção açucareira

A montagem da empresa açucareira obedeceu ao sistema de plantation, que em termos gerais consistia na produção em larga escala e com mão- -de-obra escrava de um produto altamente lucrativo no mercado externo. As principais características da plantation eram:

Monocultura • : especialização na produção de um artigo de real interesse no mercado eu-ropeu. Com a difusão do consumo do açúcar na Europa, ainda na Idade Média, a atividade tornou-se altamente rentável, justificando a especialização da produção colonial. Por outro lado, a especialização em um só gênero faz da colônia um grande mercado consumidor de produtos metropolitanos.

Escravismo • : utilização de numerosa força de trabalho compulsória (escrava): indígena, depois negra.

Latifúndio • : grande propriedade de terra.

Participação do capital holandês • : principal-mente por meio do financiamento dos enge-nhos, o transporte do açúcar para a Europa, o refino do açúcar grosseiro produzido no Brasil, além da distribuição do açúcar no mercado europeu. Essa participação ocorria, principal-mente, na região Nordeste do Brasil.

Dependência externa • : havia uma total au- sência de autonomia dos produtores e a economia ficava atrelada ao mercado euro-peu e inteiramente voltada para o mercado externo. Ou seja, em tempos de valorização do açúcar no mercado internacional, os pro-dutores ampliavam as áreas de cultivo, o que gerava uma grave crise de abastecimento a partir da carência de gêneros agrícolas para a alimentação. Por outro lado, em épocas de crise dos mercados europeus, as áreas de cultivo de cana restringiam-se, dando lugar a lavouras de gêneros essenciais, para garantir, pelo menos, alimentos para a mão- -de-obra escrava.

Próximos aos grandes engenhos, gravitavam pequenos e médios sítios de colonos brancos, cha-mados de fazendas obrigadas. Essas fazendas não possuíam moendas instaladas, fazendo com que os lavradores tivessem que levar a cana produzida em suas fazendas para que fosse processada nos engenhos, deixando uma parte da produção como pagamento dos serviços.

A sociedade colonial açucareira

A organização social nas regiões de produção de açúcar seguiu as características de uma sociedade rural, onde os engenhos eram os núcleos de vida so-cial. Os escravos, segundo o jesuíta Antonil, eram “as mãos e os pés do senhor”, de maneira que eram os responsáveis pelas principais atividades braçais.

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lico.

Casa de engenho.

Importante destacar o caráter patriarcal da sociedade, onde o homem mais velho da família senhoril, geralmente o senhor-de-engenho, tinha grande poder de influência e decisão frente aos de-mais colonos. No tópico sobre a sociedade colonial encontram-se mais informações e características da sociedade do engenho.

A decadência da lavoura açucareira

Até o século XVII, a produção açucareira desen-volveu-se sem grandes problemas. Porém, quando os holandeses foram expulsos do Nordeste brasilei-ro, em 1654, (tema abordado no próximo capítulo), dirigiram-se para áreas nas Antilhas (ilhas de Aruba e Curaçao) para produzir açúcar, aperfeiçoando as técnicas apreendidas no Brasil desde 1630. Dessa maneira, passaram a fazer concorrência aos produ-tores brasileiros.

Devemos considerar, ainda, a retirada dos investimentos holandeses no Nordeste após a ex-pulsão – a Coroa portuguesa, em crise, após a União Ibérica (1580-1640), não podia investir capitais da mesma maneira que os holandeses. Resultado: a decadência da lavoura açucareira, que não significa o fim da produção. Em verdade, o açúcar durante muito tempo ainda seria o principal produto agrícola de exportação do Brasil, porém já não garantia os mesmos lucros de outrora.

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A produção de outros gêneros complementares

Paralelamente ao desenvolvimento da lavoura açucareira, desenvolveu-se, na colônia, um setor de subsistência responsável pela produção de gêneros que vinha atender às necessidades básicas dos co-lonos e dos escravos.

Os principais produtos complementares foram:

a mandioca, principal produto agrícola de •subsistência para o consumo interno;

o fumo, que era o produto de exportação que •servia para aquisição de escravos no mercado africano e era cultivado em zonas restritas da Bahia e Alagoas;

aguardente (cachaça), outro produto utilizado •como moeda na troca por escravos, produzida em alguns engenhos equipados com desti-larias, destacando-se: Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro;

o algodão, cultivado no Maranhão e em Per- •nambuco, usado no fabrico de tecidos de baixa qualidade destinados à confecção de roupas para os mais pobres e escravos.

(Unicamp) Contestando o Tratado de Tordesilhas, o rei 1. da França, Francisco I, declarou em 1540:

“Gostaria de ver o testamento de Adão para saber de que forma este dividira o mundo.”

(VICENTINO, Cláudio. História Geral, 1991.)

O que foi o Tratado de Tordesilhas?a)

Por que alguns países da Europa, como a França, b) contestavam aquele tratado?

Solução: `

Tratado entre Portugal e Espanha que partilhava o a) novo mundo, ou seja, a América.

Poque foram excluídos dessa partilha, não partici-b) pando da exploração das riquezas da América.

(UFPE) Na opinião do historiador Caio Prado Jr., todo 2. povo tem na sua evolução, vista a distância, um certo sentido. Este se percebe, não nos pormenores de sua história, mas no conjunto dos fatos e acontecimentos essenciais.

Assinale a alternativa que corresponde ao “sentido” da colonização portuguesa no Brasil.

A colonização se estabeleceu dentro dos padrões a) de povoamento e expansão religiosa.

A colonização foi um fato isolado, portanto, uma b) aventura que não teve continuidade.

A colonização foi o resultado da expansão marítima c) dos países da Europa e, desde o início, constituiu- -se numa sociedade de europeus sem nenhuma miscigenação.

A colonização se realizou no “sentido” de uma vasta d) empresa comercial para fornecer ao mercado inter-nacional açúcar, tabaco, ouro, diamantes, algodão e outros produtos.

A colonização portuguesa teve, desde cedo, o ob-e) jetivo de criar um mercado nacional no Brasil.

Solução: `

O “sentido” da colonização está inserido no contexto do Mercantilismo, no qual o Brasil inseria-se como uma colônia de exploração, voltada para os interesses da metrópole, submetida ao pacto colonial. Estão incorretas as alternativas “A” que deu ênfase ao aspecto religioso; a “B” que diz tratar-se de uma simples aventura; a “C” que afirma não ter havido miscigenação (mistura de raças) e a “E” que afirma a criação de um mercado nacional quando a produção voltava-se para o mercado externo. A alternativa correta é a “D”, pois que aborda o tema em toda a sua extensão, ou seja, é a mais completa e sem erros.

(Unirio) O início da colonização portuguesa no Brasil, 3. no chamado período pré-colonial (1500-1530), foi marcado pelo(a):

envio de expedições exploratórias do litoral e pelo a) escambo do pau-brasil.

plantio e exploração do pau-brasil, associado ao b) tráfico africano.

deslocamento, para a América, da estrutura admi-c) nistrativa e militar já experimentada no Oriente.

fixação de grupos missionários de várias ordens re-d) ligiosas para catequizar os indígenas.

implantação da lavoura canavieira, apoiada em ca-e) pitais holandeses.

Solução: `

Durante o período pré-colonial as principais carac-terísticas foram: ausência de povoamento, envio de expedições exploradoras e guarda-costas, exploração do pau-brasil. A alternativa correta é a “A” que preenche as características básicas.

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(Enem)4.

De acordo com a história em quadrinhos protagonizada por Hugo e seu filho Juquinha, pode-se afirmar que a postura de Hugo:

valoriza a existência da diversidade social e de culturas, e as várias representações e explicações desse universo.a)

desvaloriza a existência da diversidade social e as várias culturas, e determina uma única explicação para esse b) universo.

valoriza a possibilidade de explicar as sociedades e as culturas a partir de várias visões de mundo.c)

valoriza a pluralidade cultural e social ao aproximar a visão de mundo de navegantes e não-navegantes.d)

desvaloriza a pluralidade cultural e social, ao considerar o mundo habitado apenas pelos navegantes.e)

Solução: `

A história em quadrinhos protagonizada por Hugo e seu filho Juquinha representa a visão etnocêntrica de mundo. Etnocentrismo é o julgamento de um grupo social tendo como referência os valores adotados pela cultura de quem está julgando. Essa forma de julgamento sempre indica a superioridade ou inferioridade entre os grupos envolvidos na comparação. Atualmente, a ideia do “outro” (alteridade) é a referência para os estudos interétnicos. O “outro” é o diferente, nem melhor nem pior. O etnocentrismo resulta na incompreensão das outras culturas. É importante per-ceber como a noção de que uma cultura é melhor do que a outra legitimou, ao longo da história, a dominação dos europeus sob os outros povos.

(Cesgranrio) A organização da administração colonial, 5. apesar da conhecida diferença entre teoria e prática, estava orientada para garantir a conquista e o seu ren-dimento econômico, como mostra(m):

subordinação vertical de todas as regiões e órgãos a) ao governo-geral.

crescente desvinculação da metrópole após a cria-b) ção do governo-geral.

prevalência das câmaras municipais como agentes c) de arrecadação do Erário Régio.

concentração nos capitães e governadores das ati-d) vidades judiciais em todas as instâncias.

orientação fiscalista e a preocupação com a defesa e) predominante em todo o período colonial.

Solução: `

A única alternativa que preenche a orientação pedida na questão de garantia da conquista e rendimento econô-mico é a alternativa “E”, lembrando que orientação fiscalista diz respeito à cobrança de impostos.

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(Elite) O problema fundiário brasileiro remonta os primór-6. dios da colonização e estende-se até os dias de hoje. A prova do Enem de 1998, na questão 55, apresentou os seguintes depoimentos:

Depoimento 1

“A minha propriedade foi conseguida com muito sacrifício pelos meus antepassados. Não admito invasão. Essa gente não sabe de nada. Estão sendo manipulados pelos comunistas. Minha resposta será à bala. Esse povo tem que saber que a Constituição do Brasil garante a propriedade privada. Além disso, se esse governo quiser as minhas terras para a Reforma Agrária terá que pagar, em dinheiro, o valor que eu quero.” (Proprietário de uma fazenda no Mato Grosso do Sul).

Depoimento 2

“Sempre lutei muito. Minha família veio para a cidade porque fui despedido quando as máquinas chegaram lá na Usina. Seu moço, acontece que eu sou um homem da terra. Olho pro céu, sei quando é tempo de plantar e de colher. Na cidade não fico mais. Eu quero um pedaço de terra, custe o que custar. Hoje eu sei que não estou sozinho. Aprendi que a terra tem um valor social. Ela é feita para produzir alimento. O que o homem come vem da terra. O que é duro é ver que aqueles que possuem muita terra e não dependem dela para sobreviver, pouco se preocupam em produzir nela.” (Integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), de Corumbá – MS).

Identifique, historicamente, as origens da questão a) fundiária brasileira.

No que se refere à questão fundiária, compare os b) textos acima.

Solução: `

As origens da questão fundiária brasileira encon-a) tram-se na colonização, onde as sesmarias (latifún-dios) eram doados apenas às pessoas mais ricas e onde trabalhadores eram escravos sem a posse da terra na qual trabalhavam.

O primeiro texto defende o direito ao latifúndio b) como sendo fruto do “sacrifício” dos antepassados, enquanto o segundo é contrário ao latifúndio e de-fensor da reforma agrária ao afirmar “Eu quero um pedaço de terra, custe o que custar”.

(UFRRJ) “Coloquemo-nos naquela Europa anterior ao 7. século XVI, isolada dos trópicos, só indireta e longinqua-mente acessíveis e imaginemo-la, como de fato estava, privada quase inteiramente de produtos que se hoje, pela sua banalidade, parecem secundários, eram então prezados como requintes de luxo. Tome-se o caso do açúcar, que embora se cultivasse em pequena escala na Sicília, era artigo de grande raridade e muita procura;

até nos enxovais de rainhas ele chegou a figurar como dote precioso e altamente prezado.”

(PRADO Jr., Caio. Formação do Brasil

Contemporâneo. São Paulo: Brasiliense, 1961.)

A colonização do Brasil, a partir do século XVI, permitiu à Coroa portuguesa usufruir das vantagens trazidas pelas riquezas tropicais. Caracterizam a economia colonial brasileira:

O monopólio comercial, a monocultura de exporta-a) ção, o trabalho escravo e o predomínio das grandes propriedades rurais.

O livre comércio, a indústria do vestuário, o trabalho b) livre e o predomínio das pequenas propriedades rurais.

O liberalismo econômico, o trabalho assalariado, a c) monocultura canavieira e o predomínio das grandes propriedades rurais.

O exclusivo colonial, o trabalho escravo, a expor-d) tação de ferro e aço e o predomínio das pequenas propriedades rurais.

O monopólio comercial, o trabalho assalariado, a e) produção para o mercado interno e o predomínio das grandes propriedades rurais.

Solução: `

Baseados nas características corretas da economia açu-careira, a alternativa correta é a “A”. A alternativa “B” está totalmente incorreta; na “C” estão incorretos o liberalismo econômico e o trabalho assalariado; na “D” estão incorretos a exportação de ferro e aço e as peque-nas propriedades rurais e na “E”, o trabalho assalariado e o mercado interno.

(Adaptada) A grande lavoura, no Brasil colonial, 8. organizou-se para oferecer em grande escala, para o exterior, gêneros tropicais produzidos em quantidade ínfima na Europa. A exploração agrária, por esse motivo, manteve as características condicionadas pelos objetivos mercantis.

Com o auxílio dessas informações, julgue os itens a seguir.

Na grande lavoura colonial, que veio a se tornar 1) parte da estrutura da formação social e econômica brasileira, o latifúndio foi a saída para a obtenção de avultada quantidade de produtos com baixo custo de produção.

O sistema de donatários permitiu incrementar a 2) transferência de imigrantes, à medida que o go-verno português tornou disponíveis recursos finan-ceiros e extensões consideráveis de terra no Brasil para os interessados.

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Os “objetivos mercantis”, mencionados no texto, 3) estavam enquadrados na lógica do capital indus-trial; ou seja, a produção de matérias-primas nas colônias deveria, sobretudo, reduzir o custo de vida na Europa.

A exploração colonial fez parte de um conjunto de 4) relações, ocorridas de forma lenta e progressiva, que envolveram o declínio da aristocracia fundiária europeia, o fortalecimento das monarquias nacio-nais centralizadas e a ascensão da burguesia mer-cantilista das metrópoles.

Solução: `

1 – Verdadeiro.

2 – Falso, pois a crise demográfica portuguesa impediu o incremento da vinda de imigrantes.

3 – Falso, pois o capital industrial é um fenômeno pós- -século XVIII, além do que, o objetivo da exploração colonial era enriquecer a metrópole e não baixar o custo de vida europeu.

4 – Verdadeiro.

(Elite) “O rápido desenvolvimento da indústria açuca-9. reira, malgrado as enormes dificuldades decorrentes do meio físico, da hostilidade do silvícola e do custo dos transportes, indica claramente o esforço do governo português em se concentrar nesse setor. O privilégio, outorgado ao donatário, de só ele fabricar moenda e engenho de água, denota ser a lavoura do açúcar a que se tinha especialmente em mira de introduzir. Favores especiais foram concedidos subsequentemente àque-les que instalassem engenhos: isenções de tributos, garantia contra a penhora dos instrumentos de produ-ção, honrarias e títulos, etc. As dificuldades maiores, encontradas na etapa inicial, advieram da escassez de mão-de-obra. O aproveitamento do escravo indígena, em que aparentemente se baseavam todos os planos iniciais, resultou inviável na escala requerida pelas em-presas agrícolas de grande envergadura que eram os engenhos de açúcar.”

(FURTADO, C. Formação Econômica do Brasil, 1980.)

A cana-de-açúcar, desde o início da colonização brasileira, foi largamente plantada em solo brasileiro. Nos séculos XVI e XVII, produziu o açúcar, principal produto colonial da época. No século XX, a cana teve outras utilidades, sendo usada, inclusive, como alternativa à crise energética:

Identifique três características da economia colonial a) açucareira.

Explique de que maneira a cana-de-açúcar foi usa-b) da como alternativa à questão energética.

Solução: `

A predominância do latifúndio, da monocultura e a) da escravidão. O aluno também poderia citar a pro-dução voltada para o mercado externo e a submis-são ao pacto colonial.

Na década de 1970, diante da crise do petróleo, b) foi desenvolvido o Pró-Álcool, programa do go-verno federal de incentivo à produção de álcool combustível.

(Unirio) 1.

O monstrengo que está no fim do mar

Na noite de breu ergue-se a voar;

A roda da nau voou três vezes,

Voou três vezes a chiar,

E disse: “Quem é que ousou entrar

Nas minhas cavernas que não desvendo,

Meus tectos negros do fim do mundo?”

E o homem do leme disse, tremendo:

“El-Rei D. João Segundo!”

(PESSOA, Fernando, Poemas Escolhidos.

São Paulo. Globo, 1997, p.150.)

A epopeia marítima portuguesa, descrita pelo poeta, foi revestida de ousadias e destemores, no entanto, ela só foi possível porque Portugal, antes de outros países europeus, reuniu as necessárias condições para a conquista dos mares.

Cite e explique duas precondições que possibilitaram o pioneirismo português no processo de expansão marítima.

(UFRJ) “Até agora não pudemos saber se há ouro ou 2. prata nela, ou outra coisa de metal ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como os de Entre-Douro e Mi-nho, porque neste tempo dagora assim os achávamos como os de lá. (As) águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem! Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece- -me que será salvar esta gente. E esta deve ser a prin-cipal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. E que não houvesse mais do que ter Vossa Alteza aqui esta pousada para essa navegação de Calicute (isso)

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bastava. Quanto mais, disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acres-centamento da nossa fé!”

(Carta de Pero Vaz Caminha ao rei de Portugal em 1.° de maio de 1500.)

Seguindo a evidente preocupação de descrever ao rei de Portugal tudo o que fora observado durante a curta estadia na terra denominada de Vera Cruz, o escrivão da frota cabralina menciona, na citada carta, possibilidades oferecidas pela terra recém-conhecida aos portugueses.

Dentre essas possibilidades estão:

a extração de metais e pedras preciosas no interior a) do território, área não explorada então pelos por-tugueses.

a pesca e a caça pela qualidade das águas e terras b) onde aportaram os navios portugueses.

a extração de pau-brasil e a pecuária, de grande c) valor econômico naquela virada de século.

a conversão dos indígenas ao catolicismo e a uti-d) lização da nova terra como escala nas viagens ao Oriente.

a conquista de Calicute a partir das terras brasileiras e e) a cura de doenças pelos bons ares aqui encontrados.

(Fuvest) Os portugueses chegaram ao território, depois 3. denominado Brasil, em 1500, mas a administração da terra só foi organizada em 1549. Isso ocorreu porque, até então:

os índios ferozes trucidavam os portugueses que se a) aventurassem a desembarcar no litoral, impedindo assim a criação de núcleos de povoamento.

a Espanha, com base no Tratado de Tordesilhas, b) impedia a presença portuguesa nas Américas, poli-ciando a costa com expedições bélicas.

as forças e atenções dos portugueses convergiam c) para o Oriente, onde vitórias militares garantiam re-lações comerciais lucrativas.

os franceses, aliados dos espanhóis, controlavam d) as tribos indígenas ao longo do litoral bem como as feitorias da costa sul-atlântica.

a população de Portugal era pouco numerosa, im-e) possibilitando o recrutamento de funcionários ad-ministrativos.

(UFRRJ) A Revolta dos Alfaiates ou Conjuração Baiana, 4. ocorrida em 1798, representou por um lado a revolta de intelectuais da época, desiludidos com a centralização e o despotismo metropolitano e por outro lado, também

contou com uma significativa participação popular dos descontentes com a miséria local. Além dessas causas internas, acontecimentos externos, naquele momento, agilizaram o processo revolucionário baiano.

Cite dois fatores externos que contribuíram para a) a Conjuração Baiana.

Cite dois dos principais objetivos dos conjurados.b)

(Fuvest) “Na primeira carta disse a V. Rev. a grande 5. perseguição que padecem os índios, pela cobiça dos portugueses em os cativarem. Nada há de dizer de novo, senão que ainda continua a mesma cobiça e persegui-ção, a qual cresceu ainda mais.

No ano de 1649, partiram os moradores de São Paulo para o sertão, em demanda de uma nação de índios distantes daquela capitania muitas léguas pela terra adentro, com a intenção de os arrancarem de suas terras e os trazerem às de São Paulo, e aí se servirem deles como costumam.”

(VIEIRA, Pe. Antônio. Carta ao Padre Provincial, 1653, Maranhão.)

Esse documento de Padre Antônio Vieira revela

que tanto o padre Vieira como os demais jesuítas a) eram contrários à escravidão dos indígenas e dos africanos, posição que provocou conflitos constan-tes com o governo português.

um dos momentos cruciais da crise entre o governo b) português e a Companhia de Jesus, que culminou com a expulsão dos jesuítas do território brasileiro.

que o ponto fundamental dos confrontos entre os c) padres jesuítas e os colonos referia-se à escraviza-ção dos indígenas e, em especial, à forma de atuar dos bandeirantes.

um episódio isolado da ação do padre Vieira na luta d) contra a escravização indígena no Estado do Mara-nhão, o qual se utilizava da ação dos bandeirantes para caçar os nativos.

que os padres jesuítas, em oposição à ação dos co-e) lonos paulistas, contavam com o apoio do governo português na luta contra a escravização indígena.

(PUC-SP) Personagem atuante no Brasil colônia, foi 6. “fruto social de uma região marginalizada, de escassos recursos materiais e de vida econômica restrita [...]”, teve suas ações orientadas “ou no sentido de tirar o máximo

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proveito das brechas que a economia colonial eventu-almente oferecia para a efetivação de lucros rápidos e passageiros em conjunturas favoráveis - como no caso da caça ao índio - ou no sentido de buscar alternativas econômicas fora dos quadro da agricultura voltada para o mercado externo [...]”.

(Carlos Henrique Davidoff, 1982.)

O personagem e a região a que o texto se refere são, respectivamente:

o jesuíta e a Província Cisplatina.a)

o tropeiro e o Vale do Paraíba.b)

o caipira e o interior paulista.c)

o bandeirante e a Província de São Paulo.d)

o caiçara e o litoral baiano.e)

(Unesp) Leia o texto referente à Conjuração Baiana e 7. responda.

“Não eram os norte-americanos que serviam de exemplo à João de Deus e aos seus companheiros. Eram os sans culottes. A 12 de agosto de 1798, apareceram por toda a cidade manifestos manuscritos. Dirigidos ‘ao povo republicano da Bahia’ em nome do ‘supremo tribunal da democracia baiana’ apelavam ao extermínio do ‘detestável jugo metropolitano de Portugal.”’

(MAXWELL, Kenneth; SILVA, Maria Beatriz N. da.

O Império Luso-Brasileiro – 1750-1822.)

Como pode ser caracterizada a Conjuração Baiana?a)

Indique o nome da outra conjuração do século b) XVIII, cujos líderes conspiraram em segredo e, to-mando como exemplo os Estados Unidos, advoga-ram governo republicano.

(Unifesp) Com relação à economia do açúcar e da pe-8. cuária no Nordeste durante o período colonial, é correto afirmar que:

por serem as duas atividades essenciais e comple-a) mentares, portanto as mais permanentes, foram as que mais usaram escravos.

a primeira, tecnologicamente mais complexa, re-b) corria à escravidão, e a segunda, tecnologicamente mais simples, ao trabalho livre.

a técnica era rudimentar em ambas, na agricultura c) por causa da escravidão, e na criação de animais por atender ao mercado interno.

tanto em uma quanto em outra, desenvolveram-se d) formas mistas e sofisticadas de trabalho livre e de trabalho compulsório.

por serem diferentes e independentes uma da ou-e) tra, não se pode estabelecer qualquer tentativa de comparação entre ambas.

(UFV) Durante o período colonial no Brasil, a desorga-9. nização da administração metropolitana e a prática da venalidade do funcionalismo real (compra e venda de cargos), aliadas às dificuldades de comunicação entre a Europa e a América, contribuíram para o crescimento do poder dos “homens bons”. Essa expressão era utilizada para designar aqueles que:

integravam a Companhia de Jesus, ordem religiosa a) formada em torno de Inácio de Loyola, a qual, no Brasil, buscou promover a conversão dos índios ao Cristianismo.

podiam eleger e ser eleitos para os cargos públicos b) ligados às câmaras municipais, principal instância de representação local da monarquia portuguesa.

participaram da Inconfidência Mineira, um levante c) contra o governo colonial, no final do século XVIII, tendo como uma de suas motivações a cobrança da derrama.

habitavam os quilombos e mocambos e lutavam d) pela liberdade, sendo em sua maioria comercian-tes e escravos negros fugidos, de origem africana ou nascidos no Brasil.

integravam as expedições armadas, de caráter ofi-e) cial ou particular, entre os séculos XVI e XVIII, e se aventuravam pelo interior do Brasil, em busca de ouro ou de indígenas para fazê-los escravos.

(Unesp) No Brasil, costumam dizer que para os escra-10. vos são necessários três PPP, a saber, “pau”, “pão” e “pano”. E, posto que comecem mal, principiando pelo castigo que é o pau, contudo, prouvera a Deus que tão abundante fosse o comer e o vestir como muitas vezes é o castigo.

(ANTONIL, André João. Cultura e Opulência

do Brasil por suas Drogas e Minas. 1711.)

Que a crítica ao sistema escravista foi feita pelo au-a) tor do trecho apresentado?

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Indique dois motivos que explicam a introdução da b) escravidão negra na porção americana do Império português.

(UFC) O texto a seguir foi extraído do documento “Re-11. presentação da Câmara de Aquiraz ao Rei de Portugal”.

“(...) para a conservação desta capitania será vossa majestade servido destruir estes bárbaros para que fiquemos livres de tão cruel jugo; em duas aldeias deste gentio assistem padres da Companhia que foram já expulsos de outras aldeias do sertão (...) estes religiosos são testemunhas das crueldades que estes tapuias têm feito nos vassalos de vossa majestade. (...) só representamos a vossa majestade que missões com estes bárbaros são escusadas, porque de humano só tem a forma, e quem disser outra coisa é engano conhecido.”

(PINHEIRO, Francisco José. Mundos em confronto:

povos nativos e europeus na disputa pelo território.

In: SOUSA, Simone de (Org.). Uma Nova História do Ceará.

Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2000. p. 39.)

A partir da leitura do documento acima, é correto afirmar que:

a acirrada reação indígena constituiu uma forma de a) resistência à destruição do seu modo de vida.

o projeto português de colonizar, civilizar e catequi-b) zar contribuiu para manter a organização tribal.

a ocupação do interior cearense, em virtude da re-c) ação indígena, foi iniciada na segunda metade do século XVIII.

o domínio do interior cearense pelo colonizador e d) a catequese jesuítica foram realizados de modo a preservar a cultura indígena.

a Câmara de Aquiraz expressava a preocupação e) com a catequese indígena como forma de apazi-guar o conflito entre os colonizadores e os índios.

“No século XV, os países da Europa precisavam das 1. mercadorias produzidas nas Índias e compravam essas mercadorias dos comerciantes italianos que cobravam muito caro por elas”.

Responda:

Por que Portugal queria comercializar diretamente a) com as Índias?

“Portugal e Espanha se empenharam em procurar um 2. novo caminho para chegar às Índias e fazer o comércio das especiarias sem depender dos italianos”.

Responda:

Quais foram os motivos que fizeram Portugal se des-a) tacar como o primeiro nas grandes navegações?

Durante o período das Grandes Navegações, muitos 3. navegadores se aventuraram pelos oceanos, visitando e descobrindo muitas regiões do mundo.

Responda: Quem foram esses navegadores?

(UECE) Nos primeiros anos do século XVI, os portu-4. gueses enfrentaram grande concorrência por parte de outras potências europeias para a posse definitiva do território descoberto por Cabral. Sobre a presença de europeus não-portugueses no Brasil, na primeira metade do século XVI, é correto afirmar:

os ingleses, por várias vezes, tentaram estabelecer a) colônias nas terras brasileiras, chegando mesmo a criar uma “zona livre”, sob controle dos piratas.

espanhóis e holandeses trouxeram para a América b) as suas desavenças e conflitos, ocasionando a in-vasão do Recife no século XVI.

apesar da chegada ocasional de navios estran-c) geiros, jamais houve uma tentativa organizada ou intenção deliberada de questionar a soberania por-tuguesa sobre as novas terras.

os franceses, por não aceitarem o Tratado de Tordesi-d) lhas, eram os invasores mais frequentes, chegando a estabelecerem-se no Rio de Janeiro em 1555-1560.

(UFSM) Sobre a organização econômica, social e polí-5. tica das comunidades indígenas brasileiras, no período inicial da conquista do território pelos portugueses, é correto afirmar:

Os nativos viviam em regime de comunidade pri-I. mitiva, em que a terra era de propriedade privada dos casais e os instrumentos de trabalho eram de propriedade coletiva.

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A divisão das tarefas era por sexo e por idade; II. as mulheres cozinhavam, cuidavam das crianças, plantavam e colhiam; os homens participavam de atividades guerreiras, da caça, da pesca e da der-rubada da floresta para fazer a lavoura.

A sociedade era organizada em classes sociais, III. sendo o excedente da produção controlado pelos chefes das aldeias, responsáveis pela distribuição dos bens entre os indígenas.

Os indígenas brasileiros não praticavam o comércio, IV. pois tudo que produziam destinava-se à subsistên-cia, realizando apenas trocas rituais de presentes.

Está(ão) correta(s):

apenas I e II.a)

apenas I e III.b)

apenas III.c)

apenas IV.d)

apenas II e IV.e)

(Mackenzie) Enquanto os portugueses escutavam a 6. missa com muito “prazer e devoção”, a praia encheu-se de nativos. Eles sentavam-se lá surpresos com a com-plexidade do ritual que observavam ao longe. Quando D. Henrique acabou a pregação, os indígenas se ergueram e começaram a soprar conchas e buzinas, saltando e dançando (...)

(BUENO, Eduardo. Náufragos Degredados e Traficantes.)

Esse contato amistoso entre brancos e índios foi pre-servado.

pela Igreja, que sempre respeitou a cultura indígena a) no decurso da catequese.

até o início da colonização quando o índio, vitima-b) do por doenças, escravidão e extermínio, passou a ser descrito como sendo selvagem, indolente e canibal.

pelos colonos que escravizaram somente o africano c) na atividade produtiva de exportação.

em todos os períodos da história colonial brasileira, d) passando a figura do índio para o imaginário social como “o bom selvagem e forte colaborador da co-lonização”.

sobretudo pelo governo colonial, que tomou várias e) medidas para impedir o genocídio e a escravidão.

O desmatamento indiscriminado de grandes su-7. perfícies florestadas vem sendo criticado por vá-rios setores da sociedade brasileira. Quais são as principais consequências do desmatamento para a sociedade?

No período das Grandes Navegações muitos navega-8. dores se aventuraram pelos oceanos Atlântico e Índico visitando e descobrindo muitas regiões do mundo.

Escreva o nome de dois capitães-mores dessa épo-a) ca e as descobertas (ou visitas) que eles realizaram.

(Unesp) Leia o texto e responda.9.

“Em 1776, a população de Minas Gerais, excluindo os índios, superava as 300 000 almas - o que representava 20% da população total da América portuguesa e o maior aglomerado de toda a colônia. Mais de 50% da população era negra... O resto compunha-se, em porcentagens aproximadamente iguais, de brancos, mulatos e outros mestiços de combinações raciais inteiramente americanas. Era grande a desproporção entre homens e mulheres e, no interior de vários grupos raciais, só as mulatas eram mais que os mulatos.”

(MAXWELL, Kenneth; SILVA, Maria Beatriz N. da.

O Império Luso-Brasileiro, 1750-1822.)

Explique a concentração populacional em Minas a) Gerais e o elevado percentual da população de ori-gem africana.

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Exemplifique o que os autores afirmam ser “mestiços b) e combinações raciais inteiramente americanas”.

(Fuv10. est)

“Atrás de portas fechadas,

à luz de velas acesas,

entre sigilo e espionagem

acontece a Inconfidência.”

(MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência.)

Explique:

Por que a Inconfidência, acima evocada, não obteve a) êxito?

Por que, não obstante seu fracasso, tornou-se o mo-b) vimento emancipacionista mais conhecido da histó-ria brasileira?

(Fuvest) A sociedade colonial brasileira “herdou concep-11. ções clássicas e medievais de organização e hierarquia, mas acrescentou-lhe sistemas de graduação que se originaram da diferenciação das ocupações, raça, cor e condição social. (...) As distinções essenciais entre fidal-gos e plebeus tenderam a nivelar-se, pois o mar de indí-genas que cercava os colonizadores portugueses tornava todo europeu, de fato, um gentil-homem em potencial. A disponibilidade de índios como escravos ou trabalhadores possibilitava aos imigrantes concretizar seus sonhos de nobreza. (...) Com índios, podia desfrutar de uma vida verdadeiramente nobre. O gentio transformou-se em um substituto do campesinato, um novo estado, que permitiu uma reorganização de categorias tradicionais. Contudo, o fato de serem aborígenes e, mais tarde, os africanos, diferentes étnica, religiosa e fenotipicamente dos europeus, criou oportunidades para novas distinções e hierarquias baseadas na cultura e na cor.”

(SCHWARTZ, Stuart B. Segredos Internos.)

A partir do texto pode-se concluir que:

a diferenciação clássica e medieval entre clero, no-a) breza e campesinato, existente na Europa, foi trans-ferida para o Brasil por intermédio de Portugal e se constituiu no elemento fundamental da sociedade brasileira colonial.

a presença de índios e negros na sociedade bra-b) sileira levou ao surgimento de instituições como a escravidão, completamente desconhecida da so-ciedade europeia nos séculos XV e XVI.

os índios do Brasil, por serem em pequena quanti-c) dade e terem sido facilmente dominados, não tive-ram nenhum tipo de influência sobre a constituição da sociedade colonial.

a diferenciação de raças, culturas e condição social d) entre brancos e índios, brancos e negros, tendeu a diluir a distinção clássica e medieval entre fidalgos e plebeus europeus na sociedade colonial.

a existência de uma realidade diferente no Brasil, e) como a escravidão em larga escala de negros, não alterou em nenhum aspecto as concepções medievais dos portugueses durante os séculos XVI e XVII.

(Unesp) Os primitivos habitantes do Brasil foram vítimas 12. do processo colonizador. O europeu, com visão de mun-do calcada em preconceitos, menosprezou o indígena e sua cultura. Ao acreditar nos viajantes e missionários, a partir de meados do século XVI, há um decréscimo da população indígena, que se agrava nos séculos se-guintes. Os fatores que mais contribuíram para o citado decréscimo foram:

a captura e a venda do índio para o trabalho nas a) minas de prata do Potosí.

as guerras permanentes entre as tribos indígenas e b) entre índios e brancos.

o canibalismo, o sentido mítico das práticas rituais, o c) espírito sanguinário, cruel e vingativo dos naturais.

as missões jesuíticas do vale amazônico e a explora-d) ção do trabalho indígena na extração da borracha.

as epidemias introduzidas pelo invasor europeu e a e) escravidão dos índios.

(Fuvest) A escravidão indígena adotada no início da co-13. lonização do Brasil foi progressivamente abandonada e substituída pela africana entre outros motivos, devido:

ao constante empenho do papado na defesa dos a) índios contra os colonos.

à bem-sucedida campanha dos jesuítas em favor b) dos índios.

à completa incapacidade dos índios para o trabalho.c)

aos grandes lucros proporcionados pelo tráfico ne-d) greiro aos capitais particulares e à Coroa.

ao desejo manifestado pelos negros de emigrarem e) para o Brasil em busca de trabalho.

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(UERJ) O lugar de maior perigo que há no engenho é 14. o da moenda, porque, se por desgraça a escrava que mete a cana entre os eixos, ou por força do sono, ou por cansada, ou por qualquer outro descuido, meteu desatentadamente a mão mais adiante do que devia, arrisca-se a passar moída entre os eixos, se lhe não cortarem logo a mão ou o braço apanhado, tendo para isso junto da moenda um facão, ou não forem tão ligeiros em fazer parar a moenda.

(ANTONIL, André João. Cultura e Opulência do Brasil.

Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/EdUSP, 1982.)

Com base no texto, identifique duas características do trabalho escravo no Brasil do período colonial.

Universo; situado em um país governado por um poder absoluto, esse distrito foi submetido a um despotismo ainda mais absoluto.”

(SAINT-HILAIRE, Auguste de. Viagem pelo Distrito dos

Diamantes e Litoral do Brasil. Belo Horizonte/

São Paulo: Itatiaia/Edusp, 1974. p. 14. v. 5.)

Quais as razões pelas quais era importante para a a) Coroa Portuguesa que o Distrito Diamantino ficasse “como que isolado do resto do Universo”?

Como se dava a exploração das minas por parte da b) Coroa Portuguesa?

(UFMG) Leia este trecho de documento:17.

“... pois o Brasil, e não todo ele, senão três capitanias que são a de Pernambuco, a de Tamaracá e a da Paraíba, que ocupam pouco mais ou menos, no que delas está povoado, cinquenta ou sessenta léguas de costa, as quais habitam seus moradores, com se não alargarem para o sertão dez léguas, e somente neste espaço de terra, sem adjutório de nação estrangeira, nem de outra parte, lavram e tiram os portugueses das entranhas dela, à custa de seu trabalho e indústria, tanto açúcar que basta para carregar, todos os anos, cento e trinta ou cento e quarenta naus...”

(Diálogos das Grandezas do Brasil.

Texto anônimo escrito por volta de 1613-1618.)

Com base na leitura desse trecho, é CORRETO afirmar que o sistema de exploração econômica implantado no Brasil nos primeiros séculos de colonização caracterizou-se por:

concentrar, nos incipientes meios urbanos, toda a a) estrutura de controle e comercialização da cana- -de-açúcar, produto, em geral, comercializado em estado bruto.

distribuir contingentes populacionais ao longo de b) toda a costa brasileira e desenvolver, sobretudo, o extrativismo vegetal da espécie conhecida como pau-brasil.

favorecer o desenvolvimento da agricultura base-c) ada na exploração da cana-de-açúcar, estimulan-do a fixação populacional, inicialmente, na faixa da mata nordestina.

incrementar o processo de colonização a partir do d) estímulo à vinda e fixação de contingentes popu-lacionais, que aqui se estabeleciam em pequenas propriedades agrícolas.

(UFV) Comparando a atividade cafeeira com a atividade 18. açucareira no Brasil na primeira metade do século XIX, pode-se afirmar que:

A imprensa noticiou recentemente a triste situação 15. em que vivem os índios Kaiowa, em sua reserva nas proximidades de Dourados (MS). Até o mês de outubro de 1990 houve 14 suicídios (e 23 tentati-vas), a maioria envolvendo adolescentes. Os índios somente são contratados como boias-frias no final da safra, quando os demais trabalhadores já estão cansados.

Comentário de um branco (gerente de uma destilaria de cana de Dourados): “Esses índios são uns vagabundos, são os párias da sociedade”.

Identifique e caracterize as transformações ocorridas nas formas de ocupação/utilização do espaço agrário da região mencionada. Como foi dividida a terra brasileira no início de sua colonização?

O francês Saint-Hilaire, ao visitar, no século XIX, a região 16. do Distrito dos Diamantes (Minas Gerais), explicou da seguinte maneira como ela fora criada no século XVIII:

“Tendo o governo reconhecido que a extração de diamantes por arrendadores era frequentemente acompanhada por fraudes e abusos, resolveu explorar por sua própria conta as terras diamantinas (...). O Distrito dos Diamantes ficou como que isolado do resto do

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as duas atividades, pela sua localização, incremen-a) taram o comércio, as cidades regionais, a indústria nacional e a construção de ferrovias.

as duas atividades basearam-se na grande proprie-b) dade monocultora, na mão-de-obra escrava e na utilização de recursos técnicos rudimentares.

a primeira concentrou-se inicialmente no oeste c) paulista, apesar de a região não possuir relevo e solos adequados ao cultivo.

na segunda, por se tratar de uma cultura tempo-d) rária, havia um custo menor de instalação desde o plantio até a sua transformação.

a primeira usou as colônias de parceria como forma e) de suprir a escassez de mão-de-obra, desde as pri-meiras áreas cultivadas no período colonial.

(Fatec) Dentre as características gerais do período 19. colonial brasileiro, destaca-se:

uma sociedade escravocrata que, apesar de estar a) estruturada sobre o Pacto Colonial, possuía livre comércio com os holandeses e ingleses devido à necessidade da venda do açúcar aqui produzido.

a utilização da mão-de-obra indígena no Brasil, até o b) governo de D. João VI, e a sua substituição, no perí-odo joanino, pela mão-de-obra do escravo negro.

o trabalho dos missionários jesuítas, que consegui-c) ram proteger e conservar a cultura original de nos-sos primeiros habitantes chamados de índios.

o surgimento de pequenas e médias propriedades, d) possibilitado pelos donatários das capitanias, para ocupar nosso extenso litoral.

a montagem da produção açucareira, que ocorreu e) de acordo com o sistema de plantation, originando uma sociedade patriarcal e escravista.

(PUC) No decorrer de trezentos anos, a colonização 20. portuguesa na América deu origem a diferentes regiões coloniais, como a região da lavoura açucareira, no litoral oriental, no século XVI; a região pastoril, no “Sertão” do Nordeste, no século XVII; a região de coleta das “drogas do sertão”, no Vale Amazônico, na segunda metade do século XVII; e a região de mineração, no centro do território, no século XVIII, entre outras.

Escolha duas regiões coloniais e responda o que se pede a seguir:

Formas de organização da principal atividade eco-a) nômica.

Padrões de relacionamento entre os colonizadores e b) colonos de origem europeia e a população indígena.

(PUC) O trabalho escravo indígena e do negro africano 21. desempenhou papel fundamental na colonização da América portuguesa.

Considerando-se que, nos primórdios da coloniza-a) ção, o recurso à escravização dos “negros da terra”, isto é, dos indígenas foi uma prática recorrente in-clusive nas áreas de plantio da cana-de-açúcar, cite 1 (uma) razão que tenha contribuído para a pro-gressiva substituição dos escravos indígenas por escravos de origem africana nessas áreas.

Caracterize 1 (uma) repercussão econômica, social b) ou demográfica do fim do tráfico negreiro intercon-tinental para a sociedade brasileira em meados do século XIX.

(UFV) O sistema de colonização introduzido no Brasil 22. pelos portugueses baseou-se fundamentalmente:

no monopólio do comércio pelo Estado português, a) assegurando, assim, a máxima lucratividade para os empresários metropolitanos.

no desenvolvimento de produtos tropicais para sa-b) tisfação do mercado interno consumidor.

na exploração econômica da terra, com sua divisão c) em pequenos lotes chamados de feitorias.

no povoamento da terra pelos excedentes demo-d) gráficos da Europa, semelhante ao esforço coloni-zador empreendido nas Américas.

no trabalho da mão-de-obra europeia assalariada, e) para garantir a maior produtividade da área planta-da e atender aos interesses da colônia.

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Desde a década de 1980, o Brasil se transformou no 23. maior produtor mundial de álcool combustível, obtido a partir da cana-de-açúcar.

Quais as regiões do país que mais se destacam a) nessa atividade?

Mencione alguns dos problemas ambientais que b) tal atividade vem causando.

”(...) sendo-me presente o grande número de Fábricas, 24. e Manufacturas, que de alguns annos a esta parte se tem differentes Capitanias do Brasil, com grave prejuízo da Cultura, e da Lavoura, e da exploração das Terras Mineraes daquelle vasto Continente...

E consistindo a verdadeira, e sólida riqueza nos Frutos, e Producções da terra, as quaes sómente se conseguem por meio de Colonos, e Cultivadores, e não de Artistas, e Fabricantes: e sendo além disto as Produções do Brasil as que fazem todo o fundo, e base não só das Permutações Mercantis, mas na Navegação, e do Comércio entre os Meus Leaes Vassallos Habitantes destes Reinos, e daqueles Domínios (...) Hei por bem Ordenar, que todas as Fábricas, Manufacturas, ou Teares de Galões, de Tecidos, ou de Bordados de Ouro e Prata... exceptuando tão somente aquelles dos ditos Teares, e Manufacturas, em que se técem, ou manufacturão Fazendas grossas de Algodão, que servem para o uso, e vestuario dos Negros, para enfardar, e empacotar Fazendas... todas as mais sejão extinctas, e abolidas em qualquer parte onde se acharem nos Meus Dominios do Brasil...”

(Alvará de 5 de janeiro de 1785, assinado por D. Maria I,

Rainha de Portugal. In: KOSHIBA, L.; PEREIRA, D. M. F.

História do Brasil. São Paulo: Atual, 1996, p.69-70.)

Explique o contexto histórico em que foi publicado a) esse documento e a que ele se refere.

Transcreva e explique o trecho do documento que b) explicita o papel atribuído à colônia por Portugal.

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A aliança entre o rei e a burguesia, consolidada na Re-1. volução de Avis, garantindo ao Estado capital suficiente para promover a expansão ultramarina.A localização geográfica que colocava Portugal na confluência de rotas comerciais que partiam do Oriente, passavam pelas cidades italianas e dirigiam-se para o norte da Europa. Essa posição promoveu uma importante acumulação de capitais, principalmente em Lisboa, a qual foi decisiva no processo de expansão.

D2. C3.

4. A Independência Americana e a Revolução Fran-a) cesa.

O estabelecimento da República no Brasil bem b) como a prática dos ideais de liberdade e igualda-de para toda a sociedade.

C5.

D6.

7. Movimento emancipacionista de caráter popular.a)

Inconfidência Mineira.b)

D8.

B9.

10.

O autor enfatiza a violência no tratamento dado aos a) escravos, a mesquinhez na alimentação e no vestu-ário – evidenciando a brutalidade da exploração da mão-de-obra escrava no Brasil Colônia.

Falta de mão-de-obra portuguesa que suprisse as b) necessidades da produção colonial. Os lucros pro-porcionados pelo tráfico negreiro eram um impor-tante fator para a acumulação primitiva de capitais na metrópole.

A11.

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Para eliminar a intermediação dos italianos e, poderem 1. ficar com o principal lucro desta atividade.

A existência de um Estado centralizado, a existência 2. de uma burguesia comercial ativa, o desejo da Igreja Católica de novos seguidores, ciência e tecnologia marítima avançadas.

Américo Vespúcio, Bartolomeu Dias, Cristóvão Colombo, 3. Vasco de Balboa, Fernão de Magalhães, Pedro Álvares Cabral, Vasco da Gama.

D4.

E5.

B6.

Eliminação de espécies e alterações climáticas.7.

8. Vasco da Gama, que chega à Índia contornando a a) África, e Cristóvão Colombo, que chega ao conti-nente Americano.

9.

Deve-se à mineração e à base escravista de pro-a) dução.

Refere-se à composição étnica, especialmente bra-b) sileira de brancos europeus, negros e índios.

10.

Os personagens envolvidos na conspiração foram a) denunciados e presos antes do início do movimento.

Trata-se do primeiro movimento emancipacionista b) para o Brasil inteiro. Os anteriores tiveram caráter regional.

D11.

E12.

D13.

Duas dentre as características:14.

longas jornadas;•

realização de trabalho repetitivo;•

execução de trabalhos manuais;•

inexistência de qualquer tipo de segurança nos lo-• cais de trabalho.

Áreas de fronteira pioneira, onde a população indígena 15. sofre com o choque cultural com a população branca. Capitanias hereditárias.

16.

Garantir o total controle da extração de diamantes.a)

Através do monopólio real realizado por um contra-b) tador que, ao garanti-lo, ganhava uma parte.

C17.

B18.

E19.

Região da lavoura açucareira no litoral oriental no 20. século XVI:

Predominância das grandes propriedades voltadas I. primordialmente para o cultivo da cana-de-açúcar que, após o beneficiamento no engenho propria-mente dito, era exportada para a Europa pelos co-merciantes reinóis. A conjugação da produção e do beneficiamento não se verificou em todas as pro-priedades. A quase totalidade do trabalho braçal era executada por escravos negros de origem africana.

Relacionamento caracterizado pela posse da terra II. que implicou a dizimação de parte da população indígena e a interiorização de diversas tribos. Nes-sa região, verificou-se a escravização mais siste-mática dos indígenas em duas circunstâncias: no início da colonização e nos momentos em que ocorreram problemas quanto ao fluxo de escravos africanos.

21.

Pode-se mencionar:a)

a escassez crescente de indígenas em função das fugas constantes e dos altos índices de mortalidade verificados;

os interesses da burguesia mercantil portuguesa, relacionados aos lucros provenientes do tráfico escravo intercontinental.

Podemos apontar como consequência do fim do b) tráfico negreiro para o Brasil:

o crescimento do tráfico escravo interprovincial. Grandes proprietários de escravos e de terras do nordeste em dificuldades econômicas vendiam a preços crescentes escravos para os plantadores de café do sudeste que demandavam crescimento de mão-de-obra no momento de expansão da lavoura cafeeira e a disponibilização de capitais até então imobilizados no tráfico para investimentos em outros setores da economia, tais como: setor de serviços, setor industrial e setor agrícola, mormente para a lavoura cafeeira;

melhoramentos no campo dos transportes.

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A22.

23.

Depressão periférica – SP, zona da mata – NE.a)

Contaminação dos rios por vinhoto, proliferação de b) pragas (monocultura).

24.

O documento sintetiza a política instituída por D. a) Maria I em 1777, conhecida como “Viradeira”, que anulava as diretrizes econômicas do Marquês de Pombal (Reformas pombalinas), reafirmando o Pac-to Colonial português sobre o Brasil.

“E consistindo a verdadeira, e sólida riqueza nos b) Frutos, e Producções da terra, as quaes sómente se conseguem por meio de Colonos, e Cultivadores, e não de Artistas, e Fabricantes.” ... A função do Brasil na condição de colônia era fornecer riquezas que fomentassem o mercantilismo português, através do que se consagrou como Pacto Colonial.

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Sociedade colonial em crise

Estudamos o Brasil Colonial a partir das prin-cipais características políticas e econômicas. Os aspectos sociais foram vistos de forma superficial. Nesse momento, aprofundaremos a compreensão da sociedade brasileira.

Quais eram os grupos indígenas e o que aconte-ceu com eles? De que maneira os brancos exerceram a dominação sociocultural? Como os negros foram inseridos em nossa história?

Essas são algumas questões que serão abor-dardas nesse capítulo.

A sociedade colonial sintetizou as característi-cas de três principais grupos étnicos: os índios, os brancos e os negros. O conjunto das relações entre esses grupos determina as regras de sociabilidade que variavam de acordo com os aspectos geográficos locais e, principalmente, da atividade econômica implantada na região.

Os índiosAs comunidades indígenas contribuíram, e

muito, para a formação da sociedade colonial. Como analisamos outrora, a Coroa portuguesa optou por realizar, no início da colonização, uma relação amis-tosa com as comunidades indígenas, pois pretendia utilizar o seu apoio para efetivar a colonização. Cria-ram-se medidas de proteção ao índio para protegê-lo da ação dos colonos e para buscar o apoio do índio tanto ao escambo do pau-brasil, quanto à resistência diante dos ataques estrangeiros. Com a chegada dos jesuítas em 1578, os gentios foram colocados sob pro-teção dos missionários jesuítas, cientes de sua ação na expansão do catolicismo no Novo Mundo.

Porém, os primeiros colonizadores enfrentavam um grande dilema: a necessidade de mão-de-obra barata para estruturar os primeiros núcleos de po-voamento. Isso fez com que muitos colonizadores

utilizassem a escravização indígena. O que justificou a determinação real que constava no Regimento do Governo-Geral de 1548, que informava ao represen-tante do rei na colônia a necessidade de tratar os índios de maneira “amistosa”. Entretanto, o mesmo regimento invocava o conceito de “guerra justa” expressão utilizada para justificar a escravização do gentio que resistisse à dominação portuguesa. Ou seja, o índio optava por ter a sua cultura destruída e se submeter a uma sociedade hierarquizada e dife-rente da sua, ou ser escravizado. Diante de tão injusta escolha, muitas comunidades indígenas buscaram áreas no interior do Brasil de difícil acesso, como a região amazônica.

Den

ise

Rom

an.

Encontro entre colonizadores e índios.

O indígena adquiriu vários nomes no Brasil co-lonial, dentre eles, podemos citar: ameríndio, autóc-tone, gentio, silvícola, “negro da terra” e bugre.

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O ideal de guerra justa passou a ser utilizado indiscriminadamente pelos colonizadores, acusando tribos inteiras, que se submetiam ao domínio portu-guês, de falsas hostilidades, apenas para legitimar a escravização. Esse processo acentuou-se com a implantação da economia açucareira devido à ne-cessidade inicial de mão-de-obra, no Brasil e em Portugal, uma vez que muitos índios eram enviados como escravos para trabalharem em Portugal. Não tardaram os conflitos entre jesuítas e colonos que invadiam as missões para aprisionar o silvícola, bandeirismo apresador.

Entretanto, a escravização indígena mostrou-se com o tempo incompatível com a empresa mercan-tilista, diminuindo a produtividade da produção em larga escala pois, a produção agrícola em larga escala era desconhecida das comunidades indígenas, sem contar que muitas tribos ou não praticavam a agri-cultura organizada, ou tinham no trabalho feminino a base da atividade, causando estranheza ver um homem praticando atividades rurais. O aumento no fluxo de escravos africanos determinou a gradual substituição dos índios pelos escravos, sem contar a ação da Companhia de Jesus que buscava livrar o índio da escravidão com fins econômicos, reservando sua alma à conversão.

Apesar do declínio da escravidão indígena, essa continuou sendo uma atividade importante.

Os negrosApesar das diferenças culturais que inviabiliza-

vam a utilização do índio na lavoura, o principal fator que motivou a gradativa substituição da escravidão indígena pela africana foram os lucros do tráfico negreiro, obtidos pelos traficantes, que geralmente eram membros da burguesia portuguesa que rece-biam a licença para a atividade. Dessa maneira, a Coroa portuguesa lucrava duplamente: na revenda do açúcar brasileiro na Europa e na venda do escravo a alto preço para o latifundiário. Assim, os primeiros escravos africanos entraram em Portugal, em 1444, e logo passaram a se integrar à lógica mercantilista.

Dom

ínio

púb

lico.

Feitores castigando negros.

Integrado à política mercantilista, devemos considerar que o uso da mão-de-obra escrava con-solidava a produção latifundiária, pois se ao invés do escravo fosse utilizado o trabalhador livre, haveria a possibilidade deste ascender socialmente, tornando-se pequeno produtor e descaracterizando a estrutura da plantation escravista. Mesmo que Portugal pre-tendesse utilizar a mão-de-obra do colono português, não seria possível devido à crise demográfica que o país enfrentava desde o século XV.

Os negros, em seu território africano, muitas vezes já tinha desenvolvido habilidades referentes à agricultura e mineração, tornando-os extremamente vantajosos em relação ao povo indígena. Os prin-cipais pontos do tráfico na África eram a Costa da Angola e São Paulo de Luanda, sendo que os negros que vieram para o Brasil geralmente pertenciam a dois grandes grupos étnicos: os bantos, originários da Guiné, Congo e Angola e os sudaneses, prove-nientes da costa oriental africana.

Os escravos eram adquiridos em feitorias litorâ-neas em troca de produtos como tabaco e aguarden-te, produzidos no Brasil. Muitas vezes, os escravos eram capturados por tribos africanas mais fortes e essas comercializavam com os traficantes negreiros portugueses. Estes transportavam os escravos em condições precárias nos navios negreiros (tumbeiros), muitas vezes sem água, comida, e condições sanitá-rias adequadas. O resultado era a morte de muitos escravos ainda na viagem para o Brasil.

O negro não só participou da produção açuca-reira, como também atuou na produção de tabaco, algodão, café, cacau, além da atividade mineradora. Transportava os brancos em liteiras, ferrava cavalos, limpava a casa-grande, atuava como ama-de-leite, transportava os dejetos, enfim, foi a base da socie-dade colonial. Segundo o jesuíta André João Antonil, eram “as mãos e os pés do senhor”. Os jesuítas que não se opuseram à escravidão negra, apenas se limitaram a questionar os abusos cometidos pelos la-tifundiários, que traziam prejuízos econômicos e am-pliavam a possibilidade de levantes de escravos.

Durante muito tempo afirmou-se que o escravo não resistiu à escravidão, o que é um erro se eviden-ciarmos a prática do suicídio, aborto, fuga e rebeliões. Para fazer com que seu culto politeísta resistisse à violência dos latifundiários, que procuravam violen-tamente cercear seus ritos em prol do catolicismo, conseguiram articular de forma sincrética suas divin-dades africanas às católicas (principalmente santos). A correlação entre os dois grupos de divindades foi tão bem-sucedida, que até hoje elas existem e são feitas, inclusive, por católicos.

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O Quilombo de PalmaresEntretanto, a principal forma de resistência do

escravo se deu por meio da formação de quilombos, núcleos que abrigavam escravos fugitivos. O qui-lombo de maior projeção foi o de Palmares, situado na região da Serra da Barriga, ao sul da capitania de Pernambuco, no atual território de Alagoas. A região possuía muitas palmeiras (daí o nome Palmares) e relevo acidentado, constituindo espaço ideal de resistência escrava devido ao difícil acesso.

Em 1602 já existiam relatos da sua existência, mas a partir de 1630 é que se intensificou a ida de es-cravos para a região, devido às invasões holandesas que ao desarticular momentaneamente a produção açucareira nordestina, facilitaram a fuga dos negros em direção a Palmares. Segundo estimativas, Pal-mares chegou a ter cerca de 30 mil escravos fugidos ou mesmo capturados pelos próprios quilombolas que invadiam as fazendas escravistas, espalhando o temor entre a população vizinha. Alguns desses escravos capturados eram feitos escravos dentro da comunidade de Palmares. Os escravos que por ventura tivessem mostrado fidelidade aos brancos também eram feitos escravos no quilombo.

O quilombo era formado por aldeias chamadas de mocambos, onde a produção agrícola de milho, feijão e cana era bastante desenvolvida, chegando inclusive a comercializar o excedente com as comu-nidades próximas. Também tinham uma grande pro-dução artesanal em cerâmica e ferro. Desenvolveram uma religião sincrética, associando cultos africanos a aspectos da religião católica, e os reis eram eleitos pela sua coragem, astúcia e poder de mando. O pri-meiro deles foi Ganga Zumba, que depois de várias tentativas frustradas das autoridades coloniais de acabar com os quilombos, acabou assinando um acordo com o governador Aires de Souza e Castro no ano de 1678. O acordo previa que em troca do reconhecimento da posse de suas terras e do direito de comercializar com as regiões vizinhas, os quilom-bolas deveriam parar com os ataques às fazendas.

Porém, muitos quilombolas não aceitaram o armistício e após a morte de Ganga Zumba, tomou o poder seu sobrinho Zumbi, partidário da perma-nência dos ataques. Para destruir o quilombo, foram enviadas tropas comandadas por Bernardo Vieira de Melo e pelo sertanista Domingos Jorge Velho, que em 1694 conseguiu tomar o mocambo do Macaco (capital de Palmares) e capturar Zumbi que foi morto e teve sua cabeça exposta, numa praça pública do Recife.

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Zumbi dos Palmares.

Brancos, livres e mestiços na sociedade colonial

Para o Brasil veio um grande contingente de brancos. Entre eles pessoas humildes que viam no Brasil alguma possibilidade de ascensão social e econômica através do acesso à propriedade fundiá-ria. Tomé de Souza, o primeiro governador-geral do Brasil, trouxe dezenas de degredados para colonizar o Brasil, pessoas julgadas por crimes em Portugal e obrigadas a se retirar do reino.

Também era comum a vinda de cristãos-novos, de religiões diversas, apesar da predominância do judaísmo. Esses cristãos recém-convertidos fugiam das perseguições da Inquisição europeia e se bene-ficiavam do afrouxamento das inspeções religiosas no Brasil. Muitos cristãos-novos se tornaram grandes proprietários de terra e donatários.

Em termos gerais, a sociedade colonial foi for-mada pelos três elementos identificados: brancos, negros e índios. Desde cedo, a ausência de mulheres portuguesas e o intenso contato entre os grupos étnicos promoveram uma intensa miscigenação no Brasil. Entre os principais grupos de mestiços encontramos:

Mulato: mestiço de branco com negro. Muitas •vezes o mulato era fruto de relações sexuais forçadas entre o branco latifundiário e a negra escrava, gerando uma massa de mulatos que não se livraram da situação de escravos.

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Mameluco (caboclo): mestiço de índio com •branco, muito comum em áreas como São Vicente, que praticou por muito tempo a escravização indígena.

Cafuzo: mestiço de negro com índio. •

Dom

ínio

púb

lico.

Mameluco.

Dom

ínio

púb

lico.

Mulato.

Solidamente estratificada, a sociedade colonial tinha nos brancos proprietários de escravos, terras, engenhos e lavras, o topo da pirâmide social, além de grandes comerciantes, altos funcionários públicos e autoridades militares e religiosas. Pouco abaixo estavam os brancos com propriedades de menores proporções, além de funcionários de baixo escalão, artistas e profissionais liberais, compondo o que chamaríamos hoje de classe média. Mais abaixo estavam os trabalhadores livres, sejam brancos, negros, mestiços ou índios. Realizavam vários tipos de tarefas – desde a produção em pequenas lavouras de cana-de-açúcar e gêneros de subsistência como a mandioca e o feijão, além de atividades de prestação de serviços nas cidades e faiscação1 na região das Minas Gerais.

Dentro desta sociedade estratificada, os índios eram vistos pelos brancos como indolentes, preguiço-sos e incapazes de assimilar os valores civilizacionais que os colonos procuravam difundir. Os negros eram vistos como seres inferiores e impuros, de pouca in-teligência e de costumes primitivos, o que justificava práticas como a escravidão.

A sociedade colonial tinha como uma de suas características fundamentais o patriarcalismo, em que o elemento masculino mais velho, geralmente o grande proprietário de terras, minas e escravos, pos-suía o poder de empreender investimentos produti-vos, conduzir o desbravamento do solo e a instalação de fazendas e até mesmo o direito de vida e morte sobre àqueles que estão sob seus préstimos.

O patriarcalismo revela a tentativa da metrópole de estruturar na colônia um tipo de sociedade pró-xima à europeia, com casamentos regulamentados

pelas leis dos Estados, costumes acompanhados de perto pelos jesuítas e direito de herança para o filho primogênito, sem contar o conservadorismo, avesso às transformações estruturais.

A sociedade açucareiraNo topo desta sociedade, encontram-se os

senhores-de-engenho, de grande poder social (pa-triarcalismo), econômico e político, participantes nas câmaras municipais. Essa participação estava assegurada pelo título de distinção social que rece-biam por serem proprietários de terras e escravos: eram os “homens bons”.

Segundo o jesuíta Antonil, “o ser senhor-de- -engenho é título que muitos aspiram, porque traz consigo o ser servido, obedecido e respeitado por muitos”.

Pouco abaixo dos senhores-de-engenho na hierarquia social, encontravam-se os grandes comer-ciantes que cuidavam da exportação e da importação de gêneros. Geralmente reinóis, que procuravam ze-lar pelos interesses mercantilistas da Coroa, cuidan-do da exportação de escravos e do tráfico negreiro. Ao enriquecerem com a expansão da colonização no século XVII, muitos destes passaram a adquirir terras, tornando-se também latifundiários. Eram co-muns os conflitos entre comerciantes e latifundiários, uma vez que esses últimos constantemente pediam empréstimos aos comerciantes.

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Negro e branco.1 Faiscação: procura de ouro nos cursos d’água.

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Caminhando no sentido descendente da pirâmi-de social identificamos os plantadores das fazendas obrigadas. Estes não possuíam engenhos próprios e acabavam processando a cana que plantavam em engenhos vizinhos, deixando parte da cana como pagamento pelo serviço.

Mais abaixo, havia entre a população livre e branca um grande número de funcionários dos engenhos. Entre eles estão os mestres de açúcar, capatazes, vaqueiros, artesãos, pastores, entre ou-tros. Outro segmento de trabalhadores livres eram os fazendeiros, que geralmente produziam gêneros de subsistência como feijão e mandioca. Com a expansão da colonização no século XVII, passaram a ampliar sua renda, vendendo, inclusive, para os engenhos os gêneros que produziam.

Na base dessa sociedade estão os escravos ne-gros, que como já vimos neste capítulo, constituíam a base da produção colonial. Tipicamente rural, a sociedade açucareira possuía vilas que geralmente atuavam como entrepostos comerciais para a venda do açúcar. Entretanto, o núcleo de vida social era o engenho, onde as festas, casamentos, missas, reuni-ões políticas e até conspirações contra as autoridades coloniais se organizavam.

O predomínio do latifúndio em grande parte tornava bem difícil a mobilidade social, uma vez que a concorrência desleal da produção em larga escala dos senhores de engenho abaixava o preço do produ-to, impossibilitando a concorrência de proprietários menores. Além disso, a incipiente vida urbana não só restringia a possibilidade de ascensão social a partir das atividades de prestação de serviço (médicos, advogados, entre outros), como, consequentemente, reduzia os setores médios da sociedade.

A sociedade pecuáriaPrimeiramente, devemos identificar duas im-

portantes regiões que durante o período colonial vão se destacar como áreas pecuaristas: o Nordeste, com o deslocamento do gado a partir do litoral açucareiro por rios como o São Francisco, e o Sul, com produção de charque voltado ao abastecimento das regiões mineradoras.

As fazendas de gado no Nordeste, muitas vezes eram comandadas por bandeirantes que organiza-vam expedições contra povos indígenas e quilom-bos, ganhando no século XVII, terras no Nordeste. Outros eram de classes intermediárias da sociedade açucareira (peões, lavradores, entre outros), que acumulavam alguma renda e passavam a se dedi-car à criação de gado, que necessitava de pequeno investimento inicial.

Dom

ínio

púb

lico.

Vaqueiros.

Trabalhadores livres e escravos também atua-vam na pecuária, onde os vaqueiros juntavam, marca-vam o gado e combatiam os parasitas. Eram inúmeros os mestiços e até índios atuando como vaqueiros que eram pagos em espécie, ou seja, depois de determi-nado período de trabalho, o vaqueiro recebia animais como parte do produto, o que fez com que muitos passassem a ter sua própria fazenda.

No Sul do Brasil, colonizado, em partes, por aço-rianos e paulistas, as fazendas de gado (estâncias) se desenvolveram domesticando gado selvagem, oriundo de antigas missões jesuíticas destruídas. A qualidade do pasto e da água tornava a produção sulista muito mais desenvolvida que no Nordeste. Inicialmente, a mão-de-obra era livre, formada por índios e mestiços pagos em crias (cabeças de gado). O desenvolvimento da produção de charque no sé-culo XVIII e XIX, integrou a região sul ao restante da colônia modelo, produzia carne, sebo, couro, entre outros produtos. O gado foi essencial à ocupação do interior brasileiro.

A sociedade mineradoraA primeira transformação na sociedade provo-

cada pelo advento da mineração no século XVIII foi a elevação demográfica. Ao contrário da dispersão populacional das sociedades açucareira e pecua-rista, na região das gerais houve sensível aumento da densidade demográfica diante da chegada de escravos para o trabalho nas minas e portugueses, numa taxa de cerca de 10 mil por ano, até 1760. Tal imigração levou Portugal a criar leis restritivas à vinda de sua população para o Brasil, em 1720. Os imigrantes eram atraídos pela possibilidade de enriquecimento. Esse processo imigratório acabou gerando a Guerra dos Emboabas (1707), opondo bandeirantes paulistas e imigrantes portugueses na disputa pela exploração aurífera.

A elevação demográfica facilitou o desenvolvi-mento de cidades como Sabará, Ribeirão do Carmo (atual Mariana), Vila Rica (atual Ouro Preto), São João del Rey, Diamantina, entre outras. O caráter urbano é uma das principais características dessa sociedade.

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Muitas fortunas surgiam não apenas de atividades mineradoras, mas também do comércio na região, o que nos faz concluir que a possibilidade de ascensão social era maior do que na sociedade açucareira.

Cidade de Vila Rica (atual Ouro Preto - MG).M

orio

.

Apesar da prosperidade local, a maior parte dos que chegavam à região morriam na pobreza, uma vez que as riquezas concentravam-se nas mãos de uma reduzida elite de mineradores e comerciantes. Entretanto, o caráter urbano ampliou a quantidade de pequenos comerciantes, funcionários públicos, comerciantes, agricultores, artesãos, artistas, entre outros, fazendo com que a classe média fosse signi-ficativamente maior que na sociedade açucareira. A presença dos faiscadores também contribuiu para ampliar este setor nas Minas Gerais. Na base da sociedade encontramos um grande número de escra-vos que exerciam um trabalho extremamente árduo, fazendo com que sua expectativa de vida oscilasse entre sete e doze anos.

A organização urbana estimulou as atividades artísticas, com destaque para as representações barrocas de santos e outros mitos católicos, por meio da arte barroca de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Os filhos da classe média muitas ve-zes se dirigiam para universidades na Europa onde assimilavam conhecimentos literários e ideológicos. Dessa maneira, puderam difundir o arcadismo como estilo literário, destacando-se as obras de Cláudio Manoel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga, que em sua obra Cartas Chilenas, criticava os abusos do “Fanfarrão Minésio”, pseudônimo do governador de Minas Gerais.

A classe média também foi responsável pela propagação do Iluminismo na colônia, gerando movimentos contestadores como a Inconfidência Mineira, em 1789.

A cultura mestiça brasileiraA Companhia de Jesus teve importância fun-

damental na consolidação dos aspectos e valores

culturais europeus, seja na religião, língua, costumes e relações familiares.

Porém, não ocorreu uma simples transposição da cultura europeia para o Brasil. O que se produ-ziu foi uma cultura mestiça, base dos caractéres culturais atual. Essa cultura é oriunda da mescla do escravo negro, com o índio “indolente” e com o branco “cristão”.

A música brasileira, por exemplo, é cheia de influência negra, a começar pelo samba, que surge da mistura de ritmos europeus como a polka e a valsa das tradicionais ruas do centro do Rio de Janeiro, com o som dos tambores do Candomblé dos bairros periféricos. Na culinária temos o vatapá, mocotó e feijoada. Sem contar na religião, que consolidou entre os “brancos católicos” a oferenda à Iemanjá no final do ano. Na língua, palavras como neném, bumbum, quizumba, cafuné, são oriundas do linguajar dos escravos das senzalas.

Feijoada.

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Dos indígenas, a cultura brasileira assimilou o hábito de comer mandioca, de tomar banhos diários ao invés dos banhos semanais, mensais, ou mesmo anuais dos europeus. Quem nunca dormiu em uma rede? Das línguas indígenas, o português herdou palavras ligadas à flora e à fauna (abacaxi, mandio-ca, caju, tatu, piranha), bem como nomes próprios (Ubirajara e Iracema) e nomes de lugares (cidades com ita no nome, ita = pedra).

O mito da democracia racial

Na década de 1930, o escritor Gilberto Freyre, no livro Casa Grande e Senzala, defendeu a teoria de que o Brasil teve uma “escravidão branda”, ou seja, havia uma boa relação entre brancos e negros e praticamente não existiram maus-tratos.

Essa teoria foi facilitada pela ausência de informações sobre revoltas escravistas, visto que

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era comum omitir essas notícias para não gerar o mau-exemplo.

Criou-se um “mito da democracia racial” na qual o Brasil não teria racismo.

É importante observar que o racismo no Brasil é velado ou tratado nas entrelinhas. Um exemplo disso é quando afirmamos que um negro bem- -sucedido possui “alma branca”.

A comprovação de que a democracia racial é um mito encontra-se na desigualdade de oportu-nidades entre brancos e negros, presentes ainda na sociedade atual.

O frágil equilíbrio da sociedade colonial

A sociedade colonial, como qualquer sociedade, foi marcada por insatisfações e conflitos.

Começaremos com as revoltas locais, conheci-das como “nativistas”. Em seguida, veremos o início da crise colonial, os movimentos de contestação à exploração, chamadas de revoltas “separatistas”.

Durante o período colonial, o Brasil enfrentou uma série de revoltas da população, características das tensões do sistema colonial. Essas revoltas podem ser classificadas em dois tipos: as revoltas nativistas e as revoltas separatistas. As revoltas nati-vistas – Aclamação de Amador Bueno (1641), Revolta de Beckman (1684), Guerra dos Emboabas (1707-09), Guerra dos Mascates (1710-11) e Revolta de Vila Rica (1720), caracterizaram-se por defender interesses lo-cais dos setores mais destacados, diante da elevação da exploração, por parte de Portugal, a partir do fim da União Ibérica. Não contestavam a existência do Pacto Colonial, exigindo apenas o abrandamento das medidas opressivas metropolitanas.

A partir da difusão do Iluminismo durante o sé-culo XVIII, ideologia que defendia o direito de resistir a opressão, os colonos passaram a questionar o pacto colonial, principalmente após o exemplo do primeiro movimento de libertação colonial: a Independência das 13 Colônias, em 1776. Surigiram então revoltas separatistas como a Inconfidência Mineira (1789), a Conjuração Carioca (1794), a Conjuração Baiana (1798) e a Insurreição Pernambucana de 1817 que revindicavam a separação das áreas de conflito em relação ao Império Português e não do Brasil como um todo, revelando a insuficiente consciência nacio-nal no Brasil.

Revoltas nativistas

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Revoltas nativistas.

Aclamação de Amador Bueno (SP-1641)

Amador Bueno da Ribeira, conhecido como o Aclamado, era um grande proprietário de terras e escravos indígenas e figura de muito prestígio na so-ciedade do século XVII em São Paulo de Piratininga. Este prestígio fez com que Amador Bueno se tornasse “homem-bom” e presidente da Câmara Municipal de São Paulo. Com o fim da União Ibérica em Portugal, em 1640, e a posterior restauração da dinastia portu-guesa, na figura de D. João IV de Bragança (1604-56), restringe-se as pretensões da comunidade espanhola estabelecida em São Paulo, de ampliar o território do Vice-Reino do Peru até o Atlântico, o que favoreceria seus interesses comerciais na região.

Procurando impedir que São Paulo prestasse fidelidade a D. João IV, a comunidade espanhola acla-mou Amador Bueno rei, com a pretensão de separar São Paulo de Piratininga (nome de fundação de São Paulo). No próprio ano de 1641, o movimento finalizou-se, uma vez que Amador prestou lealdade a D. João IV, subordinando-se à metrópole.

Revolta de Beckman (MA-1684)

No século XVII, a situação dos colonos do Es-tado do Maranhão era bastante desfavorável, pois

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faltava-lhes recursos para organizar a produção e para a aquisição de mão-de-obra escrava. Por isso resolveram escravizar os índios, entrando em conflito com os jesuítas. Outro fator que revoltou os colonos do Maranhão foi a criação da Companhia de Comércio do Maranhão (1682), que passou a ter o monopólio do comércio com a região, se comprometendo a abastecê-la de mão-de-obra escrava, além de for-necer produtos importados da Europa e de comprar a produção local para vender no mercado europeu. A Companhia de Comércio não cumpriu os acordos, dificultando a vida dos colonos maranhenses, o que gerou descontentamento, culminando numa revolta chefiada pelos irmãos Manuel e Tomás Beckman.

O movimento explodiu em 24 de fevereiro de 1684, e além de contestar o monopólio e os abusos da Companhia, saquearam seus armazéns, expulsaram os jesuítas e depuseram o governo local, organizando um governo provisório composto pelos líderes da revolta. Tomás Beckman foi enviado à Portugal para demonstrar a fidelidade dos revoltosos à Coroa lusa, mas foi preso e reenviado a Portugal sob a guarda de Gomes Freire de Andrade, responsável pela repressão ao movimento, com o auxílio das autori-dades do Maranhão. Diante da repressão, Manuel Beckman fugiu, mas ao tentar libertar o irmão foi preso e executado.

Essa foi a primeira revolta organizada da colônia e não tinha propósitos separatistas, apenas pretendia alterar a ação monopolista metropolitana. Um de seus objetivos acabou sendo alcançado, pois a Companhia de Comércio do Maranhão foi extinta, pouco tempo após o conflito.

Guerra dos Emboabas (MG-1709)

A descoberta de ouro em Minas Gerais provocou uma verdadeira “corrida do ouro”, quando multidões de aventureiros de todas partes da colônia e também da metrópole se deslocaram para a região minera-dora. Isso provocou a insatisfação dos paulistas e vicentinos, que como descobridores das jazidas de ouro, se sentiam com direitos maiores sobre elas, ainda mais porque se encontravam em território da capitania de São Vicente. Reivindicavam, assim, o monopólio sobre a extração de minérios.

Os forasteiros portugueses eram chamados pe-los vicentinos de emboabas (em Tupi “pé enfeitado”), diante do habito de usar calçados, contrariando o andar descalço dos paulistas e índios. As hostilidades ampliaram-se quando os forasteiros passaram não só a concorrer com os paulistas na extração aurífera, mas também explorar comercialmente a região, vendendo

produtos a preços elevados. Os emboabas tinham em Manuel Nunes Viana sua maior liderança. Esse era responsável por uma rota de escoamento de produ-ção aurífera via Bahia, que burlava as autoridades do fisco metropolitano. A sonegação chamou a atenção do Intendente das Minas Manuel de Borba Gato, que ordenou a expulsão dos envolvidos. Manuel Nunes Viana, liderando os emboabas se levantou contra o intendente, que contava com o apoio dos bandeiran-tes paulistas.

As rivalidades e a violência foram crescendo cada vez mais e, em 1707, dois paulistas foram lincha-dos por emboabas. Esse foi o estopim do conflito. Os emboabas avançaram, passando a controlar as áreas mineradoras, ficando os paulistas restritos a região do rio das Mortes, em 1708. Manuel Nunes Viana, foi aclamado governador das Minas Gerais.

Um dos fatos marcantes desta luta ficou co-nhecido como “Capão da Traição”, quando muitos paulistas foram friamente assassinados, após terem se rendido no rio das Mortes, sob a promessa que seriam libertados.

A região foi pacificada por meio da retirada dos paulistas, que passaram a buscar novas jazidas em Goiás e Mato Grosso. Dessa maneira, a Guerra dos Emboabas acabou contribuindo para a interiorização da ocupação do território. A Coroa portuguesa criou a Capitania real de São Paulo e Minas, e elevou Ri-beirão do Carmo, Sabará e Vila Rica à condição de Vila para ampliar o controle sobre a região, evitando novas sedições.

Guerra dos Mascates (PE-1710)

No século XVIII a rivalidade entre as cidades pernambucanas Recife e Olinda, tomavam dimensões cada vez maiores, expressando a contradição entre os interesses do setor produtor colonial (senhores de engenho), que controlava Olinda, e o setor mer-cantil-exportador (comerciantes portugueses), cujo centro era Recife. Esses comerciantes se sentiram atraídos a residir em Recife, principalmente após as obras de modernização e urbanização propostas por Maurício de Nassau, durante os anos de ocupação holandesa.

Olinda era uma vila, com câmara municipal e pelourinho (símbolo do poder da administração municipal), enquanto Recife não passava de uma “freguesia”, dependente politicamente de Olinda. Desta maneira, os senhores de engenho controlavam politicamente os comerciantes portugueses, cha-mados pejorativamente de mascates. Entretanto, a crise açucareira provocou o crescente endividamento

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dos senhores de engenho para com os comerciantes de Recife, tornando-os cada vez mais dependentes economicamente. Os comerciantes cresciam em pres-tígio e poder, pois além de financiarem a produção açucareira, manipulavam os preços das mercadorias, pagando os menores preços possíveis pelo açúcar produzido.

A tensão entre as duas cidades crescia e acabou explodindo quando a Coroa Portuguesa atendeu a reivindicação dos mascates, elevando Recife à con-dição de vila, em 1709, o que a emancipou da vila de Olinda.

Os fazendeiros de Olinda reagiram e invadi-ram Recife liderados por Bernardo Vieira de Melo e Leonardo Bezerra Cavalcanti, destituindo seu gover-nador, destruindo o pelourinho e exigindo o tabela-mento do preço dos escravos, a quebra do monopólio comercial português e a garantia de suas terras, independente de suas dívidas. Os conflitos armados entre as duas vilas se arrastaram até 1712, quando um novo governador nomeado por Portugal, Félix Machado de Mendonça, mandou prender os princi-pais envolvidos no conflito. A burguesia mercantil (mascates) recebeu o apoio da metrópole, e Recife manteve sua autonomia em relação à Olinda.

Revolta de Vila Rica ou Filipe dos Santos (MG-1720)

O controle metropolitano e a opressão fiscal sobre as áreas mineradoras sempre foram bastante rígidos, com o propósito de evitar o contrabando, garantindo a produção que a Coroa precisava para equilibrar sua balança comercial. Em 1720, Portu-gal decidiu apertar o cerco sobre os mineradores, criando as Casas de Fundição, por onde todo o ouro deveria passar para ser quintado, transformado em barras e selado.

Os protestos foram gerais, culminando numa revolta armada, sob a liderança de Filipe dos San-tos. Os revoltosos exigiam a extinção das Casas de Fundição e o perdão para os participantes da rebe-lião. As Casas de Fundição, além de sistematizar a cobrança do quinto, também geravam um problema grave de deslocamento, uma vez que mineradores de várias áreas deveriam levar seus metais para serem fundidos, muitas vezes, a dias de distância, sujeitando-os a saques e a elevados gastos de transporte. Os cerca de dois mil rebeldes marcharam sobre Ribeirão do Carmo (atual Mariana), sede do governo de Minas Gerais.

O Conde de Assumar, governador da capitania, após pedir algum tempo para analisar a questão, recebeu reforços e ordenou uma violenta repressão

contra o movimento. Muitos foram degredados e Felipe dos Santos foi enforcado e teve seu corpo amarrado à cauda de um cavalo para ser arrastado pelas ruas da vila.

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lico.

Filipe dos Santos.

Revoltas separatistas

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.Revoltas separatistas.

Inconfidência Mineira (1789)A mais marcante revolta durante o Brasil co-

lonial foi a Inconfidência Mineira, por seu caráter contestador ao próprio sistema colonial e por ter envolvido vários setores da população (intelectuais, padres, militares, profissionais liberais, funcionários da administração, mineradores e comerciantes).

Entre as causas da Inconfidência Mineira po-demos citar:

as opressões administrativas e fiscais, de- •terminando que o quinto deveria alcançar no mínimo 100 arrobas anuais de ouro, o que equivalia a 1468 quilos. Com o declínio da mineração essa cota não era preenchida. Isso levou Pombal a criar a Derrama, cobrança

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forçada do imposto atrasado, por meio do confisco de bens;

o Alvará de 1785 de D. Maria I, proibindo as •manufaturas no Brasil;

a difusão das ideias iluministas entre os •intelectuais brasileiros e as notícias da inde-pendência dos EUA;

a restrição à instalação de imprensas no •Brasil.

Os inconfidentes defendiam a livre-produção, o livre-comércio, o estímulo à produção agrícola, a cria-ção de manufaturas e de uma universidade em Vila Rica. Estavam divididos quanto à forma de governo que pleiteavam: República Federativa ou Monarquia Constitucional.

Um dos grandes limites do projeto inconfidente era a questão do escravismo colonial. O envolvimento de proprietários de escravos no movimento fez com que os inconfidentes não chegassem a um consenso se iriam ou não abolir a escravidão. Desta maneira, a Inconfidência acabou por não propor a libertação de todos os escravos. Também não chegaram a um consenso se iriam ou não matar o Visconde de Bar-bacena, governador de Minas Gerais.

O dia da derrama foi escolhido para o início da rebelião, que não chegou a acontecer, pois foi de-nunciada por um traidor, Joaquim Silvério dos Reis. Esse denunciou o movimento em troca do perdão dos impostos devidos, prática comum e estimulada pelas autoridades reais.

O governador das Minas Gerais decretou a ime-diata prisão dos líderes, tendo início os processos. Após três anos de devassa, os participantes mais ricos e poderosos foram omitidos ou perdoados, por meio de um processo fraudulento. Tomás Antônio Gonzaga foi degredado e Cláudio Manoel da Costa acabou morrendo na prisão. Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, foi condenado à morte na forca e a posterior esquartejamento. Tiradentes, o incon-fidente mais pobre e menos letrado do movimento, foi considerado como líder do movimento, servindo como “bode expiatório” e exemplo para que outros não ousassem contestar o domínio metropolitano.

A Inconfidência Mineira foi, na verdade, um movimento elitista, desvinculado das aspirações e participações populares, inspirado nos ideais burgueses do Iluminismo e na Independência dos Estados Unidos. Isso facilitou sua aniquilação por parte da repressão portuguesa.

O lema da Inconfidência Mineira está presente na bandeira do Estado de Minas Gerais: libertas quae sera tamen (liberdade ainda que tardia).

Dom

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lico.

Bandeira de Minas Gerais.

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lico.

Tiradentes esquartejado.

Conjuração Baiana ou Revolta dos Alfaiates (1798)

Ao contrário da Inconfidência Mineira, a Con-juração Baiana contou com uma grande mobilização popular, fortemente influenciada pelas ideias mais radicais da Revolução Francesa, principalmente da República Jacobina (1792-94) e também pela revo-lução dos escravos no Haiti, em 1791. Um fator que demonstra esta participação das camadas mais bai-xas foi a mobilização de vários alfaiates pobres, o que faz com que a revolta também possa ser chamada de Revolta dos Alfaiates.

Como causas dos movimentos podemos des-tacar a crise econômica no Nordeste devido à crise de lavoura açucareira, agravada com a transferência do eixo econômico para o Centro-Sul, com o advento da economia mineradora. Com isso, as condições de vida da população mais humilde tornavam-se cada vez mais precárias, reforçando sua contestação à concentração de riquezas e de terras.

Indivíduos das camadas privilegiadas tam-bém tiveram papel importante, como é o caso dos membros da Loja Maçônica Cavaleiros da Luz, res-ponsáveis pela propagação das ideias iluministas

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e da Revolução Francesa. Um dos participantes da loja foi o Jornalista Cipriano Barata. A circulação de panfletos convocando a população a participar da revolta deu início à conjuração. Entre as exigências dos conjurados estavam:

separação de Portugal e proclamação da •República Baiense;

a luta pela liberdade, pelo fim da escravidão •pela igualdade racial;

aumento de soldos para oficiais e praças; •

liberdade de comércio com outros países, ou •seja, o fim do pacto colonial.

A maçonaria é uma sociedade de acesso res-trito, de caráter mundial, baseada nos princípios da Revolução Francesa: liberdade, igualdade e fraternidade. Formada a partir da associação dos pedreiros livres (maçom = pedreiro), atuou nas principais revoltas liberais, como a Independência dos EUA e a Revolução Francesa.

A repressão foi imediata. Quarenta e nove pes-soas foram presas, entre elas nove escravos e três mulheres. Muitos foram condenados ao exílio e a açoites. Os alfaiates João de Deus e Manuel Fausti-no (de apenas dezessete anos), e os soldados Lucas Dantas e Luiz Gonzaga das Virgens, foram condena-dos à morte. Os intelectuais e homens de projeção social, membros da Loja Maçônica Cavaleiros da Luz foram poupados.

Tanto a Inconfidência Mineira como a Conjura-ção Baiana foram derrotadas, mas a crise do sistema colonial era irreversível.

Conjuração Carioca (1794)Ocorreu no Rio de Janeiro, em 1794, uma mani-

festação da influência do Iluminismo. A Academia de Ciências do Rio de Janeiro, organizada em 1777 pelo Marquês do Lavradio, tinha o objetivo de realizar trabalhos científicos importantes, chegando mesmo a organizar a observação de um eclipse.

Em 1786, a Academia transformou-se em socie-dade literária, passando a realizar debates artísticos e políticos. Nas reuniões discutia-se a importância do pensamento científico, críticas à religião e aos privilégios do poder absoluto do rei. O vice-rei, Vis-

conde de Resende, suspendeu o funcionamento da Sociedade, e procedeu-se às investigações, que não levantaram provas concretas contra os presos, que foram então libertados.

Insurreição Pernambucana de 1817

Mais uma vez, a população de Pernambuco se insurgiu contra as autoridades reinóis. E esta não seria a última das revoltas na região que, desde a expulsão dos holandeses, em 1654, havia assimi-lado o espírito nativista de luta contra a opressão, espírito que manifestou em episódios marcantes da História do Brasil.

A situação da região era difícil e contribuiu para a propagação da ideia de levante. Como determinan-tes dessa conjuntura podemos indicar:

crise da produção algodoeira e açucareira, •devido à concorrência, respectivamente, dos Estados Unidos e das Antilhas;

a exploração monopolista dos comerciantes •portugueses que continuava, após a Guerra dos Mascates, gerando um forte sentimento de lusofobia;

em 1816, o Nordeste foi assolado por uma •forte seca, que agravava ainda mais a dura condição de vida da população local;

elevação dos impostos para manutenção do •luxo da vida da Corte de D. João VI, que es-tava no Brasil desde 1808, devido à invasão napoleônica à Portugal. Impostos que tam-bém sustentavam as campanhas militares de D. João VI – invasão da Guiana Francesa e da Província Cisplatina (atual Uruguai);

a presença da Família Real também ampliou •a centralização política, por meio da criação de vários órgãos de administração sediados no Rio de Janeiro, restringindo ainda mais a autonomia regional de Pernambuco.

As ideias liberais foram disseminadas em so-ciedades secretas, como o Areópago de Itambé, que em 1801 articulou a Conspiração dos Suassunas. O termo Suassuna faz referência ao engenho dos Cavalcantes, tradicional família de latifundiários que ajudou a conspirar a favor da separação de Per-nambuco em relação ao Brasil, mas o movimento foi descoberto antes de ser colocado em prática. É im-portante mencionar a ação do Seminário de Olinda, onde padres também discutiam as ideias liberais.

Da revolta participaram grandes proprietários rurais, homens livres não-proprietários, militares e

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membros do clero. Entre os líderes do movimento es-tão o comerciante Domingos José Martins, os padres João Ribeiro e Miguel Joaquim de Almeida (Migueli-nho). Desconfiando dos boatos sobre a conspiração, o governador Caetano Pinto Montenegro, decidiu pela prisão dos insurgentes, inclusive o capitão José Barros Lima, que reagiu contra a prisão, dando início ao movimento.

Rapidamente os revolucionários venceram as tropas oficiais e organizaram um governo provisório, formado por representantes do comércio, do clero, do exército da agricultura e da justiça. Enviaram a todas as comarcas uma “Lei Orgânica” (protótipo de Constituição) que afirmava:

a liberdade de consciência e imprensa; •

a abolição dos impostos criados por D. João •VI;

o novo governo seria republicano e os estran- •geiros que aderissem seriam considerados “patriotas”;

manutenção da escravidão, devido a grande •participação de latifundiários escravistas.

Os revoltosos ainda buscaram ajuda da Ingla-terra, dos Estados Unidos e de outras províncias como Rio Grande do Norte e Ceará. A repressão não tardou e partiu da Bahia e do Rio de Janeiro, sob o comando do Conde dos Arcos, governador da Bahia. Após algumas batalhas, os revolucionários foram vencidos. Os principais líderes foram fuzilados ou enforcados, a exemplo do padre Miguelinho. Entre as medidas tomadas por D. João, após sufocar o mo-vimento, estava a criação da capitania de Alagoas, separada de Pernambuco.

(UFMG) Leia os versos.1.

“Seiscentas peças barganhei

- Que pechincha! - no Senegal

A carne é rija, os músculos de aço,

Boa liga do melhor metal.

Em troca dei só aguardente,

Contas, latão - um peso morto!

Eu ganho oitocentos por cento

Se a metade chegar ao porto”.

(HEINE, Heinrich apud BOSI, Alfredo. Dialética da

Colonização. São Paulo: Cia. das Letras, 1992.)

Identifique a atividade a que se referem esses versos.a)

Cada uma das estrofes desenvolve uma ideia cen-b) tral. Identifique essas ideias.

Solução: `

O tráfico escravista.a)

A primeira tem como ideia central o tráfico em si e b) a segunda, sua alta lucratividade.

(UFMG) Leia o texto.2.

“A língua de que [os índios] usam, toda pela costa, é uma: ainda que em certos vocábulos difere em algumas partes; mas não de maneira que se deixem de entender. (...) Carece de três letras, convém a saber, não se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de espanto, porque assim não tem Fé, nem Lei, nem Rei, e desta maneira vivem desordenadamente (...).”

(GÂNDAVO, Pero de Magalhães. História de

Província de Santa Cruz, 1576.)

A partir do texto, pode-se afirmar que todas as alternati-vas expressam a relação dos portugueses com a cultura indígena, exceto:

A busca da compreensão da cultura indígena era a) uma preocupação do colonizador.

A desorganização social dos indígenas se refletia b) no idioma.

A diferença cultural entre nativos e colonos era atri-c) buída à inferioridade do indígena.

A língua dos nativos era caracterizada pela limita-d) ção vocabular.

Os signos e símbolos dos nativos da costa marítima e) eram homogêneos.

Solução: `

O texto afirma que os indígenas usam uma língua com diferenças em certos vocábulos, portanto a exceção está na alternativa “E”, que afirma que os signos e símbolos eram homogêneos.

(Enem) Observe as duas afirmações de Montesquieu 3. (1689-1755), a respeito da escravidão:

A escravidão não é boa por natureza; não é útil nem ao senhor, nem ao escravo: a este porque nada pode

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(Fuvest)4.

“Atrás de portas fechadas,

à luz de velas acesas,

entre sigilo e espionagem

acontece a Inconfidência.”

(MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência)

Explique:

Por que a Inconfidência, acima evocada, não obteve a) êxito?

Por que, não obstante seu fracasso, tornou-se o mo-b) vimento emancipacionista mais conhecido da histó-ria brasileira?

Solução: `

Os personagens envolvidos na conspiração foram a) denunciados e presos antes do início do movimento.

Trata-se do primeiro movimento emancipacionista b) para o Brasil inteiro. Os anteriores tiveram caráter regional.

(Cesgranrio) A colonização brasileira foi sempre marcada 5. por confrontos que refletiam a diversidade de interes-ses presentes na sociedade colonial, como pode ser observado nos(as):

conflitos internos, sem conteúdo emancipacionista, a) como as Guerras dos Emboabas e dos Mascates.

ideais monárquicos e democráticos defendidos pelos b) mineradores e agricultores na Conjuração Mineira.

projetos imperiais adotados pela Revolução Per-c) nambucana de 1817, por influência da burocracia lusitana.

reações contrárias aos monopólios, como na Conju-d) ração Baiana, organizada pelos comerciantes locais.

características nacionalistas de todos os movimen-e) tos ocorridos no período colonial, como nas Revol-tas do Rio de Janeiro e de Beckman.

Solução: `

A única alternativa correta é a letra“A”. Estão incor-retas: a “B” que afirma ideais monárquicos na Conjuração Mineira; “C” que trata de projetos imperiais na Revolução Pernambucana; “D” que organiza a Conjuração Baiana pelos comerciantes e “E” ao afirmar que todos os movi-mentos coloniais foram nacionalistas.

(UFSM) “A Guerra Guaranítica foi a revolta dos mis-6. sioneiros guaranis contra as imposições do Tratado de Madrid, que os obrigava a abandonar suas terras, mora-dias, plantações e rebanhos. O acordo de 1750 favorecia as monarquias ibéricas, defendendo seus interesses na região, mas prejudicava gravemente os indígenas.”

(QUEVEDO, Júlio. A Guerra Guaranítica.

São Paulo: Ática, 1996. p. 29.)

Com base no texto, é correto afirmar:

Os índios reagiram à dominação colonial, porque a) defendiam exclusivamente o Império Teocrático or-ganizado pela Igreja Católica, que se sobressaía na América, por intermédio da Companhia de Jesus.

Os missioneiros guaranis estavam desaculturados b) do “ser” índio devido à tirania jesuíta, portanto de-fendiam somente os interesses dos padres.

fazer por virtude; àquele, porque contrai com seus escravos toda sorte de maus hábitos e se acostuma insensivelmente a faltar contra todas as virtudes morais: torna-se orgulhoso, brusco, duro, colérico, voluptuoso, cruel.

Se eu tivesse que defender o direito que tivemos de tornar escravos os negros, eis o que eu diria: “tendo os povos da Europa exterminado os da América, tiveram que escravizar os da África para utilizá-los para abrir tantas terras. O açúcar seria muito caro se não fizéssemos que escravos cultivassem a planta que o produz.”

(Montesquieu. O Espírito das Leis.)

Com base nos textos, podemos afirmar que, para Montesquieu:

o preconceito racial foi contido pela moral religiosa.a)

a política econômica e a moral justificaram a es-b) cravidão.

a escravidão era indefensável de um ponto de c) vista econômico.

o convívio com os europeus foi benéfico para os d) escravos africanos.

o fundamento moral do direito pode submeter-e) se às razões econômicas.

Solução: `

O pensador Montesquieu, ao defender a necessi-dade do uso do escravo para manter bons preços do açúcar na Europa, submete a moral do direito às razões econômicas, exatamente como demonstra a alternativa “E”.

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A guerra expressou a luta dos missioneiros guara-c) nis que não queriam se transformar numa espécie de “sem terra” do século XVIII, visto que suas terras foram doadas aos soldados espanhóis.

A guerra representou um dos raros momentos de d) reação indígena, organizada contra as imposições da Coroa e dos colonizadores luso-espanhóis.

Os missioneiros guaranis enfrentaram os exércitos e) luso-espanhóis, porque estavam organizando uma confederação indígena antiespanhola.

Solução: `

A Guerra Guaranítica foi provocada pelo Tratado de Madrid, que concedeu o território de Sete Povos das Mis-sões aos portugueses em troca da Colônia de Sacramento aos espanhóis. Os índios das missões revoltaram-se devido ao temor de serem atacados e escravizados pelos bandei-rantes. A reação luso-espanhola massacrou os indígenas da região. Portanto, a alternativa correta é a “D”.

(Enem) A primeira imagem abaixo (publicada no século 7. XVI) mostra um ritual antropofágico dos índios do Brasil. A segunda mostra Tiradentes esquartejado por ordem dos representantes da Coroa portuguesa.

Dom

ínio

púb

lico.

Theodor De Bry - século XVI.

Dom

ínio

púb

lico.

Pedro Américo.Tiradentes esquarteja-do, 1893.

A comparação entre as reproduções possibilita as seguintes afirmações:

I. Os artistas registraram a antropofagia e o esquarte-jamento praticados no Brasil.

II. A antropofagia era parte do universo cultural in-dígena e o esquartejamento era uma forma de se fazer justiça entre luso-brasileiros.

III. A comparação das imagens faz ver como é relativa a diferença entre “bárbaros” e “civilizados”, indíge-nas e europeus.

Está correto o que se afirma em:

I apenas.a)

II apenas.b)

III apenas.c)

I e II apenas.d)

I, II e III.e)

Solução: `

A primeira imagem retrata um ritual de antropofagia (ato de se alimentar de carne humana) praticado por indíge-nas, enquanto a segunda imagem retrata o esquarteja-mento de Tiradentes como punição dada pelo governo português. As duas imagens podem ser consideradas “bárbaras” e realizadas tanto por indígenas, quanto por portugueses, relativizando a noção “bárbaro” e “civiliza-do”. Portanto, as três afirmativas estão corretas, o que nos leva a assinalar a alternativa “E”.

(Fuvest)”...algumas escravas procuram de propósito 1. aborto, só para que não cheguem os filhos de suas entranhas a padecer o que elas padecem”.

(ANTONIL, André João. Cultura e Opulência do Brasil, 1711.)

Relacione outras formas de resistência do escravo africano, além do mencionado no texto.

(Fuvest) A sociedade colonial brasileira “herdou concep-2. ções clássicas e medievais de organização e hierarquia, mas acrescentou-lhe sistemas de graduação que se originaram da diferenciação das ocupações, raça, cor e condição social. (...) As distinções essenciais entre fidalgos e plebeus tenderam a nivelar-se, pois o mar de indígenas que cercava os colonizadores portugueses tornava todo europeu, de fato, um gentil-homem em potencial. A disponibilidade de índios como escravos ou trabalhadores possibilitava aos imigrantes concre-tizar seus sonhos de nobreza. (...) Com índios, podia desfrutar de uma vida verdadeiramente nobre. O gentio transformou-se em um substituto do campesinato, um novo estado, que permitiu uma reorganização de cate-

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gorias tradicionais. Contudo, o fato de serem aborígenes e, mais tarde, os africanos, diferentes étnica, religiosa e fenotipicamente dos europeus, criou oportunidades para novas distinções e hierarquias baseadas na cultura e na cor.”

(SCHWARTZ, Stuart B. Segredos internos.)

A partir do texto pode-se concluir que:

a diferenciação clássica e medieval entre clero, no-a) breza e campesinato, existente na Europa, foi trans-ferida para o Brasil por intermédio de Portugal e se constituiu no elemento fundamental da sociedade brasileira colonial.

a presença de índios e negros na sociedade bra-b) sileira levou ao surgimento de instituições como a escravidão, completamente desconhecida da so-ciedade europeia nos séculos XV e XVI.

os índios do Brasil, por serem em pequena quanti-c) dade e terem sido facilmente dominados, não tive-ram nenhum tipo de influência sobre a constituição da sociedade colonial.

a diferenciação de raças, culturas e condição social d) entre brancos e índios, brancos e negros, tendeu e diluir a distinção clássica e medieval entre fidalgos e plebeus europeus na sociedade colonial.

a existência de uma realidade diferente no Brasil, e) como a escravidão em larga escala de negros, não alterou em nenhum aspecto as concepções me-dievais dos portugueses durante os séculos XVI e XVII.

(UFPE) Sobre a formação da sociedade brasileira, analise 3. as alternativas abaixo.

1) A mulher gentia, além da base física da família bra-sileira, foi um valioso elemento da cultura material.

2) Os curumins e as cunhatãs foram, ao mesmo tem-po, discípulos e mestres dos jesuítas.

3) O colonizador português, familiarizado com valores tropicais da Ásia e da África, amenizou a imposição de hábitos estranhos ao clima e à terra.

4) A presença negra na formação social brasileira de-ve-se unicamente ao grupo nigeriano, responsável pelo desenvolvimento da agricultura no Brasil.

5) Os bantos e sudaneses foram os principais grupos de africanos que participaram da formação social brasileira.

Está(ão) correta(s) apenas:

1, 2, 4 e 5.a)

2, 3 e 4.b)

1, 2, 3 e 4.c)

5.d)

1, 2, 3 e 5.e)

(UERJ) O lugar de maior perigo que há no engenho é 4. o da moenda, porque, se por desgraça a escrava que mete a cana entre os eixos, ou por força do sono, ou por cansada, ou por qualquer outro descuido, meteu desatentadamente a mão mais adiante do que devia, arrisca-se a passar moída entre os eixos, se lhe não cortarem logo a mão ou o braço apanhado, tendo para isso junto da moenda um facão, ou não forem tão ligeiros em fazer parar a moenda.

(ANTONIL, André João. Cultura e Opulência do Brasil.

Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/EdUSP, 1982.)

Com base no texto, identifique duas características do trabalho escravo no Brasil do período colonial.

(Fuvest) Nos movimentos denominados Inconfidência 5. Mineira, de 1789, Conjuração Baiana, de 1798, e Revo-lução Pernambucana, de 1817, identifique:

os setores sociais neles envolvidos.a)

os objetivos políticos que possuíam em comum.b)

(Unicamp) A execução de Tiradentes teve um sentido 6. bem mais amplo que o de um enforcamento. Tratava-se de uma punição exemplar: esquartejar, exibir o corpo nos locais onde os “crimes” foram praticados, salgar terrenos e demolir casas faziam parte do esforço de apagar a memória do “criminoso” e reavivar a memória da punição de seus crimes. Por estas práticas, afirmava-se o poder do soberano e incutia-se temor em seus súditos.

(Adaptado da série Registros, nº 15, DPH, 1992.)

Por que as reivindicações dos participantes da a) Conjuração Mineira foram consideradas “crimes”, em 1789?

O que quer dizer castigo exemplar?b)

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(Unesp) As contradições, amplas e profundas, do 7. processo histórico das Minas Gerais, acabaram ge-rando relações que podem ser entendidas através dos antagonismos: colonizador/colonizado; dominador/do-minado; confidente/inconfidente; opressão fiscal/reação libertadora. Nesse contexto, a Coroa Portuguesa, em seu próprio benefício, desenvolveu uma ação ‘educativa’ compreendendo:

o estabelecimento de condições adequadas ao a) controle democrático da máquina administrativa.

a realização de programas intensivos de prevenção b) dos súditos contra os abusos das autoridades.

o indulto por dívida fiscal e o estímulo à traição e à c) delação entre os súditos.

o arquivamento do inquérito e queima dos autos d) contra os inconfidentes.

a promulgação de um novo regime fiscal que aca-e) bava com a prática da sonegação.

(Fuvest) O ideário da Revolução Francesa, que entre 8. outras coisas defendia o governo representativo, a liberdade de expressão, a liberdade de produção e de comércio, influenciou no Brasil a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana, porque:

cedia às pressões de intelectuais estrangeiros que a) queriam divulgar suas obras no Brasil.

servia aos interesses de comerciantes holandeses b) aqui estabelecidos que desejavam influir no gover-no colonial.

satisfazia aos brasileiros e aos portugueses, que c) desta forma conseguiram conciliar suas diferenças econômicas e políticas.

apesar de expressar as aspirações de uma minoria d) da sociedade francesa, aqui foi adaptado pelos po-sitivistas aos objetivos dos militares.

foi adotado por proprietários, comerciantes, profis-e) sionais liberais, padres, pequenos lavradores, liber-tos e escravos, como justificativa para sua oposição ao absolutismo e ao sistema colonial.

(PUC) A sociedade do açúcar que se constituiu no de-1. correr dos dois primeiros séculos após o descobrimento das terras brasileiras foi marcada:

pela ocupação da região central da colônia, levan-a) do à interiorização do povoamento.

pela diversidade de segmentos sociais e pela mobi-b) lidade social dos seus integrantes.

pelo domínio do trabalho escravo, reforçando o seu c) caráter discriminatório e autoritário.

pelo desenvolvimento de um mercado interno di-d) versificado, permitindo um maior fluxo da renda.

pela integração harmoniosa de componentes cultu-e) rais tanto dos colonizados quanto dos colonizadores.

(UEL) Sabe-se que as missões jesuíticas foram quase 2. todas instaladas além do raio de ação dos estabelecimen-tos coloniais, fato que propiciou aprofundar a iniciativa catequética, ainda que o isolamento das missões tenha contribuído para uma vida material mais precária, segu-rança mais difícil e sobrevivência problemática a longo prazo. Sobre as reduções ou missões jesuíticas no planal-to paulista no século XVI e XVII, é correto afirmar:

as missões fortaleceram as aldeias indígenas, res-a) peitando as suas relações sociais no controle da terra e na distribuição dos trabalhos.

as reduções foram caracterizadas pela mistura de b) povos e culturas indígenas, o que contribuiu para a política jesuítica de homogeneização e desarticula-ção das comunidades preexistentes.

os jesuítas preservaram a organização espacial das c) aldeias e os ritos nativos, utilizando-se dessa es-tratégia a fim de transformar os índios em escravos disciplinados para a agromanufatura do açúcar.

as reduções especializaram-se em fornecer índios d) catequizados aos bandeirantes para serem vendi-dos como escravos às plantações de subsistência paulistas.

as missões surgiram à margem da administração e) colonial, e seus rendimentos, provenientes da agri-cultura e do artesanato, foram empregados na pro-teção militar dos indígenas.

(Unesp) As interpretações a respeito da ação dos 3. jesuítas no período colonial têm sofrido consideráveis alterações ao longo do tempo.

Indique as duas versões básicas a respeito do as-a) sunto.

Cite dois problemas enfrentados pelas nações indí-b) genas contemporâneas.

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(UFRN)4.

O documento a seguir apresenta aspectos ligados à condição da mulher no Brasil colonial:

Documento IMulheres sem ter, às vezes, o que fazer. A não ser dar ordens estridentes aos escravos; ou brincar com papagaios, saguis, mulequinhos. Outras, porém, preparavam doces finos para o marido; cuidavam dos filhos.

(FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala. 25 ed.

Rio de Janeiro: J. Olympio, 1987 p. 349.)

A análise desse documento I permite afirmar que, no período colonial:

as mulheres brancas administravam os negócios a) da família; as mulheres negras dedicavam-se aos cuidados do lar.

o comércio era uma atividade restrita às mulheres b) brancas; as mulheres negras dedicavam-se à agri-cultura e ao artesanato.

as atividades das mulheres brancas eram exercidas c) no interior da casa; as mulheres negras dedicavam- -se também a atividades no espaço público.

o poder de comando, na família branca, era dividido d) igualmente entre o homem e a mulher; na família escrava, a mulher ocupava um papel proeminente.

(UFF) Na década de 1930, as obras de Gilberto Freyre 5. redirecionaram os estudos sobre negros e cultura afri-cana quanto à questão da identidade racial brasileira, pois, contradiziam as afirmativas segundo as quais a miscigenação tinha causado um dano irreparável à nossa sociedade.

Gilberto Freyre, em seus estudos:

trata da confluência do cotidiano rural e urbano no a) Brasil, o que se destaca em sua primeira obra: So-brados e Mocambos.

detém-se na análise das relações multirraciais vi-b) gentes na sociedade baiana do século XVIII.

enfatiza o cunho intensamente patriarcal da socie-c) dade brasileira.

profunda as teorias raciais vigentes no Brasil na se-d) gunda metade do século XIX.

responsabiliza a sociedade derivada da mestiça-e) gem pelos vícios sociais do povo brasileiro.

(Unicamp) “E se o castigo for frequente e excessivo, 6. ou se irão embora, fugindo para o mato, ou se mata-rão por si, como costumam, tomando a respiração ou enforcando-se, ou procurarão tirar a vida aos que lhe dão tão má, recorrendo se for necessário a artes diabólicas, ou clamarão de tal sorte a Deus, que os ouvirá e fará aos senhores o que já fez aos egípcios, quando avexavam com extraordinário trabalho aos hebreus, mandando as pragas terríveis contra suas fazendas e filhos.”

(ANTONIL, Padre. Cultura e Opulência do Brasil,1710.)

Quais eram as formas de resistência dos negros à a) escravidão citadas por Antonil?

Qual o tipo de argumento utilizado por Antonil para b) convencer os senhores a não se excederem nos castigos?

(Unicamp) No Brasil colonial, além da produção 7. açucareira escravista, o historiador Caio Prado Júnior (em Formação do Brasil Contemporâneo) enumera outras atividades econômicas importantes como, por exemplo, a mineração do século XVIII, que era também uma atividade voltada para o comércio externo.

Caracterize a mineração no século XVIII em ter-a) mos de região geográfica, organização do tra-balho e desenvolvimento urbano.

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Trabalhando nas ruas das cidades brasileiras, no século 8. XIX, os escravos de ganho conheciam uma vida diferente daqueles que trabalham na zona rural.

O que eram escravos de ganho e que atividades a) desempenhavam nas cidades?

Quais as diferenças, nas relações senhor/escravo, b) entre o escravo de ganho e o escravo das fazen-das?

(Fuvest) A Inconfidência Mineira foi um episódio mar-9. cado:

pela influência dos acontecimentos de julho de a) 1789, como a tomada da Bastilha.

pela atitude antiescravista, consensual entre seus b) participantes.

pelo intuito de acabar com o predomínio da Com-c) panhia de Comércio do Brasil.

pela insatisfação ante à cobrança do imposto sobre d) bateias.

pelas ideias ilustradas e pela Independência dos e) Estados Unidos.

(Fatec) A abertura dos portos, realizada por D. João 10. (1808), teve amplas repercussões, pois na prática significou:

o aumento sensível das exportações sobre as im-a) portações, com a restauração da balança de pa-gamentos.

o estabelecimento de maiores laços comerciais b) com Lisboa, conforme o plano de Manuel Nunes Viana, paulista de grande prestígio.

manutenção da política econômica mercantilista, c) segundo defendia José da Silva Lisboa.

o rompimento do pacto colonial, iniciando um novo d) processo que culminou com a Independência.

a intensificação do processo da independência eco-e) nômica do Brasil, em face da liberdade industrial.

(PUC) A franquia dos portos teve um alcance histórico 11. profundo, pois deu início a um duplo processo:

o do desenvolvimento do primeiro surto manufatu-a) reiro no Brasil e o crescimento do transporte fer-roviário.

do arrefecimento dos ideais absolutistas no Brasil e b) a disseminação de movimentos nativistas.

da emancipação política do Brasil e o seu ingresso c) na órbita da influência britânica.

da persistência do Pacto Colonial no Brasil e o seu d) ingresso no capitalismo monopolista.

do fechamento das fronteiras do Brasil aos estran-e) geiros e a abertura para as correntes ideológicas revolucionárias europeias.

(Fuvest) “Atrás de portas fechadas,12.

à luz de velas acesas,

entre sigilo e espionagem

acontece a Inconfidência.”

(MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência.)

Explique:

por que a Inconfidência, acima evocada, não obte-a) ve êxito?

por que, não obstante seu fracasso, tornou-se o b) movimento emancipacionista mais conhecido da história brasileira?

(Unesp) Leia o texto referente à Conjuração Baiana e 13. responda.

“Não eram os norte-americanos que serviam de exemplo a João de Deus e aos seus companheiros. Eram os sans culottes. A 12 de agosto de 1798, apareceram por toda a cidade manifestos manuscritos. Dirigidos ‘ao povo republicano da Bahia’ em nome do ‘supremo tribunal da democracia baiana’ apelavam ao extermínio do ‘detestável jugo metropolitano de Portugal.”

(KENNETH, Maxwell; SILVA, Maria Beatriz N. da.

O Império Luso-Brasileiro - 1750-1822.)

Como pode ser caracterizada a Conjuração Baiana?a)

Cite e caracterize duas outras atividades econô-b) micas do Brasil colonial que não eram voltadas para o comércio externo.

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Indique o nome da outra conjuração do século b) XVIII, cujos líderes conspiraram em segredo e, to-mando como exemplo os Estados Unidos, advoga-ram governo republicano.

Na segunda metade do século XIX, o Brasil passou 14. por um processo de modernização, expresso por construções de ferrovias e avanços em outros seto-res da comunicação. Contudo, essa modernização não atingiu igualmente todo o território.

Quais as áreas abrangidas por essas inovações a) tecnológicas?

Explique um dos motivos da desigualdade re-b) gional no processo de modernização.

”O conceito de independência surge mais nítido nas Mi-15. nas Gerais: a situação colonial pesa para esses homens proprietários; o problema é mais colonial que social. Já na Bahia de 1798, a inquietação é orientada por elementos da baixa esfera e a revolução é pensada contra a opu-lência; o problema é mais social que colonial.”

(MOTTA, Carlos Guilherme. Ideia de Revolução

no Brasil. São Paulo: Cortez, 1989. p. 115. Adaptado.)

Comparando os movimentos da Inconfidência Mineira e da Conjuração Baiana, responda:

O que aqueles dois movimentos tinham em comum?a)

Em quais aspectos se diferenciavam?b)

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Rebeliões, sabotagens, fugas, suicídios, infanticídios e 1. alcoolismo, eram as principais formas de resistência à escravidão no Brasil.

D2.

E3.

Duas dentre as características:4.

longas jornadas; •

realização repetitiva; •

execução de trabalhos manuais; •

inexistência de qualquer tipo de segurança nos locais •de trabalho.

5.

Inconfidência Mineira: bacharéis, intelectuais, fun-a) cionários administrativos da colônia, elementos do exército e do clero.

Conjuração Baiana: alfaiates e soldados, muitos de-les negros e mulatos.

Revolução Pernambucana: aristocracia açucareira em crise causada pela perda de mercados.

Os objetivos políticos em comum nos três movi-b) mentos foram: republicanismo, separatismo e con-testação aos privilégios dos elementos ligados à corte ou à nobreza.

6.

Pois eram insurgentes à Coroa portuguesa.a)

Fazer de exemplo para se evitar outros movimentos b) iguais.

C7.

E8.

C1.

B2.

3.

A visão tradicional da ação jesuítica junto aos indí-a) genas na América Latina considera que a cateque-

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se lhes assegurou a salvação das almas e que os jesuítas os protegeram da escravização.

Há a interpretação de que os jesuítas promoveram a desaculturação dos indígenas.

As comunidades indígenas atuais na América Lati-b) na enfrentam a invasão de suas terras por possei-ros garimpeiros e projetos estatais, é a difusão de doenças da civilização branca.

C4.

C5.

6.

Quilombos, suicídio e a capoeira.a)

Compara os escravos negros com os escravos he-b) breus do Egito e a possibilidade de obras malfeito-ras (crenças/religião).

7.

Escravos de ganho eram empregados em peque-a) nas atividades urbanas produtivas ou de prestação de serviços.

Estes gozavam de uma vida menos desumana. Tinham b) várias concessões e até pequenas recompensas.

8.

Escravos que realizavam atividades remuneradas a) entregando uma porcentagem a seus donos. Car-regadores, pequenos consertos, atividades urba-nas em geral.

Geralmente o escravo de ganho dispõe de maior b) liberdade e menor controle do patrão.

E9.

D10.

C11.

12.

Os personagens envolvidos na conspiração foram a) denunciados e presos antes do início do movimento.

Trata-se do primeiro movimento emancipacionista b) para o Brasil inteiro. Os anteriores tiveram caráter regional.

13.

Movimento emancipacionista de caráter popular.a)

Inconfidência Mineira.b)

14.

Rio de Janeiro e São Paulo.a)

O cultivo do café foi o principal motivo dos investi-b) mentos em infraestrutura nessas regiões.

15.

Eram republicanos e emancipacionistas.a)

O primeiro era elitista, enquanto o segundo era b) popular.

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